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Tema
A grande temática presente neste poema e, a qual já comentamos quando
explicamos a 2.º estrofe, é o Sonho e a Realidade (contraste entre o sonho e a
realidade).
Esta temática é caracterizada:
pela estranheza e desconhecimento do “eu” (“Não compreendo
compreender, nem sei/Se hei de ser, sendo nada, o que serei.” v.3e4).
pelo refúgio e a evasão através do sonho (“um vento vão do sul / Acorda-
me” v.6 e 7) e
pelo contraste entre o sonho (“o nada” v.5) e a realidade (“Ter razão, ter
vitória, ter amor.” v.8).
Contudo o poeta é um ser só (“Trago, por ilusão, meu ser comigo” v.2), cheio de
incertezas (“incerto coração”v.12) e incapaz de ser feliz.
Marcas estilísticas/forma
Neste poema, é possível verificar características próprias da poesia de Fernando Pessoa
órtonimo, assim como:
Utilização de estruturas versificatórias de inspiração tradicional (neste caso, as duas
quadras e um terceto).
Os versos são curtos
É utilizada a rima emparelhada (AABB CCDD EEE).
A linguagem é simples, densa e espontânea, mas com sentido simbólico e metafórico.
Para além disso, é frequente o uso do presente do indicativo (“sou”/ “posso”/ “sigo”)
Por fim, existe uma predominância de recursos expressivos simples (repetição,
metáfora, aliteração, apóstrofe, enumeração).
A grande temática presente no poema “Nada sou, nada posso, nada sigo”, de
Fernando Pessoa, é a oposição Sonho/Realidade.
Num primeiro momento, é possível afirmar que o sujeito poético encontra-se
num estado ilusório (o sonho), do qual vai despertar com o surgimento do “vento vão
do sul”, este aparece por baixo do “azul/Do largo céu", símbolo de irrealidade, e fora
do “nada”, ou seja, fora daquilo que não existe. Deste modo, o contraste entre o sonho
(o “nada”) e a realidade (“Ter razão, ter vitória, ter amor.") é evidenciado pelo
“vento” (o pensamento).
Em suma, o “eu lírico” através do próprio pensamento consegue despertar do
sonho, chegando, assim, à conclusão da inutilidade deste.