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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

CURSO DE PSICOLOGIA

Amanda Batista Bartalena - G163249

Luisa Crepald Cardoso - N601663

Maria Aparecida Cassiano Lara - G14HHE-4

“UM MÉTODO PERIGOSO” - Os primórdios da História da Psicanálise e da Psicologia Analítica

CAMPINAS

2022
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

Amanda Batista Bartalena - G163249

Luisa Crepald Cardoso - N601663

Maria Aparecida Cassiano Lara - G14HHE-4

“UM MÉTODO PERIGOSO” - Os primórdios da História da Psicanálise e da Psicologia Analítica

Trabalho solicitado pela disciplina de Teoria Psicanalítica do curso de formação de Psicólogo da


UNIP – Universidade Paulista como atividade complementar sob orientação da professora
Regina Célia Ciriano Calil.

CAMPINAS

2022

SUMÁRIO

RESUMO --------------------------------------------------------------------------------------4

INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------5

ANÁLISE DO FILME-------------------------------------------------------------------------6

CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS---------------------------------------------------10

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS-----------------------------------------------------11
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1. RESUMO

O vigente trabalho foi proposto pela professora Regina Célia, responsável pela disciplina “Teoria da Psicanálise”, cujo objetivo seria

assistir ao filme “Um Método Perigoso'' e interpretar algumas cenas, com base na teoria psicanalítica freudiana. Este filme foi produzido pelo cineasta e

diretor David Cronenberg, revelando alguns dos episódios mais marcantes da vida de dois importantes psiquiatras: o jovem psicanalista Carl Jung,

protagonizado pelo ator Michael Fassbender, que inicia um tratamento de histeria em sua paciente Sabina Spielrein, sob a influência de seu mestre e

futuro colega Sigmund Freud, que foram interpretados pelos atores Keira Knightley e Viggo Mortensen, respectivamente. Nesse contexto, foi realizada

uma análise do filme com a finalidade de identificar cenas que poderiam ser explicadas com base na teoria psicanalítica de Freud. O grupo se reuniu

para discutir o tema e definir as principais cenas relacionadas, buscando os principais conceitos postos por Freud nas obras indicadas pela disciplina. O

filme trouxe à tona uma questão técnica e ética, penetrando nos mistérios da mente humana, em que Jung encontra id eias opostas às teorias de Freud

e, ao mesmo tempo, cede ao romance com a sua paciente. Pudemos perceber claramente a relação transferencial entre Sabina e Jung, em várias

cenas, bem como entender os desafios e as dificuldades que Freud postulava sobre a relação amorosa entre paciente e analista, prejudicando o

autoconhecimento e cura da paciente.


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2. INTRODUÇÃO

Este trabalho foi realizado com base na teoria psicanalítica de Freud com a finalidade de identificar nas cenas do filme, intitulado “Um

método perigoso”, os seus princípios e seus postulados. O filme inicia com a internação de Sabrina num hospital psiquiátrico, onde Jung foi o seu

médico. Eles se identificam e se apaixonam, embora esse relacionamento não tenha evoluído em consequência à postura em que Jung foi obrigado a

manter. A relação entre Jung e Freud foi também rompida em função das divergências de ideias entre eles. Em síntese, o filme traz à tona uma questão

técnica e ética postulada por Freud, principalmente em relação ao amor transferencial do paciente ao terapeuta. Ao mostrar o rompimento da relação

entre Freud e Jung, o filme revela não só os primórdios da História da Psicanálise, mas o início da Psicologia Analítica também.

O trabalho teve como objetivo analisar as cenas do filme e tentar explicá-las com base na teoria psicanalítica freudiana. Para tanto, cinco

conceitos de Freud foram escolhidos a partir das cenas assistidas do filme e, assim, pudemos evidenciar o comportamento dos personagens conforme

descreve a teoria psicanalítica freudiana. Dessa forma, pudemos integrar os dados do filme, das relações e dos personagens aos conceitos escolhidos

pelo grupo.
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3. ANÁLISE DO FILME “UM MÉTODO PERIGOSO”

As “Cinco lições de Psicanálise”, produto de palestras ministradas por Freud em 1909, é considerada ainda um texto bastante

recomendado para a introdução à Psicanálise, por conter boa parte de seus principais argumentos e conceituações. Na primeira lição, o tema principal

de Freud consistia na questão da histeria, cujos resultados obtidos, a partir de suas experiências clínica e terapêutica, haviam sido publicados em

colaboração com Breuer (Breuer e Freud, 1985), de quem foi discípulo. Assim, Freud relacionou a histeria com uma série de perturbações físicas

(paralisias, insensibilidade, distúrbios de visão), psíquicas, repugnância a alimentos e bebidas, ausência e redução de expressão verbal. Segundo

Freud, as razões de tais sintomas não eram de decorrentes de uma causa biológica (afecção cerebral orgânica) que, para o paciente , nada muda, uma

vez que seus sintomas, independentemente da sua causa, são experimentados como reais, embora que, para o médico, tudo se altera, já que o

tratamento terapêutico teria que ser de outra magnitude.

O filme “Um método perigoso” inicia com a chegada da jovem Sabina ao hospital psiquiátrico, cujas características e perturbações físicas

e emocionais vistas nas cenas nos leva a perceber os sintomas semelhantes ao que Freud havia descrito, como histeria decorrentes de traumas.

Segundo Freud, onde há um sintoma, há uma amnésia, decorrente de forte fixação emocional. Percebe-se, logo no início do filme, que Sabrina

chutava, xingava, gritava, mostrando ser necessária a ajuda de várias pessoas para acalmá-la. Durante os ataques de histerias, ela apresentava

gagueiras, paralisia das mãos, dificuldades de se expressar, brincava com a comida e se sujava de lama no lago.

Jung fez uso da psicanálise freudiana com Sabina, adotando o método de associação livre, onde o paciente é convidado a falar

abertamente sobre o que quiser, trazendo ao terapeuta as ideias que vêm à sua cabeça, livremente. Através desse método, o conteúdo reprimido pode

ser acessado.

Usando o método ditado, Jung percebeu que a causa estava associada com a relação que Sabina havia estabelecido com o seu pai na

infância. A história de vida da Sabina revelou que as causas do conflito psicológico haviam sido resolvidas por ela de forma incompleta, uma vez que

mantinha no inconsciente representações (pensamentos, imagens, recordações) ligadas a uma pulsão reprimida. Assim, Sabrina desenvolveu

sintomas que estavam ligados a processo psíquico inconsciente que reprimiu a experiência afetiva com o seu pai, em sua infância. Sabe-se que a

pessoa histérica não sabe qual é a causa do seu mal, porque o que ela vê são apenas os sintomas. A causa está reprimida no inconsciente.

Pulsão: "processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga energética, fator de motricidade) que faz o organismo tender para um objetivo.

Segundo Freud, uma pulsão tem a sua fonte numa excitação corporal (estado de tensão); o seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão que reina na fonte

pulsional.

Utilizando-se o método de associação livre é possível ajudar o paciente a reviver experiências emocionais dolorosas e, com o analista,

elaborá-las, desde que o paciente sinta-se uma base segura para tal. A princípio, Sabina apresentava certa resistência para entrar em contato com

conteúdos ameaçadores, pois falava superficialmente sobre humilhação e sobre o seu pai. Com o decorrer das sessões, passa a confiar em Jung, o

vínculo se estabelece, ela diz que se excitava quando apanhava do pai. Sabrina chegou a falar que se excitou quando ele bateu com a bengala em seu

casaco e que tinha prazer com humilhação e dor. Ao afirmar, Sabina ficava visivelmente angustiada e dizia ser “desprezível”, “nojenta”, “corrompida”,
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pois os seus preconceitos estavam em desacordo com os valores da sociedade, sendo difícil para ela trazer à consciência. A tendência masoquista

observada quando Sabina entrava em êxtase ao apanhar de Jung poderia ser explicada pela sua compulsão à repetição, que esteve presente desde

a sua infância e, até mesmo, em sua relação sexual com Jung.

