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Dedico essa história a todas as mães solos, que se viram nos trinta
para dar o melhor aos seus filhos.
Capítulo 1
GABRIELA
GABRIELA
GABRIELA
GABRIELA
DIOGO
GABRIELA
GABRIELA
DIOGO
GABRIELA
GABRIELA
Isabela não saía dos meus pensamentos desde que levei para o
colégio naquela segunda-feira. Despedi-me da minha filha e senti um aperto
no peito ao deixá-la chorando. Ela não queria ficar, uma reação maior do
que uma simples manha. Minha filha vinha se comportando diferente nos
períodos que antecediam a ida para a escola, ficava pensativa, introspectiva,
sua felicidade contagiante sumia de um jeito que estava sendo impossível
não pensar besteira. Coração de mãe nunca se engana, algo vinha
acontecendo na escola e eu precisava agendar uma reunião com a diretora
urgente para descobrir o que era.
Anotei os dados de monitoramento do paciente em seu prontuário e
estava de saída quando Ana me encontrou. Sua expressão não parecia muito
boa, foi monossilábica quando lhe perguntei algo e pediu para ir com ela até
o banheiro, pois precisava conversar comigo. Concordei e seguimos lado a
lado, em um silêncio incômodo, e bastou fechar a porta para ela despejar o
que a aborrecia sobre mim.
— Por que eu não estou sabendo sobre a sua discussão com o
Adalberto na praça? — indagou, observando com atenção.
— Não quis atrapalhar a sua folga. Você estava tão contente por ir
visitar seus pais e sabia que estressaria quando contasse as palhaçadas
daquele homem
— Credo, Gaby! Eu sou sua amiga, não existe isso. Sabe que pode
me ligar a qualquer momento.
— Desculpa. Foi com a melhor das intenções. Já bastava eu me
fuzilando de ódio.
— Tenho vontade de dar uma surra nesse homem.
— Não dá ideia. — Encarei Ana com uma expressão divertida e
continuei: — Enfim, eu ia perguntar como ficou sabendo, mas tá na cara
que foi Isabela.
— Sim. Segundo a Isa, a mamãe dela discutiu com um velhinho
chato na praça porque ele queria um casamento arranjado com você. Ainda
tive que explicar o que era casamento arranjado.
— Imagino. Ela deve ter passado a ficha toda de como foi nosso
domingo.
— Claro, Isa foi muito bem treinada por mim para repassar o que se
passa na sua casa. E o que não soltou por livre e espontânea vontade, eu
perguntei e ela respondeu.
— Finalmente, você confessou. Eu sempre disse que a culpa da Isa
ter a língua solta era sua.
— Ei, nem vem.
— Contudo, entretanto, todavia… tem uma coisa que ela não contou
porque não sabe.
— Gabriela, deixa de palhaçada e desembucha.
— Eu e o Diogo nos beijamos.
— Caralho! Me conta como aconteceu.
Fazia tempo que não via Ana eufórica daquele jeito. Quando estava
prestes a contar tudo para ela, uma batida na porta do banheiro chamou
nossa atenção, lembrando que estávamos em horário de serviço, e
combinamos de continuar o papo à noite.
Cheguei na recepção e recebi o recado de que Felícia, chefe de
enfermagem, precisava falar comigo. Fui ao seu encontro, alarmada. Ela
nos chamava por dois motivos: chamar atenção ou passar trabalhos que não
nos era devido. E, no meu caso, era a segunda opção.
— A Márcia não veio hoje e preciso que você vá fazer os
atendimentos domiciliares agendados para ela — Felícia avisou,
entregando-me uma pasta. Concordei e segui para organizar tudo o que
precisava levar.
Ficar para lá e para cá a manhã toda não era uma coisa que eu
gostava de fazer, tanto que na época do estágio odiava fazer esse tipo de
serviço, mas trabalho era trabalho, independente dos meus gostos.
Voltei a atenção para os papéis que Felícia entregou e quase tive um
treco ao ver o itinerário das coletas. Além dos pacientes da cidade, eu teria
que visitar um senhor que morava em uma fazenda. A família era rica, o
casarão antigo em que moravam era bonito e bem cuidado, mas as estradas
de terra do município que levavam até lá, estavam uma porcaria.
Demoraria um tempão para atender todos os idosos daquela lista.
Fiz o meu trabalho, o aperto no peito persistiu por um bom tempo,
tanto que não via a hora de sair do trabalho para encontrar com minha
pequena.
Capítulo 11
DIOGO
GABRIELA
Eu não sentia tanto medo desde que descobri a gravidez de Isa e fui
expulsa de casa. Mesmo Diogo garantindo que minha filha estava bem, só
conseguiria respirar aliviada quando a visse e confirmasse com meus
próprios olhos que nada de grave havia acontecido.
Diogo entrou na sala com minha filha cinco minutos depois de nos
falarmos por telefone. Ele a carregava em seus braços de forma protetora, e,
antes que eu pudesse fazer qualquer pergunta, ele a colocou sobre a maca e
passou a examiná-la com cuidado.
Fui até eles, respirando fundo para ver se me acalmava, afinal,
Isabela estava em boas mãos. Diogo havia se especializado em Ortopedia e
era um profissional respeitado em São Paulo. Daria conta tranquilamente de
cuidar do tornozelo de Isa.
Os questionamentos ainda ferviam na minha mente, queria entender
porque ela brigara, mas achei melhor deixá-los para mais tarde, para depois
que minha pequena fosse atendida e não sentisse mais dores.
— Tá doendo muito, mãe — choramingou, conversando comigo
pela primeira vez desde que chegou.
Beijei sua bochecha, seu olhar grudou no meu, triste, lacrimejante.
Queria poder transferir toda a sua dor para mim, porém, como aquilo seria
impossível, fiz a única coisa que me cabia, fiquei ao seu lado, acalentando-a
e rezando para que o osso não tivesse fraturado.
— Já vai melhorar, viu, meu amorzinho? O tio Diogo é um
excelente médico e vai fazer seu pé sarar rapidinho. — Ela concordou e
fechou os olhinhos.
Enquanto Diogo aplicava uma injeção para tirar a dor, ele me lançou
um sorriso de canto pôr o ter elogiado, e voltou a cuidar de Isa. Notei que
ainda vestia o jaleco branco, que fazia questão de usar mesmo trabalhando
na parte administrativa, e, tanto ele quanto a camisa que usava por baixo,
que devia ter custado os olhos da cara, estavam sujos do sangue que saíra da
testa da minha filha. E Diogo parecia nem se importar que a estranha em
sua frente destruira a roupa caríssima.
Diogo foi rápido, solicitou que o centro de diagnóstico por imagem
da clínica fizesse uma radiografia do tornozelo e cuidou da minha filha com
toda a atenção do mundo.
— Pronto, lindinha, sua bota nova está pronta — Diogo avisou em
um tom divertido, e não adiantou, Isa continuou emburrada.
— Gostei, não, tio, esse negócio é pesado — disse a garota e o
olhou de cara feia.
Diogo riu, beijou seus cabelos bagunçados e, ignorando o mau
humor da criança, se virou para mim.
— Bom, Gaby, como imaginei, foi só uma torção. A Isa precisará
ficar com o gesso por duas semanas, para não correr o risco de agravar a
lesão, já que a lindinha é espevitada.
— É melhor mesmo pecar pelo excesso do que pela falta. Conheço
minha filha, seria impossível mantê-la de repouso por tanto tempo.
— Vocês dois são muito malvados. Não quero ficar com isso. — Ela
continuou reclamando, a beira das lágrimas de novo. Dessa vez por pura
manha.
— Para de ser reclamona, filha. Deveria estar feliz por usar apenas o
gesso por duas semanas.
— Veja pelo lado positivo, Isa. Você não poderá ir para a escola por
alguns dias — Diogo anunciou, astuto, e se sentou ao seu lado.
— Sério? — questionou a criança, ficando animada de repente. —
Vou poder mesmo, mãe?
— Será por poucos dias, não se anime. Logo terá que voltar.
— Gaby, eu quero conversar uma coisa bastante séria com você
sobre esse colégio. — O médico parecia preocupado, como se fosse dizer
algo importante, contudo, balançou a cabeça e mudou de ideia. — Bom, a
paciente mais ilustre dessa clínica está de alta e pode ir para a casa.
— Ebaaa. Você me leva no colo? — Isa gritou e jogou os braços
para Diogo.
— Filha, o Diogo é muito ocupado. A mamãe te leva.
— Eu posso levá-la, se quiser. Encerrei meu expediente mais cedo e
não tenho nenhum compromisso.
— Tá bem, então — concordei, dando de ombros. — A propósito,
preciso agradecer pelo que fez pela Isa hoje. Obrigada.
— Não precisa agradecer. Eu fiz o que qualquer pessoa de caráter
faria. — Ele sorriu de leve e pegou Isa no colo.
