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1 João 4:18
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- Conheci alguém...
- Como assim?
- Fez sim!
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entre gargalhadas – Acabei trombando com ele e, sei
lá, nunca senti um frio na barriga igual.
- Oficialmente um encontro!
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- Amiga, preciso falar com você agora! – cochichou a
menina no ouvido da outra enquanto estavam
estudando na biblioteca.
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teria sua melhor amiga para dividir as contas, as
gordices nos dias de TPM ou para assistirem seriado
até de madrugada. Estava pensando em como seria,
já que desde a infância não se desgrudavam. Ainda
se veriam todos os dias, porque Alicia e Jack
morariam não muito longe dali, as duas ainda teriam
mais três anos de faculdade pela frente, e ele mais
um ano e meio de residência.
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O médico sugeriu que em situações como essas, a
opção era sempre optar pela vida da mãe, já que um
tratamento tão agressivo como a quimioterapia não
seria compatível com a continuação da gravidez.
- Amiga...
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- Por favor! – insistiu Alicia – Estou escrevendo essas
cartas para cada aniversário da minha menininha,
pelo menos até seus dezoito anos. O Jack não pode
sonhar que fiz isso, porque ele vive falando que eu
preciso viver como se jamais fosse morrer.
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- Por favor pare Alicia! – disse a moça, abraçando
sua melhor amiga.
- Mel... – sussurrou.
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.2.
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- Liz? – disse Jack da sala.
- Claro!
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- Estou bem tentado a ir, ainda mais por estar a
quinze minutos dos avós da Mel, eles sentem muito
por não estarmos por perto.
- E por aí?
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- Noite agitada! – disse com um suspiro.
- Boa noite!
- Está sim!
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- Que feitiço você faz com essa menina, que ela só
dorme a noite toda e até tarde quando você está
aqui?
- Sinto muito...
- Tudo bem!
- Jura?
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- A Mel tem sorte da Alicia ter deixado você aqui, por
ela!
A moça riu.
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- Oi filha!
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- Jack, vou colocar ela no banho, tudo bem?
- Imagina.
- Oi tia!
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- Estou um pouco preocupada com o Jack, já que
vocês são mais amigos, queria conversar com você.
- Por quê?
A moça riu.
- Não precisa...
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- Ah beleza, vou dar uma olhada! Obrigado!
- O que foi?
- Claro tia!
- Sim
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- Você, o papai e as vovós fizeram a festa mais
bonita, eu amei!
- Aham...
- O quê?
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.4.
- Claro!
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- É o papel mais lindo que já ganhei meu amor! Vem
cá! – disse abraçando-a e enchendo de beijos.
O rapaz riu.
- Aham...
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- Imagina Jack, não foi trabalho algum, você me deu
um presentão nessa vida, que foi o fato de participar
da vida da Mel, vê-la crescer... não trocaria isso por
nada!
- Oi amor!
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- Porque meus amiguinhos têm mamãe e eu também
quero.
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- Uau! – disse o rapaz paralisado enquanto fechava a
porta da entrada.
- Hoje eu tô precisando!
- Dia difícil?
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- Ah Jack, sinto muito!
- Ele chegou?
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- Acordados ainda? – disse, quando abriu a porta e
encontrou a menina e seu pai no sofá assistindo
desenho.
- Titia!
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- Ossos do ofício, papai!
- Aceito!
- Sabia!
- O que?
- Sério?
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- Sim! Ela sempre brincou que se algo acontecesse
com ela, eu precisava esperar cinco anos até me
envolver com alguém de novo. Na carta ela disse
que não acreditava que tinha me pedido para esperar
tanto, era tempo demais pra ficar sozinho. Ela pediu
para que eu me abrisse para novas pessoas. Mas sei
lá, é estranho!
- Eu entendo perfeitamente!
- Eu sei...
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- Vai ser um dia divertido!
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.5.
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- Não... tudo bem! Mas, gente, ela era a melhor
amiga da Alicia, não imaginam o quanto isso soaria
estranho?
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- Filho, desculpe as brincadeiras.
- Eu já sou!
- Tudo bem...
- Obrigado pai!
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- Marguerita, por favor!
- Saindo!
- Isso é bom!
- Isso é demais!
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- Sim, antes da faculdade morei no Canadá por um
ano, tenho família lá.
- Que mais?
- Sério?
- Eu sei...
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- Mas o que ela disse é verdade, apesar disso,
preciso ter meus filhos, e sinceramente já tô com
saudade de bebês – brincou – era uma fase tão
gostosa da Mel.
