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A estrutura da psique
Podemos resumir tudo o que foi dito com relação aos três
personagens discutidos acima e os conflitos que encerram em três curtas
frases: o superego luta por perfeição moral; o ego exige adequação à
realidade; o id esforça-se para obter prazer e evitar sofrimento,
independentemente dos meios e das conseqüências.
Para Freud, o princípio do prazer estaria de acordo com o instinto
primitivo do amor e da vida e corresponderia a um baixo nível de energia
psíquica. O desprazer, ou o sofrimento, por seu turno, implicaria
aumento do nível de energia psíquica e seria consentâneo com o impulso
da morte, ou da destruição. Isso se deve a que o aumento da energia
interior elevaria a entropia1 do psiquismo do indivíduo e a tendência do
sistema a desorganizar-se e retornar ao estado simples que caracteriza a
ausência de vida.
Esta é uma noção importante porque mostra o tremendo malefício
que as tensões internas – basicamente o sofrimento e o desprazer –
podem causar à saúde e à vida das pessoas e, por outro lado, o grande
benefício potencial do prazer, incluindo-se principalmente aí as relações
de amor. Chegamos assim, no coroamento do pensamento freudiano, a
uma concepção dinâmica da psique, representada pela variedade de
forças, conflitos e compromissos entre a busca do prazer (em seu sentido
amplo, e não apenas sexual) e a necessidade de adequação à realidade.
1
Entropia é um termo emprestado da física e que significa a quantidade de energia interna de um
dado sistema. Quanto mais elevado o nível de energia, mais próximo da desorganização e da
destruição estaria esse sistema.
Corpo e Alma: Soma e Psique 8
Quando a energia psíquica dirigida a um determinado impulso não
pode ser "gasta" em sua consecução, ela não desaparece2; apenas se
inibe, podendo ser reinvestida ou reaparecer sob formas diferentes do
impulso original, tais como transferências, sublimação etc. (Ver Capítulo
4). Quando não ocorre uma canalização satisfatória dessa energia, os
conflitos intrapsíquicos daí decorrentes geram neuroses e – acredito eu –
quase todas (ou todas?) as doenças.
2
Também a física nos ensina que a energia, tal como a matéria, não se cria nem desaparece, apenas
se transforma.