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O POEMA RÉGIUS

O Poema Régius.

Compilado de diversos trechos de autoria desconhecida p/ Irm tibério sá maia ( * )

Segundo informações disponíveis, o Manuscrito Régio foi escrito em torno do ano de 1390. Publicado
em 1840 por James O. Halliwell, é mencionado em 1670 em um inventário da Biblioteca John Theyer.
Esta foi vendida a Robert Scott - daí a razão de haver um segundo inventário, em 1678. O Manuscrito
pertenceu depois à Biblioteca real até 1757 - daí o seu nome de “Regius” - data na qual o rei Jorge II
fez a doação ao Museu Britânico.

Apresenta-se na forma de um manuscrito de 794 versos de tradições remotas e uma série de lendas,
dentre elas a da chegada da Fraternidade à Inglaterra nos tempos do rei Athelstan. (1) Escrito em
língua medieval do Sudoeste da Inglaterra e citações em latim eclesiástico.

Manuscrito em pergaminho de pele de cordeiro, em 33 folhas gravadas com letras góticas.

O Poema Régius data de 1390, sendo a compilação dos mais antigos e autênticos documento da
Maçonaria Operativa. Isoladamente nenhum dos documentos que ele encerra foi sobrepujado por outra
edição da medieval.

Conhecido também por Manuscritos de Halliwell, em homenagem a James Orchard Halliwell, ( 2 ) que
o descobriu na Real Biblioteca do Bristh Museum em 1839 e o analisou pela primeira vez.

O que é:

O Poema Régio (Regius Poem), também conhecido como Manuscrito Halliwell, é o mais antigo
documento maçónico de que se tem conhecimento, embora esta posição seja contestada por alguns
autores em favor da Carta de Bolonha.

Algumas Informações:

O texto original foi gravado em inglês arcaico, com letras góticas, sobre pele de carneiro. É composto
por 64 páginas, contendo 794 versos. A data de sua produção, segundo especialistas, estima-se como
sendo situada na década de 1390, apesar de que, supõe-se que tenha sido copiado de um documento
mais antigo. O autor é desconhecido e o local de origem, segundo o historiador maçônico Wilhem
Begemann, é a cidade inglesa de Worcester (fundada em 407 DC).

Desde a sua redação até ser descoberto como documento maçônico, o trajeto percorrido pelo
manuscrito é um tanto incerto.

Aparentemente, ele foi propriedade de vários antiquários e colecionadores, tendo sido adquirido pelo
Rei Carlos II, passando a pertencer à biblioteca real (Royal Library), a qual, em 1757, foi doada pelo
Rei George II ao Museu Britânico. Atualmente, o documento original está guardado na Biblioteca
Britânica (British Library) e faz parte da Coleção Real de Manuscritos (Royal Manuscript Collection).
Para aqueles que gostariam de lê-lo em inglês é possível adquirir uma cópia por download no site da
livraria virtual Amazon.com.
Do que trata o documento:

Durante muito tempo, o Poema Régio foi descrito como um poema sobre obrigações morais, até que,
em 1840, um antiquário inglês de nome James Orchard Halliwell-Phillips (que não era maçon) o
estudou e descobriu sua essência: um documento relativo à maçonaria operativa.

O documento é composto de várias partes que contêm lendas, episódios bíblicos, descrições de artes e
normas. A sua leitura faz-nos concluir que o seu objetivo principal é transmitir as normas,
regulamentos ou estatutos do ofício de franco-maçon e da corporação. O texto cita o Rei Athelstan
(924-939) como o estimulador da criação dessas normas, referindo que ele convocou um encontro de
maçons para que fossem estudadas e definidas as leis, regras e preços do ofício. Nele, a Maçonaria é
mencionada como Geometria.

Uma interpretação adjacente sobre o texto, feita por alguns estudiosos, vê nele como tema recorrente
ou motivo central a apresentação do Oficio de Construtor como uma atividade nobre, ligada à realeza e
à aristocracia. Por isso, seria atribuído à Maçonaria o título de Arte Real.

O Nome:

No original, o documento não tem um nome específico, pelo que acabou tendo mais de um: Manuscrito
de Halliwell, como referência ao seu descobridor e/ou intérprete, James Orchard Halliwell-Phillips; e
Poema Régio ou Manuscrito Régio, pelo fato de ter pertencido à coleção de livros e manuscritos da
Biblioteca Real Inglesa.

Dividido em nove partes:

I. História lendária do Ofício de Construtor, cujas origens estariam na Geometria de Euclides ( 3 );


trazido à Inglaterra sob o rei Athelstan (925-940), Este teria convocado uma Assembléia de Mestres do
Ofício, senhores e notáveis, com o objetivo de elaborar os estatutos da Corporação;

II. Os estatutos, divididos em quinze artigos;

III. Quinze pontos complementares aos estatutos;

IV. Outras disposições referentes ao Ofício. Decisão de se reunirem a intervalos regulares. Em Grandes
Assembléias dos pedreiros da construção; veja nota ( 1 )

V. Lenda do martírio dos Quatuor Coronati, santos patronos do ofício; ( 4 )

VI. Narrativa do episódio bíblico da Torre de Babel, segundo Gênesis 11,1-9 e Flávio Josefo ( 5 )-
Antigüidades Judaicas 1,4.

VII. Exposição sobre as Sete Artes Liberais ( 6 ), definidas e instituídas por Euclides para proporcionar
aos futuros construtores uma instrução completa;
VIII. Exortação à assiduidade à missa e à estrita observância do culto religioso católico;

IX. Um tratado de boas maneiras a serem observadas em sociedade.

O que mais caracteriza o Manuscrito um leitmotiv que perpassa por todo o poema é a apresentação do
Ofício de Construtor como uma atividade nobre, ligada à realeza e à aristocracia. Por isso se atribui à
Maçonaria o titulo de Arte Real.

Segundo o pesquisador maçônico francês contemporâneo Patrick Négrier, vários temas apresentados
no "Regius" com essa intenção se inspiram, entre outras fontes, na História dos Reis da Bretanha de
Geoffroy de Mommouth que faleceu em 1155, cujo propósito era justificar, através de antecedentes
nobiliárquicos inatacáveis. Todos conhecidos, pela legitimidade histórica e política dos Bretões.

Essa preocupação com o enobrecimento da Arquitetura já se acha presente nos primeiros versos do
poema, como veremos a seguir:

"Hic incipiunt constituciones artis Gemetriae secundum Eucyldem" ("Aqui principiam as Constituições da
Arte da Geometria, segundo Euclides")

Aquele que deseja boa leitura e que busca conhecimento pode encontrar num velho livro escrito Sobre
grandes senhores e gentis damas Que tinham muitos filhos mui sábios.

Mas não dispunham de renda para mantê-los. Nem na cidade, nem nos campos ou nos bosques.
Reuniram-se em conselho, por causa deles, Para decidir, em benefício de seus filhos, Como eles
poderiam melhor ganhar a vida sem grande desconforto, cuidado ou angústia, Sem contar a multidão
de filhos Que viriam depois deles virarem cinzas.

Mandaram procurar grandes clérigos Que para isso lhes ensinassem bons ofícios: "Nós lhes rogamos,
por amor a Nosso Senhor, Que nossos filhos façam bons trabalhos.

De forma a bem poderem ganhar a vida Com facilidade, e também com toda a honestidade e
segurança".

Nessa época, graças à boa geometria, Este honesto ofício da boa maçonaria Foi organizada, elaborada
em seu método E concebido pelos clérigos reunidos.

Em virtude das súplicas dos conceberam a geometria, Dando-lhe o nome de maçonaria, Para fazer o
mais honesto dos ofícios.

Esses filhos dos senhores foram ao clérigo Para aprender o ofício da geometria No qual ele se mostrou
pleno de cuidado.

Por causa da súplica dos pais, bem como das mães, Ele os introduziu nesse ofício honesto. Aquele que
melhor aprendia e se mostrava honesto Também suplantava os companheiros em habilidade.

Caso nesse ofício ele se superasse, Teria mais direito à honra do que o derradeiro.
O nome desse grande clérigo era Euclides.

Seu nome se difundiu amplamente. Além disso, esse grande clérigo ordenou ainda Que aquele que
estivesse num grau mais elevado Deveria instruir o que menos soubesse Para o aperfeiçoar nesse
honesto ofício; Assim devem eles se instruir mutuamente E se amarem juntos como irmã e irmão.

Além disso, ordenou ele ainda Que o mais adiantado fosse chamado mestre; Para que ele fosse o mais
honrado, Deveria ele assim ser chamado. Todavia, um maçom jamais deveria querer chamar um outro
No ofício, diante de todos os demais, De servo ou servidor, mas sim de "meu caro irmão".

Mesmo não sendo ele tão perfeito como um outro, Cada um por amor deveria chamar o outro de
companheiro, Já que são nascidos de nobre estirpe.

O ofício da maçonaria iniciou-se primeiro Quando o clérigo Euclides, em sua sabedoria, instituiu Esse
ofício da geometria na terra do Egito.

No Egito com vigor ministrou seus ensinamentos Difundidos em várias terras, por toda parte.

Já nesses versos iniciais do "Regius" afloram numerosos problemas a desafiar a argúcia do historiador.
Só podemos abordar, de maneira bastante superficial, três das questões mais importantes:

a- o background sócio-econômico do texto; b- Euclides como pai da Maçonaria; c- as origens egípcias


da Arte Real. Do qual não trataremos aqui

a) Os elementos que constituem a base sócio-econômico da situação podem ser delineados pelos
versos iniciais do poema. Descrevem uma situação de crise econômico-social em que a Arquitetura
teria se desenvolvido para proporcionar meios de subsistência a um excedente populacional.

Para Patrick Négrier trata-se de um reflexo da crise européia do fim do séc. XIV e início do séc. XV
ligada à Guerra dos Cem Anos e à Peste Negra, a qual teria provocado o fechamento dos grandes
canteiros de obras de catedrais e o desemprego de muitos trabalhadores do setor.

Nós pelo contrário, veríamos nesses versos um reflexo da situação sócio-econômico dos séculos XI e
XII em que o progresso das técnicas agrícolas e a exploração de novas terras acarretaram o
crescimento demográfico e uma corrida às cidades dos excedentes da população rural em busca de
colocação nos canteiros de obras.

Esse quadro social que vê nascer a Maçonaria Operativa responsável pela construção das grandes
catedrais está admiravelmente descrito nas linhas abaixo extraídas do admirável trabalho do
historiador e arquiteto Roland Bechmann Les Racines des Cathédrales:

A explosão demográfica, conseqüência de uma melhoria indiscutível da condição rural, ligada ao


mesmo tempo a uma cessação das invasões e dos conflitos mais danosos aos camponeses, a um
período climático favorável e a um progresso das práticas rurais, colocava problemas.

O desbravamento das novas terras, que de resto se defrontou rapidamente com fatores limitadores -
terras muito difíceis de se trabalhar e insuficientemente férteis e medidas de defesa do capital florestal
- não era mais suficiente. O excesso das populações dos campos deveria, portanto encontrar outras
saídas.

Para fazer frente à superpopulação, ao desemprego e à miséria que são os seus corolários, as
soluções ou as diversões a que em diferentes épocas da história se buscou recurso foram
freqüentemente a guerra de conquista, o trabalho forçado ou as frentes de trabalho: podemos citar de
forma notadamente desordenada: os templos e os grandes trabalhos dos Romanos e dos Incas, as
grandes invasões, as guerras napoleônicas, as oficinas nacionais de 1848, os canteiros de obras e as
guerras coloniais do século XIX, os trabalhos de saneamento dos Pântanos Pontinos e as guerras
coloniais sob o regime fascista, as auto-estradas alemãs e a guerra de expansão pelo Labensraum dos
nazistas...

E nessas cidades que às vezes dobravam sua população em menos de cem anos, a construção de
habitações, o artesanato e o comércio eram ativos.
Mas possivelmente isso não teria sido suficiente para todos esses trabalhadores em busca de
empregos se não tivessem sido abertos esses grandes canteiros públicos que foram as catedrais...

O desenvolvimento das cidades e o impulso das trocas intimamente ligado ao mesmo criaram para os
trabalhadores das construções novos mercados.. Esses trabalhadores, nas grandes cidades,
organizavam-se pouco a pouco em agrupamento de defesa de seus interesses, privilégios e
procedimentos as corporações - e em associações de solidariedade trabalhadora mais ou menos
secreta, dando origem aos francos-maçons e às associações de companheiros.

b) Euclides coo pai da Maçonaria Euclides, o pai da Geometria, é aqui apresentado, travestido de
clérigo cristão, como o pai da Maçonaria Operativa.

Na medida em que a Geometria era considerada uma das Sete Artes Liberais, disciplinas vistas como
dignas de serem estudadas por nobres, ao passo que o ofício do construtor era estigmatizado como
um viril trabalho próprio das classes tidas por inferiores, trata-se de um artifício literário destinado a
enobrecer a profissão de arquiteto.

O fato de Euclides ter vivido em Alexandria, por sua vez, nos remete ao tema das origens egípcias da
Arquitetura

Dos textos, a seguir inferem-se princípios e tradições presentes na Maçonaria Moderna, alguns como
Landmarks. Por sua importância para nós Filosóficos, tão ávidos de conhecimentos do período
Operativo, vejamos os Versos 57 a 86 do Poema, que se referem aos estatutos formados por 15
artigos e mais os 15 pontos complementares a esses estatutos, pertinentes à boa geometria.

1° Seja o Mestre prestimoso, leal e verdadeiro. Mantenha-se com a retidão de um juiz. Pague aos seus
obreiros o justo e conforme as exigências da manutenção. Não ocupe nenhum obreiro senão no que
ele possa fazer e ser útil. Jamais o utilize em seu benefício próprio. Não aceite suborno de ninguém e
ainda menos de patrão ou de companheiro.

2° Todo Mestre deve comparecer a Assembléia Geral, desde que avisado com razoável antecedência,
salvo por motivo escusável, por doença impeditiva ou por falsa, ou errada informação.

3° O Mestre não deve admitir aprendiz não disposto a preparar-se durante sete anos, a fim de bem
aprender o ofício e tornar-se hábil.

4° O Mestre não deve admitir aprendiz sujeito à servidão, para que o seu senhor não venha a reclamá-
lo quando quiser. Deve o Mestre procurar aprendiz de boa, livre e honrada estirpe, ou pertencente à
nobreza.

5° Que seja o aprendiz de legítima filiação. Seja ele válido e hígido, por não convir ao ofício um
aleijado, um coxo, um mutilado ou um homem fisicamente imperfeito, diante de uma profissão
destinada a criaturas forte.

6° O Mestre não deve causar qualquer prejuízo ao senhor (proprietário da obra), do qual nada poderá
tirar para o aprendiz, nem mesmo o que receber em nome dos companheiros, visto que esses são de
maior habilidade. Nem seria razoável que aprendiz recebesse pagamento igual ao dos companheiros.
Todavia pode o Mestre comunicar ao aprendiz um aumento de salário conforme a melhoria de
trabalho, até alcançar uma boa diária.

7° O Mestre é proibido de auxiliar, por favor ou por medo, a ladrões, assassinos e pessoas de má
reputação.

8° Pode o Mestre substituir o obreiro menos habilitado por outro mais competente.

9° Nunca se encarregue o Mestre de qualquer obra que não possa terminá-la e completá-la a tempo,
com solidez e fortaleza desde os alicerces, de modo a satisfazer ao proprietário e à Fraternidade.

10° A nenhum Mestre é dado suplantar o outro, sob pena não inferior a dez libras, salvo se o primeiro
encarregado for culpado.
11° O Mestre não deve trabalhar à noite, salvo para desenvolver o seu talento.

12° É vedado ao Mestre desmerecer de seu Irmão.

13° Ensine o Mestre o seu aprendiz, bem e completamente.

14° O Mestre não deve admitir aprendiz, a não ser quando se empenhe em obras diversas, sobre as
quais deverá instituir o aprendiz.

15° Nunca se permita ao aprendiz proferir ou sustentar mentiras, ou apoiá-las. A ninguém é dado
consentimento de mentir ou jurar falsamente.

Os 15 pontos complementares a esses estatutos (traduzido do francês por tsmaia)

1º ponto - Todo o Mestre deve amar a Deus sobre tudo. A sua Igreja e aos seus companheiros de
trabalho.

2º ponto - Os pedreiros devem ser pagos em dia.

3° ponto - Os Aprendizes devem manter sigilo de tudo que assimilar dos seus Mestres de tudo o que
ouve e vê, em Loja.

4º ponto - O Aprendiz não deve causar nenhum transtorno para o serviço que executa ou para a
profissão, nem para o seu mestre, ou para seu companheiro sujeitos as mesmas leis

5º ponto - O pedreiro deve receber o salário de seu mestre que deve dispensa-lo antes do meio dia se
não houver atribuição para eles

6º ponto - As desavenças entre os pedreiros devem ser ajustadas de modo amigável, após a jornada
de trabalho ou em hora de folga.

7º ponto - Um pedreiro não deve se deitar com a mulher de um mestre, nem com a de um
companheiro

8º ponto - Um Mestre pode nomear um companheiro a posto de responsabilidade intermediária, entre


a sua e a dos demais membros.

9º ponto - Os companheiros devem se servir à mesa, obter provisões e prestar contas de suas
despesas.

10º ponto - Os companheiros não devem dar apoio aos que persistem nas faltas sob pena de se
convocados à assembléia e dispensados.

11º ponto - Um pedreiro deve corrigir com amabilidade trabalhos defeituosos.

12º ponto - Em Assembléia, os Mestres, os companheiro, os comanditários e dignitários deverão estar


de acordo para fazer respeitar as leis do trabalho.

13º ponto - O pedreiro não deve roubar ou ser cúmplice de um ladrão.

14º ponto - Um pedreiro deve jurar fidelidade ao seu Mestre, aos demais companheiros e ao seu Rei

15º ponto - Os transgressores desses Estatutos serão convocados diante de uma Assembléia. Se
persistirem, na falta, serão impedidos de exercer a profissão, postos em prisão e verão seus bens
confiscados.

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