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Castanhas assadas

O velho vendedor desta tarde, ali à esquina da rua, lembrou-me outro, lá longe, no passado de uma cidade
diferente, esse diluído não só em tempo ou em bruma mas também num fumo aromático que não aquecia, fumo
frio, talvez, e que atravessava ossos porosos que existiam, que estavam ali dentro de mim, um pouco arrepiados
também. Eu passava todos os dias pelo homem, que usava boina e samarra 1, talvez fosse espanhol, já não me
lembro, e detinha-me sempre para comprar o eterno cartucho de castanhas, que logo metia, em partes iguais, nos
5
bolsos já largueirões do casaco, deixando ficar as mãos naquele leve, apesar disso reconfortante calor. Cá fora
havia nevoeiro, ou então um espesso teto de nuvens baças separava-nos da estrela da vida, que
desaparecera do nosso convívio há muito tempo. E eu, mesmo sem querer, mesmo pensando que isso era
impossível, não a imaginava lá em cima mas muito longe, para o sul, aquecendo e iluminando a minha terra. Fazia
o resto do percurso devagar, ia aproveitando aquela sensação tão doce. Quando chegava ao hotel tinha as mãos
enfarruscadas e as castanhas estavam quase frias, mas paciência, comia-as mesmo assim.
10 Hoje, aqui, não comprei castanhas ao velho vendedor. Hoje, aqui, não quero sujar as mãos e, de resto, o
casaco não tem bolsos. Hoje, aqui, ainda não faz frio e o Sol é sedentário e amigo, mora lá em cima, nunca anda
muito tempo a viajar. Ou brilha ou brilhou ou vai brilhar um dia destes, talvez amanhã. O fumo também nunca chega
a ser névoa e as castanhas têm outro sabor. Nem melhor nem pior. Um sabor diferente.
Diário de Lisboa 13-11-68

Maria Judite de Carvalho, Este tempo, Lisboa, Editorial Caminho, 1991


VOCABULÁRIO
1
samarra: casaco curto de tecido encorpado, geralmente com gola de pele.

3. A crónica inspira-se num acontecimento do dia a dia.


3.1. Indica o acontecimento que motivou a escrita desta crónica. Justifica a tua resposta.
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4. “Cá fora havia nevoeiro, ou então um espesso teto de nuvens baças separava-nos da estrela da vida,
que desaparecera do nosso convívio há muito tempo.”
4.1. Situa o excerto no tempo e no espaço.
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4.2. Descreve o quotidiano da cronista no tempo evocado.
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4.3. Transcreve, da frase acima apresentada, uma metáfora e comenta o seu valor expressivo.
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5. “E eu, mesmo sem querer, mesmo pensando que isso era impossível, não a imaginava lá em cima
mas muito longe, para o sul”. (linhas 10-11)
5.1. Indica a que se refere o pronome sublinhado na frase.
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5.2. Explicita a aparente contradição na frase transcrita.
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6. “Hoje, aqui, não comprei castanhas ao velho vendedor.” (linha 15)
6.1. Aponta as razões da atitude da cronista.
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GRUPO II

1. Reescreve as frases seguintes, substituindo cada expressão sublinhada pelo pronome pessoal
adequado. Faz apenas as alterações necessárias.
(A) “O velho vendedor desta tarde [...] lembrou-me outro”. (linha 1)

(B) O homem “usava boina e samarra”. (linha 5)

(C) “Detinha-me sempre para comprar o eterno cartucho de castanhas”. (linha 6)

(D) “Hoje, aqui, não comprei castanhas ao velho vendedor.” (linha 15)

2. A cronista recorda o vendedor de castanhas com nostalgia.


2.1. Reescreve a frase anterior na passiva. Faz apenas as alterações necessárias.

2.2. Transcreve o complemento agente da passiva da frase que construíste.

3. A cronista não comprou castanhas nem reconheceu o velho vendedor, mas lembrou-se de outro.

3.1. Divide e classifica as orações da frase anterior.


Lê a crónica de Maria Judite Carvalho «A Geração Lunar».

