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Autopsicografia
1ª estrofe » A poesia não é a expressão direta dos sentimentos vivenciados pelo sujeito
poético, mas a representação dos sentimentos após um processo de racionalização. As
emoções vividas são trabalhadas.
2ª estrofe » A dor do poeta serve de motivo de inspiração para a dor que ele representará.
Ele não sabe as dores que teve, mas as que não tem. Interpreta a dor à sua maneira.
3ª estrofe » O coração, o motor que gera sentimentos, é um entretenimento para a razão.
Nota » Ao escrever poesia, o poeta não regista direta e espontaneamente os sentimentos que
viveu. Ele simula/finge artisticamente esses sentimentos. O fingimento do poeta afasta-se da
chamada poesia confessional e espontânea que é um registo direto dos sentimentos. No tipo
de poesia de que “Autopsicografia” trata, a dor é um produto da imaginação e do trabalho
artístico.
As dores
A primeira dor é a que o poeta sente (real), a segunda é a dor expressa no poema. A dor parte
do sentimento real do poeta, mas é transformada artisticamente na escrita do texto lírico. A
terceira é a “dor lida”, o sentimento gerado pela interpretação que o leitor faz do sentimento
representado no poema. A quarta é a dor que o leitor sente, é pessoal e só dele, não é o
sentimento que ele interpreta ao ler o texto.
Isto
1ª estrofe » Esclarecimento a uma crítica, clarificação do verdadeiro sentido do fingimento
artístico. Quando é poeta, sente com a imaginação, o fingimento é uma criação. Há uma
intelectualização do sentimento. As emoções registadas são um ato racional, é um trabalho
da imaginação.
2ª estrofe » Tudo aquilo que sonha e passa é um terraço que esconde os sentimentos
através da imaginação. O mundo da experiência é comparado a um terraço separado do
mundo perfeito da poesia, fruto de uma criação poética.
3ª estrofe » Ele escreve através da imaginação, livre das suas emoções, algo longe da
realidade, uma forma de mascarar aquilo que sente através das palavras. Utiliza a escrita
como fuga da realidade. O poeta não mente, apenas usa a imaginação para criar sentimentos
que não são os seus, mas sim os dos leitores.