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História da Igreja Adventista do Sétimo Dia

de São Francisco-MG e Região

Histórico
À geração presente e às vindouras
Como surgiu?
Prólogo

Fundador:
Deus. A Ele todo mérito, honra e louvor

Instrumento usado por Ele para isso:


O casal Isaac Pereira dos Santos e Julinete de Araújo Santos
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Descobrindo a verdade - a Bíblia Sagrada
No dia 21 de abril de 1937 na fazenda Rodeadoro à margem direita do Rio São
Francisco no município de Januária - MG - cidade que fica na margem oposta do mesmo rio -
nasceu Isaac, sétimo filho de uma família numerosa, do casal Manoel Pereira dos Santos e
Brígida Pires Pereira.
O Sr. Manoel Pereira converteu-se de um modo atípico e até maravilhoso onde tudo
começou quando ele saiu de casa com sua arma de fogo a fim de matar um homem que lhe
pediu um dinheiro (trezentos mil réis, moeda da época), para comprar remédios receitados
pelo médico, para sua esposa doente. Marcou data para o pagamento e não o fez. Depois de
algum tempo da data vencida o Sr. Manoel passou a cobrar e ele começou a esconder-se ao
vê-lo. O Sr. Manoel sentiu-se enganado e tomou essa atitude extrema. Como era um exímio
atirador tomou a sua arma e foi ao encontro do seu devedor.
Encontrou-o em casa e o ameaçou dizendo:
- Hoje eu quero o meu dinheiro. Ao que ele respondeu:
- E hoje você leva porque agora eu o tenho; sente-se aqui que eu vou apanha-lo.
Fugiu pela porta dos fundos. O Sr. Manoel, mais uma vez enganado passou a procurar alguma
coisa de valor a fim de levar para si. Não vendo nada de valor, apanhou um livro velho
empoeirado sobre a viga de uma parede, começou a ler e como gostou levou-o para si.
Como o livro não tinha mais a capa nem as primeiras folhas, não pode identifica-lo,
mas logo noto que era um livro diferente dos que conhecia, foi ao padre, visto que era católico
e perguntou-lhe que livro era aquele. O padre lhe respondeu:
- É a escritura sagrada - a Bíblia.
Ele assustado perguntou:
- Padre, eu posso ler este livro?
O padre lhe respondeu:
- Você não somente pode como deve lê-lo.
Continuando a leitura logo ele chegou a Êxodo 20:8-11 onde fala de descanso sabático.
Voltou ao padre e disse:
- Padre eu aprendi guardar domingos e festas e aqui manda guardar o sábado.
O padre lhe respondeu:
- Não importa o que você aprendeu; a verdade pura é a Bíblia.
Ainda inconformado e confuso procurou outro padre, na cidade próxima - São Francisco - e
apresentou-lhe também o mesmo dilema quanto ao livro e este também lhe confirmou e disse:

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- A igreja tem erros, eu tenho erros, mas a Bíblia não. A Bíblia é a palavra de Deus,
não tem erro.
Como ele estudava o curso primário, hoje primeiro grau, com o professor Nelson Monson que
era pastor evangélico, e também ouvira falar que quando os crentes reuniam-se em culto o
diabo ficava pulando de um lado para outro no teto da igreja, ficou curioso para ver, e assim
começou a frequentar os cultos.
Não tardou o pastor lhe ofereceu o batismo, o que ele recusou dizendo:
- Não posso, visto que a Bíblia manda guardar o sábado e vocês guardam é os
domingos como o fazem os católicos!
Por esse tempo um colportor visitou sua residência algumas vezes e não o encontrando
deixou-lhe alguns folhetos que lhe ajudaram a confirmar sua nova fé. Vale dizer que nas
minhas investigações com pessoas mais velhas e que conhecem as margens do Rio São
Francisco num espaço de aproximadamente 2 mil quilômetros (de Pirapora em Minas Gerais
até Juazeiro na Bahia), não havia um só Adventista do Sétimo Dia.
Ele ficou sozinho guardando o sábado de 1919 até 1932 quando providencialmente
mudou-se da Bahia para Januária-MG. O Sr. Luiz Gonzaga de Miranda, sua esposa Irene e
filhos - Adventistas do 7º Dia - ao conhecer o Sr. Manoel Pereira e ver seu interesse pela
Bíblia passou a doutriná-lo melhor.
O Sr. Manoel inflamado por esse achado passou a expandir sua fé levando esta
mensagem aos parentes, vizinhos e amigos. Muitos aceitaram ao ponto que quando o Sr. Luiz
comunicou o fato a missão, foi enviado o pastor Luiz Braw em 1935, que batizou entre 22 e
30 pessoas.
Daí em diante não cessou mais de ganhar almas para Cristo; viajava às vezes
quilômetros a cavalo e barco visitando interessados. Outros pastores e obreiros passaram a
visitar-nos. Não havia templo, os cultos eram realizados nas residências, isso de 1935 até
1958 quando foi comprado um templo da igreja Assembleia de Deus, sob a liderança dos
pastores L.C. Scofeeld e Rafael Lopes Pereira, quando houve em Januária uma série de
conferências pelo pastor Enoc Oliveira. Hoje (10/06/2015) em Januária e seus distritos temos
entre igrejas e grupos 20 unidades.
O Sr. Manoel infundiu esse espírito missionário em seus filhos, dois deles tornaram-se
pastores (Pr. Dido e Pr. Dircen), Isaac (obreiro não ordenado) e outros que participaram desta
missão ganhadora de almas como o médico Dr. Gerson, Moisés e Isaías - todos seus filhos.
Esta obra se expandiu por todo o vale do médio São Francisco - de Pirapora/MG a

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Juazeiro/BA. Como ramificação desses esforços missionários a mensagem chegou a São
Francisco e Brasília de Minas.
Esta mensagem que chegou a São Francisco trazida por um casal de missionários e seu
filhinho de apenas cinco meses hoje conta com, segundo informações, sete igrejas e grupos,
contendo em 2008 1.060 membros, segundo o pastor da época e hoje dividido em 2 distritos.
O Sr. Manoel Pereira descansou de seus labores em 1962 aos 71 anos, deixando-nos o
exemplo. Sua esposa, Brígida Pires Pereira, também faleceu em 2002 aos 92 anos.

Alcançando almas e expandindo a verdade


No ano 1948 foi lançada a primeira lancha Luminar, para assistência social adventista
sob o comando do Pastor Paulus Simon Seidl, que fez do porto deste fazendeiro um ponto de
parada, que fica a aproximadamente 12 km rio abaixo. O objetivo era prestar assistência à
saúde dos ribeirinhos e levar-lhes o evangelho.
Em 1956 aproximadamente, o comando da lancha e do serviço foi transferido para o
Sr. Leslie Charles Scofield, americano enfermeiro que depois foi ordenado pastor. Em 1958
fui (Isaac) por ele convidado a trabalhar como marinheiro da lancha. Logo senti a necessidade
de estudar para ser algo mais. Então saí do trabalho na lancha e fui em fevereiro de 1961 para
o Rio de Janeiro estudar enfermagem.
Ao fim do curso atendi o convite já antes proposto, voltei ao trabalho, já na outra
lancha - a Luminar II construída no período que estive no Rio de Janeiro, desta vez já casado
com Julinete, que lá conheci estudando e desejando também trabalhar na obra. Fomos para
Pirapora - MG onde atuamos por um ano. Onde ali organizamos o trabalho missionário
dividindo a igreja em duplas evangelizadoras. Conseguimos levar ao batismo três almas.
Fomos transferidos para Pedras de Maria da Cruz onde chegamos em 19 de abril de
1964 às 11h10, a bordo do navio Benjamim Guimarães. Ali havia um grupo de 13 membros
liderados pelo o enfermeiro Silvalino Adriano de Freitas e sua esposa Terezinha.
Continuamos seu trabalho nas áreas: saúde e evangelismo. Reformamos o casarão, fundamos
uma maternidade onde minha esposa efetuou 25 partos; uma escola primária, uma enfermaria
e acrescentamos ao grupo 17 almas.
Final de novembro para início de dezembro de 1965, com a lancha no porto, meu
chefe, o Pr. L.C. Scolfield, estando nos dois na farmácia da lancha me perguntou:
- O que você acha de iniciarmos um trabalho em São Francisco? Eu lhe respondi:

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- Acho ótimo, pois é uma cidade sem a presença de um adventista. A isso ele
acrescentou:
- E você teria coragem de ir a essa missão? Eu lhe respondi:
- Uma vez que aceitei o chamado da obra, estou pronto a ir onde ela achar que posso
ser útil. Ele continuou dizendo o que é que ele queria que eu fizesse lá; fundar um posto de
assistência à saúde da população, mas sem falar do evangelho, pois, temia despertar
preconceito religioso, que viesse prejudicar seu plano de em seguida, realizar uma série de
conferências.
Como ele demonstrou certo imediatismo, lhe perguntei:
- Mas, quando seria isso? E ele respondeu:
- Quando a lancha voltar de Januária quero levar você para escolher lá, uma casa para
mudar-se em seguida. Eu então retruquei:
- Pastor, agora não é possível visto que estou reformando todo casarão do posto daqui.
Então ele contrapôs dizendo:
- Eu preciso de você lá agora. Não tive mais nada a dizer senão atender.
Três dias depois ele voltou de Januária, aproximadamente 20 km rio abaixo e nos
transportou para São Francisco que fica segundo imagino 90 ou 100 km acima na mesma
margem do rio que Maria da Cruz. Ao ali chegarmos, fui apresentado a um grupo de senhores
que seriam nossos colaboradores. Escolhemos a casa e voltamos para Maria da Cruz.
Arrumamos a nossa bagagem que era quase nada e nos mudamos.

Mudança para São Francisco

No dia 07 de dezembro de 1965, participamos de uma reunião de despedida com os


membros na igreja ou salão de culto e às 23h15 partimos no navio Benjamim Guimarães;
minha esposa Julinete, eu e nosso primeiro filho, Eude que tinha apenas cinco meses.
No dia seguinte (08/12/1965) aportamos em São Francisco às 17h sob ameaça de uma
chuva. Alugamos uma carroça puxada a burro e transportamos urgentemente a mudança para
nossa casa ainda em reforma. Como ainda não podíamos ficar ali, fomos morar
temporariamente na casa de uma família batista, muito acolhedora que havíamos conhecido
ao vir procurar casa alguns dias antes - Sr. Mozart de Freitas Matos, sua esposa Lourde que
tinha 11 filhos. Ele, líder da igreja batista local; ambos já em saudosa memória visto que nos
acolheram verdadeiramente como irmãos; a quem passamos a amar de verdade. Ali residimos
por 12 dias.

