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1º BIMESTRE:
Latim: Transmittere.
Sig.: “atribuir a outrem; referir; contar; transferir; transportar.
- “Trans”: através.
- “Mittere”: enviar.
“(...) A inclusão da Psicanálise no currículo universitário seria sem dúvida olhada com satisfação
por todo psicanalista. Ao mesmo tempo, é claro que o psicanalista pode prescindir
completamente da universidade sem qualquer prejuízo para si mesmo. Porque o que ele
necessita, em matéria de teoria, pode ser obtido na literatura especializada e, avançando ainda
mais, nos encontros científicos das sociedades psicanalíticas, bem como no contato pessoal com
os membros mais experimentados dessas sociedades. No que diz respeito à experiência prática,
além do que adquirir com a sua própria análise pessoal, pode consegui-la ao levar a cabo os
tratamentos, uma vez que consiga supervisão e orientação de psicanalistas reconhecidos. ”
(FREUD, 1919).
1
Termo derivado das belas-artes (sublime), da química (sublimar) e da psicologia (subliminar), para
designar ora uma elevação do senso estético, ora uma passagem do estado sólido para o estado gasoso, ora,
ainda, um mais-além da consciência. Sigmund Freud* conceituou o termo em 1905 para dar conta de um
tipo particular de atividade humana (criação literária, artística, intelectual) que não tem nenhuma relação
aparente com a sexualidade*, mas que extrai sua força da pulsão* sexual, na medida em que esta se desloca
para um alvo não sexual, investindo objetos socialmente valorizados. (ROUDINESCO & PLON, 1998).
2
Ler: Freud: uma vida para o nosso tempo, de Peter Gay.
▪ 1880: Breuer inicia o tratamento de Anna O.
▪ 1881: Freud obtém seu diploma de médico.
▪ 1882: Sem recursos materiais, ele não pode prosseguir a carreira de
pesquisador. Em abril conhece Martha Bernays e se torna seu noivo
no mês de junho. Ele ingressa no Hospital Geral de Viena. Breuer fala-
lhe do Caso de Anna O., e Freud se interessa.
▪ 1883: Freud torna-se assistente de Meynert e decide especializar-se em
neurologia.
▪ 1884: Freud descobre as propriedades analgésicas da cocaína. Ele
começa a tratar com eletroterapia pacientes que sofrem de doença
nervosa.
▪ 1885: Freud ganha uma bolsa da Universidade para realizar pesquisas
e escolhe ir a Paris para estudar com Charcot.
▪ 1886: Freud estabelece um consultório particular e casa-se com
Martha.
▪ 1887: Nascimento da 1ª filha – Mathilde. Freud começa a utilizar a
hipnose. Conhece Fliess.
▪ 1888: Freud aplica, pela primeira vez, um método inspirado em Breuer
em Emmy Von N. (Emmy Moser).
▪ 1889: Nascimento de seu primeiro filho, Jean-Martin.
▪ 1890: Freud começa a utilizar o método catártico.
▪ 1891: No seu 35º aniversário, recebe de seu pai a Bíblia familiar com
uma dedicatória em hebraico. Nascimento de seu 2º filho, Oliver. A
família se instala no nº 19 da Berggasse. Publica seu 1º livro “Sobre a
concepção das afasias”, e o dedica para Freud.
▪ 1892: Uma das suas pacientes (Elisabeth Von R.) inspira-lhe no
método da associação livre. Nascimento de seu terceiro filho, Ernst.
▪ 1893: Freud vai a Berlim para encontrar Fliess. Formula, numa carta a
Fliess, a teoria da sedução traumática, que abandonará 4 anos mais
tarde. Morte de Charcot. Nascimento de sua segunda filha, Sophie.
▪ 1894: Freud escreve artigo sobre “As psiconeuroses de defesa”.
▪ 1895: Publicação de “Estudos sobre a Histeria”. 23-24 de julho tem
um sonho (A injeção de Irma); pela 1ª vez interpreta esse sonho.
