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· BRUNI, Adriano Leal, FAMÁ, Rubens.

Gestão de Custos e Formação de


Preços: com aplicações na calculadora HP 12C e Excel. 5ª Ed. São Paulo:
Atlas, 2008.(5ª edição-2010 inclui 150 exercícios resolvidos)

Data: 19/04/2011
Este livro preocupa-se em ilustrar os três aspectos: inicia discutindo as questões relativas aos
discutir a questão da atribuição de valores.
O capítulo 1 tem o objetivo de apresentar uma introdução aos principais aspectos relacionados
aos processos de gestão de custos e de formação e análise de preços. São apresentadas as
principais classificações e as terminologias mais usuais.
O foco deste livro consiste na análise do processo de gestão de custos e preços. Ou seja, como
as informações contábeis, financeiras e de vendas podem ser empregadas como ferramentas
ou subsídios de apoio ao processo de tomada de decisões.
Capítulo 1
A contabilidade pode assumir diferentes formas, apresentadas como:
 Contabilidade financeira: condicionada às imposições legais e requisitos fiscais;
 Contabilidade gerencial: tem o objetivo de gerar informações úteis para a tomada de
decisões;
 Contabilidade de custos: voltada á análise dos gastos realizados pela entidade no
decorrer de suas operações;
Princípios fundamentais da contabilidade:
 Competência (da realização): a receita é reconhecida apenas quando realizada. Logo, o
lucro ou prejuízo somente se realiza no ato da venda;
 Uniformidade (consistência): uso dos mesmos critérios de registro contábil;
 Prudência (conservadorismo): escolhe entre o custo e o valor de mercado, dos dois o
menor para o registro contábil. Classifica entre o custo de produção ou despesa do
período, devendo prevalecer a escolha que represente redução imediata do resultado,
portanto, despesa do período.
Este livro preocupa-se com a gestão de custos e o processo de formação de preços, sob uma
óptica relacionada aos processos de tomada de decisões. Dessa forma, são explorados os dois
aspectos das duas contabilidades: a questão do registro e os mecanismos principais da
contabilidade financeira (foco nos registros do patrimônio segundo os princípios e normas) e a
óptica da tomada de decisões da contabilidade gerencial.
Contabilidade de custos: registra os custos da operação de um negócio (custos da produção e
distribuição além dos custos das outras diversas funções do negócio) objetivando alcançar
uma operação racional, eficiente e lucrativa.

As funções básicas da contabilidade de custos devem buscar atender a três razões primárias:
a) Determinação do lucro;
b) Controle das operações: e demais recursos produtivos, como os estoques, com a
manutenção de padrões e orçamentos, comparações entre previsto e realizado;
c) Tomada de decisões: o que envolve produção ( o que, quanto, como e quando
fabricar), formações de preços, escolha entre fabricação própria ou terceirizada.)
Para poder discutir o processo de formação dos custos e preços, alguns termos técnicos são
empregados. Alguns dos principais termos são:
 Gastos ou dispêndios: classificados como custos ou despesas, a depender de sua
importância na elaboração do produto ou serviço. Alguns gastos podem ser
temporariamente classificados como investimento e, à medida que forem consumidos,
receberão a classificação de custos ou despesas;
 Investimentos: gastos ativados em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis
a futuros períodos. Gradativamente são “ descongelados” do ativo da entidade e
incorporados aos custos e despesas;
 Custos: gastos relativos a bens ou serviços usados na produção de outros bens ou
serviços. Ex: gastos com matérias-primas, embalagens, mão-de-obra fabril, aluguéis e
seguros de instalações fabris etc;
 Despesas: correspondem a bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a
obtenção de receitas. Ex: gastos com salários de vendedores, gastos com funcionários
administrativos etc;
 Desembolsos: pagamentos do bem ou serviço, independentemente de quando o
produto ou serviço foi ou será consumido. Não atende ao princípio da competência, já
que o custo da mão-de-obra com competência no mês de março será desembolsado em
abril. Não confundir despesa com desembolso.
 Perdas: bens ou serviços consumidos de forma anormal. Ex: gastos extraordinários por
fatores externos devem ser considerados como despesas e lançados diretamente contra
o resultado do período. Já perdas relativas à atividade produtiva normal da empresa
devem ser classificadas como custo de produção do período.
Princípio da Competência: as receitas, as despesas e os custos são registrados no momento em
que são incorridos. O registro e a contabilização da receita ocorrem no momento da venda
mesmo que esta venda seja recebida a longo prazo.
Recebimentos (entrada) e desembolsos (saída) devem ser contabilizados na conta Caixa do
Balanço Patrimonial, segundo o REGIME DE CAIXA.
Distinção entre custos e despesas.
As despesas não repercutem, diretamente, na elaboração dos produtos ou serviços prestados e
sim na Demonstração do Resultado do Exercício.
Gastos incorridos “após” a disponibilização do produto devem ser classificados como
despesa.
Os custos são ativados, destacados na conta Estoques do Balanço Patrimonial. Somente farão
parte do cálculo do lucro ou prejuízo quando de sua venda, sendo incorporados, então, à
Demonstração do Resultado e confrontados com as receitas de vendas.
Gastos incorridos até o momento em que o produto esteja pronto para a venda= são custos;
A partir daí= despesas.
Os custos podem ser classificados em:
 Custos fixos: não variam qualquer que seja o volume de atividade da empresa.
Existem mesmo que não haja produção: depreciação, amortização, seguro, imposto
predial, aluguéis, contas de telefone.
 Custos variáveis: seu valor total altera-se diretamente em função das atividades da
empresa. Quanto maior a produção, maiores serão os custos variáveis: gastos com
matérias-primas e embalagens. Quanto maior a produção, maior o consumo de ambos.
 Custos semi-fixos: correspondem a custos que são fixos em determinado patamar.
Passando a ser variáveis quando esse patamar for excedido. Ex: conta de água.
 Custos semi-variáveis: correspondem a custos variáveis que não acompanham
linearmente a variação da produção, mas aos saltos, mantendo-se fixos dentro de
certos limites. Ex: gastos com contratação e pagamento de supervisores ou referentes
ao aluguel de máquinas copiadoras. Quando o patamar é excedido, porém, os gastos
variam, assumindo um novo patamar.
As despesas também podem ser fixas (não variam em função do volume de vendas) ou
variáveis (variam de acordo com as vendas, como comissões de vendedores, gastos com
fretes).
Os custos diretos (ou primários) são associados aos produtos fabricados: material direto mais
mão-de-obra direta.
Os custos indiretos precisam passar por etapa intermediária, denominada rateio, para, a partir
daí, serem incorporados aos produtos: aluguel da fábrica, materiais indiretos, mão-de-obra
indireta, seguro, impostos, depreciação etc.
Outros gastos significativos, porém não classificados como custos, são agrupados como
despesas diversas que não podem ser alocadas ao produto final: despesas com vendas, salário
do pessoal administrativo, água e luz do escritório.
 Custos de transformação ou de conversão: custo para transformar o material adquirido
do fornecedor em produto acabado= mão-de-obra direta + os custos indiretos de
fabricação;
 Custo fabril( incorporado aos estoques de produtos em processo)= material direto +
mão-de-obra direta + custos indiretos de fabricação; Quando os itens são finalizados,
estes, custos e estoques, são transferidos para o estoque de produtos acabados;
 Custo de Mercadorias Vendidas: com a saída dos estoques da entidade para o
comprador. Consiste na última etapa do processo de formação de custos.
 Custos integrais ou plenos ou gastos totais= soma de todos os valores para a
elaboração do produto ou prestação do serviço, incluindo os custos e as despesas.