1 Era uma garotinha pequena de visita a um palácio, o da vila de Sintra, creio eu. Ou
seria o de Queluz? Um palácio real em todo o caso, daqueles de salas imensas, e
móveis importantes, de museu, agressivamente dignos, afetados, saídos das mãos de
um autor conhecido, como os quadros e as estátuas. Quem pode conviver com um
móvel assim?

A menina parou, olhou, observou com atenção. Teria seis, sete anos. Depois de
5 muito olhar, de por assim dizer entrar ou tentar entrar no ambiente, voltou-se para os
pais e disse, lamentando muito: «Como esta pobre gente vivia!»

Os presentes sorriram e até riram com vontade. Com que então aquela pobre gente! Com
que então… Pois claro, aquela pobre gente sem aparelho de rádio nem televisão, que
aborrecimento naquelas grandes salas doiradas, sem ir ao cinema sequer, naquela imensa
cozinha sem máquinas. Não, aquilo já não servia para os sonhos de oito anos (ou sete). Isso
era dantes, quando nós éramos crianças e lidávamos com princesas e príncipes encantados. A
miudinha, ali, era porém produto de uma civilização diferente, sem estúpidos e velhos sonhos
10 de palácio, com desejos mais modestos muito mais confortáveis e fabulosos, como estar
sentado na sala de estar sem doirados nem móveis de autor, a ver no pequeno ecrã os
homens a passear na Lua. Sim, sim, ela, a menina, tinha razão. Porque aquela pobre gente
nem sequer suspeitava. Para ali estava naquelas grandes salas luxuosas, sem nada saber de
uma próxima geração lunar. Que nós ainda achamos maravilhosa. Que para a menina, ali, no
palácio real, é tão natural talvez como respirar. Como aquela pobre gente vivia.

Diário de Lisboa, 26.01.71

Maria Judite de Carvalho, «A Geração Lunar», Este Tempo, Caminho, 2007

1. Seleciona, para responderes a cada item (1.1 a 1.4), a única opção que permite obter uma
afirmação adequada ao sentido do texto.
1.1 Na perspetiva da cronista, expressa no primeiro parágrafo, os móveis daquele museu
caracterizavam- se por serem sobretudo
a) banais.
b) perfeitos.
c) nobres.
d) antigos.

1.2 Na expressão «Quem pode conviver com um móvel assim?» (linha 4), está presente
a) uma frase interrogativa usada para fazer uma pergunta.
b) uma frase imperativa usada para fazer um pedido.
c) uma frase imperativa que corresponde a um chamamento.
d) uma frase interrogativa usada para exprimir um ponto de vista crítico.

1.3 A frase «Como esta pobre gente vivia!» (linha 7), apresenta o ponto de vista
a) da cronista.
b) dos pais da menina.
c) da menina.
d) dos outros visitantes do museu.
1.4 Na expressão «Com que então (…)» (linha 8), o uso das reticências pretende
a) exprimir dúvida.
b) manifestar surpresa.
c) interromper uma ideia.
d) indicar que a frase não terminou.

2. Associa cada elemento da coluna A ao elemento da coluna B que lhe corresponde, de acordo
com o sentido do texto e de modo a identificares o valor semântico do advérbio destacado.

3. Classifica cada uma das afirmações seguintes (3.1 a 3.5) como verdadeira ou falsa,
apresentando uma alternativa verdadeira para as frases falsas.
3.1 Apesar da estranheza relativamente ao espaço, a menina tentou integrar-se no ambiente.

3.2 Os visitantes do museu sorriram face ao uso adequado do adjetivo.

3.3 Esta crónica apresenta os pontos de vista de duas gerações diferentes.

3.4 Para a geração da cronista, as viagens à Lua são perspetivadas como um facto usual.

3.5 Segundo a cronista, a estranheza da menina deveu-se ao facto de as salas do palácio serem
imensas e vazias.

4. Identifica o antecedente do pronome sublinhado na frase: «Que nós ainda achamos


maravilhosa».