Escreve “Projeto para uma Psicologia científica”. Nascimento de sua
última filha, Anna.
▪ 1896: Rompimento com Breuer. Freud utiliza pela 1ª vez o termo
“Psicanálise”. Morte de seu pai, Jacob. Em uma carta a Fliess, Freud
utiliza pela 1ª vez o termo “aparelho psíquico”.
▪ 1897: Freud inicia a sua auto análise. Ele desiste da teoria da sedução.
Em carta a Fliess, formula sua 1ª interpretação da tragédia de Sófocles,
Édipo Rei.
▪ 1898: Termina a escrita de A Interpretação dos Sonhos, exceto o cap.
VII.
▪ 1899: Publica “A Interpretação dos Sonhos”, datado pelo editor como
sendo de 1900.
▪ 1900: Fliess acusa Freud de roubar sua ideia sobre a bissexualidade e
os dois rompem.
▪ 1901: Publica “Sobre a psicopatologia da vida cotidiana”.
▪ 1902: Freud é nomeado professor extraordinário. Criação da
Sociedade psicológica das Quartas-feiras, em Viena.
▪ 1905: Publica “Três Ensaios”; “Caso Dora”.
▪ 1906: Início da correspondência com Jung.
▪ 1907: Início da análise de Ernst Lanzer (O homem dos ratos);
▪ 1908: A Sociedade psicológica das Quartas-feiras torna-se a sociedade
psicanalítica de Viena.
▪ 1909: Viagem aos EUA com Jung e Ferenczi: conferência de Freud na
Clark University.
▪ 1910: Início da análise de Serguei Pankejeff (O homem dos lobos).
Ferenczi propõe a criação de uma organização internacional (a IPA).
Jung é eleito presidente.
▪ 1913: Ruptura definitiva com Jung.
▪ 1915: Freud escreve diversos artigos sobre a metapsicologia.
▪ 1920: Sophie, filha de Freud, morre aos 27 anos de gripe espanhola.
▪ 1923: Freud descobre um câncer na mandíbula. Morte de Heinerle,
neto preferido de Freud, segundo filho de sua filha Sophie.
▪ 1930: Freud recebe o prêmio Goether em Frankfurt. A mãe de Freud
morre aos 95 anos.
▪ 1933: Nazistas queimam os livros de Freud em Berlim. Emigração em
massa dos psicanalistas alemães.
▪ 1938: Freud deixa Viena, com sua mulher e sua filha Anna, graças a
ajuda da princesa Marie Bonaparte.
▪ 1939: 23 de setembro – morte de Freud, às 3 horas da manhã.
Charcot e a Hipnose:
No inverno de 1885, Freud vai a Paris e assiste ao curso de Charcot, cujas aulas práticas eram
ministradas na Salpêtrière, e adere entusiasticamente ao modelo fisiológico oferecido por ele para a
histeria. Os aspectos mais salientados tanto por Charcot como por Freud, nesse período, eram os que
diziam respeito ao fato de que a histeria não era uma simulação, que ela era uma doença funcional com
um conjunto de sintomas bem definido e na qual a simulação desempenhava um papel desprezível.
Outro ponto enfatizado por ambos foi que a histeria era tanto uma doença feminina como masculina,
desfazendo dessa forma a ideia de que apenas as mulheres padeciam de manifestações histéricas (como
sugeria o próprio termo “ histeria”, que deriva da palavra grega hystéra, que significa “ útero”).
3
O pressuposto do mesmerismo era o de que os seres animados estavam sujeitos às influências magnéticas,
pois os corpos dos animais e do homem são dotados das mesmas propriedades que o ímã. Essas ideias
levaram Anton Mesmer, doutor em medicina pela Universidade de Viena, a experimentar clinicamente a
eficácia do magnetismo. A novidade de Mesmer residiu em substituir o ímã, que era comumente empregado
com fins terapêuticos, pelo seu próprio corpo. Não há necessidade de ímãs, basta o contato de sua mão para
que o efeito terapêutico seja alcançado.