Mas o que Diogo disse não era verdade. Quer dizer, nem tudo o que
fez pela minha filha, outra pessoa faria. Não era qualquer um que
abandonaria o trabalho e correria ao socorro de uma criança que não fosse
de sua família. A atitude de Diogo mexeu muito comigo e cada vez mais
esse homem subia no meu conceito e derrubava as barreiras que construí ao
longo dos anos.
Não deu tempo nem de chegar no carro e Isa dormiu no colo do
Diogo. Observei-o caminhar até um Sedan parado na antiga vaga do
Nelson, tendo a estranha sensação que já o tinha visto em algum lugar, e
arregalei os olhos quando a compreensão me atingiu. Aquele era o carro
importado que eu e Clarice admiramos dias atrás e que comparamos os
motoristas do mundo literário com os da realidade.
Acabei sorrindo com a besteira que passou pela minha cabeça.
Diogo era a personificação dos mocinhos dos livros de romance.
Bonito, gostoso, educado, gentil, rico, não podia esquecer isso. Só não
consegui confirmar se a pegada dele era boa como a dos protagonistas dos
meus livros hots.
Sacudi a cabeça e andei prestando atenção no jeito protetor como
carregava minha filha aconchegada em seu peito, a mão livre fazendo
carinho em suas costas. O homem parecia ter saído de um conto de fadas.
Todo bonito, atencioso comigo, carinhoso com Isa e parecia gostar de
verdade da minha filha. A garota foi colocada no banco detrás do carro e
depois Diogo abriu a porta do passageiro para mim.
Viu! Um verdadeiro príncipe, educado e gostoso.
Droga!
Será que se eu o beijasse de novo ele se transformaria em um sapo?
Merda, estava morrendo de vontade de pagar para ver.
Deixei escapar uma risadinha, imaginando a cena de Diogo virando
um sapo, e precisei disfarçar para não chamar a atenção do homem ao
volante.
— Ainda bem que a Isa dormiu — disse Diogo, sem tirar os olhos
da rua. — Acho que nesses anos todos de profissão, nunca fiquei tão
inseguro ao atender um paciente.
— Deixa de besteira, você foi maravilhoso, atencioso, mesmo a
pestinha não parando de resmungar. Obrigada.
— Não precisa agradecer, Isabela é incrível, Gaby. Eu tenho um
carinho enorme por ela — respondeu, carinhoso, e me olhou quando
paramos no sinal.
— Você tem jeito com crianças, é atencioso com minha filha, nunca
teve vontade de ser pai? — Arrependi-me da pergunta assim que ela saiu da
minha boca e, envergonhada, continuei: — Desculpa, fui enxerida igual a
Isa. Faz de conta que não ouviu a minha pergunta.
— Ei, calma — Sorri, colocando o automóvel em movimento. —
Não ligo de responder. Sabia que me questionam muito sobre isso?
— Agradeço por tentar me fazer sentir menos fuxiqueira, pena que
essa informação não ajudou em nada. — Fiz uma careta e Diogo balançou a
cabeça, rindo.
— A verdade é que eu sempre quis ser reconhecido na minha
profissão, não por ser filho do grande Nelson Lima Libardi, e sim por
merecimento, por ser um profissional tão bom quanto o meu pai é. Foi por
isso que fui embora daqui, queria crescer por minhas próprias pernas e não
ser acusado no futuro de nepotismo. Só que para conseguir alcançar esse
grau de excelência, eu precisei ralar muito, estudar, trabalhar dia e noite
dentro de hospitais. No final não me sobrou muito tempo para criar laços
com uma mulher, pelo menos não ao ponto de começar uma família.
— Bom, não teve filhos, mas deve treinar muito, não é? Lembro
bem da barulheira atrás da minha parede. Aquilo foi coisa de profissional
— provoquei, uma coragem repentina surgindo sei lá de onde, e senti meu
rosto esquentar.
Diogo apenas levantou uma sobrancelha e ficou calado. Observei a
expressão do seu rosto, achei que soltaria alguma gracinha, e, embora não
tenha encontrado nenhum sinal de que não gostou da minha brincadeira, ele
ficou em silêncio e entrou na garagem do nosso prédio.
A quietude durou até Diogo estacionar o carro na sua vaga. Ele
olhou para o banco detrás, conferiu se Isa ainda dormia, e avançou sobre
mim como um trem desgovernado.
— Gabriela, você é muito gostosa e estava tentando me controlar
para não parecer um tarado, mas a senhorita não tá facilitando a minha vida.
A respiração ofegante de Diogo tocou suavemente os meus lábios,
provando que ele estava tão mexido quanto eu. Meu coração bateu no peito
como uma escola de samba, a boca ficou seca, as mãos trêmulas e perdi
completamente a cabeça.
Ele inclinou a cabeça e tocou o meu pescoço com a ponta do nariz,
absorvendo o cheiro da minha pele. O toque ativou alguma coisa dentro de
mim, um calor insano que pareceu me transformar em outra mulher.
Caramba. Fui dominada por algo que nunca experimentei, como se
precisasse senti-lo nem que fosse por uma só vez.
— Talvez eu não queira que se controle, doutor.
Seus olhos arderam pelo tesão acumulado e gemi baixinho quando
encaixou a mão na minha nuca, segurando firme na base do cabelo.
Contornou meus lábios com o polegar, deixando-me ainda mais em brasa
pela iminência do beijo explosivo que viria.
O juntar de nossas bocas foi quente, desesperado, como se ambos
precisassem daquilo. Nada do que vivi podia ser comparado ao que Diogo
me fazia sentir. Como se seu gosto fosse uma droga capaz de tirar toda a
minha lucidez e um simples beijo não fosse o suficiente para aplacar toda a
paixão que existia dentro de mim. Teria que tê-lo por inteiro para me sentir
saciada.
Diogo chupou minha língua, mordiscou e sugou os lábios. Quando a
boca pareceu não ser mais o suficiente, ele desceu trilhando pequenos
beijos pelo meu colo, ao mesmo tempo que as mãos se fecharam em meus
seios, atiçando os mamilos sob o tecido fino da minha camisa. Meus lábios
inchados se entreabriram, emitindo sons que pareceu causar um efeito
imediato no seu pau.
— Me toca, veja como seu beijo me deixou — pediu, sem desgrudar
os lábios da minha pele.
— Delícia de homem gostoso — murmurei, a mão planando sobre o
volume imenso da sua calça.
— Diz pra mim que hoje podemos ir além. Não tenho mais idade
pra provocação, Gaby, e o beijo do outro dia já foi tentação suficiente. A
barulheira que ouviu no meu apartamento será fichinha perto de toda a
putaria que quero fazer com você — gemeu, esfregando os lábios em meu
ouvido.
Como tudo que é bom dura pouco, fomos tirados da nossa bolha de
desejo pelo barulho do portão eletrônico sendo aberto e, assustados, nos
separamos.
— Droga, você me fez perder o juízo. A Isa está no banco detrás —
disse, desconcertada, e fechei o botão da blusa correndo. O pior era que
nem o tinha visto desabotoá-la.
— Eu que te fiz perder o juízo? Você me fez agir como um
adolescente cheio de hormônios. — Riu, arrumando o membro duro dentro
da calça. — Fica tranquila que a injeção que ela tomou a fará dormir feito
uma pedra.
— Sim, dessa vez ela está dormindo de verdade, mas não conte com
isso sempre. Essa pestinha vive fingindo que dorme para ouvir minhas
conversas com Ana.
— Humm, gostei da sua frase. Isso quer dizer que teremos outras
oportunidades?
Sua mão direita foi de encontro à minha coxa e me arrepiei
novamente ao sentir o toque frio da sua pele sobre a minha.
— É melhor entrarmos. Ainda preciso descobrir como vou dar
banho nessa menina com o pé engessado — desconversei, abrindo a porta
do carro.
Capítulo 13
GABRIELA
DIOGO
GABRIELA
— Gaby, você precisa relaxar, serão só dois dias — disse Ana, quase
perdendo a paciência comigo.
Era sexta-feira e, diferente da minha amiga, não estava de folga.
Como Isa não iria à escola, Ana inventou de levá-la para o sítio dos pais e
fui voto vencido.
— Eu sei, mas ela está com gesso, vai dar trabalho. Talvez seja
melhor eu chamar a dona Nilza para cuidar dela aqui em casa mesmo —
argumentei, referindo a senhora que eu contratava para ser babá de Isa
quando a coisa apertava.
— Ah, mãe, deixa eu ir. Por favorzinho — Isa choramingou.
— Não inventa, Gabriela, fica tranquila que mamãe e eu vamos
cuidar da florzinha direitinho.
Eu devia ser a maior idiota de todas. Vivia reclamando que sentia
falta de uma rede de apoio para me ajudar com minha filha, e, quando
conseguia, o modo mãe superprotetora falava mais alto, quase me fazendo
surtar.
— Está bem, filha, obedeça a Dinda e nem pense em subir nas
árvores com o pé desse jeito.
— Ebaaaa. Posso levar a Lolô? Queria mostrar ela pra vó Júlia —
pediu, radiante. Concordei com um aceno de cabeça e ela saiu animada na
direção do quarto para pegar a boneca.