Capítulo 2
“ O progresso não está nas coisas, mas nos homens. A felicidade não está nos bens materiais,
mas em nós.” Anônimo

A gestão de materiais diretos por determinada empresa costuma envolver problemas


relacionados a três campos:
 Avaliação: qual o montante a atribuir quando várias unidades são compradas por
preços diferentes, como contabilizar sucatas, etc;
 Controle: como distribuir as funções de compra, pedido, recepção e uso, como
inspecionar para verificar o efetivo consumo;
 Programação: quanto comprar, como comprar, definição de estoques mínimos de
segurança etc.
Principais critérios para avaliação de materiais diretos: controle dos estoques
 Sistema de inventário periódico: o consumo pode ser verificado após os
inventários (contagem física dos estoques), em geral quando do fechamento do
Balanço Patrimonial.
Consumo de MD= Estoque inicial + Compras – Estoque final

 Sistema de inventário permanente: controle contínuo da movimentação do estoque.


Solicitações de produção e vendas são controladas individualmente.
Periodicamente, a contagem física pode ser feita para fins de auditoria e controle
interno. Encontrando eventuais sobras ou faltas, novos ajustes devem ser feitos nos
registros contábeis. Tabulação das requisições ao estoque ou almoxarifado.
Exemplificando:
1) Compra de MD= 800
Estoque inicial= 200
Estoque final= 150
Custo com MD= ? Custo= EI (200) + compras (800) – EF (150)= 850
2) Custo fabril= 1.150
Saldo inicial de produtos em processo= 300
Saldo final de produtos em processo= 350
Valor dos custos com produtos em processo = ? 300 + 1.150 – 350= 1.100
3) Custo total= custo com MD(850) + custo com produtos em processo (1.100) = 1950
Custo total= custo com MD + custo com produtos em processo
Custos finalizados e transferidos para a conta de produtos acabados
4) Custo dos Produtos Vendidos=?
Estoque inicial da conta de estoques de produtos acabados= 600
Estoque final da conta de estoques de produtos acabados= 300
Após computado o custo total da conta produtos em processo= 1950
CMV=? CMV= EI-EF+ PP= 600-300+1950= 2.250

Critérios para avaliação de estoques:


 UEPS: último a entrar, primeiro a sair. São baixados, em primeiro lugar, os
materiais diretos adquiridos mais recentemente e, depois, os mais antigos, nesta
ordem. Isto implica em custos maiores, especialmente em épocas de altas taxas de
inflação. Este critério não é permitido pela legislação fiscal brasileira em
decorrência da “antecipação de benefícios fiscais.
 PEPS: primeiro a entrar, primeiro a sair. São baixados, em primeiro lugar, os
materiais diretos adquiridos há mais tempo e, depois, os mais novos, nesta ordem;
 CUSTO MÉDIO PONDERADO: o custo a ser contabilizado representa a média
dos custos de aquisição.

Exemplificando:
Estoque inicial=0
Data: 03/09 compra: 4 unidades Custo unitário= 400 Custo total= 4x400=1.600
Data;12/09 compra adicional= 3 Custo unitário= 500 Custo total= 3x500=1.500
Estoque final= 7 unidades a um Custo total= 3.100
Data: 19/09 venda= 6 unidades Preço de venda= 700
Qual o lucro auferido pela empresa? Supondo despesas nulas e alíquota de Imposto de Renda
de 25%.
CMV=?
1) Critério PEPS:
4 unid a 400= 1.600
2 unid a 500= 1.000
6 unidades a 2.600
Estoque final em 19/09= 1 unidade a 500= 500 (3.100 – 2.600)
CMV pelo PEPS= 2.600
O Demonstrativo do Resultado do Exercício seria:
Receitas 6x700=4.200
(-) CMV (2.600)
= Lucro Bruto 1.600
(-) IR 25% (1.600x 25%= 400)
= Lucro Líquido 1.200
2) Critério UEPS:
3 unid a 500=1.500
3 unid a 400=1.200
6 unid a 2.700 (CMV) estoque final em 19/09= 1 unidade a 400= 400 (3.100- 2.700)
O Demonstrativo do Resultado do Exercício seria:
Receitas 6x700=4.200
(-) CMV (2.700)
= Lucro Bruto 1.500
(-) IR 25% (1.500x 25%= 375)
= Lucro Líquido 1.125
3) Critério do CUSTO MÉDIO:
7 unidades a 3.100= 3.100 dividido por 7= 442,86
6 unid a um custo médio de 442,86= 2.657,16
O Demonstrativo do Resultado do Exercício seria:
Receitas 6x700=4.200
(-) CMV (2.657,16)
= Lucro Bruto 1.542,84
(-) IR 25% (1.542,84x 25%= 385,71)
= Lucro Líquido 1.157,13

Vantagens e Desvantagens dos métodos PEPS,UEPS e CUSTO MÉDIO:


Método Estoque Lucro Imposto de Renda
UEPS Menos estoque Menos lucro
Menos imposto de
renda
CUSTO MÉDIO Meio termo entre Meio termo entre Meio termo entre
UEPS E PEPS UEPS E PEPS UEPS E PEPS
PEPS Mais estoque Mais lucro Mais imposto de
renda

Classificação ABC de estoques de materiais diretos: destaca os de elevado valor em relação


aos demais:
 Itens A: estoques de valor elevado que merecem maior controle, os inventários podem
ser mais frequentes, mensais, semanais ou diários;
 Itens B: estoques de valor representativo na aplicação de recursos. Os inventários
podem ter uma frequência menor: mensal, trimestral ou semestral;
 Itens C: estoques variados em itens, porém pouco representativo em termos de valor.
Inventário somente no momento do balanço.
Para classificar os itens de acordo com a metodologia ABC, basta calcular a participação em
% de cada um em relação ao valor total dos estoques e ordená-los de acordo com a
participação em % decrescente.