• A teoria do trauma psíquico de Charcot terá absoluta repercussão sobre os escritos
iniciais de Freud. Todavia, muito embora se configure de suma importância sua
existência inicial, paradoxalmente ela se tornará o maior impeditivo para tudo que
de mais consistente se construirá posteriormente na teoria freudiana: a teoria da
sexualidade, a teoria edipiana, etc.
• No início, para Freud, é necessário que haja uma sugestão do médico ao paciente
para que através deste modo sugestivo consiga-se eliminar os sintomas.
Explicando: coloca-se o paciente sob o efeito hipnótico, para que assim, faça-se
sugestões que removam os sintomas apresentados.
• Esse procedimento, porém, apenas elimina o sintoma, mas não remove a causa.
Freud propõe, então, que se empregue um método elaborado por Joseph Breuer e
que consiste em fazer o paciente remontar, sob efeito hipnótico, à pré-história
psíquica da doença a fim de que possa ser localizado o acontecimento traumático
que originou o distúrbio (Freud, ESB, v. I, p. 99).
• As influências do Dr. Breuer começaram a se tornar bem mais incisivas que as de
Charcot, assim, Freud passou a trabalhar de maneira mais próxima com aquele
que tanta admirava: Dr. BREUER.
• Breuer era grande amigo de Freud e que no início da carreira de Freud o ajudou
bastante. Breuer acreditava na genialidade e competência de Freud e assim dividiu
com ele muitas das suas aflições clínicas.
• Breuer teve grande influência em boa parte das pesquisas iniciais de Freud e em
sua vida pessoal também. Alguns biógrafos afirmam que a figura desempenhada
por Breuer para Freud era a figura paterna.
• Freud inventou o método catártico para a histeria. Redigiu, juntamente com Freud,
a obra inaugural da Psicanálise “Estudos sobre a Histeria”. Ademais, Breuer teve
uma importante paciente para a história da Psicanálise, Bertha Pappenheim, mais
conhecida como Anna O.
• Muitas discordâncias pesaram na relação de Breuer e Freud, sobretudo no que
tange ao entendimento da histeria, da sexualidade e da ciência. Freud queria
construir uma obra teórica absolutamente inovadora para a época; enquanto
Breuer continuava um erudito clássico, ligado aos princípios da fisiologia de seu
tempo.
• Anna O. (Bertha Pappenheim), era uma jovem que era extremamente controlada
pelos pais e que tornou-se mundialmente conhecida por ser considerada como o
caso clínico inaugural da Psicanálise. O interessante é que Anna O. era paciente
de Breuer e não de Freud.
• Anna O. começou a desenvolver um conjunto de sintomas muito chamativos,
como: alucinações em que os ponteiros do relógio se deformam, em que ela vê
cobras no jardim, ela se vê impossibilitada de beber qualquer líquido que não seja
suco, ela perde a capacidade falar alemão e passa a falar somente em inglês, ela
sente muitas dores no corpo e produz um estrabismo convergente nos olhos. Os
sintomas produzidos por Anna O. são indubitavelmente desafiadores.
• Freud e Breuer escrevem “Estudos sobre histeria” a quatro mãos e têm muitas
divergências, pois cada um tem um entendimento distinto sobre a Histeria.
• Para Breuer, a histeria é paradigmática. Para ele, a histeria é uma espécie de
retenção de afeto, que se descola para o corpo como uma forma de conversão (este
que é sintoma principal da histeria. Freud acompanhava esta ideia até certo ponto,
pois ele acreditava que estes afetos retidos, estas emoções retidas, eram de
natureza sexual.
• Freud escutava e discutia com Breuer a respeito do caso de Anna O., mas era
Breuer quem ia até a casa da referida paciente e a submetia a sessões diárias de
hipnose.
• Breuer utilizava-se daquilo que denominou de método catártico.
O método catártico.
• Breuer intitulo o seu método clínico de catártico (de Kátharsis, que significa
purgação), pois o que ocorria durante o tratamento era uma “purgação” ou uma
descarga do afeto que estava originalmente ligado à uma experiência traumática.