— A Júlia tá perdida. Vai ter que brincar de boneca — zombei. Júlia
era a mãe de Ana, que Isa havia pego como avó postiça.
— Ela ama a Isa. Diz que enquanto eu não lhe dou netos, vai treinar
com sua filha.
— Amiga, tenta tirar da Isa o porquê de ter brigado na escola. Já
tentei de tudo e a danada não abre o bico. Tô começando a ficar
preocupada. Minha filha nunca escondeu nada de mim.
— Farei melhor, Gaby. Vou pedir para o meu pai conversar. Ele é
psicólogo, saberá o que fazer.
— Obrigada, querida.
— Cheguei, dinda.
— Tchau, meu amor, se cuida. Mamãe te ama, não esquece. —
Beijei e abracei minha filha tão apertado que ela resmungou, mas não se
soltou.
— Eu também amo muitão.
— Até logo, Gaby — Ana me abraçou e sussurrou: — Aproveita
que tá sozinha pra dar para o vizinho gostosão. Libera essa perseguida logo,
mulher.
Acabei rindo do seu desespero. Parecia até que era ela que fazia
tempo que não transava. O elevador chegou e não pude responder como
gostaria. Talvez, fosse melhor assim, Isa vivia de orelha em pé. A criança
era mais esperta que muito adulto e eu não queria que soubesse do meu rolo
com Diogo.
— Se divirtam — respondi, mandando um beijo, e as portas da
caixa metálica se fecharam.
Diogo. Eu não tinha notícias dele desde o sexo por telefone, na
segunda-feira. Na verdade, desconfiava que fora ele que tocou minha
campainha na terça-feira à noite, mas, como me acovardei e não abri a
porta, não dava para ter certeza.
DIOGO
Eu acordei sem ter a mínima noção de que horas eram. Nem precisei
abrir os olhos para saber que não estava em minha cama. O cheiro de
Gabriela impregnado nos lençóis não me deixava enganar e na mesma hora
fui invadido pelas lembranças do que fizemos a bem pouco tempo atrás. A
noite tinha sido longa e bastante divertida.
Transar com ela foi incrível, diferente de tudo o que eu já tinha
provado. E algo me dizia que não aconteceu assim apenas porque a mulher
era gostosa e o sexo maravilhoso, mas porque foi com ela. A danada tinha
me pego pelas bolas, e eu suspeitava que ela nem tinha noção disso.
Busquei-a imediatamente com os olhos e sorri ao vê-la deitada de
bruços ao meu lado, completamente nua, seus cabelos longos espalhados
pelo travesseiro. O desejo voltou, e junto com ele vieram outros
sentimentos desconhecidos e nunca antes experimentados. Carinho, paixão,
não sabia dizer ao certo o que era.
Foi por causa deles que ontem à noite, quando Gaby começou com a
conversa de não saber lidar com sexo casual, eu não recuei. Eu a queria de
novo, isso era um fato, contudo, havia algo acima da necessidade de sexo.
Queria conhecê-la melhor, passar mais tempo com Isa, conhecer um pouco
mais da mulher que Gabriela havia se tornado. O que podia dizer, era que
cada segundo passado com ela e sua filha estava sendo muito especial.
Um aperto na bexiga me fez levantar devagar e seguir para o
banheiro. Precisava me afastar daquela cama antes que o desejo insano de
estar dentro dela de novo me fizesse acordar a garota. Ela havia dito antes
de adormecer que estava dolorida depois da nossa maratona de sexo.
Andei pelo quarto de Gaby sentindo como se estivesse em meu
próprio apartamento, afinal, morávamos no mesmo prédio. Porém, como os
cômodos ficavam na direção contrária, foi um pouco estranha a sensação de
caminhar pelo quarto invertido, a porta que era para estar do lado direito
estava do esquerdo, a janela o mesmo problema.
Imaginando que Gabriela não fosse se incomodar por eu usar seu
banheiro, aliviei a bexiga e entrei no chuveiro, agradecendo a água quente e
muito bem-vinda. Tomei um banho rápido, peguei a toalha estendida sobre
o box de vidro e, depois de me secar, enrolei-a no corpo para voltar ao
quarto.
Ao contrário do que eu imaginei, não encontrei Gaby dormindo. Ela
estava falando ao telefone, pálida, e visivelmente preocupada.
Imediatamente, fiquei em estado de alerta.
— Eu não acredito nisso, Ana. Como ela está? — questionou,
esfregando os olhos.
Não precisei ouvir muito para entender que, o que quer que
estivesse acontecendo, estava relacionado a Isabela. Achei melhor esperar
que encerrasse a ligação para me aproximar, enquanto isso, aproveitei para
vestir minha roupa que deixei jogada no chão da sala. Quando voltei, ela se
despedia de Ana.
— Eu estou indo. Chego aí em uma hora. No máximo. — Ela
encerrou a chamada e permaneceu olhando para a tela do celular até
perceber minha presença.
— Oi — Eu me aproximei e me sentei ao seu lado.
— Oi. Nem te vi levantar.
— Você dormia profundamente e não quis acordá-la. Tomei uma
ducha rápida, espero que não se importe por usar seu banheiro e sua toalha.
— Imagina. Não deve ser chique igual ao seu, já que a suíte
principal é no quarto do meu primo, mas é limpinho. — Ela tentou
descontrair, mas era nítido que algo a afligia.
— Vi que a ligação te deixou preocupada. Aconteceu alguma coisa
com a Isa? — Não resisti e soltei a pergunta, cauteloso.
— Sim. Terei que ir até o sítio dos pais da minha amiga para buscá-
la.
— O que aconteceu com a pequena, ela está bem?
— Tá sim…Bem, pelo menos fisicamente. — Ela parou, encarando-
me pensativa e continuou: — Desculpa, Diogo, tivemos uma noite
maravilhosa, não queria que acabasse assim. A minha filha é o que eu tenho
de mais importante na minha vida e preciso ir até lá.
— Calma, linda. Eu entendo e confesso que também fiquei
preocupado. Posso ajudar em algo? — Seus olhos se encheram de lágrimas
e, tentando tranquilizá-la, segurei sua mão.
— Não, obrigada. Você já nos socorreu demais.
— Conta pra mim o que está acontecendo, Gaby. Me deixa ajudar.
— A puxei para meus braços e ela se aninhou no meu peito.
— A Isa anda estranha desde a briga na escola e eu não consegui
fazer com que ela me contasse o motivo do desentendimento com a
coleguinha. Minha filha nunca agiu assim, Diogo. Nunca arrumou confusão
e sempre me contou tudo — desabafou, consternada, e soltou um suspiro.
— Quando você saiu do banheiro, minha amiga tinha acabado de ligar para
contar que o pai conseguiu arrancar a informação da Isa. Eu não entendi
muito bem, parece que a briga aconteceu por causa da festinha de dia dos
pais na escola.
— Ainda não consigo entender a razão para Isa brigar.
— Parece que uma coleguinha debochou da Isa por ela não ter pai e
ainda por cima falou que a minha filha não deveria nem ir nesse dia.
— Isso é um absurdo. Como a professora deixou isso acontecer?
— Estou me fazendo essa mesma pergunta.
Trinquei o maxilar, irritado, ao imaginar as inúmeras possibilidades
do que realmente havia acontecido. Minha intuição raramente falhava, e
desde que coloquei os pés naquele colégio e vi Isabela acuada no banheiro,
algo me disse para investigar.
— Não sei se você se lembra, naquele dia eu mencionei que queria
conversar com você, Contudo, infelizmente, aconteceram muitas coisas nos
dias seguintes e acabei esquecendo, me perdoe. O fato é que eu não gostei
nada daquela escola. Quando cheguei para buscar Isa, senti que tinha
alguma coisa errada, como se tivessem negligenciado o socorro da Isabela.
— Como assim?
— Naquele dia, só fiquei sabendo o que estava acontecendo com a
Isabela, porque passei pela recepção e ouvi a recepcionista falando ao
telefone com alguém da escola que tentavam há uma hora entrar em contato
com você e não conseguiam. Eu corri pra lá e ao chegar no colégio
encontrei sua filha machucada e trancada no banheiro. Fiquei furioso por
não a terem socorrido e confrontei uma funcionária. Deram-me a desculpa
que não puderam fazer nada, justamente porque estavam há meia hora
tentando fazê-la destrancar a porta. Percebe como o tempo não bate?
— Você acha que houve negligência?
— Não posso afirmar, mas ainda acho muito estranho. Sem contar
que não fui com a cara dos funcionários, menos ainda da professora da sua
filha. Sei lá, algo nela me soou falso.
— A coisa só piora — respondeu, tapando o rosto com as mãos. —
Minha filha não merecia vivenciar uma situação como essa. É tudo culpa
minha — afirmou, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair
novamente.
— Não diga uma coisa dessa, Gabriela! Você é uma ótima mãe, não
é culpada por nada.