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Como não tínhamos local de culto começamos a congregar com eles na igreja batista.
Lá conhecemos uma senhora - Ondina Rocha que também mudara do ponto do qual viemos e
como já houvesse assistido alguns estudos bíblicos em Maria da Cruz, também frequentava a
igreja batista.
Nosso primeiro culto de sábado foi em nossa casa, já pronta. Minha esposa, eu, meu
filho de cinco meses e a irmã Ondina apelidada de Lourinha; que na realidade era loura.
Fomos por ela convidado a realizar os cultos, que na realidade eram estudos bíblicos, em sua
casa. Primeiro culto público que constava apenas de um estudo bíblico, foi em 11 de
dezembro de 1965, em sua casa. Estavam presentes Isaac, Julinete, Dª Lourinha e seus
convidados: Sr. Henrique (já evangélico), Sra. Maria Ramos, Sra. Maria Amélia, sua sogra,
Noemia sua cunhada, Djair seu filho de criação e algumas crianças.
À tarde foram feitas visitas missionárias. Houve também chamado para socorrer um
senhor - Antonio Marconde - em crise de asma, à Rua Silva Jardim. No dia 28 de dezembro
de 1965, fui solicitado para ir à mesma rua socorrer o senhor idoso paralítico que jazia no
leito e com dor de dente; Sr. Ambrósio. Como atuava como dentista prático eu realizei a
primeira extração de dente na cidade.
No dia 08 de janeiro de 1966 realizei a primeira pequena cirurgia - a extração de uma
unha encravada do Sr. Mozart. Como a assistência médica e odontológica na região era
precária, eu que tinha um curso de enfermagem e um conhecimento prévio e prático de atos
médicos e odontológicos agia como tais profissionais em procedimentos simples, e Deus
efetuou verdadeiros milagres de cura por nosso intermédio.
Apesar de ter levado a recomendação do Pastor, meu chefe, não suportei ficar quieto a
esse respeito. A cada paciente atendido era entregue um folheto e tão logo notasse algum
interesse, iniciava um estudo bíblico. Desta forma o grupo foi crescendo com o auxilio da Sra.
Ondina que era imbuída do mesmo espírito missionário e também era muito bem relacionada
com as pessoas e autoridade da cidade. Convidava seus amigos para assistir os estudos
bíblicos.
Foram acrescentados ao grupo: a Sra. Francisca Aguiar, seus filhos Odilom e Maria de
Lourdes e Juliana; sua nora Leda e seus netos; Adão Ferreira, Maria Ramos, Lúcia Castro,
Ariene e a professora Maria Nepumoceno. Começamos a realizar estudos também na casa da
Sra. Ariene a fim de ver se conquistávamos também seu esposo, Sr. Afonso de Matos –
construtor chamado de Afonsinho. Só que todos os dias de estudo ele saía para a rua dizendo
voltar logo para assistir, porém só voltava depois que eu fosse embora.

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Por esse tempo o senhor Ranulfo passou a queixar-se de que nossa reunião estava
atrapalhando seus acertos de conta com seus trabalhadores na construção, visto que era
pedreiro. Mudamos nosso horário do culto para a tarde. Não demorou e ele voltou a dizer que
também à tarde estávamos o prejudicando-o. Mudamos de sua residência para a de um casal
que surgiu como interessado na mensagem que ouviu; Sr. Domingos e Sra. Maria Ramos.
No dia 10 de agosto de 1966, uma quarta-feira à noite enquanto apresentava o estudo
bíblico sobre as 2.300 tardes e manhãs; alguém me disse:
- Afonsinho está aqui entre os demais.
Passei a observá-lo, como estava tão atento e de olhos fitos na projeção dos slides na
parede. Ao fim da exposição eu perguntei:
- Quem entendeu o assunto?
E fiquei surpreso ao ver que ele que assistiu pela primeira vez um estudo, soube
responder tudo enquanto, outro não. Ao fim convidei o grupo para uma reunião no sábado a
seguir. Nesse sábado (13 de agosto 1966) encontrava-se conosco, vindo para nos ajudar, o
irmão Geraldo Gonçalves também missionário a serviço da lancha.
Sob a copa de uma mangueira no quintal dessa residência ele organizou a primeira
escola sabatina com o grupo nesta cidade.
DIRETORIA
DIRETORA: Julinete de Araújo Santos
SECRETÁRIA: Lucia Castro
HORÁRIO: 10h
HINO INICIAL: 149 (do cantai ao Senhor)
ORAÇÃO: Isaac Pereira dos Santos
LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA INTITULADA: O líder divino da igreja,
apresentada e esplanada pelo irmão Geraldo Gonçalves.
ORAÇÃO FINAL: Geraldo
VISITAS: 8
Foi está a primeira vez que nossa reunião sabática que se chamava reunião para estudo
bíblico foi chamada de escola sabatina. Com a programação ainda muito reduzida.
Como o casal domingos - funcionário do DNOCS foi transferido para a cidade,
Brasília de Minas naquela semana - tivemos que procurar outro templo para realizar nossos
cultos. Estes seriam sob a copa de outra mangueira num terreno baldio no fim de uma rua. Fiz
um convite a todos em especial ao Sr. Afonso de Matos, o que ele aceitou. No sábado

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seguinte (20/08/1966) reunido debaixo da mangueira de repente chegou o Sr. Afonso
pedalando sua bicicleta. Assistiu o segundo culto muito atento. Terminada a reunião
despedimo-nos.
Domingo próximo (21 de agosto), pela manhã: A grande surpresa - estando no posto
de trabalho num momento em que não havia ninguém para ser atendido, chegou o Sr. Afonso
e me disse:
- Eu quase fiz um negócio sem sua ordem, mas, eu ainda farei. Eu lhe perguntei:
- O que foi? Ele continuou
- Quase comprei um lote para construir nossa igreja. Eu lhe respondi:
- Que há rapaz, você pensa que é assim que se constrói uma igreja? Ele havia apenas
assistido duas reuniões de cultos, o grupo era de apenas cinco pessoas, sendo que seis havia
nos abandonado e a ordem que eu trouxe foi de não falar do evangelho para não despertar
preconceitos que viesse prejudicar a esperada série de conferências.
Ao dizer assim ele me olhou firmemente com os olhos arregalados e com o ar de
decepção e disse:
- Ah! É porque eu pensei que este trabalho que você faz aqui era com fé em Deus.
Pensei que você cria que Deus pode nos ajudar. Eu construí em três meses uma casa para
minha mãe. Por que não posso construir também uma igreja? Eu então envergonhado lhe
disse:
- Muito bem, então vamos alugar um salão para as nossas reuniões, depois a igreja. Ele
de pronto aceitou a ideia. Eu acrescentei:
- Eu sei quem tem o salão, o vice-prefeito, o Sr. Francisco Martins.
Assim fechei as portas do posto, tomamos as bicicletas e fomos para lá. Fiz-lhe a
proposta e ele aceitou só que o preço a pagar nos pareceu alto, CR 15.000,00 (quinze mil
cruzeiros) moeda da época. Achei caro, porém ele não o reduziu; aceitamos assim mesmo.
Somente ele nos prometeu que por dois anos não aumentaria. Ao sairmos eu disse para o Sr.
Afonso:
- Lembrei-me de uma coisa; os membros vão assistir de pé? Não temos onde sentar. A
isso ele me respondeu:
- Tenho em casa umas tábuas para fazer um armário; eu posso doá-las para fazer
bancos para a igreja; ao que eu lhe disse: eu também tenho umas para o mesmo fim posso
doá-las também.

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Abro um parêntese para dizer que até esse tempo (dois anos e meio) após o nosso
casamento não tínhamos nenhum móvel, visto que um mês antes do casamento fui fazer uma
mudança dos móveis que havia comprado e o caminhão rolou por uma ladeira abaixo e
quebrou-se juntamente com todos os móveis - cama, cadeiras, mesa, guarda-roupa e etc. Tudo
o que usávamos era emprestada, a roupa era pendurada em um prego na parede, havia um
púlpito que mandei fazer para uso na série de conferência feito em Maria da Cruz, que trouxe
para reutilizá-lo aqui futuramente; servia-nos de cômoda para guardar algumas peças de
roupas dobradas. Também o ofereci para uso no salão.
O Sr. Afonso disse:
- Temos um parente que é carpinteiro e ele é capaz de fazer os bancos para nós.
Fomos até lá e ele prontificou-se a fazê-los, porém nos cobrou 84 mil cruzeiros para
fazer 12 bancos. Para nós era muito caro. Saímos dali e eu disse ao Sr. Afonso:
- Conheço outro carpinteiro, o Sr. Feliciano que me falou ter feito os bancos da igreja
Adventista de Pirapora - MG e colocou-se ao meu dispor caso viesse a necessitar de seus
préstimos.
Fomos até ele e expressamos nossa necessidade e ele respondeu:
- O que falei garanto. Perguntei-lhe então:
- Quanto nos custaria fazer 12 bancos? O que ele respondeu:
- 24 mil cruzeiros.
Como eu acrescentei uma mesinha e três cadeiras, ele disse:
- Farei por 36 mil cruzeiros, e acrescentou:
- Nem precisa me dar todo esse dinheiro; basta me dar a metade; o mais me dê
algumas latas daquele óleo comestível que vocês têm vindo dos Estados Unidos para
distribuição gratuita à população.
Com essa proposta saímos pedalando a toda força as bicicletas para buscar a tábuas.
Entregamo-las enfim a esse carpinteiro. Entretanto três problemas eram iminentes - minha
esposa estava no sétimo mês de gravidez do segundo filho e o médico que realizou o parto do
primeiro, recomendou irmos para o Rio de Janeiro em caso de um segundo filho, visto que
tínhamos incompatibilidade de grupos sanguíneos. Como na primeira gravidez a criança
nasceu ao oitavo mês de gestação eu temia que o mesmo ocorresse na segunda.
O segundo problema era que Afonsinho ainda não era doutrinado o suficiente. Passei a
ministra-lhe dois estudos bíblicos por dia, um pela manhã e o outro à tarde. Estudos
profundos como Daniel, Apocalipse e outros. Estudava pela manhã e ao voltar a tarde ele

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sabia responder tudo sobre o tema da manhã. Como sua esposa, a Sra. Ariene havia viajado
para São Paulo à busca de um tratamento e eles tinham uma criança pequena - o Davi, ele
precisava ficar mais tempo em casa para cuidar da criança.
Pedi ao Pr. Leslie Charles Scofield para substituir-me com o casal Ugues Marques, sua
esposa Esidra até que eu voltasse. Fui inicialmente para Belo Horizonte. Como a criança não
nasceu aos oito meses fui para o Rio de Janeiro onde enfim o parto foi realizado com sucesso,
no hospital Adventista Silvestre. Enquanto esperava, trabalhei no hospital onde conheci a
família França: Haroudo e Samuel França Reine que acompanhavam o pai Manoel França,
doente. Apresentei-lhe o nosso trabalho missionário na cidade de São Francisco, eles me
prometeram contribuir com 20 mil cruzeiros por mês para ajudar nesta obra e assim o fizeram
fielmente. Pagava o aluguel do salão que era 15 mil cruzeiros e ainda sobrava 5 mil para
outras despesas.
Voltando a São Francisco dois meses depois e tive a grata surpresa de ver:
a) Sr. Afonso firme e alicerçado na fé;
b) O salão pintado e pronto para a inauguração;
c) Bancos também prontos;
d) O mais importante, o Sr. Afonso já havia evangelizado e conquistado a sua família
(mãe, irmãs, irmão, cunhados e cunhadas, e outros para a nova fé). Havia abandonado os
vícios - bebidas alcoólicas e etc.
Não só ter encontrado tudo pronto para a inauguração encontrei também o Pr. Dido
Pereira dos Santos (meu irmão) com a lancha luminar II ancorada no porto da cidade,
aproveitando essa oportunidade convidámo-lo a efetuar a cerimônia da inauguração.
Convidamos os amigos e membros de outras denominações religiosas para esse evento, o que
lhes causou admiração porque não sabiam que já tínhamos um grupo e um lugar para
congregarmos.
O salão que era amplo, encheu-se de convidados, como o grupo constava de apenas
cinco membros efetivos, preparamos uma parede de duratex dividindo-o ao meio e usamo-la
após a inauguração. Realizávamos o culto na parte da frente e a minha esposa realizava
escolinha para as crianças na parte posterior, visto que um grupo de seis pessoas que tinha se
afastado, agora voltou e nele continha várias crianças.
Nosso grupo foi crescendo cada vez mais e fomos afastando a divisória até que
tivemos que retirá-la e minha esposa teve que ir com as crianças realizar o culto no quintal.
Como o grupo passou a crescer muito, e já estava me sobrecarregando exercer as duas