▪ TRAUMA E DEFESA
o Freud passa a aplicar uma técnica que unia a sugestão hipnótica à catarse. Com o
tempo, porém, verifica que a sugestão, por seu caráter excessivamente diretivo e
coercitivo, acabava criando um obstáculo à pesquisa. Nesse momento, abandona
a hipnose e se defronta com um fenômeno que não podia ocorrer com o paciente
sob efeito hipnótico: a defesa. Tem início, então, sua independência com relação
a Breuer e a seus contemporâneos, incluindo-se aí Charcot e Bernheim.
o Sob essa forma, defesa não se confunde com recalque, já que este último possui
uma especificidade que não encontramos na primeira. Com o emprego cada vez
mais constante da noção e pelo fato de Freud passar a referi-la mais à pulsão do
que às excitações provenientes de fonte exógena, a defesa passa a ser vista com
uma operação que se exerce de forma inconsciente.
A QUESTÃO DA INTERPRETAÇÃO:
O DESEJO EM CENA:
O Projeto:
Publicado em 1895, o Projeto para uma psicologia científica é uma forma que
Freud encontrou para transformar tudo aquilo em que acreditava e que estava
debruçado estudando em Ciência, de fato.
Todavia, o Freud médico ainda estava muito presente nos escritos iniciais de
Freud.
Segundo o próprio Freud, o Projeto para uma psicologia científica é:
4
Já definido na página 10 desta apostila.
Das percepções que nos chegam, resta um traço em nosso aparelho psíquico
que podemos chamar de “traço mnêmico”. Chamamos de “memória” a função
relacionada com esse traço mnêmico [o qual] apenas pode consistir em
modificações permanentes nos elementos dos sistemas.
5
Ler: Freud e o Inconsciente, de Garcia-Roza, capítulo “A pré-história da Psicanálise II”.
O processo primário e o processo secundário é uma prefiguração da oposição entre princípio da realidade
e princípio do prazer.
Assim como ele adormece depois da mamada, o adulto também adormece depois
da refeição e da cópula (Freud, ESB, v. I, p. 444).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
6
Ler: Capítulo VII da Interpretação dos Sonhos, de Freud.
GAY, P. Freud: uma vida para o nosso tempo. São Paulo: Companhia das Letras,
1989.
MEZAN, R. Freud: pensador da cultura. São Paulo: Companhia das Letras, 1985.
MITO ÉDIPO REI: Laio, rei da cidade de Tebas e casado com Jocasta, foi advertido
pelo oráculo de que não poderia gerar filhos e, se esse mandamento fosse desobedecido,
ele seria morto pelo próprio filho, que se casaria com a mãe.
O rei de Tebas não acreditou e teve um filho com Jocasta. Depois arrependeu-se do que
havia feito e mandou abandonarem a criança numa montanha com os tornozelos furados
para que ela morresse. A ferida que ficou no pé do menino é que deu origem ao nome
Édipo, que significa pés inchados. O menino não morreu e foi encontrado por alguns
pastores, que o levaram a Polibo, o rei de Corinto, este que o criou como filho legítimo.
Já adulto, Édipo também foi até o oráculo de Delfos para saber o seu destino. O oráculo
disse que o seu destino era matar o pai e se casar com a mãe. Espantado, ele deixou
Corinto e foi em direção a Tebas. No meio do caminho, encontrou com Laio que pediu
para que ele abrisse caminho para passar. Édipo não atendeu ao pedido do rei e lutou com
ele até matá-lo.
Sem saber que havia matado o próprio pai, Édipo prosseguiu sua viagem para Tebas. No
caminho, encontrou-se com a Esfinge, um monstro metade leão, metade mulher, que
atormentava o povo tebano, pois lançava enigmas e devorava quem não os decifrasse. O
enigma proposto pela esfinge era o seguinte: Qual é o animal que de manhã tem quatro
pés, dois à tarde, e três à noite? Ele disse que era o homem, pois na manhã da vida
(infância) engatinha com pés e mãos, à tarde (idade adulta) anda sobre dois pés e à noite
(velhice) precisa das duas pernas e de uma bengala. A Esfinge ficou furiosa por ter sido
decifrada e se matou.
O povo de Tebas saudou Édipo como seu novo rei, e entregou-lhe Jocasta como esposa.
Depois disso, uma violenta peste atingiu a cidade e Édipo foi consultar o oráculo, que
respondeu que a peste não teria fim enquanto o assassino de Laio não fosse castigado. Ao
longo das investigações, a verdade foi esclarecida e Édipo cegou-se e Jocasta enforcou-
se.
Por que elaborar uma teoria da sexualidade que tenha como pressuposto
básico a infância?
Qual a característica fundamental da sexualidade infantil? “Pequeno
perverso polimorfo”.
Que é, então, o Édipo? O Édipo é a experiência vivida por uma criança de cerca de
quatro anos que, absorvida por um desejo sexual incontrolável, tem de aprender a limitar
seu impulso e ajustá-lo aos limites de seu corpo imaturo, aos limites de sua consciência
nascente, aos limites de seu medo e, finalmente, aos limites de uma Lei tácita que lhe
ordena que pare de tomar seus pais por objetos sexuais. Eis então o essencial da crise
edipiana: aprender a canalizar um desejo transbordante. No Édipo, é a primeira vez na
vida que dizemos ao nosso insolente desejo: “Calma! Fique mais tranquilo! Aprenda a
viver em sociedade!” Assim, concluímos que o Édipo é a dolorosa e iniciática passagem
de um desejo selvagem para um desejo socializado, e a aceitação igualmente dolorosa de
que nossos desejos jamais serão capazes de se satisfazer totalmente.
O Édipo, no entanto, é mais que uma crise sexual e uma fantasia que ela modela
no inconsciente; é também um conceito, o mais crucial dos conceitos psicanalíticos.
Diria que é a própria psicanálise, uma vez que o conjunto dos sentimentos que a criança
experimenta durante essa experiência sexual que chamamos de complexo de Édipo é,
para nós psicanalistas, o modelo que utilizamos para pensar o adulto que somos. Assim
como a criança edipiana, percebemos a escalada do desejo pelo outro, forjamos
fantasias, sentimos prazer com nosso corpo ou o corpo do outro, temos medo de ser
superados por nossos impulsos e aprendemos, finalmente, a refrear nosso desejo e
nosso prazer para viver em sociedade. Que é a psicanálise senão uma prática sustentada
por uma teoria que concebe o homem de hoje a partir da experiência edipiana vivida
por todas as crianças quando têm de aprender a refrear seu desejo e moderar seu
prazer?
Enfim, o Édipo é também um mito, já que essa crise real e concreta vivida por
uma criança de quatro anos, é uma explosiva alegoria da luta entre as forças impetuosas
do desejo sexual e as forças da civilização que se lhe opõem. O melhor desfecho para
essa luta é um compromisso chamado pudor e intimidade.
Em resumo... O Édipo é:
1. É uma chama de sexualidade vivida por uma criança de quatro anos no cerne da
relação com seus pais.
2. É uma fantasia sexual forjada inocentemente pelo menino ou pela menina para aplacar
o ardor de seu desejo.
3. É também a matriz de nossa identidade sexual de homem e de mulher, pois é durante
a crise edipiana que a criança sente pela primeira vez um desejo masculino ou feminino
em relação ao genitor do sexo oposto.
4. É ainda uma neurose infantil, modelo de todas as nossas neuroses adultas.
5. É uma fábula simbólica que põe em cena uma criança encarnando a força do desejo,
e seus pais encarnando tanto o objeto desse desejo quanto o interdito que o refreia.
6. É a chave-mestra da psicanálise. É o conceito soberano que gera e organiza todos os
outros conceitos psicanalíticos e justifica a prática da psicanálise.
7. É, enfim, o drama infantil e o inconsciente que todo analisando representa na cena do
tratamento ao tomar seu psicanalista como parceiro.
A sexualidade infantil:
- A teoria da sexualidade infantil representa o fundamento essencial da teoria psicanalítica
desenvolvida por Freud no segundo dos Três ensaios (...). Essa teoria causou polêmica
na época, o que não significa que a sexualidade infantil teria sido negada no século XIX.
O que se negou foi a forma como Freud abordou o tema, pois a sexualidade infantil era
entendida sob formas de controle e vigilância exercidas sobre a criança.
- Autoerotismo: A primeira vez que Freud empregou o termo “autoerotismo” foi numa
carta a Fliess, em 9 de dezembro de 1899, e designou como o estrato sexual mais
primitivo, agindo com independência de qualquer fim psicossexual e exigindo somente
sensações locais de satisfação (FREUD, 2006, 377).
DESENVOLVIMENTO NA PSICANÁLISE
Metapsicologia freudiana:
- Os artigos da Metapsicologia representam a tentativa mais concentrada de Freud de
esclarecimento das bases teóricas sobre as quais está assentada a psicanálise. Os cinco
artigos que compõem o conjunto — As pulsões e seus destinos, O recalque, O
inconsciente, Suplemento metapsicológico à teoria dos sonhos e Luto e melancolia —
fazem parte de uma coletânea de 12 artigos da qual os outros sete se perderam. Todos os
artigos restantes foram escritos no ano de 1915 quando Freud teve sua clínica bastante
reduzida em decorrência da eclosão da Primeira Guerra Mundial.
- “A teoria das pulsões é, por assim dizer, nossa mitologia” , escreve Freud (ESB, v. XXII,
p. 119).
- Como se dá a pulsão em Freud: ela nunca se dá por si mesma (nem a nível consciente,
nem a nível inconsciente), ela só é conhecida pelos seus representantes: a ideia
(Vorstellung) e o afeto (Affekt). Além do mais, ela é meio física e meio psíquica. Daí seu
caráter “mitológico”
- Paulo César de Souza considera a tradução francesa de trieb por pulsion como uma
resposta a uma biologização injustificável que a tradução inglesa do mesmo termo por
instinct provocou.
▪ Ponto centralizadores:
- Pulsão difere-se do instinto7, não se reduz às simples atividades sexuais;
- Há quatro características da pulsão para Freud:
“A “força” ou “pressão” constitui a própria essência da pulsão e a situa como o motor
da atividade psíquica. O “alvo”, isto é, a satisfação, pressupõe a eliminação da excitação
que se encontra na origem da pulsão; esse processo pode comportar “alvos
intermediários” ou até fracassos, ilustrados pelas pulsões — chamadas de pulsões
7
Por instinto se entende um comportamento inato, fixado hereditariamente, comum aos indivíduos de uma
espécie: o instinto migratório de certas aves, por exemplo. Em resumo: instinto é um comportamento pré-
fixado em uma determinada espécie e que prescinde que você siga o mesmo padrão comportamental outrora
estabelecido pela sua espécie.
Segundo Laplanche & Pontalis (2008, p. 241), Instinto é “(...) classicamente, esquema de comportamento
herdado, próprio de uma espécie animal, que pouco varia de um indivíduo para outro, que se desenrola
segundo uma sequência temporal pouco suscetível de alterações e que parece corresponder a uma
finalidade”.
“inibidas quanto ao alvo” — que se desviam parcialmente de sua trajetória. O “objeto”
da pulsão é o meio de ela atingir seu alvo, e nem sempre lhe está originalmente ligado.
(Alfred Adler, citado por Freud, havia assinalado isso ao falar do “entrecruzamento das
pulsões”: um mesmo objeto pode servir, simultaneamente, para a satisfação de várias
pulsões.) Por último, a “fonte” das pulsões é o processo somático, localizado numa parte
do corpo ou num órgão, cuja excitação é representada no psiquismo pela pulsão.”
Da infância à puberdade, a pulsão sexual não existe como tal, mas assume a forma
de um conjunto de pulsões parciais, as quais é importante não confundir com as
pulsões classificadas por categoria (cuja existência Freud sempre rejeitou, como
é atestado, por exemplo, por sua refutação da ideia de uma pulsão gregária em
Psicologia das massas e análise do eu). O caráter sexual das pulsões parciais, cuja
soma constitui a base da sexualidade infantil, define-se, num primeiro momento,
por um processo de apoio em outras atividades somáticas, ligadas a determinadas
zonas do corpo, as quais, dessa maneira, adquirem o estatuto de zonas erógenas.
Assim, a satisfação da necessidade de nutrição, obtida através do sugar, é uma
fonte de prazer, e os lábios se transformam numa zona erógena, origem de uma
pulsão parcial. Num segundo momento, essa pulsão parcial, cujo caráter sexual é
assim ligado ao processo de erotização da zona corporal considerada, separa- se
de seu objeto de apoio para se tornar autônoma. Funciona então de maneira auto
erótica. Esse registro do autoerotismo constitui a fase preparatória da instauração
do que Freud chamaria, alguns anos depois, de narcisismo primário, resultante da
convergência das pulsões parciais para o eu inteiro, e não mais apenas para uma
zona corporal específica. Posteriormente, a pulsão sexual pode encontrar sua
unidade através da satisfação genital e da função da procriação.
O conceito de Narcisismo:
- O termo “narcisismo” foi empregado pela primeira vez por Freud em 1909, durante uma
reunião da Sociedade Psicanalítica de Viena, quando o apontou como um estágio
necessário entre o autoerotismo e o amor objetal. Nesse mesmo ano, ao preparar a
segunda edição dos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, incluiu uma nota de
rodapé sobre a natureza bissexual do indivíduo, na qual o termo “narcisismo” aparece
pela primeira vez em seus escritos.
- A leitura desse artigo supõe, contudo, que tenhamos passado previamente pelos Três
ensaios sobre a teoria da sexualidade, de 1905. Isto não apenas pela nota de rodapé na
qual Freud faz menção ao narcisismo, mas sobretudo pelo conceito de autoerotismo
desenvolvido no ensaio que tem por título “A sexualidade infantil.
- Freud tem sua atenção despertada para a sexualidade, considerada fator importante na
constituição das neuroses, pelo menos dez anos antes da publicação dos Três ensaios.
Num artigo de 1895, que tem por título “Sobre a justificativa de se separar da neurastenia
uma determinada síndrome intitulada ’neurose de angústia’”, ele aponta o acúmulo de
excitação sexual não descarregada como o fator preponderante na etiologia da neurose.
Nesse mesmo texto, distingue a excitação sexual somática da libido sexual de ordem
psíquica, embora ainda não considere esta última inconsciente.
Sexualidade infantil:
A teoria da libido:
- A libido é concebida por ele como uma energia psíquica, como a expressão anímica da
pulsão sexual,21 ou ainda como uma força suscetível de variações quantitativas que
poderia servir de medida para os processos e as transformações no domínio da excitação
sexual. O fato, porém, é que ela não se constitui numa ideia clara e distinta para a
psicanálise. A palavra libido, em latim, tem uma significação aproximada a “vontade” e
“desejo”; Freud assinala que a palavra alemã mais aproximada do que ele pretende
designar por “libido” é Lust (prazer, gana), mas que é inadequada porque designa tanto a
sensação de necessidade como a de satisfação; finalmente, em várias passagens, emprega
os termos “libido” e “pulsão sexual” como se fossem sinônimos.
1. A libido é referida à pulsão sexual e apenas a ela, sendo irredutível a qualquer outra
forma de energia anímica. A ênfase de Freud sobre este ponto era justificada pelo fato de
Jung ter proposto uma libido primordial indiferenciada que poderia ser sexualizada ou
dessexualizada. O conceito deixa de designar a energia sexual e passa a designar uma
tensão geral, indeterminada, uma espécie de élan vital. O que para Jung soava como uma
ampliação do conceito, para Freud soava como uma diluição que, além de não trazer
qualquer benefício teórico, obscurecia o conceito por ele produzido.
ESQUEMA!
Bebê: behagen – sentir-se protegido
▪ Mal estar: limitação que a cultura impõe aos impulsos, que frustra os nossos
desejos.
▪ Consciência moral: parte essencial para o mal estar.
▪ Origem da cultura: o assassinato do pai da horda primevo.
Simbólico
▪ Gênese do Supereu: introjeção de uma culpa estruturante.
▪ Desgraças: castigo de um pai severo; alimentou a nossa culpa.
SANDOR FERENCZI
JACQUES LACAN
• Lacan sofria de inibições na escrita e precisou de ajuda para publicar seus textos
e transcrever o famoso seminário público, que se realizou de 1953 a 1979. Nove
seminários entre vinte e cinco foram “estabelecidos” e publicados por seu genro,
Jacques-Alain Miller, entre 1973 e 1995. O vigésimo sexto seminário, do ano
1978-1979, é “silencioso”, pois Lacan não mais podia falar.
• Jacques Lacan escreveu apenas um livro, sua tese de medicina de 1932 publicada
sob o título Da psicose paranóica em suas relações com a personalidade, na qual
relatou o caso de Marguerite Anzieu
• Na SPP, Lacan atraiu muitos alunos, fascinados pelo seu ensino e desejosos de
romper com o freudismo acadêmico da primeira geração francesa. Começou então
a ser reconhecido ao mesmo tempo como didata e como clínico.
• Seu senso agudo da lógica da loucura, sua abordagem original do campo das
psicoses* e seu talento lhe valeram, ao lado de Françoise Dolto, um lugar especial
aos olhos da jovem geração psiquiátrica e psicanalítica.
• Contestado, ao longo dessa crise, pela sua prática das sessões de duração variável
(ou sessões curtas), que questionavam o ritual da duração obrigatória (45-50
minutos), imposto pelos padrões da IPA, Lacan ficou do lado dos universitários.
Certamente, mostrava-se favorável à análise leiga, mas não compartilhava
nenhuma das teses de Lagache sobre a psicologia clínica*. Recusando qualquer
idéia de assimilação da psicanálise a uma psicologia qualquer, considerava os
estudos de filosofia, de letras ou de psiquiatria como as três melhores vias de
acesso à formação dos analistas. Reatou assim com o programa projetado por
Freud, quando do congresso da IPA em Budapeste, em 1918.
• Em 1964, a SFP foi dissolvida e Lacan fundou a École Freudienne de Paris (EFP),
enquanto a maioria de seus melhores alunos se posicionou ao lado de Lagache, na
Associação Psicanalítica da França (APF), reconhecida pela IPA. Obrigado a
deslocar seu seminário, Lacan foi acolhido, graças à intervenção de Louis
Althusser, em uma sala da École Normale Supérieure (ENS), na rue d’Ulm, onde
pôde prosseguir seu ensino.
FREUD, Sigmund. Carta 71 (1897). In: FREUD, Sigmund. Edição Standard brasileira
das obras psicológicas completas de Sigmund Freud: Rio de Janeiro: Imago, 1976. v.
I,
FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905). In: FREUD,
Sigmund. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund
Freud: Rio de Janeiro: Imago, 1976. v. VII
FREUD, Sigmund. Esclarecimento sexual das crianças (1907). In. FREUD, Sigmund. In:
FREUD, Sigmund. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de
Sigmund Freud: Rio de Janeiro: 1976. v. IX
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FREUD, Sigmund. Sobre as teorias sexuais das crianças (1908b). In: FREUD, Sigmund.
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de Janeiro: Imago, 1976. v. IX
FREUD, Sigmund. Sobre o narcisismo (1914). In: FREUD, Sigmund. Edição Standard
brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud: Rio de Janeiro:
Imago, 1976. v. XIV
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES: