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ESTRATÉGIA VESTIBULARES

OBRAS LITERÁRIAS
Hamlet
William Shakespeare

Prof.ª Celina

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 1


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

Sumário
APRESENTAÇÃO 3

1- CONTEXTO HISTÓRICO 3

2- WILLIAM SHAKESPEARE 7

3 – RESUMO E ANÁLISE 9

4 – EXERCÍCIOS 33
4.1 – Lista de questões 33
4.2 – Gabarito 44

4.3 – QUESTÕES COMENTADAS 45

CONSIDERAÇÕES FINAIS 59

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Apresentação
Olá!

Na aula de hoje, vamos nos debruçar sobre uma obra de um dos autores mais conhecidos da
literatura: Hamlet, de William Shakespeare. Não é uma obra simples, nem de ler e nem de entender. Por
isso, vamos trabalhar profundamente para conseguir abarcar o que é preciso.

Nessa aula, então, você verá:

• Contexto histórico da obra e do momento em que foi escrita;

• William Shakespeare: características e principais obras; e

• Resumo e análise da obra.

Lembre-se que, para melhor aproveitamento dessa aula, o ideal é que você tenha lido o livro. Se
você ainda não tiver lido o livro, utilize esse material como guia para a leitura. Mas, atenção:

NÃO DEIXE DE LER O LIVRO!

Vamos lá?

1- Contexto histórico
No século XI, a Grã-Bretanha foi ocupada por nobres da Normandia, dando início a uma dinastia
política conhecida como Plantagenetas. João Sem Terra, o terceiro rei plantageneta a ascender ao trono,
teve seu governo marcado por violentas reações da nobreza britânica diante de suas tentativas de tributá-
los. Em junho de 1215, o monarca foi forçado a assinar a Magna Carta, na qual seus poderes eram
limitados em favor do Parlamento, uma instituição composta pelos súditos
mais importantes do reino.

Com a derrota da Inglaterra na Guerra dos Cem Anos um novo conflito


foi desencadeado entre membros da nobreza, a Guerra das Duas Rosas (1455-
1489). Disputada entre as dinastias Lancaster e York, que tinham rosas em seus
emblemas, a guerra causou milhares de mortos, e só terminou quando
Henrique Tudor, aliado dos Lancaster, assumiu o trono como Henrique VII e se
casou com Isabel de York. Foi o início da dinastia Tudor, responsável pela
consolidação do Estado absolutista na Inglaterra.

(Henrique VIII)

Na Inglaterra, a reforma religiosa ocorreu em condições distintas das observadas nos demais
países. Por não ter obtido herdeiros masculinos de sua esposa, o rei Henrique VIII apresentou ao papa

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um pedido de anulação de seu casamento com Catarina de Aragão. Diante da negativa de Roma, ele
decidiu romper com a Igreja católica para se casar com sua amante, Ana Bolena.

Contudo, havia algo maior em jogo: ao confrontar o poder papal, o monarca se colocou como líder
da Igreja anglicana, em 1534, acumulando, portanto, as funções de chefe de Estado e da Igreja. Ademais,
isso também deu margem para que fossem confiscados bens e terras da instituição católica na Inglaterra.

AVANÇOS CIENTÍFICOS E IMPASSES COM A IGREJA


A valorização do pensamento racional permitiu importantes avanços científicos
no período do Renascimento. Diferentemente dos pesquisadores do medievo, que
tomavam como irrefutáveis as explicações teológicas, o Homem desse período
recorreu à observação e à experimentação dos fenômenos para a construção do
conhecimento, promovendo uma verdadeira Revolução Científica na Europa.
É importante destacar que nesse período não temos a figura do cientista como
uma categoria profissional, daí a existência de renascentistas que contribuíram para o
desenvolvimento técnico de diversos campos do conhecimento. Um bom exemplo
disso é o italiano Leonardo da Vinci, que além da pintura e escultura também produziu
trabalhos de fisiologia, hidráulica, matemática e aeronáutica. Para transmitir as
sutilezas do corpo humano em suas obras, o italiano dissecou mais de 30 cadáveres.
Nos estudos de Astronomia, a grande contribuição do período foi o
desenvolvimento do heliocentrismo, teoria defensora de que a Terra e os demais
planetas orbitam em torno do Sol. Este estudo foi publicado postumamente pelo
clérigo Nicolau Copérnico, sendo duramente condenado pela Igreja. Segundo essa, a
Bíblia não deixava margens para a contestação do geocentrismo, ou seja, a ideia de
que a Terra se localizava no centro do Universo, com os demais corpos celestes
gravitando ao seu redor. As ideias de Copérnico foram retomadas por Johann Kepler,
descobridor dos períodos de rotação dos planetas, e Galileu Galilei, a partir do
aperfeiçoamento do telescópio.
Em alguns casos, os indivíduos responsáveis por contribuições científicas e
filosóficas sofreram represálias de instituições religiosas. Em 1633, o Tribunal do Santo
Ofício, criado pela Igreja Católica para julgar heresias, condenou Galileu à morte pela
defesa do heliocentrismo. Contudo, para não ser queimado vivo, o astrônomo negou
suas próprias ideias, e foi absolvido. Já o filósofo Giordano Bruno, outro simpático às
ideias de Copérnico, não teve a mesma sorte: defensor de que o Universo era infinito,
foi condenado à fogueira pela Inquisição em Veneza. O mesmo destino trágico teve o
teólogo Miguel de Servet, que desenvolveu estudos sobre o sistema circulatório com
cadáveres dissecados. Preso em Genebra, em 1553, Servet foi queimado vivo a mando
dos calvinistas que governavam a cidade.

(Retirado da aula 04 do curso de História para UFRGS, Professor Marco Túlio)

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A produção de Shakespeare, porém, se dá principalmente no


chamado Período elisabetano (1558 – 1603), período em que a Rainha
Elisabeth I era a rainha da Inglaterra. Esse período é considerado o período de
outro para a cultura e as artes britânicas. Esse também foi um período curto de
paz entre as religiões católica e protestante. A tensão entre as duas crenças
aparecerá na peça Hamlet.

Comparada com outras nações, a Inglaterra também se destacava: a


Itália já não era mais o centro intelectual do renascimento e a França, envolvida
com suas próprias discussões, não estava mais em conflito direto com a
Inglaterra. A Espanha era o único grande inimigo da coroa britânica, que
também se firmava como preponderante no tráfico de escravos.

O TEATRO ELISABETANO
O teatro elisabetano (1558 – 1625) foi um período de muita criação e mudanças no
fazer teatral. Também é chamado muitas vezes de Teatro Renascentista Inglês, pois se
estende até reinados posteriores. Ele não coincide necessariamente com o
Renascimento do restante da Europa e possui traços maneiristas e barrocos em
algumas produções. O autor mais conhecido do período até hoje é William
Shakespeare.
Uma das grandes inovações do teatro elisabetano foi a capacidade de construir
dramaturgias que bebiam das influências clássicas e italianas – principalmente no
campo da filosofia – adaptadas à realidade da Inglaterra, muitas vezes fazendo
referências a histórias de conhecimento popular, lendárias. Também eram comuns
referências a acontecimentos da época, como crimes e casórios.
Outra inovação fundamental foi a popularização do teatro. Até então, o teatro
apresentado dentro de edifícios – não as cenas performadas em feiras ou praças – era
primazia de uma elite econômica, que podia pagar por esses espetáculos. Os teatros
da Inglaterra possuíam uma divisão de público, com valores diferentes. A imagem
abaixo mostra o teatro The Globe hoje. O The Globe era o teatro em que William
Shakespeare apresentava suas criações. Ainda que não seja a construção original, ela
buscou se reproduzir a arquitetura da época.

Fonte: Pixabay

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Em pé, em volta do palco, ficam as pessoas mais pobres, que pagaram mais barato
para ir ao teatro. Esse espaço era também aberto, não tinha teto. Lembre-se que ainda
não tínhamos energia elétrica nessa época e, portanto, a luz do sol era fundamental
para que se pudesse enxergar o espetáculo. As pessoas com mais posses, sentavam-se
nas cadeiras no alto. Ainda que a nobreza pouco frequentasse esses espaços – já que
também se apresentavam peças em castelos e residências de nobres – essa arquitetura
promoveu a fusão de diferentes classes no mesmo ambiente.
Essa fusão de públicos distintos impactou na própria dramaturgia: era preciso
escrever textos que fizessem sentido tanto para as classes mais baixas quanto para a
burguesia econômica. Uma das estratégias para isso era a mistura de gêneros dentro
de um espetáculo. Assim, era muito comum que tragédias, por exemplo, tivessem
momentos de alívio cômico ou personagens que faziam anedotas, piadas e número
semelhantes aos dos circos, por exemplo.
Outro dado que é preciso que se recorde é que as peças de Shakespeare eram escritas
em versos, não em prosa. Isso era uma prática do período.

DICA
O filme “Shakespeare Apaixonado” (1998) retrata o autor William Shakespeare
num momento em que precisa escrever uma peça de teatro, porém está em bloqueio
criativo. Ele conhece Lady Viola, uma nobre cujo sonho é atuar numa peça teatral.
Ainda que não seja um retrato fiel do que seria o teatro da época, o filme mostra os
bastidores de um espetáculo e como essas peças se davam na arquitetura típica da
época.

A aproximação do público com a plateia também é um dado muito importante. As


pessoas conseguiam ver bem as expressões e gestuais dos atores. Isso não significa,
porém, que o teatro seja performado nessa época do modo como estamos
acostumados. Essas obras eram muito mais declamatórias, ou seja, os atores mais
declamavam os textos do que os interpretavam em si. Havia um conjunto de
expressões e modos codificados para as ações. Os cenários também eram bastante
codificados, sem grandes alterações. As portas no fundo do palco simbolizavam, por
exemplo, as casas das personagens e o alçapão poderia significar o inferno.

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Outra característica importante é que mulheres eram proibidas de atuar. Os papeis


femininos eram feitos por homens. Isso aparecerá em Hamlet, quando o príncipe
contrata a companhia para denunciar seu tio.

2- William Shakespeare
Ainda que não se possa ter completa certeza sobre a data
de seu nascimento, convencionou-se referir que Shakespeare teria
nascido em 1564, em Stratford-upon-Avon e morrido em 1616.
Frequentemente ele também é referido pelo apelido de “O Bardo”.

Pouco se sabe sobre Shakespeare. Já foram levantadas


diversas teorias, inclusive de que ele seria um pseudônimo de
Christopher Marlowe, poeta e dramaturgo do período Elizabetano
considerado um grande renovador do teatro inglês. Há registros de
que eles teriam trabalhado juntos.

Quanto a sua vida pessoal, sabemos que ele era filho de uma
família com certas posses, o que permitiu que ele pudesse ter
acesso à educação formal por um tempo. Aos 18 anos, ele casou-se e teve três filhos. Após o nascimento
de seus filhos gêmeos, poucas informações são sabidas sobre ele. Em 1585, porém, sabemos que
Shakespeare muda-se para Londres, onde inicia uma promissora carreira como ator na companhia de
teatro “Lord Chamberlain’s Men”.

A maioria de suas obras foi escrita entre 1590 e 1613. Ele produziu diversas peças, além de
sonetos e alguns poemas narrativos. Muitas das peças, porém, enfrentam discussão quanto à autoria.
Não se sabe ao certo se houve erro na atribuição. É importante lembrar que nesse momento muitas das
histórias eram de conhecimento comum. Assim, é possível que houvesse mais de uma peça tratando de
temas semelhantes. Além disso, o próprio Hamlet possui diversas versões textuais. Isso pode ter ocorrido
por uma série de razões, dentre elas o texto ter sido escrito por alguém que atuara na peça e se lembrava
do texto.

Uma das características mais importantes da obra de Shakespeare – e que a torna tão lida até hoje
– é ser capaz de abordar temas essenciais aos humanos. Suas preocupações transcendem questões de
seu tempo e abarcam sentimentos, preocupações sociais, temas políticos e outros tópicos relacionados à
condição humana. Ítalo Calvino, em seu livro “Por que ler os clássicos” afirma que “É clássico aquilo que
tende a relegar as atualidades à posição de barulho de fundo, mas ao mesmo tempo não pode prescindir
desse barulho de fundo” e “É clássico aquilo que persiste como rumor mesmo onde predomina a
atualidade mais incompatível”. E o que ele quer dizer com isso?

Quer dizer que um livro clássico permanece atual através dos tempos. Sempre que ele é lido, ele
ganha novos contornos, novas leituras e novas possibilidades de compreensão. Além disso,
independente do que estiver acontecendo em nossa realidade, sempre é possível lembrar de um livro
clássico ao olharmos para ela.

Por isso as obras de Shakespeare são consideradas clássicas. Por tratarem de sentimentos
essenciais ao ser humano – e, acreditem, o ser humano não mudou tanto assim nos últimos séculos – elas
sempre fazem sentido para nós. Quando for fazer sua leitura de Hamlet, não deixe de ter isso em mente.

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Uma obra de Shakespeare nunca é apenas sobre seu próprio contexto histórico, mas sobre sentimentos
humanos.

Principais obras de William Shakespeare

Comédias
Sonhos de uma noite de verão (1590) – Numa noite de verão, quatro enamorados se
encontram e se desencontram em um bosque. A história é permeada por aparições
mágicas, com fadas e duendes.

Mercador de Veneza (1594) – Uma história de antagonismo entre Antônio, um


prestigiado comerciante cristão, e Shylock, um usurário judeu que o leva ao tribunal para
cobrar uma dívida.

A Megera Domada (1594) – Batista é um homem rico, pai de duas filhas solteiras. Ele
tem uma regra na casa, de que sua filha mais nova, Bianca, só pode casar após sua irmã
Catarina uma mulher de temperamento forte e língua afiada.

A tempestade (1611) – Última peça de Shakespeare. Próspero vive em uma ilha com sua
filha Miranda, exilado. Ele tem a seu serviço Calibã, um homem disforme e Ariel, um ser
mágico. Eles provocam um naufrágio que traz novas pessoas para a ilha.

Tragédias
Romeu e Julieta (1592) – Os filhos de duas famílias inimigas se conhecem em um baile
de máscaras e se apaixonam. Eles resolvem desobedecer às restrições políticas e
familiares. Uma obra sobre a impossibilidade do amor.

Otelo, o Mouro de Veneza (1604) – Otelo, um veterano de diversas batalhas e


representante militar de Veneza, se apaixona por Desdêmona. O ciúme, porém, começa
a fazer Otelo perder seu juízo. Uma obra sobre desconfiança e ardis.

Rei Lear (1605) – O velho Rei Lear se vê obrigado a dividir seu reino, porém não teve
nenhum filho homem, apenas três filhas. É uma obra sobre a dificuldade de discernir as
atitudes e discursos das pessoas, lidando com noções de verdade e falsidade.

Macbeth (1606) – Macbeth é um general do exército escocês, muito leal ao rei Duncan.
Um dia ele é abordado por três bruxas que dizem que ele será rei. A partir daí, ele e sua
esposa não conseguem mais controlar sua ambição, principal tema da obra.

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Agora, vamos nos aprofundar na tragédia que é tema dessa aula: Hamlet.

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3 – Resumo e análise
Personagens

Hamlet (príncipe)

O príncipe Hamlet é o protagonista. O jovem estudava na Alemanha e retornou


para a Dinamarca após a morte de seu pai. Ele é um homem melancólico,
atormentado pelas dúvidas. Ele não consegue ter certeza do que certo e do que
é errado, principalmente quanto à justiça e vingança. Ele decide se fingir de
louco para executar seu plano de vingança, porém a incapacidade de agir o
atormenta. O próprio fantasma do pai questiona sua capacidade de ação no
momento em que lhe relega o papel de seu vingador.

É um homem que reflete muito antes de agir, o que lhe causa sofrimentos muitas vezes. Ele é
frequentemente atormentado por pensamentos suicidas. A morte é um questionamento presente em
suas falas. Ele é dono dos maiores solilóquios da peça, em que se questiona sobre o objetivo da vida e
qual o seu lugar no mundo e no tecido social.

Hamlet se assemelha a um herói trágico. Comete um erro que acaba causando todas as outras tragédias
da peça: ao não matar Cláudio no momento em que podia, ele acaba causando a morte de Polônio,
Ofélia, sua mãe e, eventualmente, a sua própria.

Hamlet (pai)

O fantasma/espectro do rei morto. Aparece em algumas sequencias da peça, mas é o grande


responsável pelo desenrolar da trama: é ele quem revela toda a trama a Hamlet e demanda vingança
sobre sua morte. Há questionamentos acerca de sua verdadeira essência: Hamlet não sabe discernir se
é o espectro de seu pai ou um demônio tentando enganá-lo.

Além disso, ele representa um mundo que já não existe mais: é um rei medieval, que se porta e
apresenta como um cavaleiro, segundo as leis da heráldica. Seu filho Hamlet é o extremo oposto: um
homem de comportamento próximo ao comportamento renascentista: cheio de dúvidas, com
questionamentos acerca de sua subjetividade e fortemente ligado à racionalidade.

Cláudio

Tio Cláudio (ou Rei Cláudio) é o grande antagonista da peça. Foi o assassino do rei anterior, seu próprio
irmão, para alcançar poder. É um estrategista e age com frieza, de maneira calculista. Ele é
impulsionado pela luxúria e pela ambição. Não é possível afirmar se o que motiva o ato é estar
apaixonado pela esposa, mas sim a busca pela manutenção da coroa. Ele desconfia da loucura de
Hamlet e entende que ele pode ser uma ameaça a sua posição. Por isso, traça um plano para matar
Hamlet, primeiro o enviando para a Inglaterra e depois elaborando o falso duelo com Laertes, se
aproveitando da sede de vingança do jovem.

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Gertrudes

Rainha da Dinamarca e mãe de Hamlet. Representa uma das dúvidas de Hamlet.


Apesar do que o fantasma lhe diz, ele não consegue decidir se a mãe participou
ou não da trama para matar seu pai. Ela não é uma mulher forte, tampouco muito
perspicaz. Seu grande ato de coragem é quando percebe que bebeu a taça
envenenada destinada a Hamlet e acusa o golpe de seu marido.

Polônio

Polônio é o conselheiro do rei, um cortesão. Ele fala de maneira pomposa, empoada, frequentemente
falando muito mais do que o necessário para se fazer entendido. Cheio de frases feitas, representa o
fingimento e hipocrisia das altas classes para se encaixar na sociedade.

É o pai de Ofélia e Laerte, a quem trata com muito mais agressividade e ironia do que às demais pessoas.
Vive tentando adular a nobreza. É morto acidentalmente por Hamlet, que pensa estar matando seu tio,
quando escondido por trás de uma cortina.

Ofélia

Filha de polônio e apaixonada por Hamlet. É uma moça obediente, que mesmo
apaixonada, se afasta de Hamlet a pedido do seu pai, que tem medo de que ele
queira apenas se aproveitar dela. Ela também auxilia a espionagem do príncipe
quando lhe é solicitado.

Crê, sob influência do pai, que Hamlet pode ter enlouquecido por sua causa.
Hamlet a deixa confusa, pois se por um lado diz que deseja que ela se afaste,
por outro afirma sentir-se atraído por ela, entrando em um estado de grande
turbulência emocional.

Após o assassinato de seu pai, ela perde o pouco juízo que lhe restava e acaba morrendo afogada no
rio. A peça é ambígua quanto às condições dessa morte, se ela foi acidental ou suicídio. Ofélia
representa o feminino, que mesmo diante do desejo de questionamento acaba se subjugando aos
papeis sociais estabelecidos.

Laertes

Mais uma figura que se opõe ao comportamento de Hamlet. Laertes é filho de Polônio e irmão de
Ofélia. Diferente de Hamlet, Laertes é todo ação: ao saber da morte de seu pai e, em sequência, sofrer
o baque da morte de sua irmã, ele não hesita em expressar seu desejo de vingança e elaborar um plano
para matar o príncipe.

Ele não se questiona ou duvida do que seria a atitude certa a tomar. Seu desejo de vingança o cega de
tal modo que ele acaba abrindo mão de sua honra e aceitando participar de uma trama desonrosa para
matar Hamlet. No momento de sua morte, porém, se arrepende e acaba revelando todo o plano.

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Horácio

Melhor amigo de Hamlet e alguém com quem ele se sente na liberdade de fazer confidências. É também
um homem acadêmico e estudado, conhecido pela sua sabedoria. É o primeiro a fazer contato com o
espírito do pai de Hamlet; é também o responsável por contar ao povo a história de Hamlet para que
ele não seja interpretado erroneamente. Ele é o porta-voz da passagem do trono para Fortimbrás.

Fortimbrás

É o príncipe do reino vizinho da Noruega. Há uma tensão política entre os dois


reinos. O pai de Fortimbrás fora morto pelo pai de Hamlet e Fortimbrás está em
busca de vingança. Há uma tentativa de manter a paz entre os reinos, então
Cláudio autoriza que ele passe pelo reino da Dinamarca para atacar a Polônia.
Essa passagem pela Dinamarca se dá justamente no clímax da ação: o duelo de
Hamlet e Laertes. Devido a uma conexão política distante e por enxergar nele
um homem valoroso, Hamlet dá a ele o trono da Dinamarca no fim da peça.

Rosencrantz e Guilderstern

São dois conhecidos de Hamlet. A pedido do rei e da rainha, eles espionam Hamlet a fim de descobrir
o que causou o estado de loucura do príncipe. Não são inteligentes ou corajosos o suficiente para
enganar Hamlet, que sempre consegue perceber suas intenções. Acompanham Hamlet em seu exílio
para a Inglaterra, porém têm ordens para garantir que ele não sobreviva para ameaçar o trono de
Cláudio. Quando o navio é atacado por piratas, porém, eles é que acabam sendo mortos.

Osric

Cortesão responsável por ser o juiz do embate entre Laerte e Hamlet. Um cortesão é uma espécie de
assistente, que fica disponível para as demandas do rei e da rainha. Participa da trama de
convencimento de Hamlet de que ele deveria lutar com Laertes. Ele adula Laertes, dizendo o quão bom
cavaleiro ele é e depois afirma que o rei apostou em Hamlet – para tentar despistar o príncipe daquilo
que está sendo panejado.

Reinaldo

Servo de Polônio que é enviado a Paris junto com Laertes para checar seu comportamento.

Yoric

Caveira do bobo da corte que suscita em Hamlet os pensamentos acerca de vida


e morte na cena mais famosa da peça: a cena dos coveiros que estão preparando
o túmulo pra o enterro de Ofélia.

Não há muitas informações biográficas sobre ele. Sabemos apenas que é alguém
ligado à infância de Hamlet, possivelmente alguém com quem ele brincava. A

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grande importância da cena está no contraste entre vida e morte: aquela pessoa que Hamlet lembrava,
cheia de vida e brincadeiras, não existe mais e se tornou apenas restos mortais. A morte parece algo
visto de maneira filosófica até que vê Yoric e seus afetos são colocados da discussão. É o responsável
pelas discussões acerca da transitoriedade da vida e da inevitabilidade da morte.

Atores

Trupe de quatro ou cinto atores que aparece no Castelo de Elsinore. Na verdade, eles já conhecem
Hamlet de outras apresentações, mas vieram para o castelo para oferecer seus serviços.

Ajudarão Hamlet sem saber apresentando uma peça que mostra uma simulação da trama de Cláudio
para matar o rei.

Outros personagens

Capitão – comandante da armada de Fortimbrás.

Piratas – homens que abordam o navio que leva Hamlet até a Inglaterra.

Embaixadores ingleses – responsáveis por avisar que Hamlet não chegou à Inglaterra e que Rosencrantz
e Guildenstern estão mortos.

Voltemand e Cornélio – enviados do rei para a Noruega para garantir a paz.

Bernardo, Francisco e Marcelo – soldados da guarda real e os primeiros a verem o espírito do pai de
Hamlet.

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Resumo

Ato I

“Há algo de podre no reino da Dinamarca”

Cena I

Bernardo, Francisco e Marcelo estão de guarda a noite no castelo. Eles conversam sobre
a aparição de um fantasma. Eles querem que Horácio converse com o espectro para
descobrir o que ele deseja. O espectro, porém, nada diz. Eles identificam que o espectro
se veste e possui a aparência do Rei Hamlet, morto há meses. Eles decidem falar com
Hamlet para contar sobre a aparição.

Atenção

- Eles não sabem o motivo pelo qual o fantasma voltou. Na fala de Horácio, vemos o que as pessoas da
época acreditavam ser um motivo para a aparição de um fantasma: trazer boas novas, revelar previsões
sobre o destino do país ou apontar um tesouro escondido.

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- Acontecimentos sobrenaturais e desastres são um prenúncio de crise no Estado. O fato de um


fantasma aparecer mostra que aquele Estado está em completa falência.

- Uma guerra pode estar se aproximando devido à briga com o velho Fortimbrás, da Noruega. Neste
momento, porém, tudo ainda está em aberto.

Cena II

O Rei fala com a população. Ele relembra seu casamento e sua ascensão ao trono, antes
de explicar o real motivo de seu pronunciamento: ele irá enviar Cornélio e Voltemand
para a Noruega a fim de evitar um conflito com o país. Laerte expressa seu desejo de
voltar para a França.

Hamlet faz sua primeira fala, em que aponta sua preocupação com a situação do reino. Cláudio garante
que o trono será herdado por Hamlet quando ele morrer e pede ao príncipe que não retorne à
universidade. O príncipe também não consegue entender a postura da mãe diante de tudo e não
esconde sua revolta com o não cumprimento dos ritos funerários de seu pai.

Horácio e os soldados da guarda da Cena I contam sobre o espectro para Hamlet, que combina um
plano para confirmar se aquele é ou não o fantasma de seu pai.

Atenção

- O primeiro sinal visual de Hamlet que temos é que ele está vestido de preto. Isso indica tanto seu
respeito ao luto e memória de seu pai quanto seu estado de melancolia.

- Cláudio torna todo o reino copartícipe de seu golpe ao obriga-los a tirar o luto para comemorar o
casamento do rei e da rainha.

- Cláudio teme um período de instabilidade que poderia advir da morte de um rei. Por isso busca não
criar conflitos com outros países: os conflitos internos já poderiam ser muito penosos.

- A monarquia dinamarquesa era eletiva, ou seja, o rei não precisava passar a Hamlet a hereditariedade
necessariamente. Isso é uma tentativa de comprar a confiança de Hamlet.

- Na época, a religião católica tinha muitos ritos funerários, principalmente para um rei.

Cena III

Laertes está partindo para Paris. Ele se despede de Ofélia, lhe dando conselhos acerca
de sua aproximação com o príncipe Hamlet. Ele se preocupa por ver a inocência de
sua irmã.

Polônio também vai se despedir de Laertes e dá conselhos a Ofélia, porém de modo


muito rude e vulgar, com muitas insinuações sexuais. Polônio manda Ofélia se afastar
de Hamlet, ordenando que ela não aceite mais a corte que ele lhe dispensa. Ele teme que Hamlet queria
apenas se aproveitar dela.

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Atenção

- Polônio ensina ao filho como se portar na corte. Ele ressalta a importância de ser capaz de dissimular
e portar-se de acordo com as expectativas dos outros. Essa cena inspira o conto de Machado de Assis
“Teoria do Medalhão”, presente no livro “Papeis avulsos”. Essa obra também é leitura obrigatória da
UFRGS (2021). Lembre-se que a prova da UFRGS tende a contar com questões cruzando informações
entre as obras. Vale a pena ficar de olho nessa relação possível!

Cena IV

Hamlet e Horácio, próximo à meia-noite, vão ao local em que o espectro fora visto
anteriormente. Eles finalmente veem o espectro, que chama Hamlet para conversar
distante dos outros. Horácio e os demais soldados não querem deixar Hamlet ir, pois
têm medo do que pode ocorrer com ele. Hamlet não ouve aos outros e vai atrás do
fantasma mesmo assim.

Atenção

- Hamlet levanta a possibilidade de que seu pai possa ter voltado por conta dos ritos funerários que não
foram cumpridos. Perceba quantas vezes essa questão do respeito aos ritos mortuários irá aparecer ao
longo da peça.

- Horácio já aventa aqui a possibilidade de que Hamlet possa estar louco (verso 87).

- “Há algo de podre no reino da Dinamarca” é uma frase fundamental para sintetizar todo o contexto
de Elsinore: após a trama que leva à morte do rei, todo o Estado está corrompido.

Cena V

Hamlet e o Espectro conversam. Ele afirma ser seu pai e, aos poucos, revela a
Hamlet toda a trama que levou a seu assassinato. Ele pede a Hamlet que vingue
sua morte, matando aquele que elaborou o golpe – mesmo duvidando da firmeza
de ação do filho, característica que será muito marcante ao longo de todo o
espetáculo. O fantasma, porém, reforça que a mãe de Hamlet não deve ser punida,
pois ela nada tem a ver com o ardil.

Horácio e Marcelo vão até o encontro de Hamlet, que começa já aqui a fingir uma perda de seu juízo.
Fala algumas expressões sem sentido misturadas com filosofias. Ele faz com que os dois jurem que não
contarão a ninguém sobre o que viram nessa noite.

Atenção

- O Espectro dá a entender que estava no purgatório. Esse conceito é familiar à religião católica, mas
não ao protestantismo. Lembre-se que nesse momento a Inglaterra já era anglicana.

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- Havia uma crença popular na época de que uma morte não natural poderia provocar a vagância do
espírito. Isso seria, portanto, um indício de que a morte do Rei não foi natural.

- A vingança era algo malvisto pela sociedade na época. Há uma ideia de que quando se promove uma
vingança, se comete outro crime e se inicia um ciclo de crimes. Portanto, é natural que Hamlet ficasse
suspeitoso sobre aquilo que o fantasma pediu. Ele teme que pode ser um demônio em disfarce.

- O próprio Espectro vai apontar para o fato de que o mal não se apresenta com contornos claros. Nem
sempre é possível saber com clareza quem é bom e quem é mau. O mau é difuso, o que o torna mais
difícil de combater.

- Numa relação entre microcosmo e macrocosmo, o envenenamento do corpo do rei simboliza o


envenenamento do reino em si. Por isso, a vingança deve ocorrer.

- “Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha tua vã filosofia” (v. 174 e 175) é o
momento em que Hamlet aceita o metafísico e toma como verdade o aparecimento do espírito de seu
pai.

Ato II

“A Dinamarca é uma prisão”

Cena I

Polônio conversa com seu servo Reinaldo. Ele orienta que Reinaldo siga Laertes em sua viagem a Paris
e elabora um estratagema: o servo deve encontrar conhecidos de Laertes e falar mal dele para esses
homens. Se os homens confirmarem as calúnias, Polônio saberá que o filho não se comporta bem; caso
contrário, se negarem tudo, Polônio saberá que seu filho se comporta de maneira honrada.

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ESTRATÉGIA VESTIBULARES

Depois, Ofélia e Polônio conversam sobre Hamlet. Ela relata que Hamlet entrou em
seus aposentos com o casaco desabotoado e o cabelo desalinhado, com um olhar
terrível e falando coisas sem sentido. Polônio chega à conclusão de que Hamlet este
num estado de “delírio amoroso”, ou seja, que ele perdeu seu juízo por ter sido
rejeitado por Ofélia – que obedecera ao pai e parara de aceitar a corte de Hamlet. Eles
decidem procurar o rei para relatar que descobriram a fonte da loucura do príncipe.

Atenção:

- O início dessa cena demonstra o perfil de Polônio: um homem cheio de ardis e estratagemas que se
finge de servil e adulador para ser bem-visto socialmente.

- Num mundo que se pauta pelas aparências, aparecer desalinhado em público era inaceitável.

- A melancolia é um tema importante para a peça e comum ao período elizabetano. Nessa cena ela é
tratada de modo levemente irônico, já que Polônio crê que Hamlet está sofrendo de um amor não
correspondido. A ideia é que uma melancolia do amor seria capaz de gerar uma grande dor no espírito.

- Sabemos que a loucura de Hamlet nada tem a ver com o afastamento de Ofélia, ainda que se possa
pensar que o peso do segredo acerca do pedido de vingança do pai lhe seja penoso, já que ele não pode
revelar a ela toda a trama. Ainda assim, essa é uma das cenas que nos faz questionar se Hamlet não
estaria de fato perdendo seu juízo, já que se apresentou para Ofélia desse modo.

Cena II

O Rei e a Rainha pedem a Rosencrantz e Guildenstern que eles espionem Hamlet para tentar entender
o que perturba tanto sua mente. Polônio então chega e avisa que já descobriu a causa da loucura de
Hamlet. Antes que ele conte, porém, entram os embaixadores enviados à Noruega, Voltemand e
Cornélio, que relatam que o príncipe Fortimbrás se comprometera a não atacar a Dinamarca. Além
disso, Fortimbrás faz um pedido: eu autorizem sua passagem segura pelo território da Dinamarca para
que ele chegue até a Polônia, local em que deseja reclamar um terreno para si e seu reino. O rei
autoriza.

Depois disso, Polônio finalmente revela a causa da loucura de Hamlet. Ele lê uma
carta enviada à Ofélia pelo príncipe, em que ele se declara a ela. Ele então conclui
que sua proibição ao relacionamento impulsionou essa loucura. Ele revela seu
plano para confirmar isso: promover um encontro com Ofélia e estudar como ele
se comporta nessa situação.

Hamlet entra lendo um livro. Ele e Polônio conversam e príncipe faz algumas
insinuações ofensivas ao cortesão. Fica a dúvida se ele já sabe ou não sobre o plano de ofertar Ofélia a
Hamlet.

Polônio sai e entram Rosencrantz e Guildenstern. Eles conversam com Hamlet, tentando extrair
informações sobre ele. Nessa conversa, já vemos uma teatralização do caráter de Hamlet: sua fala é
exacerbada, deixando no ar a suspeita sobre a perda real de sua sanidade. Ele afirma saber que os
amigos foram enviados para espioná-lo, o que eles não negam.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 16


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

Hamlet então fica sabendo pelos amigos que uma trupe teatral está de passagem.
São atores que ele já vira performando anteriormente. A trupe vem ao castelo,
eles conversam e chegam a declamar partes de outros espetáculos. Polônio
retorna e Hamlet o orienta a hospedar os atores. Antes que eles saiam do
aposento, Hamlet pergunta se eles poderiam incluir um trecho escrito por ele
próprio na peça que iriam apresentar. Os atores concordam.

Por fim, Hamlet faz mais um solilóquio final, em que se questiona sobre sua capacidade de levar a sua
vingança adiante. Ele se acha um covarde por pensar demais antes de agir. Um de seus
questionamentos, por exemplo, é acerca da paixão dos atores em retratar uma história que não
viveram enquanto ele não consegue sentir o impulso necessário para agir sobre algo feito contra seu
próprio pai. Também é aqui que entendemos o plano de Hamlet: que seu tio acabe se entregando caso
demonstre incômodo com o assunto da peça.

Atenção

- Polônio é prolixo e empoado para falar. Isso é uma das suas principais características.

- A carta de Hamlet é estereotipada, como um arremedo de missiva amorosa.

- Hamlet frequentemente aparece com livros, como sinal de sua erudição.

- Hamlet é essencialmente um misantropo, ou seja, alguém que tem aversão à


sociedade e às noções de sociabilidade. Isso fica claro nos versos 180 e 181.

- Além disso, aqui há uma passagem importante em que vemos tanto a rejeição de Hamlet à sociedade
quanto sua constituição de homem renascentista, em contraposição aos valores medievais ainda
presentes em outros personagens:

“Que obra-prima é o homem! Como é nobre em sua razão! Que capacidade infinita! Como é preciso e
bem-feito em forma e movimento! Um anjo na ação! Um deus no entendimento, paradigma dos
animais, maravilha do mundo. Contudo, pra mim, é apenas a quintessência do pó. O homem não me
satisfaz; não, nem a mulher também, se sorri por causa disso.”

- Aqui está uma das falas mais conhecidas e simbólicas de Hamlet, “A Dinamarca é
uma prisão”. Essa fala resume a sensação de vigilância perene do reino de Elsinore.
Esse é um local em que as pessoas estão sempre vigiando umas às outras.

- No solilóquio final há um dos temas principais da peça: a dualidade ação x


pensamento, que perturba Hamlet.

Ato III

“Ser ou não ser”

Cena I

O rei e a rainha voltam a conversar com Rosencrantz e Guildenstern sobre Hamlet, mas eles não têm
nenhuma novidade sobre ele. Polônio comunica que Hamlet deseja que os monarcas compareçam à

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 17


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

peça naquela noite. Polônio deixa Ofélia sozinha no salão lendo um livro enquanto espera por Hamlet,
para que eles possam observar sua reação.

Hamlet chega e aqui ocorre o solilóquio mais famoso da peça:

Ser ou não ser – eis a questão. Será mais nobre sofrer na alma pedradas e flechadas do destino feroz
ou pegar em armas contra o mar de angústias – e, combatendo-o, dar-lhe fim? Morrer; dormir; Só isso.
E com o sono – dizem – extinguir dores do coração e as mil mazelas naturais a que a carne é sujeita; eis
uma consumação ardentemente desejável. Morrer – dormir – Dormir! Talvez sonhar. Aí está o
obstáculo! Os sonhos que hão de vir no sono da morte quando tivermos escapado ao tumulto vital nos
obrigam a hesitar: e é essa reflexão que dá à desventura uma vida tão longa. Pois quem suportaria o
açoite e os insultos do mundo, a afronta do opressor, o desdém do orgulhoso, as pontadas do amor
humilhado, as delongas da lei, a prepotência do mando, e o achincalhe que o mérito paciente recebe
dos inúteis, podendo, ele próprio, encontrar seu repouso com um simples punhal? Quem aguentaria
fardos, gemendo e suando numa vida servil, senão porque o terror de alguma coisa após a morte – o
país não descoberto, de cujos confins jamais voltou nenhum viajante – nos confunde a vontade, nos faz
preferir e suportar os males que já temos, a fugirmos pra outros que desconhecemos? E assim a reflexão
faz todos nós covardes. E assim o matiz natural da decisão se transforma no doentio pálido do
pensamento. E empreitadas de vigor e coragem, refletidas demais, saem de seu caminho, perdem o
nome de ação.

O que Hamlet queria dizer com esse texto? Primeiro, é preciso que você se
lembre que essa peça foi escrita em inglês, ou seja, essa oração foi escrita “To
be or not to be – that is the question”. O verbo “to be” pode significar “ser” ou
“estar”. Hamlet se encontra, portanto, em um questionamento existencial e
ético: ele não sabe se deve continuar vivendo, existindo. Esse solilóquio é sobre
ser no mundo. Perceba que ele inicia sua fala se perguntando o que é mais
nobre, ou seja, mais digno: suportar as dores do mundo ou abrir mão de sua
existência, dando fim às dores e aflições com sua própria morte.

Parece haver, porém, uma relação entre a alma eterna e a vida no campo físico: assim como não existe
paz em vida, também não existe após a morte. Ele chega à conclusão de que o que desincentiva os
pensamentos suicidas é a incerteza do pós-morte, ou seja, não saber se o sofrimento de fato se esgota
com a morte.

Essa sequência se tornou famosa porque aqui fica clara uma das principais
características de Hamlet: a indecisão. Ele não é capaz de agir. Hamlet pensa
sobre as ações mais do que age. E é justamente por isso que não sabe se será
capaz de cumprir o pedido de seu pai: ele não consegue sequer decidir se isso
é a coisa certa a fazer.

Hamlet e Ofélia conversam. Ela lhe fala sobre as cartas que ele a enviou, mas ele diz que nunca mandou
nada a ela. Hamlet se comporta de modo estranho, falando frases contraditórias – como quando afirma
que amava Ofélia e depois afirma que não a amava. Ele ofende Ofélia de muitas maneiras, sugerindo
que ela não é uma mulher decente ou que ela seria capaz de mentir para conseguir o que deseja. O

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ESTRATÉGIA VESTIBULARES

ponto alto de sua ofensa a ela é quando sugere que ela vá para um convento
para que não acabe procriando, já que todos os homens são indignos. Ele
deixa Ofélia triste e perturbada após o encontro.

Polônio e o Rei que estavam ouvindo tudo, entram no final da cena. O Rei,
porém, não parece convencido que que Hamlet tenha enlouquecido de
amor. Na verdade, o rei não está convencido que Hamlet esteja louco afinal,
mas perturbado por algum assunto.

Atenção

- Na fala do verso 50 aparece pela primeira vez a indicação real de confissão de culpa por parte de
Cláudio.

- Apesar da imagem famosa da peça ser Hamlet segurando uma caveira, perceba que ele não faz seu
mais famoso solilóquio na cena dos coveiros, mas sim aqui.

- É curioso que Hamlet diga que ninguém volta da morte sendo que ele conversou com o fantasma de
seu pai. Isso levanta questionamentos sobre o aparecimento do espectro.

- A conversa com Ofélia também é conhecida como “a cena do convento”.

Cena II

É chegada a hora da apresentação da trupe. Hamlet conversa com os atores,


reforçando a necessidade de serem absolutamente naturais para que o rei não
desconfie da armadilha.

Hamlet então pede a Horácio que ele preste atenção no seu tio. Ele quer que o
amigo se atente para a reação de seu tio quando a sequência planejada
aparecer. Se ele demonstrar traços de culpa, então o espírito estava certo; se
seu tio ficar impassível, então o espírito era um demônio que mentira.

Hamlet se senta ao lado de Ofélia para assistir à peça. Ao longo do espetáculo, ele faz várias insinuações
de cunho sexual a ela, deixando-a muito desconfortável.

A peça se inicia com uma pantomima, uma espécie de cena muda que serve de prólogo, resumindo o
enredo da peça que será apresentada. Na cena, vemos um rei e uma rainha abraçados. Ela deixa o rei
dormindo num campo e sai de cena. Entra outro homem. Ele tira a coroa do rei
dormindo, beija a coroa e derrama veneno no ouvido do rei dormindo. Veneno no
ouvido foi exatamente o modo como o pai de Hamlet descreveu que fora assassinado
pelo irmão. A rainha-atriz volta à cena e sofre ao ver o marido morto. O envenenador
parece tão sofrido quanto a rainha e os demais. Ele então corteja a rainha com
presentes até que, por fim, ela aceita casar-se com ele. Os atores saem de cena.

Conforme a peça se desenrola e a trama começa a ficar mais explícita, o rei começa a
ficar inquieto. No momento em que a personagem é envenenada, rei Cláudio se
levanta e sai do salão, atordoado. Ele parece estar se sentindo muito mal.

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ESTRATÉGIA VESTIBULARES

Horácio e Hamlet conversam. Hamlet chega à conclusão de que o espectro tinha razão. Chegam
Rosencrantz e Guildenstern dizendo que a rainha deseja falar com seu filho. Hamlet hesita em ir, pois
está muito nervoso e teme não ser capaz de dar uma resposta sensata para sua mãe. Hamlet, irritado
com a insistência dos amigos, reafirma que não será manipulado por ninguém. Entra Polônio,
reafirmando o pedido da rainha de que seu filho vá a seu encontro. Hamlet decide ir até os aposentos
de sua mãe para conversar com ela. ele se lembra, porém, da promessa ao espectro de não impingir
culpa à rainha.

Atenção

- Lembre-se que o teatro elisabetano não é semelhante ao nosso. Quando Hamlet pede que eles sejam
“naturais” ele está se referindo a atuarem de modo que o tio não desconfie que o texto escrito por ele
é uma armadilha, não que eles devem atuar de maneira naturalista.

- Hamlet vê Horácio como um homem centrado, estóico, que não se deixará levar por paixões. Assim,
se ele perceber traços de culpa em Cláudio, ele não se apressará em agir, atacando o rei em meio a
todos.

Cena III

O rei entra em cena junto com Rosencrantz e Guildenstern. O Rei está preocupado com as atitudes de
Hamlet. Ele decide então confiar aos amigos de Hamlet a missão de irem com ele para a Inglaterra. Ele
crê que deve afastar Hamlet do reino. Polônio avisa que Hamlet já está a caminho do quarto da mãe.

Acreditando estar sozinho, Cláudio começa um discurso misturado com uma espécie de oração. Ele
assume para si mesmo o crime de ter matado o irmão, mas pensa que seria demais matar ele próprio

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 20


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

também o príncipe. Ele teme que os castigos a ele possam ser divinos, ainda que não terrenos. Ele sabe,
porém, que a confissão dele de nada adianta se não houver arrependimento de verdade. Ele se ajoelha
para tentar rezar por sua alma e seus crimes.

Hamlet entra em cena e vê seu tio ajoelhado. Ele, então, entra em mais um
momento de dúvida: seria a oportunidade perfeita para matar seu tio, que está
distraído. Porém, se mata-lo no momento em que ele está rezando, ele pode
conseguir o perdão de seus pecados e acabar indo para o paraíso. Hamlet decide
esperar para matar um tio em um momento que ele esteja numa situação mais
desonrosa. Hamlet sai para encontrar sua mãe.

Atenção

- Lembre-se que há uma ideia de que a morte de um rei era a própria desorganização do mundo
cósmico, ou seja, nada está em compasso após a morte do rei Hamlet.

- Hamlet novamente hesita em agir, e pensa antes de colocar algum plano em prática.

Cena IV

Polônio está com a Rainha em seus aposentos. Ele se esconde atrás de uma tapeçaria para ouvir como
será a conversa entre Hamlet e sua mãe.

Hamlet e a mãe têm uma conversa acalorada. A rainha teme que Hamlet possa matá-
la. Diante da violência de Hamlet, Polônio acaba deixando escapar uma interjeição de
espanto. Ao ouvir esse som, Hamlet, crendo que é seu tio Cláudio quem está
escondido, finca seu florete na tapeçaria. Ele atinge Polônio que acaba morrendo.

Em meio ao choque da morte de Polônio, Hamlet acaba revelando toda a trama que
levou à morte de seu pai, colocando-a como copartícipe da trama por ter casado com seu tio. Ele não
consegue crer que ela ame tanto o tio a ponto de perder sua racionalidade. E se não há razão, então só
pode ser uma decisão motivada por lascívia, desejo sexual.

O espectro volta a aparecer, porém apenas para Hamlet. Ele diz que aparece ao filho apenas para não
deixa-lo esquecer de seu objetivo de vingança. A mãe fica ainda mais certa da loucura de Hamlet. O
príncipe sugere cautela à mãe, sem contar a ela quais serão seus próximos passos. A cena termina de
modo mórbido, com Hamlet arrastando o corpo de Polônio para fora do aposento.

Atenção

- A religiosidade parece fazer pouco sentido para Hamlet nesse momento.

- Há uma crença na época de que o espírito poderia escolher para quem aparecer.

- Para Hamlet, parece ficar claro nesse momento que a mãe não participou do plano de assassinato.
Isso, porém, não a tornaria menos culpada, uma vez que se casou com o tio sem respeitar sequer o
tempo de luto de seu pai.

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ESTRATÉGIA VESTIBULARES

Ato IV

“Então, está afogada”

Cena I

O rei vai ao encontro da rainha. Ele pergunta a ela como foi a conversa com Hamlet,
mas ela ainda está muito abalada. Ela conta a Claudio que ele matou Polônio e
escondeu o corpo – o que é ainda mais terrível. Cláudio, então, pede que
Rosencrantz e Guildenstern encontrem Hamlet e descubram onde ele escondeu o
corpo de Polônio para que esse possa receber um funeral decente.

Cena II

Rosencrantz e Guildenstern e outros homens encontram Hamlet. Eles tentam conseguir com ele a
informação de onde está o corpo de Polônio, mas não conseguem sucesso. Hamlet pede para ser levado
à presença do rei.

Atenção

- Hamlet faz uma referência a “devolver Polônio ao pó”. Essa é uma expressão que deve ser entendida
com cuidado:

pulvis es, et in pulverem reverteris.

Essa frase significa literalmente: “tu és pó e ao pó retornarás”. Esta expressão aparece pela
primeira vez no livro de Gênesis e se repetirá algumas outras vezes em outras passagens. No Gênesis,
ela é dita por Deus a Adão no momento em que ele e Eva são expulsos do Paraíso.

Uma das versões sobre a criação de Adão, no Gênesis, afirma que “E formou o Senhor Deus o homem
do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”. Foi a
partir do pó que Deus criou o homem – em algumas traduções é possível ver a palavra “argila” no lugar
de “pó da terra”. Ao morrermos, nosso corpo material irá se decompor e nos tornaremos apenas pó.

A ideia de “do pó ao pó” está diretamente ligada a pecado. Morrer é a consequência o peado
original que nos expulsou do paraíso. O que nos diferencia de simples “pó da terra” é o “sopro de Deus”:
a vida nos é dada por Deus e, como Adão e Eva pecaram, ela será retirada de nós em algum momento.
Tudo o que podemos fazer sobre isso é escolher um melhor caminho a trilhar, mas nenhuma escolha
muda o fato de que voltaremos a ser apenas pó.

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ESTRATÉGIA VESTIBULARES

- Hamlet também tem uma fala nessa pequena cena muito significativa. Ele diz que “O corpo está com
o rei, mas o rei não está com o corpo”. Essa frase que poderia ser entendida simplesmente como uma
referência louca à localização do corpo de Polônio tinha muitos outros significados na época.

Há uma teoria na época conhecida como doutrina dos dois corpos do rei. Essa teoria afirma que o rei
tem dois corpos: o corpo físico e o corpo místico. O corpo físico é o natural, de homem mortal, sujeito
à imperfeições; o corpo místico é sua ligação com o divino, aquilo que faz dele o escolhido por Deus
para sua posição, um corpo político que encarna todo o reino. O que Hamlet aponta com sua afirmação
é que seu tio Cláudio pode ser rei fisicamente, mas não de maneia mística, pois o ardil que o leva ao
trono não o legitima como rei.

Isso é fundamental para entender a virada de pensamento de Hamlet. A partir do momento que ele
entende que seu tio é, como ele próprio aponta, “nada”, não se torna mais um ato regicida assassinar
ao tio. Sua pulsão de vingança ganha contornos mais sólidos.

Cena III

O rei conversa com alguns nobres. Ele está preocupado em como irá se livrar de
Hamlet, pois ele é adorado pela população. Rosencrantz e Guildenstern trazem
Hamlet até a presença do rei mas ele segue não querendo dizer onde está Polônio.
Fala de maneira irônica e sarcástica com seu tio. O rei então conta a Hamlet que
ele será enviado para a Inglaterra para sua própria segurança. Hamlet aceita e se
retira em direção ao navio.

À parte, Cláudio revela que seu plano: na Inglaterra, Hamlet deverá ser assassinado.

Atenção

- Ao se despedir do tio, Hamlet fala “Querida mãe, adeus”. Mais do que um sinal de sua pretensa
loucura, isso é uma forma de mostrar ao tio indiretamente que ele acredita que o tio e a mãe são uma
coisa só. Lembre-se que ele não consegue não culpar a mãe por tudo o que aconteceu, mesmo que ela
não tenha envolvimento na trama do assassinato.

Cena IV

A cena se inicia com Fortimbrás conversando com o capitão de sua armada.


Ele está recomendando a seu capitão que avise ao Rei Cláudio que eles irão
passar pelo território danês e espera a licença prometida.

Entram Hamlet, Rosencrantz e Guildenstern. Eles conversam com o capitão,


que lhes conta que eles são da Noruega e estão se dirigindo à Polônia. O
capitão comenta que eles estão indo apenas para conquistar uma pequena
região, que ele sequer crê que valeria toda a batalha que deve ser travada por
ele.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 23


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

Hamlet, após esse encontro, fica se questionando sobre sua própria postura diante do mundo: quanto
de sua hesitação é racionalidade e quanto é covardia? Ele diz:

O que é um homem cujo principal uso e melhor aproveitamento Do seu tempo é comer e dormir?
Apenas um animal. É evidente que esse que nos criou com tanto entendimento, capazes de olhar o
passado e conceber o futuro, não nos deu essa capacidade e essa razão divina para mofar em nós, sem
uso. Ora, a não ser por esquecimento animal, ou por indecisão pusilânime, nascida de pensar com
excessiva precisão nas consequências – uma meditação que, dividida em quatro, daria apenas uma
parte de sabedoria e três de covardia – eu não sei por que ainda repito: – “Isso deve ser feito”, se tenho
razão, e vontade, e força e meios pra fazê-lo.

Ou seja, o homem é dotado de razão e isso é o que o diferencia dos animais, mas de que serve essa
faculdade da razão se ela impede o impulso da ação?

Atenção

- Essa é a cena em que a oposição entre Hamlet e Fortimbrás fica mais clara. Enquanto Hamlet é o
pensamento, Fortimbrás é a ação. Fortimbrás age, mesmo que por u empreendimento pequeno, sem
grande importância; Hamlet hesita, mesmo diante de uma motivação digna e nobre.

- Hamlet fala sobre como a paz angustia o homem, que precisa sempre estar em busca de conflitos. Isso
se relaciona com a própria realidade de Elsinore: num momento em que não há guerras com outros
países, os conflitos internos se intensificam. A Inglaterra da época também se encontrava nessa
realidade. Sem grandes conflitos externos, as tramas internas, golpes em potencial e espionagens se
intensificavam.

Cena V

A rainha e Horácio estão juntos, quando um cavalheiro pede que a rainha receba
Ofélia, que deseja falar com ela. Ofélia é descrita como confusa, com falas
absurdas. Ofélia entra cantando. Ao longo dessa cena, ela cantará diversas vezes,
algumas canções remetendo a situações que ocorreram, outras à temática do
abandono e da perda da inocência. O rei chega e também fica assustado com o
comportamento de Ofélia. Ela sai de cena em meio a um delírio, como se uma
carruagem tivesse vindo busca-la.

Um mensageiro chega para avisar que Laertes voltou a Elsinore e está furioso. A população parece estar
ao lado de Laertes, chegando mesmo a soltar gritos como “Laertes será rei”. Se Laertes está colérico,
Cláudio permanece frio, calmo. Cláudio não revela a Laertes inicialmente que Hamlet é o responsável
pela morte de seu pai. Ao invés disso, inflama Laertes contra o assassino, reforçando o quanto sua
vingança seria legítima.

Ofélia volta à cena e uma tensão constrangedora se instaura a partir do seu


comportamento. Todos parecem desconfortáveis com a perda da sanidade da
moça. Laertes, que sempre foi muito ligado à irmão, fica extremamente aflito
com o que vê. Ela começa a distribuir buquês de flores escolhidas de maneira
bastante específica para os presentes. Ela também segue cantando sem parar ou
perceber o constrangimento crescente no salão.

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ESTRATÉGIA VESTIBULARES

Ao ver o estado da irmã, Laertes fica ainda mais certo de que precisa buscar uma vingança.

Atenção

- Essa é a cena em que vemos Ofélia perdendo o juízo. Porém, é preciso perceber que nessa peça há
método na loucura. Perceba como mesmo enlouquecendo, Ofélia segue com alguma agência.

- As canções de Ofélia são em parte inventadas, em parte conhecidas pelo público da época.

- Por vezes, não somos capazes de discernir se ela está falando do pai ou de Hamlet. Polônio foi
enterrado sem os devidos ritos funerários, o que gera um vácuo no luto. Hamlet a abandonou depois
de uma relação confusa, misturando momentos de amor e momentos de violência.

- Mais uma vez, vemos a diferença entre Hamlet e outro personagem. Diante da morte do pai, Laertes
não duvida em nenhum momento: ele sabe que a coisa certa a fazer é vingar a morte do pai, matando
seu assassino.

- Laertes diz que abriria mão até mesmo de sua “graça” para vingar o pai. Isso se
relaciona com a filosofia de Santo Agostinho. O conceito de graça para ele se
relaciona com os mitos de criação cristãos. Após o Pecado Original – conceito
fortalecido por Santo Agostinho a partir do gênesis – a natureza humana foi
danificada. O único modo de restaurá-la é a partir da influência da graça divina.
Deus não cobra nada por essa salvação. Ela é dada “de graça” a você, sendo você
merecedor dela ou não. É uma iniciativa da bondade divina, pois o pecador não é
capaz sozinho de buscar sua salvação. Ou seja, Laertes está disposto a abrir mão da
salvação de sua alma para vingar o pai.

- A cena da distribuição de flores de Ofélia deve ser vista de acordo com a simbologia
da época. O período elisabetano é uma época em que a botânica era muito valorizada e vista de maneira
simbólica. Cada flor simbolizava um sentimento ou desejo. As violetas, por exemplo, que Ofélia afirma
estarem em falta, terem morrido, eram flores que simbolizavam a fidelidade. Ou seja, metaforicamente
ela alude à ausência desse comportamento em Elsinore. Para o público da época, portanto, essa era
uma cena que demonstrava de maneira contundente a visão de Ofélia sobre as tramas do reino.
Diferente do que se costuma pensar, que ela seria uma moça frágil e sem agência alguma, aqui vemos
Ofélia como alguém que tinha consciência do que acontecia a sua volta. Talvez por convenção social,
porém, ela ficasse em silêncio. Na loucura, essa necessidade de fingir socialmente se vai.