Programação de compras e estoques de materiais diretos:


Os dois principais custos decorrentes da gestão de materiais diretos podem ser apresentados
como:
 Custo de estocagem: decorre em função dos gastos com armazenagem, seguros,
refrigeração, etc. Aumenta em função do custo unitário de estocagem e do volume
armazenado;
 Custo do pedido: surge em função de gastos com a elaboração do pedido, cotação em
fornecedores, transporte, conferência e posterior pagamento. Aumenta em função do
número de pedidos efetuados no período analisado.
Quanto maior a quantidade solicitada por pedido, menor o número de pedidos necessários
para atender à demanda.
Daí a necessidade de usar a fórmula do Lote Econômico de Compra que determina o custo
total mínimo pela determinação da quantidade a ser comprada que minimize os custos totais
de estocagem e os custos totais do pedido.
LEC= lote econômico de compra
Cp= custo unitário dos pedidos
D= Demanda no período analisado
Q= quantidade constante solicitada em cada período
NP= número de pedidos no período analisado
NP= D/Q Número de pedidos= demanda dividida pela quantidade
IP= intervalo entre os pedidos
IP= Q/D Intervalo entre os pedidos= quantidade dividida pela demanda
EMe= estoque médio
EMe= Q/2 Estoque Médio= quantidade constante no pedido dividido por 2
Ctp= custo total de pedidos no período analisado
Ctp= Cp x NP=Cp x D/Q Custo total dos pedidos= custo unitário dos pedidos
vezes número de pedidos
Custo total dos pedidos=( custo unitário dos pedidos) vezes (demanda dividida pela
quantidade)
Cte= custo total de estocagem
Cte= Ce x EMe = Ce x Q/2 Custo total da estocagem = custo unitário da
estocagem vezes o estoque médio (= quantidade dividida por 2)
Ce= custo unitário de estocagem
CT= custo total da gestão de materiais diretos
CT= Cte + Ctp Custo total da gestão de materiais diretos= custo total da
estocagem + custo total de pedidos

LEC= Raiz quadrada de (2 Cp D) dividida por Ce,


ou seja 2 vezes (o Custo unitário dos pedidos vezes a Demanda no período analisado)
dividida pelo Custo unitário de estocagem.
Data: 25/04/2011

Exercícios Propostos:
Exercício 8:
Os gastos e estoques da Indústria em setembro de 2010 são:
Materiais indiretos consumidos na fábrica 540.000*
Depreciação de móveis do escritório*** 15.000***
Receita de vendas** 1.111.000
Depreciação de máquinas industriais 18.000*
Salário dos vendedores*** 12.000***
Aquisição de novo equipamento industrial 65.400
Seguros de fábrica 1.200*
Salários administrativos*** 600***
Compras de matéria-prima 2.400
Mão de obra indireta 120.000*
Mão de obra direta 6.000*
Energia da fábrica 75.000*
Estoques finais Agosto/2010 Setembro/2010
Matéria prima 60.000 48.000
Produtos em processo 36.000 48.000
Produtos acabados 36.000 48.000

Pede-se para determinar: a) o custo com materiais diretos;


Material direto (matéria prima)=
Estoque inicial 60.000
+ Compras 2.400
- estoque final -48.000
= Custos transferidos para estoques em processo 14.400
b) o custo fabril;
Produtos em processo
Estoque inicial 36.000
+ custos recebidos de MD 14.400
+ custos incorridos 760.200*
- estoque final -48.000
= custos transferidos para produtos acabados 762.600
Custo fabril = custos incorridos (760.200) + Custos transferidos para estoques em processo
(14.400) = 774.600

c) o custo das mercadorias vendidas;


Produtos acabados
Estoque inicial 36.000
+ custos recebidos de produtos em processo 762.600
- estoque final -48.000
= CMV 750.600

d) o DRE e o lucro auferido pela empresa.


Demonstrativo do Resultado do Exercício
Receita de vendas** 1.111.000
- CMV (750.600)
= Lucro Bruto 360.400
- Despesas totais (27.600)***
-Depreciação de móveis do escritório*** 15.000***
-Salário dos vendedores*** 12.000***
-Salários administrativos*** 600***
= Lucro Líquido antes do IR 332.800
Exercício 9:
A Indústria vendeu no mês de agosto o montante de R$ 180.000,00, já abatidas as eventuais
deduções. Os estoques da empresa são:
Estoques 01/agosto 30/agosto
Materiais 20.000 16.000
Produtos em processo 12.000 16.000
Produtos acabados 12.000 10.000

O resultado bruto das vendas em agosto foi de R$ 38.600,00.


Outros dados financeiros são:
Descrição Valor
MOD 50.000
Mão de obra indireta 37.000
Salário de vendedores 6.000
Salários administrativos 4.000
Imposto de renda 10.000
Depreciação da maquinaria 400
Depreciação dos móveis e utensílios da 200
administração
CIF diversos 2.000

Pede-se para calcular o valor das compras de materiais do período.


