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https://doi.org/10.36592/9786587424064-1
E me perdoem se eu inssto neste tema é que não sei fazer poema ou canção que
fale de outra coisa que não seja o amor, s o quadradismo dos meus versos vai de
encontro ao intelecto que não usa o coração como expressão.
Ora, sabemos que o Espírito não se detém em sua marcha, mas igualmente
sabemos que Ele se demora em cada uma de suas etapas (momentos e figuras), bem
como que seu movimento de suprassunção de si mesmo na eterna harmonia invisível
jamais encontrará a síntese (desculpem a palavra) definitiva de si mesmo.
Com efeito, a Modernidade também somente se faz perene como suprassunção
de si mesma, mas seria preferível, assim o compreendo, adotar a terminologia de Neo-
Modernidade para caracterizar o contexto no qual vivemos. É inegável que a
Modernidade experimentou tanto novos momentos como viu emergir dentro de si
novas figuras do Espírito, não à toa o próprio Hegel teria em seus instantes finais
iniciado uma nova Fenomenologia do Espírito, apontando com isso um desafio
que nos atinge como um raio, lembremos que a Verdade é o raio mesmo, a urgência
não em adornar o pórtico majestoso, mais em reescrever aquele périplo tanto para
refundar quanto para aprofundar e ampliar o caminho que nos leva ao saber absoluto,
esse saber de si mesmo como espírito requer muito mais nos dias de hoje. É hora,
portanto, de parar de nos debatermos sobre a vírgula de Kant e fazer Filosofia e chega
de micro ou, pior, mico filosofia.
É bem conhecida, e lembrando Hegel, por isso mesmo é quase sempre não
reconhecida a relação entre o Espírito do Tempo e o Espírito do Mundo, o primeiro
como o ápice a que o pensamento (a ciência, a arte e a religiosidade) é capaz de alçar a
si mesmo e o segundo como a totalidade das forças interativas dominantes em cada
estágio da história. O descompasso que aí predomina tem sido a causa do surgimento
dos homens históricos e, também, da ruína de cada um desses avatares da
humanidade.
O Espírito do Tempo, que na Arte e na Religião se representam em metáforas e
parábolas e na Ciência se faz conceitos, enquanto é a encarnação da ousadia de se
constituir em passos evolutivos da realização da Ideia de Liberdade, está sempre em
conflito com o Espírito do Mundo que se plasma nas instituições dominantes em todas
as esferas da condição humana e, por isso mesmo, se quer perpetuar, apresentando a
si mesmo como a verdade definitiva, a realização suprema das possibilidades infinitas
da construção do si mesmo do homem e do mundo, obviamente que para fugir da
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Sabemos, e não é de hoje, que o maior grau de realização que algo alcança é nele
mesmo que começa seu processo de suprassunção, Marx havia prognosticado o fim do
Capitalismo somente após a sua universalização plena, daí a sua tomada de posição
em defesa da pujante burguesia americana frente aos lerdos mexicanos, na guerra que
em seu tempo se travou entre EUA e México, pois segundo ele a vitória do México
representaria um atraso na marcha do capitalismo para se universalizar. Hoje sabemos
que dada a complexidade do capitalismo as coisas não são tão simples como sonhou
Marx. Não obstante, o Espírito do Tempo permanece vivo e suas manifestações na
ciência, seja na física contemporânea em suas vertentes, seja na astrofísica e
adjacentes, seja na biologia, seja nos laboratórios de química, ainda que desde há
aproximadamente um século tenham sido sistematicamente ignoradas por aqueles
que têm se ocupado da Filosofia e fazem da Filosofia um olhar edipiano ocupado com
o próprio umbigo; o Espírito do Tempo tem nos cobrado uma atitude de Naheit
(palavra alemã com o duplo significado de: uma distância que aproxima e uma
proximidade que distancia) como uma condição para estarmos juntos de nós mesmos.
Pois bem, voltamos a contemporaneidade de Hegel, a assertiva hegeliana de que a
discussão sobre a luz ser partícula ou onda é própria de quem se mantém no nível do
Entendimento, pois para quem olha a partir da Razão sabe que a luz é partícula e onda
simultaneamente; revela que a presença do Espírito do Tempo expressa nesse
pensamento e que somente veio a ser reconhecido como verdade nos primórdios do
século em que vivemos, quando demonstrada experiencialmente, começa finalmente
a triunfar sobre o Espírito do Mundo em mais essa batalha. Afinal, a História não é um
passeio no parque.
Referências