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funções - grupo e posto de saúde, eu pedi um auxiliar e me mandaram um rapaz de nome
Fernando Almeida Silva, que assumiu a função de diretor do grupo e eu com o posto, porém
ministrando estudos bíblicos. O próprio Sr. Ranulfo que no início criou uma dificuldade, se
converteu também, assim como um músico, seu vizinho - Sr. Sebastião Figueiredo que nos foi
muito útil ensinando alguns hinos novos do então Cantai ao Senhor que era novo na época.
A seguir Pr. L. C. Scofield enviou para São Francisco os Pastores Manoel Ferreira
Porto e Ruben Canchari para realizarem a esperada série de conferências que culminou com
os batismos dos membros do nosso grupo, já existente acrescido de outros mais que surgiram
num total de 36 a 40 pessoas, algum tempo depois também iniciei estudos bíblicos em
Brasília de Minas continuando com o Sr. Domingos e Maria Ramos, transferidos de São
Francisco para esta cidade pelo o departamento nacional de obras contra secas - DNOCS,
também iniciei estudos com uma senhora de nome (se não me engano), Juscelina e seus
filhos. Contudo tive que interromper para atender necessidades no grupo de São Francisco e
não pude voltar a Brasília.
Em 20 de dezembro de 1967 fui transferido para montes claros onde iniciei o trabalho
nos bairros, vila Delfino Magalhães, São Judas e também em Burarama, hoje com o nome de
capitão Eneias, e depois de oito meses em julho de 1968 fui chamado para o hospital
Adventista Silvestre no Rio de Janeiro. Retornei aos estudos onde me graduei na faculdade de
fisioterapia, e minha esposa em odontologia.
Fui substituído em São Francisco em 1968 pelo irmão - Enfermeiro Silvalino Adriano
de Freitas que ai permaneceu até 1971 continuando o trabalho em São Francisco e Brasília
sendo também ele substituído na liderança do grupo pelo o irmão Geraldo Gonçalves e sua
esposa Maria Costa até 1976 quando foi substituído pelo professor Abrão do Carmo Pereira
que aí fundou com sua esposa, irmã Marta Lopes uma escola primária adventista e também
liderou o grupo. O professor Abrão hoje já em memória. Entre 1967 e 1969 o irmão Afonso
de Matos e sua equipe realizou o sonho de comprar o lote e construir o primeiro templo
adventista nesta cidade.
Voltando a São Francisco em dezembro de 1969 já preguei um sermão de natal da
recém construída igreja. Voltei também a Brasília de Minas em 1972 para assistir a
inauguração do primeiro salão de culto construído pelos irmãos, porque já havia ali um grupo
de conversos, visto que o trabalho ali tinha prosperado sobe o comando dos irmãos Silvalino,
Geraldo e Abrão do Carmo. Voltei trazendo comigo pela segunda vez um quarteto vocal de
nome Cantores do Rei da igreja do bairro Padre Miguel do Rio de Janeiro, sob a direção do

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meu saudoso amigo Samuel França que tanto nos ajudou; hoje também em memória; antes
vindo com o mesmo grupo visitar e cantar em todas as igrejas onde eu havia trabalhado.
Entre os convertidos pela a pregação do irmão Afonso de Matos, faço menção do
irmão Adão, que fortaleceu o trabalho missionário e também construiu um segundo templo ao
lado do primeiro, ficando aquele sendo utilizado para escola primária. Este segundo foi
inaugurado quando se celebrava uma campal em 5 de novembro de 1977. Participei desta
festividade, nela encontravam-se presentes entre outros, os Pastores: Último Duarte, Gustavo
Pires, Dirson, e os professores Abrão do Carmo Pereira, Geraldo Gonçalves e o enfermeiro -
missionário Silvalino Adriano de Freitas, cada um com suas respectivas esposas e seus filhos.
O Sr. Adão e sua família foram os responsáveis por essa nova construção. Em 2008
quando voltei para um congresso em São Francisco, este grupo que começou comigo, minha
esposa e meu filho de cinco meses de idade já havia se transformado num distrito com 1.060
membros, com 4 igrejas em São Francisco e 3 em Brasília, segundo o Pastor distrital.
Alguns desses valorosos obreiros constante neste relatório: Pastores Último Duarte,
Gustavo Pires, Professor Abrão do Carmo; irmãos Samuel e Aroudo França, seu irmão já
descansam de seus labores e dormem no Senhor na esperança da feliz ressureição no grande
dia de Cristo Jesus nosso Senhor e Salvador que transformará nosso corpo abatido ou de
humilhação conforme o seu corpo glorioso... Fil. 3:20-21.
Este histórico é verdadeiro e fiel à seus originais visto que foi redigido pelo elemento
usado pelo Espírito Santo para a fundação desta igreja - o casal Isaac e Julinete que ainda
vivem e que na época tinha eu 28 anos, hoje louvo a Deus por após 50 anos, já próximo do 80
anos (chegando já no próximo mês - abril aos 78 anos), ainda poder vivendo na cidade de
Artur Nogueira no interior do estado de São Paulo - já aposentado do trabalho secular -
fundado o serviço de fisioterapia no Hospital Adventista Silvestre no Rio de Janeiro e
conquistar algumas outras almas para Cristo continuo como missionário estudando a bíblia
com pessoas onde já levamos ao batismo em torno de 20 pessoas elevando nosso número de
filho na fé para em torno de 150 pessoas, onde alguns deles militam hoje na causa como
pastores e outros missionários.