- Imagino...
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- Mas e você, Jack Holligan – sobrenome que havia
herdado do pai – quais os planos para o futuro?
E era uma verdade, ter Liz ali fazia com que ele não
sentisse falta de outra companhia. Eles se
entendiam, eram melhores amigos e tinham uma
ligação ainda maior por causa de Mel, que tinha
acabado de acordar e foi correndo para o colo da tia
assim que a viu na varanda.
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para ver seu filme preferido e apagar no sofá ao lado
de seu pai.
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.6.
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até mesmo Madá, a convidou para ir junto. Além
disso, Jaque, irmã de Alicia, também estaria lá e
desde a morte da irmã, pela aproximação de Liz com
Mel, parecia haver um certo ciúmes por parte da
moça, mais um motivo para Liz rejeitar a proposta de
viajar.
- É verdade...
- Mas não vai ser tão legal assim, porque você não
vai estar com a gente! – disse a menina com voz de
choro.
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- Você vai ficar bem? – perguntou Jack preocupado.
- Eu também...
- Combinado!
- Tchau Liz...
- Tchau titia!
- Aproveitem muito!
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roupa confortável para passar a noite em seu
escritório, precisava ocupar sua mente.
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- Mas tenta aproveitar... você precisa descansar!
O rapaz riu.
- Sim!
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- Tô pegando um avião agora! Não vai dar pra
esperar até segunda... quero encher essa menina de
beijo!
- Vou tentar!
- Tchau...
- Beijo!
- Oi titia!
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Jack ainda não tinha aparecido na chamada, mas
ouvia tudo do banheiro enquanto se arrumava para
jantar com a família.
A moça riu.
- Eu percebi!
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- Segundo encontro então?
O rapaz riu.
- Tá legal! Aproveita!
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- Oi!
A garota riu.
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Tinha desde suco do avião, sabonete do hotel, até
um chapéu de praia, que Mel insistiu em trazer para
Liz.
A moça gargalhou.
- Posso sim!
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- É incrível o que uma viagem pode fazer com uma
criança de cinco anos! – disse, imitando a voz do
rapaz que vira e mexe falava essa frase.
- Vinho?
- Aceito!
- É mesmo?
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- Jack, nós não temos amigos, a não ser os pais dos
amigos da escola da Mel.
- Já é alguma coisa!
- Topo!
- Rola sim...
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- Te pego às 19h então... deixo a Mel na minha mãe
e volto para te pegar.
- Combinado!
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A moça escolheu seu vestido vermelho, um salto
pequeno e um brinco dourado que se destacava.
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- Ah, desculpe, mas já marcaram a data ou você só
está enrolando a mulher? – brincou.
- Pois é...
- É mesmo?
- Sim...
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- Acho que ele está começando a pensar nisso de
novo, depois de tudo que aconteceu.
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- Que bom, seria melhor avisar na escola que ela vai
faltar.
- Claro!
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silenciosamente, mas foi em vão, o sono leve de Liz
a fez acordar.
- Três da manhã...
- Nossa!
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algo oculto onde nenhum dos dois estava disposto a
mexer, estavam com medo de descobrir, por isso
rapidamente o rapaz soltou sua cintura e caminhou
em direção ao elevador.
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- Tudo sim!
- Parece estranho...
- Hum...
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- Sabe o Felipe? Da minha equipe? – perguntou,
recostando-se na pia.
- Claro!
- Concordei...
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- É sério! Eu faço questão... – insistiu.
- Imagina!
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“Mas pelo visto ele não sente o mesmo...” – pensou.
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Ele sorriu e a olhou de forma penetrante. Aquilo fez o
coração de Liz congelar, ela queria só fugir dali, o
mais rápido possível!
- Obrigada!
- Desculpe!
- Muito obrigada!
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de suas amigas que morava ali por perto e a
convidou para uma tarde no Spa.
- Ótimo!
- Te encontro lá!
- Combinado Bru!
- Eu também... – resmungou.
- TPM?
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- Não sei, hoje a Mel vai dormir lá em casa porque...
– suspirou - o Jack tem um encontro!
- É sério!
A moça riu.
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- Amiga, não tem nada de errado em vocês se
apaixonarem.
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- Eu que te agradeço! Estava necessitada de uma
tarde só de mulheres, é muito homem em uma casa
só! – brincou. Bruna era mãe de dois meninos.
- Oi!
- Oi meu amor!
- Só escova...
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- Tá lindo!
A moça riu.
- Sim...
- Sim!
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- O que titia?