5. Indica duas características que permitam classificar este texto como uma crónica.

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6. A partir do ponto de vista da cronista, indica uma consequência do avanço da tecnologia.

Transcreve uma expressão onde esteja presente a ironia utilizada pela cronista para referir este
facto.
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Parte C
13. Lê o excerto do «A aia», de Eça de Queirós.
Responde, de forma completa e bem estruturada.
“A AIA”
1 Foi um espanto, uma aclamação. Quem o salvara? Quem?… Lá estava junto do berço de
marfim vazio, muda e hirta, aquela que o salvara! Serva sublimemente leal! Fora ela que,
para conservar a vida ao seu príncipe, mandara à morte o seu filho… Então, só então, a
mãe ditosa, emergindo da sua alegria extática, abraçou apaixonadamente a mãe
5 dolorosa, e a beijou, e lhe chamou irmã do seu coração… E de entre aquela multidão que
se apertava na galeria veio uma nova, ardente aclamação, com súplicas de que fosse
recompensada, magnificamente, a serva admirável que salvara o rei e o reino.

Eça de Queirós, Contos, Livros do Brasil, 2004


Após lerem o conto «A aia», a Mariana e o Tiago fizeram os comentários seguintes.
Mariana: Na minha opinião, a palavra que melhor caracteriza a atitude da aia perante a sua
condição de escrava é humildade.
Tiago: Quanto a mim, a palavra que melhor caracteriza a atitude da aia perante a sua
condição de escrava é resignação.
Escreve um texto de opinião, com um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras, em que, de
entre os dois comentários, defendas aquele que te parece mais adequado ao sentido do conto.
O teu texto deve incluir uma parte de introdução, uma parte de desenvolvimento e uma parte de
conclusão.
Organiza a informação da forma que considerares mais pertinente, tratando os tópicos
apresentados a seguir:
• Indicação do comentário que, na tua opinião, é mais adequado ao sentido do texto.
• Justificação da escolha desse comentário, através da transcrição de uma expressão que
evidencie o caráter da aia.
• Descrição da atitude da aia e explicitação da sua intenção.
• Referência a duas características psicológicas da aia.
• Identificação de um recurso expressivo presente no excerto e explicitação do seu
significado.
• Apresentação do teu ponto de vista sobre a opção da aia, e respetiva justificação.
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TEXTO A

Lê atentamente o excerto do conto “A Aia” de Eça de Queirós, e responde, de


forma cuidadosa e precisa, às questões que se seguem.

Ora uma noite, noite de silêncio e de escuridão, indo ela a adormecer, já despida, no
seu catre, entre os seus dois meninos, adivinhou, mais que sentiu, um curto rumor de ferro
e de briga, longe, à entrada dos vergéis reais. Embrulhada à pressa num pano, atirando os
cabelos para trás, escutou ansiosamente. Na terra areada, entre os jasmineiros, corriam
passos pesados e rudes. Depois houve um gemido, um corpo tombando molemente, sobre
lajes, como um fardo. Descerrou violentamente a cortina. E além, ao fundo da galeria,
avistou homens, um clarão de lanternas, brilhos de armas…Num relance tudo
compreendeu: o palácio surpreendido, o bastardo cruel vindo roubar, matar o seu príncipe!
Então, rapidamente, sem uma vacilação, uma dúvida, arrebatou o príncipe do seu berço de
marfim, atirou-o para o pobre berço de verga, e, tirando o seu filho do berço servil, entre
beijos desesperados, deitou-o no berço real que cobriu com um brocado.
Bruscamente um homem enorme, de face flamejante, com um manto negro sobre a
cota de malha, surgiu à porta da câmara, entre outros, que erguiam lanternas. Olhou,
correu ao berço de marfim onde os brocados luziam, arrancou a criança como se arranca
uma bolsa de oiro, e, abafando os seus gritos no manto, abalou furiosamente.
O príncipe dormia no seu novo berço. A ama ficara imóvel no silêncio e na treva.
Mas brados de alarme atroaram, de repente, o palácio. Pelas janelas perpassou o
longo flamejar das tochas. Os pátios ressoavam com o bater das armas. E desgrenhada,
quase nua, a rainha invadiu a câmara, entre as aias, gritando pelo seu filho! Ao avistar o
berço de marfim, com as roupas desmanchadas, vazio, caiu sobre as lajes num choro,
despedaçada. Então, calada, muito lenta, muito pálida, a ama descobriu o pobre berço de
verga... O príncipe lá estava quieto, adormecido, num sonho que o fazia sorrir, lhe
iluminava toda a face entre os seus cabelos de oiro. A mãe caiu sobre o berço, com um
suspiro, como cai um corpo morto.

1. Localiza este excerto na globalidade do conto, indicando a acção que sucede ao


momento transcrito.
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2. Resume a ação do excerto supracitado.
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3. Refere os modos de representação do discurso presentes no texto, justificando a tua
resposta.
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4. Identifica a referência temporal presente no excerto.
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4.1. Indica outras ações importantes no conto que tenham a mesma referência
temporal.
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5. No primeiro parágrafo do texto, a ação desenrola-se rapidamente. Faz um levantamento
dos verbos e advérbios que conferem um ritmo rápido à ação.
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5.1. Indica em que tempo e modo verbal se encontram esses verbos.
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6. Classifica o narrador quanto à presença. Justifica a tua resposta.


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7. Transcreve do excerto três expressões que te permitam proceder à caracterização
directa da personagem principal.
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8. Explica, por palavras tuas, o sentido da frase: «A mãe caiu sobre o berço, com um
suspiro, como cai um corpo morto.»
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8.1. Identifica a figura de estilo presente na frase anterior.


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TEXTO B
Elabora um breve comentário à atitude da Aia à luz dos dias de hoje. Deves:
 Contextualizar a atitude da Aia.
 Explicar os motivos que a levaram a tal decisão.
 Demonstrar se hoje tal comportamento seria provável ou não.
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GRUPO II

1. Indica a função sintática desempenhada pelos elementos sublinhados:


a) A aia, uma heroína, salvou a pátria com o seu próprio sacrifício.

b) A aia é uma heroína.

c) Quando lemos o conto na escola, nós considerámos a aia uma heroína.

1.1. Atenta na seguinte frase:


Quando lemos o conto na escola, nós considerámos a aia uma heroína.

1.1.1. Divide e classifica a frase anterior.


1.1.2. Procede à análise sintática da oração subordinada.

2. «Depois houve um gemido, um corpo tombando molemente, sobre as lajes como um fardo.»

2.1 Classifica morfologicamente as palavras sublinhadas.

3. Selecciona a forma mais adequada para completar as frases indicadas. Transcreve para
a folha de respostas a opção que consideras mais adequada:
5.1 Há um mês, os meus pais· ________________que eu fosse ao cinema.
a) consentirão b) consentiram c) consentirem

5.2. Daqui a quinze dias, duas turmas ________________ a taça de basquetebol.


a) disputarão b) disputaram c) disputavam

1. Coloca as formas verbais destacadas nas frases nos tempos indicados entre
parênteses. Faz as alterações necessárias.
a. Eu diverti-me com o Rex. (futuro do indicativo)
b. Sentou-se ao meu lado, coçou a cabeça e disse-me que a minha mãe não
queria o cão em casa. (condicional)
c. Vamos treiná-lo a expulsar os intrusos. (futuro do indicativo)
d. Divertíamo-nos muito, eu, o Rex e o meu pai! (condicional)

2. Indica a função sintática desempenhada pelos constituintes destacados nas frases.


a. É porreiro, o meu pai!
b. Quando o meu pai saiu de casa, não estava com um ar lá muito satisfeito.
c. Fomos procurar tábuas à arrecadação.
d. O meu pai e ele gostam muito de se arreliarem um ao outro.
e. Divertíamo-nos muito, eu, o Rex e o meu pai!