— Eu sei disso, mas Isa não tem um pai por minha causa. — Ela
limpou o canto do olho e continuou: — Sabe, nunca me arrependi das
burradas que fiz, minha filha é o amor da minha vida, meu único
arrependimento foi ter me envolvido com o merda do pai dela. — A voz de
Gabriela falhou no fim da frase e não consegui dizer nada, somente abraçá-
la apertado.
Ficamos calados por um tempo, esperei que acalmasse, porém, antes
que o clima ficasse ainda mais pesado com lembranças do passado, puxei
Gabriela para meu colo e ofereci meu sorriso mais caloroso e sincero.
— O que acha da gente tomar o café da manhã na rua, antes de
irmos buscar a Isa?
— Espera! Você quer ir comigo?
— Claro! E a Mel também irá. Vamos fazer uma força tarefa para
alegrar a pequena.
— Você não existe, Diogo. Obrigada.
— Não tem nada que agradecer. Eu tenho um carinho muito grande
pela sua filha — disse, sincero, e deslizei o polegar por sua bochecha.
Nossos olhos se encontraram, os dedos se entrelaçaram em um
toque sem nenhum apelo sexual, cheio de significados subentendidos. Era
cedo para fazermos declarações e promessas, mas sabíamos que estávamos
começando um relacionamento.
— Você se incomoda se comermos por aqui mesmo? Tenho tudo
pronto, só farei um café.
— Humm… você é prendada, Gabriela, ou devo preparar meu
estômago?
— Espere e verá.
GABRIELA
DIOGO
GABRIELA
DIOGO
GABRIELA
GABRIELA
Sexta-feira à tarde era dia de eu fazer uma ronda pelos pacientes que
ficavam sob minha responsabilidade. O que significava que passaria um
bom tempo aferindo pressão, administrando medicação e garantindo que
meus velhinhos ficassem bem. Tudo o que fazia precisava ser anotado nos
prontuários físicos e eletrônicos, para que nenhuma informação fosse
esquecida de repassar aos técnicos de enfermagem que trabalhariam no
final de semana.
A equipe de enfermeiros e técnicos em enfermagem da Pró Vita se
dividiam em dois tipos de escalas de trabalho. O turno de 12/36h, que
significava trabalhar um dia sim e outro não, e os que tinham uma carga
horária de seis horas diárias, sendo cinco dias na semana e um no final de
semana. E esses eram revezados, uma semana trabalhava no sábado e a
outra no domingo.
Comigo não funcionava assim. Talvez por isso Cora me acusou de
ser a protegida do doutor Nelson. Desde o final do estágio ele permitiu que
eu trabalhasse de segunda a sexta-feira, em nove horas diárias que
compensavam as folgas dos finais de semanas e feriados. Uma regalia que
pouquíssimas tinham ali.
Por sorte, naquele dia todos os funcionários estavam em seus postos
e eu não teria que ficar até tarde para cobrir ninguém. Na verdade, desde a
segunda-feira em que Diogo questionou sobre meus horários, Felícia não
havia pedido que ficasse até tarde. Eu podia apostar que ele desconsiderou o
meu pedido de não falar com a irmã, pois, ao contrário do que imaginara
que acontecia, o humor de Cora comigo piorou e muito. Não sabia onde
isso ia acabar, com ela desistindo da implicância ou eu do trabalho.
Troquei o soro com a medicação de dona Gertrudes, que dormia
serena, e peguei seu prontuário. Meu coração apertou quando vi o histórico
da senhorinha. Ela tinha diabetes e sua glicemia vinha totalmente
desregulada. Ora alta demais, ou baixa ao ponto de fazê-la perder os
sentidos.
— Finalmente te encontrei! — disse uma voz desconhecida, num
tom nada amigável.
Poderia não reconhecer a voz, mas o rosto da mãe de Diogo era
inconfundível. A senhora elegante, em seu vestido de grife que exalava
poder, encarou-me com o cenho franzido, a boca torta pelo semblante
contrariado, os braços cruzados sobre o peito. Como eu não respondi, ela
continuou:
— O gato comeu sua língua? — Ela continuou, em seu tom irritado,
e foi se aproximando da cama da paciente.
— Não. Minha língua está no lugar. Apenas não acho legal arrumar
confusão no quarto de uma paciente.
— Você é muito bonita, Gabriela. Sabe, confesso que quando
descobri sobre seu casinho com meu filho, achei que Diogo só iria se
divertir e logo te daria um pé na bunda, mas me enganei. Subestimei sua
inteligência. Você foi mais esperta do que imaginei. Está fazendo de tudo
para amarrar meu filho.
— Sabia que seu filho é maior de idade, vacinado e dono do próprio
nariz? Diogo não é esse idiota inocente que você e sua filha pensam que é.
Ele sabe cuidar da própria vida.
— Eu achava isso até você entrar no caminho dele. Não sei o que
fez, só que deve estar fazendo muito bem feito, ele não parece o mesmo.
Pensando bem, olhando melhor para você, consigo imaginar o que anda
aprontando para deixar meu filho doido.
— Ah, não! Não vou ficar ouvindo suas acusações e insultos. —
Revirei os olhos e peguei a bandeja de medicação para sair do quarto, mas
parei quando a ouvi voltar a falar.
— Aproveita bem o tempo que passa com o meu filho, porque em
breve ele vai voltar a razão e te enxotar da vida dele. — Seu tom foi frio e
meu coração gelou ante a possibilidade de acontecer o que disse. Um
calafrio percorreu meu corpo, e arrumei a postura para que não percebesse
como suas palavras me abalaram.
— Veremos!
— Vou avisar pela última vez. — Ela ergueu o queixo imponente e
deu um passo na minha direção. — Se afaste do Diogo, você e sua filha. Sei
que já percebeu que a criança é o ponto fraco dele, e não o deixarei criar a
filha de outro homem, muito menos que se case com uma mulher como
você.
— Você é louca… Não pode querer controlar assim a vida do Diogo
— Endireitei a postura, irritando-a ainda mais.
— Só cuido daqueles que amo.
— O que está acontecendo aqui? — Ouvi a voz preocupada de
Diogo vindo atrás de mim e logo sua mão tocou a base da minha coluna.
— Nada, filho. — Francisca riu falsamente e acabei soltando o ar,
frustrada.
— Eu tenho que trabalhar. — Não me dei ao trabalho de responder-
lhe, virei para Diogo e me despedi com um sorriso fraco. Sai da sala
desnorteada. Sem condições psicológicas para atender nenhum paciente,
peguei o corredor para a saída dos fundos com as palavras de Francisca na
mente.
“Aproveita bem o tempo que passa com o meu filho, porque em
breve ele vai voltar a razão e te enxotar da vida dele.”
Perdida em um turbilhão de sentimentos, não vi quando alguém se
aproximou e fui tomada por um abraço apertado. Não precisei levantar a
cabeça para saber que era Diogo me abraçava, seu cheiro e seu toque eram
inconfundíveis.
— Meus Deus, está chorando? Me conta o que houve, Gaby, por
favor.
— Por que não me contou que sua mãe era contra nós dois juntos?
Lágrimas escorreram por minhas bochechas e deixei o pranto vir
sem vergonha. Solucei, arrasada por não ser aceita, com medo de que
aquela mulher terrível pudesse nos afastar.
— Vem comigo! — Diogo entrelaçou os dedos nos meus e me levou
para sua sala, que ficava próxima de onde estávamos. Ao passar por sua
secretária, avisou que não queria ser incomodado por ninguém, nem mesmo
por alguém de sua família, e nos trancou lá dentro.
— Senta.
Pediu e me aconcheguei no sofá macio. Ele foi até o frigobar na
lateral da sala e voltou com uma garrafinha de água. Só quando percebeu
que eu parava de tremer que continuou:
— Me desculpe, a culpa é toda minha. — Deu um beijo em minha
testa e se levantou. — Eu devia ter previsto que minha mãe seria capaz de
fazer uma coisa dessas.
— Para de besteira, Diogo, você não tem culpa de nada. Mas devia
ter me contado. — Fui até ele, que havia se recostado cabisbaixo em sua
mesa e olhava fixo para mim.
— Não quis te incomodar com essa besteira. Simplesmente porque
não importa o que ela ou qualquer outra pessoa pense. A vida é minha…
nossa, Gaby.
— Sua mãe não entende isso, aliás, sua ordem foi bem direta: “Se
afaste do meu filho, você e sua filha."
Omiti a parte em que ela acusou que eu daria o golpe da barriga,
para obrigá-lo a casar comigo e criar a filha de outro homem. Foi
humilhante demais ouvir aquelas palavras e eu não repetiria suas
insanidades.
— Não faça isso, por favor… não dê ouvidos ao que quer que minha
mãe tenha dito — sussurrou, sua testa colada na minha. — Eu morreria se
perdesse vocês duas.
Suas palavras soaram tão verdadeiras e intensas, que a minha reação
imediata foi abraçá-lo e beijá-lo, até que toda a agonia em meu coração
passe.
— Não vou! — confirmei, acariciando seu rosto.
Ainda preocupado, ele afastou os papéis que estavam espalhados na
mesa e me colocou encostada nela. Entrelaçou os braços em minha cintura e
abocanhou os meus lábios num beijo quente e fogoso.