Todos a cumprimentaram.
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- Alberto? – disse Liz, para o rapaz que saía do
restaurante acompanhado de uma loira.
- Digo o mesmo!
- Muito prazer!
- Vamos titia.
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- Sim, com quem tive alguns encontros!
- E ele...
Os dois se entreolharam.
- É sim!
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Ele revirou os olhos em negativa, estava sem graça
com a situação.
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- Ainda acordadas? – disse, entrando no
apartamento ao ouvir algumas risadas.
Ele riu.
- E aí? – perguntou.
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Liz parecia estar travando uma batalha interna, mas
não se esquivou do que estava para acontecer,
também queria descobrir.
- Sim filha!
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- Você não me contou como foi o encontro... – disse
Liz quando Jack estava parado na porta, pronto para
ir para o seu apartamento.
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- Que delícia!
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- É?
- Sim...
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- Dormiu! – disse, ao aparecer na porta do quarto de
Jack que estava terminando sua mala.
- Obrigada! – sussurrou.
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acariciou seus cabelos. Ficaram de frente para o
outro, desejando que aquele pequeno espaço entre
eles fosse rompido.
- Tchau! – respondeu.
- Combinado!
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Quando voltaram para o carro, Jack já estava com
algumas coisas para o café da manhã na estrada. A
moça achava lindo como eles sempre oravam de
mãos dadas antes das refeições. Sentia saudades de
quando fazia isso com seus pais. Liz perdeu a mãe
muito cedo e seu pai casou de novo quando ela era
adolescente. Não foi muito fácil o relacionamento
com a nova esposa de seu pai, isso a afastou muito
da família. Todos os anos tentava uma aproximação,
mas a madrasta não facilitava muito as coisas para
ela.
- Acho que vou ali atrás com ela para ajudar a não se
sujar muito... – disse Liz.
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- Imagino o quanto deva ter sido difícil para você
também!
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- E o Jack sente o mesmo?
- Eu sei...
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- É isso! Falta você vê-lo como um homem, que
claramente também está interessado em você!
- Quero papai!
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Mel e Sara iam à frente de mãos dadas, cada uma
segurando seu baldinho.
- Mas e a Mel?
- Ah é?
- Uhum!
- Eu topo!
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- Brigada viu!
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- Percebi!
A moça sorriu.
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- Mas nunca alimentei esses pensamentos e
sentimentos, estávamos tão ocupados com a Mel! Eu
não me sentia pronto para amar e cuidar de alguém
de novo! Mas depois dos cinco anos dela, algo
mudou, me vi querendo estar com alguém
novamente, e eu só conseguia pensar em você!
Quando as pessoas sugeriam encontros e que eu
deveria voltar a namorar e pensar em me casar de
novo, tudo que me vinha a mente era como eu
adorava estar com você! Como adorava ter você e a
Mel todos os dias ali, comigo! Adicionar qualquer
outra pessoa a nós três me deixava nervoso e
desanimado.
- Jack...
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ao meu lado por todos os dias que me restar! E... eu
sei que estamos em uma situação delicada e isso me
impediu até hoje de dizer como eu me sentia, mas
cansei! Cansei de deixar que o medo do que as
pessoas vão dizer me impeçam de dizer pra você
que... – pausou - eu te amo e que eu não tenho
qualquer dúvida de que quero você!
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- Não comprei nada dos presentes que precisava
para esta semana!
- Verdade!
- Eu também...
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- Amiga, não me odeie por amá-lo! Por favor! Jamais
me permitiria sentir algo assim se você estivesse
aqui! Você sabe! Talvez eu também tivesse casada e
com filhos! Mas nem eu e nem ele, planejamos essa
situação! Por favor, me perdoe! – foram as suas
últimas palavras antes de pegar no sono.
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- E depois?
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- Ela faz isso todo ano!
- Mata mesmo!
- Claro!
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Elizabeth havia comprado um vestido novo, era um
pouco mais chique que o normal porque geralmente
as festas na casa da mãe de Alicia exigiam um traje
mais sofisticado.
- Sr. Fernando!
Ela gargalhou.
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- Parece que Jack está cada vez mais bonito... –
comentou Paula, esposa de seu pai.
- Pois é...
- Talvez.
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- De jeito nenhum, não precisa se preocupar!
Amanhã coloco tudo na máquina de lavar louças.
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sua netinha - Feliz natal queridos! - disse a Jack e
Liz.
- Obrigada!
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- Parece que estão tentando te arranjar uma
pretendente... – cochichou Liz quando encontrou
Jack na mesa de sobremesas.