3. Classifica as orações destacadas nas frases seguintes.


a. Enquanto tratava disso com a minha mãe, eu diverti-me com o Rex, que se pôs
a fazer-se engraçado.
b. Como não tinha nada para lhe dar a comer, voltou a coçar a orelha.
c. O meu pai pensou um pouco e depois disse que era boa ideia.
d. “Se a mãe não quer o cão em casa”, disse eu, “poderíamos guardá-lo no
jardim”.

e. Isso foi um pouco estragado pelo grito que o meu pai deu.
f. Sentou-se ao meu lado, coçou a cabeça.

3.1. A cronista viu um “velho vendedor” de castanhas que a fez recordar um outro que conheceu no passado.
……………………………………………………………………………………....................
4.1. A ação situa-se no passado, numa cidade.
……………………………………………………………………………………....................
4.2. Nesse tempo, a cronista comprava diariamente um cartucho de castanhas a um vendedor de rua e, de
seguida, ia para o hotel onde estava hospedada.
……………………………………………………………………………………....................
4.3. A metáfora “espesso teto de nuvens baças” salienta a ideia de que o dia estava escuro e sombrio.
OU
4.3. A metáfora “estrela da vida” salienta a ideia de que o Sol é indispensável à vida.
……………………………………………………………………………………....................
5.1. O pronome “a” refere-se à “estrela da vida”.
……………………………………………………………………………………....................

5.2. Ainda que admitindo ser impossível, a cronista insinua que o Sol (“estrela da vida”) não estava presente
naquela cidade, pois os dias eram sempre sombrios e frios.
……………………………………………………………………………………....................
6.1. A cronista não comprou castanhas ao vendedor porque não queria sujar as mãos, não tinha bolsos no
casaco nem estava frio.

1. (A) O velho vendedor desta tarde lembrou-mo.


(B) O homem usava-as.
(C) Detinha-me sempre para o comprar.
(D) Hoje, aqui, não lhas comprei.
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2.1. O vendedor de castanhas é recordado pela cronista com nostalgia.
……………………………………………………………………………………....................
2.2. “pela cronista”.
……………………………………………………………………………………....................
3.1. “A cronista não comprou castanhas” – oração coordenada; “nem reconheceu o velho vendedor” – oração
coordenada copulativa; “mas lembrou-se do outro” – oração coordenada adversativa.

3. Classifica cada uma das afirmações seguintes (3.1 a 3.5) como verdadeira ou falsa,
apresentando uma alternativa verdadeira para as frases falsas.
3.1 Apesar da estranheza relativamente ao espaço, a menina tentou integrar-se no ambiente. V
3.2 Os visitantes do museu sorriram face ao uso inadequado do adjetivo. F
3.3 Esta crónica apresenta os pontos de vista de duas gerações diferentes. V
3.4 Para a geração da cronista, as viagens à Lua são perspetivadas como um facto usual raro. F
3.5 Segundo a cronista, a estranheza da menina deveu-se ao facto de as salas do palácio serem
imensas e vazias não terem meios tecnológicos. F

4. Identifica o antecedente do pronome sublinhado na frase: «Que nós ainda achamos


maravilhosa».
O antecedente do pronome é «uma próxima geração lunar».

5. Indica duas características que permitam classificar este texto como uma crónica.
Este texto é uma crónica porque a autora apresenta o seu ponto de vista sobre as diferentes
perspetivas das gerações anteriores (visitantes do museu e cronista) e da geração atual (menina).

6. A partir do ponto de vista da cronista, indica uma consequência do avanço da tecnologia.


Transcreve uma expressão onde esteja presente a ironia utilizada pela cronista para referir este
facto.
Do ponto de vista da autora da crónica, a atual geração está viciada em tecnologias e, por isso não
valoriza a nossa história. A ironia da cronista é visível em «A miudinha, ali, era porém produto de
uma civilização diferente, sem estúpidos e velhos sonhos de palácio, com desejos mais modestos
muito mais confortáveis e fabulosos (…)».

