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TEORIA PSICANALÍTICA

FREUD
1ª Parte
by Wagner Sousa
APRESENTAÇÕES
Informações pessoais:
• Wagner de Sousa
• Casado com Ângela há 32 anos
• Dois filhos: Esdras e Jônatas
• Candidato a avô (Outubro)

Informações Acadêmicas:
• Graduado em Bacharel em Teologia – UNICESUMAR
• Pós-Graduado em Psicanálise Clinica - FAVI – Curitiba
• Personal & Professional Coaching - SBCoaching
• Executive and Business Coaching - SBCoaching
• Mestrando em Psicanálise Clínica - FACTEBA
• Pós-Graduando em Musicoterapia

Informações profissionais:
• Superintendente Distrital da Igreja do Nazareno
• Psicanalista Clínico – Atendo em Campinas.

by Wagner Sousa
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1. Breve biografia de Freud
2. Psicanálise e Ciência
3. Teoria Topográfica (1ª. Tópica)
4. Teoria Estrutural (2ª. Tópica)
5. Teoria do Trauma
6. Conceituações sobre o narcisismo
7. Desenvolvimento Psicossexual
8. Complexo de Édipo
9. Sonhos
10. Transferência
11. Contratransferência
12. Mecanismos de Defesa
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A VIDA DE
SIGMUND FREUD

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A VIDA DE SIGMUND FREUD 1/1

Como conhecer Freud:


• Filmes , documentários, biografias e literatura pós-
freudiana.
• Pela leitura da sua própria obra.
• Pela consideração do contexto histórico que viveu
(guerras e holocausto).
• 1ª Guerra mundial – 1914 a 1918
• 2ª Guerra mundial – 1939 a 1945
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A VIDA DE SIGMUND FREUD 1/4

• Pertencia a uma família de Judeus:


• Seus pais, Amália e Jacob, tiveram 8 filhos e Freud
era o mais velho.
• Casou-se com Martha e tiveram 6 filhos: Mathilde,
Martin, Oliver, Ernst, Sophie e Anna.
• Entrou para a faculdade de medicina em Viena
(Áustria) aos 17 anos e tinha ambições de envolver-se
com algo relevante.
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A VIDA DE SIGMUND FREUD 2/4

• Um trecho da sua autobiografia, publicada em 1925 :


• Quando, em 1873, ingressei na universidade,
experimentei desapontamentos consideráveis.
Antes de tudo, verifiquei que se esperava que eu
me sentisse inferior e estranho porque era judeu.
Recusei-me de maneira absoluta a fazer a
primeira dessas coisas. Jamais fui capaz de
compreender por que devo sentir-me
envergonhado da minha ascendência ou, como
as pessoas começavam a dizer, da minha ‘raça’.
(Freud, 1986c, p. 19)
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A VIDA DE SIGMUND FREUD 3/4

• Estudou Neurologia e envolveu-se nos esforços


médicos da época para encontrar um analgésico e
antidepressivo.
• Como Neurologista, o seu desafio era a cura de
doenças nervosas sem causa orgânica.
• O seu primeiro livro sobre o método psicanalítico, “A
interpretação dos Sonhos”, vendeu apenas 351
exemplares nos primeiros 6 anos.

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A VIDA DE SIGMUND FREUD 4/4

• Quando a Alemanha Nazista tomou o poder sobre a


Áustria, A família de Freud precisou deixar o país.
• A casa/editora de Freud foi invadida pela GESTAPO e os
filhos Martin e Anna foram presos.
• Depois recebeu proteção da princesa Marie Bonaparte
(sobrinha-neta de Napoleão, ex-paciente)
• Viabilizou para que todos os seus pertences fossem
levados para a Inglaterra (A casa em Londres hoje é um
museu).
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O PERÍODO
PRÉ-PSICANALÍTICO

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O PERÍODO PRÉ-PSICANALÍTICO 1/2

• Na década de 1880, o interesse dos médicos era


“compreender algo da natureza, daquilo que era
conhecido como doenças nervosas funcionais, com vistas
a superar a impotência, que até então, caracterizava o
seu tratamento médico”. (Freud, 1923/1986, p. 239).
• Não existia o conceito de subjetividade
• No outono de 1885, impaciente com o que ele poderia
aprender em Viena, Freud viajou para Paris. Ele tinha
ganhado uma bolsa para estudar com o renomado médico
Jean Charcot.
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O PERÍODO PRÉ-PSICANALÍTICO 2/2

• A estadia de Freud com Charcot por quatro meses, entre


1885-1886, o deixou fortemente interessado em hipnose, na
época.
• Charcot iria introduzir o jovem Freud para o mistério que
ele passaria o resto de sua vida tentando entender: o poder
das forças mentais escondidas da percepção
consciente.
• No entanto, ele percebeu que apenas alguns pacientes
conseguiam entrar em transe – cerca de 20 %. Isso o
decepcionou em relação à hipnose.
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O PERÍODO PRÉ-PSICANALÍTICO 1/1
• Mais a frente, Freud fica impressionado com a teoria de outro
médico Judeu, Josef Breuer que estava tratando a histeria de
uma jovem, Bertha Pappenheim, que ficou conhecida sob o
pseudônimo de Anna O.
• Ao tratá-la, Breuer inventou sua terapia catártica ou de
conversão (mais tarde, Freud começou a usar esse “tratamento
catártico” sob a orientação de Breuer).
• Freud e Breuer coescreveram o livro “Estudos sobre a histeria”,
publicado em 1895, que é considerado o texto fundador da
psicanálise.
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CURIOSIDADE
3 teorias a partir do Renascimento até os dias atuais
alteraram a concepção do Ser humano:
1. Teoria Heliocêntrica (1515 d.c.) – de Copérnico: confirma
que a Terra não é o centro do universo, e sim o Sol.
Segundo o autor (2010, p. 258), “[…] esse novo modelo de
cosmo abala profundamente as crenças tradicionais do
homem da época, não ó quanto à ordem do universo,
mas também quanto ao seu lugar central nessa ordem”.

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CURIOSIDADE
2. Teoria da Seleção Natural (1859 d.c.) – de Darwin:
ocorrida a partir da publicação de sua obra A origem
das espécies que apresenta o homem como o
resultado de um processo de evolução natural, e não
um ser superior.
3. Teoria Psicanalítica – de Freud (1896 d.c.): revela que o
comportamento do homem é influenciado pelo
inconsciente e que não temos pleno controle sobre
isso.

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DA HIPNOSE E CATARSE
À PSICANÁLISE

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DA HIPNOSE E CATARSE À PSICANÁLISE 1/2

• 1889 – 1891: Freud estava atendendo a Sra Emmy, com o


método catártico (Hipnose e narração de experiências
traumáticas) e ela ensinou Freud a escutar.
• 1905: Freud escreve o livro: “Fragmento de uma análise
de histeria: [o caso Dora]” e neste caso foi a primeira vez
que ele usou plenamente o método da Associação
Livre.