— Preciso sentir você, Gaby… — Ele suspirou, fechando os olhos.
— Tem gente lá fora.
— Eu sei. — Diogo avançou, puxando minha calça e minha
calcinha ao mesmo tempo e me colocou sentada sobre mesa, nua. — É só
não fazermos barulho.
— Ah, doutor, se souberem que...
O meu apelo se perdeu no prazer de ter sua boca em mim. Havia
algo diferente em Diogo, seus toques pareciam desesperados, aflitos, como
se precisasse urgentemente se enterrar dentro de mim.
Desci minha mão direita pelo seu corpo até alcançar o botão da sua
calça. Libertei sua ereção, que saltou rígida para fora da cueca e comecei a
massageá-lo da base até a cabeça. Diogo fechou os olhos em êxtase, gemeu
baixinho, sua mão apertando meu seio sob a blusa de malha.
Uma mão desceu até meu clitóris e senti um aperto mais firme em
meu mamilo que me arrancou um suspiro alto. Antes que os sons do meu
prazer se transformassem em gemidos, ele tomou minha boca de novo e
enterrou um dedo dentro de mim, entrando e saindo.
— Você é tão gostosa! — Buscou a mão que estava entre minhas
dobras e chupou dedo por dedo, a língua passando por eles devagar, sem
tirar os olhos dos meus.
A visão de Diogo nu era sempre deliciosa, pena que nem tive tempo
para admirar, pois o safado estava enlouquecido para transar de uma vez.
Porém, quando estava abrindo minhas pernas para me penetrar, parou como
se se lembrasse de algo e puxou a carteira jogada ao na mesa. Mexeu,
retirando de dentro um preservativo e descartou a embalagem sem
enrolação.
Ao voltar, posicionou o pau sobre a minha abertura e puxei Diogo
para mais perto, precisando tocar, cheirar, senti-lo através de todos os meus
sentidos. Ele gemeu em meu ouvido, movendo os quadris na minha boceta
sem me penetrar, depois me beijou, chupando meus lábios, esfomeado.
— Porra, estou viciado — murmurou, rouco, quando finalmente me
penetrou. — Poderia ficar dentro de você o dia todo.
Ele me devorou, rápido e com força. Meus gemidos o incentivaram
a continuar com a pegada mais bruta, com certeza ficaria marcada por seus
dedos, pelos chupões que distribuía no meu colo sem pena.
— Meu Deus, doutor… assim — gemi contra a sua boca quando seu
dedo estimulou meu clitóris, ao mesmo tempo que me comia na velocidade
alucinante.
— Estou com medo de te machucar — confessou, parando por um
segundo e encostou a testa na minha.
— Continue, sem medo — autorizei, arranhando suas costas. — Me
come do jeito que quiser.
— Assim você complica a minha vida, Gaby. Estou me segurando
para não dar uns tapas na sua bunda e te fazer gritar de prazer.
— Agora não posso gritar, mas vou adorar que repliquemos essa
cena quando estivermos realmente a sós. — Agarrei seus cabelos e lambi
sua boca.
Diogo não respondeu, apenas agarrou meus cabelos em seu punho
fechado e começou a estocar mais rápido, um vai e vem alucinante que
tirou meu fôlego. Um sorriso vitorioso escapou de mim quando o senti
vibrar. Naquela posição, o orgasmo se formou rápido em meu ventre e
acabei gozando, sentindo cada terminação nervosa conforme minhas
paredes internas pressionavam Diogo.
— Vai, linda, goza que vou explodir com você.
Senti sua respiração pesada em meu pescoço e ele beijou meu
ombro, depois a bochecha, a boca, enquanto gemia gostoso. Eu ainda
latejava com as sensações do orgasmo quando o senti ficar mais duro e seus
movimentos foram diminuindo, ao mesmo tempo que me encarava.
— Estou gozando… porra, Gaby, veja como me faz gozar gostoso,
não preciso nem mexer muito, só sentir a porra vir — sussurrou, encarando-
me cheio de tesão.
Suas estocadas foram curtas, pude senti-lo vibrar dentro de mim, e
em nenhum momento seus olhos desgrudaram dos meus. A conexão que
dividimos ali foi intensa e diferente. Mesmo que não houvesse uma
declaração, pude sentir que nos conectávamos além do sexo, uma ligação
que ia até nossas almas.
Capítulo 23
DIOGO
Pelo modo como chorou, era óbvio que Gaby não me contou tudo o
que aconteceu. E aquela certeza se infiltrou em cada célula do meu ser,
queimando e dilacerando meu coração. Minha mãe e Cora precisavam parar
de se intrometerem na minha vida e eu teria que fazer algo urgente para
resolver essa situação de uma vez por todas.
E eu começaria por Cora.
Procurei por minha irmã em sua sala e fui informado por sua
secretária que ela saiu mais cedo. Como a conhecia, imediatamente, soube
que estava na casa dos nossos pais, fofocando com nossa mãe sobre o meu
envolvimento com Gabriela.
Deixei a clínica e fui direto ao encontro das duas. Quando cheguei,
estranhei ao encontrar um Peugeot amarelo parado atrás do carro de Cora.
Só havia uma pessoa que eu conhecia que tinha um automóvel daquele:
Fabiana. O que não consegui compreender era o que a mulher que até a
pouco tempo frequentava a minha cama fazia ali.
Como tinha a minha chave e não queria que me vissem, entrei pela
porta da frente sorrateiramente. O piso de madeira antigo por muito pouco
não denunciou minha chegada, mas os anos de moleque que passei ali
serviram de algo.
Caminhei pelas emendas do assoalho onde o barulho seria inaudível,
pé ante pé, e parei ao ouvir a voz de Cora. Me senti ridículo, um homem
independente de 40 anos prestando a um papel daqueles, contudo, segui
com o que fazia, pois precisava saber o que acontecia.
— Eu percebi que algo estava acontecendo, não nos falamos há dias.
— Meu filho perdeu o juízo. A garota é quinze anos mais nova que
ele e ainda é mãe solo. Está na cara que quer dar o golpe do baú — mamãe
discursou, imperativa como sempre.
— Francisca, não acho que o Diogo seja ingênuo como vocês
imaginam — Fabi ainda tentou argumentar, mas sua opinião foi abafada e
ignorada.
— Fabiana, precisamos de você. Diogo perdeu a noção do ridículo e
não sabemos mais o que fazer. — disse Cora, interferindo na conversa.
— Não posso fazer o que estão me pedindo. Sou amiga do Diogo há
anos, seria incapaz de prejudicá-lo desse jeito.
A forma como a loira elegante encarava as mulheres, o semblante
sério, o apertar firme da bolsa em seu colo, deixou claro que estava aflita,
desesperada para sair dali.
— Obrigado, Fabi. Pelo menos alguém nessa sala tem juízo.
Entrei no cômodo, irritado, e encarei minha mãe, que nem piscava
um olho, nervosa por ser pega em flagrante, mas não desfez a pose
arrogante. Fui até a minha amiga e a cumprimentei com um beijo no rosto.
Pedi desculpas e me afastei.
— Sinto muito. — Sua pele branca atingiu um avermelhado
uniforme com a descarga de adrenalina de presenciar a situação
constrangedora.
— Vem, vou te levar até a porta. — Elas se despediram com um
leve aceno de cabeça, e, ao chegar na porta, continuei: — Desculpe pela
confusão.
— Quero que saiba que jamais viria se soubesse o real motivo da
conversa. Cora me convidou para tratarmos sobre uma doação para a ONG
em que sou voluntária, não imaginei que seria para isso.
— Eu sei, fica tranquila. E vou me certificar para que essa tal
doação seja feita. Prometo.
— Nossa, agradeço. Esse dinheiro ajudará e muito as crianças do
abrigo — Fabi agradeceu e saiu.
Voltei para a sala e encarei as duas mulheres sentadas em um sofá de
couro, imersas em seus próprios pensamentos.
Minha mãe julgava bastante. Era uma mulher sistemática, de
princípios enraizados e com uma mente bem fechada quando queria suas
vontades aceitas. Por isso, hesitei em começar uma discussão, sabia que não
adiantaria muita coisa, no entanto, precisava que ela entendesse que eu
também não desistiria de Gabriela.
— Eu nunca pensei que pudessem chegar a tanto.
— Nem nós imaginávamos que você perderia a cabeça por uma
ninfeta — rebateu Cora, postura ereta e olhar matador.
— Chega, Cora, não admito que ataque a Gabriela desse jeito.
— Vai mesmo criar a filha de outro homem? Dar o que é nosso para
uma bastarda? — Cora continuou a soltar suas insanidades, descontrolada.
— Meu Deus, acho que voltei para o século XIX. Cora, qual é o seu
problema?
— O que está acontecendo aqui? — Um timbre rouco invadiu a sala
e não precisei me virar para saber que meu pai se aproximava.
— Essas duas malucas resolveram pegar no pé por causa do meu
envolvimento com Gabriela.
