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- O poeta inveja aquelas que são irracionais

e que não têm a capacidade de pensar


 O fingimento artístico - “pobre ceifeira” que “canta como se
 A dor de pensar tivesse mais razões para cantar que a vida”
 O sonho e a realidade
 A nostalgia da infância - “gato que brinca na rua” e apenas segue
o seu instinto
- O poeta inveja a felicidade, porque esta é
O fingimento artístico inatingível para ele, uma vez que é baseada
- Está presente em alguns poemas, como em princípios que sente que nunca pode
Autopsicografia e Isto. alcançar, a inconsciência e a
irracionalidade.
- O poeta expõe o seu conceito de poesia
enquanto intelectualização das emoções - Esta “dor de pensar” provém da
intelectualização das sensações à qual o
- O poema é uma construção de sentidos poeta não pode escapar.
que o poeta elabora a partir de
sentimentos criados ou recriados
- A sinceridade artística constrói-se com O sonho e a realidade
base no fingimento, na transfiguração da - Está presente em alguns poemas, como
emoção pela razão Não sei se é sonho, se realidade.
- Para Pessoa, um poema “é um produto - O “sonho” é um espaço fisicamente
intelectual” e, por isso, não acontece “no longínquo, mas de felicidade por ausência
momento da emoção”, mas no momento do pensamento.
da recordação.
- Encontra-se espelhado nessa “ilha
- O ato poético apenas pode transmitir externa do Sul” que é sinónimo de
uma dor fingida, simulada, inventada, ... jovialidade e de amor, desde que sempre
pois a dor real (sentida) continua apenas sentido e não intelectualizado
com o sujeito poético, que, através da sua
racionalização, a exprime através de - A “realidade” é aquela que surge a partir
palavras, construindo o poema. do momento em que o pensamento
intervém, sendo agora transformada no
espaço frio, despido de felicidade.
A dor de pensar - O desalento provocado pela consciência
- Está presente em alguns poemas, como A da impossibilidade de alcançar a felicidade
Ceifeira e Gato que brincas na rua. do sonho é uma característica de Pessoa.

- Fernando Pessoa sente-se obrigado a ter - Nos seus poemas, o poeta aspira à
de pensar, considera que o pensamento felicidade experimentando vivenciá-la a
provoca dor, daí a temática da “dor de partir do sonho, mas, ao verificar que o ato
pensar”. de sonhar não tem o efeito balsâmico
desejado, a deceção apodera-se dele.
A nostalgia da infância
- Está presente em alguns poemas, como
Quando as crianças brincam.
- Do mundo perdido da infância, Fernando É o poeta da Natureza, que está de acordo
Pessoa sente nostalgia. com ela e a vê na sua constante renovação,
- Um profundo desencanto e angústia e é o primado das sensações (sensações -
acompanham o sentido de brevidade da sentidos, e não sentimentos).
vida e da sua efemeridade. Caeiro apresenta-se como um simples
- Ao mesmo tempo que gostava de ter a “guardador de rebanhos”, que só se
infância das crianças que brincam, sente a importa em ver, de forma objetiva e
saudade de uma ternura que lhe passou ao natural, a realidade com a qual contacta a
lado. todo o momento.

- A infância surge, então, como um período Considera que ver é conhecer e


evocado e idealizado, tornando-se num compreender o mundo, por isso pensa, o
símbolo que representa a identidade que significa que recusa o pensamento
fragmentada, a inconsciência. metafísico. Ao anular o pensamento
metafísico e ao voltar-se apenas para a
- Para Fernando Pessoa, o passado é um visão total perante o mundo, elimina a dor
sonho inútil, pois nada se concretizou, de pensar que afeta Pessoa.
antes se traduziu numa desilusão. Por isso,
a constante descrença perante a vida real e Insiste na “aprendizagem de desaprender”,
do sonho. Daí, também, uma nostalgia do isto é, na necessidade de aprender a não
bem perdido, do mundo fantástico da pensar, para se libertar de todos os
infância, único momento possível de modelos ideológicos, culturais e poder ver
felicidade. a realidade concreta.

- No entanto, evocar a infância não foi a É um Sensacionista, a quem só interessa o


solução para os problemas do presente e que capta pelas sensações: vive aderindo
essa idealização não existiu, tendo espontaneamente às coisas tal como são, e
resultado de uma tentativa ilusória de procura gozá-las com despreocupada e
reconstruir o passado. alegre sensualidade. Para ele, o sentido das
coisas reduz-se à perceção da cor, da
forma e da existência: “As coisas não têm
significado: têm existência”; “cada coisa é o
que é”.
A intelectualidade do seu olhar liberta-se
dos preconceitos e volta-se para a
contemplação dos objetos originais.
Caeiro vê o mundo sem necessidade de
explicações, sem princípio nem fim, e
confessa que existir é um facto aproveitar o presente, porque se sabe que
maravilhoso. a vida é breve. Há que nos contentarmos
com o que o destino nos trouxe. Há que
viver com moderação, sem nos apegarmos
às coisas, e por isso as paixões devem ser
É o poeta da razão. comedidas, para que a hora da morte não
Ricardo Reis: poeta clássico da serenidade seja demasiado dolorosa.
epicurista que aceita, com calma lucidez, a Usa a inversão da ordem lógica
relatividade e a fugacidade de todas as (hipérbatos), favorecendo o ritmo das
coisas. suas ideias disciplinadas.
“Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do
rio”, “Prefiro rosas, meu amor, à pátria” e
“Não tenhas nada nas mãos” são poemas
que mostram que Ricardo Reis aceita a
antiga crença nos deuses, enquanto
disciplinadora das nossas emoções e
sentimentos, mas defende a busca de uma
felicidade relativa alcançada pela
indiferença à perturbação.
Defende o prazer do momento (“carpe
diem”) como caminho da felicidade, mas
sem ceder aos impulsos dos instintos.
Apesar deste prazer que procura e da
felicidade que deseja alcançar, considera
que nunca se consegue a verdadeira calma
e tranquilidade – ataraxia, propõe, pois,
uma filosofia moral de acordo com os
princípios do epicurismo e uma filosofia
estoica (estoicismo).
Ataraxia
Ataraxia––viver
viveroomomento
momento
Estoicismo
Estoicismo––viver
viversem
sempreocupações
preocupações
Ricardo Reis cultiva um neoclassicismo
neopagão (crê nos deuses e nas presenças
quase divinas que habitam todas as coisas),
recorrendo à mitologia greco-latina, e
considera a brevidade, a fugacidade e a
transitoriedade da vida, pois sabe que o
tempo passa e tudo é passageiro.
A filosofia de Reis rege-se pelo ideal “carpe
diem” – a sabedoria consiste em saber-se

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