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DA HIPNOSE E CATARSE À PSICANÁLISE 2/2

ASSOCIAÇÃO LIVRE PACIENTE

ATENÇÃO FLUTUANTE PSICANALISTA

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DA HIPNOSE E CATARSE À PSICANÁLISE 1/2

• Associação Livre:
• “Método que consiste em exprimir
indiscriminadamente todos os pensamentos que
ocorrem ao espírito, quer a partir de um elemento
dado (palavra, número, imagem de um sonho,
qualquer representação), quer de forma espontânea”
(Laplanche-Pontalis, 2001, p. 38).
• Chistes, atos falhos e sonhos, tornam-se material
importantíssimo na análise psicanalítica.
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DA HIPNOSE E CATARSE À PSICANÁLISE 2/2

• Atenção Flutuante:
• Modo como o analista deve escutar o analisando: não
deve privilegiar a priori qualquer elemento do
discurso dele, o que implica que deixe funcionar o
mais livremente possível a sua própria atividade
inconsciente e suspenda as motivações que dirigem
habitualmente a atenção.

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PSICANÁLISE
E CIÊNCIA

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PSICANÁLISE E CIÊNCIA 1/2

• Em 1896 é a primeira vez que Freud usa o termo


psychoanalyse, no texto “A hereditariedade e a etiologia
das neuroses”.
• Propõe uma analise da psique, assim como se fazia
análise química.
• Ou seja, decompor a mente em partes.
• Antes de começar a usar a palavra psicanálise, Freud se
utilizava de expressões tais como: análise psíquica,
análise clínico-psicológica, análise hipnótica.
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PSICANÁLISE E CIÊNCIA 2/2

• A etimologia da palavra análise deriva dos étimos


gregos aná (partes) + lysis (decomposição, dissolução)
• No texto de Freud: “Dois verbetes de enciclopédia”
(1922, pg. 287), deixa claro que os pilares teóricos da
psicanálise são: o inconsciente, o complexo de Édipo, a
resistência, a repressão e a sexualidade.
• E define a psicanálise como:

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PSICANÁLISE E CIÊNCIA 1/1

• 1. Um procedimento para a investigação de processos


mentais que são quase inacessíveis por qualquer outro
modo,
• 2. Um método (baseado nessa investigação) para o
tratamento de distúrbios neuróticos, e
• 3. Uma coleção de informações psicológicas obtidas ao
longo dessas linhas, e que gradualmente se acumula
numa nova disciplina científica.

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PSICANÁLISE E CIÊNCIA 1/2

• Freud não inventou o inconsciente.


• O que ele fez foi analisar a sua manifestação e criar
um método terapêutico para tratamento.

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CURIOSIDADE:

Ligou um aparelho de EEG


em várias pessoas. O
aparelho revelou que um
surto de atividade cerebral
ocorria antes que a pessoa
A NEUROCIÊNCIA tivesse intenção consciente
de fazer alguma coisa.
PROVOU A
Libet descobriu que “A
EXISTÊNCIA DO intensão de se mover,
INCONSCIENTE! aparecia um 1/5 de segundo
antes do movimento
começar, mas que um surto
Benjamin Libet de atividade do cérebro
acontecia 1/3 de segundo
Neurocientista antes da intensão”.
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PSICANÁLISE E CIÊNCIA 1/1

• Formulou duas teorias (Tópicas):


• A primeira tópica em 1900 e a segunda em 1920.
• Freud utilizou conceitos da filosofia, da mitologia das
artes e das metáforas para conceituar a suas teorias
psicanalíticas.

Carl Jung
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PSICANÁLISE E CIÊNCIA 1/1

• Formulou duas teorias (Tópicas):


• A primeira tópica em 1900 e a segunda em 1920.
• Freud utilizou conceitos da filosofia, da mitologia das
artes e das metáforas para conceituar a suas teorias
psicanalíticas.

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PSICANÁLISE E CIÊNCIA 1/2

METÁFORAS
• Figura de linguagem em que uma palavra que denota
um tipo de objeto ou ação é usada em lugar de outra,
de modo a sugerir uma semelhança ou analogia
entre elas; translação.
• por metáfora se diz: que uma pessoa bela e delicada é
uma flor, que uma cor capaz de gerar impressões
fortes e quente, ou que algo capaz de abrir caminhos
é a chave do problema; símbolo. (Michaelis, 2015).
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PSICANÁLISE E CIÊNCIA 2/2

Metáfora deriva do grego μεταφορά, "transferência, transporte


para outro lugar", composto de μετά (meta),"entre" e φέρω
(pherō), "carregar“.
Portanto:
• Libido: Não quer dizer vontade sexual.
• Castração: Não quer dizer tornar alguém eunuco.
• Desejo: Não tem a ver com as minhas aspirações.
• Afeto: Não é carinho.
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PSICANÁLISE E CIÊNCIA 1/3

METÁFORAS FREUDIANAS:
• Freud, valendo-se do que Leonardo da Vinci afirmara
sobre as artes, teceu considerações a respeito de qual
seria a proposta da psicanálise, contrastando-a com as
terapias sugestivas.
• As sugestivas, corresponderiam à per via di porre, que
é o modo de operar a pintura, acrescentando partículas
de cores em uma tela branca onde antes nada existia.

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PSICANÁLISE E CIÊNCIA 2/3

METÁFORAS FREUDIANAS:
• Na escultura, por outro lado, processa-se a per via di
levare, pois se retira do bloco bruto da pedra o que jaz
oculto, e surge então uma obra que estava ali contida,
método que, para Freud, correspondia à psicanálise.

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PSICANÁLISE E CIÊNCIA 3/3

METÁFORAS FREUDIANAS:
per via di porre per via di levare

Pela via de pôr, colocar Pela via de retirar, levar

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TEORIA TOPOGRÁFICA
(1ª TÓPICA)

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TEORIA TOPOGRÁFICA (1ª TÓPICA) 1/2

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TEORIA TOPOGRÁFICA (1ª TÓPICA) 2/2

• A palavra topos é oriunda do grego e significa lugar.


Nesse sentido, a teoria topográfica, também conhecida
como 1ª tópica, reflete uma divisão da mente em três
“lugares” específicos:
• (Cs) consciente,
• (Pcs) pré-consciente e
• (Ics) inconsciente.

