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POESIA DO ORTÓNIMO,

Fernando Pessoa
Síntese de conteúdos

O fingimento artístico
 A poesia é um produto intelectual (das emoções e dos sentimentos)

 Tradução dos sentimentos na linguagem do leitor, pois o que sente é incomunicável:


- Dor sentida (dor real)
Dor do poeta
- Dor fingida (transfiguração/intelectualização da dor sentida, criada pela imaginação)
- Dor lida (interpretação o leitor da dor do poeta Dor do leitor

 O poeta escreve uma emoção fingida, pensada, fruto da razão e da imaginação (a emoção sentida e
espontânea não é expressa).

 O poeta não escreve a emoção sentida pelo coração porque esta lhe chega transfigurada e trabalhada
poeticamente através da razão – não há espontaneidade.

“E assim nas calhas de roda


O coração, metaforicamente, é um “comboio de corda”, um
Gira, a entreter a razão,
brinquedo que se move regulado por calhas sob as quais giras
Esse comboio de corda
(razão).
Que se chama o coração.”

 O coração fornece os temas/emoções que a razão elabora – não se deixa levar pelas emoções instantâneas,
mas sim pelas emoções trabalhadas pela razão (intelectualização das emoções).

 Fingir não é mentir, mas sim transfigurar a realidade utilizando a imaginação e a razão.

Poemas:
Autopsicografia
Isto

11º ano Frei Luís de Sousa, Almeida Garrett Margarida Cunha


A dor de pensar
 Poesia marcada pelo conflito entre o pensar e o sentir, ou entre a ambição da felicidade pura e a frustração
que a consciência de si implica

 Incapacidade de fruir instintivamente da vida por ser inconsciente e pela própria efemeridade.

 Certeza de que a lucidez impede a felicidade.

 Sente-se condenado à consciência.

 O poeta deseja ser inconsciente, mas mantendo a consciência do seu ser – impossível.

 Pessoa expressa o seu desejo de se tornar um ser mais natural, vivendo de forma mais instintiva e
espontânea como a ceifeira.

 O pensamento impede que a vida, tão breve, seja vivida inconsciente e alegremente – DOR DE PENSAR.

 Dualidades presentes:
- consciência/inconsciência
- felicidade/infelicidade
- sentir/pensar

Poemas:
Gato que brincas na rua
Ela canta, pobre ceifeira
Sol nulo dos dias vãos
Tudo o que faço ou medito

Sonho/Realidade
 O sonho funciona como refúgio e evasão.

 O poeta encontra no sonho a felicidade, porém esta rapidamente se dissipa (o sonho é efémero) e revela o
real consciente – sonho como projeto inviável e que traz desilusão.

 Tristeza pautada pela incapacidade de atingir o mundo inteligível pelo sonho, o que leva o poeta a
mergulhar no tédio existencial.

 O poeta demonstra resignação e acomodação por saber que será sempre infeliz.

11º ano Frei Luís de Sousa, Almeida Garrett Margarida Cunha


 Sonho <-> breve ilusão de que a felicidade é possível (ilha paradisíaca)

 A impossibilidade de materialização do sonho leva à desilusão do poeta.

Poemas:
Não sei se é sonho, se realidade
Viajar! Perder Países!
Entre o sono e o sonho

A nostalgia de infância
 Nostalgia do mundo perdido da infância. Ele que foi “criança contente de nada”, e que em adolescente
aspirou a tudo, experimenta agora a desagregação do tempo e de tudo.

 Infância – tempo de pureza, felicidade, inconsciência e unidade.

 Infância como espaço de felicidade – ele era feliz pois era inconsciente.

 Profundo desencanto e angústia existencial acompanham o sentido da brevidade da vida e da passagem


dos dias.

 Evasão no tempo e no espaço como forma de procurar a felicidade.

 Saudade de uma ternura que lhe passou ao lado.

 Desejo do regresso ao paraíso perdido, à infância perdida, ao passado feliz.

Poemas
Quando as crianças brincam
Pobre velha música
O menino de sua mãe
Não sei, ama, onde era

11º ano Frei Luís de Sousa, Almeida Garrett Margarida Cunha

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