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Poesia II
(De repente, às três da manhã, salto da cama com estes versos na cabeça... Lá por
fora, luar.)
Apetece-me dançar
ao som do luar
- esse violino
que os outros não ouvem.
Ouviu-o Mozart...
Ouviu-o Beethoven...
Mas hoje sou eu
que o ouço no céu
e danço na terra
com pés de cetim,
lá fora na rua...
Sou eu, pelo Ar...
Sou eu, o luar...
(...que arranquei de mim
e atirei para a Lua.)
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5. Classifica as seguintes afirmações em verdadeiras ou falsas, a partir do poema de José
Gomes Ferreira.
O sujeito poético...
(__) é do sexo masculino.
(__) é do sexo feminino.
(__) não consegue ser identificado pelo sexo.
9. Completa a(s) frase(s) com as opções corretas, a partir do poema de José Gomes Ferreira.
O sujeito poético _________________ (compara | distingue | opõe | diferencia | ouve) o som do
_________________ (luz | ativo | luar | ar | som) ao _________________ (luz | ativo | luar | ar | som)
do violino.Destaca mesmo grandes _________________ (som | bailarinos | estrelas | compositores |
luar) de música clássica, mas afirma que, naquele momento, apenas _________________ (Mozart | ele |
Beethoven | o luar | o céu) o consegue ouvir.
Poesias
A criança que fui chora na estrada
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir este lugar
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Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar
Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.
Autopsicografia
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
As pessoas sensíveis
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.
ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner – "As pessoas sensíveis". In Obra Poética. Assírio & Alvim, 2015.
14. O poema "As pessoas sensíveis" destaca-se no âmbito da temática das desigualdades e
injustiças sociais.
Coloca na ordem correta os versos da 1.ª estrofe.
Indica o número correspondente à posição de cada elemento a ordenar.
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Aquela nuvem
parece um cavalo...
Aquela?
Mas já não é um cavalo,
é uma barca à vela.
Aquela?
Mas já não é um navio,
é uma Torre Amarela
a vogar no frio
onde encerraram uma donzela.
FERREIRA, José Gomes – "XXV (Aquela nuvem parece um cavalo…)". In Poeta Militante II . D. Quixote,
2007
16. A partir do poema de José Gomes Ferreira e da perspetiva do sujeito poético, completa os espaços
com as diversas transformações que a nuvem sofreu na ordem correta.1ª transformação:
_________________ (Barca à vela | Torre | Cavalo)2ª transformação: _________________ (Barca à
vela | Cavalo | Torre)3ª transformação: _________________ (Cavalo | Barca à vela | Torre)
Infante
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
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17. Classifica as seguintes afirmações em verdadeiras ou falsas, a partir do poema "O
Infante".
O significado da expressão "desvendando a espuma" é:
(__) descobrindo o que a espuma do mar escondia.
(__) apartando a espuma com as quilhas dos barcos.
(__) descobrindo a terra que a espuma do mar escondia.
(__) descobrindo o que estava escondido no mar.
Contas
Contas
Uma noite, quando a noite não acabava,
contei cada estrela no céu dos teus olhos;
e nessa noite em que nenhum astro brilhava
deste-me sóis e planetas aos molhos.
JÚDICE, Nuno – "Contas". In Poesia reunida 1967-2000: acompanhada do livro inédito Rimas e contas. Dom
Quixote, 2000.
18. Seleciona corretamente os elementos do "tu" que fascinam o sujeito poético.
(A) Cabelo
(B) Braços
(C) Pés
(D) Corpo
(E) Olhos
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(E) "a humanidade está na rua"
(__) consequência.
(__) oposição.
(__) causa.
(__) semelhança.
QUÁSI
Um pouco mais de sol – eu era brasa,
Um pouco mais de azul – eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe d'asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num baixo mar enganador d'espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho – ó dor! – quási vivido...
Quási o amor, quási o triunfo e a chama,
Quási o princípio e o fim – quási a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto1 nada foi só ilusão!
De tudo houve um começo... e tudo errou...
- Ai a dor de ser-quási, dor sem fim... -
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou2 mas não voou...
Momentos d'alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...
Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas3 para o sol – vejo-as cerradas;
E mãos d'herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...
Num ímpeto difuso de quebranto4,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
..................................
..................................
Um pouco mais de sol – e fora brasa,
Um pouco mais de azul – e fora além.
Para atingir, faltou-me um golpe d'asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Paris 1913 – maio 13.
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SÁ-CARNEIRO, Mário – "Quási". In Verso e Prosa. Lisboa: Assírio & Alvim, 2010
GLOSSÁRIO
1
entanto – no entanto.
2
elançou – ergueu.
3
ogivas – em arquitetura, figuras formadas por dois arcos iguais que se cortam na parte superior,
formando um ângulo agudo.
4
quebranto – abatimento físico, cansaço ou prostração.
21. Completa as frases com as opções corretas, após a leitura do poema "Quási".
22.
Seleciona a opção correta, com base no poema "Quási".
O drama vivido pelo sujeito poético resulta da...
23.
Seleciona a opção correta, de acordo com o poema "Quási".
No poema, os versos "Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim" e "Asa que se elançou mas
não voou..." estabelecem uma relação de sentido, uma vez que...
(A) o sujeito poético desilude os demais, tal como a ave não se consegue lançar ao ar.
(B) o sujeito poético não consegue cumprir o seu objetivo, tal como a ave não consegue levantar voo.
(C) o sujeito poético e a ave estão presos ao passado.
(D) o sujeito poético não se consegue lançar aos desafios, bem como a asa não se consegue abrir.
24.
Seleciona a opção correta, de acordo com o poema "Quási".
O sujeito poético demonstra uma incapacidade extrema no verso...
(__) frustração permanente do sujeito poético, a qual é evidente no verso "O grande sonho – ó dor! –
quási vivido...".
(__) saudade do sujeito poético, a qual é evidente no verso "O grande sonho – ó dor! – quási vivido...".
(__) frustração permanente do sujeito poético, que é evidente no verso "Quási o amor, quási o triunfo e
a chama".
(__) saudade contínua do sujeito poético. Esta situação é evidente no verso "Quási o amor, quási o
triunfo e a chama".
26.
Seleciona a opção correta, com base no poema "Quási".
Entre os dois primeiros versos da primeira estrofe e os dois primeiros versos da última estrofe
ocorre uma mudança de tempo verbal entre...
27. Completa as frases com as opções corretas, após a leitura do poema "Quási".
Lê o texto:
Poesias
A criança que fui chora na estrada
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
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Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir este lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar
Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.
Fernando Pessoa, Poesias
30. Classifica as seguintes afirmações em verdadeiras ou falsas, a partir do poema de
Fernando Pessoa.
(__) A expressão "Um pouco de quando era assim" mostra que a busca do sujeito poético remete para o
passado.
(__) A expressão "Ah! Como hei de encontrá-la?" mostra que a busca do sujeito poético será fácil.
(__) A expressão "Já não sei de onde vim nem onde estou" comprova que o sujeito poético se encontra
desorientado.
(__) A expressão "Já não sei de onde vim nem onde estou" aponta para duas épocas: presente e futuro.
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