7. No primeiro parágrafo, o narrador descreve o gabinete de trabalho da personagem Jacinto.


Indica os três aspetos do gabinete do amigo que mais causaram admiração no narrador.
Os instrumentos usados por Jacinto para escrever as suas cartas: corta-papéis, aguça lápis,
carimbos, folhas de papel watmam; os diversos livros que enchiam a estante em forma de torre;
todos os grandes aparelhos facilitadores de pensamento como a máquina de escrever, os
autocopistas, o telégrafo morse…

8. Na perspetiva do narrador, os grandes aparelhos tinham uma função determinada.


Identifica essa função e transcreve uma expressão que evidencie o ponto de vista do narrador.
Os aparelhos tinham como função facilitar o pensamento e permitir que Jacinto comunicasse com o
exterior («os grandes aparelhos, facilitadores do pensamento», «Era o meu amigo
comunicando.»).

9. A partir de determinado momento é visível uma alteração na ação narrada.


Descreve o acontecimento que determina essa alteração.
Jacinto quis mostrar o fonógrafo às primas de Pinto Porto, as «amáveis Gouveias», mas este
avariou-se, ouvindo-se a frase do Conselheiro repetidamente.

10. A frase repetida que provém do fonógrafo provoca reações nas personagens.
Indica as ações encadeadas das personagens a partir deste acontecimento.
As personagens retiraram-se para uma sala distante; tentaram tapar a boca do fonógrafo com uma
almofada, mantas e cobertores; refugiaram-se na cozinha e, por fim, fugiram para a rua.

10.1 Identifica três adjetivos que traduzam o estado de espírito das personagens perante o insólito
acontecimento.
«enervados», «furiosos» e «espavoridos».

11. Classifica o narrador deste excerto quanto à presença e à posição, justificando.


O narrador é participante, pois participa na ação, narrando os acontecimentos na primeira pessoa
(«eu por vezes surpreendi gotas de sangue do meu amigo«); é subjetivo, pois faz comentários e
toma partidos («Mas, inábil ou brusco, certamente desconcertou alguma mola vital – porque de
repente o fonógrafo começa a redizer, sem descontinuação, interminavelmente, com uma
sonoridade cada vez mais rotunda…»).

12. Identifica, no excerto, exemplos de narração, descrição e monólogo.


Narração: « Enervados, retirámos para uma sala distante, pesadamente revestida de panos de
arrás.»
Descrição: « sua cadeira, grave e abacial, de couro, com brasões, datava do século XIV»
Monólogo: «– Maravilhosa invenção! Quem não admirará os progressos deste século?»

13.2
Para mim, o comentário mais adequado ao sentido do texto é o da Mariana.
A Aia é uma serva admirável e ela é feliz na servidão «Serva sublimemente leal».
A aia trocou os bebés, colocando o seu filho no berço real do príncipe e o herdeiro do reino
no berço pobre de verga do escravozinho, ato que permitiria salvar o reino.
A aia é muito corajosa e leal.
Neste excerto está presente a dupla adjetivação “muda e hirta”, que mostra o estado de
espírito da Aia.
Considero que a opção da Aia em salvar o príncipe mostrou que ela era uma pessoa muito
leal ao reino.

9. Localiza este excerto na globalidade do conto, indicando a acção que sucede ao


momento transcrito.

Este excerto situa-se no desenvolvimento, parte da ação em que são narradas as


peripécias. Após este momento tem lugar o desenlace (morte da Aia).

10. Resume a acção do excerto supracitado.

Temendo pela vida do pequeno príncipe, a aia trocou as crianças, colocando o


príncipe no berço de verga e o seu filho no berço de marfim.

11. Refere os modos de representação do discurso presentes no texto, justificando a tua


resposta.

