Você está na página 1de 10

FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE: INTRODUÇÃO - Um método de investigação;

- Um tratamento;
O INÍCIO DA PSICANÁLISE • A psicanálise é uma teoria do funcionamento mental
• A psicanálise inaugura as terapias estritamente mas não apenas, ela é uma teoria do desenvolvimento
psicológicas, ou seja, terapias que utilizam-se apenas humano: autores como Kohut, Winnicott e
da fala e do pensamento para estabelecer a cura dos principalmente Fraçoise Dolto mostram com educar
pacientes. filhos que tenham prazer em suas atividades, que
• Entende-se que a psicanálise surgiu oficialmente no sejam preocupados com o próximo etc.
ano de 1900, tem se ampliado teórica e tecnicamente,
portanto, há mais de 115 anos.
TRATAMENTOS PSICANALÍTICOS
• Freud foi o criador da psicanálise de forma
• A psicanálise clássica constitui um trabalho de longa
estruturada a partir de sua auto-análise e do
duração, com alto custo financeiro.
tratamento de pacientes.
• Entretanto existem diversas psicoterapias
• Até o surgimento da psicanálise a psique era
psicanalíticas de duração menor e inclusive as
igualada à consciência.
psicoterapias psicodinâmicas breves, com
• Freud escreveu centenas de artigos que foram tratamentos de aproximadamente 20 sessões.
compilados em 24 volumes nas Obras Completas de
• Existem modelos de tratamento psicanalítico para
Sigmund Freud, editado, no Brasil, pela Imago e
crianças, adolescentes, adultos, casais, idosos e todas
recentemente com outras traduções.
as experiências que eles vivem.
• Seus escritos falam sobre religião, antropologia,
sociologia, doenças, personalidade, biologia, moral,
educação, e muitos outros temas. Sua obra FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE:
sociológica mais importante é “Mal-estar na A ERA PRÉ-PSICANALÍTICA
civilização” e em “O futuro de uma ilusão” Freud faz
duras críticas à religião. Ambos são lidos em BREVE BIOGRAFIA DE FREUD
universidades do mundo todo por diversos cursos. • Originalmente com o nome de Sigismund Schlomo
• Um texto interessante é a resposta que Freud Freud, Sigmund Freud nasceu na cidade de Freiberg,
escreveu à pergunta de Einstein “Por que a guerra? no Império Austríaco
• A psicanálise que sustenta-se exclusivamente na (atualmente conhecida como a cidade de Příbor, na
obra de Freud é chamada de clássica ou tradicional. República Checa) em 6 de maio de 1856.
• Existiram muitíssimos desenvolvimentos a partir da • Foi o primogênito do terceiro casamento de seu pai,
teoria freudiana e certos deles deram origens à Jakob e Amalia Nathansohn. Embora se proclamasse
“escolas” de psicanálise: um ateu liberal, conservou uma proximidade com a
cultura judaica, especialmente após a ascensão do
ESCOLA FREUDIANA: Abraham, Meltzer,
Strachey; nazismo.
PRIMEIROS ANALISTAS: Sándor Ferenczi, Otto • Sua família se mudou para Viena quando ele tinha
Rank, Victor; quatro anos de idade, esta seria a cidade onde Freud
desenvolveria a maior parte de seu trabalho.
ESCOLA INGLESA: Melanie Klein, Hannah
Segal, Otto Kernberg; • Freud ingressou na faculdade de medicina da
Universidade de Viena com 17 anos e se 1881,
GRUPO INDEPENDENTE: Wilfred Bion, Donald
completou sua residência em 1885 e tornou-se
Winnicott, René Spitz, Margaret Mahler;
professor adjunto de neuropatologia na universidade
ESCOLA AMERICANA (psicologia do Self): em 1902.
Heinz Hartmann, Heinz Kohut, Robert
• Em 1882 Freud começa sua carreira médica no
Storolow;
Hospital Geral de Viena e suas pesquisas levaram à
ESCOLA FRANCESA: Jacques Lacan, Alain de publicação dos efeitos paliativos da cocaína bem
Mijolla, Serge Leclaire, Jacques-Alain Miller, como suas descobertas acerca das afasias.
Jean-Claude Maleval;
• Em 1886 Freud abandona seu posto no hospital para
OUTRAS CORRENTES começam a aparecer, tal ingressar na prática clínica particular no tratamento
como a neurospicanálise (Peter Fonagy, Jaak das “doenças dos nervos”; neste mesmo ano noivou-
Panksepp, Glen O. Gabbard, Eric Kandel). se com Martha Bernay.