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TEORIA TOPOGRÁFICA (1ª TÓPICA) 1/1

• O consciente representa a menor parte da mente e


inclui os elementos que estão acessíveis aos nossos
desejos e vontades conhecidos, ou seja, tudo aquilo de
que temos ciência.
• O nível consciente opera de modo realista, ou seja,
em conformidade com o princípio de realidade, com
as regras de tempo e espaço.
Cs

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TEORIA TOPOGRÁFICA (1ª TÓPICA) 1/4

• Por sua vez, o nível inconsciente abriga a maior parte


da consciência e envolve os elementos instintivos não
acessíveis ao consciente.
• É nesse nível que se encontram os principais
determinantes da personalidade, as fontes de energia
psíquica, as pulsões e os instintos.

Ics

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TEORIA TOPOGRÁFICA (1ª TÓPICA) 2/4

• Ao contrário dos episódios conscientes que obedecem


às leis do processo secundário, o inconsciente é regido
pelas leis do processo primário.
• Isso significa que o inconsciente é atemporal, não há
a noção de tempo cronológico na sua sequência
lógica conhecida, operando assim sem se importar
com a realidade.

Ics

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TEORIA TOPOGRÁFICA (1ª TÓPICA) 3/4

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TEORIA TOPOGRÁFICA (1ª TÓPICA) 4/4

“O medo do meu pai pode se tornar o medo de ser


mordido por um cavalo. Essa é uma associação típica
da esfera do processo primário: amo e temo meu pai.
Estou consciente do amor, mas o medo é
inconsciente. Tenho medo de que ele me machuque
fisicamente para me punir por meus maus
pensamentos. Um cavalo é uma figura grande,
intimidadora, como meu pai. Eu vi os seus dentes
Masud Khan perigosos. Não tenho consciência do meu medo do
cavalo. Ocorrem ganhos com isso: é mais fácil evitar
os cavalos do que o meu pai”. (KHAN, 2003, p. 42)

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TEORIA ESTRUTURAL
(2ª TÓPICA)

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TEORIA ESTRUTURAL (2ª TÓPICA) 1/3

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TEORIA ESTRUTURAL (2ª TÓPICA) 2/3

• A teoria topográfica (1ª tópica), começou a se mostrar


demasiadamente restrita e estática na medida em que Freud
avançava na compreensão da dinâmica do funcionamento
psíquico.
• Embora não tenha sido completamente abandonada,
mantendo-se a analogia do iceberg, ela foi ampliada com a
concepção de que “a mente comportava-se como uma
estrutura no qual distintas demandas, funções e proibições,
quer provindas do consciente ou do inconsciente,
interagiam de forma permanente e sistemática entre si e
com a realidade externa.” Zimerman, (1999, p. 24).
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TEORIA ESTRUTURAL (2ª TÓPICA) 3/3

• A partir daí, mais precisamente com a publicação do


trabalho “O ego e o id” em 1923, Freud concebeu a
estrutura mental composta por três instâncias: id, ego e
superego.

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TEORIA ESTRUTURAL (2ª TÓPICA) 1/2

• Id (Isso)
• O Id é analogamente comparado a “caos, caldeirão
cheio de agitação fervilhante” (FREUD, 1932, p. 94) onde
se encontram as pulsões que, de maneira simplificada,
referem-se a uma fonte de excitação ou energia interna
que direciona o comportamento na satisfação de
necessidades fortes e muitas vezes indispensáveis à vida.
• É regido pelo princípio do prazer.

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TEORIA ESTRUTURAL (2ª TÓPICA) 2/2

• O Id é desprovido de julgamentos de valor, assim como


não conhece nem o bem, nem o mal e nem tampouco
atribuições morais, onde ficam reservados os elementos
mais primitivos do ser humano.
• Isso reflete duas características essenciais do Id: sua
intensidade e força.

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TEORIA ESTRUTURAL (2ª TÓPICA) 1/3

• Ego (Eu)
• O Eu corresponde à parte do aparelho psíquico mais
próxima da realidade externa, com a qual apresenta
íntima relação.
• Ao Eu cabe a difícil tarefa de assegurar saúde, segurança
e sanidade à personalidade ou ao indivíduo.
• Essa parte se originou de uma diferenciação do id que
foi modificada em virtude de sua proximidade e
influência do mundo externo.
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TEORIA ESTRUTURAL (2ª TÓPICA) 2/3

• Ego (Eu)
• “... o Eu destronou o princípio de prazer que
domina o curso dos eventos no Id sem
qualquer restrição, e o substituiu pelo
princípio de realidade que promete maior
certeza e maior êxito (...) O Eu deve, no geral,
executar as intenções do Id, e cumpre sua
atribuição descobrindo as circunstâncias
em que essas intenções possam ser mais
bem realizadas”. (FREUD, 1932, p. 97-98)
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TEORIA ESTRUTURAL (2ª TÓPICA) 3/3

• Ego (Eu)
• A formação do “Eu”, se dá com o processo de castração:
• Em psicanálise, o conceito de "castração" não
corresponde à mutilação dos órgãos sexuais
masculinos, mas designa uma experiência psíquica
completa, inconscientemente vivida pela criança por
volta dos 5 anos de idade, e decisiva para a realização
da sua futura identidade sexual.

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TEORIA ESTRUTURAL (2ª TÓPICA) 1/1

• Superego (Supereu)
• O Supereu é uma instância que se separou do Eu e carrega
os códigos morais, os modelos de conduta e os parâmetros
que constituem as inibições da personalidade, que se
construíram a partir da internalização de objetos e que,
geralmente, assumem caráter persecutório (de perseguição).
• É popularmente chamado de “nossa consciência”, aquele
lado que se opõe à manifestação das pulsões, que faz
ameaças e um boicote às funções do Eu, além de distorcer a
realidade e ao mesmo tempo se submeter a ela,
determinando ao sujeito o que pode ou não fazer. by Wagner Sousa
TEORIA ESTRUTURAL (2ª TÓPICA) 1/1
• Com base nas duas tópicas, Freud explica
as instâncias que compõem o aparelho
psíquico a partir de três pontos de vista:
• Perspectiva tópica: como elas se
delimitam
• Perspectiva dinâmica: como as instâncias
se relacionam
• Perspectiva econômica: quanto de libido
é destinado para cada local

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DERIVAÇÕES DO APARELHO PSIQUICO

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A DINÂMICA ENTRE AS INSTÂNCIAS PSÍQUICAS:

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TEORIA DO
TRAUMA

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TEORIA DO TRAUMA 1/2

• Os esforços iniciais de Freud se concentraram


exatamente na tentativa de compreender o sintoma na
sua manifestação, ou seja, o que o sintoma queria
comunicar e, ao mesmo tempo, esconder sobre a vida
psíquica dos pacientes.
• Ao enveredar por essa temática do adoecer psíquico e
dos sintomas associados, ele se aproximou da ideia de
que algum evento traumático pudesse ter despertado
tal condição de sofrimento.
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TEORIA DO TRAUMA 2/2
• Freud formulou três teorias sobre o trauma, pelas quais passou
ao longo da sua obra. É importante antecipar que elas não se
excluem, mas sim se aperfeiçoam, corrigem e se ampliam.

