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- Estrofes 4 a 6: o “eu” exprime os efeitos produzidos pelo canto,
revelando a sua emoção e o seu desejo de fuga ao pensamento
A expressão do desejo do SP resulta da consciência que o “eu” tem
do mal que o uso excessivo da razão produz em si próprio. O SP que
ser inconsciente como a ceifeira, mas sem deixar de ser ele próprio
(um ser consciente) Paradoxo
- Sinceridade: inconsciência, espontaneidade e instinto
- Fingimento: uso da razão, consciência
A ceifeira é trabalhadora, sacrificada, de condição social baixa, viúva
e com uma voz bonita. Simplicidade da sua vida causa inveja ao SP.
“alegre e anónima viuvez” – ironia: viuvez é associada a desamparo
e tristeza.
As antíteses ao longo do poema têm, de um lado, a visão parcial da
ceifeira e, de outro, a visão total do poeta.
Sugere-se a imagem da ceifeira a cantar, em conjunto com a ideia de
o tempo passar lentamente. A voz da ceifeira é suave, instintiva,
alegre e inconsciente. A pureza da sua voz projeta-se no ambiente
em que se insere.
“Ouvi-la alegre e entristece” – paradoxo/ antítese: alegria pelo
contentamento de ver que a ceifeira aceita a vida com o que esta
tem de bom e de mau e tristeza pois apercebe-se de que a ceifeira
não tem consciência das suas precárias condições de vida.
A dor do SP é causada pelo seu intelecto (intelectualiza as suas
emoções). Gostaria de não sentir a dor derivada da sua lucidez, ou
seja, de ser como a ceifeira e não sentir o sentimento causado pela
intelectualização do sentir. O poeta aspira ao impossível pois ter a
consciência da inconsciência é deixar de ser inconsciente.
O SP desejava ser inconsciente e feliz como a ceifeira, libertando-se
da dor da intelectualização das emoções. A “alegre inconsciência” da
ceifeira remete para o seu parcial conhecimento que tinha da sua
vida (ironia).
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“Gato que brincas na rua” – Dor de pensar
A temática deste poema é a dor de pensar, motivada pela
intelectualização do sentir (felicidade de não pensar, isolamento do
“eu”, inveja sentida relativamente à inconsciência do animal,
desconhecimento e estranheza do “eu” em relação a si).
Ao longo do poema, o SP fala sobre um gato que observa a brincar
na rua, despreocupadamente. O gato é um animal feliz (brinca),
tranquilo, despreocupado, indiferente e inconsciente do perigo
(cama). A utilização de comparações em vez de metáforas remete
para a simplicidade da vida do gato.
SP tem inveja do gato: inconsciente dos perigos, ser irracional, que
não pensa. Cumpre o seu destino (age por instintos) sem se lhe opor.
O gato desconhece o significado de “sorte”.
Não tenta contrariar as etapas da existência. É inconsciente e aceita
calmamente o seu destino. Vive só por viver, sem saber por que vive,
limita-se a sentir. O seu carácter instintivo não lhe permite ter
consciência das inconveniências.
A dor de pensar do SP tortura-o e fá-lo querer ser como a ceifeira e o
gato: seres inconscientes, que não pensam. O SP, por ser demasiado
racional, não consegue ser feliz, daí invejá-los por não
intelectualizarem os sentidos e viverem felizes.
“Todo o nada que és é teu”: gato não pensa, não se questiona, é o
“nada” (de forma plena e feliz), não se conhece, rege-se por instintos
é feliz porque é irracional e inconsciente.
As antíteses ao longo do poema remetem para a oposição entre o
gato (guiado pelos instintos, livre e feliz) e o SP (angustiado, infeliz e
torturado pela dor de pensar, guiado pelo pensamento).
Dois versos finais: Paradoxo complexidade e confusão interior do
SP, despersonalização (ao ser muitos, acaba por se desconhecer a si
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mesmo), procura do autoconhecimento, racionalização e estranheza
face a si mesmo.
“Não sei se é sonho, se realidade,” – Sonho e realidade
“Tudo o que faço ou medito” – Sonho e realidade
“Quando era jovem, quando tinha pena” – Nostalgia da
infância