No excerto predomina a narração. A dinâmica da narrativa altera-se pela sucessão


rápida de acontecimentos, bem patente na utilização abundante de verbos no
pretérito perfeito («adivinhou», «sentiu», «escutou», «houve», «descerrou»,
«avistou»). No entanto, podemos encontrar momentos de descrição: “o príncipe
dormia”, o “príncipe lá estava quieto, adormecido”.

12. Identifica a referência temporal presente no excerto.


“Uma noite”
12.1. Indica outras acções importantes no conto que tenham a mesma referência
temporal.
Os acontecimentos mais relevantes decorrem durante a noite, nomeadamente a
partida do rei e o nascimento das duas crianças.
13. No primeiro parágrafo do texto, a acção desenrola-se rapidamente. Faz um
levantamento dos verbos e advérbios que conferem um ritmo rápido à acção.
Os verbos e advérbios que, no 1.º parágrafo, conferem um ritmo rápido à acção são
os seguintes: “adivinhou”, “escutou ansiosamente”, “depois houve”, “descerrou
violentamente”, “avistou”, “compreendeu”, “rapidamente (…) arrebatou”, “atirou-
o”, “deitou-o”, cobriu”.
13.1. Indica em que tempo e modo verbal se encontram esses verbos.
Pretérito perfeito, modo indicativo.
14. Classifica o narrador quanto à presença. Justifica a tua resposta.
Heterodiegético, “a rainha invadiu a câmara”
15. Transcreve do excerto três expressões que te permitam proceder a caracterização
directa da personagem principal.

“embrulhada”, “imóvel”, “calada”, “embrulhada”, “imóvel”, “calada”, “despida”,


“muito lenta”, “muito pálida”.

16. Explica, por palavras tuas, o sentido da frase: «A mãe caiu sobre o berço, com um
suspiro, como cai um corpo morto.»
Esta frase significa que, após o choque emocional provocado por pensar que o seu
filho tinha sido raptado, a rainha perde as forças e quase desmaia.
16.1. Identifica a figura de estilo presente na frase anterior.
Comparação.

.
A Aia é uma serva admirável e ela é feliz na servidão «Serva
sublimemente leal».
A aia trocou os bebés, colocando o seu filho no berço real do príncipe e
o herdeiro do reino no berço pobre de verga do escravozinho, ato que
permitiria salvar o reino.
Considero que a atitude da Aia foi muito corajosa e leal. Esta revela uma
dedicação desmesurada ao filho, ao príncipe e aos reis. Ela prova
com o gesto da troca das crianças uma grandeza de alma que não
pode ser compreendida por nenhum humano e que, por
consequência, não tem nenhuma recompensa ou pagamento
material. A crença espiritual que alimenta o seu gesto demonstra
uma linearidade e uma simplicidade de pensamento que coloca o
dever acima de tudo: o dever de escrava e o dever de mãe.
Reconheço, no entanto, que não compreendo como uma mãe
deixa morrer o seu filho e que seria incapaz de cometer tal ato.
Termino reafirmando que, apesar de não compreender o ato da
Aia em sacrificar o seu próprio filho para o bem do reino, defendo
que esta revelou uma enorme grandeza de alma, lealdade e
coragem.
A aia, personagem que dá título ao conto, num ato de desespero, trocou os
bebés do berço, assim que se apercebeu que o filho da rainha estava em perigo
de vida.

Pensamos que, com este gesto, ao entregar o seu próprio filho à morte para
salvar o herdeiro ao trono, a aia demonstrou uma enorme dedicação e lealdade
para com os seus senhores e uma coragem incomensurável.

Porém, pensamos que a atitude da aia foi precipitada ao sacrificar o seu próprio
filho e ao seguir cegamente o apelo da lealdade ao seu rei e rainha. Foi, de facto,
cruel para com ela própria e para com o escravozinho. Abdicou da sua própria
felicidade e entregou o seu filho à morte para salvar a vida do principezinho.