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CONCEITUAÇÕES
SOBRE O NARCISISMO

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CONCEITUAÇÕES SOBRE O NARCISISMO 1/2

• O conceito de narcisismo foi constantemente


reformulado por Freud até alcançar uma importante
participação dentro da teoria psicanalítica em 1914 com
a publicação de “À guisa de introdução ao narcisismo”.
• A partir desse momento, o Eu passou a ser também um
objeto de investimento libidinal, ou seja, a energia ou
pulsão sexual de um indivíduo poderia ser destinada a
si próprio.

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CONCEITUAÇÕES SOBRE O NARCISISMO 2/2

Uma importante metáfora Freudiana:


Narciso
Segundo o mito, Narciso era tão
belo e tão vaidoso que, após
desprezar inúmeras
pretendentes, acabou se
apaixonando pelo próprio
reflexo. Morreu de fome e sede à
beira da fonte de água onde via
sua imagem refletida.
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CONCEITUAÇÕES SOBRE O NARCISISMO 1/2

• O narcisismo não é uma fase ou estágio passageiro na


história libidinal do sujeito, mas sim uma estrutura
permanente que continua a existir mesmo depois de o
sujeito encontrar objetos externos para a sua libido
(FREUD, 1914).
• Freud distinguiu dois tipos de narcisismo: primário e
secundário.
• O narcisismo primário corresponde ao autoerotismo, ou seja,
ao período em que a criança toma a si mesma como objeto
de amor antes de escolher objetos externos. by Wagner Sousa
CONCEITUAÇÕES SOBRE O NARCISISMO 2/2
• A consciência do outro (e de si) se dá através da falta que
sente ou percebe, sem poder dar conta do que se passa. O
acolhimento que lhe é concedido (colo, afago, saciedade,
etc) dá a criança a percepção de si, que ela tem contornos e
pele, e de que está no centro do mundo (seu mundo).
• O bebê torna-se uma verdadeira majestade no ambiente
familiar. Para ele são dirigidas todas as atenções, todas as
expectativas, todos os projetos. É essa experiência inicial
de ser o centro do mundo que Freud chamou de
“narcisismo primário”.

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CONCEITUAÇÕES SOBRE O NARCISISMO 1/3
• No narcisismo secundário a libido se desloca
do Id progressivamente em direção aos objetos
externos. No entanto, na medida em que o ego
infantil adquire força e sustentação (pois ele é
frágil no início do seu desenvolvimento), ele
retoma parte dessa libido incialmente investida
nos objetos externos, impondo-se ao id como
objeto amoroso, configurando a característica
secundária do investimento libidinal subtraído
dos objetos para o Eu. (FREUD, 1914)

by Wagner Sousa
CONCEITUAÇÕES SOBRE O NARCISISMO 2/3

• Quando a fase do narcisismo primário se encerra, é


como se ficássemos como um “gostinho de quero
mais” e passássemos a vida inteira tentando de
alguma forma reproduzi-lo (narcisismo secundário).
• Para alcançar isso, Freud diz que nós forjamos uma
imagem idealizada de nós mesmos (eu ideal) que
caso fosse de fato encarnada nos proporcionaria a
mesma experiência de ser o centro do mundo que
tivemos quando bebês.
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CONCEITUAÇÕES SOBRE O NARCISISMO 3/3

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DESENVOLVIMENTO
PSICOSSEXUAL

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DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 1/3

• Freud elaborou a existência de diferentes momentos ao


longo da vida em que ocorreria o desenvolvimento da
sexualidade infantil.
• Esses momentos foram chamados de fases (alguns
autores utilizam o termo estágio, estádio, período ou
momento) e se caracterizavam por um interesse
direcionado a uma parte específica do corpo que
representava uma área ou zona erógena para a criança.

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DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 2/3

• É importante enfatizar que essas fases não são precisas


quanto ao tempo de início e término, exigindo um
olhar flexível sobre esse aspecto.
• Cada uma dessas fases tende a se esvanecer na fase
seguinte e a esta se sobrepor, podendo, inclusive,
subsistir, inconscientes e escondidas, como um pano
de fundo contínuo para as fases subsequentes.

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DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 3/3

• São quatro as fases do desenvolvimento psicossexual:


oral, anal, fálica e genital.
• Vale destacar que entre as fases fálica e genital existe
um período chamado de latência, que não é
reconhecido como uma fase da evolução
psicossexual, posto que não apresenta nenhuma
zona erógena a ele associada.
• Ainda assim, trata-se de um período de grande
importância dentro do processo de desenvolvimento
do psiquismo. by Wagner Sousa
DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 1/3

1. Fase oral (nascimento até cerca de 1 ano e meio)

Nesta fase, o prazer está


predominantemente
associado à excitação da
cavidade oral (boca e
lábios). É a partir desta
zona erógena que a criança
se relaciona com o mundo
exterior.
by Wagner Sousa
DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 2/3

1. Fase oral (nascimento até cerca de 1 ano e meio)


Nesta fase, o prazer está predominantemente associado à
excitação da cavidade oral (boca e lábios). É a partir desta zona
erógena que a criança se relaciona com o mundo exterior.
A observação de um bebê é rica em nos revelar muitas
vezes a voracidade com que ele suga ou morde um objeto ou
mesmo o seio materno. Esse movimento indica claramente a
satisfação de uma gratificação pulsional ou também um desejo
de incorporação do objeto (processo ligado à identificação).
O desmame é o conflito associado a essa fase.
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DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 3/3

1. Fase oral (nascimento até cerca de 1 ano e meio)


Uma moderada fixação na fase oral é mais comum e
universal do que pode parecer. Alguns exemplos são o consumo
de comida ou de bebida que podem trazer uma conotação de
satisfação da oralidade, ou também, de forma menos adaptada,
mas socialmente aceito, o uso de cigarro ou ainda o roer de unha
ou de uma caneta durante uma prova, com o intuito de liberar
uma angústia intensa. Traços como ganância, dependência,
intolerância e agitação são característicos de uma estrutura de
caráter oral, uma vez que são experiências originalmente
vividas nessa fase.
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DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 1/4

2. Fase anal (1 ano e meio até cerca de 3 anos)

Esta fase marca a mudança da


zona erógena da boca para a
região anal.
É muito frequente verificarmos
que, por volta do segundo ano de
vida, as crianças sentem um
interesse peculiar pelas próprias
fezes e pelo ato da defecação.
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DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 2/4

2. Fase anal (1 ano e meio até cerca de 3 anos)


Aliás, demostram até mesmo certo prazer tanto em defecar
quanto em prender as fezes.
É comum, por exemplo, observarmos que a defecação se
torna um tema que permeia a relação interpessoal entre os pais e
seus filhos, atribuindo maior relevância a este ato e o objetivo de
atração da atenção dos pais sobre a criança.