• A psicanálise sempre foi compreendida por Freud - O casal teve 6 filhos: Mathilde (1887), Jean-
como a união de três aspectos: Martin (1889), Oliver (1891), Ernst (1892),
- Uma teoria; Sophie (1893), e Anna (1895), esta última se
tornaria uma psicanalista de renome • Freud vislumbrava a possibilidade de usar a hipnose
posteriormente. para tratar todas as doenças nervosas, mas Charcot o
• Freud começou a fumar com 24 anos e permaneceu adverte que apenas os histéricos podem ser
com o vício a vida toda, que eventualmente lhe hipnotizados.
causou um câncer bucal. • Freud também levanta a possibilidade da histeria ter
causas psíquicas, mas Charcot permanece um
materialista convicto e defende que a histeria tinha
FREUD E BREUER
causas puramente físicas: degeneração das células
• Breuer era um médico importante, clínico geral
cerebrais, de caráter hereditário
reconhecido que tratava a alta sociedade vienense de
sua época, nomes como o filósofo Franz Brentano e o
músico Johannes Brahms e suas famílias se FREUD E FLIESS
consultavam regularmente com ele. • Em 1887 Freud, sem abandonar a eletroterapia,
- Franz Brentano foi um professor de grande começa a utilizar a hipnose em sua clínica. No mesmo
influência para Freud: suas investigações ano escreve sua primeira carta a Fliess.
sobre o inconsciente, sobre a psicologia e • Este otorrino alemão, depois de assistir uma
sobre a mente fomentaram os próprios conferência de Freud, tornou-se seu amigo e
questionamentos que Freud se faria poucos correspondente por muitos anos.
anos depois. • Muitos historiadores da psicanálise compreendem
• Freud conheceu Joseph Breuer por intermédio de que as cartas de Freud a Fliess foram boa parte da
seu professor de faculdade Ernst Brücke, um análise de Freud, como se Fliess fosse seu psicanalista
fisiologista de grande reputação. por correspondência.
• Breuer lhe conta sobre sua paciente Berta • Romperam definitivamente em 1906 após Fliess
Pappenhein, mais tarde conhecida como Anna O. acusar Freud de ter servido de intermediário para o
plágio de suas ideias por dois jovens autores
vienenses (Hermann Swoboda e Otto Weininger).
FREUD E CHARCOT
• Em 1885 consegue uma bolsa de estudos e vai a
Paris estudar com Charcot (o mais famoso A HISTERIA E O NASC. DA PSICANÁLISE
neurologista da época, diretor do manicômio • A histeria foi um fenômeno que desafiou a ciência
Salpêtrière). média por muito tempo.
• A histeria era o grande enigma das doenças mentais • Em 12 de março de 1784, o rei Luís XVI nomeou uma
na época, os sintomas variavam entre paralisias, comissão de investigação composta por médicos da
espasmos, sonambulismos, alucinações, perda da fala, Faculdade de Paris e da Academia Real de Ciências
dos sentidos e da memória. para “efetuar um exame e prestar-lhe contas do
- Histeria vem de hysteros, que significa magnetismo animal praticado pelo Sr. Deslon”
“útero” em grego, e por muito tempo esteve • Em 5 de abril o Barão de Breteuil realizou uma
associada às mulheres. tarefa siminar numa segunda comissão formada por
• Antes de Charcot a histeria era compreendida de cinco membros da Sociedade Real de Medicina.
duas formas distintas: • Franz Anton Mesmer introduziu o “magnetismo
- Como irritação dos órgãos sexuais femininos, animal” na França, algo que foi repetido nos EUA por
que deveriam ser combatidos com Lafayette.
compressas frias nos ovários ou cirurgias no • Para Mesmer existia um fluido que afetaria todos os
clitóris. seres humanos e a manipulação deste fluido podia
- Como mera imaginação e fantasia de desmoronar as barreiras e as convenções sociais.
mulheres que queriam atenção. • Ele desenvolveu uma espécie de tina/cuba nas quais
• Charcot compreendia a histeria não como fantasia, até as mulheres da “melhor sociedade” perdiam o
mas como “neurose”, que pode atacar homens ou controle, desatavam num riso histérico, desmaiavam
mulheres, mas que não segue a anatomia do corpo, e tinham convulsões.
ela é uma perturbação da função. • O relatório das comissões trazia o seguinte:
• Com Charcot, Freud observou que a hipnose - “sempre muito mais mulheres do que
influenciava os estados histéricos. Charcot produzia, homens em crise. Essa diferença tem como
modificava ou interrompia os sintomas histéricos causa primordial a organização diferenciada
através da hipnose. dos dois sexos. As mulheres têm, em geral,
nervos mais móveis, e sua imaginação é mais
viva, mais exaltada. É fácil impressioná-las, publicamente, em meio a outras mulheres
coloca-las em movimento... Tocando-as numa que também parecem experimentá-lo, não
parte qualquer, poder-se-ia dizer que elas são oferece nada de alarmante; fica-se ali, volta-se
simultaneamente tocadas por toda parte. As pra lá, e só se percebe o perigo quando já é
mulheres, como já se observou, são tarde demais. Expostas a esse perigo, as
semelhantes a cordas sonoras, perfeitamente mulheres fortes se afastam, mas as fracas
esticadas e em uníssono. Basta pôr uma em podem perder seus bons costumes e sua
movimento para que todas as outras saúde” (Chertok & Stengers, 1990, p. 25)
participem disso instantaneamente. Foi isso • A histeria era bastante difundida no século XIX mas
que os comissionários observaram diversas os médicos não sabiam muito bem qual sua origem ou
vezes; mal uma mulher entra em crise, as tratamento.
outras não tardam a segui-la” (Chertok &
- Seria biológica ou psíquica?
Stengers, 1990, p. 24)
• Os fenômenos histéricos desafiavam a ciência
• Sobre a “crise histérica”:
médica da época, pois os sintomas não tinham
- “Quando essa espécie de crise se prepara, o equivalente anatômico, além de surgirem e
rosto vai-se afogueando gradativamente, o desaparecerem aleatoriamente. • Existia uma
olhar torna-se ardente, e é esse o sinal através teatralidade e sexualidade que incomodava muito os
do qual a natureza anuncia o desejo... médicos, esse exibicionismo fazia com que tais
Todavia, a crise continua e a visão se turva: é doentes – na maioria das vezes mulheres – fossem
um sinal inequívoco da completa desordem rejeitados pelos médicos como simuladores.
dos sentidos. Essa desordem pode não ser
percebida por aquela que a experimenta, mas
não escapou ao olhar observador dos UM CASO DE CURA PELO HIPNOTISMO (1892/93)
médicos. Tão logo esse sinal se manifesta, as • Trata-se de um caso de uma mulher que acaba de
pálpebras ficam úmidas, a respiração fica parir mas não consegue amamentar a criança
sôfrega, entrecortada, e o busto se eleva e se • A mãe não dorme, não se alimenta, está sempre
abaixa rapidamente; instalam-se as irritada, sente dores para amamentar
convulsões, assim como os movimentos • Freud aplica a sugestão hipnótica e depois de
precipitados e bruscos, seja dos membros, algumas sessões o sintoma desaparece.
seja do corpo inteiro. Na mulheres vivas e - “Não tenha receio! Você vai poder cuidar
sensíveis, o último grau, a conclusão da mais muito bem do seu bebê, ele vai crescer forte.
doce das emoções, é muitas vezes uma O seu estômago está perfeitamente calmo, o
convulsão. A esse estado sucedem-se a seu apetite está excelente, você já está na
languidez e o abatimento, uma espécie de expectativa da próxima refeição etc.” (Freud,
sono dos sentidos, que é um repouso 1982/2006, p. 161)
necessário após uma intensa agitação.”
• Naquele dia a paciente jantou e amamentou seu
(Chertok & Stengers, 1990, p. 24-25)
bebê, mas no almoço seguinte os vômitos
- “A lembrança dela [da crise] não é recomeçaram e foi impossível colocar o bebê para
desagradável; as mulheres sentem-se melhor mamar.
e não tem nenhuma aversão a senti-la de
• Com novas sessões a mãe conseguiu amamentar o
novo. Como as emoções experimentadas são
bebê mas não fez nenhum agradecimento ou menção
os germes das afeições e pendores,
ao trabalho de Freud.
compreende-se porque o magnetizador
inspira tanto apego: um apego que deve ser - Depois ela confessou “Eu me sentia
mais acentuado e mais vivo nas mulheres do envergonhada, porque uma coisa como a
que nos homens, tanto que o exercício do hipnose podia obter resultado, ao passo que
magnetismo só é confiado aos homens. eu, com toda minha força de vontade, não
Muitas mulheres, sem dúvida, não conseguia nada” (idem, p. 162)
experimentam esses efeitos, enquanto outras • Neste caso Freud começou a elaborar a hipótese de
ignoram essa causa dos efeitos que ideias antitéticas.
experimentam; quanto mais virtuosas são, - Teoria: toda expectativa ou intenção
menos suspeitam de tal causa. Asseguramos pressupõe a possibilidade do seu contrário, ou
que várias vezes se aperceberam dela e se seja, implica afetos aflitivos.
retiraram do tratamento magnético; mas as
- Quando tenho uma prova logo posso pensar
que a ignoram precisam ser preservadas... Um
“Eu nunca vou conseguir isso, vai ser muito
estado experimentado quase que
difícil etc.”
• Para algumas pessoas (histéricos e neurastênicos), • Sintomas produzidos inconscientemente
estes afetos são mais fortes que a vontade inicial. desaparecerão no momento em que acontecer uma
• Afeto é a força de uma ideia ab-reação: processo de liberação das emoções
recalcadas, que estão vinculadas a um acontecimento
- Leitor de Schopenhauer, Freud incorpora
esquecido. O problema da terapia seria, então, fazer
parte de sua visão acerca do ser humano:
com que o paciente reviva a experiência traumática
- Para o filósofo só existem duas coisas na original que provocou o sintoma e possa reagir
mente humana: as ideias e a força dessas apropriadamente.
ideias.
• A dificuldade na terapia consiste no fato de que
• Neste momento a histeria é uma condição herdada, todo sintoma é sobre determinado, ou seja, é o
ou seja, as pessoas possuem um ego fraco por alguma resultado de vários processos psíquicos sobrepostos.
questão (provavelmente fisiológica) e então as ideias
- “É que verificamos, a princípio com grande
antitéticas ganham da vontade.
surpresa, que cada sintoma histérico
• Vemos aqui a aposta da terapia hipnótica (e dos individual desaparecia, de forma imediata e
livros de auto-ajuda e cia): trata-se de um reforço da permanente, quando conseguíamos trazer à
vontade. luz com clareza a lembrança do fato que o
havia provocado e despertar o afeto que o
COMUNICAÇÃO PRELIMINAR (1893) acompanhara, e quando o paciente havia
• Neste texto existe um esforço mais claro de descrito esse fato com o maior número de
compreensão dos mecanismos psíquicos. detalhes possível e traduzido o afeto em
• Podemos ver o desenvolvimento de um marco da palavras. A lembrança sem afeto quase
técnica psicanalítica: a investigação terapêutica. invariavelmente não produz nenhum
resultado.” (Freud e Breuer, 1893-1895/2006,
- Freud assume uma postura de quem não
p. 42)
sabe o que se passa com as histéricas, ele
investiga com elas o que se passou.
- Abandonando a postura típica dos médicos ANNA O.
(“aquele que sabe”), Freud vai perguntar mais • Anna O. era uma moça de 21 anos de idade, de
do que afirmar. educação rígida e sexualmente imatura. Seus
sintomas eram paralisias histéricas, um estranho
• A psicanálise, conforme investiga, cura.
problema de fala (quando falavam com ela em
alemão, ela respondia em inglês), alucinações graves,
ESTUDOS SOBRE HISTERIA (1895) que se tornaram mais violentas depois da morte de
• É o último livro que publica juntamente com Breuer, seu pai.
nele estabelece elementos chaves sobre a histeria: • Breuer melhorou alguns sintomas fazendo ela falar
- Os histéricos sofrem de reminiscências sobre essas alucinações (método catártico).
desagradáveis e violentas, de natureza • Breuer e Freud perceberam que os sintomas
traumática. melhoravam quando o doente conseguia evocar a
- Recordações traumáticas são patogênicas lembrança de seu passado (o surgimento da primeira
(provocam doenças): essa afirmação é crise, por exemplo).
revolucionária pois rompe com o materialismo • Breuer observou que os fenômenos catárticos
da época (causas psíquicas geram efeitos aconteciam quando ela estava num estado bastante
físicos). relaxado, próximo da auto-hipnose, que ele chamou
- As reminiscências traumáticas não de “estado hipnoide”
desaparecem, permanecem de forma ativa, • Buscando acelerar o processo, Breuer começa a
inconsciente, determinando o hipnotizar Anna O. e, fazer com que ela paciente
comportamento recordasse traumas sofridos e fizesse uma descarga
- Para manter essas reminiscências fora da afetiva deles (ab-reação)
consciência (inconscientes) é necessário um - Conforme ela lembra (e reage), os sintomas
mecanismo ativo de recalcamento. desaparecem.
• Essas recordações recalcadas mantém sua energia • Termina o relato dizendo que ela, depois de livrar-se
inconsciente estancada. do último sintoma, “gozou de plena saúde”, o que não
• A energia se converte num sintoma físico na histeria é de fato toda a verdade.
(conversão histérica). • Mas sem a hipnose ela não poderia ter lembrado
esses eventos?
- Para Breuer, não..., mas Freud fica pensativo. a comunicá-lo. Assim, quando alcançava um
• O núcleo traumático do caso Anna O. foi a seguinte ponto em que, depois de formular ao paciente
cena: enquanto velava o pai, sofre um estado alterado uma pergunta como “Há quanto tempo tem
e percebe que não consegue mais mexer o braço. esse sintoma?” ou “Qual foi sua origem?”,
recebia como resposta “Realmente, não sei”,
• A teoria em vigor até então era a dos “Estados
eu prosseguia da seguinte maneira. Colocava
Hipnóides”
a mão na testa do paciente ou lhe tomava a
- O trauma não está associado diretamente à cabeça entre as mãos e dizia: “Você pensará
situação vivida (que poderia ser muito banal), nisso sob a pressão da minha mão. No
mas ao fato de acontecer durante um estado momento em que eu relaxar a pressão, verá
hipnoide, que impossibilitaria uma reação algo à sua frente, ou algo aparecerá em sua
adequada. cabeça. Agarre-o. Será o que estamos
- Ela entra em estados hipnoides porque é procurando. – E então, o que foi que viu ou o
histérica (hereditário) que lhe ocorreu?” (Freud e Breuer, 1893-
- O trauma é um “corpo estranho” que está 1895/2006, p. 137)
num lugar ao qual não temos acesso • Aqui vemos os primórdios da repressão como força
(conscientemente) ativa que mantém algo fora da consciência.
- Ainda não é uma teoria do conflito! • O tratamento serviu para confirmar a hipótese de
• A teoria moderna das múltiplas personalidade ainda Freud de que um incidente esquecido (que no entanto
se relaciona com essa ideia de dissociação (herdada é guardado com grande força e fidelidade na
ou não). memória) é a origem dos sintomas histéricos.
• Qual é a origem dos estados hipnoides? • O tratamento termina (com a eliminação dos
- Para Breuer, é hereditário. sintomas) quando Freud descobre que Miss Lucy R.
estava secretamente apaixonada por seu patrão mas
- Para Freud, é espontâneo ou provocada por
que havia reprimido esse sentimento por não ter
certas situações?
esperanças de vê-lo se concretizar.

EMMY VON N.
KATHARINA
• Se com Anna O. desenvolveu-se o método catártico,
• É uma breve terapia psicanalítica, na verdade durou
com Emmy von N., Freud desenvolve a associação
apenas algumas horas durante um passeio de férias.
livre e abandona a hipnose.
• Essa moça de 18 anos sentia sintomas de sufocação
- São vários os motivos para o abandono da
acompanhados da visão de um rosto assustador.
hipnose: nem todos são hipnotizáveis; Freud,
ele mesmo, era um péssimo hipnotizador; as • Conversando com Freud Katharia lembra-se que
curas eram temporárias. - O mais importante seus sintomas haviam começado dois anos antes,
para o prosseguimento da psicanálise é que o quando tinha presenciado uma relação sexual entre
abandono da hipnose rompe com uma relação seu “tio” e sua prima Franziska.
de poder médico: o paciente fala na medida - Associou posteriormente que esse “tio” já
em que o terapeuta lhe dá confiança, e não tinha tentado seduzí-la várias vezes.
mais com a consciência alterada. - Depois de contar essas lembranças a moça
• A cura se deu após 6 semanas e Freud aprendeu se sentia aliviada (ab-reação catártica)
com ela que deveria apenas deixar os pacientes • Freud comprovava novamente sua tese:
falarem: - “A angústia que Katharina sofria em suas
- “me deixe contar o que eu tenho para crises era histérica, isto é, era uma
contar!” reprodução da angústia que surgia em
conexão com cada um dos traumas sexuais.”
MISS LUCY R. (idem, p.160)
• Provou-se ser impossível hipnotizá-la, então Freud • Numa nota adicionada em 1924 Freud revela que o
prosseguiu com o método da associação livre mas “tio” da história era, na verdade, o pai de Katharina.
com certos artifícios a mais (pressão da mão na
cabeça). ELISABETH VON R.
- “Resolvi partir do pressuposto de que meus • Tratava-se de uma moça de 24 anos que, há dois
pacientes sabiam de tudo o que tinha anos, sofria de dores violentas na perna e muitas
qualquer significado patogênico e que se dificuldades inexplicáveis para andar. Estes distúrbios
tratava apenas de uma questão de obrigá- los
apareceram pela primeira vez quando ela teve que da histeria como ligada a sexualidade, especialmente
cuidar do pai doente. a de terem sido vítimas de um abuso (Freud
• Pouco antes da morte do pai, sua irmã também posteriormente abandona essa tese).
faleceu. • Com Breuer publica um artigo sobre hipnose em
• Elisabeth mostrou-se ser impossível de hipnotizar, 1892 e em 1894 publica “Neuropsicoses de defesa”,
então Freud concordou em deixa-la apenas deitada discordando de Breuer, que negava a origem sexual
com os olhos fechados. das neuroses.
• A associação livre rendeu poucos resultados e Freud
recorreu novamente à técnica da “pressão da mão na
cabeça”
• A primeira lembrança que lhe surgiu foi o fato de ter
se apaixonado por um rapaz quando o pai estava
doente.
- Como o estado do pai era muito grave, ela
abriu mão desse amor.
• Ela própria se lembra que no momento do conflito
(cuidar do pai vs. viver um amor) as dores surgiram
nas pernas. Conflito como causa da conversão
histérica.
- “A paciente surpreendeu-me logo depois, ao
anunciar que agora sabia por que era que as
dores sempre se irradiavam daquela região
específica da coxa direita e atingiam ali sua
maior intensidade: era nesse lugar que seu pai
costumava apoiar a perna todas as manhãs,
enquanto ela renovava a atadura em torno
dela, pois estava muito inchada” (idem, p.
172)
• Após essa lembrança o estado da paciente
melhorou, mas ainda não haviam sido realizadas
todas as ab-reações de seu quadro
• Durante uma das sessões, a paciente pediu que
Freud saísse do quarto pois seu cunhado a estava
chamando. Ao voltar, sentiu novamente as dores nas
pernas e Freud decidiu que naquele momento
chegaria até o final desse enigma.
- O cunhado fez com que a paciente lembrasse
que suas dores na verdade começaram com a
morte de sua irmã, no momento em que um
pensamento inconfessável lhe ocorreu: a
morte de sua irmã deixava seu cunhado livre
para casar com ela!
• Esse pensamento se chocava com sua moral e foi,
no período, reprimido. O pensamento tornado
inconsciente se converteu em um sintoma somático.
• Ao tomar consciência desse desejo reprimido fez
com que Elisabeth ficasse definitivamente curada,
fato que Freud atestou um ano depois ao vê-la
dançando num baile.
• Esse sucesso terapêutico não evitou que ela fosse
muito agressiva com Freud por ele ter divulgado seu
segredo.
• Com Anna O, Katharina, e outras pacientes, Freud
estabelece a teoria da divisão da consciência, a causa
FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE: incompatível e seu eu por meio da atividade
PRIMEIROS ESCRITOS PRICANALÍTICOS do pensamento” (Freud, 1984/2006, p. 55).
• Temos então uma vontade de expulsar da
PRIMEIROS ESCRITOS PSICANALÍTICOS consciência (não pensar mais naquilo, afastar essa
• Agora já no campo do conflito, da sexualidade, das ideia) certas experiências, representações ou
defesas, do recalque, entramos de fato nos escritos sentimentos.
psicanalíticos. • Mas, Freud argumenta, não existe como tratar algo
• Entre 1895 e 1899, Freud irá escrever alguns artigos que existiu como se nunca tivesse existido... A
que esclarecem e suplementam elementos presentes memória já foi feita.
nos Estudos sobre histeria: - A saída então é retirar o afeto desta
- “As neuropsicoses de defesa” (1894a): lembrança (lembrar de Schopenhauer)
mostra muito bem a maneira como Freud - Uma lembrança sem grande quantidade de
evolui na pesquisa dos mecanismos psíquicos afeto permanece longe da consciência.
das neuroses.
• Mas para onde vai o afeto (energia) que foi retirado
- “Sobre os fundamentos para destacar da dessa ideia?
neurastenia uma síndrome específica
- Para o corpo: histeria (Fenômeno da
denominada ‘neurose de angústia’” (1895b):
conversão).
delimita pela primeira vez a neurose de
angústia (o ataque de pânico de hoje). - Para a mente: obsessão
- “Observações adicionais sobre as • O tema da “escolha da neurose” permanecerá em
neuropsicoses de defesa” (1896b): aberto durante toda a obra de Freud, neste momento
complemento ao primeiro texto. ainda ele não atribui causa, apenas que algumas
pessoas tem a “aptidão psicofísica para transpor
- “A sexualidade na etiologia das neuroses”
enormes somas de excitação para a inervação
(1898a): texto que procura convencer os
somática” (idem, p.57).
médicos vienenses sobre o papel da
sexualidade nas neuroses. • Os que não tem essa disposição mas ainda assim
reprimem uma ideia, fazem com que essa energia
- “Lembranças encobridoras” (1899a):
permaneça na esfera psíquica.
introduz a noção de lembranças encobridoras,
lembranças da infância que parecem banais, - Ocorrerá, então, uma falsa ligação dessa
mas que escondem outras lembranças energia à uma outra ideia mais ou menos
patogênicas que ficaram reprimidas. próxima da ideia inicial.
- Essa ideia, estranha, ilógica, ganha muita
importância (por conta do forte afeto) e se
NEUROPSICOSES DE DEFESA (1894)
tornará uma ideia/representação obsessiva.
• Aqui Freud (já separado de Breuer) desenvolverá a
teoria do conflito e também defenderá que o trauma • Por que uma “falsa ligação”?
é sempre sexual. - Freud dirá que, em todos os casos atendidos,
• Teremos, portanto, um choque acerca da origem da era a “vida sexual do sujeito que havia
histeria: Teoria dos Estados Hipnóides (hereditário) vs. despertado um afeto aflitivo” (idem, p.58)
Teoria do Conflito (dinâmica e econômica). • Além disso os pacientes relatavam (após certo
• O termo “defesa” e “conversão” aparecem com gran tempo) que essa obsessão vinha depois de um
de relevância, assim como a ideia de catexia que será sucesso em reprimir uma ideia:
fundamental na psicanálise. - “Certa vez me aconteceu uma coisa muito
• Freud vai definitivamente se separar da explicação desagradável, e tentei com muito empenho
hereditária para a histeria, ao invés sugerirá que: afastá-la de mim e não pensar mais nisso.
Finalmente, consegui, mas aí me apareceu
- “Esses pacientes que analisei, portanto,
essa outra coisa, de que não pude livrar-me
gozaram de boa saúde mental até o momento
desde então” (idem).
em que houve uma ocorrência de
incompatibilidade em sua vida representativa • Entretanto nem todos aqueles que tem uma
– isto é, até que seu eu se confrontou com obsessão lembram-se de ter tido essa ideia... quando
uma experiência, uma representação ou um Freud apontava a origem primitiva, sexual da ideia,
sentimento que suscitaram um afeto tão eles diziam “Nunca fiquei pensando muito nisso... não
aflitivo que o sujeito decidiu esquecê-lo, pois deve ser essa a origem... me ocorreu uma única vez
não confiava em sua capacidade de resolver a essa ideia mas afastei ela da consciência e desde
contradição entre a representação então nunca mais pensei muito nisso...”
• Para Freud justamente a obsessão ocupa o lugar FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE:
dessa representação sexual incompatível (que agora RESUMO DA ORIGEM DOS SINTOMAS
obtém toda a atenção que a outra ideia não podia
ter). O TRAUMA
• A ligação do afeto de uma ideia incompatível com • Breuer acreditava que a histeria se dava por conta
uma ideia mais ou menos próxima mas aceitável é de “estados hipnoides”, Freud recolheu, na clínica,
sempre inconsciente. histórias de conteúdo sexual.
- Um trauma gerava essa dissociação da
consciência e, aparentemente, a sexualidade
SOBRE OS FUNDAMENTOS PARA DESTACAR DA
era traumática.
NEURASTEMIA UMA SÍNDROME ESPECÍFICA
• O que é traumático?
DENOMINADA ‘NEUROSE DE ANGÚSTIA’ (1895)
- Tudo aquilo que não posso pensar... O
• O terceiro texto dos primeiros escritos (entre eles
pensamento é uma associação de ideias e tem
temos “Obsessões e fobias: seu mecanismo psíquico e
uma função em si defensiva.
sua etologia”), compreende a descrição de um tipo
- Simbolizar um evento é em si mesmo um
específico de neurose chamada “de angústia”.
modo de metabolizar esse evento.
• Suas principais características são:
• Quando não posso pensar certas ideias, sou
- Irritabilidade geral: um acúmulo de tensão
obrigado a recorrer a outros mecanismos de defesa.
ou incapacidade de tolerar esse aumento de
- O recalque se opõe ao pensamento.
tensão (às vezes acompanhado de
hiperestesia auditiva).
O CONFLITO
- Expectativa angustiada: uma convicção de
• Nos escritos de Freud temos um conflito entre o
que o mínimo evento na verdade é indicativo
ego e a sexualidade, um conflito que não podia ser
de algo terrível que está por acontecer
resolvido pelo pensamento e, portanto era recalcado.
(“alguém está batendo na porta, devem estar
- O recalque é uma defesa que vai produzir
trazendo a notícia de que alguém morreu”);
sintomas.
pode também se manifestar na hipocondria.
- O pensamento é um modo de elaboração
- Ansiedade: elemento de fundo que surge às
que vai produzir o luto ou a criação de algo
vezes sem conteúdo associado (seria uma
novo.
espécie de ataque de pânico) ou com o que
• O sintoma é uma “formação de compromisso”
fizer mais sentido no momento; pode
(revela e esconde o que foi reprimido).
manifestar-se em fome descontrolada,
• O recalque é um “recurso mágico”.
sudorese, pavor nocturnus, outros.
- A ideia conflitiva/traumática desaparece da
• Nesse momento, qual seria a etiologia (origem) da
minha consciência e não sofro mais com ela,
neurose de angústia para Freud? É sempre sexual.
por outro lado produz sintomas (Por
- Angústia virginal ou de adolescentes:
conversão: histeria; Por deslocamento:
primeiro contato com o sexo.
obsessão).
- Angústia por terem maridos impotentes,
com ejaculação precoce ou que praticam o
A TERAPÊUTICA
coito interrompido.
• O método catártico não era um método causal, mas
- Angústia em viúvas ou em mulheres
sintomático.
abstêmias.
- Proporcionava uma certa quantidade de
- O mesmo vale para os homens.
pensamento mas permanecia primariamente
• O aumento de excitação sexual e, a falha em
inconsciente, não trabalhava (e superava) as
descarregar tal excitação predispõe os indivíduos para
defesas do ego.
a neurose de angústia: basta que algo, por menor que
- A hipnose é um estado semelhante ao sono,
seja, ocorra e eles ficarão doentes.
no sono o ego está num “funcionamento
mínimo”.
• A associação livre trabalha com o ego desperto,
trabalha as resistências do sujeito à lembrança, ao
pensar aquilo que é doloroso/vergonhoso.
- Gera um aumento do auto-conhecimento,
um aumento da potência de pensar e aceitar
tudo aquilo que é humano (e não só a parte
“bonita” de nós mesmos).
FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE: dos sonhos é desfazer o que o trabalho do
A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS sonho teceu”.