Se nos encontrássemos nesta situação, jamais teríamos o mesmo gesto da aia,


pois consideramos que um filho deve estar acima de qualquer dever ou
obrigação e que o amor que nos une a ele é infinito. Todos os pais querem, de
facto, o melhor para os seus filhos.

Em suma, consideramos que a aia, pessoa leal, dedicada e corajosa, manifestou


uma atitude precipitada e irrefletida, uma vez que, apesar de ter salvado uma
vida, acabou por matar o seu bebé.
A meu ver, a atitude da Aia, ao trocar os dois bebés, o príncipe e o escravo, não foi correta, nem o acontecimento que lhe

sucedeu, que foi o suicídio da aia com o punhal de esmeraldas.

Acerca da troca de bebés, não concordo pois penso que ninguém tem o direito de escolher quem vive e quem morre,

independentemente da classe social. Para além disso, na minha opinião, o amor de mãe deve ser superior a qualquer

outro sentimento, como por exemplo, a lealdade. Um dos deveres da mãe deve ser o de proteger o filho.

Em relação ao suicídio, julgo que a Aia não agiu corretamente pois, como já referi anteriormente, ninguém tem o direito de

escolher quem vive e quem morre, mesmo quando se trata da nossa própria vida. Do meu ponto de vista, o suicídio é um

ato de cobardia. A aia suicidou-se pois não conseguia viver com as consequências da sua escolha.

Concluo, baseando-me nos argumentos por mim apresentados anteriormente, que não foi correta a atitude, da aia, de

trocar os dois bebés de berço nem o seu consequente suicídio.

O desejo da aia de provar que a cobiça e a ambição podem estar arredadas de um coração
leal, fez com que ela escolhesse um punhal para pôr termo à sua vida. Trata-se de um objeto
pequeno, certeiro que remete para o carácter decidido da personagem e que era o maior tesouro
que aquela mulher ambicionava, pois, esse objeto lhe abriria caminho para o encontro com o seu
filho, para cumprir o seu dever de mãe, dando-lhe de mamar.

GRUPO II

1. Indica a função sintáctica desempenhada pelos elementos sublinhados:


a) A aia, uma heroína, salvou a pátria com o seu próprio sacrifício. Aposto
b) A aia é uma heroína. Predicativo do Sujeito
c) Quando lemos o conto na escola, nós considerámos a aia uma heroína.
Predicativo do Complemento Directo

3.1. Atenta na seguinte frase:


Quando lemos o conto na escola, nós considerámos a aia uma heroína.
3.1.1. Divide e classifica a frase anterior.
Quando lemos o conto na escola,  Oração subordinada temporal
nós considerámos a aia uma heroína.  Oração subordinante

3.1.2. Procede à análise sintáctica da oração subordinada.


Quando
[sujeito subentendido]
lemos  predicado
o conto  Complemento directo
na escola  complemento circunstancial de lugar

4. «Depois houve um gemido, um corpo tombando molemente, sobre as lajes como um fardo.»

2.1 Classifica morfologicamente as palavras sublinhadas.


«tombando» — verbo «tombar» no gerúndio (forma nominal); «molemente» —
advérbio de modo; «sobre» — preposição simples; «as» — artigo definido,
feminino do plural.

5. Apenas uma das frases admite a voz passiva. Indica-a.

A) A Rainha chorava muito.


B) O escravozinho e o principezinho choravam muito.
C) Deus criou o mundo.
D) Aquele ano foi quente.

6. Atenta na frase: As folhas foram trazidas para aqui pelo vento.


6.1. Indica a função sintáctica do segmento destacado.
Agente da passiva.

6.2. Coloca a frase na voz activa.~


O vento trouxe as folhas para aqui.

7. Selecciona a forma mais adequada para completar as frases indicadas. Transcreve para
a folha de respostas a opção que consideras mais adequada:

5.1 Há um mês, os meus pais· ________________que eu fosse ao cinema.


a) consentirão b) consentiram c) consentirem

5.2. Daqui a quinze dias, duas turmas ________________ a taça de basquetebol.


a) disputarão b) disputaram c) disputavam

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