Com relação a transferência pudemos observar em diversas cenas a relação transferencial ocorrendo: quando Sabina beija Jung,

quando ela se excita ao Jung bater em seu casaco, quando se interessa em saber como era a relação dele com a esposa, ou quando reage

agressivamente ao Jung dizer que precisava interromper o tratamento durante alguns dias por causa do serviço militar. Sobre a relação de

transferência, Freud explica que:

O doente consagra ao médico uma série de sentimentos afetuosos mesclados muitas vezes de hostilidade, não justificados em relações reais e que,

pelas suas particularidades, devem provir de antigas fantasias tornadas inconscientes. Aquele trecho da vida sentimental cuja lembrança não pode invocar, o

paciente passa a vivê-lo nas relações com o médico, e só por este surgimento da transferência é que o paciente se convence da existência e o poder desses

sentimentos inconscientes. (As cinco lições Freud. pág. 61)

Contudo, Freud salienta que a transferência positiva erótica, como aquela relação sexual que ocorreu com Jung e Sabina, traz desafios e

dificuldades para a análise psicanalítica, uma vez que poderá ser mascarada com uma resistência. Isto porque a paciente, quando apaixonada pelo

terapeuta e correspondida, ficaria focada apenas no seu amor e não teria insighs sobre si. Se o paciente tiver relações sexuais com a paciente, pode

acontecer que ele não consiga “investigar” ou perceber o que de fato estaria por trás do desejo sexual de sua paciente. Da mesma forma, se o

terapeuta ignorar o desejo de sua paciente, ela poderá se sentir humilhada e poderá se vingar.

Com base nas considerações de Freud, pudemos perceber com exatidão em algumas cenas do filme, como Sabrina se vingou de Jung

quando ele rompeu o relacionamento com ela. Na cena Jung diz para Sabina que a única relação que poderia manter com ela seria de analista e

paciente. Ela reage negativamente e, para se vingar, exige que Jung conte toda a verdade sobre o relacionamento deles a Freud, tendo consciência

das discordâncias teóricas entre eles.

No que toca sobre a sexualidade, o sintoma de sentir excitação quando Jung bate no casaco, por exemplo, liga este fato ao

acontecimento traumático, e isto pode ser acessado em sessão fazendo elo com o episódio da infância, na qual o pai pedia para ela tirar a roupa e a

batia. Ela tinha apenas 4 anos. Ali formou-se o gozo sexual e uma fixação, onde mais tarde foi se mostrar em relações de masoquismo com o doutor

Jung.

A repressão aparece quando, após relatar o episódio do abuso do pai (quando batia nela) e diz que sentia prazer, “ficava molhada” e se

excitava com o convite do pai de ir para o quartinho. Ela reprimia, dizendo que tinha que morrer no sanatório, que nunca deveria sair de lá.
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4. CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS

Com base nos resultados obtidos e na revisão bibliográfica, conclui-se que o filme “Um método perigoso” foi um excelente instrumento

para o aprendizado e exemplificação de alguns conceitos da teoria psicanalítica freudiana.

À medida que a paciente falava abertamente, expondo uma grande quantidade de experiências, os estados de confusão se amenizavam.

A paciente se mostrava relaxada e com mais controle sobre a sua vida consciente. O bem-estar veio após as fantasias pessoais serem reveladas e

trabalhadas durante a terapia.

Após toda a experiência de falar abertamente sobre os seus traumas, dar vazão aos desejos sexuais reprimidos, passar pela repressão e

transferência, em dado momento Sabina diz que precisa ir embora de Zurique, que precisava se tornar livre. Neste momento ela já está formada em

medicina, depois se casa e engravida. Eu vejo como o resultado do estudo e da terapia fez com que ela se tornasse uma pessoa cada vez mais

consciente de suas dores e traumas, e desta forma sair cada vez mais da irrealidade da satisfação infantil para a vida adulta, recheada de realizações e

conquistas.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

UM MÉTODO PERIGOSO; Direção: David Cronenberg, Produção Han Way Films. Canadá, Reino Unido, Alemanha: Sony Pictures Classics, 2011.

Amazon Prime (99 min.)


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FREUD, S. Conferências introdutórias sobre psicanálise (Parte III) 1916-1917. Edição Standard brasileira das Obras completas de Sigmund Freud, vol

XVI, Rio de Janeiro: Imago, 1996.

FREUD, S. Cinco Lições de Psicanálise

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