— Filho, você tem consciência do que está fazendo? Lembre-se que
tem uma criança no meio disso. Ela pode se apegar a você e você a ela. Se
não der certo, o sofrimento será grande.
— Já aconteceu pai. Eu as amo.
— Como pode amar a filha de outro homem? — Foi a vez da minha
mãe falar, indignada.
— O desgraçado nunca quis saber da menina. Se Gabriela aceitar,
um dia, eu serei o pai de Isa e darei todo o amor de pai que a pequena não
teve até hoje.
— Meu Deus — murmurou minha mãe e começou a chorar.
— Mãe e Cora, com todo o respeito, preciso que entendam uma
coisa com bastante clareza. — Respirei fundo, tentando me controlar. —
Mãe, se me ama como diz, precisa parar de questionar minha escolha.
Pensam que conhecem Gabriela, a julgam, mas não sabem de nada. Papai
sabe do que estou falando, ele trabalha com ela há anos, conhece a índole
dela. Eu cansei disso, de ter que ficar me justificando, dando explicações.
Então, prestem bem atenção ao que eu vou dizer. Não vou desistir da
Gabriela. Se não pararem com a perseguição, eu vou voltar para São Paulo
com Gabriela e Isabela, e construirei minha vida lá, longe de vocês. Eu sou
um homem independente, tenho minha carreira consolidada, inclusive, nem
meu apartamento de lá não foi vendido ainda. Não quero submeter a mulher
que eu amo a tudo o que vocês duas são capazes.
— Ama? — Cora bufou, descrente, e minha mãe soluçou mais uma
vez.
— Dou minha palavra que isso vai parar, meu filho. Vocês duas
ouviram? Ou param com isso ou tomarei medidas drásticas. Eu me separo
de você, Francisca, e te demito da clínica, Cora.
— Claro, como sempre o senhor ficará do lado do seu filhinho
preferido, o mesmo que te abandonou e foi usufruir da sua fortuna em São
Paulo. Não da filha que ficou ao seu lado e dedicou toda a sua vida a
trabalhar com o senhor. — Assim que terminou de jorrar suas sandices,
minha irmã me olhou de soslaio, me escaneando por inteiro. Vi em seu
rosto um ressentimento que nunca percebi.
— Você está doida, Cora. Eu não abandonei ninguém, fui em busca
dos meus sonhos, coisa que você nunca teve coragem de fazer. E mais,
dependi do dinheiro do nosso pai apenas durante a faculdade. — O silêncio
imperou enquanto eu falava, permitindo que o eco da minha voz ressoasse
alto pela sala e percebesse o quanto estava alterado. Respirei fundo,
decidido a encerrar a discussão, que foi longe demais para o meu gosto. —
Quer saber, pra mim chega!
— Filho, não saia assim, nervoso. — Minha mãe segurou meu
braço, os olhos vermelhos pelas lágrimas derramadas.
Apesar da preocupação genuína, a voz suave, protetora, não
conseguia no momento esquecer as loucuras que fizera. Nada justificava
seu controle exacerbado.
— Me deixe! Lembre-se do que eu falei, mãe, se me quiser vivendo
aqui, pare de se intrometer na minha vida e controle a Cora para que ela
pare também — esbravejei, no limite da sanidade.
Só havia uma pessoa que poderia me acalmar. Uma não, duas.
Gabriela e Isabela eram sempre um bálsamo para a minha vida maluca.
Peguei o celular e enviei uma mensagem. A resposta veio em segundos,
junto com um convite para passar em seu apartamento quando chegasse.
Foi Gaby quem abriu a porta. A primeira coisa que me atingiu foi o
seu delicioso perfume. Nossa! Minha cama ficou com o cheiro dela na
última vez que transamos apaixonados por dias. Com um short curto, uma
blusinha de botões cor de rosa e os cabelos presos em um coque no alto da
cabeça, ela era uma visão e tanto. Mas o que mais se destacava, porém, era
o sorriso afetuoso.
Ela me lançou um olhar avaliador e ficamos nos encarando a dois
passos de distância por uns dez segundos, até que se aproximou e disse:
— Aconteceu algo… você está triste? — Aquela era uma pergunta
retórica, claro. Às vezes, Gabriela parecia me conhecer melhor que eu
mesmo.
— Sim, mas não quero falar sobre isso agora. Quer me ajudar? —
Ela concordou e eu continuei: — Me dá um beijo.
— Isa pode nos ver. — Ela olhou para dentro do apartamento para
confirmar se a filha não nos via.
— Não vai. — A puxei para um canto longe da porta e selei nossos
lábios com um beijo quente, porém, rápido.
— Entra, preciso terminar o jantar.
Assim que passei pela porta, fui atacado pela Mulher Maravilha.
Olhei para baixo e sorri com a cena. Isabela usava uma fantasia da heroína,
a tiara pendia torta em sua cabeça, e agarrava em minhas pernas com seus
bracinhos frágeis como se fosse me derrubar de verdade.
— Ela é toda sua — Gaby disse e saiu rindo na direção da cozinha.
— Meu Deus, que menina forte!
Ela soltou uma risadinha baixa e permaneceu agarrada em mim até
que resolvi entrar na brincadeira e caí no chão. Não demorou para eu ser
atacado por beijos, abraços, e por bracinhos que envolveram meu pescoço
em um abraço carinhoso.
— Eu sou muito fortona.
— Muito, conseguiu me derrubar.
Isa ficou de pé e pude observar melhor sua roupa. Vestia uma saia
de tule azul sobre o collant vermelho, mais os braceletes, botas de um
vermelho brilhante nos pés e um laço tipo cowboy pendurado na cintura.
Muito fofinha.
— Muito bem, pessoal. O jantar estar pronto. — Gabriela voltou,
batendo palmas e esticou a mão para me ajudar a levantar do chão.
— Não era pra essa menina estar brincando de boneca? Não tenho
mais idade para isso.
— Bom, não que meninas devam só brincar de bonecas e princesas,
mas concordo com você, seria mais tranquilo se Isa escolhesse dançar, por
exemplo. O problema é que ela tem um tio safado como Júnior, que detesta
ser cobaia nas brincadeiras de meninas, e, sempre que vem para Mococa
inventa algo novo.
— O Júnior está aqui?
— Sim, tá no banho.
— Calma aí, maninha, tô aqui — Júnior riu e entrou na sala.
Tínhamos a mesma idade e continuávamos com o mesmo porte físico. A
diferença estava na forma de se vestir. Eu, um pouco mais tradicional, com
camisa social e calça estilo alfaiataria, e Júnior de jeans escuro e camiseta
preta.
— Dr Diogo Ferreira Libardi está vivo e retornou para Mococa. —
O sorriso foi crescendo em seu rosto e no meu também.
Júnior me surpreendeu com um abraço. Eu não esperava uma
recepção calorosa como aquela e precisei de alguns segundos para
corresponder ao seu aperto. Quando fui embora e perdi contato com ele,
imaginei que nunca mais restabeleceríamos a nossa amizade, e pelo visto
estava errado.
— Cara, quanto tempo! Bom te ver. — Nós nos abraçamos daquele
jeito que os homens costumavam se cumprimentar, com tapas fortes nas
costas.
— Digo o mesmo. Tô feliz demais de ter voltado. — Meus olhos
desviaram rapidamente para a Gabriela, que ajudava Isa a tirar os braceletes
da fantasia.
— Já entendi tudo. Depois quero saber que negócio é esse que tá
rolando com a minha irmã. Não vou bancar o ciumento, mas preciso ter
certeza que não a fará sofrer.
— Você tem minha palavra que não farei isso. Os cabelos brancos
vieram precocemente e trouxeram muito juízo pra minha vida.
— O que ficou fazendo em São Paulo que nunca voltou?
— Enfiei de cabeça nos estudos e no trabalho. Sabe como eu sou,
não é? Essa mania de exigir a perfeição de mim mesmo meio que me
transformou em um robô. E você, Gaby me contou que formou em
engenharia, mudança radical de planos, hein?
— Nossa, tenho muito para contar. Tanta coisa aconteceu.
— Ah, terão que deixar essa conversa para depois. Vamos jantar que
a comida está esfriando.
Capítulo 24
GABRIELA
DIOGO
GABRIELA
Agora não tinha mais volta. Ele vivia sedento por minha bunda, e eu
sempre esquivava quando vinha com sua lábia de safado para comer meu
cu. Poxa, Diogo tinha um pau acima da média e o buraco da minha
retaguarda parecia bem pequeno para ele. O que havia me salvado até ali,
era que o sexo entre nós era tão delicioso que aquilo acabou não fazendo
falta para ele, que preferia ser paciente e esperar pelo meu tempo.
A sorte de Diogo era que ele despertou em mim um lado que eu não
conhecia e nem sabia que tinha. O da mulher confiante, fogosa, desejosa
para experimentar tudo com seu homem.
Tínhamos deixado Isabela brincar na casa de Dorinha, que a
propósito estava eufórica por dormir com a amiga. Depois da nossa troca de
mensagens, o safado armou um esquema com Lucas para que nós dois
ficássemos inteiramente a sós, e não seria eu quem iria reclamar.
Entramos no apartamento de Diogo aos tropeços, nossos corpos e
bocas unidos em um beijo quente.
Seus olhos estavam tão nublados de tesão, que achei que me
devoraria ali mesmo, na sala, contudo, Diogo me pegou no colo e levou
para seu quarto. O surpreendido depois disso foi ele, pois não fiquei
esperando que guiasse a transa. Quando me colocou no chão, retirei as
roupas cheia de pressa e segui na direção da grande cama que ficava no
centro do cômodo.
Eu podia parecer confiante, mas tremia de ansiedade.
Subi na cama e arrastei pelo acolchoado macio com a bunda virada
na sua direção. Deitei de bruços, os cotovelos e os joelhos apoiados no
colchão, e assim que me senti preparada, virei a cabeça na direção que o
deixei.
— Vem pegar o seu presente — declarei, suspirando com um sorriso
safado. — Mas lembre-se. Esse buraquinho é virgem. Seja carinhoso.
— Tem certeza que quer fazer isso? Não quero que faça nada só
para me agradar — disse, pegando-me de surpresa ao inverter nossas
posições, colocando-me montada sobre seu corpo.
— Tenho. Confio em você e sei que vai fazer valer a pena a dor que
vou sentir.
— Promete pra mim, que se não aguentar, pede para eu parar? —
pediu, esticando as mãos para apertar seus seios.
— Sim — murmurei, rebolando em seu pau, que já estava livre da
roupa e roçava deliciosamente sob meu clitóris.
Perdido na névoa de prazer, Diogo massageou meus mamilos,
chupou-os enlouquecido de tesão, e meu gemido saiu entrecortado quando o
senti sugar para dentro de seus lábios e mamar com vontade.
As sensações intensificaram, e, sem conseguir resistir, ele sentou
rápido na cama e me agarrou pela cintura, puxando meus quadris para
inverter nossas posições de novo.
— Vou pegar o gel. — Ele pulou da cama com pressa e correu até o
banheiro.
Não demorou a voltar com o frasco na mão, sorridente, e esperei
que se ajeitasse mais uma vez atrás de mim. Pela primeira vez desde que
comecei a provocá-lo, a ansiedade me dominou e todos os meus sentidos
ficaram em alerta.
O que veio a seguir me deixou como se estivesse em câmera lenta.
Ouvi o clique da embalagem sendo aberto e soube, inclusive, o exato
momento em que o gel saiu do frasco e foi parar nos seus dedos, pois o
barulho do produto melequento era inconfundível. Em seguida, seus dedos
tocaram o ponto de desejo e foi impossível não retesar, contraindo
involuntariamente a musculatura anal.
— Amor, você precisa relaxar. Faça força ao invés de contrair. Será
menos doloroso e bem mais fácil entrar em você assim — avisou, fazendo
movimentos circulares na entrada apertada e empurrando o dedo aos
poucos.
— Pode ir… confio em você... — murmurei, e gemi baixinho
quando introduziu o segundo dedo, girando-os devagar.
Foi estranha a sensação de ser penetrada ali, senti uma leve
ardência, mas nada insuportável. Estremeci e me sacudi, empinando a
bunda para incentivá-lo e permanecemos nesse ritmo, até que Diogo me
sentiu pronta para receber seu membro duro.
— Quero que seja prazeroso para nós dois, meu amor, por isso não
esqueça o que falei, faça força para fora e não se contraia — instruiu, firme,
e depositou um beijo em minhas costas.
Eu me preparei, tensa, trêmula. A ponta do seu membro entrou,
deslizando com a ajuda do gel, mas nada tinha me preparado para sentir seu
membro grosso me penetrar, por mais lubrificada que eu estivesse. Doeu
como o inferno e quase desisti. Quase. Porque Diogo sendo experiente,
percebeu que doía e desceu uma mão pela minha boceta, estimulando o
clitóris com movimentos circulares deliciosos, fazendo-me esquecer de
qualquer coisa que não fosse o prazer absoluto que sentia.
— Porra, que delícia de cu apertado! Vou ficar viciado nisso.
Deixei que comandasse o vai e vem de seus quadris, de forma que
seu pau me preencheu até que eu o senti se enterrar todo dentro de mim. Tê-
lo acariciando meu clitóris enquanto seu pau se apoderava do meu cuzinho
foi essencial. Diogo conseguiu entrar com mais facilidade e esqueci a dor,
sendo envolvida por um tesão tão intenso, que fui dominada por um prazer
sem igual. Rebolei, entregue, e Diogo agarrou minha cintura, segurando-me
firme, enquanto gemia e estocava lento, contudo, sem parar.
— Sua boceta tá piscando na minha mão, doidinha pra gozar. Deixa
vir e goze comigo, amor. Não vou conseguir segurar por muito tempo.
Ali relaxei e deixei o gozo vir. Diogo abaixou, instigando-me,
lambendo e sugando minha pele, e experimentei um orgasmo surreal.
Imersa em uma nuvem de tesão, arquejei, sentindo todas as terminações
nervosas da minha boceta latejando, enquanto ele aumentava a velocidade
em busca do próprio prazer. Diogo estocou mais três vezes forte e rápido,
fazendo um barulho gostoso, e seu orgasmo veio violento.
Fiquei lá, esparramada na cama, sem forças para nada. Ele saiu
devagar de dentro de mim e me virou com delicadeza. Depois, deitou-se ao
meu lado, beijando meu rosto e brincando com meus mamilos.
— Você me surpreende, está cada dia mais safada. — murmurou em
meu ouvido. — Que orgasmo foda foi esse, amor.
— Você que está me transformando nessa safada.
Ele sorriu e puxou meu rosto em sua direção, dando um beijo em
meus lábios. O clima esquentou novamente, o beijo ficou mais intenso e,
num roçar de corpos, senti seu membro ereto me cutucando.
— Não é possível! — disse, afastando o meu corpo para olhar o pau
duro dele.
— Efeito Gabriela. Tenho um tesão imenso por você, meu amor.
Achei que entendia alguma coisa sobre os limites fisiológicos dos
homens, mas Diogo me mostrava que eu não sabia de nada. Em poucos
minutos depois de um orgasmo intenso, o homem estava duro e pronto para
transar de novo.
Capítulo 27
DIOGO
GABRIELA
Os últimos dias tinham sido surreais. Não havia outra palavra para
definir o tanto de coisa que vivi em tão pouco tempo. Estávamos na véspera
de Natal e, embora Alexandre insistisse, há muito tempo essa data
comemorativa não era uma das que eu fizesse questão de festejar. Depois
que minha mãe faleceu e meu pai me pôs para fora de casa, ela se tornou
uma época triste em que a vida me jogava na cara o quanto estava sozinha.
Tudo bem, era exagero dizer isso. Eu tinha minha filha, meu primo e
amigos que não me abandonavam, mas para quem já teve tanto, era difícil
se acostumar com pouco.
Nem com a decoração da casa eu me animava, deixava por conta de
Alexandre que enfeitava tudo com muito carinho e, claro, exagero. Eu fazia
apenas o necessário para deixar minha filha feliz. Montávamos a árvore de
Natal juntas, Isa escrevia uma cartinha para o papai Noel e a deixava
escondida entre as bolas e luzes pisca-pisca, e eu, durante a madrugada,
colocava o presente debaixo da árvore para ela achar na manhã seguinte.
Só que esse ano seria diferente. Com Diogo ao nosso lado a vida
ganhou cor e intensidade. Eu decorei o apartamento praticamente sozinha.
Alê e meu namorado ajudaram com os arranjos que ficavam no alto, e
precisei também procurar um serviço de buffet para não ficar maluca com a
preparação das guloseimas da festa.
Sim, daríamos uma festa. Era véspera de Natal e convidamos nossos
amigos e seus familiares para a ceia. Transformaríamos à noite em uma
festa linda para celebrar a chegada do menino Jesus.
— Mãezinha, posso colocar esse vestido? — Isabela trazia nas mãos
o vestido branco de bolinhas vermelhas que ganhou de Ana há alguns dias e
me encarou cheia de expectativa.
— Não meu amor. O tio Di está trazendo o que encomendamos na
costureira. Lembra?
— Sim… o vermelho lindão — respondeu, abandonando a roupa
sobre a cama e veio até mim: — Mãe, posso perguntar uma coisa?
— Nossa, quando você pede para perguntar, meu coração até gela
— brinquei, pegando-a no colo. — Vai, amorzinho, conta o que é.
— Quando você vai casar com o tio Diogo pra eu poder chamar ele
de pai?
Não disse? Essa menina sabia como me deixar uma pessoa sem
fala.
— Filha, essa pergunta é um pouco complicada. Eu sei que quer
muito ter um pai, mas precisamos ir com calma.
— Não quero ir com calma. Todos os meus amigos tem papais e eu
não.
Isabela retrucou inconformada e não me deu direito de resposta.
Saiu pisando duro para fora do meu quarto e ouvi quando bateu à porta do
seu.
— O que aconteceu? — Diogo perguntou, entrando de surpresa e
me assustando.
— Manha. Daqui a pouco passa — respondi, sem encará-lo e voltei
a procurar pelas sandálias que queria usar na festa.
— Amor, demorei um pouquinho porque passei na casa dos meus
pais, trouxe sua roupa e a de Isa. Vou levar o vestido da manhosa, daqui a
pouco o pessoal começa a chegar. — Diogo beijou o topo da minha cabeça
e saiu.
Eu não queria mentir, mas aquele era um assunto delicado que eu
não sabia como resolver. Apesar de desejar fortemente que Diogo fosse o
pai da minha filha, ele não era e não podia forçá-lo a assumir a paternidade.
Quem sabe um dia.
— Isabela, abre, lindinha. Eu trouxe o seu vestido.
Ouvi Diogo chamar por Isabela e como ela não abriu, voltou até
meu quarto para pegar a cópia da chave que eu guardava para situações de
emergência como essa. Entreguei e o segui, observando como parecia tenso.
Ele abriu a porta e me assustei ao ver uma das bonecas de Isabela
passar voando sobre nossas cabeças. Eu nunca tinha visto minha filha ser
tão mal educada. Ela sempre foi carinhosa, respeitosa, e seu ato de rebeldia
me deixou sem fala. Foi Diogo quem reagiu.
— Que falta de educação é essa, Isabela? Não estou te
reconhecendo — repreendeu-a, tenso, tão confuso quanto eu.
— Nada
— Não pode agir assim. Entendeu? Precisa respeitar sua mãe e eu.
Quando eu tinha a sua idade, se falasse assim com meu pai, ficava de
castigo por um mês inteirinho.
Meu pai…
Droga, sem saber Diogo acabara tocando no cerne do problema ao
dizer a palavra que Isa tanto sonhava por falar.
— É, mas eu não tenho pai pra fazer isso comigo — resmungou,
amarga.
Diogo parou por um minuto, acho que identificando a raiz do
problema, e, quando pensei em intervir, ele fez sinal com a mão para que eu
parasse.
— Posso? — perguntou baixinho para mim.
Concordei, dando de ombros e ele se virou para minha filha com
uma expressão carinhosa na face. Já Isabela, parecia alheia ao que acontecia
ao seu redor e não viu quando Diogo se sentou ao seu lado na cama.
— Quer conversar, lindinha? Eu sei que tem alguma coisa lhe
incomodando. Sabe que pode confiar em mim para contar, não sabe?
Isa levantou a cabeça e meu coração partiu ao ver seu rosto banhado
de lágrimas. Sem que Diogo esperasse, Isabela o abraçou forte, e ficou lá,
até que tomou coragem para, enfim, desabafar.
— Eu queria que você fosse meu pai
Mesmo imaginando o que acontecia, meu namorado não esperava
pela resposta da pequena e ficou por uns dez segundos a encarando em
silêncio. Quando se recuperou da surpresa, eu o amei milhões de vezes mais
pelo que disse e fez.
— Bom, a senhorita estragou os planos que eu tinha para essa noite
— brincou, pegando minha filha no colo. — Sabe, Isa, eu nunca pensei em
ser pai, e logo que te vi pela primeira vez, toda esperta e falante na minha
porta, passei a desejar que se tivesse uma filha um dia, que ela fosse igual a
você. Porém, com o tempo, eu e sua mãe fomos nos aproximando,
acabamos nos apaixonando e o meu amor por você se tornou tão grande,
lindinha, que eu passei a desejar que fosse minha filha de verdade. Então,
meu amor, você querendo ou não, eu já me considero seu pai há muito
tempo, só estava esperando o momento certo para te contar isso. — Ele
beijou o rostinho de Isa e depois de abraçá-la carinhosamente, colocou-a de
pé ao meu lado e se ajoelhou. — Eu tinha preparado essa surpresa para hoje
à noite, mas, como não saiu como planejado, vai na improvisação mesmo.
— Diogo abriu uma caixinha pequena, tirou de lá uma aliança de prata
cravejada de minúsculos diamantes e, no centro, ao invés de existir a
tradicional pedra dos anéis de noivado, existia o símbolo do infinito. — Isa,
você me aceita como seu pai?
— Sim, sim, sim, mil vezes sim.
Ela pulou no colo dele toda feliz, e foi preciso que Diogo apoiasse
as duas mãos no chão para não cair.
— Eu amo muito você, Isabela, nunca se esqueça disso — falou
emocionado.
— Eu também amo muitão… pai.
Diogo a abraçou novamente e chorou de verdade, como nunca vi.
Eu também não estava muito diferente, o rosto molhado, mas o coração
explodindo de felicidade.
— Bom, eu ainda não terminei. — Diogo beijou o rosto da minha
filha mais uma vez e voltou a atenção toda para mim. Sorrindo daquele jeito
que sempre me deixava de pernas bambas, ele retirou do bolso outra
caixinha aveludada, essa maior e mais imponente e a estendeu para mim. —
Casa comigo, meu amor? Eu te amo demais, Gaby, e é apenas ao seu lado
que me vejo construindo uma família, cheia de filhos, cachorro, periquito e
até um gato se quiser.
Caramba, a surpreendida ali fui eu.
Pressionei meus dedos sobre os olhos, limpando as lágrimas que
desciam sem me importar em borrar a maquiagem que estava pronta para a
ceia de logo mais. Caí de joelho aos seus pés, chocada com a declaração
que fizera a mim e à Isabela, pelo pedido de casamento mais lindo do
mundo, e, claro, pelo anel de diamantes com uma pedra enorme, bem no
centro. Nem nos meus sonhos mais loucos eu poderia esperar um pedido de
casamento desses.
— Sim! — declarei, chorando, e o vi retirar o anel da caixinha para
colocar em meu dedo. — Eu amo você, doutor.
Um grito alto irrompeu ao nosso lado e ao olhar para ver quem era,
encontrei meu primo batendo palmas emocionado, junto de Isa. Olhei para a
peça brilhante em meu dedo, sem conseguir parar de tremer, e Diogo me
pegou no colo, girando comigo em seus braços enquanto me beijava.
— Obrigada pelo que fez pela minha filha.
— Nossa filha! — Diogo enlaçou minha cintura, os olhos brilhando
pelas lágrimas que desejavam cair. — Eu amo muito a Isa, Gaby, e não
consigo imaginar uma vida sem vocês duas.
Depois de nos beijarmos bastante e de aproveitarmos nosso
momento, precisamos sair de nossa bolha para receber nossos convidados
queridos para a Ceia de Natal. Confesso que estava doida para espalhar a
boa nova aos nossos amigos e foi o que fiz assim que todos chegaram.
Rimos, bebemos, conversamos muito e brindamos à saúde de todos,
mas, principalmente, à felicidade do novo casal. Ali, sentindo-me preparada
para começar a viver o nosso “felizes para sempre”, vislumbrei o futuro
lindo que havia ganhado de presente de Natal.
E de uma coisa eu tinha certeza: eu ia fazer de tudo para que nosso
amor durasse pela eternidade.
Epílogo
DIOGO
Ah, esta história se tornou muito mais do que especial para mim. Eu
sempre sonhei com a possibilidade de escrever uma história que se passasse
na minha cidade natal, Mococa. Foi incrível visitar cenários que fizeram
parte da Infância, lugares que há muito tempo eu passava por eles e nem
dava tanta importância. A praça, a igreja matriz, os casarões antigos do
tempo áureo do café. Nossa, tenho paixão por aqueles casarões e morro de
vontade de visitá-los, ver como tudo é por dentro. É lindo demais.
Bom, primeiro quero agradecer a você, leitor, que deu uma chance
ao meu livro. Muito obrigada pelo apoio e carinho! Espero que tenha
curtido a leitura, e, se puder, avalie o livro para mim, isso é importantíssimo
para nós escritores.
Deixo minha gratidão também a todos que torcem por mim. As
maravilhosas autoras do grupo @autoralendoautoraoficial_, que estão
sempre por perto para estender a mão.
Às queridas Bruna, que me acompanha como leitora e beta desde o
meu comecinho como autora, (Olha, ela merece um prêmio pela paciência
que tem com meus sumiços e atrasos!), e autora Ruth Arnaldo, que betou
esse livro com um cuidado incrível. Ela deu dicas, apontou furos, foi
maravilhosa e fez tudo como se o livro fosse dela. Minha gratidão eterna a
vocês. Deus lhes pague pelo apoio e amizade.
Por último, mas tão importante quanto, meu agradecimento às
minhas amigas e autoras do @projeto_oasideia, Silvia Kaercher e Priscila
Castelano, que me convidaram a participar desse lindo projeto. Está sendo
incrível vivenciar isso com vocês e que este seja apenas o começo de um
caminho abençoado, vitorioso e recheado de histórias que aquecerão os
corações dos nossos leitores.
É isso…
Para ficar por dentro dos próximos lançamentos, siga:
@autoratatyaguiar
@projeto_oasideia
UM NAMORO DE MENTIRA
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