1) O documento apresenta um resumo da primeira aula de um seminário sobre fundamentos da psicanálise.
2) O professor discute como Freud redesenhou a topografia da mente humana, dividindo-a entre consciente, pré-consciente e inconsciente.
3) A segunda tópica de Freud é explicada, dividindo a mente em Id, Superego e Ego.
Descrição original:
Uma introdução aos primeiros estudos de Freud a partir da Histeria, ainda como aluno de Charcot, juntando-se a Jozef Breuer e, abandonando a Hipnose, seguem, por um lado, o método catártico [Breuer] e o que viria a se chamar de psicanálise, o método de associação livre de palavras [Freud], pois como as histéricas mentiam muito [frequentemente sem saber, fantasiando, criando falsas memórias de forma não intencional], intuiu existir uma parte da estrutura da mente a qual chamou de inconsciente.
Título original
Aula 1 O Inconsciente para a Psicanálise 15_09_2021
1) O documento apresenta um resumo da primeira aula de um seminário sobre fundamentos da psicanálise.
2) O professor discute como Freud redesenhou a topografia da mente humana, dividindo-a entre consciente, pré-consciente e inconsciente.
3) A segunda tópica de Freud é explicada, dividindo a mente em Id, Superego e Ego.
1) O documento apresenta um resumo da primeira aula de um seminário sobre fundamentos da psicanálise.
2) O professor discute como Freud redesenhou a topografia da mente humana, dividindo-a entre consciente, pré-consciente e inconsciente.
3) A segunda tópica de Freud é explicada, dividindo a mente em Id, Superego e Ego.
Seminário – “Introdução aos Fundamentos da Psicanálise”
Aula 1: “O Inconsciente para a Psicanálise
Prof. Ferdinando Zapparoli
Durante quase todo o período da História Humana, o Homem considerou-se um ser
racional, consciente dos seus atos, predominantemente controlador da sua memória, admitindo no máximo haver uma espécie de pré-conciente, subconsciente, ou uma memória que poderia ser seletiva ou incapaz de armazenar tantas informações; mas de modo geral, era o único ser racional, capaz de controlar seus próprios instintos e criar não só tecnologia, mas um sistema político-social organizado. Embora acreditava-se em uma sociedade estática, em que as pessoas estavam predestinadas a determinados papeis num mundo de Leis imutáveis como as Leis da Física, Agostinho de Hipona [354-430] já admitia que, sendo religiosas, as pessoas eram diferentes umas das outras e, portanto, capazes de mudarem seu Destino. Entretanto, foi na segunda metade do séc. XIX que um neurologista vienense foi estudar com um famoso médico francês, Dr, Jean-Martin Charcot [especialista em histeria e que procurava o tratamento através da Hipnose], modificou para sempre a maneira de entender a mente humana: seu nome é Sigmund Freud. Um dos primeiros elementos que lhe chamaram a atenção, mas iria levar 10 anos para formatar-se como algo fundamental em suas teorias, foi o sonho. Por que sonhamos? O fato é que Freud redesenhou a topografia da mente humana na sua 1ª Tópica. Ele dividiu a mente em uma parte menor, a) Consciente, a instância que funciona quando estamos no estado de vigília, e portanto conseguimos ter controle sobre atos e memória; b) Pré-Consciente: uma espécie de arquivo, de banco de dados, de fácil acesso, onde estão as memórias que não podem estar o tempo todo no Consciente, caso contrário a vida seria inviável. Porém, e é aí que a revolução se dá, Freud notou que em determinados momentos significativos, aconteciam lapsos de memória, atos falhos, como esquecer ou trocar nomes e a questão dos chistes: piadas, brincadeiras que, na sua “não intenconalidade explícita” acabavam revelando as verdadeiras intenções do piadista, como inveja, por exemplo. Daí a concepção do c) Inconsciente: uma vasta instância da nossa mente, praticamente inascessível pela mente consciente, e que além de acumular memórias “esquecidas”, guardava eventos desagradáveis, apagados da memória acessível do Pré-consciente [Traumas], sem contar o fato de ser uma outra camada de pensamento, um outro Eu dentro de nós, capaz de pensar por si memo e ainda nos pregar peças, nos sabotar em situações chave. Logo Freud criou a 2ª Tópica, que complementa, ou habita a 1ª Tópica. 1) Id [“isso”, em Latim; “Es” em alemão; entretanto é curioso chamar atenção para o fato de que “ a criança”, neutro na língua germânica é, literalmente das Kind; no entanto, no cotidiano, o comum é tratar os pequerruchos por Es], o habitante do Inconsciente: o princípio do Prazer, do individualismo, o instinto, as vontades independentemente de qualquer limite ou respeito, moral, ética; mas o ser humano, que como os mamíferos superiores, nascemos SÓ Id, Inconsciente: o bebê, se tem fome, abre o berreiro, e logo a mãe dá o peito, se há de escoar os escrementos, não interessa local e momento: eles vão fluir. Entretanto, à medida que vamos crescendo, e nos tornando física e intelectualmente independentes, passamos a deixar de ser o centro do universo, cuja lógica era a de que todas as pessoas existiam para servir-nos e todas as coisas foram feitas para o nosso desfrute, começamos a interagir com a família, os vizinhos, a escola... enfim, passamos a ser introduzidos às regras escritas e não escritas, explícitas e implícitas da vida. Portanto passamos por um processo de endoculturação; embora a vontade de dormir até tarde e não ir trabalhar continue existindo, o 2) Superego [“Supereu” em Latim; em alemão “Überich”]: o guardião da Lei e da Ordem, o repressor cochicha no seu ouvido, “Levanta-te e anda, vais trabalhar que muitos desejam teu posto e teu salário que garante o teto que te protege a ti e aos seus das intempéries e coloca comida na mesa, não te preocupas com tal responsabilidade?”. Ato contínuo, por melhor que esteja a cama e por mais chato que seja o ofício, nás nos levantamos para matar o leão do dia. Ainda assim, o 3) Ego [“eu” em Latim; em alemão, “Ich”]: o comandante do Consciente, não é senhor da própra casa. Frequentemente praticamos atos impensados, impulsivos, dos quais nos arrependemos pouco tempo depois, como comprar roupas ou outros objetos, bugigangas que a publicidade nos empurra utilizando uma miríade de recursos persuasivos, fruto de estudos comportamentais, psicológicos, culturais e até mesmo de Ressonância Magnética Funcional [que pode detectar que áreas do cérebro estão mais ativas quando a pessoa vê uma imagem, uma combinação de cores, um vídeo de 30 seg.: se o fluxo sanguínio se concentrar em áreas do cérebro ligadas a determinado tipo de memória/prazer é possível, então, vender geladeira para esquimó. Às vezes também cometemos erros, fracassamos ou magoamos alguém. Como uma eforma de autoproteção, racionalizamos: ou seja, procuramos forjar justificativas plausíveis, costurando elementos muitas vezes sem muito nexo, a fim de salvagardar nossa reputação diante de nós mesmos. E muitas vezes apelamos, inconscientemente, para o deslocamento: temos em nós defeitos, comportamentos, hábitos que nos incomodam sobremaneira; então não temos o menor senso ético de atribuir a outrém defeitos que, para nossa plateia com cara de paisagem, todos sabem perfeitamente ser nosso calcanhar de Aquiles. Finalmente, vêm os moralistas de plantão, sempre querendo melar a diversão do outro. Ou seja: aquilo que é Tabu no EU; eu reprimo no OUTRO. Aula apresentada no dia 15 de setembro de 2021. Autor da resenha: Renato Leandro Pereira Gorgulho