Posteriormente, obtenha a DRE de agosto, detalhando: a) as compras e o custo com materiais
diretos;
b) o custo fabril;
c) o custo das mercadorias vendidas
Do DRE da empresa é possível encontrar o CMV:
Receita de Vendas 180.000
- Lucro Bruto (38.600)
= CMV 141.400

Com base no CMV encontrado, é possível “ voltar” no mapa de apuração de custos:


Produtos acabados
-Estoque inicial -12.000
+CMV 141.400
+estoque final 10.000
=custos recebidos de produtos em processo 139.400
Produtos em Processo
- Estoque inicial -12.000
+ Custos transferidos para produtos acabados 139.400
- custos incorridos -89.400
MDO -50.000
Mão de obra indireta -37.000
Depreciação da maquinaria -400
CIF diversos -2.000
+ Estoque Final 16.000
= Custos recebidos de MD 54.000

Data: 03/05/2011
Material Direto (matéria-prima)
(-) Estoque Inicial -20.000
(+) Custos transferidos para estoques em processo 54.000
(+) Estoque Final 16.000
= Compras 50.000
CAPÍTULO 3- MÃO-DE-OBRA DIRETA:
As análises de custos de mão-de-obra direta no Brasil devem considerar fundamentalmente os
gastos associados aos encargos trabalhistas sociais, que incidem sobre as folhas de
pagamento. É comum dizer que no Brasil o trabalhador ganha muito pouco, porém custa
muito caro.
As contribuições obrigatórias são:
 Previdência Social 20%
 Fundo de Garantia 8% (50% de 8= 4%)
 Seguro (acidente de trabalho) 3%
 Salário Educação 2,5%
 Sesi ou Sesc 1,5%
 Senai ou Senac 1,2%
 Incra 0,2%
 Sebrae 0,6%
TOTAL 37% + 4% (correspondente a multa de 50% do
FGTS)=41%
Um salário básico de $100,00 por hora revela que, após serem acrescidas todas as
contribuições e encargos, resultará um total igual a $ 201, 76. Portanto, um acréscimo de
101,76% ao valor original.
Isto sem considerar a multa de 50% sobre o saldo do FGTS o que faria com que o acréscimo
fosse para 107,65%.

CAPÍTULO 12: CUSTOS PARA DECISÃO


“ É nos momentos de decisão que o seu destino é traçado.” Anthony Robbins
O estudo da associação que existe entre custos, volumes e lucros. Em relação à divisão dos
gastos entre fixos e variáveis, informações relevantes ao processo de tomada de decisões e
análise dos riscos corporativos podem ser calculadas por meio dos pontos de equilíbrio
contábil, financeiro e econômico, além das margens de segurança.
A relação entre custos fixos e variáveis consiste em importante etapa na análise de formação
de preços e projeção de lucros obtidos a diversos níveis possíveis de produção e vendas.
ALAVANCAGEM E PONTO DE EQUILÍBRIO:
Como os gastos fixos podem situar-se nos dois lados do balanço patrimonial, a alavancagem
empresarial pode ser classificada em:
 Alavancagem Operacional: decorre da existência de gastos fixos relacionados a ativos
(investimentos) e atividades operacionais da empresa, como depreciação, folha de
pessoal, aluguéis etc;
 Alavancagem Financeira: decorre da existência de gastos fixos relacionados ao
Passivo (financiamentos) da empresa, como os juros pagos e dividendos preferenciais,
quando pagos como percentual sobre o capital composto por ações preferenciais.
Grau de Alavancagem Fórmula O que expressa
Operacional (GAO) % lucro operacional Relação entre variações no
% vendas lucro operacional em
decorrência de variações nas
vendas. Decorre da existência
de custos fixos operacionais.
Financeira (GAF) % lucro líquido Relação entre variações no
Lucro operacional lucro líquido em decorrência de
variações no lucro operacional.
Decorre da existência de custos
fixos financeiros.
Combinada (GAC) % lucro líquido Relação entre variações no
% vendas lucro líquido em decorrência de
variações nas vendas. Decorre
da existência de custos fixos
operacionais e financeiros.

GAC= GAO X GAF = (% LUCRO OPERACIONAL/% VENDAS) X (% LUCRO


LÍQUIDO/% LUCRO OPERACIONAL)

Data: 04/05/2011
Alavancagem operacional: significa que para cada variação percentual positiva ou negativa
nas receitas de vendas, o lucro operacional cresce ou decresce. Por exemplo, se houver uma
variação percentual de 20% nas vendas e isto acarretar uma variação de 30% no lucro
operacional, o GAO será 30%/20% que é igual a 1,50.
Os graus de alavancagem financeira, fruto do pagamento de juros e da estrutura de
financiamento adotada pela entidade, possuem efeito multiplicador sobre a alavancagem
operacional.
A combinação dos efeitos dos graus de alavancagem operacional e financeira pode ser vista
no grau de alavancagem combinada, que pode ser obtido diretamente da multiplicação dos
graus de alavancagem operacional e financeira. Supondo um GAO de 1,5 e a entidade não
possui dívidas, portanto com GAF de 1%, o GAC será de 1,5 x 1= 1,5
Exemplo: uma empresa que tenha uma variação percentual de 20% nas vendas com impacto
de 60% no lucro operacional terá um GAO de 60%/20%= 3,00. Com esta variação de 60%
no lucro operacional terá uma variação no lucro líquido de 80%, assim o GAF será de
80%/60% igual a 1,3333. O GAC será de GAO x GAF, ou seja, 3 x 1,3333= 4,00. Isto
significa que para cada 10% de variação nas receitas, o resultado líquido variará 4 x 10%=
40%.
PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL:
A análise dos gastos variáveis e fixos torna possível obter o ponto de equilíbrio contábil da
empresa: representação do volume (em unidades ou $) de vendas necessário para cobrir todos
os custos e no qual o lucro é nulo. De modo geral tem-se:
Lucro = Receitas Totais – Gastos Totais

Lucro = (Preço Unitário x Quantidade) – (Gastos Fixos + Gastos Variáveis Unitários x Quant)

Receitas Totais= Gastos Totais para que o Lucro seja zero


Preço x Quantidade = Gastos Fixos + Gastos Variáveis Unitários x Quantidade
Preço x Quantidade – (Gastos variáveis unitários x quantidade) = gastos fixos
Colocando a Quantidade em evidência:
Quantidade x (preço – gastos variáveis unitários) = gastos fixos

Dessa forma, a quantidade de vendas no ponto de equilíbrio contábil (PECq) pode ser
expressa como:
PECq= Gastos Fixos/ (Preço – Gastos Variáveis Unitários)

As vendas em unidades monetárias no ponto de equilíbrio contábil pode ser expressa em:
PEC$= Preço x { Gastos fixos/ [Preço – Gastos Variáveis Unitários]}
Exemplificando:
Supondo uma empresa que tenha:
 Gastos Fixos por mês = $ 50.000,00
 Gasto Variável Unitário = $ 56,00 por unidade
 Preço de venda unitário = $ 76,00
Qual o volume de vendas do ponto de equilíbrio contábil?
PECq= Gastos Fixos/ (Preço – Gastos Variáveis Unitários)
PECq= 50.000/ 76-56
PECq= 2.500 unidades
Conferindo:
2.500 unidades x $76= 190.000 (receita de vendas)
Gastos totais= 50.000 + (2.500 x 56)= 50.000 + 140.000= 190.000
Receitas de vendas = gastos totais (lucro zero)
Ou seja, a empresa deveria vender 2.500 unidades para permanecer no ponto de equilíbrio,
sem lucros ou prejuízos, mantendo, portanto, a receita total igual aos custos totais.
Para saber o Ponto de Equilíbrio Monetário:
PEC$= Preço x { Gastos fixos/ [Preço – Gastos Variáveis Unitários]}
PEC$= 76 x { 50.000/ [76-56]}
PEC$= 76 x 2500= 190.000
Ou seja, a empresa precisaria faturar $ 190.000 para cobrir todos os seus gastos e não
apresentar nem lucros nem prejuízos.

Supondo que os gastos variáveis unitários aumentassem de $56 para $ 62 , ou seja, com uma
variação percentual de 62/56= 10,71%, o novo ponto de equilíbrio contábil da empresa
precisaria ser recalculado.
 Gastos Fixos por mês = $ 50.000,00
 Gasto Variável Unitário = $ 62,00 por unidade
 Preço de venda unitário = $ 76,00
 PECq= Gastos Fixos/ (Preço – Gastos Variáveis Unitários)
 PEC$= Preço x { Gastos fixos/ [Preço – Gastos Variáveis Unitários]}
PECq= 50.000/ (76 – 62)= 50.000/ 14= 3.571,42 unidades
Portanto, um aumento de cerca de 10% nos custos variáveis aumentaria o risco das vendas
ficarem aquém do ponto de equilíbrio. 3571,42/2500= 1,4286 significando uma variação
necessária de 42,86% na quantidade.
PEC$= 76 x 3.571,42= 271.427,92
Portanto, um aumento de cerca de 10% nos custos variáveis forçaria a empresa a faturar $
271.427,92 para atingir seu novo ponto de equilíbrio (anteriormente de $190.000,00)
271.427,92/190.000= 1,4286 significando uma variação necessária de 42,86% no
faturamento.
PONTO DE EQUILÍBRIO ECONÔMICO:
O conceito de ponto de equilíbrio econômico apresenta a quantidade de vendas (ou do
faturamento) que a empresa deveria obter para poder cobrir a remuneração mínima do capital
próprio nela investido – considerando valores de mercado. Nesse caso, o lucro obtido deveria
ser igual à remuneração do capital próprio (RCP) , também denominada custo de
oportunidade do capital próprio.
No ponto de econômico:
Lucro = Remuneração do Capital Próprio (RCP)
Quantidade= [ RCP + Gastos Fixos]/ [preço – gastos variáveis unitários]
Dessa forma, as vendas em unidades monetárias no ponto de equilíbrio econômico (PEE$)
podem ser expressas como:
PEE$= Preço x PEEq
PEE$= Preço x [ RCP + Gastos Fixos]/ [preço – gastos variáveis unitários]

Exemplificando:
 A empresa paga 20% a.a de juros sobre os empréstimos contraídos;
 Preço por unidade do produto vendido= $3,70
 Custos fixos totais = $ 18.000,00;
 Custos variáveis por unidade= $ 110,00 / 50 unid por caixa= $ 2,20
 A taxa justa de mercado para remunerar o capital próprio = 25% a.a
Qual seria a estimativa do ponto de equilíbrio contábil e econômico da empresa com o
Balanço Patrimonial?
ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Estoques= $ 50.000,00 Dívidas= $ 80.000,00
Imobilizado= $ 150.000,00 Patrimônio Líquido= $ 120.000,00
Total = $ 200.000,00 Total= 200.000,00
No caso, para dívidas iguais a $ 80.000, o pagamento de juros deverá ser igual a $80.000
vezes 20%= $ 16.000. (incluir nos custos fixos)
Se o patrimônio líquido da empresa for igual a $ 120.000, o retorno desejado sobre o capital
próprio deverá ser igual a $120.000 vezes 25% = $ 30.000.
Quantidade= [ RCP + Gastos Fixos]/ [preço – gastos variáveis unitários]
Vendas= 30.000 + 18.000+ 16.000/ [3,70- 2,20]= 42.667 unidades aproximadamente.
O ponto de equilíbrio econômico expresso em unidades monetárias seria igual ao ponto de
equilíbrio em unidades multiplicado pelo preço, ou 42.667 x $ 3,70 = $ 157.867,90.
Empregando os mesmos dados, para encontrar o ponto de equilíbrio contábil bastaria ignorar
o RCP. Refazendo os cálculos, pode-se dizer que:
PECq= 18.000 + 16.000/ 3,7-2,2= 22.667 unidades aproximadamente.

PONTO DE EQUILÍBRIO FINANCEIRO:


O ponto de equilíbrio financeiro corresponde à quantidade que iguala a receita total com a
soma dos gastos que representam desembolso financeiro para a empresa. Assim, no cálculo do
ponto de equilíbrio financeiro não devem ser considerados gastos relativos a depreciações,
amortizações ou exaustões, pois estas não representam desembolsos para a empresa.
Quantidade= [ Gastos Fixos – Gastos Fixos Não Desembolsáveis]/ [preço – gastos variáveis
unitários]

CAPÍTULO 13- EFEITO DOS TRIBUTOS SOBRE CUSTOS E PREÇOS:


Preços praticados nos mercados devem ser suficientemente capazes de remunerar os custos
plenos, gerar margem razoável de lucro e cobrir todos os impostos incidentes, que podem ser
de três diferentes esferas- federal, estadual e municipal – e de dois tipos básicos – cumulativos
e não cumulativos.
São abordados os efeitos nos preços do IPI, ICMS, ISS, Cofins, PIS, IRPJ, CSSL e do
Simples.
As três grandes formas de tributação de empresas no Brasil são:
 Lucro Real: quando a empresa apresenta suas receitas e gastos, tributando a diferença
ou o lucro real;
 Lucro Presumido: em casos específicos, algumas empresas podem presumir um
percentual das receitas como lucro, sendo este lucro presumido tributado;
 Super Simples: corresponde a situação específica do lucro presumido, permitindo que
empresas de pequeno tamanho recolham tributos e encargos sobre folha de forma
simplificada e menos onerosa.
Sobre o lucro real incidem Imposto de Renda e Contribuição Social.
O lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou
compensações prescritas ou autorizadas pela legislação fiscal.
Poderão ser compensados, total ou parcialmente, à opção do contribuinte, os prejuízos fiscais
de períodos de apuração anteriores, desde que observado o limite máximo de 30% do lucro
líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação tributária. O prejuízo
compensável é o apurado na demonstração do lucro real e registrado no LALUR. (Lei n.
8.981/1995, art.42)
A Lei Complementar n. 123/2006, conhecida como lei do Super Simples, substituiu o Simples
Federal (lei 9.317/1996), sendo um regime único de arrecadação para micro e pequenas
empresas desde 1º de Julho de 2007. Por microempresa entende-se aquela que tem receita
bruta anual de até 240 mil reais e por empresa de pequeno porte entende-se aquela com
receita bruta anual superior a 240 mil reais e inferior a 2,4 milhões de reais ( conforme artigo
966 do Código Civil). No entanto, o Super Simples acrescentou novos parâmetros, permitindo
outros enquadramentos conforme a participação percentual do PIB. Por exemplo, os estados e
municípios com 1% do PIB= 1,2 milhões de reais para as pequenas empresas; 5% do PIB=
limite de 1,8 milhões de reais; participação acima de 5% do PIB= terão o limite de 2,4
milhões de reais para as pequenas empresas.
O Super Simples no Comércio recolherão alíquotas que variam de 4 a 11,61% conforme
tabela, contemplando o IRPJ, CSLL, Cofins, PIS, INSS e ICMS.
O Super Simples na Indústria recolherão alíquotas entre 4,5 a 12,11%.

Data: 06/05/2011
O Super Simples nos Serviços recolherão o Super Simples mediante o emprego de 3 tabelas
diferentes variando de 6 a 17,42%; de 4,5 a 16,85%; de 4 a 13,50%.
O INSS dos donos da empresa deve ser recolhido separadamente.
Em casos extras será apurada a relação:
R= Folha de salários incluídos encargos (em 12 meses) e
Receita Bruta (em 12 meses)
 Na hipótese em que R seja maior ou igual a 0,40, as alíquotas do Simples Nacional
relativas ao IRPJ, PIS, CSLL e Cofins corresponderão aos percentuais descritos na
tabela que varia de 4 a 13,5%;
 Na hipótese em que R seja maior ou igual a 0,35 e menor que 0,40, as alíquotas do
Simples Nacional relativas ao IRPJ, PIS, CSLL e Cofins para todas as faixas de receita
bruta será igual a 14%,
Aos percentuais do Super Simples devem ser somados outros impostos que não estão na sua
alíquota. (INSS)
Se a receita vier de exportações ou de substituição tributária, é possível subtrair os impostos
que já foram pagos por outrem. Os impostos que podem ser substituídos são PIS, Cofins,
ICMS e IPI.
Se a receita ultrapassar os R$ 2,4 milhões anuais, a parcela que exceder isso estará sujeita ás
alíquotas máximas de cada tabela, somando ainda mais 20%.
A principal facilidade do Super Simples consiste na unificação dos impostos, mas a adesão ou
não ao sistema vai depender de uma análise criteriosa da empresa.

CÁLCULOS POR DENTRO OU POR FORA.


O IPI calcula por fora. Nesta sistemática, a alíquota incide sobre o valor, sem incluir o tributo.
O tributo está por fora da base de cálculo.
Cálculos por dentro são mais onerosos e comuns na maioria dos impostos. A alíquota do
tributo incide sobre o valor com o tributo já incluído. O tributo está por dentro da base de
cálculo. Para acrescentar o tributo, é preciso dividir o valor sem o imposto por (1- alíquota).
Exemplificando:
 Valor da mercadoria sem imposto = $ 900
 Alíquota de 10%
 Cálculo por dentro= Valor sem imposto ($900) dividido por 1-alíquota (1- 0,10)=
900/0,90= $1000.
 Valor do tributo = $1000 x 10% = $100
CUMULATIVIDADE E NÃO-CUMULATIVIDADE FISCAL:
No estudo dos custos e preços, a análise de tributos deve iniciar com a distinção entre:
 Tributos cumulativos: que não geram crédito fiscal- isto é, não permitem a dedução
posterior do desembolso com o tributo; Ex: CPMF, ISS,IR e Contribuição Social.
 Tributos não-cumulativos: que permitem o aproveitamento posterior do imposto pago,
não devendo ser incorporados ao custo dos produtos. Ex: ICMS, IPI.
Exemplificando: tributação cumulativa
 Indústria vende a preço de $100 com ICMS de 18%= 18
 Distribuidor vende a preço de $200 com ICMS de 18%= 36
 Varejista vende a preço de $400 com ICMS de 18%= 72 (consumidor final)
Se o imposto fosse cumulativo, sem direito ao crédito ou aproveitamento dos impostos pagos
em etapas anteriores, o total recolhido seria = $126 (18+36+72), o que corresponderia a
31,5% do preço de venda final da operação de $400. Com tributos cumulativos, cadeias
produtivas longas são penalizadas.
Exemplificando: tributação não-cumulativa
Para calcular o imposto a pagar, é preciso subtrair o crédito das etapas anteriores.
No caso anterior: com o imposto calculado pelo distribuidor de 36 subtrai-se 18 da indústria=
18; com o imposto calculado pelo varejista de 72 subtrai-se 36 do distribuidor= 36.
O total não cumulativo seria $72 (18+18+36) que corresponde exatamente a 18% (alíquota do
imposto) do preço de venda final de $400.
Sendo o imposto não-cumulativo, nas operações anteriores à venda final para o consumidor
cada débito do imposto permitirá um crédito posterior.
Separa-se o custo do imposto a recuperar. Neste caso, o preço da indústria de $100 com a
alíquota de 18%, o imposto a recuperar é de $18 e o custo do estoque é de $82 (100- 18), para
o distribuidor.

SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA:
A substituição tributária representa um mecanismo tributário que possibilita o pagamento dos
impostos de toda a cadeia produtiva e comercial de uma só vez por um dos integrantes da
cadeia.
Exemplificando:
 Indústria: o preço de $100 gera um imposto normal de $18;
 Até o consumidor final com o preço de $400, o imposto não-cumulativo do ICMS
gera um imposto total em toda a cadeia de comercialização do produto de $72.( 400x
18%)
 Imposto total na cadeia (72) menos o imposto normal (18)= imposto substituído (54)
O Fisco define o preço de ponta, a ser pago pelo consumidor final, o que pode ser feito
mediante o uso das tabelas de preço praticadas pela indústria ou por meio de pesquisas de
mercado.
Com a cobrança da substituição tributária, a indústria será obrigada a cobrar um novo preço=
preço normal ($100) acrescido do imposto substituído ($54)= $154. Desta forma, cessarão os
créditos e débitos posteriores.
O custo do estoque para o distribuidor passa a ser de $154.
Com a substituição tributária, valor pago vira custo.
TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA:
 Tributos gerais: tributos federais como Cofins, PIS e CPMF (incidentes sobre
faturamento ou sobre o movimento em conta corrente); IR e CSSL (incidentes sobre
faturamento em empresas tributadas por lucro presumido ou sobre o lucro real em
empresas tributadas por lucro real)
1) CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL
(Cofins)
De esfera federal, incide sobre o preço de venda total, tendo por base a receita bruta,
excluída do IPI. Até fevereiro de 2004 consistia em tributo cumulativo com alíquota
de 3% desde fevereiro de 1999. Porém, a partir de 2004, a legislação passou a permitir
duas sistemáticas para a Cofins:
 Cumulativa: aplicável ás pessoas jurídicas que apuram o IR trimestral com base no
lucro presumido ou arbitrado e às micro-empresas e empresas de pequeno porte,
optantes pelo Simples/Federal, permanecendo válidas as normas anteriores, com
alíquota de 3%;
 Não-cumulativa: aplicável ás demais entidades (empresas tributadas pelo IR pelo
Lucro Real, trimestral ou anual). Para estes casos, a alíquota foi elevada para 7,6%
(permitindo, porém, o aproveitamento dos créditos anteriores).

2) PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL (PIS):


De esfera federal, incide sobre o faturamento de empresas que comercializam mercadorias
e que prestam serviços de qualquer natureza. De forma similar á Cofins, o tributo era
exclusivamente cumulativo até fevereiro de 2004, sendo o valor do tributo obtido
mediante a aplicação de alíquota de 0,65% sobre a receita bruta mensal, excluída do IPI.
Entidades sem fins lucrativos, definidas como empregadoras pela legislação trabalhista,
deveriam recolher PIS com base na folha de salários mensal, empregando a alíquota de
1%.
A partir de fevereiro de 2004, a legislação passou a permitir duas sistemáticas para o PIS:
 Cumultativa:: aplicável ás pessoas jurídicas que apuram o IR trimestral com base no
lucro presumido ou arbitrado e às micro-empresas e empresas de pequeno porte,
optantes pelo Simples/Federal, permanecendo válidas as normas anteriores, com
alíquota de 0,65%;
 Não-cumulativa: aplicável ás demais entidades (empresas tributadas pelo IR pelo
Lucro Real, trimestral ou anual). Para estes casos, a alíquota foi elevada para 1,65%
(permitindo, porém, o aproveitamento dos créditos anteriores).

3) IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA (IRPJ):


De esfera federal, incide sobre o lucro das empresas, considerando 3 diferentes
possibilidades para a apuração dos lucros: real, presumido ou arbitrado, tributando-os de
forma diferenciada. Sua alíquota básica = 15%. Porém, a parcela do lucro trimestral que
exceder a $60.000 está sujeita à incidência de adicional de IR com alíquota de 10%.
O lucro arbitrado é acrescido de um percentual de 20% além dos 15%.

4) CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO (CSSL):


De esfera federal, incide sobre a receita bruta ou lucro líquido auferido pela empresa à
alíquota de 9%.
TRIBUTOS ESPECÍFICOS ASSOCIADOS A PREÇOS:
 NOS SERVIÇOS:
1) IMPOSTOS SOBRE SERVIÇOS (ISS):
De esfera municipal, incidente sobre o preço de venda total do serviço prestado, com alíquota
de 5%, podendo variar de município para município.
O ISS não gera direito a crédito fiscal e é calculada por dentro sobre o preço total com ele
incluído. Ou seja, é preciso dividir o valor sem o imposto por (1-alíquota).
Exemplicando:
 Gastos com a atividade= $5.000
 Despesas indiretas= $600
 Lucro desejado= $1240
Qual o valor total a ser cobrado na Nota Fiscal e qual o valor destacado do ISS?
Preço de venda= $6840
PV sem ISS/ (1-%ISS)
6840/1-0,05= 6840/0,95=7.200 (Nota Fiscal)
7.200 x 5%= 360 (ISS da Nota Fiscal)
Exemplificando: Lucro Presumido
Na prática, em muitas situações é preciso acrescentar outros tributos ao ISS.
Em relação ao exemplo anterior, considerando uma empresa optante por lucro presumido,
poderiam ser apresentados os tributos calculados por dentro apresentados na tabela seguinte:
TRIBUTO Base de Cálculo Alíquota Subtotal
CSSL 32% 9% 2,88%
IR 32% 15% 4,8%
PIS 0,65%
COFINS 3%
ISS 5%
Soma 16,33%
Assim, o preço com todos os impostos será:
PV sem impostos/(1-%impostos)= 6.840/(1-0,1633)= 8.174,97
O preço de venda formado seria igual a 8.174,97
Os valores devidos a cada um dos diferentes tributos seriam:
Tributo %receita Operação Valor
CSSL 2,88% X 8.174,97 235,44
IR 4,8% 392,40
PIS 0,65% 53,14
COFINS 3% 245,25
ISS 5% 408,75
Soma 16,33% X 8.174,97 1.334,97
TRIBUTOS ESPECÍFICOS PARA A FORMAÇÃO DE PREÇOS NO COMÉRCIO:
1) ICMS:
De esfera estadual, incidente sobre a venda de mercadorias de estabelecimento comercial,
industrial ou produtor; entrada em estabelecimento comercial, industrial ou produtor de
mercadoria importada do exterior; alimentação; bebidas; prestação de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicações; entrada de bens do ativo imobilizado
oriundos de outros Estados ou Distrito Federal e que sejam utilizados na atividade produtiva;
a entrada de bens de consumo.
O ICMS incide sobre o preço de venda, sendo cobrado por dentro. Ou seja, no preço de venda
do produto (base de cálculo) já se encontra embutido o valor do ICMS incidente.
Destaca-se que o ICMS é não-cumulativo, existindo a possibilidade de aproveitamento de
créditos gerados em cada etapa da comercialização.
Exemplificando:
 Preço pago ao fornecedor= 100
 Crédito do ICMS= 18
 Custo da mercadoria= 100 – 18= 82
 Despesas e lucro= 80
 Base de Cálculo para o ICMS= custo da mercadoria(82) + despesas e lucro (80)= 162
 Base para formação do preço de venda= 162
 Base (162) dividido por (1- 0,18)= preço(197,56)
 O débito de ICMS existente na venda = 18% de 197,56= 35,56
 O valor a ser pago a título de ICMS será igual à diferença entre o débito (18% do
preço)= 35,56 menos o crédito de ICMS (18% do custo)= 18 que consiste no ICMS a
recolher de 17,56
OPERAÇÕES COM ICMS ENTRE ESTADOS DIFERENTES:
O ICMS é considerado imposto proporcional, com alíquotas diferenciadas de acordo com o
tipo de mercadoria ou serviço e com os destinos das operações, conforme tabela:
Origem Destino Alíquota
Estado A Estado A 18% (SP,MG,RJ)
17% demais Estados
Sul, Sudeste Sul, Sudeste 12%
Sul, Sudeste Norte, Nordeste, Centro- 7%
Oeste e Espírito Santo
Norte, Nordeste, Centro- Sul, Sudeste 12%
Oeste e Espírito Santo
Norte, Nordeste, Centro- Norte, Nordeste, Centro- 12%
Oeste e Espírito Santo Oeste e Espírito Santo
Estado A Exportação 0%
Exemplificando:
Compra de uma mercadoria com origem em SP para destino no Ceará por $50,00
 Alíquota de 7% sobre 50= 3,50 (valor a ser recolhido de ICMS para a SEFAZ/SP)
 Supondo a aplicação de um PV= $100,00 desta mercadoria para consumidor em
Fortaleza, a alíquota interna seria igual a 17%. Logo, o débito do ICMS na venda=
17% de 100= 17
 Ao preço de 100, com o débito a 17 menos o crédito de ICMS de 3,50 da nota fiscal de
compra= $13,50, valor a ser recolhido para a SEFAZ/CE.

SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA DO ICMS:


O elo principal da cadeia recolhe o tributo dos demais elos. Não existem mais débitos e
créditos. Todo o valor pago ao fornecedor a título de ICMS deve ser incorporado no custo (se
produtivo) ou despesa (se não produtivo).
TRIBUTOS ESPECÍFICOS PARA A FORMAÇÃO DE PREÇOS NA INDÚSTRIA:
IPI:
De esfera federal, incide sobre produto de procedência estrangeira e a saída de produto de
estabelecimento industrial ou equiparado a industrial.
O IPI incide por fora, sobre o preço sem o IPI, sendo as alíquotas variáveis por produto.
PV= PV sem IPI x (1+ %IPI)
É preciso tomar cuidado com a base de cálculo:
O valor do IPI= base de cálculo com o ICMS
Exemplificando:
 Valor sem ICMS= 200
 ICMS destacado= 40,96
 Alíquota de 10% do IPI
 Valor do IPI= 10% de (200 + 40,96)= 24,10
 Valor a ser pago pelo produto= 200 + 40,96 + 24,10 = 265,06
A depender do uso do produto adquirido, o IPI gera crédito fiscal ou não. Se o produto
adquirido for utilizado, posteriormente, como insumo na fabricação de novo bem ou para
revenda, gerará direito a crédito por ocasião de sua compra. Caso o produto se destine a
consumo final, constitui-se custo. Caso se destine a imobilizado, o crédito recebido deverá ser
utilizado considerando amortizações mensais ao longo de período determinado pela Receita
Federal.
IPI NO ICMS NA VENDA PARA CONSUMIDOR EM INDÚSTRIA:
O IPI pode ou não entrar na base de cálculo do ICMS.
Incidência do IPI na base de cálculo do ICMS:
Destino e Remetente IPI na base de Preço de venda (PV)
Destinatário do cálculo do ICMS com ICMS
produto
Para industrialização Contribuinte de IPI Não integra PV sem ICMS
ou comercialização ou ICMS 1- % ICMS
por contribuinte de
IPI ou ICMS
Para uso ou consumo Contribuinte ou não Integra PV sem ICMS
por contribuinte de de IPI ou ICMS 1- [% ICMS x
IPI ou ICMS (1+% IPI)]

Exemplificando: Para industrialização ou comercialização por contribuinte de IPI ou ICMS

 Remetente: Fábrica situada em Fortaleza (CE) vende uma mercadoria sem ICMS =
800
 Destinatário: Revendedor situado no próprio estado (CE) com alíquota de 17%
 PV= PV sem ICMS / 1- % ICMS
 PV= 800/ (1-0,17)= 963,86
Para uso ou consumo por contribuinte de IPI ou ICMS, remetido por não contribuinte nem de
IPI nem de ICMS:
 IPI = 5%
PV sem ICMS
1- [% ICMS x (1+% IPI)]
 PV= 800/ [1- [0,17 x 1,05]= 973,83
OB S: É importante destacar, em uma situação real, que outros impostos, como o PIS
e o COFINS, podem precisar ser somados com a alíquota do ICMS antes da aplicação
da fórmula:
Exemplificando: uma empresa tributada pelo Lucro Real:
 PIS= 1,65%
 COFINS= 7,6%
 ICMS= 17%
Total das tributações= 1,65% + 7,6% + 17% = 26,25%
 PV= PV sem Impostos / (1-% impostos)
 PV= 800/ (1- 0,2625)= 1.084,75
CAPÍTULO 14: FORMAÇÃO DE PREÇOS: ASPECTOS QUANTITATIVOS:
Algumas razões contribuem com efeitos negativos sobre os lucros:
 Excesso de estoques;
 Fluxo de caixa negativo;
 Concorrência agressiva;
 Sazonalidade.
Somente por meio da correta fixação e mensuração dos preços de venda é possível assegurar o
correto retorno do investimento efetuado.

CAPÍTULO 18: APLICAÇÕES DA CALCULADORA HP 12 C:


CAPÍTULO 19: APLICAÇÕES DO EXCEL: USOS GENÉRICOS

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