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DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 3/4

2. Fase anal (1 ano e meio até cerca de 3 anos)


Esse período corresponde ao aparecimento do sadismo,
motivo pelo qual Freud também chamava esse período de
“sádico-anal”.
As crianças estão fortalecendo sua dentição e sua condição
física, tornando-se mais capazes de impor seus anseios e desejos,
especialmente agressivos. As pulsões sexuais e agressivas se
ligam mais fortemente e podem mais tarde serem racalcadas no
inconsciente ou, como ocorre com muitas pessoas, ficarem
parcialmente conscientes conduzindo o indivíduo a
comportamentos sexuais sádicos e masoquistas. by Wagner Sousa
DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 4/4

2. Fase anal (1 ano e meio até cerca de 3 anos)


Isso revela uma polaridade entre erotismo e sadismo, prazer
e dor, atividade e passividade, definindo o conflito desta fase: a
ambivalência.
Os traços comuns à fase anal se traduzem em características
claramente compulsivas, como ordem, parcimônia e teimosia ou
obstinação.
Assim, se atentarmos para tais características, não é difícil
compreendermos que a compulsão seja o principal
desdobramento da fixação na fase anal.
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DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 1/3

3. Fase fálica (3 anos até cerca de 7 anos)

O nome desta fase decorre da


palavra “falo” que na antiguidade
greco-romana era um símbolo de
poder e que se concentrava na
representação do pênis.
É essa diferença anatômica entre
os sexos um dos principais
interesses das crianças que
caracteriza esta fase.
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DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 2/3

3. Fase fálica (3 anos até cerca de 7 anos)


É ao longo desse período que a criança começa a demostrar
maior interesse por outra pessoa, abandonando a postura
autoerótica das fases anteriores.
O complexo de Édipo surge como o conflito essencial dessa
fase.
Sentimentos associados à castração podem se desdobrar em
diferentes características.: Meninos - podem se fixar nesta fase
apresentando uma postura de superioridade diante das mulheres.
Meninas - podem alimentar um sentimento de inferioridade,
especialmente em relação aos homens. by Wagner Sousa
DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 3/3

3. Fase fálica (3 anos até cerca de 7 anos)


Outra possibilidade, porém comum para ambos os sexos,
seria uma transição incompleta ou inexistente entre a satisfação
libidinal autoerótica e para a interpessoal, ou seja, quando a
masturbação se torna a via de prazer preferencial e às vezes
exclusiva do futuro adulto.
Nesses casos, adultos que se frustram em um
relacionamento amoroso podem se refugiar facilmente na fase
fálica e descobrir na masturbação uma fonte de satisfação mais
segura do que as complexidades das relações interpessoais
amorosas. by Wagner Sousa
DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 1/2

4. Período de latência (7 anos até a puberdade)


No período de latência não há
nenhuma zona erógena associada.
Há o deslocamento da libido da
criança para atividades sociais e
intelectuais.
A força libidinal será sublimada nos
esforços de socialização e de
escolarização que definem esse
período da vida da criança.
by Wagner Sousa
DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 2/2

4. Período de latência (7 anos até a puberdade)


Embora haja uma pausa na evolução da sexualidade, isso
não significa que a criança não apresente nenhum interesse ou
curiosidade de cunho sexual até a sua puberdade, entretanto,
não haverá nenhuma nova organização da sexualidade.
Aqui, a socialização contribui para o desenvolvimento de
sentimentos de pudor, de repugnância, de identificação com os
pais e, especialmente o incremento das repressões e o maior uso
de sublimações*.

* Uma forma de transformar uma pulsão em algo socialmente aceito (trabalho). by Wagner Sousa
DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 1/2

5. Fase genital (da puberdade em diante)

A puberdade marca o início desta


fase.
A consolidação da primazia
genital, que vem a serviço da
reprodução, consiste na última fase
da organização sexual de um
indivíduo.

by Wagner Sousa
DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 2/2

5. Fase genital (da puberdade em diante)


O conflito original desta fase corresponde ao especial
interesse apresentado pelos adolescentes nos papeis sociais
sexuais.
Não à toa os adolescentes apresentam destacado interesse
em se organizar em grupos, construindo identificações com seus
pares.
Neste momento da evolução psicossexual, o adolescente
apresenta amplas condições de realizar sua maturidade sexual
elegendo um objeto diferente do pai ou da mãe para investir sua
libido. by Wagner Sousa
DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 1/2

A contribuição clínica
As fases do desenvolvimento
psicossexual nos oferece uma
valiosa contribuição clínica, na
medida em que as fixações e
regressões possam ser
compreendidas como uma
expressão de uma fase de maior
gratificação ou de profunda
frustração para o indivíduo.
by Wagner Sousa
DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 2/2

A contribuição clínica
A fixação em uma determinada fase não só detém a
progressão do indivíduo para a fase seguinte, mas também lhe
subtrai uma parcela de sua energia para as preocupações adultas.

by Wagner Sousa
COMPLEXO
DE ÉDIPO

by Wagner Sousa
COMPLEXO DE ÉDIPO 1/1

Mais uma metáfora Freudiana:


Édipo
Édipo nasceu príncipe da cidade de
Tebas, filho do rei Laio e da rainha
Jocasta.
Ao nascer, foi levado ao oráculo de
Delfos onde foi profetizado que Édipo
se tornaria um herói, após matar o pai
e desposar a mãe, desencadeando
uma cadeia de desgraças, que
causariam a ruína da casa real. by Wagner Sousa
COMPLEXO DE ÉDIPO 1/2

Freud alimentava fortemente a crença de que o


menino tinha um desejo inconsciente de se livrar do pai e
substituí-lo como amante da mãe e, de forma
semelhante, as meninas em eliminar a mãe e ocupar seu
lugar na relação com o pai.
Essa ideia, que recebeu o nome de Complexo de Édipo,
estava apoiada na escuta das fantasias de seus pacientes
e, principalmente, nas revelações da sua própria
autoanálise.
by Wagner Sousa
COMPLEXO DE ÉDIPO 2/2
“Um único pensamento de valor genérico revelou-se a
mim. Verifiquei, também no meu caso, a paixão pela
mãe e o ciúme do pai, e agora considero isso como um
evento universal do início da infância (...) Sendo assim,
podemos entender a força avassaladora de Oedipus Rex
(...) a lenda grega capta uma compulsão que toda
pessoa reconhece porque sente sua presença dentro de
si mesma. Cada pessoa da plateia foi, um dia, em germe
ou na fantasia, exatamente um Édipo como esse, e cada
qual recua, horrorizada, diante da realização de sonho
aqui transposta para a realidade, com toda a carga de
recalcamento que separa seu estado infantil do seu
estado atual.” (FREUD, 1897/1996, p. 316) by Wagner Sousa
COMPLEXO DE ÉDIPO 1/2

Consideremos esse processo para os meninos. O


vínculo inicial que o menino assume com a mãe
transmite uma impressão de que a mãe detém grande
poder, afinal é dela que a criança extrai todas as
satisfações as suas necessidades. O pai surge como um
antídoto para contrabalançar este poder assustador da
mãe.
É aí que o menino começa a se identificar com o pai,
com quem percebe semelhanças como dissemos: o pênis
o diferencia da mãe e o identifica com o pai.
by Wagner Sousa
COMPLEXO DE ÉDIPO 2/2

Conforme se identifica com o amor do pai pela mãe (seu


primeiro amor) e reconhece a importância do pênis (símbolo da
masculinidade e do poder do pai), esse amor assume a
configuração de um desejo erótico.
É nesse momento que o menino encontra no pai um rival
para essa nova forma de amor pela mãe, despertando
hostilidade pelo pai.
Assim, o complexo de Édipo alimenta sentimentos de
medo, do pai-rival poderoso (que impõe o medo da castração
como punição por tentar ocupar esse lugar), e de culpa, por
desejar o extermínio desse pai. by Wagner Sousa
COMPLEXO DE ÉDIPO 1/1

No caso das meninas ocorre um desejo erótico pelo


pai e sentimentos ambivalentes de amor e hostilidade
pela mãe.
O termo complexo de Electra*, utilizado para o
correspondente feminino do complexo de Édipo, foi
introduzido por Jung e tem sido pouco utilizado na
terminologia psicanalítica, sendo a expressão complexo
de Édipo válida tanto para meninos quanto para meninas.
* De acordo com a mitologia grega, Electra era filha de Clitemnestra e Agamemnon.
Ficou imortalizada por ter planejado a morte da própria mãe, como uma vingança por
esta ter assassinado o seu pai. by Wagner Sousa
COMPLEXO DE ÉDIPO 1/3

Importância organizadora e estrutural do complexo de Édipo


Há um certo consenso entre os psicanalistas acerca do
papel organizador e estruturante do complexo de Édipo para a
personalidade. Segundo Zimerman (1999), essa compreensão se
sustenta em quatro princípios fundamentais:
1. O complexo de Édipo introduz a noção de triangulação nas relações
interpessoais, ou seja, permite que um terceiro (pai) seja incluído na díade
mãe-filho. Esse aspecto impõe à criança o indispensável processo de
renúncia à possessividade onipotente infantil e o reconhecimento do
outro como um ser com suas próprias necessidades, desejos e detentor
de uma relativa autonomia.
by Wagner Sousa
COMPLEXO DE ÉDIPO 2/3
2. É a partir do complexo edípico que ocorre a formação das
identificações, que é um elemento fundamental para a formação da
personalidade e do sentimento de identidade.
3. A exclusão da criança da cena primária pode despertar uma gama
variada de sentimentos intensos, dentre os quais se destaca a sensação
de abandono e, consequentemente, seus possíveis desdobramentos de
ódio e vingança contra os pais. Além disso, podemos verificar o
acompanhamento de sentimentos de medo, culpa e ansiedades,
especialmente a angústia de castração.

by Wagner Sousa
COMPLEXO DE ÉDIPO 3/3
4. A passagem bem sucedida pelo complexo de Édipo torna possível o
ingresso em uma genitalidade adulta. De forma oposta, a insolvência
do complexo edípico e as fixações parciais nas fases pré-edípicas
resultariam em distintas formas de “pseudogenitalidade” (por exemplo,
donjuanismo, ninfomanias). (Zimerman, 1999)

by Wagner Sousa
OS SONHOS

by Wagner Sousa
OS SONHOS 1/2

Em 1900, Freud escreveu a primeira


versão do seu mais famoso livro, que
se intitulou “A interpretação dos
sonhos”.
Para muitos, inclusive ele próprio,
trata-se de uma das descobertas
mais valiosas inseridas no campo da
psicanálise e da compreensão dos
fenômenos inconscientes.
by Wagner Sousa
OS SONHOS 2/2
Fonte dos sonhos e funções
Segundo Freud (1900), os sonhos se alimentam de quatro
tipos de fonte diferentes:
(1) excitações sensoriais externas;
(2) excitações sensoriais internas;
(3) estímulos somáticos internos (orgânicos); e
(4) fontes de estimulação puramente psíquicas.

by Wagner Sousa
OS SONHOS 1/3
Os estímulos sensoriais externos(1) correspondem, por
exemplo a ruídos, odores, luz, frio, picada de um mosquito, ou seja,
qualquer elemento externo que possa ter força suficiente para
nos despertar do sono.
Muitos de nós possivelmente já tivemos a experiência de
sonharmos estar caindo de algum lugar e acordarmos na beira da
cama quase em direção ao chão.
Os estímulos sensoriais internos(2) correspondem a
excitações sensoriais subjetivas e possuem a vantagem obvia de
não dependerem, como as objetivas, de circunstancias externas. É
quando eu imagino que estou sendo picado.
by Wagner Sousa
OS SONHOS 2/3
Os estímulos somáticos internos(3) apresentam pouca
representatividade na formação dos sonhos. Teríamos nas
sensações refletidas pelos órgãos internos uma fonte de excitação
que se desdobraria no conteúdo dos sonhos, como, por exemplo, a
fome, a sede ou até mesmo a patologia em algum órgão que
possa provocar alguma dor.
A fonte de formação dos sonhos mais relevante para Freud
era de caráter puramente psíquico(4). Aqui estamos nos referindo
ao que ele chamou de restos diurnos psíquicos, bem como à
existência de sentimentos, pensamentos e desejos reprimidos no
inconsciente e até mesmo lembranças trancadas nos porões da
mente que podem remeter a nossa infância. by Wagner Sousa
OS SONHOS 3/3
Os restos diurnos psíquicos, estes englobam as experiências
vividas durante o período corrente de vigília.
Tais experiências podem representar estímulos ambientais
que tenham sido bastante significativos, algum acontecimento
marcante, um filme ou ainda interesses e preocupações que
recorrentemente rondaram nossas mentes ao longo de um dia.
Porém o sonho teria outra função primordial: a realização de
desejos (reprimidos).

