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Exercícios – Parnasianismo e Simbolismo

XIII
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Direis agora: “Tresloucado amigo!
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, Que conversas com elas? Que sentido
Que, para ouvi-las, muita vez desperto Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E abro as janelas, pálido de espanto...
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
E conversamos toda a noite, enquanto Pois só quem ama pode ter ouvido
A Via Láctea, como um pálio aberto, Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
BILAC, Olavo. Soneto XIII. Via Láctea. Antologia
Inda as procuro pelo céu deserto. poética. Porto Alegre: L&PM, 2012. (L&PM Pocket, v.
38).

1. No soneto há duas vozes que se pronunciam. Quais são elas?


2. A interlocução entre essas vozes revela a oposição entre a postura romântica e a antirromântica.
Explique essa ideia.
Caminho
Tenho sonhos cruéis; n’alma doente Porque a dor, esta falta d’harmonia,
Sinto um vago receio prematuro. Toda a luz desgrenhada que alumia
Vou a medo na aresta do futuro, As almas doidamente, o céu d’agora,
Embebido em saudades do presente...
Sem ela o coração é quase nada:
Saudades desta dor que em vão procuro Um sol onde expirasse a madrugada,
Do peito afugentar bem rudemente, Porque é só madrugada quando chora.
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
PESSANHA, Camilo. Caminho. Clepsidra. 2. ed.
Cobrir-me o coração dum véu escuro!.. Coimbra: Alma Azul, 2002.

3. Que paradoxo se apresenta a partir da segunda estrofe do soneto?


4. Transcreva os trechos em que o eu lírico define a dor.
5. Essa definição de dor é objetiva, precisa? Explique.
6. Releia a última estrofe e responda: qual é a justificativa do eu lírico para desejar a dor que o
atormenta?
Imortal atitude
Abre os olhos à Vida e fica mudo! o infinito gemido dos gemidos
Oh! Basta crer indefinidamente que vai no lodo a carne chafurdando.
para ficar iluminado tudo
Erguer os olhos, levantar os braços
de uma luz imortal e transcendente.
Para o eterno Silêncio dos Espaços
Crer é sentir, como secreto escudo, E no Silêncio emudecer olhando.
a alma risonha, lúcida, vidente...
Disponível em:
E abandonar o sujo deus cornudo, <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua
o sátiro da Carne impenitente. 00082a.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2020.

Abandonar os lânguidos rugidos,


7. No Simbolismo, é comum o uso de inicial maiúscula para atribuir valor absoluto, simbólico às
palavras. É o que ocorre, por exemplo, com “Vida”, que se refere a toda a existência humana.
a) Transcreva do poema outras palavras ou expressões em que isso ocorre.
b) Que valores absolutos são atribuídos a essas palavras?
8. No primeiro quarteto, o eu lírico indica ao interlocutor uma maneira de superar a negatividade do
mundo. Como isso poderia ser alcançado? Que imagem representa a positividade almejada?
9. No segundo quarteto, o eu lírico aconselha o abandono do “sujo deus cornudo”, uma referência ao
sátiro, ser presente na cultura grega antiga, com cabeça humana e corpo de bode, que alude aos instintos
sexuais.
a) Qual aspecto, metaforizado pela figura do “sujo deus cornudo”, o ser humano deve abandonar para
alcançar a crença plena?
b) Por que o eu lírico pede esse tipo de renúncia ao seu interlocutor?
c) Depois de abrir os olhos para a “Vida”, de emudecer e de abandonar o “sujo deus cornudo”, para
onde iria o ser humano, segundo o eu lírico?

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