• Analisando diversos sonhos através da associação
A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS (1900) livre e conhecendo os mecanismos que atuam nesse
• Neste livro Freud lança as ideias que modificam “trabalho do sonho”, Freud chega à tese central:
completamente a compreensão sobre os sonhos que - “O sonho é a realização (dissimulada) de um
se tinha até então, tanto para os leigos quanto para a desejo (reprimido, recalcado)”.
comunidade científica: • Essa tese é mais fácil de ser vista em crianças, cujos
- Popularmente eram oferecidos “dicionários sonhos são mais “transparentes”... os adultos
de sonhos” que tinham como função decifrar realizam um trabalho maior de distorção de seus
as mensagens oníricas e prever o futuro. Essa desejos inconscientes (por estarem mais cientes das
tradição vem da antiguidade, que pensava nos normas morais/sociais).
sonhos como modos dos deuses se - No texto, Freud cita o exemplo de uma
comunicarem com os homens. menina (na verdade sua filha) que desejava
- Cientificamente o sonho era visto como uma comer morangos no dia anterior ao sonho,
produção caótica, sem significado que ocorria mas que teve seu pedido negado. No dia
por conta de estímulos físicos. seguinte ela sonha que havia comido uma
• Para Freud o sonho é uma produção própria de cesta inteira de morangos silvestres.
quem sonha (não é imposto de fora) e contém um • Nos adultos o sonho tem a mesma função:
significado particular. realização de um desejo. Entretanto por esses desejos
• A descoberta dos significados dos sonhos veio da serem reprováveis (conteúdo sexual, agressivo,
utilização da associação livre, que já vinha alcançando desonesto etc), o inconsciente distorce esse conteúdo
resultados no tratamento das histéricas. através dos mecanismos de formação do sonho:
• Freud considerou “A Interpretação dos Sonhos” - Condensação: o sonho reúne em um único
como seu livro mais importante, segundo E. Jones. elemento vários elementos (ideias,
• Muitos leitores encontram, neste livro, as primeiras pensamentos, crenças) que nem sempre tem
intuições sobre vários aspectos da mente humana que uma única cadeia de ligação entre eles.
Freud irá desenvolver ao longo de sua vida. - Deslocamento: aqui vemos como o sonho
- “A interpretação dos sonhos é via régia que transfere a importância de um elemento para
conduz ao conhecimento do inconsciente da outro, ou seja, a parte importante do sonho
vida psíquica”. aparece num elemento acessório, enquanto
• A obra tem mais de 700 páginas e conta com a outra parte insignificante aparece com toda a
análise de cerca de 200 sonhos, 47 deles do próprio intensidade.
Freud. - Procedimento de representação: é a
- Freud analisa vários sonhos seus sozinho ou transformação de pensamentos em imagens,
com a ajuda de Fliess... especialmente após a é como se o sonho transformasse uma notícia
morte de seu pai esse processo lhe ajudou em quadrinhos.
muito. - A elaboração secundária: o sonho se esforça
• É uma obra de difícil acesso para o iniciante em por dar um aspecto coerente e inteligível ao
psicanálise, pois não tem um gênero literário definido seu conteúdo. Quando acabamos de acordar e
(é um misto de autobiografia com ensaio filosófico). tivemos um sonho, nem sempre ele nos
• A pedido do editor, Freud escreve o texto “Sobre o parece bizarro, ele tem uma aparência
sonho” (1901) que é um resumo desta magnum opus. coerente... mas, se pararmos para examinar
com calma o sonho, veremos várias
SOBRE O SONHO (1901) inconsistências nele. Esse mecanismo pode
• Freud se pergunta qual o tipo de processo psíquico falhar a depender do conteúdo latente.
que transforma o conteúdo latente em manifesto pois • Por que todo esse trabalho? Freud responde que o
está interessado em fazer o caminho inverso! principal motivo da deformação do sonho é a censura.
- Através de distorções, o conteúdo latente - A censura se localiza na fronteira do
(inconsciente) torna-se conteúdo manifesto inconsciente para o consciente, e só deixa
(consciente), mas essas distorções tornam passar aquilo que é agradável, aquilo com o
irreconhecível a ideia original. que o indivíduo se reconhece ou é indiferente,
- Esse trabalho de “disfarçar” o conteúdo todo o resto é retido no inconsciente e fica em
inconsciente é chamado de “trabalho do estado de repressão (é o reprimido).
sonhos”. O trabalho inverso é o “trabalho de - Em estados relaxados, como ocorre no sono,
análise”, daí que: “A tarefa da interpretação a censura perde um pouco sua força e o
reprimido pode surgir na consciência (via
sonho, por exemplo), entretanto a censura
nunca deixa de existir completamente.
- O sonho que é lembrado (conteúdo
manifesto) é então uma solução de
compromisso: o que foi reprimido pode voltar
à consciência contanto que não apareça de
forma descarada.

A ANÁLISE DOS SONHOS HOJE


• Os psicanalistas pós-freudianos ampliaram
muitíssimo o alcance da psicanálise, entretanto a
análise dos sonhos permanece praticamente
inalterada, com pouca ou nenhuma contribuição,
posto que Freud esgotou o tema em seu livro.
• A análise do sonho ainda permanece sendo uma
técnica relevante para acessar conteúdos
inconscientes do paciente, entretanto cada vez mais
vem sendo substituída pela análise da transferência.
• Quando lemos um relato de análise é bastante
comum encontrar um exemplo de sonho que ilustra a
questão central do paciente naquele momento.

Você também pode gostar