by Wagner Sousa
OS SONHOS 1/1
Elaboração Onírica
Inicialmente devemos levar a conhecimento a diferença
entre conteúdo manifesto e latente do sonho.
O conteúdo manifesto é aquele que se apresenta tal qual
está explicitamente aparente nos sonhos e, portanto, acessível ao
consciente no despertar daquele que sonhou. Trata-se de um
conteúdo compreensível.
Já o conteúdo latente se refere a um conjunto de desejos,
sentimentos, pensamentos, representações, angústias que estão
represados no inconsciente e, portanto, ininteligíveis à
compreensão mais imediata. by Wagner Sousa
OS SONHOS 1/2
Esse trabalho mental que transforma o sonho latente no
sonho manifesto é o que Freud chamou de elaboração onírica.
Dois processos essenciais participam na realização da
elaboração onírica: condensação e deslocamento.
A condensação revela que o sonho manifesto possui um
conteúdo menor do que o latente. Nesse processo, observa-se uma
pluralidade de elementos latentes que se combinam e se fundem
em uma unidade no sonho manifesto, fornecendo uma imagem
difusa e vaga.

by Wagner Sousa
OS SONHOS 2/2

Condensação:
Uma só imagem
contém várias
imagens
agregadas.
Nos conteúdos
inconscientes,
pode ocorrer o
mesmo.

*Surrealismo
by Wagner Sousa
OS SONHOS 1/2
Já o deslocamento se define no fato de “a importância, o
interesse, a intensidade de uma representação ser suscetível de
se destacar dela para passar a outras representações
originariamente pouco intensas, ligadas à primeira por uma
cadeia associativa” (Laplanche; Pontalis, 2001, p. 116).
Por exemplo: num sonho, a imagem que aparece é a de uma
pessoa, mas, no final das contas, a mensagem a ser transmitida diz
respeito à outra. Ou seja, uma pessoa substitui a outra no sonho,
para que a mensagem continue “cifrada”.
Ambos, condensação e deslocamento se apresentam de
forma inconsciente como mecanismos de defesa.
by Wagner Sousa
OS SONHOS 2/2

“Apenas quero assinalar as recentes provas


que eles proporcionaram da existência de atos
mentais inconscientes [grifo meu] – pois é isto que
são os pensamentos oníricos latentes – e assinalar
quão inimaginável e amplo acesso a um
conhecimento da vida mental inconsciente nos
promete a interpretação dos sonhos”. (FREUD, 1916,
pp. 218-219)

by Wagner Sousa
TRANSFERÊNCIA

by Wagner Sousa
TRANSFERÊNCIA 1/5

A transferência ocorre quando se


projeta em pessoas do convívio
presente, figuras importantes do
passado do paciente.
Esse processo acontece de
maneira inconsciente e simbólica,
sendo de grande relevância para o
processo de cura.

by Wagner Sousa
TRANSFERÊNCIA 2/5
Freud reconheceu apenas as transferências do tipo positiva e
negativa. Entretanto, a evolução do conhecimento psicanalítico
hoje nos permite considerar um leque maior de variações
transferenciais.
Transferência positiva: corresponde às pulsões e representações
ligadas à libido, especialmente de fundo amistoso e carinhoso em
que se encontram os sentimentos de afeição e confiança.
• Freud dizia para não fazer nada com a transferência positiva e
sim para sentimo-nos gratos por ela, pois viabiliza o tratamento.

by Wagner Sousa
TRANSFERÊNCIA 3/5
Transferência negativa: nessa modalidade predominam
pulsões agressivas e hostis. Entretanto, uma dose de conteúdos
negativos na relação pode ter uma importante função terapêutica,
especialmente quando bem tolerados e trabalhados pelo analista.
• Tanto quanto os sentimentos afetuosos, os hostis indicam a
presença de um vínculo afetivo.

by Wagner Sousa
TRANSFERÊNCIA 4/5
Transferência erótica e erotizada: pode comportar um
espectro que vai de sentimentos afetuosos e carinhosos pelo
psicanalista (transferência erótica) até um desejo sexual ardente,
insistente e egossintônico pelo psicanalista (transferência
erotizada).
Transferência perversa: à tendência do paciente perverso a
erotizar a transferência e a utilizar as palavras e os silêncios para
excitar o analista, assim como sua passividade para provocar sua
impaciência e levá-lo ao acting-out*.

* Uma ação que o sujeito age sem ao menos saber o porquê


by Wagner Sousa
TRANSFERÊNCIA 5/5
Transferência idealizadora: refere-se à condição em que o
paciente atribui uma imagem extremamente idealizada de seu
analista de forma semelhante à imagem idealizada que uma
criança necessita ter de seus pais nos primórdios da infância.
• Exige cuidado do analista para não sucumbir em tentações
marcadamente narcísicas de sua personalidade, visto que
também revela uma atitude controladora do paciente sobre o
seu analista.

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CONTRANSFERÊNCIA

by Wagner Sousa
CONTRANSFERÊNCIA 1/2

A contratransferência é um
conceito psicodinâmico
fundamental na técnica
psicanalítica. Entende-se por
contratransferência as emoções
que o terapeuta experimenta no
decorrer de uma análise, em
relação ao paciente, e que são
relacionadas com circunstâncias
sentidas na sua própria vida, que o
afetaram consciente e
inconscientemente. by Wagner Sousa
CONTRANSFERÊNCIA 2/2

Assim, a contratransferência no analista e a transferência no


paciente são essencialmente processos idênticos, ou seja, cada
qual inconscientemente experiencia o outro como sendo alguém
importante do seu passado.
A diferença está em que o analista tem consciência disso e
sabe manusear os seus sentimentos na relação terapêutica.
Para Freud, a contratransferência define-se por ser a
transferência do analista em relação ao paciente ou a resposta do
analista à transferência do paciente, ou seja, a reação emocional,
controlada, consciente e adequada do terapeuta ao paciente.
by Wagner Sousa
MECANISMOS
DE DEFESA

by Wagner Sousa
MECANISMOS DE DEFESA 1/1

Os mecanismos de defesa
representam o produto de um
esforço do Eu em manter
protegida a integridade mental
contra impulsos, sentimentos e
pensamentos, ou ainda eventos da
realidade externa (do mundo real),
cuja natureza apresenta, em
algum grau, uma ameaça
geradora de conflitos.
by Wagner Sousa
MECANISMOS DE DEFESA 1/1

1. Recalque (repressão)
O Recalque, repressão ou recalcamento nasce do conflito
entre as exigências do Id e a censura do Superego.
Assim, é o mecanismo que impede que os impulsos que
causam ameaças, desejos, pensamentos e sentimentos dolorosos
cheguem à consciência.
O recalque é uma força contínua de pressão, que baixa a
energia psíquica do sujeito. Por isso, o recalque pode surgir na
forma de sintomas e o tratamento visa o reconhecimento do
desejo recalcado.
by Wagner Sousa
MECANISMOS DE DEFESA 1/1

