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Português- Antero de Quental, Sonetos Completos

Antero de Quental
O seu retrato evidencia as suas lutas interiores. Era um homem de carácter sonhador e ingénuo. Os seus
sonetos caracterizam-se, de um modo geral, por apresentarem temáticas de natureza pessimista.
O Palácio da Ventura - Configuração do Ideal
O sujeito poético diz sonhar ser um cavaleiro andante que procura o palácio encantado da Ventura, isto é,
alegoricamente, o SP é um cavaleiro que está em busca de um Ideal desejado, a felicidade e o amor.
A temática deste poema é a Configuração do Ideal, uma vez que o palácio da Ventura (ventura- sorte)
simboliza um ideal grandioso de amor e felicidade.
Ao longo do poema o estado de espírito do SP vacila. Inicialmente mostra-se sonhador, corajoso,
destemido e empenhado/determinado na sua busca pelo palácio. Com o desenrolar do poema evidencia
exaustão e vulnerabilidade. Perto do final, o cavaleiro volta a sentir-se revigorado e forte. Contudo,
quando o encontra acaba por ficar desiludido e frustrado, pois tudo o que ele contém é “Silêncio e
escuridão - e nada mais” (v.14). O cavaleiro é iludido com algo que acaba por se mostrar inexistente (o
palácio não apresenta nada no seu interior), o que metaforicamente transmite a busca pela alegria do SP,
que acaba por nunca acontecer.
A felicidade do SP é inatingível, a busca do absoluto conduz ao vazio e à morte. Na vida à miragens, lutas e
deceções.

https://portugues-fcr.blogspot.com/2019/05/o-palacio-da-ventura.html

Nox – Angústia existencial

Nox significa noite, em latim. A utilização deste termo em latim tem com finalidade manter o ideal clássico
(classicismo).
O SP invoca a Noite (personificação), dando ao poema um tom confessional, isto é, a Noite é a confidente
do SP, é a ela que lhe vai confiar os seus pensamentos, como a sua angústia, depressão e desânimo, ou
seja, o seu estado de espírito.
Durante o dia o SP sofre com a dura realidade e à noite desabafa. Sente-se aprisionado, falta-lhe liberdade.
2 quadras O SP considera cruel a realidade circundante (a sua visa torna-se uma prisão).
Ao invocar a Noite, que o SP caracteriza por oposição ao dia, onde reina o Mal, está-se metaforicamente a
referir à morte, o único fim possível para libertar o SP do seu sofrimento. A Noite é utilizada como analogia
para a morte do SP, que se encontra em sofrimento constante. A morte é apresentada como resposta
libertadora para o seu sofrimento (só a morte lhe trará conforto e o libertará deste estado de dor interior).
O soneto evidencia um sentimento de angústia existencial decorrente de uma busca incessante pelo
absoluto. O mistério permanente da Vida e da Morte criam no poeta um estado de ansiedade e de
interrogações metafísicas, pautadas pelo desânimo e pessimismo, sendo a Morte o tema do poema.

http://lusografias.lusofrances.pt/nox-de-antero-de-quental/
Nihil – Configuração do Ideal e Angústia existencial

Nihil significa Nada ou Nada de positivo.


Ao longo da primeira estrofe, o SP estabelece um contraste entre o Infinito a que o Homem aspira e o
finito da sua condição. A dupla apóstrofe presente no primeiro verso tem como objetivo repreender o
Homem, uma vez que este continua a tentar atingir o Infinito, apesar de não o conseguir, daí que o SP o
advirta duas vezes (O Homem não se consegue afastar desta busca; somos escravos do infinito).
A esperança do SP em atingir a felicidade conduz ao nada. A felicidade é inatingível. As interrogações
retóricas na segunda estrofe realçam os seus esforços em vão. Estamos marcados pelo destino e, como tal,
nunca nos será possível atingir a felicidade absoluta, acabaremos, pois, perdidos no nada enquanto a
buscamos.
Na busca pela felicidade absoluta perdemo-nos no nada.
O SP, na última estrofe evidencia o seu desalento, uma vez que a esperança não encontrou resposta no
ideal, isto é, a realidade é o nada e seremos sempre apenas um boneco do destino. A nossa insignificância
é tal que até o céu tem pena de nós.
Continuaremos a sobreviver sofrendo.

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