Cena VI

Um cortesão traz alguns marinheiros até Horácio. Eles trazem uma carta de Hamlet a
amigo. Nessa carta, ele revela que dias após sua partida um grupo de piratas atacou
seu navio. Eles o sequestraram e mantiveram prisioneiro em seu barco. Ele pede que
Horácio faça com que a mensagem chegue até o rei e que o amigo venha a seu
encontro para resgatá-lo. Ele também reforça que tem muito a contar para Horácio
e precisa encontra-lo urgentemente.

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ESTRATÉGIA VESTIBULARES

Cena VII

A cena começa com uma conversa entre Laertes e Cláudio. Aqui, Cláudio já contou para Laertes que
Hamlet foi o responsável pela morte se seu pai e, consequentemente, da loucura de sua irmã. Cláudio
alerta, porém, que Hamlet tem uma ligação muito forte com sua mãe e com o povo. Por isso, a vingança
precisa ser elaborada de tal modo que seja possível punir Hamlet sem trazer a ira popular contra eles.

Entra um mensageiro com as cartas e Hamlet. Em uma delas, ele avisa que está retornando a Elsinore,
dizendo que volta sozinho e que quando chegar irá explicar as condições de seu retorno.

Cláudio então explica seu plano para Laertes. Ele vai usar o ódio de Laertes para livrar-se de Hamlet,
que crê ameaçar seu poder. O rei incensa Laertes de elogios e adulações, dizendo que ele é um grande
guerreiro e cavaleiro, mas também levanta questionamentos sobre sua capacidade de vingança,
tentando manipulá-lo para seguir o que ele deseja. O plano é desonroso para qualquer guerreiro:
combinar um duelo entre os dois, em que Laertes usará uma espada envenenada. Assim, qualquer
ferimento a Hamlet o matará, mesmo que não seja um ferimento fatal em si. Isso não era só desonesto,
como ilegal pelas leis da cavalaria. Para garantir, porém que ele morrerá de qualquer maneira, Cláudio
também irá preparar uma taça de bebida envenenada, que oferecerá a Hamlet caso ele seja o vencedor.
De todo modo, o príncipe morrerá.

De repente, entra a rainha. Ela relata, muito nervosa, que Ofélia morreu. Segundo a rainha, ela estava
no tronco de um salgueiro, pendurando guirlandas de flores feitas por ela, quando de repente o tronco
se rompeu e ela caiu no rio. Os pesados trajes de Ofélia a puxaram para baixo e ela acabou se afogando.
Ao ouvir esse relato, Laertes fica ainda mais colérico e desejoso de vingança.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 26


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

Atenção

- Essa é a cena da morte de Ofélia.

- A proposta de Cláudio indica seu total desrespeito à honra.

- A rainha obviamente não assistiu à morte de Ofélia. Sua narrativa é feita com base na sua visão sobre
a moça, de pureza e inocência.

- Ofélia é a expressão de uma feminilidade fundada no amor e da lealdade, inscrita em um mundo


patriarcal e hipócrita. Há um conflito entre a submissão e o desejo de ação: quanto pode uma mulher
jovem nessa corte? A morte de Ofélia, como veremos no ato final, é discutível. Não se sabe se ela caiu
no rio acidentalmente ou se suicidou-se.

Uma leitura comum da peça aponta que o suicídio seria a única forma de agência possível para ela: sua
vida seria a única situação que ela própria poderia controlar – mas reforçamos que o suicídio não é uma
solução para nada, já que resolve de maneira permanente problemas temporários. Isso é discutível,
pois já vimos na cena das flores que Ofélia tinha outros posicionamentos políticos e sociais possíveis.

- Oposição Hamlet X Ofélia: enquanto Hamlet finge loucura e não é capaz de agir no mundo, Ofélia
enlouquece de verdade e age, mesmo que para tirar sua própria vida. Ela toma decisões.

Ato V

“Esse crânio, senhor, foi o crânio de Yorick”

Cena I

Dois coveiros conversam enquanto realizam seu trabalho. Eles apontam as ambiguidades em torno da
morte de Ofélia. Afirmam que ela apenas receberá um funeral cristão por ser amiga de pessoas
influentes. Eles contam anedotas, riem e cantam enquanto realizam seu trabalho.

Hamlet chega com Horácio. Ele se pergunta se esses homem não têm respeito, já que realizam seu
ofício de maneira tão descontraída. Horácio aponta que conviver tanto com a morte faz com ela se
torne menos penosa.

E chegamos, enfim, à cena mais famosa da peça:

Hamlet olha para as caveiras e começa a se questionar sobre morte e condição


de mortalidade dos homens. Olhando as ossadas e as covas, Hamlet chega a uma
conclusão: não faz diferença alguma quem você foi em vida. No fim das contas,
todos acabarão no mesmo lugar. Ele faz uma referência metafórica a um
comprador de terras: um homem dono de muitos territórios, após a morte não
possui nada além do mesmo lote de terra que os demais, ou seja, uma cova.

O príncipe trata da morte de maneira bastante abstrata até que ele vê a caveira de Yorick. Yorick era
uma espécie de bobo da corte, que brincava com Hamlet quando ele era criança. Quando vê alguém
por quem tinha afeto reduzido a ossadas, a noção da transitoriedade e falta de sentido da vida humana

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 27


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

o atinge em cheio: a morte não é apenas filosofia sobre o vazio da existência ou noção distante da
realidade; a morte é perda emocional e afetiva.

É então que começa o enterro de Ofélia. Hamlet fica à parte da cena, observando à distância. O rito
funerário de Ofélia, assim como a da maioria das personagens da peça, é desonroso e incompleto: o
padre se recusa a entoar os cantos necessários, porque a morte foi suspeita, além de considerar errado
que ela seja enterrada de branco e com uma coroa de flores – traje das jovens virgens e puras. Ao ver
o sofrimento de Laertes à distância, Hamlet entende que quem está morta é Ofélia.

A cena que se segue é desconfortável: Laertes, em seu sofrimento, pula para dentro
da cova da irmã, enquanto a rainha joga flores. Hamlet sai de seu esconderijo e se
dirige a Laertes. Os dois acabam brigando sobre a cova de Ofélia, tornando todo o
rito funerário ainda mais desonroso. Em meio à briga, que todos os presentes tentam
separar, Hamlet declara seu amor por Ofélia. Tudo isso apenas fortalece a decisão
de Laertes de matar Hamlet.

Atenção

- Conhecida como a cena dos coveiros. Eles são “palhaços”, figuras cômicas tradicionais
do teatro elisabetano. Trazem alívio cômico e crítica social na maior parte das vezes.
Aqui, por exemplo, eles fazem um uso irônico do discurso jurídico.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 28


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

- Aqui fica clara a sugestão do suicídio de Ofélia. Segundo a tradição católica, suicidas não poderiam ser
enterrados em solo santo, cemitérios. Aqui, os coveiros aludem a essa tradição para levantar
questionamentos sobre as condições da morte de Ofélia.

- Aqui se encontra o questionamento de Hamlet sobre a morte. Uma expressão latina comum e
importante sobre esse assunto é memento mori. Vamos ver um pouco mais sobre isso:

memento mori

A tradução para essa expressão seria algo como “lembre-se de que você é mortal”. Sua origem é
associada a eventos romanos, cujo objetivo era honrar generais vitoriosos em batalhas. A esses homens
eram sussurradas duas frases: memento mori (lembre-se de que você é mortal) e memento homo
(lembre-se que você é um homem). O objetivo disso era não deixar que as homenagens e a adoração
popular alimentassem sua vaidade a tal ponto, que eles se esquecessem de sua verdadeira condição:
homens, não deuses. O excesso de vaidade é, para cultura clássica, a causa de diversas tragédias e
males.

- A cena da caveira de Yorick prepara o espírito do leitor para o enterro de Ofélia.


Hamlet, que ainda não sabe de sua morte, já está vendo a morte como algo penoso,
não apenas a comprovação de que a vida não faz sentido. Quando souber da morte
de Ofélia, essa dor será mais clara ainda: Hamlet sentirá a dor da perda muito mais
do que filosofará sobre ela.

A morte é talvez uma das maiores preocupações dos seres humanos. Muito da filosofia se preocupa
com essa ideia e como os homens lidam com uma certeza: todos vamos morrer em algum momento.
Biologicamente falando, tudo aquilo que é vivo – vegetal ou animal – possui um sistema que o mantém
vivo. Ao longo do tempo, esse sistema vai parando de funcionar até que pare completamente. Isso pode
ocorrer a partir de uma interferência externa ou não: podemos morrer por uma doença ou
simplesmente pelo envelhecimento do nosso sistema.

O problema é que a morte não é apenas inevitável. Ela também é incerta. Nós não sabemos quando
vamos morrer. Mas como nos impactaria saber o momento de nossa morte? Será que gostaríamos de
saber isso? Que tipo de comportamento teríamos se soubéssemos exatamente quando e como
morreríamos?

Independente disso, há um grande temor à morte envolvido quando se pensa sobre esse assunto. Claro
que há uma resposta instintiva entre os animais que determina que vamos tentar sempre preservar
nossa vida. O instinto de autopreservação é muitas vezes ligado ao medo: é por sentirmos medo que
não passamos por situações potencialmente perigosas. Esse temor, por um lado, é o que garante a
manutenção de nossa existência. Por outro é, como aponta Hamlet, aquilo que paralisa nossas ações e
nos torna apáticos diante do mundo.

Há uma noção de que a oposição vida X morte se resume em vida é algo bom e morte é algo mau. Muito
dessa noção pode beber da ideia de finitude. Não somos capazes de dizer com precisão científica para
onde vamos após a morte – se é que vamos para algum lugar.

As religiões como um todo têm explicado essa passagem de diferentes maneiras, normalmente
envolvendo uma ideia de ligação entre nosso comportamento em vida e o lugar para onde vamos. O

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 29


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

Catolicismo prega que o ser humano é composto por uma parte física e uma parte espiritual. Quando
morremos, essas partes se separam: o corpo volta para a terra de onde veio, ou seja, decompõe-se; e
o espírito volta para perto de Deus, que é seu criador. Uma alma pode ir para o céu, inferno ou
purgatório. Lembre-se que o pai de Hamlet parece ter vindo do purgatório, onde está sem descanso
pois sua morte não foi resolvida.

Cena II

Hamlet e Horácio entram em cena. Hamlet relata ao amigo o que descobrira: em


sua viagem para a Inglaterra encontrara uma carta do rei Cláudio recomendando
que Hamlet deveria ser assassinado, decapitado. Ele então escrevera uma nova
carta e fechara com selo real para ficar no lugar dessa. Nessa nova carta, a
recomendação do “rei” era que os emissários que entregassem a missiva fossem
mortos sem demora. Logo depois disso, Hamlet foi sequestrado pelos piratas. A
carta forjada, porém, foi a sentença de morte de Rosencrantz e Guildenstern, que
seguiram viagem para a Inglaterra. O rei, porém, ainda não sabe disso.

Entra Osric, um cortesão. Ele começa a elogiar Hamlet e comunica que Laertes deseja enfrenta-lo em
duelo, mas que o rei tinha apostado em Hamlet como vencedor – mesmo sabendo que Laertes era um
homem muito hábil com espadas. O papel de Osric é tentar manipular Hamlet para que ele aceite
participar da farsa. Depois de alguma hesitação, Hamlet finalmente tem a mudança de caráter que
faltava. Ele aceita o chamado à ação dizendo “É importante estar pronto”.

Chega o momento do duelo. Hamlet pede perdão a Laertes, mas parece uma
desculpa artificial. Atribui tudo a um delírio, depositando a culpa em sua loucura,
de maneira muito teatralizada, lógica. Laertes, ainda que aceite a fala de Hamlet,
reafirma que seu sangue exige reparação para a morte do pai e da irmã. O rei
reafirma sua confiança de que Hamlet ganhará, mas isso não engana a Hamlet, que
sabe ser a parte mais fraca do duelo.

Eles escolhem seus floretes. Laertes escolhe o florete envenenado. O rei


manda que sejam servidas as bebidas que brindarão o fim do duelo. Hamlet
dá o primeiro toque em Laertes. O rei oferece a taça envenenada a Hamlet
para que ele beba, mas ele recusa. O duelo recomeça e Hamlet dá outro
toque em Laertes. A rainha vai até ele para enxugar seu suor. Ela então pega
a taça envenenada, mas, antes de oferta-la a Hamlet, ela mesma a bebe.
Hamlet nega novamente a taça, mas a essa altura, o rei já sabe que
Gertrudes morrerá.

Laertes finalmente fere Hamlet. Na hora do contato, porém, eles acabam caindo e derrubando suas
armas. Na rapidez da luta, os floretes são trocados e Hamlet acaba pegando a arma envenenada. O rei,
percebendo, tenta finalizar o duelo, mas Hamlet acaba ferindo Laertes também. Nesse momento, a
rainha cai no chão. O rei tenta dizer que foi a emoção de ver o sangue, mas a rainha já percebera o

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ESTRATÉGIA VESTIBULARES

golpe e afirma que a bebida da taça estava envenenada. Hamlet ordena que se fechem as portas e
ninguém saia.

É então que Laertes revela todo o golpe e afirma que ambos irão morrer também, já que a arma estava
envenenada. Hamlet pega o florete e fere Cláudio, que acaba morrendo. Laertes, à
beira da morte pede perdão a Hamlet e eles se entendem.

Hamlet pede a Horácio que ele conte história para os súditos e registre os
acontecimentos de modo a limpar sua honra. O desejo de Horácio era morrer com o
amigo, mas ele aceita seu pedido.

Eis que chega Fortimbrás e sua comitiva. Também chegam os embaixadores da Inglaterra afirmando
que Rosencrantz e Guildenstern estão mortos. Hamlet pede a Horácio que dê o direito de herança do
reino ao príncipe norueguês, que crê ser a pessoa próxima na sucessão com mais direitos e dignidade
para assumir esse lugar. Ele então morre dizendo “E o resto é só silêncio”.

Fortimbrás está chocado com tudo o que vê, mas aceita a fala de Horácio e sua promessa de explicar
tudo o que se passou. Sua primeira ação como agora rei é ordenar que Hamlet tenha um enterro digno,
com todas as honras que seu nome e posição merece.

FIM

Atenção

- Ao afirmar que é importante estar pronto, leia-se que Hamlet afirma que é importante estar pronto
para a morte. Hamlet aceita o chamado e a possibilidade de morte. Ele finalmente decide: deve matar
o tio, mesmo que isso cause sua própria morte.

- Não fica claro se Hamlet percebe que aquilo é uma potencial armadilha. Talvez ele já tenha percebido
e por isso se porta de maneira fria.

- Laertes não é um homem sem honra, mas imbuído da vingança. Não fica claro que ele acaba se
deixando atingir porque está hesitante em seguir com o plano. No verso 317, ele aponta como isso tudo
vai contra sua consciência.

- A vingança não era algo bem visto nesse tempo. Isso porque acreditava-se que ela criaria um ciclo
eterno de violências. Isso fica muito claro nessa cena: a vingança de Hamlet provocou a vingança de
Laertes e, por fim, todos estão mortos. Há uma crença e uma mensagem de que a vingança corrompe
aquele que achava que estava agindo corretamente.

- Parece haver algumas implicações teológica na fala de Hamlet, com a ideia de que a morte é o fim de
tudo ou que o silêncio será seu descanso.

- Hamlet é o primeiro personagem a ter um rito funerário digno na peça.

- Fortimbrás afirma que Hamlet teria sido valoroso se preciso fosse. A palavra se define grande parte
dos problemas da peça. A indecisão de como agir diante do mundo.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 31


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

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Principais pontos de análise

Castelo como Ambiguidades -


Mortalidade sociedade de controle
e vigilância Verdade X Falsidade

Teatralização dos Pensamento X Ações


gestos e + Loucura, falsa ou não
comportamentos Aproveitar o momento

Vingança como Corrupção e relações


Justiça
tragédia, que corrempe de imoralidade

Não sabemos,
Violência como ciclo enquanto humanos, o
que estamos fazendo

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 32


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

Filmes inspirados em Hamlet


Hamlet (1990)
Uma das adaptações mais conhecidas. Traz Mel Gibson no papel de Hamlet. É uma
adaptação bastante fiel.

Rei Leão (1994)


A animação da Disney leva a história de Hamlet para o reino animal. Agora que você já
sabe, diz se o tio Scar não é a cara do tio Cláudio?

Ophelia (2018)
O filme foca em contar a história a partir da perspectiva de Ofélia. A adaptação não é
fiel à obra original.

4 – Exercícios

4.1 – Lista de questões


1. (UFRGS - 2019)
Leia as seguintes afirmações sobre as peças Hamlet, de Shakespeare, e Gota d’água, de Chico
Buarque e Paulo Pontes.
I. Hamlet e Joana caracterizam-se como heróis trágicos por sua retidão de caráter e pelo
ímpeto de decisão.
II. Os heróis são vítimas da situação corrupta em ambas as peças.
III. A presença de narradores reforça o aspecto moderno das duas tragédias.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 33


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

2. (UFRGS - 2019)
No bloco superior abaixo, estão listados os nomes de algumas personagens da tragédia; no
inferior, sua função no drama.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1. Cláudio
2. Fortimbrás
3. Horácio
4. Polônio
5. Laertes
( ) Príncipe da Noruega
( ) Amigo de Hamlet
( ) Irmão de Ofélia
( ) Lorde camareiro

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


a) 4 – 1 – 5 – 2.
b) 2 – 4 – 1 – 3.
c) 2 – 3 – 5 – 4.
d) 5 – 2 – 3 – 1.
e) 3 – 1 – 4 – 2.

3. (UFRGS - 2019)
Leia as seguintes afirmações sobre William Shakespeare.
I. Shakespeare escreveu tragédias, comédias, romances e poemas.
II. Shakespeare foi o principal dramaturgo da Era Elisabetana, deixando um legado que
ultrapassa a cultura inglesa.
III. Shakespeare criou personagens que se tornaram exemplos da psiquê humana, como
Hamlet, Rei Lear e o casal Macbeth.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 34


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

4. INÉDITA – Celina Gil


Leia as seguintes afirmações sobre Hamlet, de William Shakespeare.
I. Shakespeare escreveu muitas peças apresentadas até hoje, ainda que seja difícil confirmar
com certeza absoluta sobre a autoria de todos os textos.
II. Hamlet é divido em 5 atos de comprimento igual, tendo sido escrito em prosa.
III. Na época do teatro de Shakespeare, já era permitido que mulheres atuassem em
espetáculos, o que fica claro pelo alto número de personagens mulheres em Hamlet.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

5. INÉDITA – Celina Gil


No bloco superior abaixo, estão listados os nomes de algumas personagens da tragédia; no
inferior, sua função no drama.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1. Cláudio
2. Ofélia
3. Gertrudes
4. Hamlet (pai)
5. Yoric

( ) Assassino do rei
( ) Bobo da corte
( ) Rei assassinado
( ) Mãe de Hamlet

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 35


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


a) 4 – 1 – 5 – 2.
b) 5 – 4 – 1 – 3.
c) 1 – 4 – 5 – 3.
d) 1 – 5 – 4 – 3.
e) 3 – 1 – 4 – 2.

6. INÉDITA – Celina Gil


Sobre Hamlet, peça de William Shakespeare, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as
seguintes afirmações.
( ) A peça se passa essencialmente no reino de Elsinore, tendo breves passagens em outras
localidades e no mar.
( ) A linguagem da peça é informal, trazendo questionamentos mais próximos do popular do
que do erudito.
( ) Há uma ambiguidade na peça quanto à questão da loucura, pois em alguns momentos
questionamos se Hamlet não está de fato perdendo seu juízo.
( ) Não se pode ter certeza da participação ou não de Gertrudes no plano de assassinato do
rei, pois ela parece diversas vezes disposta a livrar-se de seu filho também.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
a) V – F – V – F.
b) V – V – V – F.
c) F – F – V – V.
d) F – V – F – V.
e) V – F – F – V.

7. INÉDITA – Celina Gil


Sobre Hamlet, peça de William Shakespeare, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as
seguintes afirmações.
( ) Ofélia se sem te culpada tanto pela loucura de Hamlet quanto pela morte do pai, o que
acaba levando à sua própria perda de razão.
( ) Hamlet se comporta de maneira ambígua com Ofélia, fazendo com que ela tenha dúvidas
não só sobre a sanidade, mas os sentimentos dele.
( ) Ofélia se acidenta colhendo flores perto do rio e acaba caindo, o que provoca a ira em
Hamlet e Laertes – causa de seu duelo.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 36


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

( ) A personagem de Ofélia demonstra um lugar do feminino naquela sociedade,


principalmente pela subjugação de suas vontades muitas vezes.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


a) V – F – V – F.
b) V – V – F – F.
c) F – F – V – V.
d) F – V – F – V.
e) V – V – F – V.

8. INÉDITA – Celina Gil


Leia as seguintes afirmações sobre Hamlet, de William Shakespeare.
I. A loucura de Hamlet é falsa, pois esse é um modo de enganar a todos, que não irão
condená-lo quando ele matar seu tio, depositando a culpa em sua loucura.
II. Um dos pontos chave de análise da peça é a dualidade entre ação e pensamento,
principalmente a partir do comportamento de Hamlet para com o pedido do pai.
III. A peça prega que a justiça, de maneira terrena ou religiosa, só pode ser alcançada a partir
de uma ação equivalente àquela praticada pelo criminoso.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

9. INÉDITA – Celina Gil


Assinale a alternativa correta sobre a peça Hamlet, de William Shakespeare.
a) O tom da peça é melancólico, pois mostra seu personagem central assombrado de dúvidas
acerca de como deve agir diante do mundo.
b) A personagem de Polônio representa a injustiça da sociedade, pois apesar de ter se
colocado ao lado de Hamlet, é morto por ele.
c) Há uma dificuldade em executar sua vingança, pois Hamlet percebe que o povo de Elsinore
gosta muito de seu tio Cláudio, hoje rei.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 37


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

d) Rosencrantz e Guildenstern, amigos de Hamlet, são peças fundamentais, pois são eles
quem vêm pela primeira vez o espectro do rei morto.
e) O duelo entre Hamlet e Laertes sela o final da peça, colocando o príncipe da Dinamarca
de volta ao trono que lhe era de direito.

10. INÉDITA – Celina Gil


No bloco superior abaixo, estão listados os nomes de algumas personagens da tragédia; no
inferior, sua função no drama.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1. Bernardo
2. Hamlet
3. Osric
4. Fortimbrás
5. Reinaldo

( ) Servo de Polônio
( ) Príncipe da Dinamarca
( ) Príncipe da Noruega
( ) Cortesão do rei

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


a) 3 – 1 – 5 – 2.
b) 5 – 2 – 4 – 3.
c) 4 – 3 – 5 – 1.
d) 5 – 2 – 3 – 1.
e) 3 – 1 – 4 – 2.

As questões a seguir referem-se à peça Hamlet, de William Shakespeare

11. INÉDITA – Celina Gil


Assinale a alternativa correta sobre o Ato I.
a) Embaixadores são enviados à Inglaterra para negociar a paz.
b) O espectro do pai de Hamlet pede vingança contra Polônio por sua morte.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 38


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

c) Laertes parte para Paris, porém preocupado com o future de sua irmã.
d) Fortimbrás chega à Dinamarca para reclamar seu direito de passar pelo território.
e) Gertrudes não acredita que Hamlet tenha visto o fantasma de seu pai.

12. INÉDITA – Celina Gil


Assinale a alternativa correta sobre o Ato II.
a) Polônio orienta Reinaldo a falar mal de Laertes na França.
b) O Rei e a Rainha pedem a Marcelo e Horácio que espionem Hamlet.
c) Cláudio dá sinais de sua culpa ao assistir à peça de teatro.
d) Hamlet hesita em assassinar seu tio enquanto reza.
e) Polônio põe em prática seu plano de usar Ofélia como isca.

13. INÉDITA – Celina Gil


Assinale a alternativa correta sobre o Ato III.
a) Hamlet pede aos atores que decorem um texto escrito por ele.
b) Hamlet é encaminhado à Inglaterra por matar Polônio.
c) Polônio afirma que Hamlet está louco por amor à Ofélia.
d) Hamlet se recusa a dizer onde está o corpo de Polônio.
e) Hamlet mata Polônio pensando ser seu tio escondido.

14. INÉDITA – Celina Gil


Assinale a alternativa correta sobre o Ato IV.
a) Hamlet é enviado à Noruega numa trama secreta para assassina-lo.
b) Hamlet pensa sobre vida e morte a ver a caveira de Yoric.
c) Ofélia entrega flores ao rei, rainha e Laertes, cada uma com uma simbologia.
d) Hamlet fica sabendo da morte de Ofélia e retorna para a Dinamarca.
e) Fortimbrás chega à Dinamarca para tomar o reino par si.

15. INÉDITA – Celina Gil


Assinale a alternativa correta sobre o Ato V.
a) Os coveiros estão preparando a cova de Polônio e de Ofélia no cemitério.
b) Ofélia é enterrada com todos os ritos católicos, mesmo após seu suicídio.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 39


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

c) Hamlet, ofendido com Laertes pela briga no enterro de Ofélia, aceita participar do duelo.
d) Hamlet acaba matando Laertes por feri-lo sem saber que a espada estava envenenada.
e) Gertrudes morrer por colocar-se em frente à espada envenenada durante o duelo.

16. INÉDITA – Celina Gil


Sobre Hamlet, peça de William Shakespeare, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as
seguintes afirmações.
( ) Shakespeare escreve no contexto da Era Elisabetana, período em que a Inglaterra já havia
aderido à religião anglicana.
( ) Hamlet representa um homem mais próximo dos ideias renascentistas do que medievais,
pois é muito ligado à racionalidade.
( ) Cláudio representa as dificuldades sucessórias do período, pois não se sabe se o herdeiro
direto do trono é ele ou Hamlet.
( ) Hamlet esconde o corpo de Polônio porque ele não têm apreço pelos ritos funerários ou
pelo respeito ao luto aos mortos.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


a) V – F – V – F.
b) V – V – F – F.
c) F – F – V – V.
d) F – V – F – V.
e) V – V – F – V.

17. INÉDITA – Celina Gil


Leia este trecho de Hamlet, de William Shakespeare.

POLÔNIO: Como está o meu bom príncipe Hamlet?


HAMLET: Bem, Deus seja louvado.
POLÔNIO: O senhor me conhece, caro Príncipe?
HAMLET: Até bem demais; você é um rufião.
POLÔNIO: Não eu, meu senhor!
HAMLET: Que pena; me parece igualmente honesto no que faz.
POLÔNIO: Honesto, senhor?
HAMLET: E ser honesto, hoje em dia, é ser um em dez mil.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 40


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

POLÔNIO: Isso é bem verdade, meu senhor.


HAMLET: Pois mesmo o sol, tão puro, gera vermes num cachorro. Deuses gostam de beijar
carniça... O senhor tem uma filha?
POLÔNIO: Tenho sim, meu senhor.
HAMLET: Não deixe que ela ande no sol. A concepção é uma bênção; mas não como sua filha
pode conceber... Amigo, toma cuidado.
(Hamlet, Ato II, Cena II)

Considere as seguintes afirmações sobre o trecho acima.


I. Hamlet expõe aqui, de maneira metafórica, a corrupção e as relações de moralidade que
ele enxerga no reino de Elsinore.
II. As falas de Hamlet são teatralizadas, pois nesse momento ele já começou seu plano de
fingir loucura a fim de investigar a morte de seu pai.
III. O castelo de Elsinore é um local em que todos desconfiam de todos. A conversa entre os
dois sugere que ambos têm segundas intenções em suas falas.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

18. INÉDITA – Celina Gil


No bloco superior abaixo, estão listados os nomes de algumas personagens da tragédia; no
inferior, sua função no drama.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1. Ofélia
2. Gertrudes
3. Cláudio
4. Rosencrantz
5. Voltemand

( ) Amada de Hamlet

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 41


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

( ) Mãe de Hamlet
( ) Amigo de Hamlet
( ) Tio de Hamlet

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


a) 1 – 2 – 4 – 3.
b) 1 – 2 – 3 – 4.
c) 2 – 1 – 4 – 3.
d) 1 – 2 – 5 – 3.
e) 2 – 1 – 5 – 3.

19. INÉDITA – Celina Gil


Leia este trecho de Hamlet, de William Shakespeare.

Ser ou não ser – eis a questão. Será mais nobre sofrer na alma pedradas e flechadas do
destino feroz ou pegar em armas contra o mar de angústias – e, combatendo-o, dar-lhe fim?
Morrer; dormir; Só isso. E com o sono – dizem – extinguir dores do coração e as mil mazelas
naturais a que a carne é sujeita; eis uma consumação ardentemente desejável. Morrer –
dormir – Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo! Os sonhos que hão de vir no sono da
morte quando tivermos escapado ao tumulto vital nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão
que dá à desventura uma vida tão longa. Pois quem suportaria o açoite e os insultos do
mundo, a afronta do opressor, o desdém do orgulhoso, as pontadas do amor humilhado, as
delongas da lei, a prepotência do mando, e o achincalhe que o mérito paciente recebe dos
inúteis, podendo, ele próprio, encontrar seu repouso com um simples punhal? Quem
aguentaria fardos, gemendo e suando numa vida servil, senão porque o terror de alguma
coisa após a morte – o país não descoberto, de cujos confins jamais voltou nenhum viajante
– nos confunde a vontade, nos faz preferir e suportar os males que já temos, a fugirmos pra
outros que desconhecemos? E assim a reflexão faz todos nós covardes. E assim o matiz
natural da decisão se transforma no doentio pálido do pensamento. E empreitadas de vigor
e coragem, refletidas demais, saem de seu caminho, perdem o nome de ação.
(Hamlet, Ato III, Cena I)

Considere as seguintes afirmações sobre o trecho acima.


I. Hamlet revela nesse momento sua decisão de vingar-se da morte de seu pai, entendendo
que isso pode levar a sua própria morte.
II. O que desincentivou Hamlet de seus pensamentos suicidas foi a incerteza sobre o que o
esperaria no pós-morte.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 42


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

III. Fica uma ambiguidade na fala de Hamlet, pois ao mesmo tempo em que aponta que
ninguém volta da morte, conversou com o fantasma de seu pai.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) Apenas I e II.

20. INÉDITA – Celina Gil


Leia as seguintes afirmações sobre William Shakespeare.
I. William Shakespeare escreveu tanto tragédias quanto comédias que são encenadas até os
dias de hoje.
II. O que chama a atenção nas peças de Shakespeare é que produzia peças sem fazer
referências à cultura popular.
III. O teatro elisabetano foi um momento de elitização do teatro, o que se comprova pelo
aparecimento de personagens nobres.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 43


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

4.2 – Gabarito
1. B
2. C
3. D
4. A
5. D
6. A
7. E
8. B
9. A
10. B
11. C
12. A
13. E
14. C
15. D
16. B
17. E
18. A
19. D
20. A

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 44


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

4.3 – Questões comentadas


1. (UFRGS - 2019)
Leia as seguintes afirmações sobre as peças Hamlet, de Shakespeare, e Gota d’água, de Chico
Buarque e Paulo Pontes.
I. Hamlet e Joana caracterizam-se como heróis trágicos por sua retidão de caráter e pelo
ímpeto de decisão.
II. Os heróis são vítimas da situação corrupta em ambas as peças.
III. A presença de narradores reforça o aspecto moderno das duas tragédias.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
Comentários:
A afirmação I está incorreta, pois Joana não pode ser dita como alguém de retidão de caráter, já utiliza
métodos violentos e questionáveis para se vingar de seu ex-marido, ainda que ela seja uma pessoa com
ímpeto de decisão. Já Hamlet dificilmente poderia ser descrito como alguém que toma decisões.
A afirmação II está correta, pois tanto Joana quanto Hamlet se veem em uma situação causada por
comportamentos corruptos ou imorais: Joana a expulsão do local em que vive e Hamlet a trama para
matar seu pai.
A afirmação III está incorreta, pois como textos dramáticos, teatrais, não possuem narrador.
Gabarito: B

2. (UFRGS - 2019)
No bloco superior abaixo, estão listados os nomes de algumas personagens da tragédia; no
inferior, sua função no drama.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1. Cláudio
2. Fortimbrás
3. Horácio
4. Polônio
5. Laertes
( ) Príncipe da Noruega
( ) Amigo de Hamlet

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 45


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

( ) Irmão de Ofélia
( ) Lorde camareiro

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


a) 4 – 1 – 5 – 2.
b) 2 – 4 – 1 – 3.
c) 2 – 3 – 5 – 4.
d) 5 – 2 – 3 – 1.
e) 3 – 1 – 4 – 2.
Comentários:
A correspondência entre as colunas é:
2. Fortimbrás Príncipe da Noruega
3. Horácio Amigo de Hamlet
5. Laertes Irmão de Ofélia
4. Polônio Lorde Camareiro
A ordem correta, portanto, é 2 – 3 – 5 – 4.
Gabarito: C

3. (UFRGS - 2019)
Leia as seguintes afirmações sobre William Shakespeare.
I. Shakespeare escreveu tragédias, comédias, romances e poemas.
II. Shakespeare foi o principal dramaturgo da Era Elisabetana, deixando um legado que
ultrapassa a cultura inglesa.
III. Shakespeare criou personagens que se tornaram exemplos da psiquê humana, como
Hamlet, Rei Lear e o casal Macbeth.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
Comentários:
A afirmação I está incorreta, pois Shakespeare não escreveu romances.
A afirmação II está correta, pois de fato, Shakespeare é o autor mais conhecido do período, que deixou
um legado mais extenso.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 46


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

A afirmação III está correta, pois as personagens de Shakespeare tendem a ser muito arquetípicas,
representando comportamentos ou sentimentos. Além disso, são largamente analisadas a partir da
perspectiva da psicologia por conta de sua construção interna.
Gabarito: D

4. INÉDITA – Celina Gil


Leia as seguintes afirmações sobre Hamlet, de William Shakespeare.
I. Shakespeare escreveu muitas peças apresentadas até hoje, ainda que seja difícil confirmar
com certeza absoluta sobre a autoria de todos os textos.
II. Hamlet é divido em 5 atos de comprimento igual, tendo sido escrito em prosa.
III. Na época do teatro de Shakespeare, já era permitido que mulheres atuassem em
espetáculos, o que fica claro pelo alto número de personagens mulheres em Hamlet.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
Comentários:
A afirmação I está correta, pois a vida de Shakespeare não tem tantos registros assim. Muitos dos textos
são atribuídos a ele, mas não podemos ter certeza da autoria: não sabemos se foram escritos por ele
mesmo ou por outro alguém – ainda que pensando em sua obra.
A afirmação II está incorreta, pois os atos têm comprimentos distintos – alguns com duas cenas outros
com sete – e foram escritos em versos.
A afirmação III está incorreta, pois além de haver poucas mulheres na peça, nessa época, os papeis
femininos também eram representados por homens, já que mulheres eram proibidas de atuar.
Gabarito: A

5. INÉDITA – Celina Gil


No bloco superior abaixo, estão listados os nomes de algumas personagens da tragédia; no
inferior, sua função no drama.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1. Cláudio
2. Ofélia
3. Gertrudes
4. Hamlet (pai)
5. Yoric

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 47


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

( ) Assassino do rei
( ) Bobo da corte
( ) Rei assassinado
( ) Mãe de Hamlet

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


a) 4 – 1 – 5 – 2.
b) 5 – 4 – 1 – 3.
c) 1 – 4 – 5 – 3.
d) 1 – 5 – 4 – 3.
e) 3 – 1 – 4 – 2.
Comentários:
A correspondência entre as colunas é:
1. Cláudio Assassino do rei
5. Yoric Bobo da corte
4. Hamlet (pai) Rei assassinado
3. Gertrudes Mãe de Hamlet
A ordem correta, portanto, é 1 – 5 – 4 – 3.
Gabarito: D

6. INÉDITA – Celina Gil


Sobre Hamlet, peça de William Shakespeare, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as
seguintes afirmações.
( ) A peça se passa essencialmente no reino de Elsinore, tendo breves passagens em outras
localidades e no mar.
( ) A linguagem da peça é informal, trazendo questionamentos mais próximos do popular do
que do erudito.
( ) Há uma ambiguidade na peça quanto à questão da loucura, pois em alguns momentos
questionamos se Hamlet não está de fato perdendo seu juízo.
( ) Não se pode ter certeza da participação ou não de Gertrudes no plano de assassinato do
rei, pois ela parece diversas vezes disposta a livrar-se de seu filho também.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


a) V – F – V – F.
b) V – V – V – F.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 48


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

c) F – F – V – V.
d) F – V – F – V.
e) V – F – F – V.
Comentários:
A primeira afirmação está correta, pois quase tudo se passa dentro do castelo do reino de Elsinore.
Algumas cenas são em outras localidades, como quando Hamlet encontra a armada de Fortimbrás em
sua viagem à Inglaterra.
A segunda afirmação está incorreta, a peça tem linguagem mais formal, entrando diversas vezes em
questionamentos filosóficos e fazendo referências diretas e indiretas a filósofos e outros pensadores.
A terceira afirmação está correta, pois Hamlet é um homem atormentado. Isso nos faz questionar em
algumas cenas se ele de fato não está perdendo sua razão, como na cena relatada por Ofélia, em que
não fica claro se era um fingimento ou não.
A quarta afirmação está incorreta, pois Gertrudes tem uma ligação muito forte com Hamlet. Em nenhum
momento ela tenta prejudica-lo.
Gabarito: A

7. INÉDITA – Celina Gil


Sobre Hamlet, peça de William Shakespeare, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as
seguintes afirmações.
( ) Ofélia se sem te culpada tanto pela loucura de Hamlet quanto pela morte do pai, o que
acaba levando à sua própria perda de razão.
( ) Hamlet se comporta de maneira ambígua com Ofélia, fazendo com que ela tenha dúvidas
não só sobre a sanidade, mas os sentimentos dele.
( ) Ofélia se acidenta colhendo flores perto do rio e acaba caindo, o que provoca a ira em
Hamlet e Laertes – causa de seu duelo.
( ) A personagem de Ofélia demonstra um lugar do feminino naquela sociedade,
principalmente pela subjugação de suas vontades muitas vezes.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


a) V – F – V – F.
b) V – V – F – F.
c) F – F – V – V.
d) F – V – F – V.
e) V – V – F – V.
Comentários:
A primeira afirmação está correta, pois esses são importantes gatilhos para a loucura de Ofélia.
A segunda afirmação está correta, pois ora Hamlet diz que a ama e ora que nunca a amou, além de
negar ações básicas, como mandar uma carta para ela.
A terceira afirmação está incorreta, pois ela cai quando vai pendurar guirlandas de flores no galho de
um salgueiro. O duelo é uma vingança de Laertes contra Hamlet, por ela e pela morte de seu pai.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 49


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

A quarta afirmação está correta, pois Ofélia é a filha obediente que aceita as ordens do pai de parar de
ver Hamlet e depois a ordem de participar de uma armadilha contra ele. Suas vontades não são muitas
vezes consideradas na equação.
Gabarito: E

8. INÉDITA – Celina Gil


Leia as seguintes afirmações sobre Hamlet, de William Shakespeare.
I. A loucura de Hamlet é falsa, pois esse é um modo de enganar a todos, que não irão
condená-lo quando ele matar seu tio, depositando a culpa em sua loucura.
II. Um dos pontos chave de análise da peça é a dualidade entre ação e pensamento,
principalmente a partir do comportamento de Hamlet para com o pedido do pai.
III. A peça prega que a justiça, de maneira terrena ou religiosa, só pode ser alcançada a partir
de uma ação equivalente àquela praticada pelo criminoso.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
Comentários:
A afirmação I está incorreta, pois Hamlet não levanta essa preocupação da culpa ou da condenação. A
loucura fingida é para ganhar tempo para elaborar sua vingança de maneira mais plena.
A afirmação II está correta, Hamlet é essencialmente um personagem cindido: ele não sabe o que é a
coisa certa a fazer. Ele pensa muito sobre o que deve ou não fazer, sobre o que é o certo ou não. Outros
personagens são mais ação, como Fortimbrás e Laertes.
A afirmação III está correta, pois não existe essa noção de justiça religiosa na peça como fruto de ações
humanas. Ela está n julgamento divino. E a peça aponta para o oposto: a vingança e a justiça não são
necessariamente sinônimos aqui
Gabarito: B

9. INÉDITA – Celina Gil


Assinale a alternativa correta sobre a peça Hamlet, de William Shakespeare.
a) O tom da peça é melancólico, pois mostra seu personagem central assombrado de dúvidas
acerca de como deve agir diante do mundo.
b) A personagem de Polônio representa a injustiça da sociedade, pois apesar de ter se
colocado ao lado de Hamlet, é morto por ele.
c) Há uma dificuldade em executar sua vingança, pois Hamlet percebe que o povo de Elsinore
gosta muito de seu tio Cláudio, hoje rei.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 50


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

d) Rosencrantz e Guildenstern, amigos de Hamlet, são peças fundamentais, pois são eles
quem vêm pela primeira vez o espectro do rei morto.
e) O duelo entre Hamlet e Laertes sela o final da peça, colocando o príncipe da Dinamarca
de volta ao trono que lhe era de direito.
Comentários:
A alternativa A está correta, pois Hamlet é um homem atormentado pela dúvida. Ele não sabe se deve
ou não acreditar no fantasma, como proceder com sua vingança, como lidar com a ideia de morte etc.
A alternativa B está incorreta, pois Polônio nunca esteve ao lado de Hamlet. Ele era aliado do rei
Cláudio.
A alternativa C está incorreta, pois quem enfrenta dificuldades para realizar seu plano de eliminar
Hamlet é Cláudio, que por perceber que Hamlet é muito amado pelo povo teme que mata-lo cause
revolta entre as pessoas.
A alternativa D está incorreta, pois eles são amigos sim de Hamlet, mas são os responsáveis por espiona-
lo, nunca viram o fantasma.
A alternativa E está incorreta, pois Hamlet, o príncipe da Dinamarca, morre no duelo, ou seja, não
assume o trono.
Gabarito: A

10. INÉDITA – Celina Gil


No bloco superior abaixo, estão listados os nomes de algumas personagens da tragédia; no
inferior, sua função no drama.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1. Bernardo
2. Hamlet
3. Osric
4. Fortimbrás
5. Reinaldo

( ) Servo de Polônio
( ) Príncipe da Dinamarca
( ) Príncipe da Noruega
( ) Cortesão do rei

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


a) 3 – 1 – 5 – 2.
b) 5 – 2 – 4 – 3.
c) 4 – 3 – 5 – 1.
d) 5 – 2 – 3 – 1.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 51


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

e) 3 – 1 – 4 – 2.
Comentários:
A correspondência entre as colunas é:
5. Reinaldo Servo de Polônio
2. Hamlet Príncipe da Dinamarca
4. Fortimbrás Príncipe da Noruega
3. Osric Cortesão do rei
A ordem correta, portanto, é 5 – 2 – 4 – 3.
Gabarito: B

As questões a seguir referem-se à peça Hamlet, de William Shakespeare


11. INÉDITA – Celina Gil
Assinale a alternativa correta sobre o Ato I.
a) Embaixadores são enviados à Inglaterra para negociar a paz.
b) O espectro do pai de Hamlet pede vingança contra Polônio por sua morte.
c) Laertes parte para Paris, porém preocupado com o future de sua irmã.
d) Fortimbrás chega à Dinamarca para reclamar seu direito de passar pelo território.
e) Gertrudes não acredita que Hamlet tenha visto o fantasma de seu pai.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois a ida à Inglaterra ocorre posteriormente, e para matar Hamlet, não
pedir paz. Pede-se paz para a Noruega nesse ato.
A alternativa B está incorreta, pois a vingança é pedida contra o tio Cláudio, não Polônio.
A alternativa C está correta, pois na cena III, Laertes retorna para Paris. Antes de ir embora, ele se
despede da irmã, com receio que ela possa ter sua inocência corrompida.
A alternativa D está incorreta, pois isso só ocorre no último ato.
A alternativa E está incorreta, pois Hamlet não revela para ninguém – além de Horácio e dos guardas –
nesse ato sobre a conversa com seu pai.
Gabarito: C

12. INÉDITA – Celina Gil


Assinale a alternativa correta sobre o Ato II.
a) Polônio orienta Reinaldo a falar mal de Laertes na França.
b) O Rei e a Rainha pedem a Marcelo e Horácio que espionem Hamlet.
c) Cláudio dá sinais de sua culpa ao assistir à peça de teatro.
d) Hamlet hesita em assassinar seu tio enquanto reza.
e) Polônio põe em prática seu plano de usar Ofélia como isca.
Comentários:
A alternativa A está correta, pois o ato se abre com Polônio conversando com seu servo sobre seu plano
para descobrir se Laertes está se comportando de maneira íntegra.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 52


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

A alternativa B está incorreta, pois esse pedido é feito a Rosencrantz e Guildenstern.


A alternativa C está incorreta, pois isso só ocorrerá no ato seguinte. Aqui, a companhia apenas chega ao
reino.
A alternativa D está incorreta, pois isso só ocorrerá no ato seguinte.
A alternativa E está incorreta, pois isso também só ocorrerá no ato seguinte. Aqui, ele apenas elabora o
plano.
Gabarito: A

13. INÉDITA – Celina Gil


Assinale a alternativa correta sobre o Ato III.
a) Hamlet pede aos atores que decorem um texto escrito por ele.
b) Hamlet é encaminhado à Inglaterra por matar Polônio.
c) Polônio afirma que Hamlet está louco por amor à Ofélia.
d) Hamlet se recusa a dizer onde está o corpo de Polônio.
e) Hamlet mata Polônio pensando ser seu tio escondido.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois isso ocorre no ato anterior. Aqui, o espetáculo já é apresentado.
A alternativa B está incorreta, pois isso só ocorrerá no ato seguinte.
A alternativa C está incorreta, pois isso ocorre no ato anterior, numa conversa com sua filha e, depois,
com o rei e a rainha.
A alternativa D está incorreta, pois isso só ocorrerá no ato seguinte.
A alternativa E está correta, pois, após o espetáculo, quando está conversando com sua mãe na cena IV,
Hamlet acaba acidentalmente matando Polônio.
Gabarito: E

14. INÉDITA – Celina Gil


Assinale a alternativa correta sobre o Ato IV.
a) Hamlet é enviado à Noruega numa trama secreta para assassina-lo.
b) Hamlet pensa sobre vida e morte a ver a caveira de Yoric.
c) Ofélia entrega flores ao rei, rainha e Laertes, cada uma com uma simbologia.
d) Hamlet fica sabendo da morte de Ofélia e retorna para a Dinamarca.
e) Fortimbrás chega à Dinamarca para tomar o reino par si.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois ele é encaminhado para a Inglaterra, não Noruega.
A alternativa B está incorreta, pois isso ocorrerá no ato final, não agora.
A alternativa C está correta, pois na cena V, Ofélia entrega flores à corte. Essas flores tinham cada uma
um significado simbólico.
A alternativa D está incorreta, pois ele retorna por saber do plano do seu tio, não por saber a morte de
Ofélia.
A alternativa E está incorreta, pois Fortimbrás não tem o objetivo de tomar o reino. Isso ocorre de
maneira

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 53


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

Gabarito: C

15. INÉDITA – Celina Gil


Assinale a alternativa correta sobre o Ato V.
a) Os coveiros estão preparando a cova de Polônio e de Ofélia no cemitério.
b) Ofélia é enterrada com todos os ritos católicos, mesmo após seu suicídio.
c) Hamlet, ofendido com Laertes pela briga no enterro de Ofélia, aceita participar do duelo.
d) Hamlet acaba matando Laertes por feri-lo sem saber que a espada estava envenenada.
e) Gertrudes morrer por colocar-se em frente à espada envenenada durante o duelo.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois eles estão apenas preparando a cova de Ofélia.
A alternativa B está incorreta, pois seu enterro é incompleto, com poucos ritos, justamente por conta da
suspeita em torno de sua morte.
A alternativa C está incorreta, pois ele aceita por entender que seu destino está ali, mas não culpa
Laertes por nada.
A alternativa D está correta, pois na briga, Hamlet e Laertes trocam as armas, o que acaba causando a
morte do irmão de Ofélia.
A alternativa E está incorreta, pois Gertrudes morre por tomar a taça com veneno.
Gabarito: D

16. INÉDITA – Celina Gil


Sobre Hamlet, peça de William Shakespeare, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as
seguintes afirmações.
( ) Shakespeare escreve no contexto da Era Elisabetana, período em que a Inglaterra já havia
aderido à religião anglicana.
( ) Hamlet representa um homem mais próximo dos ideias renascentistas do que medievais,
pois é muito ligado à racionalidade.
( ) Cláudio representa as dificuldades sucessórias do período, pois não se sabe se o herdeiro
direto do trono é ele ou Hamlet.
( ) Hamlet esconde o corpo de Polônio porque ele não têm apreço pelos ritos funerários ou
pelo respeito ao luto aos mortos.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


a) V – F – V – F.
b) V – V – F – F.
c) F – F – V – V.
d) F – V – F – V.
e) V – V – F – V.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 54


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

Comentários:
A primeira afirmação está correta, pois o período em que Shakespeare escreve é durante o governo da
rainha Elisabeth I e um pouco depois. A Inglaterra já era protestante nessa época.
A segunda afirmação está correta, pois Hamlet de fato é um homem com muito apreço à razão e o
pensamento racional.
A terceira afirmação está incorreta, pois Cláudio representa as tramas e golpes envolvidos nas políticas
de Estado, não as dificuldades sucessórias.
A quarta afirmação está incorreta, pois Hamlet esconde o corpo como parte de seu disfarce à loucura.
Ele dá importância aos ritos funerários. Lembre-se que é justamente o desrespeito ao luto de seu pai
que provoca sua revolta no início da peça, antes mesmo de saber que havia um assassinato envolvido.
Gabarito: B

17. INÉDITA – Celina Gil


Leia este trecho de Hamlet, de William Shakespeare.

POLÔNIO: Como está o meu bom príncipe Hamlet?


HAMLET: Bem, Deus seja louvado.
POLÔNIO: O senhor me conhece, caro Príncipe?
HAMLET: Até bem demais; você é um rufião.
POLÔNIO: Não eu, meu senhor!
HAMLET: Que pena; me parece igualmente honesto no que faz.
POLÔNIO: Honesto, senhor?
HAMLET: E ser honesto, hoje em dia, é ser um em dez mil.
POLÔNIO: Isso é bem verdade, meu senhor.
HAMLET: Pois mesmo o sol, tão puro, gera vermes num cachorro. Deuses gostam de beijar
carniça... O senhor tem uma filha?
POLÔNIO: Tenho sim, meu senhor.
HAMLET: Não deixe que ela ande no sol. A concepção é uma bênção; mas não como sua filha
pode conceber... Amigo, toma cuidado.
(Hamlet, Ato II, Cena II)

Considere as seguintes afirmações sobre o trecho acima.


I. Hamlet expõe aqui, de maneira metafórica, a corrupção e as relações de moralidade que
ele enxerga no reino de Elsinore.
II. As falas de Hamlet são teatralizadas, pois nesse momento ele já começou seu plano de
fingir loucura a fim de investigar a morte de seu pai.
III. O castelo de Elsinore é um local em que todos desconfiam de todos. A conversa entre os
dois sugere que ambos têm segundas intenções em suas falas.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 55


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

Comentários:
A afirmação I está correta, pois ele diz sobre como é raro que hoje se seja honesto, além de aludir à
contaminação de pessoas puras pela corrupção na metáfora do cachorro.
A afirmação II está correta, Hamlet já acredita que a morte de seu pai foi fruto de um golpe de seu tio.
Assim, ele começa a fingir loucura para que ninguém desconfie de suas intenções.
A afirmação III está correta, pois Polônio está investigando o que Hamlet pode estar querendo dizer com
suas metáforas e Hamlet está aludindo ao comportamento corrupto de Polônio.
Gabarito: E

18. INÉDITA – Celina Gil


No bloco superior abaixo, estão listados os nomes de algumas personagens da tragédia; no
inferior, sua função no drama.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1. Ofélia
2. Gertrudes
3. Cláudio
4. Rosencrantz
5. Voltemand

( ) Amada de Hamlet
( ) Mãe de Hamlet
( ) Amigo de Hamlet
( ) Tio de Hamlet

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


a) 1 – 2 – 4 – 3.
b) 1 – 2 – 3 – 4.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 56


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

c) 2 – 1 – 4 – 3.
d) 1 – 2 – 5 – 3.
e) 2 – 1 – 5 – 3.
Comentários:
A correspondência entre as colunas é:
1. Ofélia Amada de Hamlet
2. Gertrudes Mãe de Hamlet
4. Rosencrantz Amigo de Hamlet
3. Cláudio Tio de Hamlet
A ordem correta, portanto, é 1 – 2 – 4 – 3.
Gabarito: A

19. INÉDITA – Celina Gil


Leia este trecho de Hamlet, de William Shakespeare.

Ser ou não ser – eis a questão. Será mais nobre sofrer na alma pedradas e flechadas do
destino feroz ou pegar em armas contra o mar de angústias – e, combatendo-o, dar-lhe fim?
Morrer; dormir; Só isso. E com o sono – dizem – extinguir dores do coração e as mil mazelas
naturais a que a carne é sujeita; eis uma consumação ardentemente desejável. Morrer –
dormir – Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo! Os sonhos que hão de vir no sono da
morte quando tivermos escapado ao tumulto vital nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão
que dá à desventura uma vida tão longa. Pois quem suportaria o açoite e os insultos do
mundo, a afronta do opressor, o desdém do orgulhoso, as pontadas do amor humilhado, as
delongas da lei, a prepotência do mando, e o achincalhe que o mérito paciente recebe dos
inúteis, podendo, ele próprio, encontrar seu repouso com um simples punhal? Quem
aguentaria fardos, gemendo e suando numa vida servil, senão porque o terror de alguma
coisa após a morte – o país não descoberto, de cujos confins jamais voltou nenhum viajante
– nos confunde a vontade, nos faz preferir e suportar os males que já temos, a fugirmos pra
outros que desconhecemos? E assim a reflexão faz todos nós covardes. E assim o matiz
natural da decisão se transforma no doentio pálido do pensamento. E empreitadas de vigor
e coragem, refletidas demais, saem de seu caminho, perdem o nome de ação.
(Hamlet, Ato III, Cena I)

Considere as seguintes afirmações sobre o trecho acima.


I. Hamlet revela nesse momento sua decisão de vingar-se da morte de seu pai, entendendo
que isso pode levar a sua própria morte.
II. O que desincentivou Hamlet de seus pensamentos suicidas foi a incerteza sobre o que o
esperaria no pós-morte.
III. Fica uma ambiguidade na fala de Hamlet, pois ao mesmo tempo em que aponta que
ninguém volta da morte, conversou com o fantasma de seu pai.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 57


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) Apenas I e II.
Comentários:
A afirmação I está incorreta, pois aqui Hamlet ainda está indeciso quanto ao que deve fazer. Ele não
conseguiu ainda discernir o que seria a atitude certa.
A afirmação II está correta, Hamlet aponta que não tem certeza que morrer significaria um descanso
para suas aflições.
A afirmação III está correta, pois vemos que Hamlet ainda não está totalmente certo de que possa
acreditar na aparição do espectro, já que crê também que ninguém volta da morte.
Gabarito: D

20. INÉDITA – Celina Gil


Leia as seguintes afirmações sobre William Shakespeare.
I. William Shakespeare escreveu tanto tragédias quanto comédias que são encenadas até os
dias de hoje.
II. O que chama a atenção nas peças de Shakespeare é que produzia peças sem fazer
referências à cultura popular.
III. O teatro elisabetano foi um momento de elitização do teatro, o que se comprova pelo
aparecimento de personagens nobres.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
Comentários:
A afirmação I está correta, pois Shakespeare escreveu peças em ambos os gêneros.
A afirmação II está incorreta, pois muitas de suas peças são fruto de conhecimentos populares ou
histórias que já circulavam na época – além de referências a acontecimentos.
A afirmação III está incorreta, pois esse foi um momento de popularização, não de elitização do teatro.
Gabarito: A

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 58


ESTRATÉGIA VESTIBULARES

Considerações finais
Qualquer dúvida estou à disposição no fórum ou redes sociais!

Prof.ª Celina Gil


/professora.celina.gil Professora Celina Gil @professoracelinagil

Versão Data Modificações


1 22/11/2021 Primeira versão do texto.

HAMLET – WILLIAM SHAKESPEARE 59

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