2. Negação
A negação é um mecanismo de defesa que nega a realidade
exterior e a substitui por outra realidade que não existe.
O bebedor excessivo ou o fumante acreditam que seus
hábitos não lhe farão mal, ainda que saibam conscientemente
disso, e, assim, distorcem, onipotentemente, essa realidade.
Assim, a negação pode ser pontual (e ser uma neurose) ou se
tornar sistêmica e combinar uma sequência de negações para a
criação de um universo paralelo, que é uma condição essencial
para o desencadeamento de uma psicose.
by Wagner Sousa
MECANISMOS DE DEFESA 1/1

3. Projeção
O mecanismo de defesa da projeção é um tipo de defesa
primitiva. Assim, é caracterizada pelo processo no qual o sujeito
expulsa de si e localiza no outro ou em alguma coisa, qualidades,
desejos, sentimentos que ele desconhece ou recusa nele próprio.
Eu reprimo minha raiva e acho que você está com raiva de
mim. Reprimo meu egoísmo e acho que você é egoísta. Reprimo
meus desejos de infidelidade e atração sexual por outra pessoa
que não meu (minha) namorado(a) e acho que ele(a) quer me
trair. Acabo por atribuir a outra pessoa um sentimento ou impulso
que na verdade é meu. by Wagner Sousa
MECANISMOS DE DEFESA 1/1

4. Regressão
A regressão é o recuo do ego, fugindo de situações de conflitos
atuais para o estágio anterior.
Um exemplo é quando um adulto volta a um modelo infantil,
no qual se sentia mais feliz e mais protegido.
Imagine o exemplo de uma paciente adulta que sempre reagia
com choro a uma dificuldade enfrentada no relacionamento a ponto
de não conseguir conversar com seu parceiro sobre a situação que
ambos vivenciavam. Quando comparada a um bebê que não tem
outro recurso para conquistar o que deseja além do choro, ela pode
enfim compreender que o choro. by Wagner Sousa
MECANISMOS DE DEFESA 1/1

5. Formação Reativa
Esse mecanismo de defesa ocorre quando o sujeito sente o desejo de
dizer ou fazer alguma coisa, mas faz o oposto. Assim, surge como defesa de
reações temidas e a pessoa procura cobrir algo inaceitável por meio da
adoção de uma posição oposta.
Padrões extremos de formação reativa são encontrados na paranoia e
no Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), quando a pessoa se prende em
um ciclo de repetição de comportamento que ela sabe, a nível profundo, que
é errado.
Se analisarmos uma pessoa com fixação anal, não seria estranho nos
depararmos dentre os seus medos primordiais com o de sujeira e
desorganização. by Wagner Sousa
MECANISMOS DE DEFESA 1/1

6. Introjeção
É o mecanismo baseado na assimilação de características de outros,
que se transformam em modelos para o individuo.
Esse mecanismo é a base da constituição da personalidade humana.
Como exemplo podemos citar o momento em que as crianças assimilam
características parentais, para posteriormente poderem se diferenciar.
Apresenta uma relação bastante próxima com a identificação na
medida em que incorporo na minha personalidade essa parte do outro,
afastando a ansiedade de perder a outra pessoa por completo. Essa condição
específica é frequentemente relatada em pacientes enlutados que se
identificam com o objeto perdido a fim de se livrar da angústia da perda do
mesmo by Wagner Sousa
MECANISMOS DE DEFESA 1/1

7. Identificação com o agressor


Alguns autores assinalam que esta defesa deveria ser
chamada de introjeção do agressor.
“uma criança introjeta certa característica de um
objeto causador de angústia e, assim, assimila uma
experiência de angústia que acabou de sofrer. Nesse caso, o
mecanismo de identificação ou introjeção combina-se com
um segundo e importante mecanismo. Ao personificar o
agressor, ao assumir seus atributos e imitar sua agressão, a
criança transforma-se de pessoa ameaçada na pessoa que
ameaça.” (FREUD, 1946,p.83)

by Wagner Sousa
MECANISMOS DE DEFESA 1/1

8. Deslocamento
O deslocamento acontece quando os sentimentos e
emoções (geralmente a raiva) são projetados para longe da pessoa
que é o alvo e, de forma geral, para uma vítima mais inofensiva. Ou
seja, quando muda os sentimentos da sua fonte provocadora de
ansiedade original, para quem você percebe ser menos provável
de lhe causar mal.
Por exemplo: posso alimentar muita raiva de minha mãe,
mas considero essa ideia, esse impulso intolerável e transfiro,
redireciono, desloco essa raiva para minha professora.
by Wagner Sousa
MECANISMOS DE DEFESA 1/1

9. Racionalização
A racionalização consiste em buscar uma explicação lógica,
aceitável e segura para comportamentos e sentimentos que
apresentamos e que nos despertam ansiedade, dos quais
certamente não nos orgulhamos.
É semelhante à ideia de Robin Hood que rouba dos ricos
com a justificativa de dar aos pobres. Possivelmente, a ideia de
roubar não seja um comportamento aceitável por seu Supereu e,
para tanto, o Eu permite uma satisfação parcial de impulso então
intolerável sobre a lógica de que é para dar a quem não tem ou
precisa ou de que não fará falta aos ricos. by Wagner Sousa
MECANISMOS DE DEFESA 1/1

10. Sublimação
A sublimação é uma defesa altamente sofisticada e trata de
uma conciliação genuína do Eu em relação à necessidade de
satisfação dos desejos do Id e as exigências impostas pelo Supereu
e as restrições do mundo externo.
Uma pessoa que apresenta impulsos agressivos, mas
consegue canalizá-los para a prática de esporte ou ainda para se
tornar um cirurgião.
Significa que não há um represamento do impulso, mas uma
transformação da finalidade do impulso ou do objeto de descarga
do impulso em algo socialmente aceito e útil. by Wagner Sousa
MECANISMOS DE DEFESA 1/1

Concluindo:
Freud diz que a psicanálise é o instrumento que permite ao
“Eu” uma conquista progressiva do Id, ampliando os seus recursos
na direção de ampliar seu nível consciente.
Na prática analítica, o foco do analista não está na defesa,
mas no que há atrás dela, ou seja, aquilo que ela reveste e tenta
esconder para que esse conteúdo possa ser expresso e,
principalmente, resignificado.

by Wagner Sousa
Wagner Sousa
pws.sousa@gmail.com
19 9 9988-2525

OBRIGADO
by Wagner Sousa

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