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Este documentário é oferecido à igreja de São Francisco e à organização Adventista do
Sétimo Dia. Segue em anexo as cópias dos originais escritos no momento que iam se
desenrolando os fatos, bem como o testemunho do ex-prefeito da cidade, o Sr. Brasiliano
Braz, não Adventista do Sétimo Dia o qual eu não conheci, mas ele através de pesquisa
escreveu em seu livro “São Francisco no Caminho da História” nas páginas 491 e 492.
Das pessoas que testemunharam algumas ainda vivem - Sr. Afonso, Ariene sua esposa,
Geraldinho seu irmão, Lourdes sua irmã, Evi, irmã Helena, Ailton seus cunhados e outros. A
família Scofield hoje reside nos Estados Unidos de onde veio.

Finalizando este relato podemos dizer repetindo:

a) “Até aqui nos ajudou o Senhor” I Samuel 7:12.

b) “Grandes coisas fez o Senhor por nós e através de nós, por isso estamos alegres.
Quem semeia... colhe com alegria” Salmos 126:3-6.

c) “Hoje vemos o fruto do nosso trabalho e estamos satisfeitos Isaías” 53:11.

 O que hoje vemos é o cumprimento das parábolas de Jesus:

a) O grão de mostarda.

b) O fermento e sua progressão, Mateus 13:31-33.

 Quanto a nós, nos consideramos servos inúteis, pois apenas procuramos cumprir o
nosso dever, Lucas 17:9-10.

1) A Deus todo mérito, honra e louvor, pois ele é digno pelos milagres que efetuou
por nosso intermédio tanto para curas como conversões de muitos.
2) A minha querida esposa meu sincero agradecimento pela sua incansável
participação no feito desta obra.
3) Também a família França e aos demais que também participaram dela.
4) Sucesso às outras mãos que continuam levando avante esta obra sobe o comando
do seu dono - Deus.

 Sou muito grato:

a) A Deus pelo privilégio de contribuir para o avanço de sua causa.


b) A família Scofield pelo incentivo e ajuda que me proporcionou dando
oportunidade por ingressar nessa sagrada obra.
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c) A todos os companheiros e colaboradores.
d) Pelos meus erros peço a Deus o perdão, pelos acertos peço humildemente a Jesus,
quando entrares no teu reino lembra-te de mim pela Tua graça e misericórdia.

P.S.
Digo como Ellen G. White:

“Não espero viver muito tempo. Meu trabalho está quase terminando... Nossos homens de
mente firme sabem o que é bom para o crescimento e progresso da causa... Ao recapitular a
nossa história passada, havendo revisado cada passo de progresso até ao nosso nível atual,
posso dizer: Louvado seja Deus! Ao ver o que Deus tem obrado, encho-me de admiração e de
confiança na liderança de Cristo. Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que
esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no
passado” (Testemunhos Seletos, vol. III p. 443).

Ass: Isaac e Julinete Santos.

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