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Liz ouvia tudo de dentro do banheiro onde estava,
permaneceu ali até ouvir as vozes se afastando e a
porta fechar.
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- Não... tomei um banho e acho que dormir vai
ajudar!
- Tá bem!
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- Que bom acordar com esse cheiro! – disse ao
chegar à cozinha.
- Sinceramente?
- Sempre!
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- Você sabe que eu também tive que enfrentar esse
tipo de pensamento, né? Óbvio que me senti assim,
mas decidi passar por cima de tudo isso, pela
certeza de que eu quero você! Quero estar com você
independente de quem se incomode com isso!
- Não sei...
- E você não é!
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culpa e que a fazia sentir-se uma pessoa horrível
parecia mais urgente do que enfrentar o mundo por
amor a Jack.
- Tem certeza?
- Claro! – insistiu.
- Tá legal...
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- Pego suas malas amanhã às 5h da manhã, tá?
Combinei com um motorista amigo meu.
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Jack sorriu.
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Depois de mais algumas horas, Mel estava dormindo
no colo de Liz e ela havia pegado no sono no ombro
do rapaz. Cat adorou presenciar essa cena quando
foi ao banheiro, ela queria tanto que seu filho
encontrasse alguém que o amasse e o fizesse feliz.
- Muito prazer...
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Todos misturavam inglês com português na hora de
se comunicar, mas Liz estava conseguindo se virar
por ter estudado a língua por alguns anos e usar
constantemente em seu escritório.
- Dormi! E você?
- Eu também!
- Eu também!
- É sim... – respondeu.
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Liz fitou Jack procurando por algum tipo de
explicação.
- É mesmo?
- Aham...
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- Acho que eu perdi alguma coisa aqui... – disse Liz
em tom de brincadeira.
- Para!
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Jack as observava silenciosamente enquanto
terminava de pentear seus cabelos lisos que o
deixavam ainda mais charmoso.
- Aham...
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- Ainda acordada? – cochichou.
- Tá tudo bem?
- Foi legal...
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- Você não me deve explicações... – disse
rispidamente, virando-se para caminhar até a porta
do seu quarto.
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.15.
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- Desculpe Cat, é que é tão complicado, não sei por
onde começar!
- Sim!
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- Obrigada Cat! Agora acho que o Jack precisa saber
o que ele realmente quer... com a Katie voltando
para a vida dele. As vezes sinto que só ficamos
juntos porque eu era a opção mais óbvia, sabe? Mais
cômoda também, por toda a nossa dinâmica com a
Mel.
- Entendo...
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Pelo visto era mais um conhecido da época em que o
rapaz havia morado no Canadá.
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Quase na hora da queima de fogos, se posicionaram
em frente ao Lago onde já havia uma pequena
multidão se aglomerando. Dada a largada para a
contagem dos dez últimos segundos do ano, Liz
sentiu sua mão se aquecer por baixo das luvas que
usava... era Jack, segurando-a silenciosamente.
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A moça gargalhou.
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- Com licença, posso ter a honra de dançar com o
meu par de padrinho preferido? – era Katie.
- Tudo bem?
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- Deixa eu ver se entendi o que acabei de ouvir! Você
está se mudando para o Canadá e nem ao menos
me perguntou o que eu achava de ficar a milhares de
quilômetros longe da Mel?
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Quando o rapaz chegou, as encontrou dormindo
abraçadas no quarto de Liz e preferiu não atender a
sua maior vontade que era de se juntar aquele
abraço e dormir ali.
- Tudo bem!
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- É sem dúvida uma oportunidade incrível!
- É sim...
Ele suspirou.
- Como?
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- Já?
- Sim...
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- Às 17h.
- Não acredito!
- O que foi?
- É sim...
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Ela subitamente, sem pensar, lhe deu um beijo e ele
retribuiu. Deixou suas lágrimas escorrerem antes de
deixá-lo ali, no estacionamento, e correr para o
apartamento. Aquela noite queria dormir abraçada a
Mel.
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bem perto de mim! E se eu não me apressar vou
perdê-los... então me desculpem, mas preciso ir!
- Não estão...
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Liz sorriu e saiu em disparada até o aeroporto. No
caminho tentava limpar as lágrimas e clamava a
Deus, pedindo que o voo dos dois atrasasse.
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O rapaz se levantou e tentou passar alguns
passageiros que ainda estavam de pé no corredor.
- Quero muito! –
- Então eu vou!
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- Sim! – disse abraçando-o.
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Sobre a autora: