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Thalyta Coller

Irresistível | Irmãos Bowman – Livro I


1º edição
Copyright © 2021 Thalyta Coller.
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É proibida a reprodução gratuita ou comercial desta obra sem autorização
da autora. É proibida a reprodução total e/ou parcial desta obra, de qualquer
forma ou por qualquer meio, mesmo de forma gratuita, sem os devidos
créditos. Irresistível é uma obra de ficção, qualquer semelhança com pessoas
ou fatos reais é mera coincidência.
Plágio é CRIME.

Capa: Alice Prince


Revisão e Diagramação: Thalyta Coller
PRÓLOGO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
EPÍLOGO
BENJAMIN BOWMAN é o presidente e dono de uma das maiores
construtoras do país. Frio, calculista e implacável, só há uma pessoa no
mundo capaz de domar esse CEO, sua garotinha de apenas quatro anos,
Rosie. Ou assim ele pensava, até conhecer Melissa.
MELISSA DELACROIX é uma arquiteta brilhante, se formou como a
número 1 em uma das melhores universidades do mundo, ela só precisava de
uma oportunidade para provar isso, mas ela conseguirá lidar com um homem
tão arrogante como Benjamin?
Eles poderiam nunca se encontrar, mas o destino tratou de juntar esses
dois, e o que seria apenas um projeto poderá se transformar em algo
irresistível!

— Você está fazendo de propósito, não é? — disse, sentindo minha voz


mais rouca
— Não tenho ideia do que está falando — respondeu sorrindo e então
virou de costas, me presenteando com uma visão tentadora de suas nádegas
— Se não tiver mais nada a dizer, irei voltar para minha sala.
E antes que pudesse pensar no que estava fazendo, a puxei em meus
braços, colando meu nariz em seu pescoço e absorvendo seu cheiro, a senti
tremer em meu abraço e sussurrei em seu ouvido:
— Você está me deixando completamente louco.
Prólogo

Enquanto a espero, paro para pensar no quanto é engraçado como as coisas


podem acontecer rápido e mudar sua vida de forma irremediável. Como a
presença de alguém que nem se conhecia pode fazer uma diferença e
transformar tudo aquilo que se achava certo. Não sei exatamente o momento
que aconteceu, o que me fez perceber que precisava dela em minha vida de
forma permanente, que me fez desistir da promessa que fiz a mim mesmo de
nunca mais me apaixonar. Só sei que a amo, como nunca amei nenhuma
outra mulher e nem nunca irei amar, ela é única. Amo o quanto se entrega a
mim quando estamos fazendo amor, o quanto me deixa amá-la e reverenciá-la
com meu corpo. Amo dormir enroscado em seus braços, amo acordar ao seu
lado com sua cabeça em meu peito porque ela se mexeu a noite e mudamos
de posição, amo seu sorriso, seu jeito maroto de me desafiar, amo vê-la me
admirando quando pensa que não estou olhando, sua determinação, foco e
ousadia ao fazer um projeto. Amo vê-la colocar nossa filha na cama após a
segunda ou terceira história de dormir, como cuida dela e vira uma leoa para
defendê-la, como zela por nossa família.
Se eu fosse listar todos os motivos pelo qual a amo ficaria aqui para
sempre. Quando paro para pensar em como as coisas aconteceram, tenho
certeza de que tudo pelo que passei valeu a pena e vendo-a entrar com passos
confiantes de braços dados com o pai tendo nossa menina a sua frente, mal
consigo processar o quanto sou sortudo. Ela está absolutamente deslumbrante
com um vestido que abraça suas curvas, sorrindo enquanto caminha até mim,
seus cabelos, que eu tanto amo, soltos com pequenas ondas. Desvio um
pouco meu olhar para a garotinha caminhando devagar a sua frente, seu
sorriso é o mais lindo que se possa imaginar, não escondendo a felicidade que
está sentindo, ela está vestindo uma réplica quase perfeita do vestido de sua
mamãe. Sim, mamãe! Lembro como se fosse hoje a primeira vez que minha
filha a chamou assim, estávamos tão assustados e preocupados com ela, mas
assim que abriu os olhos a procurou pelo ambiente e soltou as palavrinhas
que fizeram minha futura esposa derramar mais uma enxurrada de lágrimas.
Minha princesa a recebeu como a mãe que sempre quis e não tenho dúvidas
de que o sentimento é recíproco. Me admiro toda vez que vejo as duas juntas,
a cumplicidade, a conexão e o amor puro e sincero de mãe e filha é algo
maravilhoso, como se uma pertencesse a outra desde sempre.
Lembro da primeira vez que a vi, naquela reunião, consegui manter a pose
de durão, mas minha nossa, quase babei a visão dela, seus cabelos caindo
pelas suas costas e aqueles olhos prateados quase me hipnotizaram, me senti
enrijecer com aquela visão e mais ainda durante a nossa conversa, o quanto
era espontânea e não deixava intimidar, pelo contrário me desafiava, mal
sabia eu que aquilo era só o início de tudo. Desvio um pouco o olhar dela e
pouso em meu irmão parado ao meu lado no altar, ele até tenta olhar para
frente, mas noto que seus olhos vagueiam a todo momento para o outro lado,
onde estão as madrinhas de minha mulher, sorrio, ele não faz ideia do que o
espera. Devo agradecê-lo, além dos nossos outros amigos e minha filha, por
estar aqui hoje, meu irmão, desde o início viu aquilo que demorei a entender,
me incentivou, me aconselhou e brigou comigo quando precisou, é claro que
não direi isso a ele, seu ego já é grande o suficiente.
Volto meu olhar para ela, meu amor, mal posso esperar para chamá-la de
minha esposa, para torná-la minha de todas as formas possíveis. Permito-me
mais algumas recordações. Aquele primeiro almoço, nosso encontro na boate,
aqueles amassos no carro, nossos encontros românticos, nossa primeira vez,
nossas brigas e reconciliações, a viagem, os momentos com nossa garotinha,
o dia que a pedi em casamento e ela aceitou, quando mostrei nossa nova casa,
e o dia que seu nome foi escrito nos documentos de nossa menina, o abraço e
as declarações das duas ficarão marcados como um dos dias mais felizes da
minha vida.
Agora, mal posso esperar para saber o que o futuro nos aguarda,
começando pela lua de mel, planejada minuciosamente por mim, duas
semanas apenas para nós dois, em um dos destinos mais maravilhosos do
mundo, e então nossa filha se juntará a nós para umas férias em família.
Além disso, estou ansioso para ter mais filhos com essa mulher, se antes a
ideia me parecia distante e pouco provável, agora o que mais quero é encher
nossa nova casa de crianças sorridentes, se depender de mim e da insistência
de nossa filha, meu amor volta grávida da lua de mel, mas uma coisa de cada
vez como ela mesma disse, primeiro precisamos nos casar, e é com esse
pensamento que a vejo chegando até mim. Seu pai me abraça, e diz para
cuidar de seu bem mais precioso, beija então a testa da filha e a entrega a
mim.
— Sr. Bowman — fala sorrindo quando pego sua mão.
— Srta. Delacroix — respondo brincando.
— É a última vez que me chamará assim.
— Mal posso esperar — digo e não resisto, beijo sua testa e suspiro, tudo
está certo agora.
Capítulo 01
Benjamin Bowman

— Não é possível que nessa cidade não tenha nenhum arquiteto que preste
— eu disse levantando bruscamente e derrubando minha cadeira, fazendo
com que quase todos os presentes se assustassem.
— Sr. Bowman, eu...
— Nem termine essa frase — vociferei interrompendo o pseudo arquiteto
que minha equipe tinha contratado — Se não conseguiria fazer o projeto era
só dizer, e não me fazer perder tempo! Anna, acompanhe o Sr. Torres até a
saída — disse para minha assistente que imediatamente fez o que mandei.
— Esse é o terceiro arquiteto que vocês me mandam, será que ninguém
aqui é capaz de encontrar um que realmente faça o que pedi? — gritei de
novo, dessa vez para minha equipe.
— Desculpe Sr. Bowman, iremos encontrar um novo arquiteto
imediatamente — Olhei raivoso para Thomas, o chefe da equipe responsável
pelo projeto — Mas as exigências...
— Dois meses! Vocês tiveram dois meses para encontrar o arquiteto, e
vem com desculpas? — vociferei — Se retirem, todos vocês! — E
imediatamente eles se retiraram, ficando apenas meu irmão e Samantha,
diretora do setor de publicidade da empresa.
— A delicadeza em pessoa — Anthony disse e olhei feio para ele — Fala
sério, seus funcionários quase borram as calças na sua presença, não sei como
eles duram mais de uma semana aqui.
— Não essa funcionária aqui — Samantha respondeu sorrindo.
— Você não conta Sam, está mais que vacinada — Meu irmão disse e eles
riram. Olhei feio para os dois, não estávamos brincando, eu tinha apenas
quatro semanas para apresentar o projeto final, senão iriamos perdê-lo e
minha equipe de mentes brilhantes, como eles gostavam de se chamar, não
tinha feito absolutamente nada.
— Detesto te dar mais más notícias, mas sem o projeto não posso avançar
na campanha de publicidade.
— Você tem que estar brincando comigo, que droga Samantha! — Era só
o que faltava.
— Desculpa, senhor todo poderoso, mas eu preciso de alguma coisa para
trabalhar, sem projeto, sem campanha, é assim que as coisas funcionam —
disse, sem se abalar com meu surto — Mas eu posso te ajudar, tenho uma
amiga que é arquiteta, ela se formou tem quase um ano, mas já fez projetos
incríveis.
— Uma novata? Samantha, minha querida, três dos melhores arquitetos
dessa cidade não conseguiram e você acha que essa garota vai conseguir?
— Bom, você não tem nada a perder, não é mesmo? — retrucou,
levantando a sobrancelha.
— Okay, mas precisa ser amanhã, peça para Anna marcar na minha agenda
— concordei suspirando cansado, esse projeto estava acabando comigo.
— Como desejar, sua alteza — respondeu imitando uma reverência, rindo
e saindo da sala.
— Como Robert aguenta essa criatura está além de mim — disse para meu
irmão.
— Ah! A Sam não é tão ruim — respondeu — Mas que tal umas bebidas
para relaxar?
— Não posso, tenho uma festa do chá para ir — disse sorrindo e meu
irmão caiu na gargalhada.
— E a Rosie conseguiu de novo, reduziu o poderoso Benjamin Bowman, a
um simples mortal que veste plumas e uma tiara de princesa.
— Não há nada que eu não faça por ela Tony, mas você já sabe disso.
— Claro, essa menina tem todos de joelhos. Mas eu ainda preciso
trabalhar, e não é porque é meu irmão que não vou cobrar essas horas
perdidas, afinal deixei de aproveitar minha manhã com uma morena
estonteante — comentou malicioso.
— Você não cresce nunca? — perguntei e ele piscou saindo da sala de
reuniões. Respirei fundo, esse dia estava sendo um completo desastre.
Sentei-me na minha mesa e olhei a fotografia no porta-retrato. Minha
pequena, no seu aniversário de quatro anos, minha vida seria tão diferente
sem ela, ela me enche de alegria, a única capaz de me fazer colocar uma
coroa, assistir todos os filmes de princesas já produzidos pela Disney e ir em
apresentações de balé. Às vezes me pergunto como ela se sente não tendo
uma mãe por perto, mesmo com a presença de minha mãe e irmã, mas então
me lembro do ser desprezível que deu à luz meu bem mais precioso e fico
aliviado por ela não ter conhecido a “mãe”. Pensar em Genevive nubla minha
mente e me faz voltar no tempo, para aquele dia há quatro anos...
Eu lutava para acreditar no que via nos papéis, fotos e documentos a
minha frente, as lágrimas já ameaçavam cair. Não era possível que isso
estava acontecendo. Como ela pôde? Estávamos felizes, nossa filha estava
para nascer, a maior prova de nosso amor.
— Eu sinto muito irmão — Tony disse me olhando pesaroso.
— Eu... Como... Não é possível, por que ela faria isso Tony?
— Ganância, ambição, não sei irmão, o que leva alguém que tem tudo
jogar isso fora? Por alguns milhões, talvez.
— Eu preciso falar com ela, olhar nos olhos dela e perguntar se foi tudo
mentira, se o que vivemos não foi nada — disse me levantando decidido a ir
atrás da minha esposa e confrontá-la.
— Não adianta Ben, a polícia foi até sua casa e ela não está mais lá, nem
no apartamento do Steven. Mamãe já tentou ligar para ela, mas o celular
está desligado. Ela é oficialmente uma foragida da justiça. Eu sinto muito
mesmo.
— Mas ela está grávida! — gritei — Ela não pensa na nossa filha? Eu
preciso encontrá-la.
— Ben, calma, a polícia já está atrás deles, você precisa se acalmar.
— Calma? Como você quer que eu fique calmo? Acabei de descobrir que
minha esposa grávida estava me traindo e roubando minha empresa junto
com meu diretor financeiro e agora eles estão foragidos. E se acontecer
alguma coisa com minha filha? Ela é tudo que me resta agora, Tony —
Desabei na cadeira novamente e deixei que as lágrimas caíssem.
— Vai ficar tudo bem, Mano.
— Por que ela fez isso Tony? Por quê?
— Eu realmente não sei — disse e me abraçou.
Genevive e eu nos conhecemos na universidade, ela era absurdamente
linda e muito inteligente, começamos a namorar e nos casamos assim que
nos formamos. Ela me apoiou enquanto construía a minha empresa, meus
pais a adoravam e minha irmã era um grude com ela. Depois de algum
tempo ela engravidou, não pensávamos em começar uma família tão cedo,
mas assim que ouvi o coraçãozinho de minha filha batendo me apaixonei
imediatamente por aquele serzinho. A vida em casa estava ótima, mas na
empresa tudo estava desmoronando, nossos lucros não estavam crescendo e
o banco ameaçava cobrar o empréstimo feito. Foi assim que contratei, com
ajuda do meu irmão, um investigador, e o que eles descobriram me tirou o
chão. Minha esposa, junto com o diretor financeiro vinham desviando fundos
da empresa para uma conta na Suíça, além disso descobri que os dois eram
amantes e pretendiam fugir juntos após o roubo.
Fui tirado dos meus devaneios com a voz do meu irmão gritando com
alguém.
— Como assim?! Para qual hospital? Estamos indo para lá agora.
— O que houve?
— Ben, você precisa ser forte...
— O que aconteceu Tony?
— O carro que a Genevive e o Steven estavam capotou, levaram eles para
o hospital, mas... — Nesse momento senti minhas pernas fraquejarem, minha
filha, ela não...
— Minha bebê? — sussurrei.
— Ainda não sabemos, precisamos ir para o hospital.
O caminho até o hospital foi repleto de silêncio, a todo momento eu só
pedia para que minha filhinha estivesse bem, ela não merecia isso, minha
bebê merecia viver e ter toda a felicidade do mundo. Quando finalmente
chegamos, meus pais e irmã já estavam lá, soubemos que Steven morreu na
hora e Genevive estava em cirurgia, os médicos estavam fazendo uma
cesariana de emergência, tentando salvar a vida das duas.
Algum tempo depois um médico veio me informar que Genevive falecera,
vítima de hemorragia, mas eles conseguiram salvar a vida de minha
pequena, que estava reagindo muito bem. Como a gestação já estava na reta
final, ela não precisaria ficar muito tempo na UTI, assim que pude entrar e a
peguei nos braços, meu mundo voltou ao eixo, eu faria tudo por ela, viveria
por ela, ninguém mais teria meu coração, seria apenas dela, minha
princesinha, minha Rosalyn.
Meu pai após o ocorrido, me fez fazer um teste de paternidade, relutei no
começo, acho que não suportaria se Rosie não fosse minha, mas eu já a
amava tanto que um papel não iria mudar isso, mas quando o exame deu
positivo suspirei aliviado. Os pais de Genevive providenciaram todo o
funeral dela, não fiz questão de ir e os adverti que não queria nada que
lembrasse minha filha da mãe terrível que a gerou. Eles poderiam conviver
com a neta, mas jamais mencionar a mãe dela.
— Marquei a reunião com a arquiteta para amanhã as nove, Sr. Bowman
— Anna disse entrando na minha sala e interrompendo minhas lembranças.
— Obrigada Anna — respondi e minha assistente saiu da sala.
Não vou mentir que não me divertir com algumas mulheres nesse tempo,
porque me diverti e muito, mas como prometi a mim mesmo há quatro anos,
não deixei nenhuma delas entrar em meu coração, esse lugar é apenas de
Rosalyn.
Capítulo 02
Melissa Delacroix

— Isso está muito bom, Gabi — eu disse comendo o terceiro brownie que
a mãe de uma paciente da minha amiga deu para ela — Deveria ter feito
pediatria para ganhar doces assim.
— Tem pais que são uns fofos, mas tem uns que tiram minha paciência —
respondeu também devorando um pedaço.
Gabrielle e eu dividíamos um apartamento em um dos bairros mais legais e
badalados da cidade. Eu tive muita sorte assim que me mudei de Londres há
quase um ano e vi o anúncio dela à procura de uma colega de quarto, ela
dividia o apê com a amiga de infância, mas Samantha se casou e ela então
resolveu procurar outra pessoa, entrei em contato imediatamente e foi amor à
primeira vista. Gabi trabalha no Hospital Central de Nova Iorque no setor de
pediatria, e é doce e realmente incrível com crianças. Mas fora do hospital é
outra história, não que ela não seja um amor, mas mexeu com ela já era, ama
uma balada e vive me arrastando para tudo quanto é lugar, seus cabelos e
olhos cor de mel são a perdição de muitos homens, minha amiga sabe muito
bem como arrasar corações.
— Esse monte de doces e ninguém me chama? É isso mesmo? —
Samantha disse entrando no apartamento.
— Invasão agora é? — comentei rindo.
— É, que a gente saiba você já se casou — Gabi acrescentou.
— Mero detalhe, agora passa aqui esse brownie — respondeu já pegando o
bolinho.
— Não estou te expulsando nem nada, mas o que está fazendo aqui? —
Gabi perguntou depois que terminamos a bandeja com os doces.
— Robert está no tribunal hoje e eu precisava falar com a Mel também.
— Comigo?
— Sim, eu meio que marquei uma reunião sua com meu chefe.
— VOCÊ O QUÊ?!?
— Ele está precisando de um arquiteto para o novo projeto e ninguém
acerta, hoje demitiu o terceiro — respondeu dando de ombros.
— Três arquitetos? Esse homem é o que? Além disso o que te fez achar
que eu poderia atender sua majestade? — Disse fazendo graça, Sam já tinha
nos contado as peripécias de seu chefe e pelo relato dela não passava de um
tirano sem coração.
— Qual é Mel? Seu portifólio é incrível e você já fez vários projetos —
Gabi disse antes que Sam pudesse falar.
— Pequenos projetos, não algo do tamanho do que a Bowman faz.
— Relaxa amiga, você vai conseguir e de qualquer forma já marquei a
reunião mesmo, amanhã as nove lá na empresa.
— Eu te odeio Sam, tenho menos de 24 horas para me preparar — disse já
começando a surtar.
— Você dá conta Mel, até parece que não deixa as coisas já organizadas.
— Okay, te perdoo dessa vez, mas já aviso que se aquele sem noção do seu
chefe fizer alguma gracinha vou mandá-lo tomar naquele lugar — disse
afetada e elas riram.

∞∞∞
Já era quase meia noite quando Robert veio buscar Samantha, foi um resto
de noite bem animado, as garotas e eu comemos pizza, tomamos um bom
vinho, como a algum tempo não fazíamos. Mesmo casada, Sam não
renunciava ao tempo com as amigas e algumas vezes no mês a gente
aproveitava junto, quase sempre em um clube, mas hoje Gabi, que sempre
arrastava a gente, estava esgotada e se contentou com fast food e Netflix.
Deitei-me na cama depois de separar minha roupa e as coisas que
precisaria para a reunião de amanhã, ainda estava indecisa se agradecia ou
socava Samantha por me meter nessa furada. É claro que participar de um
projeto desses iria alavancar minha carreira, mas trabalhar com Benjamin
Bowman não era uma ideia que me agradava. Sam tinha uma relação de amor
e ódio com ele, o marido dela era sócio e melhor amigo do irmão de
Benjamin, convivia bastante com ele para saber como lidar, mas eu saberia
fazer isso? Foi com esse pensamento que adormeci.
Na manhã seguinte estava pronta para enfrentar sua alteza, vesti meu
melhor conjunto formal, mas deixei meus cabelos loiros caindo em ondas
pelas minhas costas, odiava aqueles coques que as executivas de alto escalão
faziam, eu amava meus cabelos e com eles soltos me sentia mais confiante.
Fui até a cozinha e a mesa já estava posta, Gabi sempre deixava o café da
manhã pronto antes de sair, já que era a única coisa que sabia cozinhar, ela ia
para o hospital bem antes de eu sequer sonhar em acordar. Comi rápido e
pedi um carro no aplicativo, queria chegar cedo e o metrô não me parecia
muito atraente naquela manhã.
O prédio da Bowman Construction Company era um dos mais imponentes
da cidade, não era tão alto como outros edifícios, mas o fato de ser todo
espelhado fez com que se tornasse quase um ponto turístico. Fui até a
recepção no térreo e liberaram minha entrada até a cobertura onde o todo
poderoso me esperava.
— Bom dia Srta. Delacroix, me chamo Anna, o Sr. Bowman irá recebê-la
em alguns instantes — Uma moça alta de pele negra me cumprimentou assim
que sai do elevador — Aceita café, chá, talvez um martini? — disse e sorriu.
— Um martini? Sério?
— Estava brincando, mas considerando que o Sr. Bowman não está de
bom humor, eu recomendaria — piscou e se sentou novamente em sua mesa.
Respirei fundo, não está de bom humor? Essa reunião seria interessante.
Fiquei uns vinte minutos esperando antes que Anna me chamasse, dizendo
que o chefe iria me receber. Caminhei até a sala, murmurando um mantra
para me impedir de perder a cabeça com aquele ser. Assim que abri a porta
perdi o ar, parado na minha frente recostado na mesa estava Benjamin
Bowman, é claro que já tinha visto fotos dele, mas aquelas fotografias não se
equiparavam em nada com o espécime masculino na minha frente, de braços
cruzados, vestindo um terno sob medida que realçava os músculos que
certamente ele tinha, com aqueles cabelos negros e olhos tão azuis que sentia
que poderiam ver através de mim, ele era definitivamente gostoso, daqueles
que com certeza sabiam como incendiar uma mulher.
— Já acabou de admirar, Srta. Delacroix? — sorriu de modo sarcástico.
— É realmente impressionante a vista que tem da cidade, Sr. Bowman —
Eu estava babado nele? Sim, mas não daria esse gostinho — Como arquiteta
adoro apreciar as paisagens.
— Por que tenho a impressão de que não era a cidade que estava
admirando?
— Não faço ideia, podemos começar? — perguntei e ele sorriu, sorriu!
Com aqueles dentes brancos perfeitos.
Benjamin se sentou em sua cadeira e tomei o assento a frente dele, me
explicou do que se tratava o projeto e depois abri meu portfólio mostrando
meu trabalho. Mesmo tendo me formado há pouco tempo, contava com
diversos projetos no currículo.
— Estou impressionado, Srta. Delacroix, mas todos são trabalhos
pequenos, me diga o que a faz pensar que é capaz de comandar um projeto
desse tamanho? — Eu estava começando a ter raiva desse levantar de
sobrancelha dele.
— Eu estudei para isso, Sr. Bowman, por mais que não tenha feito ainda
projetos grandes, tenho absoluta certeza de que dou conta, e afinal,
precisamos começar de algum lugar, não é? O senhor também não começou
do nada? — Dessa vez fui eu quem arqueou a sobrancelha.
— Touché, Srta. Delacroix — disse simplesmente — Tudo bem, vou dar
um voto de confiança, você tem uma semana para me apresentar o projeto.
— Uma semana? O senhor ficou louco?
— Como? Do que você me chamou? — vociferou.
— De louco — disse sem nem hesitar — Acho que não conhece o trabalho
dos arquitetos, Sr. Bowman, em uma semana não se faz um projeto desse
tamanho.
— Está me dizendo que não é capaz? — falou em desafio.
O olhei furiosa, se tem uma coisa que eu detestava era me falarem que não
era capaz de fazer algo, por todo minha vida minha mãe me dizia que eu não
deveria me formar, que deveria ser a típica esposa dona de casa londrina, ela
sempre colocava obstáculos em meu caminho, minha sorte foi que meu pai e
meu irmão não tinham esses pensamentos retrógados e sempre me apoiaram.
— Estou dizendo que é impossível para qualquer pessoa que não tem um
batalhão a sua disposição fazer um projeto desse tamanho, entrego para você
em vinte dias, é pegar ou largar — O desafiei, ele saberia exatamente com
quem estava lidando. Olhei bem para seu rosto, quase me perdendo naqueles
olhos azuis cor do céu, franziu a testa, suspirou e acenou em concordância.
— Muito bem, mas você tem que trabalhar aqui, pedirei a Anna que
prepare uma sala para você e é claro, assinará o contrato bem como um termo
de confidencialidade.
— Me parece aceitável — respondi balançando o cabelo.
— Ótimo, começará imediatamente — E então apertando o botão no
telefone em sua mesa disse para a secretária — Anna, prepare uma sala para a
Srta. Delacroix, de preferência nesse andar, imediatamente.
— Perfeitamente, Sr. Bowman — respondeu a secretária, ela devia ganhar
muito bem para aguentar esse sem noção.
— Gostou da minha companhia, Sr. Bowman? — perguntei sarcástica.
— Não, apenas quero me certificar de que nada desse projeto vaze.
— Eu já trabalhei com sigilo, Sr. Bowman, não sou uma principiante e
Sam não me indicaria se não soubesse que sou capaz e que tenho integridade.
— Não foi isso que eu quis...
— Mas foi o que disse! Não sei com que tipo de pessoa trabalha, mas eu
tenho princípios e integridade, fique tranquilo, seu projeto está seguro
comigo — E antes que ele pudesse dizer mais alguma merda, sai de sua sala
seguindo Anna até o local onde trabalharia.

∞∞∞
A sala era impressionante, com janelas do chão ao teto, permitindo uma
vista maravilhosa da cidade e mais adiante do rio, tinha tanta iluminação que
nem precisei das minhas luzes portáteis. A minha sorte é que sempre ando
com meu material, mas a empresa tinha um estoque considerável de tudo que
um arquiteto precisaria. Quando Anna me levou até o local que guardavam as
coisas quase surtei, tinha tudo que se podia imaginar. É obvio que o projeto
seria feito no computador, mas eu sempre gostava de rabiscar no papel
primeiro, me relaxava, e porque paguei muito caro na minha maleta de lápis e
queria usá-los.
— Puxa, é um montão de lápis colorido que você tem aí — Tomei um
susto ao ouvi uma vozinha infantil e quando levantei a cabeça procurando a
origem do som, me deparei com uma garotinha na frente da minha mesa
olhando abismada para meus lápis espalhados — Seu desenho está tão
bonito.
— O-obrigada, eu acho, mas de onde foi que você veio? — perguntei
olhando ao redor, procurando algum responsável pela menininha.
— Eu vim almoçar com meu papai, mas ele está numa reunião muito
chata. Eu amo essa cor — a pequena disse pegando o lápis cor de rosa.
— E quem é seu pai? — perguntei curiosa, não imaginava o senhor todo
poderoso permitindo crianças no seu prédio.
— Você fala engraçado — disse sem responder a minha pergunta.
— É o sotaque dela — Uma voz rouca surgiu no ambiente e olhei em
direção a porta, Benjamin estava parado encostado no batente.
— Papai! — Papai? A garotinha correu para o homem e ele a pegou no
colo sorrindo — Eu estava explorando e achei essa sala com um montão de
lápis colorido — E abriu os braços para mostrar.
— E o que o papai falou sobre sair por aí sozinha?
— Que não pode — abaixou a cabeça — Mas estava tão chato e eu fiz uma
amiga — sorriu apontando para mim.
— Amiga é? E você sabe o nome dela? — Perguntou divertido e eu só
conseguia olhar em choque, cadê o Sr. Arrogância?
— Claro que sei! Qual o seu nome? — Dei uma risada e respondi —
Melissa, está vendo papai, eu sei — falou para o homem que riu.
— Ah, mas eu não sei o seu — disse para a menininha
— É Rosalyn, mas todo mundo me chama de Rosie.
— É bonito, combina com você.
— Vamos almoçar, pequena?
— A Melissa pode ir com a gente papai? Ela nem falou porque fala
engraçado — arregalou os olhos para o pai e eu escondi uma risada, eu?
Almoçando com o chefe? Até parece.
— A Srta. Delacroix já deve ter planos filha.
— Dela... O quê? — perguntou a pequena estranhando o nome.
— Delacroix, é o meu sobrenome — respondi sorrindo e ela sorriu de
volta.
— Então vamos almoçar? Estou com fome — disse pulando no colo do
pai, fazendo seus cabelos loiros balançarem — Vem Melissa.
— Hum... Eu acho...
— Ela não vai desistir, é melhor você vir — Benjamin disse — Pode ficar
tranquila, eu não mordo — E sorriu de modo sarcástico.
Sem escolha, balancei minha cabeça pegando minha bolsa para segui-los, e
a pequena soltou uma risada e bateu palmas. Rosalyn desceu do colo do pai e
pegou minha mão, me puxando em direção aos elevadores enquanto seu pai
seguia atrás da gente. No que eu tinha me metido?
Capítulo 03
Benjamin Bowman

Por que eu fazia todas as vontades da minha filha mesmo? Minha mãe está
certa, preciso ser um pouco mais firme com ela, olha no que me meti, indo
almoçar com a arquiteta recém-contratada. Eu não costumo misturar trabalho
e vida privada e definitivamente não almoço com funcionários. Ainda não
conseguia acreditar que Melissa estava no banco do passageiro do meu carro
indo almoçar comigo e minha filha. Enquanto minha pequena, que costuma
ser bem tímida com estranhos, estava sentada em sua cadeirinha no banco de
trás e tagarelava sem parar com ela, eu tentava processar como chegamos a
essa situação. Havia pedido para meu motorista buscar Rosalyn na escola no
horário do almoço para comermos juntos, costumo fazer isso umas duas ou
três vezes na semana, já que trabalho muito e quase não tenho tempo para ela
durante a semana. Estava em reunião quando ela chegou, e como a
princesinha do lugar, abriu a porta, olhou em volta e saiu sem falar nada,
pensei que tinha ido até a sala de Samantha, como costuma fazer, mas ao não
a ver lá, quase surtei. A encontrei alguns minutos depois na sala de Melissa,
tagarelando como se a conhecesse a tempos e para meu total horror a
convidou para almoçar com a gente, não tive outra escolha além de aceitar.
Minha reunião com ela não foi nada como imaginei, para começar não
esperava que minha futura arquiteta fosse tão gostosa e que gostasse tanto de
me desafiar, fiquei possesso com a audácia dela de me chamar de louco, quis
mandá-la embora na mesma hora, mas em vez disso resolvi contratá-la, é
claro que aquele balançar de cabelos ajudou muito, o pensamento de correr
meus dedos por eles me ocorreu na hora, mas descartei a ideia, onde já se viu,
eu tinha um lema, não se envolva com funcionárias, e mais precisamente não
se envolva com a maldita arquiteta gostosa!
— Você perdeu a entrada — Sua voz me tira dos meus pensamentos e
porra! Perdi mesmo a entrada.
— Droga! — disse e fiz a volta. Ela tinha que entrar na minha cabeça?
— Você costuma dirigir distraído assim?
— É claro que não, mas essa faladeira de vocês duas me desconcentrou —
Não era verdade, estava acostumado com as tagarelices de minha pequena,
mas ela não precisava saber que me distraí porque estava lembrando das
sensações que me causou na reunião. Me olhou demoradamente, deu um
sorrisinho e voltou a conversar animadamente com minha filha.
— Então você desenha prédios? — perguntou — Eu gosto de desenhar.
— Às vezes são casas, ou só alguns cômodos, mas eu acho divertido.
— Você podia me mostrar seus desenhos.
— Você tem que voltar para escola depois Rosie — respondi, antes que
Melissa pudesse falar alguma coisa.
— Mas papai...
— Sem, mas, lembra o combinado?
— Mas eu quero ver os desenhos da Melissa — reclamou.
— Podemos fazer assim — Melissa me cortou quando ia começar a falar
— Da próxima vez que for lá na empresa eu te mostro. Combinado?
— Combinado — minha filha disse sorrindo.
— Chegamos — falei interrompendo a conversa. Melissa e eu saímos do
carro e entreguei a chave ao manobrista. Tirei Rosie da cadeirinha que
imediatamente foi segurar a mão da arquiteta, não fazia ideia do que estava
acontecendo com minha pequena, ela não costuma ser tão aberta a estranhos
assim. Entramos no prédio onde ficava o restaurante e pegamos o elevador.
Quase sempre vinha a esse local quando almoçava com minha filha, ela
adorava a vista que o Space Tower tinha e brincava que era seu castelo no
céu, como era sócio do clube, fomos recepcionados imediatamente pelo
maitre que nos encaminhou para minha mesa de costume.

∞∞∞
— Mas eu não quero comer isso — minha filha disse assim que o garçom
colocou a comida a sua frente. Respirei fundo, era sempre uma luta fazê-la
comer de forma saudável.
— Filha, você sabe que precisa comer seus legumes.
— Mas eu não gosto — disse cruzando os bracinhos por cima da mesa.
— Não gosta? — perguntou Melissa — Que pena, parece tão gostoso, mas
sabe de uma coisa? — Minha filha se endireitou a olhando com curiosidade,
e admito eu também estava curioso — Podemos fazer assim, eu coloco um
pouco do meu risoto no seu prato e você me dá um pouco dos seus legumes e
comemos juntas, o que acha?
— Você faria isso? — minha filha perguntou de olhos arregalados.
— Claro, me dê aqui. Ela não tem alergia a camarão, não né? — disse para
ela e depois perguntou para mim, neguei com a cabeça e Melissa começou a
colocar a comida no prato da minha filha — Prontinho, agora temos a mesma
coisa, eu pego um garfada e você pega outra, tudo bem?
— Sim, Melissa! — respondeu animada. E eu mais uma vez olhei
impressionado, acho que diria muito essa palavra hoje. Senti algo dentro de
mim se aquecer ao ver as duas comendo juntas e brincando, mas afastei o
pensamento e voltei a comer.
Para meu total espanto, o almoço foi muito divertido, Melissa fazia minha
filha dar gostosas gargalhadas com algumas de suas histórias de infância e
finalmente explicou para ela por que falava “engraçado”, a partir daí minha
princesa passou a tentar imitar sua fala divertida, o que me fez gargalhar alto,
tanto que alguns conhecidos olharam curiosos a cena. Quando chegou a hora
de levar Rosalyn para a escola de novo, ela fez Melissa prometer que iria
mostrar os desenhos e até a convidou para a apresentação de balé, interrompi
a resposta antes que mais um “encontro” das duas fosse agendado. Era só o
que faltava, Melissa no recital de balé da minha filha. O caminho de volta a
empresa foi silencioso, mas de vez em quando desviava meu olhar e o focava
nela, suas bochechas estavam ligeiramente avermelhadas pelo vinho do
almoço.
— Você foi muito bem no almoço hoje, com Rosie quero dizer.
— Ah, não foi nada, só fiz o que minha mãe fazia quando meu irmão e eu
não queríamos comer os vegetais.
— Mesmo assim, eu costumo demorar uma eternidade para convencê-la, e
geralmente só porque prometo sobremesa depois.
— Fazer o que, ninguém é perfeito, não é? — disse irônica — Posso te
ensinar alguns truques.
— Engraçadinha, mas obrigada de qualquer forma.
— Você está me agradecendo? Isso sim é uma reviravolta.
— Não se acostume — pisquei — Não faço isso com frequência.
— Mas deveria, você fica muito melhor sendo uma pessoa normal do que
o CEO todo poderoso. Mas enfim, se precisar de mais alguma coisa estarei
em minha sala, preciso terminar um projeto, você sabe, tenho um chefe muito
exigente — E saiu rindo da minha cara. Respirei fundo, eu ainda ia ficar
louco com essa mulher.
Melissa Delacroix

— Passei aqui para te chamar para o almoço, mas não te achei — Sam
disse entrando na minha sala.
— Fui almoçar com o Benjamin e a Rosalyn — respondi dando de ombros.
— Foi almoçar com... Espera! Você disse o Benjamin? O chefe? E a filha
dele? Como isso aconteceu?
— Então, estava eu aqui, super concentrada nos meus croquis para o
projeto quando ela entrou, já falando dos lápis coloridos, de como gostava de
desenhar e que eu falava engraçado — disse me lembrando de sua
curiosidade com meu sotaque — Quando o pai dela chegou e chamou ela
para almoçar, ela me convidou, ficou insistindo e o Sr. Bowman falou que era
melhor eu ir porque ela não iria desistir.
— Só isso? Benjamin não almoça com ninguém da empresa Mel, bom,
tirando eu, mas só porque sou esposa de um amigo dele. E nunca, jamais,
deixa algum funcionário ficar muito próximo da filha.
— O que ele ia fazer? A pequena é insistente. E não foi tão ruim assim, na
verdade me divertir bastante, Rosalyn é uma fofa.
— Ela brincou com você? — perguntou curiosa.
— Sim, principalmente com meu sotaque, ficou tentando imitar ele —
respondi sorrindo. A verdade é que realmente gostei de almoçar com eles,
Rosie é uma garotinha extremamente falante e esperta, e a companhia do Sr.
Bowman não foi tão ruim, afinal quem não gostaria de almoçar olhando para
aquele homem? — Qual o problema?
— Rosalyn não costuma ser tão aberta as pessoas assim.
— Sério? Comigo foi bem espevitada, não parou de falar um só minuto.
— Que estranho — comentou dando de ombros — Aposto que isso vai
fazer a notícia aqui na empresa.
— Nem pensar, porque apenas você, ele e eu sabemos e ninguém vai
contar, não quero que imaginem coisas.
— Tipo que você e ele estão juntos, ou alguma coisa assim?
— Exatamente! Esse é o tipo de coisa que não preciso.
— Vai sonhando amiga, esse lugar é cheio de câmeras, até parece que
ninguém mais viu vocês, além disso, que Robert não me ouça — falou e
olhou para a porta conferindo se estava mesmo fechada, apesar das paredes
de vidro — Mas o Sr. Bowman é muito gostoso.
— Você acha? Não reparei — Dei de ombros.
— Até parece, você não reparando em um homem bonito? É o mesmo que
dizer para a Gabi que ela não pode beber na noite de folga. Impossível!
— Muito engraçadinha você. Mas tem razão, ele é realmente muito lindo,
mas o que tem de maravilhoso tem de idiota.
— Maravilhoso? — Levantou a sobrancelha.
— Você não presta — A empurrei de leve e Sam riu.
— Mas voltando ao almoço, quero todos os detalhes.
— Se eu não te contar você não vai me deixar trabalhar, não é mesmo?
— Me conhece tão bem — falou e se acomodou melhor na poltrona em
frente à minha mesa.
Samantha ficou quase uma hora na minha sala querendo saber os mínimos
detalhes do almoço com o chefe, apesar de não ter nada demais ela ficou
impressionada com o quanto Rosalyn interagiu comigo. Depois que foi
embora, enfiei a cara no trabalho, nem parei para tomar café, ou comer mais
alguma coisa, estava determinada a entregar o croqui para o Sr. Bowman
ainda hoje, só para ter o gostinho de vê-lo engolir suas próprias palavras de
desconfiança quanto à minha capacidade.
Perto das cinco da tarde fui até sua sala, além de Anna na recepção, estava
Rosalyn ao lado de um homem que me lembrava muito o Sr. Bowman.
— Boa tarde Anna, o Sr. Bowman está na sala dele?
— Está sim, Melissa, vou ver se ele pode te receber — disse e acenei,
nesse momento vi um vulto loiro vindo correndo até mim.
— Melissa! — falou me abraçando.
— Oi pequena, como foi na escola? — respondi a abraçando de volta,
vendo o homem que estava com ela nos olhando curioso.
— Foi legal, fomos para piscina hoje, olha, meu cabelo ainda está molhado
— respondeu pegando uma mecha do cabelo — Ah! Esse é o meu titio
Anthony, mas todo mundo chama ele de Tony, mas eu chamo só de titio
mesmo — Anthony sorriu com isso e veio me cumprimentar — E essa é a
Melissa, ela faz um montão de desenhos e almoçou hoje comigo e o papai —
Quando ela disse isso, ele levantou a sobrancelha, mirando seus olhos em
mim.
— Muito prazer, Sr. Bowman — disse, cumprimentando o homem que era
muito parecido com Benjamin, e sim, era tão gostoso quanto, mas sua face
era mais descontraída.
— Que isso, Sr. Bowman é o meu pai e meu irmão, eu sou apenas Tony —
falou pegando minha mão e depositando um beijo nela. O charme era de
família, só pode. Enquanto ele beijava minha mão, ouvimos a porta abrir.
— Vejo que já conheceu meu irmão, Srta. Delacroix — Sr. Bowman disse
de cara fechada.
— Maninho, você não falou que tinha uma funcionária nova — disse para
o irmão e se virou para mim, me olhando de cima a baixo — Acho que virei
aqui mais vezes — Piscou para mim e sorriu, revirei os olhos.
— A srta. Delacroix está aqui a trabalho, Anthony, ela não é uma de suas
conquistas — falou Benjamin sério.
— Se os dois já terminaram, o assunto da conversa está bem aqui —
comentei e os dois terminaram o duelo de olhares, virando-se para mim —
Gostaria de mostrar o croqui do projeto se tiver um tempo, Sr. Bowman.
— Já está pronto?
— Eu disse que era capaz. Podemos? — falei apontando para sua sala.
— Claro — Me olhou divertido e então se virou para o irmão — Me
esperem aqui e nada de encher a cabeça da minha filha de merda.
— Eu tenho algum senso de responsabilidade — protestou Anthony.
— Claro que tem, por isso nunca precisei te tirar da prisão, não é?
— Foi só uma vez, e nem estava dirigindo tão rápido.
— Claro que não, você é o injustiçado — respondeu e se virando para a
criança que nos olhava com um sorriso disse — Não saia daqui, o papai já
volta.
— Ta bom papai — respondeu.
— Srta. Delacroix, vamos? — Se dirigiu a mim e seguimos para sua sala.
Mostrei os croquis para ele com as ideias que tive e como achava que
deveria ser. Era um projeto de um resort gigantesco em Dubai que foi
solicitado por um príncipe dos Emirados Árabes Unidos, seria uma estrutura
a beira mar e contaria com três piscinas, vários restaurantes, atividades de
entretenimento, bangalôs sobre a água e outras infinidades de coisas. Em
resumo, era uma oportunidade de ouro para mim. Enquanto explicava como
tinha pensando, notei que ele foi se aproximando, estava em pé ao seu lado,
um pouco inclinada mostrando os desenhos, enquanto ele estava sentado em
sua cadeira. Seu perfume invadiu meu olfato, e minha nossa, como ele
cheirava bem.
— Então é isso, é obvio que é só um croqui, mas queria que visse como
imaginei o projeto antes que começasse de fato, para não perder tempo —
finalizei me endireitando, notei que durante a explicação ele virou a cabeça
algumas vezes e seu olhar acabou indo para o decote da minha blusa de seda.
— Bom, Srta. Delacroix, não esperava algo assim — respondeu sem
esboçar nenhuma reação, meu semblante caiu um pouco, eu tinha adorado
como o projeto estava ficando.
— Ah... Bom... Eu posso refazer e...
— Não foi isso que quis dizer — falou me cortando — Estou bem
impressionado, isso está incrível, gostei de como fez a disposição das
piscinas, e o formato da estrutura. Não tem nenhum edifício assim em Dubai,
conhecendo o ego do príncipe Khalil isso vai impressioná-lo. Bom trabalho,
obrigado.
— Você está me agradecendo? Uau, duas vezes em um dia? Vou ficar mal-
acostumada — falei implicando, mas no fundo estava bastante feliz com sua
aprovação.
— Eu não sou esse ser desprezível que me costumam comentar. Sei
agradecer e principalmente reconhecer um bom trabalho como esse — Sorriu
— Pode dar prosseguimento ao projeto, três semanas, não é? Acha que
consegue?
— Com certeza, irei começar agora mesmo.
— Amanhã.
— Como?
— Comece amanhã, não gosto que meus funcionários façam horas extras,
e por enquanto você é minha funcionária.
— Uau — Eu disse uau de novo? — Não esperava isso.
— Como falei, não sou um monstro — disse se levantando — Ah quando
terminar o projeto quero que vá comigo à Dubai apresentá-lo, acho justo,
uma vez que foi você quem fez.
— Sério?
— Por que a cara de surpresa? E não vai me dizer que não esperava isso.
— Não, é só que... Fiquei nervosa com a possibilidade de apresentar um
projeto para um príncipe e tudo o mais.
— Bom, se você lidou comigo, vai saber lidar com ele — piscou para mim
e sorriu meio sarcástico o que me fez rir.
— Touché, Sr. Bowman.
— Bom, preciso ir, Rosalyn já foi paciente demais, não sei como ela não
invadiu a sala ainda.
E como se só estivesse esperando aquela frase, a pequena entrou na sala
correndo.
— Oi papai, oi Melissa, vamos para casa?
— Claro, já terminamos aqui, não é Melissa?
— Claro — respondi guardando minhas coisas — Até amanhã Sr.
Bowman, tchau Rosalyn.
— Tchau Melissa — disse me mandando um beijo, mas antes de eu sair a
pequena repetiu a pergunta de hoje mais cedo — Você vai na minha
apresentação de balé?
— Filha, a Melissa tem as coisas dela.
— Por favor Melissa — implorou juntando as mãozinhas e fazendo uma
carinha irresistível — Por favorzinho...
— Rosalyn...
— Deixa a Melissa responder papai — falou interrompendo o pai enquanto
eu olhava de um para outro — Você não vai negar um pedido a uma
criancinha, né? — Pronto, a menina sabia ser dramática e muito convincente,
e antes que pudesse impedir minha boca de pronunciar as palavras, estava
aceitando o convite daquela pequena espoleta.
— Tudo bem, eu vou, pego as informações com seu pai depois — falei
olhando para ele que franzia o cenho.
— Eba! — disse pulando e vindo me abraçar.
— Não disse que ela ia aceitar, tio Tony? — comentou se dirigindo ao
homem parado na porta que nos olhava sorrindo — Ninguém resiste a mim
— soltou e todo mundo riu, essa menina era impossível. Me despedi deles e
fui para casa, pensando em como esse dia foi confuso, consegui o projeto,
almocei com o chefe e a filha dele, finalizei o esboço e me comprometi a ir
ao recital de uma menininha, é, um dia super normal.
Capítulo 04
Melissa Delacroix

Quando cheguei ao meu apartamento, mal tive a chance de entrar direito e


guardar minhas coisas, antes que Gabrielle começasse a me interrogar,
certeza que Samantha tinha aberto a boca e exagerado muito a situação.
— Que história é essa de você almoçar com o chefe, em dona Melissa? —
perguntou direta como sempre.
— Samantha e sua boca grande — falei me jogando no sofá e tirando os
saltos — Não foi nada demais, a filha dele me convidou e ficou insistindo,
não tivemos muita opção.
— Sei... — disse me olhando e franzindo a testa — Vai me dizer que não
se sentiu atraída pelo chefe gostosão? Ele pode ser um babaca, mas tem um
corpo maravilhoso.
— As fotos não fazem jus... — comentei baixo e ela riu.
— Você se esquece, querida amiga, que sou a pediatra da filha dele? Já vi
o espécime várias vezes, além de no casamento da Sam.
— Você é? — perguntei curiosa, dessa eu não sabia.
— Sim, desde que Lauren foi transferida assumi a maior parte dos
pacientes dela. O Sr. Bowman é praticamente o único pai que vai em todas as
consultas, bom pode ser porque ele é viúvo, né?
— Você é uma idiota, sabia? — falei tacando uma almofada nela.
— Mas uma idiota que tem o número do celular do gostosão.
— E?
— Tem certeza de que não quer?
— O que eu ia fazer com o celular dele? E como você tem o número dele?
Pensei que os pais tinham o número do pediatra e não o contrário.
— Bom, ele pode ser um babaca como chefe, mas como pai parece ser
bem descente, um pouco paranoico, eu diria, mas pode ser pela menina não
ter mãe. Mas enfim ele me deu o número caso eu precisasse entrar em contato
em algum momento sobre a Rosalyn.
— Sei... E por que você não liga para ele?
— Ele pode ser incrível e tudo, mas não faz o meu tipo.
— E você tem um tipo? Pensei que pegasse o que aparecesse na frente —
falei e recebi uma almofadada na cara.
— Engraçadinha, eu tenho meus padrões, tá legal?
— Com base nos últimos homens, seu padrão se resume a ser sarado e
fazer coisas bem divertidas na cama, ou no banheiro, ou na mesa...
— Já entendi Mel — falou colocando a mão na cara — Não acredito que
fiquei com tantos homens assim.
— Por que não procura alguém descente Gabi? Aquele hospital está cheio
de homens incríveis e tenho certeza que muitos achariam o máximo namorar
alguém como você — falei pegando suas mãos — Não tem nada de errado no
que está fazendo, mas sei que quer um companheiro, uma família.
— Eu quero, mas não posso passar por tudo aquilo de novo — disse triste.
— E você não vai, Gabi, nem todos os homens são como o Richard.
— Eu sei disso, em tese, mas na prática é outra história.
— Tudo bem, mas lembre-se que ele não está mais aqui, que não pode te
machucar mais e que vou estar sempre aqui para você, mas isso você já sabe.
— Eu sei, você e Samantha são as melhores amigas que eu poderia ter —
falou me abraçando e enxugando algumas lágrimas que caíram — Mas agora
que me deixou triste quero chocolate e lasanha.
— Vai me obrigar a fazer lasanha no meio da semana? E a dieta?
— Dane-se a dieta, preciso de lasanha e chocolate, amanhã a gente vai a
academia.
— Como ordenado, capitã — respondi e fomos em direção a cozinha.

∞∞∞
Mais tarde naquela noite, depois de comermos a lasanha que preparei e nos
acabarmos num pote de sorvete de chocolate, Gabrielle foi dormir, pois tinha
um plantão amanhã e eu fiquei na sala assistindo “Irmãos a Obra” até o sono
aparecer, eu amava esse programa foi uma das razões pela qual me tornei
arquiteta. Enquanto via Drew encontrar a casa perfeita, não pude deixar de
pensar em Benjamin, ele havia me elogiado, e o fato de que queria que fosse
com ele apresentar o projeto para o príncipe Khalil não deixava de me
impressionar, eu sabia por Sam, que apesar de ser um pouco grosso e
arrogante, ele era um chefe incrível para se trabalhar, não permitia horas
extras, e embora exigente, remunerava muito bem seus funcionários. Isso eu
pude comprovar quando lhe passei o orçamento do projeto e ele resolveu me
pagar quase o dobro se eu fizesse com qualidade e no tempo que ele queria.
Admito que ele sabia ser engraçado, pude perceber como lidava com seu
irmão, e dava para ver que era um pai maravilhoso. Pensar na garotinha que
invadiu minha sala, me fez sorrir, foi fácil interagir com ela, e apesar de todo
mundo falar que era tímida eu a achei bem extrovertida e imaginava que era
uma espoleta em casa e na escola. Me assustei quando os irmãos mostravam
a casa pronta para o casal, eu havia perdido o programa inteiro pensando em
Benjamin e Rosalyn. Ignorei o que isso poderia significar e fui para o quarto,
o cansaço me atingiu em cheio e apaguei em instantes.
Na manhã seguinte, acordei empolgada para começar a trabalhar
efetivamente no projeto, queria me dedicar exclusivamente a ele, por isso
recusei algumas outras propostas menores para ter mais tempo. Como
sempre, Gabi já tinha saído para o trabalho, mas deixou a mesa posta.
Enquanto tomava meu café da manhã tradicional com granola, frutas e
iogurte grego e mexia no Instagram, recebi uma ligação de um número
desconhecido.
— Preciso que me encontre no Café Dante em frente ao Central Park em
uma hora — falou a voz do outro lado da linha.
— Bom dia! Poderia me dizer quem é? Sabe, antes de eu ir encontrá-lo
para sei lá o que.
— Anna não te passou meu número? Aqui é o Benjamin Bowman.
— Ah, Sr. Bowman, deveria ter percebido pela falta de cumprimento.
— Não tenho tempo para enrolação Melissa, recebi a ligação do príncipe
Khalil agora cedo, ele mandou um representante e quer averiguar como anda
o projeto, então você precisa me encontrar no café Dante em frente ao Central
Park com os croquis — Pela sua voz ele estava bem irritado.
— Em uma hora? Você por acaso sabe onde moro?
— Isso não foi um pedido Srta. Delacroix, e a propósito sei sim, já fui
algumas vezes quando Samantha ainda morava aí. Por isso sei que não
demora mais de quinze minutos para chegar ao local que te falei.
— Você é assim com todo mundo?
— Você se importa com esse projeto ou não? — perguntou exasperado.
— É claro que sim!
— Então me encontre onde te falei — E desligou, o idiota desligou na
minha cara! Ah, mas eu ia matar aquele ser, quem ele pensava que era?
Respirei fundo, só não cometia um assassinato porque a pobre menininha que
tem o azar de chamar aquele ser de pai já tinha perdido a mãe, e claro, não
sou uma assassina.
Me arrumei em tempo recorde depois de conferir com Samantha se aquele
número era do Sr. Bowman mesmo, se bem que pela voz e maus modos, não
tinha dúvidas, mas não custava averiguar, pedi de novo um carro por
aplicativo, já que era mais rápido. Realmente a distância não era longa e
quando cheguei logo o vi sentado na mesa, me permitir admirá-lo um
momento, era ridículo que um ser tão grosso pudesse ser tão lindo, a barba
por fazer, aqueles olhos, e o cabelo um pouco maior para o padrão dos
executivos de sucesso, vestido de terno ele era a combinação para
enlouquecer qualquer mulher, pelo menos até abrir a boca e falar merda. Eu
me sentia atraída por ele? Obviamente, quem não se sentiria? Mas jamais
poderia ficar com alguém que tinha uma personalidade tão bipolar, ele foi
legal e até gentil ontem, e hoje de manhã já foi um idiota completo, fico com
pena da família que tem que aturá-lo. Deixo meus pensamentos para lá e
assim que entro no estabelecimento, seus olhos pousam em mim e por um
segundo vejo seu olhar de apreciação, sorrio e sigo até ele.

Benjamin Bowman

Como se não bastaste ter passado a noite praticamente em claro com Rosie
febril e com dor de ouvido, o príncipe Khalil me liga cedo cobrando a demora
da entrega das plantas do projeto, tive que me desdobrar para convencê-lo de
que tudo estava certo e que a demora era que estava encontrando o melhor
arquiteto para comandar o empreendimento, ele se acalmou, mas exigiu que
mostrasse os croquis para um represente dele que estava na cidade. Precisei
ligar para Melissa me encontrar, e para piorar ela só me deixou mais
estressado com sua conversa fiada. Eu estava no limite, comandar uma
empresa e cuidar de uma menina de quatro anos sozinho não estava sendo
fácil, graças a Deus, Lena iria voltar amanhã depois de passar algumas
semanas com sua filha que teve bebê recentemente. Não sabia que dependia
tanto dela, minha sorte foi que minha mãe, Anthony e minha irmã estavam
me ajudando.
Cheguei cedo e peguei uma mesa, se aquela mulher se atrasasse eu ficaria
louco. Esse projeto era de extrema importância para a empresa, ser escolhido
para construir na área de Dubai era praticamente impossível, mas com alguns
contatos e imensos projetos famosos, a Bowman Construction Company
havia conseguido, mas achar um arquiteto estava sendo uma luta, até ela
aparecer. Os croquis tinham ficado realmente incríveis, ela era muito boa,
claro que não eram apenas seus desenhos que havia admirado, enquanto
estava me explicando pude sentir seu perfume, doce, floral e um pouco de
baunilha, além disso, em alguns momentos sua blusa abaixou e me deu uma
visão impressionante de seus seios fartos, me senti endurecer dolorosamente,
se ela fosse qualquer outra mulher teria a levado para cama, mas ela era
minha funcionária e o mais importante, completamente irritante.
Admito, estava atraído por ela, mas jamais ficaria com alguém que me
deixava tão possesso, apesar de não ter gostado da forma como Anthony a
olhou. Meu irmão ficou o caminho inteiro me pedindo o número dela, fiquei
puto e disse que não era mulher para ele, não sei o que deu em mim, mas
acredito que foi o medo de um processo por assédio, não seria a primeira vez,
meu irmão tem o péssimo hábito de foder com minhas funcionárias.
Como se soubesse que estava falando dela, a vi entrando no restaurante e
fiquei estático por alguns instantes, deveria ser proibido aquele vestido em
uma reunião de negócios. O decote acentuava seus seios e o corte deixava
suas pernas a mostra, seus cabelos soltos balançavam enquanto se movia
graciosamente pelo local, ela estava deliciosamente gostosa, e vi um número
considerável de cabeças masculinas se virarem em sua direção.
— Devo dizer bom dia, ou essas formalidades não se aplicam mais? —
perguntou ironicamente e se sentando na minha frente.
— A situação era urgente.
— Um bom dia não teria te matado — Não disse? Completamente
irritante.
— Se eu disser bom dia vai parar de me encher o saco?
— Nossa, você está de mau humor mesmo.
— Desculpe — disse e me preparei para seu comentário engraçadinho,
mas alguma coisa que ela viu em meu rosto a fez ficar quieta — Não dormi
nada ontem à noite e ainda esse telefonema logo cedo — falei simplesmente
me surpreendendo como estava falando de algo pessoal de forma tão natural.
— Está tudo bem?
— Rosalyn passou mal com febre e dor de ouvido. Mandei um monte de
mensagens para a pediatra, é sua amiga, não é? Dra. Chastel?
— Sim, percebi que ontem ela ficou bastante no celular, não sabia que era
com você. Mas ela está bem? Rosalyn? — perguntou e parecia realmente
preocupada e mais uma vez aquela sensação estranha de queimação me
atingiu.
— Agora sim, está medicada e minha mãe está com ela. Não sei se vou a
empresa hoje, preciso ver como as coisas vão ficar.
— É difícil conciliar tudo? Sabe, sua filha e a empresa.
— Não é fácil, mas tenho muita ajuda.
Interrompemos nossa conversa quando o representante do príncipe Khalil
chegou, era um homem sério com traços típicos árabes, me cumprimentou e
quando apresentei Melissa a olhou de cima a baixo, fechei a cara e percebi
que ela ficou desconfortável na hora, tratei logo de ir direto ao ponto
mostrando os desenhos a fim de terminar a reunião logo. Mas o homem não
parecia ter a mesma vontade, ficou fazendo inúmeras perguntas, sempre
dando um jeito de se aproximar dela.
— Sr. Hassan, se já ficou satisfeito, podemos encerrar a reunião.
— Ah! Mas por que não estendemos para um almoço? Tenho certeza de
que o príncipe Khalil gostaria de todas as informações possíveis — falou
olhando mais uma vez para Melissa, aquilo foi a gota d’agua para mim.
— Eu acho que já tem todas as informações para passar ao príncipe, Sr.
Hassan — falei me levantando — Caso ele tenha alguma dúvida, tenho
certeza de que podemos esclarecê-la, a Srta. Delacroix e eu temos outra
reunião, não é mesmo? — Olhei para ela que se levantou no mesmo instante.
Percebendo que não teria alternativa, o homem se levantou e nos
despedimos, depois que paguei a conta.
— Obrigada. Aquilo foi horrível.
— Sinto muito que tenha passado por isso. Se quiser desistir de ir à Dubai
eu vou entender.
— Não! Eu vou, não vou permitir que um idiota me intimide.
— Tudo bem, mas lá sempre fique perto de mim, tudo bem? Não
suportaria outro homem te encarando daquela forma — Por que eu disse
isso?
— Com ciúmes Sr. Bowman? — perguntou debochada.
— De você? Vai sonhando — falei rindo — Quer que te deixe na empresa
ou está de carro?
— Não estou de carro, mas vou passar em um lugar antes, obrigada!
— Disponha.
Nos despedimos e fiquei observando enquanto se afastava, sua brincadeira
sobre eu sentir ciúmes ainda martelava em meu cérebro. Eu tinha sentido
ciúmes? Não é possível, deveria ser apenas uma reação natural a situação que
ela estava, como eu poderia sentir ciúmes de alguém que nem conhecia
direito?
Capítulo 05
Benjamin Bowman

Estávamos a caminho da apresentação de balé de Rosalyn e minha pequena


não parava de falar sobre Melissa. Consegui evitá-la o resto da semana, ainda
mexido com a possibilidade de ter sentido ciúmes dela e na esperança de que
ela ou minha filha esquecessem o tal do convite, mas não teve sucesso, levei
Rosalyn para o trabalho hoje e ela correu para sala de Melissa lembrando-a
da apresentação e finalmente vendo seus desenhos.
— Quem é essa tal de Melissa? — Minha irmã, que estava no carro com a
gente perguntou olhando de mim para Rosie.
— A nova arquiteta que contratei — respondi.
— Ela faz um montão de desenhos tia Lottie.
— E você gostou dela?
— Muito, hoje ela me deixou pintar uns desenhos — falou animada —
Mas o papai não gosta muito dela, ele brigou comigo porque fiquei na sala
dela.
— Rosie, eu não briguei, mas a Srta. Delacroix estava trabalhando.
— Eu não estava atrapalhando! — falou cruzando os bracinhos.
— Tudo bem filha, mas da próxima vez nada de fugir de mim, tudo bem?
— Tudo bem, mas a gente estava se divertindo — respondeu e voltou a
olhar os desenhos no celular, pensei em aproveitar os minutos de silêncio,
mas minha irmã tinha outros planos.
— Ben, você e a arquiteta...
— Não! — cortei antes que ela pudesse terminar a frase — Sabe que não
me envolvo com funcionárias.
— E não deixa que interajam tanto com a Rosalyn.
— Não pude evitar, Rosie cismou que queria que ela viesse e até me fez
almoçar com ela no começo da semana.
— Sério? A Rosie?
— Pois é, fiquei surpreso também, nem sei o porquê dessa fixação dela
pela Melissa.
— Melissa? Chamando pelo nome?
— Nem começa, a Rosalyn a chama assim o tempo todo, foi no
automático.
— Maninho, eu acho que tem mais nessa história do que está querendo
admitir.
— Não inventa Charlotte, esse não é um desses romances que você ama
ler, eu não vou me apaixonar pela minha arquiteta! — falei mais alto e vi pelo
espelho retrovisor minha filha olhar para nós curiosa.
— Se você diz, mas não foi isso que o Tony me disse.
— Que merda que o Anthony disse agora?
— Que você ficou possesso quando ele pediu o número dela para você.
— Mas é claro que sim! Não quero outro processo por... Espera! Se você já
sabia por que perguntou quem era a Melissa?
— Queria ver sua reação, e foi muito esclarecedora.
— Charlotte! Eu não sou um experimento!
— Que seja, mas eu sei o que vi, além disso, está mais do que na hora de
se estabelecer, você tem uma filha que precisa de uma mãe — falou mais
baixo para Rosalyn não ouvir.
— Ah não! Você também não! Já basta a mamãe com isso. Eu não vou
arrumar uma mulher só porque vocês acham que minha filha precisa de uma
mãe.
— Ninguém disse para você arrumar uma qualquer Ben, e só porque ela
não fica perguntando pela mãe não quer dizer que não sinta falta de uma.
— Ela tem você e a mamãe, já disse e não vou repetir, nunca mais quero
me envolver com uma mulher daquela forma.
— Ben, nem todas as mulheres são como Genevive.
— Eu disse já chega Charlotte! Não quero mais falar sobre isso e ponto
final.
— Okay! Não está mais aqui quem falou — disse suspirando — Mas só
digo uma coisa, essa história só está começando — Eu definitivamente
preciso de irmãos novos.

∞∞∞
O recital de Rosalyn foi incrível, sou suspeito para falar, mas minha
princesinha estava maravilhosa. Não encontramos Melissa, e mesmo estando
aliviado com a possibilidade de ela não ter vindo, ver minha filha triste,
apesar de meus pais e irmãos a estarem paparicando, me machucava pra
caralho.
— Por que ela não veio? — perguntou cabisbaixa minha pequena ainda
com a roupa da apresentação.
— Quem disse que não vim? — Ouvimos uma voz e lá estava Melissa,
vindo em nossa direção, absolutamente linda, como sempre.
— Melissa! — minha filha gritou e pulou em seu colo com o maior sorriso
que eu já tinha visto — Eu pensei que não tinha vindo.
— Mas você me convidou e eu não perderia isso por nada — falou ainda
com minha pequena no colo — E você estava muito linda.
— Você gostou? — Rosalyn perguntou timidamente.
— Eu amei, era a fada mais linda que já vi — Pronto lá estava aquela
sensação que enchia meu peito quando via as duas juntas — Isso é para você
— E entregou uma única rosa cor de rosa para minha filha.
— Para mim? Eu nunca ganhei flores — falou encostando o narizinho na
flor e cheirando — É tão cheirosa, e é rosa! Eu amo rosa.
— Eu sei, por isso escolhi essa apenas para você.
— Obrigada Melissa — falou a abraçando.
— Não vai nos apresentar sua amiga Rosie? — minha mãe falou.
— Sim! Melissa, vem, essa é minha vovó Grace, meu vovô Théo, minha
tia Lottie e o tio Tony você já conhece — Enquanto minha pequena
apresentava cada um, Melissa os cumprimentava ainda com minha filha no
colo — Eu não disse que ela era muito bonita?
— Sim, minha princesinha, ela é muito bonita — minha irmã falou — Ela
veio o caminho inteiro falando de você.
— Ah, obrigada — respondeu colocando Rosalyn no chão — Mas acho
que já atrapalhei muito a comemoração de vocês. Foi um prazer conhecê-los
e você está de parabéns princesa — falou dando um beijo na bochecha de
minha filha e depois limpando o batom que tinha ficado.
— Imagina, não atrapalhou querida — minha mãe falou sorrindo — Nós
vamos sair para jantar e comemorar a apresentação de minha neta, por que
não vem conosco? Tenho certeza de que Rosalyn vai adorar — Que porra
está acontecendo aqui?
— Sim! Vem Melissa, por favorzinho.
— A Melissa deve ter planos Rosalyn, ela já foi muito gentil vindo ao seu
recital, não vamos abusar — falei querendo encerrar logo aquilo, que merda
minha família estava aprontando? Olhei para o lado e Anthony escondia um
sorriso com a mão na boca.
— Deixa a menina decidir Benjamin — meu pai falou me cortando —
Ficaremos felizes de tê-la conosco, Melissa, é claro, se não tiver outro
compromisso.
— É, vem com a gente Melissa — minha irmã disse a encorajando.
Melissa olhou para mim e a encarei, balançando minha cabeça em sinal de
negação.
— Ficaria muito feliz de ir com vocês — Porra! Eu vou matar essa mulher.
— Oba! Você vem no carro com a gente, não é papai? — falou minha filha
já puxando Melissa em direção ao estacionamento da escola. E eu? Eu fui
atrás, já me amaldiçoando por ter permitido uma loucura dessas.

∞∞∞
Eu só podia estar em um universo alternativo, só isso explicaria o fato de
estar vendo Melissa interagido animadamente com minha família. Meus pais
e irmã pareciam absolutamente encantados com ela e o idiota do meu irmão
só ria da situação.
— Admita que é engraçado — falou ele bem baixo.
— Não vejo nada de graça nisso, se tiver dedo seu nessa história...
— Eu não tenho nada a ver com isso, foram nossos pais que a convidaram.
— Mas você abriu essa boca grande falando da Melissa para eles, nem
tente negar, a Charlotte me contou.
— Ela é uma linguaruda — falou olhando a irmã que agora conversava
com Melissa — Eu só disse que você estava caidinho pela nova arquiteta.
— Seu idiota! — falei tentando manter minha voz baixa — Mamãe vive
para me ver casado de novo, pensar que estou apaixonado é como um pote de
ouro para ela.
— Você não negou que sente algo por Melissa — falou levantando a
sobrancelha — Admita irmãozinho, você está caidinho por ela, não o julgo, a
mulher é gostosa pra caralho... Ai! — gritou quando dei um tapa em seu
pescoço, e todos os presentes na mesa olharam para nós curiosos.
— Irmãos — meu pai disse despreocupadamente — Então Melissa, por
que resolveu se mudar para Nova Iorque?
— Bom, aqui as oportunidades são melhores e porque minha mãe não
aprovava muito minhas escolhas de vida.
— Com assim? — minha mãe perguntou interessada.
— Ela não concorda que eu tenha uma profissão, para ela eu deveria ter me
casado um membro da elite londrina e ser uma boa esposa e mãe.
— Que horror! Que pensamento retrógrado — minha irmã exclamou.
— Charlotte! Que falta de modos — ralhou minha mãe com a filha.
— Sinto muito Melissa, eu não quis ofender sua mãe.
— Não tem problema, é muito antiquado mesmo, por isso brigamos, minha
sorte foi que meu pai não concorda com ela e me apoiou a me mudar.
— Deve ter sido muito ruim — falei sem pensar. Por que eu estava me
preocupando?
— Um pouco, principalmente porque minha cunhada é exatamente como
minha mãe queria que eu fosse — comentou suspirando — Mas está tudo
bem agora, ela tem a filha que sempre quis e eu tenho minha carreira — Ela
disse, mas alguma coisa me dizia que não era de todo verdade.
— Mas você deve sentir falta dela — falou minha mãe de forma carinhosa
— Eu sentiria.
— Nós nos falamos algumas vezes ao mês e por enquanto é o suficiente.
— Tudo bem, sem mais interrogatórios — interrompi e Melissa me olhou e
sorriu em agradecimento — Hoje é sobre minha pequena que fez seu
primeiro solo em uma apresentação, vamos brindar — falei e todos pegaram
suas taças com champanhe ou água com gás no caso de minha filha, meu pai
e eu que estávamos dirigindo.
— À Rosalyn — gritamos todos e minha pequena riu feliz.
Após o jantar, enquanto minha irmã e Melissa trocavam números de
telefone, meu irmão veio para perto de mim.
— Não foi tão ruim, não é? E Rosie está feliz — falou apontando minha
filha ao lado de Melissa bem atenta a conversa dela com minha irmã.
— Isso que me preocupa, esse apego da Rosie com ela, não quero que se
machuque.
— E por que isso aconteceria?
— Anthony, coloca uma coisa na sua cabeça, eu não estou indo para ter
um relacionamento com Melissa.
— Por que não? Eu sei que vivo falando que ela é gostosa, e não precisa
me bater de novo, mas além disso, é inteligente, não se intimida na sua
presença, se o que eu vi da interação de vocês dois é alguma indicação, e é
claro, é amiga da Sam, e para ser amiga daquela garota precisa ter muita
paciência. E olha como trata Rosalyn? Nunca vi minha sobrinha tão apegada
a um estranho. Por que não dá uma chance Ben? Está claro que se sente
atraído por ela, até quando vai ficar preso a idiota da Genevive?
— Eu não estou preso a Genevive, ela está morta.
— Sim, está, mas continua ditando seu relacionamento com outras
mulheres com base no que ela fez com você. Nem todas as mulheres são
iguais.
— Você e Charlotte andaram conversando pelas minhas costas? Porque ela
disse a mesma coisa.
— Para você ver como é óbvio — disse e ouvimos a voz do meu pai.
— Nem pensar, está muito tarde, Benjamin te leva em casa.
— Não precisa, Sr. Bowman, eu pego um táxi.
— Ah! Mas de jeito nenhum, meu filho leva você em casa, não é
Benjamin? Você não vai deixar essa jovem pegar um táxi a essa hora da
noite, não é? Não foi a criação que te dei.
— Será um prazer Melissa — falei e ela me olhou divertida — O que? Não
estamos no trabalho, posso te chamar pelo nome, já que todo mundo está te
chamando assim. Você claro, continua me chamando de Sr. Bowman.
— Inacreditável — meu irmão disse atrás de mim.
— Vamos, filha? — falei pegando a mão de Rosie e ignorando Anthony.
— Na verdade filho, vamos levá-la para nossa casa, Rosie passará o fim de
semana com a gente — minha mãe falou e eu franzi a testa, desconfiado.
— Tem certeza filha? Não quer ir com o papai levar a Melissa em casa? —
Minha filha olhou para mim e depois para a avó que assentiu para ela.
— Não papai, vou para casa da vovó, vai ter festa do pijama e a tia Lottie
vai me contar uma história — falou e dando um abraço em Melissa e em mim
foi com meus pais. Eles só podiam estar de brincadeira comigo.
— Eles não foram nem um pouco sutis — Melissa disse ao meu lado
depois que eles se afastaram.
—É... Me desculpe por isso.
— Ah não se preocupe, foi bem engraçado, e pode ficar tranquilo, não tem
a menor possibilidade de acontecer algo entre nós dois — falou rindo.
— É mesmo? — perguntei levantando uma sobrancelha — E por que não?
— Primeiro porque você é meu chefe, segundo porque é um idiota.
— Idiota? — perguntei me aproximando. Eu não estava acostumado com
mulheres resistindo a mim, na verdade era muito fácil encontrar uma disposta
a saciar minhas necessidades, e por mais que tenha falado com Anthony que
não iria me envolver com ela, uma boa foda poderia rolar entre nós, afinal se
eu estivesse certo, aquele vestidinho escondia um corpo gostoso pra caralho,
e senti meu pau se animar com o pensamento. Continuei meu intento,
pegando em sua cintura e colocando minha mão em seus lábios aproximando
nossos rostos — Vamos ver o que acha do idiota.
Capítulo 06
Melissa Delacroix

— Se você não parar agora mesmo o que está fazendo eu vou gritar —
falei tentando me afastar, mas meu corpo me traia, desejando se render aquele
homem, essa proximidade era perigosa demais.
— Tem certeza de que quer que me afaste? — perguntou deslizando o
nariz pelo meu pescoço — Seu corpo diz outra coisa.
— S-sim — falei gaguejando, se ele continuasse roçando aquela barba por
fazer no meu pescoço por mais alguns segundos, tenho certeza de que
perderia o controle.
— Nós poderíamos nos divertir muito juntos srta. Delacroix — falou
puxando o lóbulo da minha orelha com a boca. Era oficial eu estava excitada,
como esse homem podia me deixar nesse estado apenas com um simples
toque? — Sentiu? Eu poderia fazer isso com outras partes do seu corpo
também, posso levá-la ao êxtase apenas com meus lábios.
— Acho melhor eu ir... — falei baixo com o que parecia ser o último fio da
minha sanidade.
— Tem certeza? — perguntou me olhando — Não costumo correr atrás de
uma mulher Melissa, essa será sua oportunidade de me ter — E minha
sanidade voltou como um banho de água fria com aquelas palavras. Quem
esse homem pensava que era?
— Você se julga um partidão, não é? — falei saindo de seu abraço.
— Ninguém nunca reclamou.
— Pois saiba que não sou qualquer uma, e nem que fosse o último homem
da terra iria para a cama com você! — disse e sai de perto dele caminhando
até encontrar um táxi. O ouvi chamar meu nome, mas ignorei, continuei
andando e para minha sorte apareceu um táxi, entrei rapidamente sem nem
olhar para trás.
Fui o caminho inteiro me recriminando por ter me rendido àquele idiota.
Eu não costumava ser tão fácil assim, mas um roçar de sua barba e pronto,
podia sentir a umidade em minha calcinha. Como fui burra! Como pude
cogitar a ideia de ir para cama com um sujeito daquele? E o pior é que
continuava excitada, precisaria dar um jeito nisso quando chegasse em casa.
Devo ter soltando uma dezena de palavrões, pois o motorista me olhava pelo
espelho franzindo o cenho, resolvi ignorar e mandei uma mensagem para
Samantha.

Melissa: Está aí?


Samantha: Me recuperando de uma foda fantástica na mesa.
Melissa: Não preciso dos detalhes Sam!
Samantha: Você perguntou! E você sabe que adoro compartilhar as
proezas do meu homem. Mas o que houve?
Melissa: Quase beijei o Sr. Bowman.
Samantha: ...
Melissa: Sam?
Samantha: PUTA MERDA MELISSA! Como assim quase beijou o
Benjamin?
Melissa: Para resumir, fui à apresentação da Rosie, a família dele estava
lá, me chamaram para jantar e no final meio que obrigaram ele a me
levar em casa, foram embora, ficamos sozinhos e ele foi se aproximando,
e quando vi estava roçando a barba no meu pescoço e mordendo o lóbulo
da minha orelha.
Samantha: MINHA NOSSA! E o que aconteceu?
Melissa: Aconteceu que como sempre ele foi um idiota, tentei resistir e
ele teve a audácia de dizer que não corria atrás de mulher e que aquela
era minha oportunidade de tê-lo.
Samantha: Bem típico dele. E o que você fez?
Melissa: Me afastei e sai de lá o mais rápido possível, agora estou em um
táxi indo para casa.
Samantha: Sua doida! Em um táxi? Em uma hora dessas?
Melissa: O que eu ia fazer? Entrar no carro com ele que não ia ser.
Samantha: Quero só ver o que vai acontecer na segunda.
Melissa: Nem me lembre.
Samantha: Aquele prédio vai pegar fogo com essa atração de vocês, nem
tente esconder que você está caidinha por ele.
Melissa: Por aquele idiota? Nem morta.
Samantha: Vai sonhando, mas me conta, ficou excitada? E não minta!
Melissa: Sem comentários.
Samantha: FICOU! Você está ferrada minha amiga. Acredite em mim,
mais cedo ou mais tarde você vai para a cama com ele.
Melissa: Isso não vai acontecer, nem que ele fosse o último homem da
terra.
Samantha: Não se diz não para um homem como Benjamin.
Melissa: Ele mesmo disse que não corre atrás de mulheres.
Samantha: Mas de você ele vai correr, anota o que estou dizendo, ainda
mais depois do que o Rob me disse.
Melissa: O que ele disse?
Melissa: Samantha?
Melissa: O QUE O ROBERT DISSE???????
Melissa: Eu te odeio.

Podia agradecer a Samantha por não está mais com tanto tesão, mas agora
eu estava puta, que merda Robert falou? Eu ia matá-la por me deixar curiosa
assim. Chegamos ao prédio e depois de pagar o taxista entrei correndo,
agradecendo o elevador por estar parado no térreo e logo cheguei ao meu
apartamento completamente silencioso, já que Gabi estava no plantão
noturno essa semana.
Resolvi encher a banheira, precisava relaxar, e alguns minutos na minha
banheira recém adquirida iria me acalmar. Mas eu estava completamente
enganada, meia hora depois continuava pensando no meu chefe e em suas
palavras que me deixaram tão excitada. Eu precisava de uma noite no clube,
com certeza uma boa foda iria me fazer esquecer aquele idiota.

Benjamin Bowman

— Ela te rejeitou? — meu irmão perguntou rindo da minha cara. Era


sábado à tarde e estávamos na minha cobertura assistindo um jogo de futebol
e eu contava, após muita insistência, como havia terminado a noite depois da
“sutil” saída da minha família — Irmão, está perdendo o jeito? Mas depois do
que disse, tem sorte dela não ter metido a mão na sua cara.
— Não falei nada demais, nada diferente do que costumo falar para as
mulheres com quem saio.
— Permita-me lembrá-lo meu caro irmão que Melissa não é igual as
mulheres com quem você costuma foder.
— Como se você fosse melhor do que eu.
— Eu nunca fui rejeitado... — disse, mas dei uma almofadada na sua cara
— Estou só falando, se quer a garota vai ter que ser melhor que isso.
— Quem disse que a quero? Foi um momento de fraqueza, estava
necessitado e ela estava lá, ponto final — Não sei quem estava tentando
convencer, meu irmão ou a mim mesmo.
— Quer apostar? Não dou nem um mês para vocês estarem em alguma
superfície se pegando.
— Você é um idiota isso sim. Não sei onde estava com a cabeça, mas não
vai rolar nada entre Melissa e eu!
— Se você diz, mas só quero ver vocês na empresa na segunda.
— Você não tem mais nada para fazer em um sábado à tarde do que ficar
me enchendo a paciência?
— Na verdade não, estou me sentindo muito confortável aqui — falou se
esparramando ainda mais no sofá — Além do mais vamos em um clube hoje.
— Vamos?
— Vamos! Você precisa descarregar essa tensão aí antes que exploda, e
abriu um novo lugar aqui perto.
— E se eu não quiser ir?
— Não tem escolha, já comprei as entradas, agora, esse jogo está uma
merda! — Só pude concordar com ele, nosso time estava levando uma surra
do time rival.
Quando chegamos ao clube a fila de entrada estava enorme, realmente o
lugar estava fazendo sucesso, mas já que meu irmão tinha passes vips não
tivemos problemas em entrar direto. O local estava lotado, na parte de baixo
as pessoas estavam se acabando na pista de dança enquanto outras estavam
nos bares dispostos pelo salão.
— O Robert e a Samantha já chegaram, estão lá em cima no espaço vip —
Anthony gritou perto de mim para se fazer ouvir em meio ao barulho. Acenei
para ele e seguimos para onde iriamos encontrá-los.
— Até que enfim vocês chegaram — Robert falou quando chegamos a
mesa que eles ocupavam.
— Pensamos que tinham desistido.
— Sabe que não recuso uma boa festa — meu irmão falou enquanto o
garçom vinha pegar nossos pedidos de bebida — Espera, aquela na pista é a
Melissa? — perguntou e virei o rosto na mesma hora a procurando.
E sim, era ela, como estávamos na parte de cima, tínhamos uma vista
incrível do andar de baixo, e naquele momento, o motivo da minha
inquietação na noite passada estava se acabando na pista de dança, e tinha
que admitir ela dançava muito bem e com aquela roupa seu corpo parecia
ainda mais gostoso.
— Você sabia que ela estaria aqui? — vociferei para meu irmão.
— É claro que não, eu nem tenho o número dela — falou se defendendo.
— Fui eu quem chamei, ela queria sair e como Gabi está de plantão chamei
para vir com a gente. Não sabia que seria um problema — Sam falou
erguendo a sobrancelha no fim. Se eu não os conhecesse poderia ter
acreditado naquela coincidência, mas como os conhecia muito bem sabia que
tinha dedo deles nesse “encontro”.
— Não olhe para mim, não tenho nada a ver com isso — Robert falou
erguendo as mãos e depois tomando mais um gole do seu drink.
— Uau, desse jeito ela vai arrancar todos os olhos dos homens nesse local
— falou meu irmão e voltei meu olhar para Melissa na pista de dança e porra!
Sim, ela estava atraindo todos os olhares do salão. Tomei o resto da minha
bebida com um gole e fui ao encontro dela, antes mesmo de pensar no que
estava fazendo, vê-la sendo cobiçada por todos aqueles homens fez subir uma
fúria dentro de mim que não sei de onde vinha.
No meu caminho até ela, tive vontade de socar a cara de uns três homens
que estavam quase babando nela. Agarrei sua cintura e colei seu corpo ao
meu, aproximando meu rosto de sua orelha.
— Boa noite, Srta. Delacroix — falei em seu ouvido e a senti pular em
meu abraço, mas a mantive firme do lugar — Hoje não fugirá de mim.
— O que está fazendo aqui? — perguntou começando a se balançar no
ritmo da música, se esfregando em mim.
— Sou eu quem deveria fazer essa pergunta.
— Estou me divertindo — respondeu e se virou para me olhar — E você
Sr. Bowman? Não sabia que gostava de uma balada.
— Não curto, prefiro lugares mais reservados, onde posso aproveitar
melhor — Colei nossos corpos, nos conduzindo no ritmo da música — Mas
era isso ou aturar meu irmão, e acredite, Anthony pode ser bem insuportável
quando quer.
— Sério? Ele parece tão divertido — Estreitei meus olhos a esse
comentário, por que ela estava elogiando meu irmão?
— Está interessada, Srta. Delacroix?
— Nem um pouco, nenhum dos irmãos Bowman me interessa.
— Tem certeza? Não é isso que percebi ontem à noite.
— Aquilo foi um erro.
— E isso também é? — E a virei de costas novamente, colando nossos
corpos e pressionando minha ereção em sua bunda redondinha — Sente isso?
É isso que está fazendo comigo.
— Pensei que não se envolvesse com funcionárias.
— Não me envolvo, mas tecnicamente você não é uma funcionária, temos
um contrato.
— Não sei o que está pensando, Sr. Bowman, mas não sou um passatempo
— falou se afastando — Aqui tem um monte de mulheres que tenho certeza,
adorariam uma noite com você, mas não sou uma delas — E saiu da pista de
dança me deixando lá parado com cara de idiota. Quem essa mulher pensava
que era?
— O que aconteceu? Melissa chegou lá na mesa uma fera — Meu irmão se
aproximou, falando alto para ser ouvido.
— Quer saber? Ela é louca, uma hora está se esfregando em mim, em outra
está me insultando.
— Ela é realmente impressionante.
— Vai ficar elogiando-a agora?
— O que? Precisa reconhecer que ela tem pulso firme, não é todo mundo
que enfrenta o poderoso Sr. Bowman.
— Não vou ficar discutindo com você, vou é aproveitar minha noite.
Mas o restante da noite foi uma merda, Melissa não saia da minha cabeça,
e parecia que estávamos em uma competição de quem enfurecia mais o outro,
cada vez que via ela dançar com um cara, beijar ele ou sussurrar em seu
ouvido uma vontade louca de matar o sujeito me invadia, se eu fiquei com
duas mulheres foi muito, meus olhos não paravam de procurá-la a todo
instante, me deixando com um mau humor terrível durante a noite toda.
— Estamos indo, você viu a Melissa? — Samantha perguntou se
levantando da mesa.
— Por que eu saberia onde aquela doida está?
— Porque não tirou os olhos dela — respondeu — Fala sério Ben, você
ficou emburrado a noite toda — Admita que está caidinho por ela.
— Não sei do que está falando — Dei de ombros, mas voltei a olhar para
onde tinha visto Melissa pela última vez. Mas quando a achei a cena que vi
me tirou do sério, ela tentava se afastar de um homem, mas ele não parecia
entender a negativa, a puxando novamente para seu corpo — Merda! — gritei
e fui ao encontro deles.
— Me solta — Ouvi Melissa dizer ao homem.
— Acho que a moça disse para soltá-la — falei firme.
— E você seria...
— O namorado dela. Está tudo bem, querida? — perguntei a abraçando.
— Sim, ele já estava de saída, não é? — falou olhando para o homem que
levantou a mão em sinal de paz.
— Não sabia que ela tinha alguém, mas se fosse minha namorada não
deixaria ficar dançando sozinha por aí.
— Não interessa se ela está sozinha ou não, se ela disse para soltá-la, você
solta, é melhor sair da minha frente antes que quebre sua cara — falei
ameaçador e o homem saiu rapidinho.
— Uau, obrigada! — agradeceu se soltando de mim.
— Disponha, ele era um babaca.
— E que história de namorado é essa?
— Não sei, falei do nada, mas deu certo não foi? — Ela apenas concordou
— A Samantha estava te procurando, ela e o Robert vão embora.
— É acho já deu para mim hoje — E olhando nos meus olhos acrescentou
— Mais uma vez obrigada, não sei o que teria acontecido se não tivesse
aparecido.
— O que houve? — perguntou Sam aparecendo com Robert e meu irmão e
interrompendo nossa conversa — Em uma hora estávamos te procurando na
outra o Ben se levanta do nada e some.
— Eu vi Melissa tentando se livrar de um homem e ele estava sendo
resistente então intervi.
— Bancando o super-herói maninho? Isso não combina com você, está
mais para o vilão surtado — Anthony falou debochado e resolvi ignorá-lo.
— E você está bem? — Sam perguntou.
— Sim claro, o Sr. Bowman chegou bem na hora.
— Isso é bom, vamos para casa?
— Eu a levo, é caminho para a minha — falei e todos me olharam
surpresos.
— Talvez seja melhor... — Melissa começou a falar, mas a cortei.
— Vamos, eu não mordo, prometo — disse e ela resmungou alguma coisa
— Isso me pareceu um sim — Nos despedimos dos nossos amigos e do meu
irmão e quando ficamos sozinhos, sussurrei em seu ouvido — Dessa vez você
quem vai insistir, Srta. Delacroix.
Capítulo 07
Melissa Delacroix

O som do meu celular tocando insistentemente foi o que me acordou de


mais um sonho com Benjamin Bowman, desde a noite do recital de balé da
sua filha eu venho sonhando com ele, como se não bastasse invadir meus
pensamentos durante o dia ele ainda era responsável por me dar orgasmos
nos meus sonhos e me fazer acordar totalmente molhada.
Peguei o aparelho e dei um pulo da cama, eu estava muito atrasada. Merda!
Merda! Merda! Nem atendi a ligação do meu pai, mas teria que agradecê-lo
depois por me acordar. Corri para o banheiro, tomando um banho rápido e me
vesti colocando a primeira roupa que vi, saia lápis azul marinho e blusa de
seda branca, peguei os saltos e sai do apartamento passando pela mesa posta
com tristeza, ia ter que tomar um café na empresa mesmo, era por isso que
preferia trabalhar em casa, no meu tempo, com toda a comodidade que isso
me proporcionava.
O caminho todo eu só pensava nele, no que tinha acontecido no final de
semana. A noite no clube não saia da minha cabeça, não sei o que deu em
mim para ter agido daquele jeito, dançar com ele, me esfregar, só sei que
quando estou perto daquele idiota sinto meu corpo quente, tenho vontade de
me jogar em cima dele e ver de perto a protuberância em suas pernas e o que
ele seria capaz de fazer, se o volume que senti naquela noite fosse alguma
indicação de quão bem-dotado ele era. Mas é claro, ele tinha que bancar o
arrogante e ser um idiota. Lembro que sai da pista e subi furiosa, roubando a
bebida de Sam e tomando em um só gole.
O resto da noite fiz questão de deixar bem claro que não estava nem aí para
ele, devo ter ficado com uns três homens que nem lembro o nome mais, mas
pude sentir seu olhar em mim a noite toda, o que me encorajou a continuar
implicando com ele. Não lembro bem quando começou a confusão, mas sei
que estava tentando me livrar de um homem insistente e ele chegou do nada,
já me puxando pela cintura e expulsando o inconveniente, sua proximidade
me fez quase cair na tentação e o sussurrar de seus lábios no meu ouvido
dizendo que eu quem iria insistir me fez soltar uma sonora gargalhada que o
fez fechar a cara na hora e passar o caminho todo até meu apartamento
emburrado. Mas a verdade é que se essa nossa proximidade continuasse era
bem capaz de eu insistir, só para acalmar o fogo entre minhas pernas.
Cheguei na Bowman com uma hora de atraso e torci para meu chefe idiota
e absolutamente gostoso não ter notado minha ausência. Mas foi em vão,
assim que sai do elevador dei de cara com ele.
— Chegando agora, Srta. Delacroix? — perguntou — Não admito atrasos
dos meus funcionários nesta empresa.
— Como você disse, tecnicamente não sou uma funcionária — rebati
sorrindo debochada — Agora, se me der licença tenho uma reunião com sua
equipe — Porém, antes que pudesse sair ele me puxou para perto.
— Espero que a noite tenha valido a pena para ter chegado a essa hora.
— Bastante Sr. Bowman, umas das melhores que tive — respondi sorrindo
e o vi fechar a cara. Ele não precisava saber que havia sonhado com ele, não
é? — Se não tem mais nada a me dizer, preciso ir — E corri para minha sala,
respirando fundo. Por que ele mexia tanto comigo?

∞∞∞
A reunião foi ótima, todos pareceram empolgados com o projeto e os
dividi em subequipes, geralmente eu trabalhava sozinha, mas para dar conta
do prazo, já que o projeto era bem complexo e detalhado iria usar o time
interno da Bowman, claro que tudo sob a minha supervisão. Depois da
reunião finalmente consegui ligar para o meu pai, mas para meu azar quem
atendeu foi minha mãe.
— Eu te liguei a semana passada toda e você não retornou — falou assim
que atendeu a ligação.
— Oi para você também mãe.
— Não me venha com esse tom mocinha — Respirei fundo, ela precisava
ser assim?
— O que você quer mãe? Estou cheia de trabalho...
— Aí está, esse trabalho de novo, você nunca tem tempo para sua família!
— Mãe... — Eu realmente não estava com paciência para lidar com ela
hoje.
— Espero que esteja valendo a pena, sacrificar uma família por uma
carreira, onde já se viu.
— Mãe! — falei firme — Eu liguei para falar com o papai, para ver se está
tudo bem, o que ele queria falar comigo, por favor, não começa. E o fato de
eu ter uma carreira não quer dizer que não posso ter uma família.
— E que homem vai querer uma mulher que não tem tempo? Eu não
entendo onde errei com você, a criei com todos os modos para ser uma
esposa e mãe maravilhosa, sabia que não devia ter deixado seu pai te encher
de ideias...
— O papai só quer me ver feliz!
— E eu não? O que mais quero é te ver feliz meu amor, e sei o que é
melhor para você, é minha filha, uma mãe sabe dessas coisas. Veja sua
cunhada, é absolutamente feliz como uma boa esposa londrina e em breve
será a mãe do meu neto, o que é bom porque se dependesse de você jamais
seria avó, você deveria ser mais como ela e...
— Mãe! Já chega! — falei cheia de raiva, eu odiava quando ela fazia isso
— Eu não sou a Catherine, ela escolheu esse caminho eu não, agora se não
tem mais nada a dizer...
— Você não entende! — continuou dramática — Eu sou a chacota da
sociedade, todas as minhas amigas falando de suas filhas e netos... Eu
simplesmente não entendo Melissa, você teria tudo, poderia passar seus dias
planejando festas, fazendo compras...
— Mas eu não quero isso! Nunca quis e você não precisa entender, minha
felicidade já deveria bastar para você.
— Eu quero acreditar que está feliz, mas não consigo, eu me dediquei tanto
a você, os melhores professores de etiqueta, colégios caríssimos, um guarda-
roupa de princesa...
— Eu preciso desligar mãe — interrompi, as lágrimas já ameaçavam
descer — Mande um beijo para o papai.
Encerrei a ligação e permiti as lágrimas caírem, será que ela nunca veria
que eu sou feliz assim? Que jamais me contentaria em ser apenas uma mãe e
esposa? Que seus comentários me machucavam? Que odiava mais do que
tudo que ela me comparasse à Catherine? Minha cunhada era uma pessoa
maravilhosa, mas nosso relacionamento não era tão próximo, em parte por
causa da constante comparação de minha mãe e em parte porque sempre que
a via me perguntava se meu relacionamento com minha mãe seria melhor se
eu fosse como ela. Agora então que estava grávida, era tudo dez vezes pior e
cada vez mais adiava minha ida à Londres para vê-los.
— Você está chorando? — uma vozinha infantil perguntou, não precisei
levantar os olhos para saber que era ela.
— Não é nada princesa — respondi limpando o restante das lágrimas e
indo até ela — Como foi o final de semana? Se divertiu na casa dos seus
avós? — perguntei me lembrando de que ela iria para lá e para tentar distrai-
la.
— Muito! Vovó fez biscoitos e eu comi um montão de doces, mas não
conta para o papai, ele não gosta quando como besteira.
— Eu prometo — falei sorrindo — O que tem aí?
— Lápis coloridos — respondeu me mostrando o estojo que estava
escondido atrás dela — Pedi para o meu papai comprar um igual ao seu,
assim posso pintar igual você.
— Uau, são incríveis — Honestamente tem alguma coisa que esse homem
não faça por ela? — Gostaria de estreá-los?
— Sim, Melissa! Eu posso me sentar na sua mesa também?
— Mas é claro — disse arrumando um espaço para que ela pudesse se
acomodar — O que quer colorir?
— Casas, igual você — respondeu e fiquei tocada com sua escolha.
— Muito bem, acho que tenho uns aqui que pode colorir.
Peguei alguns desenhos que havia descartado da gaveta e entreguei a ela
que pegou tudo e começou a pintar bem animada, dizendo que queria fazer
isso para sempre quando crescesse. E eu sorria a cada vez que me chamava
para mostrar o que fizera, sua energia me distraindo da conversa com minha
mãe.
— Imaginei que estaria aqui — A voz de Benjamin soou da porta da minha
sala.
— Vim mostrar meus lápis para a Melissa papai, mas ela estava chorando.
— Chorando? Está tudo bem, Melissa? — perguntou e senti sinceridade
em sua voz, e ele me chamou Melissa!
— Está sim, apenas algumas coisas não são como eu gostaria que fossem
— respondi — Nada a ver com o projeto, não precisa se preocupar.
— Eu estava preocupado com você. Se eu puder ajudar em algo...
— Você oferecendo ajuda? — O encarei incrédula.
— Desisto! — falou exasperado e olhou para cima — Até quando tento ser
simpático ela me ataca.
— Desculpa, força do hábito.
— Está se desculpando? — perguntou sarcástico.
— Retiro as desculpas, você continua sendo um idiota.
— Por que papai é um idiota? — Rosie perguntou e só então me lembrei
que ela estava lá.
— Está vendo o que fez? Papai não é idiota princesa.
— É princesa, ele é só um pouquinho irritante.
— Vocês são engraçados — falou — Então vamos almoçar? Melissa vem
com a gente, não é papai?
— De novo filha? Tenho certeza de que ela tem planos.
— Na verdade, eu adoraria — falei só para contrariá-lo, mas também
porque estar com eles me fez esquecer do conflito de mais cedo com minha
mãe.
— Está vendo papai? Então vamos, quero hambúrguer! — disse se
levantando da mesa.
— Hoje é segunda-feira Rosalyn, nada de hambúrgueres!
— Mas papai, eu amo hambúrguer, eles me deixam feliz, e a Melissa
estava triste, precisamos fazer ela feliz — Meu coração errou uma batida ao
vê-la falar de forma tão carinhosa, tive vontade de pegá-la no colo e nunca
mais soltar — Você não quer ver a Melissa feliz? — perguntou inocente e
olhei para Benjamin que olhou para filha frustrado, ninguém conseguiria
negar isso a ela depois de um pedido desses.
— Tudo bem filha, podemos comer hambúrgueres, mas hoje à noite
comerá todos os seus legumes sem reclamar.
— Vamos pensar sobre isso — falou espertinha.
— Pensar não mocinha, ou promete ou não vamos.
— Tudo bem, tudo bem. Vocês adultos são tão chatos — concordou e saiu
andando, não contive o riso e soltei uma sonora gargalhada. Benjamin olhou
para mim tentando ser sério, mas acabou dando um sorrisinho.
— Vê o que preciso aguentar? — Falou me dando passagem para sair da
sala.
— A filha é sua, tenho certeza de que tem parte nisso.
— Touché — disse e fomos em direção a pequena que nos esperava no
elevador.

∞∞∞
— Nem pensar Rosalyn — Benjamin disse para a pequena ao seu lado.
— Mas papai...
— Não tem mas dessa vez Rosie, já comeu hambúrguer, batata frita e
tomou refrigerante — falou sério — Sem sundae de chocolate para você.
— Mas a gente quer deixar a Melissa feliz, todo mundo fica feliz comendo
chocolate — rebateu a pequena e tive vontade de rir, acho que não fui bem-
sucedida em disfarçar minha risada pois recebi um olhar bem feio do meu
chefe. Decidindo que precisava tomar uma atitude me virei para a menina e
sorri.
— Eu estou bem feliz princesa, amei o almoço.
— Tem certeza? — perguntou em dúvida me olhando e balancei a cabeça
afirmativamente — Não sei, ainda acho que precisa de um sundae —
concluiu decidida.
— Acho que podemos fazer um acordo — falei e olhei para Benjamin
pedindo com os olhos para confiar em mim.
— Acordo? — perguntou a pequena.
— Sim, acho que seu pai tem razão, já comeu bastante coisas não
saudáveis por hoje — continuei e ela me olhou triste, não sei por que aquilo
me machucou um pouquinho — Mas se seu pai concordar na quarta quando
for na empresa eu te trago alguns cupcakes que eu sei fazer — Seus olhos
brilharam com a ideia, olhei para seu pai e ele me encarava de uma forma tão
profunda que precisei desviar o olhar.
— Pode ser rosa? Eu amo rosa!
— Claro que sim, mas só se seu pai concordar — falei e ela olhou para ele
com um sorriso tão grande que seria impossível ele dizer não.
— Tudo bem, mas com uma condição — Parou de falar e Rosalyn o
encarou esperançosa — Que eu ganhe um também — A pequena bateu
palmas e eu o encarei.
— Eba! Você pode trazer mais para o meu papai também Melissa?
— É claro princesa — respondi olhando para ela e sorri diante da sua
alegria — Vai querer cor de rosa também, Sr. Bowman? — perguntei
olhando desafiadoramente para ele.
— Rosa não é minha cor — falou e eu ri — Na verdade, gostaria de ser
surpreendido, você decide, que cor eu mereço? — continuou e deu aquele
sorrisinho que me fazia querer esfregar as pernas, mas me controlei, afinal
tinha uma criança presente.
— Hum... Acho que preciso pensar, algo cinza talvez?
— Não! — Rosie falou me olhando horrorizada — Cinza não, não gosto
de cinza, é feio. Papai gosta de azul.
— Azul? — perguntei e a pequena concordou — Tudo bem então, será
azul.
— Cupcakes decididos, precisamos voltar para o trabalho e você para a
escola, mocinha.
— Mas está tão divertido — falou fazendo bico.
— Mas você precisa estudar, não quer ser uma arquiteta? Então precisa
estudar bastante, pergunte a Melissa.
— Você teve que estudar muito Melissa?
— Muitíssimo — respondi concordando e ela suspirou
— Tudo bem então — falou desanimada — Quarta a gente almoça de novo
e com cupcakes.
— Hã... Filha, eu acho que Melissa não vai querer almoçar com a gente de
novo.
— Besteira papai, é claro que ela vem, não é Melissa? — No que eu tinha
me metido? Como poderia falar não para essa menina? Seus olhos brilhavam
na expectativa, e a ideia de negar alguma coisa a ela, mesmo algo tão simples
quanto um almoço, embora com a companhia do idiota do pai dela, me
causava uma dorzinha no peito.
— É claro, acho que posso almoçar com vocês de novo na quarta — falei
sorrindo para ela que pulou na cadeira de alegria, enquanto seu pai me
fuzilava com os olhos.
— Supere — comentei para ele jogando uma mecha do meu cabelo para
trás.
No caminho de volta para a escola, Rosalyn não parava de falar da festa do
pijama que ia ter na casa de uma amiguinha, e o quanto estava animada e
ansiosa para usar seu novo pijama de princesas.
— Eu nunca tive uma festa do pijama — falou triste — Papai não deixa.
— Filha o papai já disse, eu não sou bom com essas coisas.
— Mas a vovó e a titia Charlotte podem organizar, eu sou a única menina
que não fez festa do pijama — falou toda cheia de si com seus altos quatro
anos de idade.
— Podemos pensar para seu próximo aniversário.
— Mas vai demorar, um ano inteirinho — disse dramática — Você não vai
fazer isso comigo, né? — Precisei de todo meu esforço para não rir, mas
percebi que Benjamin estava fazendo a mesma coisa, essa menina é terrível.
— Tudo bem Rosalyn, vou pensar sobre isso.
— Você vai dizer não, sempre diz não quando fala que vai pensar, Melissa
fala para o meu papai que uma menina precisa de uma festa do pijama.
— Toda menina precisa de uma festa do pijama — falei só para ver a cara
de contrariado dele, e como previ assim que parou no sinal me encarou em
fúria.
— Não disse? Você não é menina papai, não sabe das coisas. Agora quem
vou convidar para a festa? — disse como se tudo estivesse decidido e
começou a falar consigo mesma sobre convidadas, brinquedos e bolo. E eu só
ria enquanto era assassinada pelo olhar de meu chefe de mil formas possíveis.
— Eu deveria te esganar por me colocar nessa situação.
— Relaxa, chefe, é só um monte de meninas de quatro anos, o que poderia
acontecer?
— Não gosto de estranhos em minha casa.
— Não são estranhos, são as amigas da sua filha — falei e ele balançou a
cabeça ainda possesso comigo.
Quando chegamos à escola da pequena, ela ainda falava sobre a festa e o
pai dela ainda me olhava como se quisesse arrancar minha cabeça fora.
— Melissa, posso te fazer uma pergunta? — falou assim que entramos na
fila de carros na porta da escola.
— Claro, princesa.
— Por que você chama o meu papai de Sr. Bowman? Senhor é coisa de
velho, ele não é velho — Essa menina tinha cada uma.
— É em respeito pequena, porque ele é meu chefe.
— Continuo achando estranho, vocês deviam se chamar pelo nome.
— Ah é? Por quê? — perguntei inocentemente e já me arrependendo.
— Para vocês poderem namorar, ia ser tão lindo — disse e saiu do carro
quando a inspetora abriu a porta a tirando da cadeirinha, deixando seu pai e
eu boquiabertos e em choque.
Capítulo 08
Benjamin Bowman

O caminho da escola da minha filha até a empresa foi extremamente


constrangedor, nenhum de nós reagiu à fala da pequena. Eu simplesmente
voltei a dirigir em completo silêncio e agradeci por Melissa fazer o mesmo. O
que deu em minha filha? Precisava conversar seriamente com ela hoje à
noite. Quando voltamos para a empresa senti um número considerável de
olhares em nós, já que muitos a viram sair do meu carro. Merda! Odiava que
meus funcionários bisbilhotassem minha vida e aqui estava eu, dando um
prato cheio de fofocas para eles, voltando do almoço com a nova arquiteta.
Quando chegamos no nosso andar e estávamos saindo do elevador, ela puxou
meu braço, tocando-me voluntariamente pela primeira vez e causando uma
sensação estranha em mim, como se uma corrente elétrica percorresse meu
corpo.
— Não precisa ficar surtando. Eu sei como são crianças, elas têm o dom de
falar coisas para nos deixar desconfortáveis.
— Eu não...
— Não está surtando? É claro que está, Benjamin, é só olhar para seu
rosto.
— Você me chamou de Benjamin? — perguntei surpreso e gostando da
sensação de meu nome saindo de seus lábios, acho que ninguém nessa
empresa, tirando meu irmão e Sam, me chamava pelo nome.
— Bom, você me chamou de Melissa primeiro, mas se isso fere a
hierarquia posso voltar a te chamar de Sr. Bowman, mas como sua filha
disse, você não é velho — falou e deu uma piscadinha no final.
— Desde que não faça isso na frente de outros funcionários, não vai fazer
mal.
— Sério?
— Pensou que iria me irritar?
— Bom, um pouco, você se irrita tão fácil.
— Você faz de propósito, não é?
— O quê? Te irritar? — perguntou levantando uma sobrancelha — Virou
meio que um hobby — E saiu indo para sua sala me deixando de boca aberta
e com uma bela vista de seu traseiro.
Fui para minha sala e tentei me concentrar nos documentos a minha frente,
mas a figura irritante da minha arquiteta insistia em invadir minha mente, é
claro que não era a primeira vez, desde o último fim de semana vinha
sonhando com ela, e sempre acordava excitado.
Aproveitando que minha filha estava com meus pais dei uma escapada
para o apartamento de Nicole, precisava descarregar toda essa tensão que
sentia perto de Melissa e nada melhor do que uma boa e revigorante foda, ou
era o que pensava, mas durante todo o momento não parava de pensar nela,
quando olhava os cabelos negros de Nicole eram os loiros dela que eu via,
quando encarava seus olhos tão escuros como a noite eram os prateados dela
que eu enxergava, e enquanto castigava seu corpo com minhas estocadas, era
Melissa quem eu imaginava, deitada, implorando para que a possuísse. O
sentimento foi tão intenso que tenho certeza de que chamei o nome dela
quando finalmente gozei.
Nicole e eu havíamos nos conhecidos em uma festa dada por um de meus
clientes após a entrega de um projeto, ela é modelo e estava no país a
trabalho, mas após o sucesso de sua campanha teve muitas propostas e
resolveu ficar em Nova Iorque em definitivo. Nós tínhamos uma relação
estritamente sexual, uma amizade colorida, como chamávamos, sem
cobranças ou ciúmes. Nosso acordo era muito benéfico para ambos, já que eu
não precisava procurar por alguma mulher quando quisesse transar e correr o
risco de alguma coisa vazar para a impressa, e ela desfrutava de alguns
mimos que lhe fornecia, sem sentimentos, apenas o bom e velho sexo.
— A empresa inteira está comentando que voltou do almoço com a
Melissa — meu irmão disse entrando em minha sala e me tirando dos meus
pensamentos — Tem alguma coisa que eu precise saber? Resolveu assumir
seus sentimentos?
— De que merda você está falando?
— Do fato de que está caidinho pela arquiteta.
— De novo isso Anthony? — perguntei frustrado, e me inclinando na
cadeira.
— Sua reação diz tudo, como foi o almoço?
— Você não tem nada melhor para fazer não? — perguntei quase
implorando para que não precisasse contar o que minha pequena havia dito,
se meu irmão soubesse, ele não iria parar nunca mais com as provocações, e
se chegasse aos ouvidos de minha mãe eu estava ferrado.
— Estou muito bem aqui, aliás vou ficar melhor quando me passar aquele
whisky ali — E apontou para meu armário de bebidas que mantinha na minha
sala.
— Você não tem jeito, e não teve nada demais, como sempre Rosie a
convidou e o que minha filha quer, ela dá um jeito de conseguir — falei nos
servindo com a bebida.
— E isso inclui, pelas minhas contas um terceiro almoço com Melissa.
— É Srta. Delacroix para você.
— Quanta possessividade — falou e o olhei furioso — Mas você não me
disse o que aconteceu depois que saímos do clube, na verdade não te vi o
domingo todo. Onde você se meteu? Não me diga que conseguiu levar ela
para a cama?
— Se eu te responder você some da minha frente?
— E isso já responde a minha pergunta, está muito mal-humorado para
quem supostamente teria passado o dia de ontem fodendo a arquiteta gostosa.
— Já disse para não a chamar assim, caramba! — falei grosso, não sei o
que me deu, mas odiava que meu irmão se referisse a Melissa dessa forma,
como se quisesse fazer com ela o mesmo que eu.
— Já não está mais aqui quem falou — disse se levantando — Você está
com um humor péssimo hoje, melhor mudar isso antes que ela perceba que é
um idiota, ou se é que já não percebeu.
— Se você não fosse meu irmão acho que já tinha te socado, você pode por
favor parar de falar merda e dar o fora daqui?
— Eu vou, mas só porque olhar para essa sua cara não está sendo nada
divertido — respondeu saindo da minha sala e eu desabei na minha cadeira.
Que porra estava acontecendo comigo? Eu jamais havia ficado assim por
alguma mulher, acho que nem com Genevive ficava tão possesso quando
alguém elogiava sua beleza, mas com Melissa, apenas um comentário de meu
irmão havia me tirado do sério. Não queria admitir, mas estava com o ego
ligeiramente ferido com sua recusa na noite do clube, fiquei furioso com
aquela gargalhada ao meu convite, achei que meu tesão passaria na hora, mas
o caminho inteiro até seu apartamento eu só pensava em como queria entrar e
fodê-la em todas as superfícies daquele lugar. Olhei para baixo e sim, estava
excitado, só o pensamento dela nua me deixava ereto, eu precisava resolver
essa situação de uma vez por todas.
Levantei-me abruptamente e rumei em direção a sua sala, mas para minha
decepção estava vazia. Onde essa mulher havia se metido? Eu estava a
pagando para trabalhar, não para ficar passeando pelo prédio. Sentei-me em
uma das poltronas e aguardei seu retorno, o que só fez com que minha raiva
aflora-se ainda mais ao vê-la se aproximar conversando animadamente com
um dos funcionários do setor de engenharia, dava para ver que o babaca
estava querendo entrar em suas calças, pelo jeito que sorria e segurava seu
cotovelo. Como a sala era toda de vidro, eles me viram bem antes de
chegarem perto da porta, apenas os fuzilei com o olhar o que fez o idiota se
endireitar, murmurar um cumprimento rápido e sair apressado. E o que ela
fez? Apenas me olhou franzindo o cenho.
— Pensei que havia deixado claro que esse projeto é uma prioridade —
falei me levantando da poltrona assim que ela entrou.
— E é — respondeu direta — Por que a pergunta?
— Porque não parece, estou te pagando para trabalhar, não para ficar de
papo com a equipe.
— É o que? — falou e senti a fúria em sua voz — Para sua informação o
projeto está seguindo o cronograma corretamente. E o fato de ser o dono da
empresa não te dá o direito de invadir minha sala. Como o senhor disse temos
um contrato, eu poderia muito bem estar trabalhando em casa, e o farei se
tiver que ficar aguentando gracinhas de um idiota que não entende nada de
arquitetura.
— Como é que é? — falei me aproximando dela, estávamos agora cara a
cara.
— Foi isso o que ouviu — me encarou sem recuar — Sua equipe e eu
estamos trabalhando duro nesse projeto, pois sabemos a importância dele, e
ao invés de me questionar por ter saído durante dez minutos para tomar um
café, por que não pergunta como estamos indo, e se precisamos de alguma
coisa? Tenho certeza de que ajudaria muito mais do que ficar gritando com
todo mundo.
— Quem você pensa que é para falar assim comigo? — Dizer que estava
lívido era pouco, eu estava espumando de raiva.
— Uma pessoa, que sempre o tratou com respeito e exige o mesmo, se
veio saber sobre o projeto era só perguntar não ficar dando uma de macho
alfa. É tão difícil ser educado? Você mesmo falou que não é esse monstro que
pintam, por que não age assim então?
— Você sabe que posso rasgar aquele contrato e demiti-la, não é?
— Ótimo, faça isso, quem sairá perdendo será você — falou e tinha que
admitir que ela estava com razão, o projeto estava ficando muito bom e eu
não iria encontrar mais nenhum arquiteto em tão pouco tempo, fora que o
príncipe Khalil já havia aprovado o pré-projeto — Ou melhor, eu mesma saio
— falou já indo em direção a sua bolsa para pegá-la, mas fui mais rápido e a
puxei.
— Não, espere, olha, não estou com um humor muito bom hoje, não devia
ter sido tão grosseiro, você está certa — Respirei fundo, nem sabia por que
estava sendo tão idiota com ela, eu normalmente não me importava que meus
funcionários fizessem uma pausa, desde que cumprissem suas obrigações,
mas vê-la com aquele cara havia realmente me causado uma sensação
estranha de posse — Me desculpe.
— Desculpas aceitas, também não devia ter sido tão petulante, mas eu
realmente odeio que me menosprezem, traz algumas lembranças que não
gosto de recordar.
— Que tipo de lembranças? — perguntei curioso e já mais calmo.
— Com minha mãe, mas é uma longa história.
— Tem a ver com o que falou no jantar após o recital da Rosie?
— De certa forma sim.
— Por isso estava chorando mais cedo? — Perguntei me lembrando do
motivo do almoço, a tentativa de minha filha de fazer “a Melissa feliz”.
— Um pouco.
— Quer conversar?
— O que? — perguntou incrédula.
— Não sei, pareceu ser a coisa certa a dizer — dei de ombros — Estou
tentando.
— Não combina muito com você.
— Se sou grosso você fica irritada, se tento ser amigável você diz que não
combina comigo, você é enlouquecedora, Melissa Delacroix. Não tenho ideia
do que fazer com você — Na verdade eu tinha muitas ideias, mas nada que
pudesse ser feito no local de trabalho.
— Digo o mesmo de você, Sr. Bowman, em um minuto está me tirando do
sério, em outro me fazendo ter múltiplos orgasmos...
— O que foi que você disse? — perguntei em choque e ela tapou a boca
percebendo o que tinha dito e arregalando os olhos.
— N-nada.
— Eu ouvi muito bem, quer dizer que te faço ter múltiplos orgasmos? —
falei chegando mais próximo dela — Conte-me mais sobre como eu faço
isso...
— Eu não...
— Está gaguejando, Srta. Delacroix? Justo você que tem sempre uma
resposta na ponta da língua? — falei me aproximando mais enquanto ela
dava passos para trás até que encostou na mesa — Não tem mais para onde ir
— Agora nossos corpos estavam bem próximos um do outro, e tinha certeza
de que ela podia sentir minha ereção por cima da calça do terno, aproveitei
sua distração e passei meus braços em torno de sua cintura.
— Sente isso? É como nos seus sonhos?
— Eu acho melhor... — Não a deixei terminar a frase, me inclinei um
pouco afundando meu rosto em seu pescoço e sentindo seu perfume.
— A sensação é tão boa como essa? Podemos recriar a cena que imaginou
— falei deslizando minha barba em seu pescoço e a senti estremecer em
meus braços. Aproveitando que ela tinha amolecido agarrei sua cintura e a
coloquei sentada na mesa ficando entre suas pernas — Diga-me o que eu faço
nos seus sonhos? Onde eu a toco? Talvez aqui? — Passei minhas mãos pelas
suas pernas subindo um pouco a saia.
— Benjamin... —gemeu meu nome colocando os braços nos meus ombros
e apertando.
— Ou talvez aqui — disse subindo minha mão quase tocando seus seios.
— Benjamin... — Apertou mais suas mãos em meus braços e inclinou a
cabeça para trás.
— Foi assim que gemeu meu nome? — continuei voltando a atacar seu
pescoço, a vontade de beijá-la era gritante, mas precisava ter certeza de que
era o que ela queria.
— S-sim...
— O que você quer Melissa?
— Você! Me beija — falou finalmente me encarando, o desejo estampado
em seus olhos, ela estava com tanto tesão quanto eu.
— Acho que posso resolver isso — Aproximei nossas bocas, enquanto ela
mordia o lábio inferior e aquilo foi a minha perdição, fui ávido em direção a
seus lábios, louco para provar seu sabor e explorar cada cantinho com minha
língua.
— Melissa, estou indo, você vem ou...
A voz de Samantha foi sumindo à medida que entrava na sala e dava de
cara comigo e Melissa naquela posição, ela sentada na mesa com as pernas
abertas e a saia levemente levantada e eu em pé entre as pernas dela, com as
mãos firmemente presas em sua cintura.
— Mas o que... — Ia dizendo, mas Melissa a interrompeu, pegando a bolsa
e o celular apressada e a puxando para fora da sala sem dizer uma única
palavra, enquanto eu ficava lá, parado, de pau duro sem saber que merda
tinha acontecido.
Eu não sabia se agradecia ou amaldiçoava Samantha por ter nos
interrompido. Mas acho que deveria agradecê-la, afinal a sala de Melissa era
toda de vidro e qualquer um poderia ter nos visto quase transando em cima da
mesa, porque com toda a certeza era isso que aconteceria se tivesse provado
aqueles lábios deliciosos, excitado do jeito que estava não teria sequer
raciocinado onde estávamos e o que estávamos fazendo. Respirei fundo e
olhei em volta, Melissa tinha deixado todas as suas coisas espalhadas pela
mesa, resolvi arrumar para ver se me acalmava e para tentar colocar os
pensamentos em ordem.
Sua afirmação de que teve orgasmos pensando em mim me encheu de puro
orgulho masculino. Saber que havia sonhado comigo e que tinha sido tão
intenso quanto os meus sonhos com ela, aumentou meu desejo. Eu precisava
resolver isso, tinha ido até sua sala para deixar as coisas claras. Não queria
misturar minha vida profissional com minha vida pessoal, mas uma foda
casual não faria mal nenhum e poderíamos seguir em frente sem toda essa
tensão sexual a cada vez que ficávamos juntos em uma sala. Pronto! Estava
resolvido, eu iria propor à Melissa uma noite, apenas uma noite e poderia
encerrar isso de uma vez por todas.
Capítulo 09
Melissa Delacroix

— Não fala nada por favor — disse enquanto puxava minha amiga para
fora da minha sala até o elevador, depois dela ter interrompido meu momento
de loucura. Como pude permitir aquilo? Por que Benjamin me afetava tanto?
Serei eternamente grata a Samantha por ter nos interrompido, porque tinha
certeza de que do jeito que as coisas estavam bem intensas teríamos transado
em cima da minha mesa, sem nem pensamos sobre o que fazíamos! Como
pude pedi-lo para me beijar?
— Amiga, vocês estavam...
— Eu sei — cortei ainda em choque pelo que tinha acontecido e muito
excitada, podia sentir a umidade em minha calcinha, e não tínhamos nem nos
beijado, aquele homem era tentador demais. Por que eu tinha dito aquilo?
Estava tão lívida com ele que quando vi estava falando aquela besteira dos
orgasmos. Ainda podia sentir sua barba roçar meu pescoço e suas mãos
percorrendo meu corpo.
Samantha e eu ficamos em silêncio até chegarmos ao carro dela, mas eu
sabia que assim que estivéssemos lá dentro não teria escapatória, ela iria
querer todos os detalhes de como chegamos naquela situação. Entramos no
carro e ela pegou o celular mandando algumas mensagens ainda sem dizer
uma única palavra.
— Gabi está de folga e avisei o Rob que vou dormir no apartamento de
vocês, precisamos conversar — falou colocando o cinto e dando partida.
— Tudo isso por causa daquilo?
— Amiga, não é só porque te peguei quase transando com o Benjamin, é
porque acho que tem mais coisa acontecendo e o que pode estar por vir.
— Do que está falando? Que coisas acontecendo? — perguntei surpresa,
eu só tinha quase dado uns amassos com meu chefe, não era um crime tão
grave assim — Tem a ver com aquela mensagem que me mandou sobre o
Robert ter dito alguma coisa? E por falar nisso, ainda estou brava por não ter
me contado.
— A gente conversa no seu apartamento, Gabi vai nos matar se deixarmos
ela de fora de novo, estou ouvindo até hoje pelo fato de ter me mandado
mensagem daquela vez me contando que quase se beijaram e não ter
mandado para ela.
— Sério? — perguntei descrente, Gabi era tão dramática, eu havia contado
para minha amiga logo depois do plantão dela.
— Conhece a Gabriella, adora uma fofoca — Rimos e ela voltou a dirigir
quando o sinal abriu.
Não conversamos muito durante o restante do trajeto até meu apartamento
e eu só conseguia pensar no que Samantha queria dizer com aquelas frases,
não fazia ideia do que estava falando. Entramos direto na garagem, já que o
carro dela era liberado e subimos para meu andar.
Eu não fazia ideia de como as meninas tinham conseguido aquele lugar,
ficava em um prédio ótimo, com academia e piscina, no coração do Upper
West Side, o aluguel era uma fortuna, como todas as moradias naquela área,
mas tínhamos bons empregos e conseguíamos pagar, era o sonho de qualquer
jovem, ficava perto de tudo.
Gabi já estava a postos quando entramos, na mesa vi algumas caixas de
pizza e duas garrafas de vinho em um balde com gelo, acho que iríamos fazer
uma noite de garotas.
— Tudo bem, desembuchem! — Gabi disse.
— Posso tomar banho primeiro? — perguntei nem um pouco ansiosa para
aquela conversa, e precisando me livrar das provas do meu momento com
meu chefe.
— Não demora, preciso ser atualizada, Sam vive economizando nas
mensagens, até parece que não tem plano ilimitado.
— Sabe que detesto mensagens de texto. E vou tomar um banho também,
vou pegar uma roupa no seu armário, Mel — disse e foi em direção aos
quartos.
— Não vai dar nenhuma pista mesmo? — Gabi perguntou me olhando
com olhos de cachorrinho pidão.
— Eu nem sei por que a Sam está fazendo tudo isso, não aconteceu nada.
— Sei — falou e foi para a cozinha separar as coisas enquanto eu ia tomar
banho.
Enrolei o máximo possível, só queria um momento para refletir sobre o
que tinha acontecido, lembrar das mãos dele percorrendo minha perna, seu
aperto forte em minha cintura, sua barba raspando meu pescoço e aquela voz
rouca e sexy sussurrando em meu ouvido, me fez mergulhar no chuveiro frio
de novo, o que estava acontecendo comigo? Não que eu fosse frígida ou algo
assim, mas nunca respondi tão rápido as carícias de um homem, nem meu
corpo ficou em tal estado. Quando voltei para sala minhas amigas já estavam
lá com taças de vinho e as pizzas abertas.
— Pronto, agora vocês não me escapam, podem começar a falar. Sei que
aconteceu algo, a Sam não largaria o Rob uma noite inteira se não fosse algo
urgente — Gabi falou se servindo de uma fatia de pizza e salpicando de
molho de pimenta como sempre fazia.
— Eu peguei a Mel e o Benjamin se pegando na sala dela.
— O QUE?!?!? — Gabi gritou cuspindo um pouco do vinho no tapete da
sala.
— Gabi!! — reclamei correndo para pegar um pano, aquela mancha nunca
mas ia sair do tapete.
— Desculpa, fiquei em choque. Mas foi isso que ouvi? Pegou mesmo o
chefe gostosão?
— Não exatamente. Quando ele ia me beijar a Sam entrou na sala.
— Porra Sam! Você está casada, mas nós não, precisamos de uns bons
pegas de vez em quando — Gabi disse voltando a beber seu vinho.
— Menos Gabriella — falei mordendo um pedaço da pizza — Eu tenho
que agradecer a Sam por isso, as coisas estavam bem intensas.
— Intensas? Amiga você estava sentada na mesa com a saia levantada e
ele entre suas pernas...
— Melissa, sua safada! Isso porque disse que não pegaria o chefe!
— Momento de fraqueza.
— Você anda tendo muitos com ele ultimamente — Sam falou — No
recital da Rosie, aquela noite no clube...
— Ainda não acredito que saíram sem mim — Gabi falou melancólica.
— Sem drama Gabriella, você estava trabalhando — revirei os olhos para
minha amiga.
— Mas qual o problema de vocês se pegarem? Que eu saiba ele está
solteiro, e você também amiga, e aliás faz muito tempo que você não, bom,
você sabe...
— Que não transo? — perguntei.
— É... Bom, isso mesmo — disse e dei de ombros, não me importava que
fizesse tanto tempo assim, eu estava resolvendo o problema com meu
vibrador, é claro que imaginar que era o Sr. Bowman a fazer todas aquelas
coisas ajudava e muito nos meus momentos de prazer.
— O problema não é esse — Sam finalmente falou — Rob me disse que o
Tony disse a ele que o Benjamin não para de falar na Mel.
— O Sr. Bowman fala de mim? — perguntei não tendo certeza do motivo
de ter ficado feliz com isso.
— Melissa! Foco! — Sam disse — Você não está vendo a situação direito.
— Ainda não entendi qual o problema — Gabi disse — Nossa amiga é
maravilhosa, e o fato dele pensar nela é algo bom, não?
— Não no caso dele. Olha eu conheço o Ben há muito tempo, sei de muitas
coisas, a maioria pelo que Robert me conta. E não quero que a Mel se
machuque.
— Por que eu me machucaria? — perguntei.
— Porque ele não é o tipo que namora sério, olha desde o que aconteceu
com a esposa dele, ele se fechou completamente, não sei os detalhes do que
houve, só sei que ele não entra em relacionamentos sérios, é um mulherengo
quase tão devasso quanto o irmão.
— O que aconteceu com a esposa dele?
— Não sei direito, Robert não me conta sobre isso, mas fala que o
acontecido o abalou muito.
— Imagino, perder a esposa deve ter sido difícil — comentei.
— Acho que não foi só isso, mas não sei direito — Sam respondeu —
Olha eu sei que falei que acabariam se pegando, mas não quero que se
machuque, se quer ficar com ele, saiba que é só diversão e sexo, Benjamin
não quer nada além disso.
— Eu sou a favor de pegar o gostosão — Gabi falou — Afinal homens
assim estão em falta e a Mel precisa nos contar como é o material.
— Você não presta sabia — Falei jogando uma almofada nela e
suspirando. Eu sabia da atração que tinha por Benjamin, não adiantava negar,
mas me preocupava em como as coisas poderiam ficar depois.
— Como eu disse, ele não para de pensar em você, e tem a Rosalyn, aquela
menina está fascinada por você.
— Ela é uma fofa — falei sorrindo.
— É mesmo, minha melhor paciente — Gabi disse concordando — Mas o
que você vai fazer Mel? Em relação ao Benjamin.
— Eu? — O que eu iria fazer? Não queria ser só mais um número na cama
dele, mas não podia negar que ele me afetava de uma forma que nenhum
outro homem já tinha feito. A curiosidade de saber como ele era inteiro, era
grande, mas não faria isso comigo — Eu preciso ser profissional, o que houve
hoje foi um momento de fraqueza, ainda estava um pouco abalada com a
conversa com minha mãe mais cedo, não pensei direito e o deixei me
conduzir.
— Sua mãe? O que ela queria? — Era um fato que minhas amigas nutriam
uma certa hostilidade em relação a minha mãe, desde que contei sobre o real
motivo de ter me mudado e as reclamações constantes dela fizeram com que
Sam e Gabi a odiassem veementemente.
— O mesmo de sempre, que eu não me casei, que ela não entende por que
estou fazendo isso, que minha cunhada está maravilhosa grávida, essas
coisas.
— Eu juro Mel, se um dia eu ficar cara a cara com sua mãe eu não
respondo por mim — Gabi disse e Sam assentiu em concordância.
— Enfim — falei querendo mudar de assunto — A Rosie me viu chorando
e insistiu para almoçarmos para me deixar feliz — Sorri ao me lembrar do
gesto da pequena, aquilo aqueceu meu coração de uma forma tão gostosa.
Ficar perto dela me dava uma energia nova, não sei bem explicar, mas é
como se alguma coisa me atraísse para perto dela.
— Não disse? Essa menina está encantada por você.
— Coisa de criança, quando o projeto terminar e eu sair da Bowman ela
vai me esquecer — falei e ignorei a dorzinha que se formou só de pensar em
não ver mais a pequena, em pouco tempo ela tinha me conquistado com suas
artimanhas de me fazer ficar perto do pai dela e sua fixação por cor de rosa.
— Sei, vai acreditando nisso.
— Por que não mudamos de assunto? — falei antes que acabasse contando
o que Rosalyn disse hoje mais cedo quando a deixamos na escola depois do
almoço, se elas soubessem não me deixariam mais em paz. Além disso a
reação do Sr. Bowman com a fala da pequena só confirmou o que Sam disse,
sobre não querer nenhum relacionamento, ficou óbvio pelo seu quase surto.
Não que eu quisesse me relacionar com ele, mas não podia negar que estava
gostando dos nossos almoços com sua filha.

∞∞∞
Na manhã seguinte, as meninas me convenceram a não ir à empresa, para
criar uma certa distância entre Benjamin e eu, o projeto estava bem
encaminhado, então faltar um dia não seria um problema muito grande, mas
tinha certeza de que iria irritar meu chefe e foi por isso que concordei. Não
podia fugir dele para sempre, principalmente com a viagem à Dubai tão
próxima, mas um dia me daria mais tempo para colocar as coisas no lugar.
Gabi estava de folga hoje e Sam aproveitou e tirou o dia para ficar com a
gente. Apenas nós três fazendo compras e conversando sobre as últimas
fofocas da cidade. Por ter se casado com Robert, Sam recebia muitos convites
para festas da alta sociedade, e sabia de quase tudo que acontecia no mundo
dos ricos e famosos.
— O pai dele ainda finge que você não existe? — perguntei para minha
amiga enquanto saíamos de uma loja de sapatos.
— Melhorou um pouco, ele já me cumprimenta, mas aquele ali nunca vai
ser meu fã — respondeu e deu de ombros. O pai de Robert nunca aprovou o
relacionamento do filho com minha amiga, por ter vindo de uma família
pobre, Sam não se comparava com as outras pretendentes que ele acreditava
serem adequadas para o filho e achou uma afronta quando eles se casaram.
Mas minha amiga nunca foi de aceitar desaforos e as coisas ficavam bem
tensas quando eles se encontravam, mas apesar do jeito de durona, Gabi me
confidenciou que várias vezes viu a amiga chorando por causa disso.
— Ele não sabe o que está perdendo — falei passando meus braços pelo
seu e Gabi fez o mesmo com o outro braço dela — Você é a pessoa mais
incrível que conheço.
— Ei! — protestou Gabi, mas estava rindo enquanto caminhávamos pelo
shopping cheia de sacolas e de braços cruzados.
O resto do dia foi incrível, fizemos compras, almoçamos no novo
restaurante japonês que abriu e conseguimos um horário no spa onde fizemos
nossas unhas e recebemos massagens, meu celular tocou uma dezena de
vezes, todas as ligações do Sr. Bowman, que fiz questão de ignorar, as
mensagens eu leria depois, sabia que ele estaria furioso comigo e já podia
imaginar que tipo de conteúdo tinham aquelas mensagens.
— Preciso passar no supermercado, antes de ir para casa — falei me
lembrando que prometi à Rosalyn cupcakes de sobremesa.
— Por quê? Nossa despensa está cheia — Gabi falou enquanto entravamos
no carro de Sam — Nossa quem diria que ficaria tão cansada depois de um
dia como esse.
— Concordo — Sam disse ligando o carro — Quer ir ao supermercado
mesmo, Mel?
— Sim, a despensa está cheia, mas preciso de ingredientes para cupcakes.
— Hum... Amo seus cupcakes.
— Eu sei, mas não são para você.
— Para quem são então, dona Melissa? Para quem anda dando meus
cupcakes?
— Prometi à Rosalyn que faria alguns e levaria para ela amanhã quando
fosse à empresa.
— Mel! — gritaram as duas juntas.
— O que? São apenas cupcakes — falei dando de ombros.
— Sei, vai me dizer que não vai almoçar com eles de novo? — Sam
perguntou entrando no estacionamento do supermercado.
— Meninas, relaxem, está tudo sob controle — falei saindo do carro, sendo
seguida por elas — Não vou deixar aquilo acontecer de novo.
— Se você diz... — Gabi falou zero convencida e para ser sincera eu
também não estava.
— Tudo bem, que cupcakes você vai fazer?
— Rosalyn pediu um rosa, então de morango para ela — falei pegando
uma cesta — Para o Sr. Bowman, falei que seria azul, mas não sei, que cor
combina com ele?
— Vai fazer um para ele também? — Sam perguntou levantando uma
sobrancelha.
— Não começa, ele pediu um...
— Pediu um, sei...
— Já sei! Red Velvet! Vermelho vai ser perfeito — falei dando um sorriso
para minhas amigas que riram e comecei a encher a cesta com as coisas que
precisaria. Estava ansiosa para ver a reação do meu chefe ao ver a cor que
tinha escolhido para ele.
Capítulo 10
Benjamin Bowman

O sinal para apertamos os cintos acendeu indicando que o avião estava


prestes a decolar, afivelei o cinto e respirei fundo. O cansaço dos últimos dias
se fazendo presente, mas me recusei a dormir, precisava pensar nos últimos
acontecimentos, mas especificamente em uma pessoa que não saia da minha
cabeça. Melissa insistia em invadir minha mente, tomando conta dos meus
pensamentos durante o dia e dos meus sonhos durante a noite que eram os
mais intensos que já tive desde que era um adolescente no auge da
puberdade, aquilo estava saindo do meu controle.
Na manhã seguinte ao nosso momento na empresa fui até sua sala, apenas
para me deparar com o ambiente vazio, chamei minha assistente que me
informou que ela havia ligado informando que não iria naquele dia,
perguntei o motivo e ela apenas disse que Melissa a informou que precisava
resolver problemas pessoais. Dizer que fiquei furioso era um eufemismo, eu
estava possesso, tinha que admitir que não era tanto pelo fato de me
preocupar com o projeto que estava indo muito bem, e sim porque cheguei
decidido a propor um encontro com ela para acabarmos com essa tensão
sexual, e o fato de ela não ter ido esfriou um pouco as coisas. Mas não daria
aquele gostinho a ela, enchi sua caixa postal de mensagens após ela não
atender minhas ligações e deixei uma dúzia de mensagens de texto, mas não
recebi uma única resposta e a vontade de colocar aquela mulher em meus
joelhos e dar umas boas palmadas em sua bunda redondinha aumentou,
tinha certeza de que estava fazendo aquilo de propósito, só para me irritar.
Pensei que iria me ignorar a semana toda, mas lá estava ela na manhã
seguinte, com um vestido que me fez ter pensamentos nada apropriados para
o local de trabalho, agindo como se nada tivesse acontecido.
— Algum problema sr. Bowman? — perguntou inocentemente depois de
me cumprimentar.
— Por que não atendeu minhas ligações?
— Eu avisei que precisaria resolver alguns problemas pessoais.
— Não podia ter respondido uma mensagem pelo menos? E se fosse algo
com o projeto?
— Se fosse, sua equipe teria me contatado, eles têm meu número, como
ninguém entrou em contato, presumo que esteja tudo certo.
— Você faz isso para me irritar, não é?
— Você acha que tudo é sobre você? — perguntou debochada.
— Você é impossível — respondi e dei as costas indo para minha sala.
Onde eu estava com a cabeça que cogitei ir para cama com essa doida?
Precisava esquecer aquela ideia idiota, na verdade precisava ver Nicole de
novo, minha filha iria dormir na casa de uma amiga no sábado e eu passaria
a noite tirando Melissa do meu sistema.
Estava determinado a evitar ela de qualquer jeito, mas minha filha tinha
outras ideias, como sempre, assim que pisou no prédio foi correndo para
sala de Melissa, nem passou para falar comigo, e foi onde ficou até eu ir
buscá-la para o almoço.
— A Melissa fez os cupcakes papai! — falou minha pequena animada —
Para você também.
— É mesmo? — perguntei olhando a arquiteta intrigado, pelo sorriso dela
tinha certeza de que aprontara algo.
— Claro, eu prometi não foi? E eu costumo cumprir minhas promessas.
— Então vamos almoçar! Vem papai, vem Melissa! — falou pegando a
mão de Melissa e a puxando em direção a porta.
— Hã... Filha, eu acho que...
— A Melissa vem papai, lembra que a gente combinou?
— Combinamos? — perguntei sem fazer ideia do que ela estava falando.
— Sim, papai, ela fez os cupcakes, precisamos levá-la para almoçar —
Disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Olhei para Melissa que
tentava abafar uma risada e acenei me dando por vencido.
— Tudo bem, mas nada de aprontar mocinha — Falei olhando sério para
minha filha a lembrando da nossa conversa a respeito do que ela havia dito
sobre Melissa e eu namorarmos. Assim que cheguei em casa a chamei para
explicar que não podia falar aquelas coisas e que crianças não deveriam se
intrometer em assuntos de adultos. Espero que ela tenha entendido, mas não
estava muito confiante, principalmente sabendo que minha família estava
conspirando junto com ela.
O almoço como sempre foi incrível, aquilo estava virando uma rotina e
tinha medo da minha pequena se envolver demais e se machucar, afinal
assim que o projeto fosse entregue Melissa se afastaria da empresa, ela
precisaria aparecer apenas para ver como estava indo à construção, mas
não ficaria o tempo todo no prédio, tentei não pensar muito nisso, já que
ainda teríamos a viagem a Dubai.
Fiquei praticamente o tempo todo em silêncio, apenas vendo as duas
conversarem animadamente e aquela sensação de vê-las juntas me atingiu
em cheio. Quando Melissa finalmente revelou os cupcakes não escondi o
sorriso ao ver a alegria de minha filha olhando seu bolinho cor de rosa com
uma coroa em cima cheio de glitter.
— Gostou princesa? — Melissa perguntou.
— É tão bonito, e rosa, e tem glitter, papai, tem uma coroa! — falou rindo.
— Então você gostou?
— Eu amei isso Melissa! Vou querer mais!
— Você nem comeu esse, filha — falei e fui ignorado.
— Deixa eu cortar para você — Melissa se adiantou e cortou o cupcake
para ficar mais fácil para minha pequena comer.
— E o do papai? Quero ver a cor, você fez azul?
— Mudei de ideia, achei uma que ficaria melhor, aqui está, Sr. Bowman —
falou me entregando um bolinho vermelho.
— Vermelho? Interessante sua escolha — Olhei o cupcake intrigado,
arqueando minha sobrancelha.
— Achei que combinaria — disse sorrindo e olhando nos meus olhos.
Porra! Aquele sorriso era sexy pra caralho.
— Eu amei o do papai — Minha filha falou entre as mordidas do seu
cupcake — Vermelho é a cor do amor. É por que você ama o papai, Melissa?
— Perguntou inocentemente a criança.
— Rosalyn! — repreendi depois de me recuperar do choque, Melissa
continuava congelada no lugar, as bochechas começando a corar.
— O que foi? Eu não disse nada de mais, não precisa ficar bravo.
— A gente conversa em casa — falei e ela deu de ombros, essa menina ia
me dar um infarto antes de eu chegar aos trinta anos.
— É porque ele vive bravo pequena — Melissa falou depois de um tempo
— Por isso escolhi o vermelho — E olhou para mim para ver minha reação.
— É, ele é bravo às vezes mesmo — minha filha disse e eu só olhava de
uma para outra sem saber qual das duas me causaria um infarto primeiro.
Depois de deixar a pequena na escola e voltarmos para empresa, tentei
conversar com Melissa sobre o que tinha acontecido, mas ela saiu
rapidamente para sua sala. E o resto da semana foi assim, ela me evitava a
todo custo, só falando comigo nas reuniões, e eu estava ficando cada vez
mais irritado. Para piorar precisaria me ausentar da empresa para conferir
uma obra em Los Angeles que estava tendo problemas, o que só piorou meu
humor, odiava atrasos em obras e odiava mais ainda ter que me afastar da
minha filha.
Assim que a luz que indicava que deveríamos ficar com o cinto de
segurança apagou, chamei a comissária para uma taça de vinho. Estava
voltando para casa depois de uma semana longe, ainda estava puto com o que
encontrei em Los Angeles, a equipe que contratamos para trabalhar no
projeto não estava cumprindo nenhum dos prazos e o gestor não tomava
nenhuma providência. Demitimos todo mundo e contratamos uma nova
equipe com um novo gestor, mas isso custou caro e eu odiava perder
dinheiro.
Chegaria em Nova Iorque pela tarde, teria só o final de semana com minha
pequena e viajaria novamente, dessa vez para Dubai na companhia da minha
arquiteta. Estava determinado a manter as coisas de forma profissional, havia
desistido de tentar levá-la para cama, isso só me traria problemas, afinal,
depois da viagem ela não estaria mais na empresa e não precisaria mais lidar
com esse turbilhão de sensações, para isso eu tinha Nicole e quantas outras
mulheres eu quisesse, apesar de a noite sua imagem continuar me
proporcionando dolorosas ereções matinais.

∞∞∞
Assim que o avião pousou fui direto para casa tomar um banho, olhei
demoradamente para cama considerando tirar um cochilo, mas a saudade de
minha princesa falou mais alto e corri para a casa dos meus pais, precisava
abraçar minha filha, uma semana longe dela foi uma tortura, odiava quando
precisava viajar e deixá-la. Quando ouviu o barulho do carro e olhou pela
janela vendo que era eu, saiu correndo e pulou nos meus braços.
— Papai! Estava com saudade — disse e eu a abracei mais forte.
— Eu também meu amor — falei beijando sua testa.
Ainda com minha pequena em meus braços entrei em casa encontrando
meus pais e minha irmã na sala, os cumprimentei dando falta de Anthony, ele
geralmente vivia na casa dos nossos pais, já que nunca cozinhava nada para
comer.
— Onde está o Anthony? — perguntei colocando minha filha no chão.
— Ele achou melhor não vir hoje — minha mãe respondeu trocando
olhares com minha irmã, eles tinham aprontado alguma coisa, mas resolvi
ignorar por enquanto. Corri meus olhos pela sala notando que estava repleta
de brinquedos e uma cabana infantil.
— Parece que se divertiram por aqui.
— A gente fez uma festa do pijama papai, vimos o filme da Ariel e
comemos um montão de cupcakes que a Melissa mandou — minha filha
disse e a olhei surpreso.
— É mesmo? Quando encontrou a Melissa? — perguntei franzindo o
cenho e olhando para os meus pais e minha irmã que desviaram o olhar.
— Ontem, eu almocei com a Melissa e o titio Tony e ela nos deu mais
cupcakes.
— VOCÊ O QUÊ? — gritei e minha filha deu um pulo — Você foi
almoçar com seu tio Anthony e a Melissa?
— Sim, naquele restaurante do hambúrguer, foi muito divertido, a tia Sam
e o tio Rob também foram — Não sei se ficava mais aliviado por eles terem
ido também ou mais possesso por fazerem as coisas pelas minhas costas.
— Agora entendi por que Anthony preferiu não aparecer — Eu iria matar
meu irmão, que merda ele estava tentando fazer? — E vocês estavam
sabendo, por isso essa troca de olhares — falei para meus pais e irmã e eles
deram de ombros, minha família tinha surtado só pode, que insistência nessa
aproximação com a Melissa — O que mais você fez na minha ausência filha?
— perguntei e a pequena desatou a falar.
Depois do lanche minha irmã foi com Rosalyn para o segundo andar
arrumar sua mochila para irmos embora, aproveitei para ir com meus pais até
o escritório e conversar algumas coisas.
— Não quero que incentivem essa aproximação da Rosalyn com a Melissa.
Após a viagem ela não vai mais trabalhar na empresa, não quero que minha
filha tenha ideias erradas e acabe se machucando.
— O fato de ela não trabalhar mais lá não impede de elas se verem —
minha mãe disse.
— Mas porque se veriam? Elas se conheceram não tem nem um mês.
— Aquelas duas tem uma conexão especial filho — continuou — Não
parou de falar dela a semana inteira.
— Está vendo. É isso que queria evitar. Esse apego todo — falei me
levantando e passando as mãos no meu cabelo — Isso está fugindo do
controle.
— Acho que você quem perdeu o controle — meu pai disse — Anthony
nos contou que os viu juntos na sala dela na semana passada.
— O que? Como ele sabe disso? —perguntei alarmado.
— Então é verdade? Se envolveu mesmo com a Melissa?
— Não! — respondi apressado — Aquilo não foi nada, e meu irmão não
tinha que ter aberto a boca grande, isso é assunto meu.
— Mas envolve minha neta — minha mãe falou.
— Não envolve não, porque ela não vai saber de nada. Olha, não precisam
se preocupar, não tem nada acontecendo entre Melissa e eu. E assim que
voltarmos de viagem vou conversar e esclarecer as coisas com minha filha.
— Se você tem certeza — meu pai disse e minha mãe assentiu com pesar
— Mas você podia chamar ela para trabalhar em definitivo na empresa.
— Como?
— Olha filho, nunca me intrometi no seu negócio, tenho muito orgulho de
ter feito tudo sozinho, mas eu realmente acho que deveria ter um ou dois
arquitetos próprios e a Melissa parece ser bem capaz, sei que tem o gerente
do departamento, mas ele não tem formação adequada — falou e o olhei
sério, eu já havia cogitado essa hipótese, mas nunca encontrei ninguém que
quisesse manter como funcionário fixo.
— Por que eu acho que não é só um emprego que querem que ofereça a
ela?
— Isso é você quem está dizendo, só estou dando um conselho de um
velho homem de negócios — falou e sorriu para minha mãe. Alguma coisa
eles estavam aprontando.

∞∞∞
— Mas por que eu não posso ir? — minha filha perguntou pela terceira vez
enquanto me despedia dela no aeroporto.
— Filha o papai já falou, é uma viagem de negócios, e você tem escola.
— Mas a Melissa está indo — disse como se o fato de a Melissa ir era
algum sinal.
— Sim, porque ela trabalha com o papai e vai apresentar o projeto.
— Mas...
— Vamos fazer assim — cortei tentando fazê-la esquecer a ideia — Assim
que o papai voltar vou tirar uns dias de folga e podemos ir à casa de praia, o
que acha?
— Sim!! — respondeu animada, minha filha adorava ir à casa da praia —
O vovô, a vovó, o titio Tony e a titia Lottie vão também?
— Claro.
— E a Melissa pode ir também? — perguntou e a arquiteta virou a cabeça
para nós ao ouvir seu nome. Eu respirei fundo.
— Filha, acho que a Melissa não vai querer...
— Na verdade eu adoraria, ainda não consegui conhecer o mar
“americano” — falou e minha filha pulou feliz e eu só conseguia a fuzilar
com os olhos — Se não for incomodar.
— De modo algum, querida, fazemos questão da sua presença — minha
mãe disse se aproximando — E se quiser pode levar sua amiga que mora com
você, soube que é a pediatra da minha pequena, além disso iremos chamar a
Sam e o Rob.
— Iremos? — perguntei curioso, isso mais uma vez estava saindo do meu
controle.
— Claro, a casa é enorme, e adoramos receber.
— Obrigada então, vou falar com a Gabi.
— Certo, precisamos ir — falei e me abaixei para abraçar minha filha —
Tchau pequena, nos vemos em breve e se comporte.
— Eu sempre me comporto, papai — respondeu e todo mundo riu.
Depois de mais um beijo ela foi até Melissa e pediu um abraço, ainda
surpresa com o pedido, ela pegou minha filha nos braços e a apertou com
força, dando um beijo em sua bochecha.
— Tchau Melissa, cuida do meu papai para mim, tá bom? — falou olhando
séria a arquiteta.
— Eu prometo, vou trazê-lo de volta inteirinho — respondeu e deu mais
um beijo na bochecha da minha filha limpando o batom em seguida.
— As duas são tão lindas juntas, não é? — minha mãe sussurrou e eu
revirei os olhos.
— Certo, precisamos ir senão perderemos o voo — falei e depois de mais
despedidas fui junto com Melissa, minha assistente e mais dois membros da
equipe em direção ao portão de embarque — Está pronta? — perguntei
olhando para Melissa.
— Com toda certeza — respondeu e deu aquele sorriso que me tirava o
fôlego.
Capítulo 11
Melissa Delacroix

Ver Rosalyn acenando e mandando beijinhos enquanto nos afastávamos foi


uma das cenas mais lindas que já vi. Ao entrarmos no avião, me sentei junto a
Anna na fileira do meio, enquanto o Sr. Bowman se sentou sozinho na da
esquerda e Frederick e Boris, o diretor financeiro e o chefe do setor de
arquitetura e projetos da empresa, respectivamente, nas duas poltronas atrás
de onde me sentei. Como seriam aproximadamente catorze horas de voo,
resolvi ler um pouco no meu novo Kindle. Charlotte havia me indicado uma
enorme quantidade livros. Como era editora em uma grande companhia, ela
tinha acesso a vários e fez uma lista com os preferidos dela que eu tinha
amado também.
Eu vinha mantendo contato com a irmã de Benjamin desde a noite do
recital de Rosalyn e ela estava se mostrando uma pessoa incrível e muito
doce, eu sabia que meu chefe não tinha ideia de que estávamos trocando
mensagens, e pensei que se soubesse iria ficar muito irritado.
Os últimos dias tinham sido bem corridos com a finalização do projeto e os
preparativos para a viagem, mas o fato de Benjamin ter viajado na última
semana me deixou bastante tranquila, com muito custo consegui evitar ele
nos dias que se seguiram ao nosso momento na minha sala e quando soube
que ele viajaria, suspirei aliviada. Na quarta-feira, Charlotte tinha me ligado
para falar que Rosalyn ficou triste de não poder me ver naquela semana, com
um aperto no peito prometi que faria mais cupcakes para a pequena e ela me
convenceu a almoçar com sua sobrinha e o irmão já que ela estaria
trabalhando e não poderia me acompanhar. Estranhei o convite, mas acabei
aceitando e chamei Sam e Rob para irem conosco. A alegria da pequena ao
me ver naquele dia foi contagiante e devo admitir que estava começando a
gostar daqueles almoços na semana, algo que estava com os dias contados. A
sensação de aperto no peito com esse fato me causou estranheza, por que eu
estava tão apegada a ela?
Ultimamente estar perto dela tem me despertado sensações que nunca
pensei em sentir, não com todos os comentários de minha mãe. Rosie estava
cada vez mais ocupando um lugar em meu coração e me via pensando nela
constantemente, o que me causava preocupação já que sairia de sua vida logo
após a viagem. Quando ela veio me dar um abraço de despedida e a beijei na
bochecha absorvendo seu cheirinho, senti algo diferente, e a apertei contra
mim como se nunca mais fosse vê-la.
O voo para Dubai foi cansativo, mas tranquilo, viajar na classe executiva
era maravilhoso e logo estávamos indo em direção ao hotel que ficaríamos, o
local era propriedade do príncipe Khalil, mas não chegava aos pés do projeto
que estávamos prestes a apresentar na reunião do dia seguinte. Benjamin
continuava calado, se dirigindo a mim apenas o necessário, não sabia se tinha
de fato ficado chateado por eu ter concordado em ir para a casa de praia, ou
por algum outro motivo. Na verdade, não fazia ideia do porquê tinha
concordado, mas não resisti ao pedido de Rosalyn e seria um dos últimos
momentos que poderia passar com ela.
Quando chegamos ao hotel e pegamos as chaves, estranhei minhas
acomodações, enquanto Frederick, Boris e Anna ficaram em andares mais
baixos, nas acomodações padrão, meu quarto era em frente ao de Benjamin e
tão luxuoso quanto.
— Não precisava ter reservado essa acomodação, eu poderia ter ficado
junto com os outros — comentei enquanto continuava nossa subida para os
quartos superiores.
— Não fui eu quem fez isso — respondeu franzindo o cenho — As
acomodações foram proporcionadas pelo príncipe Khalil.
— Geralmente funcionários não recebem acomodações tão luxuosas.
— Você é a arquiteta do projeto, seria natural ele lhe fornecer mais
conforto — respondeu e dei de ombros, não iria reclamar de ficar em um
quarto como aquele.
— Temos algum compromisso hoje? — perguntei, torcendo para a
resposta ser negativa, tudo que eu queria era dormir.
— Hoje não. Sugiro que tenha uma boa noite de descanso e se prepare para
a apresentação de amanhã.
— É o que pretendo — O clima ainda estava um pouco estranho entre nós,
mas não queria pensar sobre isso, pelo menos não nessa viagem, estava
nervosa o suficiente com o projeto, sem precisar adicionar mais drama.
Quando o elevador parou no nosso andar, nos despedimos e cada um foi
para seu quarto. Ao abrir a porta me impressionei com a decoração e o luxo
do lugar, logo na entrada tinha uma saleta com vários sofás e pufes, tudo era
lindamente decorado, ao adentrar mais o ambiente me deparei com a cama de
tamanho king no centro do quarto de frente para uma televisão enorme com
dizeres de boas-vindas, tinha também mais um sofá ao pé da cama e uma
escrivaninha perto da porta que dava para a varanda, como estava escuro não
consegui ver muita coisa, mas amanhã certamente seria a primeira coisa que
veria. Ao entrar no banheiro me deparei com mais luxo, não que fosse tão
surpreendente para mim já que cresci com bastante conforto, mas os detalhes
em ouro puro eram impressionantes, tinha uma banheira de hidromassagem
que poderia acomodar quatro pessoas confortavelmente de tão grande.
De volta ao quarto, me deparei com um embrulho dourado em cima da
cama com um bilhete por cima, rapidamente o peguei e franzi a testa,
surpresa com o conteúdo.

Querida Srta. Delacroix,

Meu representante me falou muito bem da senhorita, espero


que desfrute de sua suíte e do pequeno presente. Estou ansioso
para conhecê-la pessoalmente amanhã.

Príncipe Khalil
Abri o embrulho e me deparei com um frasco de perfume transparente com
detalhes incrustados em ouro. A embalagem era linda, e identifiquei a marca
da empresa de cosméticos da família do príncipe, mas o cheiro era um pouco
mais doce do que eu estava acostumada a usar. Ainda estranhando tudo
aquilo, fiquei me perguntando o que o Sr. Hassan tinha falado de mim, mas
lembrar daquele sujeito só me fez ficar mais desconfortável com a situação.
Mandei uma mensagem para o meu pai e depois para as meninas, dizendo
que tinha chegado bem e que tudo era lindo, estava ansiosa para explorar a
cidade nos poucos momentos de folga que teria.

Samantha: Juízo, dona Melissa, não faça nada que eu não faria.
Gabriella: Deixa de ser uma estraga prazer, Samantha. Aproveita amiga.
Melissa: Vocês duas são impossíveis. Acho que preciso de amigas novas.
Samantha: Fiquei ofendida.
Gabriella: #coraçãopartido
Melissa: Não disse? Duas doidas, boa noite para vocês.

Essas duas ainda acabariam comigo, apesar de doidas, tinha que admitir
que eram as melhores amigas que alguém poderia ter. Em Londres eu não
tinha muitos amigos, apenas aqueles que minha mãe julgava adequados,
como os filhos de suas amigas, e nunca concordei com o pensamento deles,
então não era próxima de ninguém. Com tudo pronto, resolvi tomar um
banho e me jogar na cama, esperando que o fuso horário não me destruísse
muito.

∞∞∞
Eu estava nervosa, era minha primeira vez no comando de um grande
projeto. Acordei cedo e preparei tudo que precisava, conferi mais uma vez a
apresentação no meu macbook e separei minha roupa. Escolhi uma saia midi,
uma blusa com mangas até os cotovelos e peguei um véu para cobrir meus
cabelos, sabia que eles não cobravam dos estrangeiros se vestirem conforme
seus costumes, mas o fiz em sinal de respeito e esperava causar uma boa
impressão com isso, borrifei um pouco do perfume que o príncipe havia me
dado, querendo começar com o pé direito aquele encontro.
Não vi o Sr. Bowman durante o café da manhã, mas nos encontramos no
corredor, assim que me viu me olhou de cima a baixo e deu um sorrisinho de
lado.
— Não precisava se vestir assim — comentou enquanto seguíamos para o
elevador.
— Eu sei, mas achei que seria mais apropriado.
— Está bonita — falou e levantei meus olhos para ele. Tirando nossa
rápida interação no elevador ontem, era a primeira conversa a sós desde o
incidente em minha sala — Mas isso não é novidade.
— Obrigada? — respondi sem saber como reagir, não estava acostumada
a esse Sr. Bowman que não era irritante.
— Escute, o Sr. Hassan estará lá, então se ficar desconfortável quero que
me fale imediatamente, podemos combinar um sinal se quiser.
— Acho que dessa vez estarei mais preparada, mas agradeço a oferta —
falei enquanto entravamos no elevador — Acho que posso mexer no cabelo.
— Não é uma boa ideia, você faz isso o tempo todo.
— Faço? — Como ele tinha reparado nisso?
— Sim, além disso, fica extremamente sexy quando faz isso — Senti
minhas bochechas esquentarem com seu comentário.
— Posso tocar a ponta do nariz então, se achar que a situação está
fugindo do controle.
— Melhor — Disse simplesmente e voltamos a ficar calados até o térreo
onde nos encontramos com os outros que já nos esperavam.
O trajeto até o escritório das empresas Al-Amari foi rápido e logo
estávamos sendo levados ao andar do príncipe Khalil. Enquanto andávamos
guiados por uma mulher com as roupas árabes tradicionais, admirava os
detalhes do ambiente, assim como no hotel, havia ouro em vários detalhes.
Anna e eu fomos instruídas a esperar enquanto a mulher conduzia Benjamin e
os outros.
— Uau, imaginei que o príncipe Khalil fosse bastante velho, mas ele não
parece ter mais do que trinta e cinco anos — comentei baixo com Anna que
estava ao meu lado e assim como eu usava véu e roupas mais discretas — E
parece ser bem bonito, pelo menos daqui — continuei e ela acenou.
Estávamos no sofá da recepção enquanto Benjamin, Boris e Frederick
conversavam com o Sr. Hassan e o príncipe.
— Nunca o tinha visto ou ouvido falar sobre ele antes? — perguntou e eu
balancei a cabeça negando, na verdade não sei por que não pesquisei sobre
ele antes e fiquei um pouco apreensiva por saber tão pouco — Ele é
considerado um dos homens mais lindos do mundo, além de ser bilionário. A
revista People divulgou semana passada que ele está atrás de uma nova
esposa.
— Outra esposa?
— Sim, ele já tem duas — Deu de ombros — Aqui é normal os homens
terem mais de uma mulher, confesso que quase me candidatei, mas não
cumpro os requisitos.
— Quais requisitos? Mas não acredito que cogitou se inscrever, isso é
loucura.
— Quem não queria uma vida de rainha? Fora a fortuna que ele está
disposto a pagar para isso. E sim, tem uma lista de exigências enorme, depois
te mando o link da matéria, mas uma delas é a idade e tenho mais de trinta.
— Só uma pessoa doida para se inscrever numa loucura dessas —
comentei e demos a conversa por encerrada quando vimos os homens se
aproximando.
— Príncipe Khalil, esta é minha assistente senhorita Anna James —
Benjamin falou nos apresentando e Anna fez uma pequena reverência — E
esta é Melissa Delacroix, a responsável pelo projeto — continuou e o homem
me olhou de uma forma tão intensa que corei e abaixei o rosto.
— É um prazer finalmente conhecer a mulher responsável por tornar meu
sonho realidade, meu amigo aqui falou muito da senhorita — disse apontando
para o Sr. Hassan ao seu lado, mas diferente da última reunião o homem nem
dirigia seu olhar a mim — Espero que tenha gostado do meu presente,
imaginei que um perfume seria adequado para uma mulher como você — O
príncipe falou e vi Benjamin enrijecer e franzir a testa, olhando de mim para
o homem, não havia comentado com ele sobre o presente que recebi.
— Foi muita gentileza, sua alteza, não precisava.
— Não precisa do alteza, além do mais, fiz questão.
— Certo, acho que podemos seguir para a reunião — Benjamin disse
ainda de cara fechada.
— Claro, tem razão, estou ansioso para ver o projeto finalizado, tenho
certeza de que Melissa fez um ótimo trabalho — Falou e Benjamin ficou
mais sério ainda, se isso era possível, ao ouvi-lo me chamar pelo nome.
A reunião foi um sucesso, apesar de estar nervosa, consegui apresentar o
projeto como havia ensaiado. No final o príncipe adorou a proposta e percebi
que Benjamin respirou aliviado.
— Além de linda é muito talentosa — O príncipe Khalil falou se
dirigindo ao meu chefe. Na verdade, aqueles elogios estavam começando a
me incomodar, não sabia o que estava acontecendo, mas durante toda a
apresentação senti os olhares do príncipe em mim e vez ou outra cochichava
algo com seu representante.
— Realmente, a Melissa é uma excelente profissional — meu chefe falou
me olhando e sorri para ele, tocando levemente o meu nariz como havíamos
combinado — Acredito que podemos passar para a parte burocrática do
processo, já que o projeto foi aprovado — Recado entendido e acenei para ele
em agradecimento.
— Sim, de fato, tenho pressa na construção desse empreendimento. Mas
antes gostaria de convidá-lo para um banquete em meu palácio amanhã à
noite, para celebrarmos esse negócio.
— Seria um prazer — Benjamin disse e começou a se levantar.
— E claro, adoraria a presença da Srta. Melissa também — continuou
olhando para mim — Mandarei entregar em sua suíte um presente.
— Fico lisonjeada, mas não posso aceitar, sua alteza — respondi, o que
aquele homem estava querendo com esses presentes todos? Ao meu lado
senti Benjamin endireitar a postura.
— Você merece, o projeto ficou maravilhoso.
— Agradeço mais uma vez, mas não devo levar todo o crédito, teve uma
equipe junto comigo.
— Liderados por você, imagino. Não aceito não como resposta, o
embrulho deve chegar hoje mais tarde.
— Sendo assim, obrigada.
— O prazer é meu, senhorita — Falou depositando em seguida um beijo
em minha mão.
— Menina, o que foi aquilo? — Anna perguntou enquanto voltávamos
para o hotel. Os homens tinham ido em outro carro.
— O que?
— O príncipe! Estava te comendo com os olhos. E que história é essa de
presentes?
— Você está imaginando coisas, e sobre os presentes ele deve ter ficado
muito satisfeito com o projeto, apenas isso.
— Até parece, ele ficou encantado por você, e até a convidou para o
palácio dele, sua sortuda!
— Ele só foi gentil — disse querendo encerrar aquele assunto, porque
estava achando tudo muito estranho mesmo.
— Um homem daqueles não é gentil com qualquer uma, aposta quanto
que ele a quer como esposa? — Olhei para ela e soltei uma risada sarcástica.
— Você tem cada ideia Anna. Eu? Esposa de um príncipe árabe? Até
parece.
— Bom, eu sei o que vi, e falando nisso vou te mandar o link da matéria,
vai que você muda de ideia.
Passei o resto do caminho pensando sobre isso, era um absurdo, mas tinha
que admitir que aqueles olhares do príncipe e os presentes significavam
alguma coisa que ainda não tinha percebido. Quando chegamos fui direto
para meu quarto e resolvi abrir a matéria que Anna tinha me mandado. Estava
na metade da reportagem quando alguém bateu na porta, levantei-me para
atender e deixei meu Ipad no sofá.
— Sr. Bowman, está tudo bem? — perguntei quando abri a porta e dei de
cara com meu chefe.
— Eu quem deveria perguntar. Você está bem?
— Sim, animada e aliviada que o projeto foi aprovado.
— Você fez um ótimo trabalho. Mas me refiro aos comentários do
príncipe, e sobre os presentes...
— Ah! — Dei de ombros — Ele só queria ser gentil.
— Acho que ele estava sendo muito mais do que gentil — falou entrando
nos meus aposentos.
— O que quer dizer?
— Ora, está óbvio, ele ficou encantado por você, fiquei sabendo que está
à procura de uma nova esposa e... — A voz dele sumiu ao ver a matéria que
estava aberta no meu Ipad, pegou o dispositivo para ver melhor enquanto eu
tentava tirar das mãos dele — O que é isso? Por acaso ficou interessada nele?
— perguntou com raiva, olhando para mim, aqueles olhos azuis me
queimando por dentro.
— E se eu estiver? Você faria o quê?
— Eu faria isso — respondeu largando o Ipad no sofá e em seguida me
envolvendo pela cintura colando nossos lábios e me beijando com força.
Capítulo 12
Melissa Delacroix

Benjamin foi nos guiando até a parede onde nos prensou, sem parar o beijo
que ganhava cada vez mais intensidade, nossas línguas travavam uma batalha
descontrolada, se conheciam, se exploravam, uma de suas mãos apertava com
força minha cintura, enquanto a outra se apoiava na parede, as minhas
agarravam seus cabelos, bagunçando-os, puxando-os, sedenta por mais
daquele beijo, por mais dele.
— O que foi... — comecei a dizer com a voz falha me afastando dele, eu
respirava com dificuldade devido a intensidade do beijo, olhei para ele e
estava tão descontrolado quanto eu. Seu peito subia e descia como se tivesse
corrido uma maratona.
— Não posso mais fazer isso Melissa — falou me interrompendo —
Pensei que conseguiria me manter afastado de você, mas todos aqueles
olhares, os elogios, e agora isso — continuou apontando para o Ipad —
Despertaram algo em mim que nunca senti. Eu preciso de você Melissa,
preciso tocá-la e apagar esse fogo que me consome. Não sei o que isso
significa, mas preciso disso, não paro de pensar em você um só minuto —
disse tudo em um fôlego só e eu apenas conseguia olhá-lo absorvendo
aquelas palavras.
— Eu não sei... — Ainda estava incerta daquilo.
— Sei que você também quer, eu sinto como reage ao meu toque — falou
deslizando o polegar pela minha bochecha — Você não é indiferente a mim.
Sente isso? — perguntou me puxando de forma que sentisse sua ereção sob a
calça — Isso é o que faz comigo.
— Você é o meu chefe.
— Isso não foi um problema antes. Vamos Melissa, o que está te
impedindo?
O que estava me impedindo? Eu não fazia ideia, não naquele momento,
quando suas mãos voltaram a explorar meu corpo e aquela barba deslizava
pelo meu pescoço, mas foi quando ele mordeu o lóbulo da minha orelha que
desmoronei, foda-se tudo, eu precisava desse homem. Puxei sua cabeça para
que seus lábios voltassem aos meus e o beijei como a muito queria beijá-lo.
Minhas mãos foram para sua gravata, desfazendo o laço e a puxando,
segurei seu terno e comecei a deslizar pelos seus ombros. Benjamin se
afastou um pouco e me ajudou a tirá-lo, puxei sua camisa para fora da calça e
abri os botões, exibindo um peitoral musculoso e bem definido. Ele retirou a
camisa, ficando apenas com a calça do terno, respirou fundo e voltou a me
olhar.
— Eu já volto. Não vá fugir, dessa vez vamos terminar isso, Melissa —
disse sério e saiu do quarto. Ele voltou alguns segundos depois e eu
continuava no mesmo lugar, ainda atordoada com o que estava prestes a
fazer. Eu ia transar mesmo com meu chefe? — Acho que está muito vestida.
Benjamin colocou algo na mesa de cabeceira, tirou os sapatos e a meia e
voltou para onde eu estava. Vê-lo daquele jeito, andando lentamente, fez
reacender aquele fogo que vinha mantendo guardado e que sempre
despertava na presença dele. Me puxou para seus braços, colando nossos
corpos e voltou a me beijar, minhas mãos deslizavam pelas suas costas,
enquanto aprofundávamos o beijo e uma de suas mãos descia até o decote da
minha blusa e começava a desabotoá-la, revelando meu sutiã.
Ao perceber que meus seios estavam expostos apenas com a fina renda do
sutiã os cobrindo, suas mãos subiram para envolvê-los, os apertando,
enquanto seus lábios desciam para meu pescoço, ora beijando, ora dando
leves mordidas, podia sentir a umidade entre minhas pernas e um gemido de
satisfação escapou dos meus lábios.
— Eu quis fazer isso desde o dia que pisou na minha sala — falou me
virando de costas, pressionando meu corpo contra a parede — Quero chupar
esses seios deliciosos — Com muita agilidade Benjamin abriu o fecho do
meu sutiã, o removendo e jogando-o no chão, ainda sem me virar, abriu
minha saia e a fez deslizar lentamente até meus pés.
Eu estava seminua na frente do meu chefe e extremamente excitada,
tentei me virar, mas ele foi mais rápido, me fazendo voltar a posição,
enquanto ele se ajoelhava.
— Tão redondinha — Mordi o lábio ao sentir sua boca encostar em
minha bunda, mordendo de leve e dando um tapa — Quero muito brincar
com ela, mas primeiro... — Se levantou me virando de frente novamente —
Tão perfeitos — Suas mãos se fecharam sob meus seios descobertos,
sentindo-os, apertando-os entre seus dedos, eu queria que aquela tortura
terminasse logo, mas antes que pudesse falar alguma coisa seus lábios
abocanharam meu mamilo direito, sugando, lambendo, enquanto sua mão
brincava com meu outro seio, senti minhas pernas fracas e mais gemidos
escaparam dos meus lábios, sentia que poderia desmoronar ali mesmo, em pé.
— Minha vez — falei me afastando de seu toque, com um sorrisinho
abaixei a sua frente sem desviar os olhos dos dele que me fitavam
intensamente. Levei minhas mãos ao cós de sua calça abrindo o botão e
puxando para baixo, deixando-o apenas com a cueca box preta, daquele
ângulo pude ver o quão excitado ele já estava, senti minha intimidade contrair
com o desejo de prová-lo, deslizei minha mão pelo seu pau ainda coberto
pelo tecido e apertei, ouvindo-o gemer meu nome, sorri com aquilo, dois
podiam jogar aquele jogo, Sr. Bowman, mas antes que pudesse terminar meu
intento, ele me pegou, me jogando na cama.
Com um rápido puxão minha calcinha estava no chão, me deixando
completamente nua, exposta ao seu olhar. Com um sorriso sacana, Benjamin
abriu minhas pernas e começou a distribuir beijos pelas minhas coxas,
subindo cada vez mais. Agarrei os lençóis com força quando ele encontrou o
clitóris já inchado.
— Tão molhadinha.
Benjamin chupava, lambia, mordia, levando sua língua até onde
conseguia, me levando ao limite, sua boca explorava minha boceta me
fazendo contorcer na cama, eu só conseguia agarrar o lençol e gemer seu
nome, enquanto sentia os primeiros espasmos do orgasmo se aproximando.
— Eu... Ben... Não... — disse frustrada quando ele se afastou.
— Calma, vou te fazer gozar agora — E enfiou dois dedos em minha
boceta encharcada — Tão gostosa — disse retirando os dedos e levando-os a
boca. Quando seus lábios voltaram a brincar com meu clitóris eu desmoronei,
com uma última mordida em meu ponto mais prazeroso, me vi gritando seu
nome, enquanto gozava em sua boca. Não percebi que tinha fechado os olhos,
mas ao abri-los o vi de pé, deslizando sua cueca box e revelando seu pau
completamente ereto, a cabeça já úmida pelo líquido pré gozo.
— Cacete Ben! Você é grande! — disse olhando a protuberância entre
suas pernas, nem em meus melhores sonhos poderia imaginar aquilo. Puta
merda! Ele ia me arrebentar inteira.
Sorrindo com minha observação, Benjamin veio para cima de mim,
abrindo mais minhas pernas e se ajoelhando entre elas. Se esticou para pegar
algo na mesa de cabeceira que reconheci como sendo uma camisinha, levou o
pacote a boca e o rasgou, envolvendo seu membro e logo em seguida se
deitando sobre mim.
— Agora não tem volta — sussurrou em meu ouvido.
Deslizando a mão por seu membro, ele o guiou até encostar em minha
intimidade, esfregando um pouco na minha entrada, e com um movimento, o
senti entrar até o fundo, gritei com a brusca intromissão, enquanto me
ajustava ao seu tamanho.
— Olhe para mim — Benjamin falou, ainda sem se mover. Abri os olhos
e me deparei com aquelas íris azuis repletas de desejo, me encarando. Não
resistindo mais, levei minhas mãos a sua bunda o puxando mais para mim,
fazendo-o ir mais fundo.
Benjamin gemeu e começou a se movimentar, a princípio devagar, mas
ao ver que me aproximava de mais um orgasmo acelerou os movimentos,
intercalando as estocadas com mordidas nos meus seios. Aquilo era demais,
suas mãos estavam em toda parte, me apertando, me acariciando, me levando
ao limite, as minhas, ora puxavam seus cabelos, ora arranhavam suas costas.
Levantei minhas pernas cruzando-as em sua bunda, puxando-o para meus
lábios, seus beijos eram viciantes, e não conseguia obter o suficiente dele.
Não sei quanto tempo ficamos nesse vai e vem delicioso, o quarto tomado
por nossos gemidos e respiração pesada, até que ele deslizou dois dedos onde
nossos corpos se uniam, procurando meu ponto mais prazeroso, e o
acariciando me levando a loucura. Eu gemia seu nome, tomada pelo prazer.
Senti minha boceta se contrair envolta de seu pau ao mesmo tempo que um
orgasmo devastador me atingia. Fechei os olhos, cravando minhas unhas em
suas costas enquanto era tomada de espasmos, com uma última estocada
funda, senti Benjamin gozar, soltando um gemido rouco e desmoronando em
cima de mim, ambos ofegantes e suados.

Benjamin Bowman

Melissa ressonava tranquila ao meu lado. Puta merda! Eu tinha mesmo


transado com ela, e tinha que admitir que foi fantástico, poder finalmente
provar seus lábios, foi uma das melhores sensações que tive, só perdeu para
estar dentro dela, ainda podia sentir suas paredes internas apertando meu pau
e me levando ao delírio. O jeito que sua boca formou um O quando ela
gozou, seus cabelos espalhados pela cama enquanto a comia sem piedade.
Senti meu pau endurecer enquanto as imagens de momentos atrás
continuavam a invadir minha mente. Ao meu lado, senti ela suspirar e se
mexer, se enroscando mais em meu corpo e repousando a cabeça na dobra do
meu braço.
Eu havia ficado possesso com aqueles comentários do príncipe sobre
Melissa, e mais ainda quando soube dos presentes. Na volta para casa soube
por Boris que o príncipe estava interessado em Melissa e foi por isso que a
chamou para a festa em sua casa. Aquilo foi demais para mim e foi quando
vim até seu quarto, e ao vê-la lendo o anúncio que o príncipe procurava outra
esposa, fiquei transtornado, a beijei com força, descarregando toda a tensão
que havíamos acumulado nesse último mês.
— Você parece bravo — Virei a cabeça e me deparei com Melissa me
fitando, seus cabelos estavam uma bagunça e seu rosto tinha a cara de quem
havia sido muito bem comida, ela estava irresistivelmente sexy.
— Estava lembrando do que nos fez estar nessa cama.
— É mesmo? E o que foi? — disse virando de lado a apoiando a cabeça
em um dos braços.
— Estava mesmo interessada na proposta do príncipe?
— Hum...
— Melhor nem responder — falei fechando a cara.
— Você fica tão sexy quando está com raiva. E não, jamais aceitaria tal
proposta.
— E por que disse aquilo? Para me irritar?
— Achei que havia dito que era meu hobby.
— Você é impossível!
Ficamos em silencio durante algum tempo, ambos encarando o teto.
— E então? Seus sonhos foram realizados? — perguntei divertido
lembrando da nossa conversa na sala dela.
— Hum... Podia ter sido melhor.
— Como é que é? — Olhei para ela e a mulher estava rindo na minha cara.
— Talvez se me der mais orgasmos, possa mudar de ideia — falou
deslizando a mão pelo meu peito.
— Acho que posso fazer isso — respondi, nos virando na cama e tomando
seus lábios nos meus.

∞∞∞
— Eu preciso de um vestido para essa festa — Melissa falou enquanto eu
me vestia para voltar para minha suíte. Ela estava sentada na cama coberta
apenas pelo lençol, depois de mais uma rodada de sexo incrível.
— Podemos ir as compras amanhã cedo.
— Você? Me acompanhando nas compras?
— Por que a surpresa? — perguntei terminando de abotoar a blusa e
olhando para ela.
— Você não precisa fazer isso só porque transamos, Benjamin.
— E quem disse que estou fazendo isso só porque a levei para cama?
— Não sei, só estou dizendo que não precisa, eu posso ir sozinha.
— Eu quero acompanhá-la, já estive aqui antes, sei onde podemos
encontrar um vestido para a festa.
— Por que está fazendo isso? — Me encarou, levantando da cama e me
distraindo com sua nudez momentaneamente.
— Como assim?
— Sei que o que fizemos aqui foi só sexo, e eu vou sair da Bowman em
breve, a gente não vai se ver mais, então...
— Ainda estou pensando sobre isso, tenho uma proposta para você, mas
conversaremos melhor quando voltarmos para casa. E pode acreditar, isso
que acabamos de fazer não será a última a vez — respondi me aproximando e
levantando seu queixo para que pudesse olhar em seus olhos — Ainda
pretendo te ter muitas vezes Melissa — Beijei seus lábios mais uma vez e sai
do quarto deixando-a sozinha.
Eu precisava colocar meus pensamentos em ordem, Melissa tinha o efeito
de me distrair. Na verdade, desde que meu pai deu a ideia de contratá-la
como arquiteta fixa, o pensamento não saia da minha cabeça, estar com
Melissa no mesmo ambiente se mostrou um desafio enorme, a tensão sexual
em torno de nós dois era palpável. Imaginava que após a tarde regada a muito
sexo, essa tensão se dissiparia, mas não foi o que aconteceu, estava em meu
quarto ainda pensando nos nossos corpos se movendo juntos, em completa
sincronia. E quando ela disse que sairia da Bowman, senti algo estranho e
resolvi agir, podíamos continuar nos divertindo juntos, eu só precisava
arrumar um jeito de meus funcionários não saberem disso.
Não queria ter me envolvido com ela. Melissa me despertava coisas que
não queria sentir nunca mais, tinha prometido a mim mesmo que não me
envolveria de novo com uma mulher, mas não podia controlar a fúria que
sentia ao ver outros homens perto dela. Eu precisava manter as coisas
separadas, poderia me divertir com ela sem me apaixonar, desfrutaria de seu
corpo e de sua companhia, mas não precisava de uma mulher
permanentemente em minha vida.
Capítulo 13
Melissa Delacroix

Depois que Benjamin saiu do meu quarto, desabei na cama respirando


fundo, tentando processar o que tinha acontecido. Ainda o podia sentir dentro
de mim, e a sensação era maravilhosa, tinha que admitir que o homem sabia
como foder, aquele tinha sido de longe o melhor sexo da minha vida.
Não sabia como as coisas entre nós iriam ficar agora, meu chefe tinha
mencionado uma proposta, mas não fazia ideia sobre o que era, além disso
sua fala de que me teria mais vezes acendeu um alerta em meu sistema,
estava claro que para Benjamin tinha sido apenas sexo e nada mais. Mas eu
queria isso? Conseguiria transar com ele várias vezes sem me envolver
emocionalmente? Eu não fazia ideia das respostas para essas perguntas.
Eu já havia ultrapassado meu limite, mas não resisti, ele estava tão sexy,
furioso pelos comentários do príncipe Khalil, seu beijo possessivo ao pensar
que estava interessada, me deixou completamente derretida, e mais um alerta
soou dentro de mim. Eu não podia me deixar levar por esses supostos ataques
de ciúme, não fazia ideia do que Benjamin estava sentindo, imagino que
estava tão confuso quanto eu, além disso ele continuava sendo grosso e
arrogante, um absurdamente gostoso como havia comprovado, mas ainda
assim, arrogante.
Estava morrendo de fome, havíamos perdido o almoço e não comi muito
no café da manhã devido ao nervosismo. Pedi serviço de quarto e peguei o
celular. Eu precisava das minhas amigas agora, mas não fazia ideia de como
contar que tinha transado com meu chefe, olhei o relógio, a madrugada estava
começando em casa, mas esperava que estivessem acordadas.

Melissa: Acordadas? A apresentação foi um sucesso, o príncipe amou o


projeto.
Samantha: Eu sabia que iria arrasar, você é incrível!
Gabriella: É amiga, você é maravilhosa! Primeiro grande projeto da sua
carreira.
Melissa: Obrigada meninas, eu estava bem nervosa, mas no final deu
tudo certo. Mas tenho outra coisa para contar...
Samantha: Transou com ele não foi?
Gabriella: Puta merda Melissa! Pegou o chefe gostosão?
Melissa: Então...
Samantha: MELISSA!!
Gabriella: Como você conta um negócio desses por mensagem, estou no
meio do plantão, mas quero detalhes, todos eles, até os menores, ou
maiores nesse caso.
Samantha: GABRIELLA!! Não coloca pilha.
Gabriella: Deixa a menina ser feliz!
Samantha: Tá, desembucha, já que fez, conta tudo.
Gabriella: Não era você quem disse para não incentivar?
Samantha: Obviamente não deu certo, então...
Melissa: Eu ainda estou aqui. E não sei se quero mais contar.
Gabriella: Ah, mas você vai contar sim, nem que eu precise ir até Dubai,
mas você vai nos contar. Eu me tranquei no banheiro só para poder
saber os detalhes.
Melissa: Você está trancada no banheiro?
Gabriella: Para de enrolar, e conta logo.
Melissa: Para resumir, o príncipe meio que deu em cima de mim e o
Benjamin ficou furioso. Veio até meu quarto e me viu lendo uma matéria
sobre o príncipe querer mais uma esposa, tentei irritar ele falando que
podia estar interessada, então ele ficou mais puto ainda e veio para cima
de mim me beijando e bom, uma coisa levou a outra e quando eu vi
estávamos na cama.
Gabriella: O príncipe deu em cima de você? Amiga, ele ficou com
ciúmes.
Melissa: Eu acho que sim, mas quando voltar eu conto os detalhes
melhor. E não viaja garota, até parece que Benjamin iria sentir ciúmes
de mim.
Gabriella: Aham, vai se iludindo, mas vamos aos detalhes, quero saber
tudo! Tamanho, grossura, se tem pegada, isso ele deve ter, afinal um
homão daquele tem obrigação de ser um predador na cama.
Samantha: Menos Gabriella, não precisamos de todos os detalhes
sórdidos.
Gabriella: Precisamos sim! E olha quem fala, você adora se gabar do
Robert. Vamos Melissa, não se acanhe, precisamos saber se valeu a pena.
Melissa: Okay, vocês venceram. Foi incrível, sim ele é enorme e grosso e
sabe fazer maravilhas com o instrumento que Deus lhe deu, além disso,
aquela boca dele e os dedos são uma perdição, eu ainda estou vendo
estrelas se quer saber.
Gabriella: Estou até hiper ventilando. Eita, que a foda foi gostosa, e
então vão repetir?
Melissa: Não sei, ele saiu falando que me teria de novo e que tinha uma
proposta para me fazer, então eu realmente não sei.
Samantha: Eu acho que você deve tomar cuidado, amiga.
Melissa: Eu sei, mas cansei de resistir, ele pode ser um idiota, mas como
fode bem! E eu preciso admitir estava precisando de um bom sexo.
Gabriella: A temperatura subiu aqui.
Samantha: Vou até acordar meu marido.
Melissa: Vocês não prestam. Minha comida chegou, perdi o almoço, mas
acho que vou levar um dia de cada vez.
Gabriella: Ainda vai rolar muita coisa, ele sentiu ciúmes sim e não acho
que vão ficar só nisso de sexo casual, grave o que estou falando, quando
menos esperarem essa coisa vai decolar.
Melissa: Não viaja, Gabriella.
Samantha: Acho que tenho que concordar com a Gabi, Ben está agindo
muito estranho, mas como eu disse, só não quero que se machuque e se
está gostando vai fundo amiga.
Gabriella: Bem fundo de preferência, né?
Melissa: Desisto, vocês são ridículas. Boa noite para vocês.

Eu definitivamente tinha as amigas mais loucas do mundo. Larguei o


celular e fui devorar a comida que havia pedido, não percebi com quanta
fome eu estava, e a comida estava maravilhosa, eu precisava aprender esse
prato para fazer em casa. Depois de comer, tomei um banho para me livrar
daquele cheiro de sexo, se bem que estava gostando de ter o cheiro de
Benjamin em minha pele, mas tinha combinado de sair com Anna para
conhecer alguns lugares e não podia fazer isso com os resquícios da minha
foda com meu chefe.

∞∞∞
— Não precisamos fazer isso se não quiser — disse para Anna enquanto
esperávamos na fila para subir no Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo.
Ela estava tremendo ao meu lado, olhando a altura do edifício.
— Vir a Dubai e não subir lá em cima? Eu vou conseguir, eu só fiquei com
um pouco de medo. Sabe que detesto elevadores e lugares muito altos.
— Me falaram que a subida é bem rápida, um minuto até chegarmos ao
observatório.
— Uau, isso é muito rápido. Cento e vinte e três andares em um minuto?
— Dubai, né? — falei e ela riu.
Realmente, a subida até o andar do observatório foi extremamente rápida,
em um minuto estávamos contemplando aquela vista incrível. Depois do Burj
Khalifa, fomos ao aquário de Dubai, foi uma experiência única também,
ficava dentro de um shopping e era enorme, com um túnel onde parecia que
estávamos dentro de verdade. Anna e eu conhecemos mais alguns lugares na
cidade e voltamos para o hotel para nos arrumamos para o jantar. Porém
quando entrei no meu quarto me deparei com mais um bilhete do príncipe
Khalil em cima da cama e outro pacote.

Querida Srta. Delacroix,

Você é ainda mais encantadora do que foi me dito. Espero


que aprecie essas lindas joias, diamantes combinam com seus
olhos. Adoraria vê-los adornando sua pele no meu banquete
amanhã à noite.

Príncipe Khalil
Olhei a caixa de veludo e fitei o conteúdo dentro dela incrédula, envolta de
tecidos encontrava-se um conjunto de gargantilha, brincos e pulseira de
diamantes. Isso estava ficando fora de controle, não queria aceitar, mas tinha
medo de minha recusa afetar de alguma forma o projeto, mesmo que os
papéis tenham sido assinados, o príncipe poderia voltar atrás e desistir de
tudo.
Resolvendo ignorar por enquanto, fui tomar um banho, como iríamos em
um restaurante internacional escolhi uma roupa mais comum e deixei meus
cabelos soltos. Quando estava acabando de me arrumar escutei uma batida na
porta, pensando ser Anna, já que tínhamos combinado de descer juntas, abri
sem verificar quem era. Para meu total espanto e prazer, meu chefe estava
parado na porta, absolutamente irresistível vestindo um terno azul marinho.
Senti uma contração violenta no meu baixo ventre e mordi o lábio
imaginando as possibilidades daquela gravata.
— Vim te chamar para o jantar, mas se continuar mordendo o lábio, ficarei
feliz em mudar de planos — falou dando um sorrisinho.
— Não acho que seria apropriado — Dei de ombros como se a visão dele
não tivesse me afetado de jeito nenhum.
— É mesmo? Vai dar uma de difícil agora?
— Eu nunca fui fácil — respondi e levantei uma sobrancelha em desafio.
— Isso eu tenho que concordar, aliás vai me convidar para entrar, ou vou
ter que ficar em pé aqui na porta.
— Hum... Acho que você pode esperar do lado de fora — fingi fechar a
porta e ele me olhou sério.
— Não provoca Melissa — falou e me empurrou gentilmente para o lado,
entrando na suíte.
— Pensei que soubesse que meu hobby é te irritar.
— QUE PORRA É ESSA?!?!? — Ouvi a voz alterada do meu chefe, vinda
do quarto. Corri até lá e me deparei com ele segurando o bilhete do príncipe
Khalil enquanto fitava as joias em cima da cama furioso.
— Acho que foi mais um dos presentes do príncipe — respondi com a voz
baixa, ainda na abertura entre a saleta e o quarto.
— Isso está passando dos limites! Quem esse homem pensa que é? —
Benjamin falou andando pela minha suíte e passando a mão nos cabelos
perfeitamente ordenados.
— Um príncipe?
— Isso não dá o direito de ele ficar te mandando presentes. E por que você
não devolveu? — perguntou virando-se para mim ainda raivoso.
— Eu acabei de ver isso na minha cama, além disso não estou gostando
disso tanto quanto você, então para de me olhar como se quisesse me matar.
— Mas eu quero matar alguém! De preferência um certo príncipe árabe.
— Pensei em devolver, afinal são joias caríssimas, devem valer uma
fortuna, mas fiquei com medo de ofendê-lo e acabar prejudicando a Bowman
— falei simplesmente e ele me olhou mais calmo.
— Você não devia se preocupar com isso.
— Mas é possível, já li que os homens árabes não gostam de ser
contrariados. Acho melhor eu usar amanhã e no final da festa devolver, afinal
não tenho evento para usar algo como isso.
— Acho que vou ter que deixar algumas coisas claras nessa festa — falou
e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.
— O que você vai fazer? — perguntei já sentindo a respiração
descompassada pela proximidade, seu perfume invadindo meus sentidos.
— Digamos que tirar da cabeça dele essa ideia de ter você como esposa.
Vamos jantar? Encontrei Anna vindo até sua suíte, mas falei que precisava
conversar com você, ela já deve estar lá embaixo esperando com os outros.
— Tínhamos combinado de descer juntas, mas já que ela já foi, acho que
posso descer com o você, Sr. Bowman.
— Voltamos ao Sr. Bowman?
— Pensei que gostasse, não foi assim que me pediu para chamá-lo?
— Mudei de ideia, agora gosto mais quando chama meu nome, de
preferência quando estou enterrado profundamente em você — disse e piscou
abrindo a porta para sairmos. Que homem é esse? O que tinha acontecido
com meu chefe sério e irritante? Respirei fundo e o segui em direção aos
elevadores.
O jantar estava sendo uma tortura. Não sei o que tinha acontecido com
Benjamin, mas durante todo o tempo ele ficou me provocando, ora passando
a mão em minhas pernas quando ninguém estava olhando, ora fazendo algum
comentário mais provocante que eu torcia para nem Anna nem os outros dois
perceberem.
— Bom, queria propor um brinde a Srta. Delacroix — meu chefe falou
erguendo sua taça — O projeto realmente ficou incrível e graças a ela
fechamos um acordo bastante vantajoso para a empresa. Acho que um brinde
ainda é pouco, mas irei lhe dar outro prémio pelo excelente desempenho —
Minha nossa! Aquela piscada, deveria ser proibido um homem como aquele
piscar assim. Olhei para os outros e ninguém parecia ter percebido o duplo
sentido naquela frase, mas meu corpo percebeu e apreciou, esfreguei as
pernas para me acalmar um pouco.
— Obrigada Sr. Bowman, eu aprecio isso — disse e levantei minha taça
tremendo levemente, os outros logo nos seguiram e brindamos ao sucesso do
projeto.
O resto do jantar passou rápido e logo Benjamin e eu estávamos sozinhos
no elevador, a tensão sexual era palpável naquele espaço apertado.
— Acredite, se não fosse proibido, eu te agarraria agora mesmo e a
possuiria bem aqui nesse elevador — Cacete! Esse homem ia me matar, senti
o desejo me dominar e a umidade em minha calcinha, institivamente
esfreguei uma perna na outra — Não se preocupe iremos resolver esse seu
problema assim que esse maldito elevador chegar no andar.
— Tem certeza de que... — comecei a falar, mas ele me interrompeu.
— Não sei o que vai dizer, mas sim, tenho certeza.
Antes que pudesse falar mais alguma coisa o elevador parou no nosso
andar e Benjamin já foi me puxando em direção ao corredor dos nossos
quartos.
— O jantar estava delicioso, mas agora eu quero minha sobremesa — falou
e abriu a porta da suíte dele, nos empurrando para dentro e fechando a porta
com o pé, ao mesmo tempo que sua boca já devorava a minha.
Capítulo 14
Benjamin Bowman

Assim que fechei a porta, prensei o corpo de Melissa contra a parede,


enquanto devorava aqueles lábios deliciosos. O jantar havia sido uma tortura,
assisti-la saboreando aquelas ostras fez meu sangue correr direto para meu
pau, e sustentei uma ereção dolorosa durante o jantar inteiro, tudo que eu
conseguia pensar era em devorar seus lábios, chupar sua boceta e me enterrar
completamente nela.
Tirei o casaco do terno e a gravata e sem conseguir esperar mais, abaixei as
alças do seu vestido, junto com o sutiã, expondo seus seios deliciosos, eles
eram formidáveis e cabiam com perfeição em minhas mãos. Levei minha
boca ao mamilo esquerdo já intumescido, enquanto com minha mão apertava
e dava beliscões no outro seio. Eu poderia passar horas apenas saboreando
seus montes, mas os gemidos de Melissa reverberavam em meu pau e me
sentia ficando cada vez mais duro.
— Você gosta assim não? — perguntei trocando de seio — Gosta quando
eu a chupo aqui, não é? — Um gemido alto foi minha resposta — Sabe o que
mais eu gostaria de chupar?
— Por... Favor... Eu... Preciso... — Melissa tentava dizer enquanto eu
lambia, sugava e mordiscava seus seios, ela estava absolutamente entregue a
mim.
— Do que você precisa? — perguntei fechando novamente a boca em seu
mamilo rosado — Vamos diga.
— Você! Dentro de mim — Porra! O aperto em minha calça se tornou
extremamente doloroso, podia sentir meu pau pressionando a costura do
zíper.
— Ah, pode ter certeza disso, estarei dentro de você antes do final desta
noite, mas primeiro, quero sentir seu gosto novamente — falei a pegando no
colo e a levando até a cama — Acho que podemos manter esses saltos, mas
esse vestido com certeza vai sair — Puxei a peça para baixo junto com o
sutiã, a deixando apenas de calcinha. Vê-la na cama apenas com aquele fino
tecido cobrindo suas partes e saltos altos foi extremamente excitante, eu
precisava resolver isso logo, ou minhas bolas me matariam.
Sorrindo daquele jeito que sabia que a deixava louca, abaixei na cama,
ficando de joelhos e abri suas pernas, Melissa tinha um gosto viciante, e
estava doido para prová-la de novo, com uma última olhada em seu rosto, me
enfiei entre suas pernas e chupei com força seu sexo já encharcado, ela se
contorceu em cima da cama, mas mantive minhas mãos firmes em suas
pernas, deixando-a bem aberta para mim, passei minha língua pelo seu
clitóris já inchado e dei uma mordida leve, fazendo com que ela se
contorcesse ainda mais, ela estava perto, eu podia sentir isso.
Soltei suas pernas e penetrei dois dedos dentro dela, enquanto continuava
lambendo e chupando sua boceta lisinha, havia ficado surpreso, hoje mais
cedo, ao ver o local totalmente sem pelos, e isso só facilitava meu trabalho.
Acelerei ainda mais a movimentação dos meus dedos e a senti chegar ao
êxtase, gemendo meu nome. Porra! Ela era gostosa pra caralho, e vê-la se
contorcer gritando meu nome era a cena mais erótica da minha vida.
Antes que ela pudesse se recuperar, abri minha calça e libertei meu pau,
abaixando a cueca, esfreguei o líquido que se acumulava na ponta e o
espalhei pelo meu comprimento, mas não precisava disso, Melissa estava
completamente molhada e pronta para me receber.
— Agora vamos brincar — Voltei para seu lado e a virei de bruços,
puxando-a para a beira da cama, e ela soltou um gritinho pelo movimento
abrupto. Puxei-a para baixo para que seus pés, ainda com aqueles saltos que a
deixavam ainda mais sexy, se apoiassem no chão. Ela espalmou suas mãos na
cama e levantou aquele lindo traseiro no ar. Aquela visão era a perdição,
peguei a camisinha apressado e envolvi meu pau, com um tapa em suas
nádegas, a penetrei, sentindo suas paredes envolverem todo o meu
comprimento.
Gemi com a sensação, eu nunca me cansaria disso, o que me assustava um
pouco, jamais quis tanto uma mulher, como queria Melissa. Me inclinei em
cima dela, beijando seu pescoço, seus gemidos só me atiçavam mais, e
segurei sua cintura com força enquanto metia mais fundo e mais rápido.
Sentia o suor escorrendo pelo meu corpo e quando ela estava a ponto de
gozar novamente, me inclinei sobre ela e com a mão que não estava
segurando sua cintura, envolvi seu seio direito e puxei o mamilo, seu grito de
prazer foi minha ruína e vim com força, desabando em cima dela, arfando.
— Isso fica cada vez melhor — falei saindo do banheiro depois de
descartar o preservativo.
— Ainda não sei se é uma boa ideia a gente continuar com isso —
respondeu, pegando minha camisa e a vestindo.
— Somos adultos, qual o problema?
— Trabalhamos juntos, esse é problema. Bom, não por muito tempo —
disse dando de ombros.
— Acho que podemos manter as coisas separadas, e outra já te falei que
tenho uma proposta.
— Que seria? — perguntou tombando a cabeça para o lado e mordendo o
lábio, ela estava tão gostosa, vestindo minha camisa, com os cabelos
bagunçados e aquela expressão de quem acabou de ser fodida. Por um
momento perdi a linha de raciocínio. Eu tinha falado que conversaria com ela
quando voltássemos, mas ela estava tão irresistível daquele jeito, ajoelhada na
cama, olhando para mim com aqueles olhos prateados tentadores.
— Quero te oferecer uma posição permanente na empresa.
— O que?
— Escuta primeiro, depois você fala. Há algum tempo quero ter um ou
mais arquitetos fixos, para não precisar, como em projetos como esse, ficar
desesperado atrás de alguém, e você se mostrou muito competente, admito
que quando Sam mencionou você, fiquei cético, afinal o que uma novata iria
conseguir em comparação com outros arquitetos mais experientes? Mas você
me surpreendeu, e bom, aqui estamos.
— Quer dizer que o surpreendi?
— De muitas formas, Melissa, de muitas formas — falei sentando-me ao
seu lado — E então? Vai aceitar?
— Eu preciso pensar, e além do mais, você não apresentou a proposta
completa, trabalhar exclusivamente na Bowman vai me impedir de fazer
projetos independentes.
— Mas vai te dar segurança se por acaso não estiver desenvolvendo um
projeto novo. E quanto a proposta, estará na sua mesa assim que voltarmos
para Nova Iorque, só quero que tenha a mente aberta e que prometa pensar, te
garanto que vai se surpreender.
— Já estou surpresa — admitiu um pouco relutante.
— Com o que?
— Essa proposta, a gente, percebeu que estamos conversando
civilizadamente?
— Bom, se continuar mordendo esse lábio, posso não ser tão civilizado
assim — respondi piscando e recebendo um tapa no braço.
— Bom, acho que vou para meu quarto, amanhã preciso ir atrás de um
vestido.
— Fica — disse, não querendo vê-la ir embora e na verdade ansioso por
um sexo matinal no chuveiro na manhã seguinte.
— Sério?
— Por que a surpresa?
— Não parece fazer o tipo de cara que dorme com a garota após o sexo.
— Bom, acho que você vai ter algumas surpresinhas.
— Já estou tendo Sr. Bowman — comentou e voltou a se jogar na cama.
Deitei-me ao lado dela e a puxei para meu peito, colando-a a mim, senti sua
bunda encostar em meu pau e suspirei com o quanto nossos corpos se
encaixavam bem juntos.

∞∞∞
Se eu continuasse mais tempo sentado nessa cadeira vendo Melissa desfilar
com um vestido mais revelador que o outro eu teria uma ereção permanente.
Estávamos em uma das lojas mais exclusivas da cidade, alguns contatos e
consegui um horário para ela escolher a roupa para a festa, não tinha certeza
se foi uma boa ideia acompanhá-la, já que disfarçar uma ereção era algo
quase impossível e podia sentir o olhar das atendentes em mim o tempo todo.
— Acho que vou ficar com esse — Melissa falou saindo do provador com
um vestido que marcava todas as suas curvas, que eu tive o prazer de
percorrer com minhas mãos ontem e hoje de manhã. Era cintilante,
misturando dourado com prata, o que só enfatizava seus olhos, era de alças e
seus seios ficavam bem marcados, segurei com mais força a almofada que
tinha em meu colo para esconder meu estado e subi meus olhos por suas
pernas, o vestido tinha uma fenda gigantesca que subia todo o caminho até
sua coxa esquerda — É muito revelador? O convite dizia que era um
banquete internacional, com pessoas de vários países, então... Está tudo bem?
— perguntou olhando para mim e sorrindo ao ver a almofada em meu colo.
— O que você acha? — Minha voz saiu mais rouca do que pretendia.
— Talvez possa ajudá-lo mais tarde com seu problema — Deu uma
piscada e voltou seu olhar para o espelho. Eu só consegui grunhir, meu
cérebro inundando de imagens dela chupando meu pau, se ela continuasse
com isso, tinha certeza de que a arrastaria para um provador e a comeria
contra um dos espelhos sem nenhuma vergonha.
— Vou levar esse, e quero aquela sandália também — falou para uma das
atendentes.
— Muito bem, mais alguma coisa? — perguntou a mulher e olhou para
mim — Talvez seu namorado gostaria de a presentear com uma joia.
— Ele não...
— Nós não... — falamos ao mesmo tempo e vi a atendente corar.
— Oh, desculpe, eu pensei que...
— Tudo bem — cortei querendo encerrar aquele assunto — Só debite as
compras no meu cartão — E entreguei meu cartão para a mulher que estava
absolutamente vermelha.
— Benjamin! — Ouvi Melissa dizer e sorri, era tão raro ela me chamar
pelo nome — Você não precisa pagar.
— Faço questão, e isso não está em discussão.
— O dinheiro é seu, gaste uma fortuna se quiser então — disse e voltou
para o provador para trocar de roupa. Essa mulher era impossível.
Após sairmos da loja, resolvemos almoçar em um restaurante ao ar livre.
Pedimos a comida e nos sentamos nas mesas com vista para o mar. Melissa
olhava encantada o lugar, já havia notado que toda vez que entrava em um
ambiente novo ela vagava seu olhar por todo o local, absorvendo a atmosfera
e a arquitetura.
— Então, qual o veredicto? — perguntei depois de um tempo admirando-a.
— O que? — Olhou para mim surpresa, como se só agora percebesse que
estava ali.
— O local, está aprovado?
— Ah sim, é lindo, essa vista é de tirar o fôlego.
— Nisso tenho que concordar com você — falei piscando para ela. Nesse
momento meu telefone tocou e o rosto de minha pequena apareceu na tela,
como estávamos um pouco mais afastados das outras mesas atendi a chamada
de vídeo — Oi princesa, como você está? — falei para minha filha e Melissa
olhou sorrindo.
— Papai! To com saudades — Senti meu peito se apertar com aquilo,
odiava ficar longe dela.
— Eu também, mas daqui a pouco o papai vai estar aí.
— E vamos para a casa de praia?
— Isso mesmo — respondi e olhei novamente para Melissa que
conversava com o garçom que trouxe nosso pedido — Olha quem está aqui
— Virei o celular para que ela pudesse ver Melissa.
— Melissa! — O gritinho de felicidade da minha filha atingiu em cheio
meu coração de pai.
— Oi princesa — ela disse sorrindo — Está se divertindo na casa dos seus
avós?
— Sim, a vovó e eu fizemos bolo de chocolate.
— Eu amo bolo de chocolate, estava gostoso?
— Muito, eu posso fazer um para você lá na casa de praia — Ouvi a voz
tímida de minha pequena.
— Eu adoraria, princesa.
— E podemos fazer cupcakes? — Ri com aquele pedido, ela não perdia
uma.
— Claro, da cor que você quiser.
— Vou querer rosa — falou e Melissa e eu rimos.
— Muito bem, vocês duas, o papai e a Melissa vão comer meu amor, eu te
ligo depois, tudo bem?
— Tudo bem papai, amo você — Será que algum dia me acostumaria com
aquelas palavrinhas saindo da boca dela?
— Eu amo mais — respondi e desliguei.
— Ela é um amor e você é tão incrível com ela — Melissa disse e sorri, ser
elogiado por ser um bom pai era a melhor coisa que podiam me dizer.
— Obrigado, eu tento.
— Ela sente muita falta da mãe? — Melissa perguntou e fechei a cara na
hora, odiava esse assunto, ela deve ter percebido pois ficou séria —
Desculpe, não devo me meter.
— Eu só... Não gosto de falar nesse assunto.
— Tudo bem, eu não deveria ter perguntado de qualquer forma — disse e
começou a comer. Olhei para ela me recriminando por ter sido grosso, mas eu
não queria falar de Genevive, nem agora, nem nunca.
— Está gostoso? — perguntei tentando mudar de assunto.
— Maravilhoso, vou procurar a receita.
— Então quer dizer que além de cupcakes, você também cozinha?
— É uma de minhas paixões.
— É mesmo? Estou ansioso para descobrir quais são as outras — Pisquei e
ela corou abaixando a cabeça e voltando a comer. Sorri com a reação dela e
fiquei surpreso por realmente querer saber do que ela gostava.
Não sabia o que estava acontecendo, ali estava eu, almoçando com
Melissa, depois de levá-la às compras, ansioso para passar o resto do dia com
ela, e nervoso com o banquete de hoje à noite, onde eu precisava deixar
algumas coisas claras para um certo príncipe árabe.
Capítulo 15
Melissa Delacroix

Passar o dia com Benjamin foi mais divertido do que pensei que poderia
ser. Após o almoço, ele me levou para conhecer alguns outros lugares em
Dubai, já que não teria mais tempo para conhecer a cidade, pois amanhã
cedo, iríamos voltar para casa. Ainda estava um pouco dolorida pelo sexo de
ontem à noite e hoje de manhã, mas não reclamaria de jeito nenhum, afinal
estava absolutamente satisfeita, o homem era um deus na cama e estava
gostando de como as coisas estava bem entre nós, sem todas aquelas brigas e
implicâncias, ainda não sabia o que nos esperava, mas não iria pensar muito
nisso.
Estava me arrumando para o banquete, ainda nervosa pelo encontro com o
príncipe Khalil, não fazia ideia do que ele queria comigo e para ser sincera
estava com medo de descobrir. Resolvi ir com os cabelos presos, e fiz uma
maquiagem um poco mais forte do que o habitual, ainda incerta se usava as
joias ou não. Respirando fundo peguei o conjunto e os coloquei, eram lindos,
e combinavam perfeitamente com o vestido, mas o que me deixava
apreensiva era o significado por trás daquele presente, será que Anna tinha
razão e ele me queria como esposa? Com tantas mulheres de seu país, por que
se interessar justo por mim? Enquanto refletia sobre isso, ouvi a batida na
porta, sabia que era ele, não precisei nem perguntar.
— Já acabou de admirar, Sr. Bowman? — perguntei após abrir a porta, e
notar seu olhar intenso sobre mim, me analisando de cima a baixo, repeti a
mesma pergunta que ele me fez naquele primeiro encontro em sua empresa.
— É realmente impressionante a vista que tenho daqui — respondeu
sorrindo e dando uma piscadinha. Ele estava impecável em seu smoking e o
cabelo penteado para trás — Ainda pode desistir se quiser, invento alguma
desculpa para não ter ido.
— Não acho que vá adiantar alguma coisa, ele parece ser um homem
bastante obstinado.
— Então encontrará outro mais ainda — disse entrando no quarto e
fechando a porta — Irei deixar algumas coisas claras para ele.
— O que você vai fazer?
— Você vai ver. Vamos?
— Estou quase pronta — falei indo em direção a suíte e passei mais uma
camada do batom — Prontinho, o que achou? — Voltei para o quarto e dei
uma voltinha só para provocá-lo.
— Que terei muito trabalho essa noite. Precisava se arrumar tanto assim?
— Deveria ter ficado feia?
— Acho que seria impossível — respondeu passando a mão pelo cabelo. Já
havia percebido que essa era uma mania dele.
— Acho melhor irmos.
— Usando aquele perfume de novo?
— Achei que deveria. Não gostou?
— Não acho que combina com você, o seu cheiro é muito melhor, ainda
mais quando acabou de ser fodida por mim.
— Idiota! — falei dando um tapa no seu braço.
— O que? Você parecia bem satisfeita, se contorcendo daquele jeito e
gemendo meu nome.
— Benjamin!
— Desse jeito mesmo, mas foi mais prolongado.
— Desisto! Você não tem jeito — Entrei no elevador bufando e o vi sorrir
para mim e piscar, daquele jeito que só ele sabia fazer, tinha feito de
propósito, para aliviar a tensão. Devolvi o sorriso e mordi o lábio para
provocá-lo, vendo-o cerrar os dentes na mesma hora.

∞∞∞
Não tinha palavras para descrever a beleza do palácio, já havia estudado a
arquitetura árabe na universidade, mas nada se comparava a realidade, ao que
estava bem na minha frente, desde a cor até os detalhes em ouro puro e o
formato, tudo remetia poder e riqueza. Enquanto esperávamos na fila de
carros para entrar no imponente lugar, não pude deixar de tremer um pouco e
ficar imaginando se poderia fazer alguma coisa se o príncipe deixasse sua
intensões claras. Ao meu lado, senti Benjamin colocar a mão em meu joelho
e apertar de leve, com a intenção de me acalmar.
— Vai ficar tudo bem — sussurrou em meu ouvido.
— Eu sei, mas...
— Relaxe, não vou deixar nada te acontecer. Confia em mim? — Eu
confiava? Talvez dissesse não a essa pergunta algumas semanas atrás, mas
não podia negar que nos últimos dias ele vinha se comportando de forma
diferente. Respirei fundo e acenei com a cabeça — Muito bem, só entre no
jogo.
— Jogo? Que jogo?
— Você vai ver. Chegamos! — Olhei pela janela, notando que tínhamos
chegado a imponente entrada.
Saímos do carro e mesmo sendo proibido o toque de pessoas do sexo
oposto senti as mãos de Benjamin na base da minha coluna enquanto me
guiava para dentro, agradeci mentalmente pelo seu toque, pois estava cega
com a quantidade de fotos sendo tiradas, acho que esse deveria ser o evento
do ano. Subimos a grande escadaria e entramos juntos por uma porta, o que
me surpreendeu, pois sabia que as casas árabes possuíam uma porta para os
homens e outra para as mulheres. Por dentro, o local era ainda mais incrível,
e me peguei parada olhando cada um dos detalhes.
— Podemos ir ou quer ficar admirando mais um pouco? — A voz de
Benjamin me tirou do meu devaneio artístico, olhei para ele e me dei conta de
que éramos os únicos naquela saleta.
— Oh! Eu me distraí, desculpe.
— Não precisa se desculpar, você fica linda admirando os lugares, notei
que sempre faz isso quando entra em um ambiente novo.
— Sim, a curiosidade fala mais alto, como quando eu fiquei admirando a
vista no dia da reunião na sua empresa.
— Ah, querida, nós dois sabemos muito bem que não era esse tipo de vista
que você estava olhando — falou e deu aquela risada sarcástica me fazendo
corar.
— Você é muito convencido, não é?
— Só na frente de arquitetas brilhantes — Aquela piscadinha que ele dava
ia acabar comigo, mas não pude deixar de rir. Ele era bem divertido quando
não estava sendo um idiota arrogante.
Guiados por um funcionário, entramos no grande salão já lotado. Podia
notar as diferentes culturas ali presentes, árabes com suas vestes tradicionais,
indianos com suas roupas coloridas e muitos outros pertencentes ao ocidente,
o que me fez ficar confortável com minha roupa. Como instruídos
anteriormente, nos dirigimos ao local onde se encontrava o príncipe Khalil
sentado em seu trono e rodeado de suas duas esposas, ambas vestidas com
Abayas de luxo e Hijabs combinando.
— Benjamin! Melissa! É um prazer recebê-los em meu palácio — O
príncipe nos saudou assim que nos aproximamos, cumprimentando primeiro
meu chefe e depois se dirigindo a mim — Devo dizer que está absolutamente
linda, minha querida, acertei na escolha das joias, elas parecem terem sido
feitas para você — comentou percorrendo seus olhos pelo meu corpo e me
senti corar, ao meu lado vi Benjamin enrijecer e colocar as mãos na base de
minha coluna, e os olhos do príncipe imediatamente foram para o local.
— Obrigada, sua alteza. Estou feliz pelo convite — menti, apesar de ser
uma oportunidade única, estava extremamente desconfortável.
— Imagina, espero que se divirta, e me conceda uma dança mais tarde —
Ao lado dele vi suas esposas me encararem, me analisando de cima a baixo e
cochicharem algo. Queria responder que não, mas não podia recusar um
convite tão direto assim. Ignorando as regras, Benjamin me puxou mais para
ele, e vendo nosso contato, o príncipe franziu a testa — Tenho certeza de que
não será um problema, certo?
— Não acho que seja apropriado, Khalil — Benjamin respondeu.
— Imagina, estamos no meu palácio, minhas regras — falou dando um
sorriso — Um pouco antes do jantar irei requisitar minha parceira — disse e
seguiu para cumprimentar os próximos convidados.
— O que foi isso? — perguntei enquanto éramos guiados para nossa mesa.
— Não sei, mas não será fácil.
— O que vamos fazer? Viu o olhar das esposas dele em mim?
— Eu vi, não se preocupe, você só dançará com ele sob o meu cadáver.

∞∞∞
Durante todo o jantar, Benjamin estava tenso ao meu lado, cada vez que o
príncipe olhava para mim, ou fazia algum comentário sobre a minha beleza,
podia sentir a raiva emanando dele. Não entendia porque estava tão furioso,
admito que estava incomodada com aqueles olhares e sentia suas esposas me
fuzilando com os olhos por sobre a mesa, mas não era para tanto aquela
reação, ainda mais vindo dele. Após o jantar, que estava maravilhoso, com
um menu para todos os gostos, vi o príncipe se levantar e vir em nossa
direção, por instinto me levantei e Benjamin fez o mesmo ao meu lado.
— Gostaria de uma palavra com você, Melissa — falou se aproximando de
onde estávamos — Em particular.
— Nem pensar — respondeu Benjamin imediatamente — Eu os
acompanharei. E isso não está em discussão.
Olhando para meu chefe, o príncipe acenou e nos guiou até uma sala
privada que identifiquei como sendo um escritório. Khalil se sentou e indicou
as duas poltronas na frente da mesa para que nos sentássemos.
— Bom, acho que está mais do que evidente meu interesse — falou e eu
comecei a tremer — Não é segredo que estou em busca de uma nova esposa,
e não pude deixar de ficar admirado pela sua beleza e seu talento, Melissa.
Quando Hassan veio até mim, descrevendo a beleza ocidental que havia
encontrado, imediatamente soube que precisava de uma nova esposa, e que
seria você, além disso estou disposto a oferecer 100 milhões de dólares para
endossar nossa união. Então, aceita ser minha esposa?
Choque, eu estava completamente em choque, não sabia como reagir e as
palavras não saiam, eu abria e fechava a boca diversas vezes, mas nada, só o
silêncio reinava no ambiente, até que ao meu lado Benjamin explodiu,
levantando furioso e encarando o príncipe como se fosse matá-lo a qualquer
momento.
— Você só pode estar de brincadeira! — falou elevando a voz — Melissa
não está à venda!
— Acho que ela quem deveria responder, Sr. Bowman — o príncipe falou
no mesmo tom que meu chefe. Os dois se encarando furiosos, ambos agora
em pé. E eu só conseguia olhar de um para outro, ainda sem conseguir
formular nenhuma frase.
— Melissa é gentil demais para responder um pedido como esse, além
disso não sei o que o Sr. Hassan falou, mas ela não está disponível, não sei se
deixei claro o suficiente essa noite, mas Melissa já é comprometida, ela tem
um namorado, que sou eu. Sua proposta é extremamente ofensiva, seus
presentes foram além do inconveniente. Não sei como as coisas funcionam
nesse país, mas no ocidente nós não compramos mulheres, nós a
conquistamos.
— Isso é verdade Melissa? — perguntou olhando para mim, a expressão
mais suave. Olhei para Benjamin que estava vermelho de raiva, eu precisava
fazer alguma coisa antes que aquilo virasse uma confusão maior ainda.
— Sim, sua alteza, nós estamos juntos — minha voz saindo bem mais
baixa que o normal. Na minha frente senti o príncipe franzir o cenho e nos
encarar exasperado, fechou as mãos em punho e deu um forte soco na mesa,
me fazendo pular.
— Isso é uma afronta, alguém sofrerá as consequências por essa
humilhação — falou agora andando de um lado para outro — Nunca passei
por tamanho constrangimento, isso é inadmissível — Virando-se para nós
novamente, mas com a voz mais calma se pronunciou — Perdão, Sr.
Bowman, Srta. Delacroix, não imaginei que pudessem ser comprometidos, e
entendo que minhas investidas foram incômodas. Peço minhas sinceras
desculpas e ofereço uma compensação por tamanho constrangimento.
— Não precisa — respondi, antes que Benjamin pudesse dizer mais
alguma coisa — Fico aliviada de podermos ter esclarecido as coisas.
— Eu principalmente, espero que isso não afete nossos negócios — falou
voltando o olhar para Benjamin, que ainda estava emburrado. Como parecia
que ele não iria responder, tomei a palavra novamente.
— É claro que não, alteza, e irei providenciar a devolução das joias e do
perfume.
— Não precisa, Melissa, eles foram escolhidos para você, fique, esperava
que fossem um presente para minha futura esposa, mas fica como um agrado
para a arquiteta — disse e sorriu — Mais uma vez me desculpem a confusão
e espero que desfrutem o resto da festa.
E com isso sai da sala puxando um Benjamin visivelmente mais relaxado,
mas longe de estar calmo.
— Você está bem?
— Não, ainda estou furioso, mas pelo menos deixamos as coisas claras,
onde já se viu, isso foi um absurdo!
— Calma — falei passando as mãos pelos seus braços — Está tudo bem.
Mas fiquei com medo quando ele deu aquele soco na mesa.
— Típico! Isso se chama orgulho ferido, esses homens estão acostumados
a terem tudo o querem — Dei de ombros, o importante era que estava tudo
acabado.
— Esta é a segunda vez que finge ser meu namorado para me salvar.
— Fazer o que se está sempre precisando que a salve.
— Ei! — protestei passando a sua frente e o encarando — Eu posso muito
bem me defender sozinha.
— É mesmo? Teria feito o que naquela sala se estivesse sozinha com ele?
— Bom, não sei — Dei de ombros — Mas poderia ter chutado suas partes.
— Muito maduro da sua parte fazer isso.
— Teria resolvido o problema e poderia sair correndo.
— Claro, continue achando isso — falou e suspirou — Pelo menos nos
livramos dele sem acabar com o projeto.
— Sim, estou aliviada, e obrigada a propósito.
— Por nada, sinta-se à vontade para utilizar meus serviços como namorado
quando quiser — E deu aquela piscadinha que me fazia arder em chamas,
voltando a andar em direção ao salão de festas. Ah, Benjamin, o que você
está fazendo comigo?
Capítulo 16
Benjamin Bowman

Meu sorriso devia estar ocupando metade do meu rosto ouvindo Melissa
dar gritinhos e apertar minha mão, enquanto passeávamos pelas Dunas. Nos
permiti um último passeio antes de embarcarmos de volta para Nova Iorque,
e não estava me arrependendo, a animação dela quando contei o que faríamos
hoje valeu totalmente a pena o gasto por trocar o horário do voo tão em cima
da hora.
Quando estava perto do pôr do sol paramos na área e os guias nos deram
um momento para apreciar a paisagem. Era um visual espetacular, da última
vez, não tive interesse em fazer esse passeio, mas agora, nada me parecia
mais certo do que estar aqui com Melissa.
— É impressionante — ela disse sentada sob um tecido na areia do
deserto, assistindo ao pôr do sol.
— Tenho que concordar.
— Nunca tinha visto?
— Não, nunca tive interesse — respondi simplesmente.
— E por que resolveu vim hoje? Sei que trocou as passagens, bom, pelo
menos a nossa já que Anna e os outros foram hoje cedo, por que fez isso?
Por que eu tinha feito aquilo? Ainda não sabia, só que assim que chegamos
ontem da festa, pedi para Anna trocar as passagens, alegando que Melissa e
eu precisaríamos resolver mais uma coisa antes de ir. Quando voltei para o
quarto e contei que ficaríamos mais tempo, vi aquele sorriso se abrir e o que
ela fez em seguida com seus lábios, me fez ter certeza de que fiz a melhor
escolha.
— Ben? — A ouvi me chamar e balancei a cabeça afastando os
pensamentos de seus lábios envolvendo meu pau e suas mãos massageando
minhas bolas — Está aí?
— Sim, desculpe, me distraí.
— Estou vendo — falou e olhou para onde minha ereção empurrava minha
calça jeans — O que estava pensando para te deixar nesse estado? —
perguntou com aquele sorrindo sexy pra caralho.
— Você, e na sua boquinha no meu pau ontem — Sorri quando percebi
que corou.
— Ben! Tem pessoas em volta que podem te ouvir, sabia?
— Não sei se percebeu, mas eles não falam nossa língua.
— Quem garante isso?
— Tudo bem, não está mais aqui quem falou, mas você não pode me
impedir de lembrar, não é?
— Você é um idiota.
— Mas um idiota que te deu três orgasmos ontem e um hoje de manhã.
— Desisto! — falou voltando a admirar o pôr do sol — Você me distraiu e
não respondeu minha pergunta, por que mudou nossas passagens?
— Não sei, só me pareceu certo — respondi e ela assentiu sem dizer mais
nada. Não sei o que estava pensando, mas durante todo o percurso da volta
para o hotel ela se manteve calada.

∞∞∞
Na manhã seguinte pegamos o voo de volta para casa. Mais uma vez
Melissa e eu dormimos juntos, mas dessa vez ela estava diferente, durante
todo o momento percebi que ela estava um pouco distante, sua entrega ao
meu toque estava mais hesitante e foi a primeira vez que ela não se
aconchegou a mim após o sexo.
— Está tudo bem? — perguntei assim que o avião decolou e a comissária
pegou nossos pedidos para o café da manhã.
— Sim, por que não estaria? — falou sem olhar para mim. Diferentemente
da ida, dessa vez estávamos sentados lado a lado.
— Não sei, estou te sentindo estranha desde o passeio nas dunas.
Aconteceu alguma coisa? — Puxei seu rosto para que olhasse para mim.
— Não, só estou tentando não pensar demais nas coisas.
— Que coisas?
— Nada em específico — respondei e pegou seu Kindle na bolsa — Será
que a Rosalyn ficaria muito chateada se eu não fosse para a casa de praia?
— Por que não quer ir mais?
— Não sei, eu só concordei porque iria te irritar, mas vai ser um momento
em família e não quero atrapalhar.
— Você não vai atrapalhar, na verdade acho que iremos nos divertir muito
— falei e sorri dando uma piscadinha para ela, sabendo como aquilo a
afetava. Mas dessa vez, ela só deu de ombros e voltou sua atenção para o
aparelho. Alguma coisa tinha acontecido, eu só precisava descobrir o que era.
O resto do voo se resumiu a eu tentar conversar com Melissa e ela me
responder com palavras monossilábicas ou pequenos resmungos e gestos,
estava começando a ficar puto com aquela situação, não entendia o que tinha
acontecido para ela ficar desse jeito. Tínhamos desfrutado de muitos
momentos juntos, o sexo havia sido incrível, então não fazia sentido ela estar
agindo de forma fria e distante. O voo de volta foi mais rápido do que o de
ida e um pouco depois do almoço estávamos pousando em Nova Iorque.
— Espera! — falei a puxando pelo braço antes que pudéssemos sair da
área de desembarque — Antes de irmos, o que está acontecendo?
— Já disse que nada.
— Eu sei que tem algo. Não vou soltá-la até me falar o que houve.
— Tudo bem — disse suspirando — Eu só... Estamos voltando para casa,
pensei que quisesse que as coisas voltassem ao normal. Sei que falou da
proposta e que me teria mais vezes, mas não sei... Só achei que quisesse isso.
— As coisas entre nós nunca mais serão normais de novo, Melissa. Falei
sério quando disse que a teria novamente e que queria que viesse trabalhar
comigo. Não tem possibilidade de esquecermos o que aconteceu.
— Mas...
— Mas nada, vamos para a casa de praia, aproveitar umas férias e quando
voltarmos para o escritório a gente conversa melhor sobre a proposta — falei
e ela suspirou.
— Tudo bem.
— Ótimo, vamos que se eu conheço minha pequena ela deve estar
deixando meus pais loucos porque ainda não cheguei — Ela riu e seguimos
para a área de desembarque com as coisas entre nós um pouco melhores
agora.
Ao chegarmos na sala de espera avistei minha mãe e meu pai com minha
filha no colo, quando a pequena me viu veio correndo em minha direção se
jogando nos meus braços, a apertei no meu peito beijando sua cabeça, e
naquele momento qualquer pensamento que não fosse minha filha sumiu da
minha mente.
— Papai! Estava com uma dorzinha bem aqui — Rosie falou apontando o
coração — Mas a vovó disse que isso era saudade. Fiquei com um monte de
saudade, papai — Aquilo acabou comigo, saber que minha pequena sentiu
tanto minha falta fez meu coração se apertar. Eu precisava dar um jeito nisso,
não podia ficar viajando tanto assim.
— O papai também sentiu muito a sua falta, princesa, mas agora estou aqui
e vamos para a casa de praia e vou ficar o tempo todo com você.
— Promete?
— Prometo! — respondi a abraçando novamente.
— Melissa! — minha pequena falou se dirigindo a arquiteta pela primeira
vez — Você cuidou bem do meu papai?
— Mas é claro — Disse recebendo o abraço de Rosie — Ele deu um
pouquinho de trabalho, mas dei um jeito nele — falou piscando para mim e
eu sorri. Pelo jeito seu bom humor havia voltado.
— Oh, papai ficou de castigo? — perguntou preocupada.
— Sim, ele foi muito malvado e brigou com um príncipe — Melissa
respondeu e eu revirei os olhos. Ao nosso lado senti meus pais nos olharem
interrogativamente, mas dei de ombros depois contaria aquela história.
— É mesmo? Mas os príncipes não são bonzinhos?
— Nem todos. Mas bom, foi um prazer revê-los, mas preciso ir para casa,
estou exausta.
— Nós te levamos querida — Meu pai ofereceu já tentando pegar a
bagagem dela.
— Ah, não precisa, eu pego um táxi.
— Imagina, faço questão, vamos — ele falou pegando a mala dela e dando
o assunto por encerrado.
Foi então que minha filha pegou minha mão e a de Melissa e foi andado no
meio até o carro dando gritinhos animados pela viagem à casa de praia.
Minha mãe olhou para trás e ao nos ver daquela forma deu um sorriso e
piscou, e eu apenas revirei os olhos.
Meus pais foram na frente, enquanto Melissa, Rosie e eu no banco de trás.
Minha pequena tagarela não parava de perguntar à Melissa como foi a
viagem e ela sorrindo contava os lugares que tinha conhecido e mostrava
algumas fotos no celular.
— Papai nunca me leva nas viagens dele — Minha filha reclamou
emburrada.
— Filha, são viagens de negócios, você não ia se divertir.
— Mas a Melissa falou que vocês passearam, você nunca me leva para
passear — respondeu fazendo bico e segurei a vontade de rir.
— Rosie, isso não é verdade, eu te levo para passear o tempo todo.
— Mas não para muito longe, você nem me levou na Disney para ver as
princesas!
— Porque você ainda era muito pequena, mas o papai prometeu que te
levaria no seu próximo aniversário.
— Sei... — disse ainda desconfiada, mas voltou seu olhar para Melissa —
Você já foi na Disney, Melissa?
— Duas vezes, mas eu era muito nova.
— Você pode ir com a gente — convidou minha filha nos pegando de
surpresa, essa menina era terrível — Não é papai?
— Claro, meu amor, o que você quiser — falei para encerrar o assunto,
porque se respondesse qualquer coisa diferente de sim, ela não descansaria
até ter certeza de que Melissa iria conosco. Pelo espelho retrovisor vi minha
mãe sorrindo para a neta que devolveu sorrindo também, suspirando baixei a
cabeça, isso ainda me daria muita dor de cabeça.

∞∞∞
— Vamos papai, a Melissa está esperando — Pelo espelho do carro olhei
minha filha sentada em sua cadeirinha, pulando animada.
— Já estamos chegando, meu amor.
Estávamos indo para a casa de praia, e minha princesa não escondia a
animação por isso, antes, porém, passaríamos no apartamento de Melissa para
buscá-la, sua amiga não conseguiu folga e por isso não poderia nos
acompanhar.
Meus pais junto com meus irmãos já tinham ido mais cedo e Sam e Robert
iriam mais tarde. Parei em frente ao seu prédio e mandei mensagem dizendo
que tínhamos chegado, cinco minutos depois ela sai pelas portas,
deliciosamente linda, vestindo shorts jeans, uma blusa solta e óculos escuros,
seus cabelos soltos balançavam com o vento enquanto andava até o carro,
colocou sua bagagem no porta-malas e entrou no banco da frente.
— Bom dia — falou colocando o cinto.
— Bom dia Melissa! — Minha filha falou animada — Nós vamos para a
casa de praia — Ao meu lado Melissa deu uma risadinha.
— Eu sei, você está animada?
— Muito! Eu vou fazer muitos castelos de areia e pegar conchas e ir à
piscina e nadar no mar e...
— Tudo bem, meu amor, já entendemos, você vai fazer muitas coisas —
cortei minha filha senão ela ficaria falando sem parar. Voltei meu olhar para
Melissa, subindo pelas suas pernas até olhá-la nos olhos — Bom dia, Melissa.
— Bom dia, Benjamin! — Sorriu e piscou mim. Balançando a cabeça
voltei minha atenção ao trânsito e peguei a estrada para a casa de praia.
A viagem durou cerca de duas horas, e durante todo o tempo minha filha
não parou de falar com Melissa, perguntando tantas coisas que me perdi na
conversa, as perguntas eram desde qual era a princesa da Disney favorita até
se ela tinha namorado. Quase me engasguei com essa última, e ao meu lado
ouvi a risada alta de Melissa.
— Não, não tenho um namorado.
— O papai também não tem namorada, então vocês podiam namorar —
Espertinha essa menina, não perdia uma única oportunidade.
— Rosalyn! Filha, o papai já falou com você. A Melissa e eu somos
apenas amigos — disse e ao meu lado senti Melissa se endireitar — Não
quero que fale mais sobre isso, tudo bem?
— Ta bom, mas vocês podiam me ouvir — E com isso voltou a perguntar
coisas aleatórias à Melissa.
A casa de praia da minha família, ficava em um terreno particular na beira
do mar, nos Hamptons. Meu pai havia comprado o local há alguns anos e o
reformei como um dos meus primeiros projetos da minha empresa. A
propriedade era enorme, com doze quartos com suítes, quadra de tênis, duas
piscinas, sauna, cozinha gourmet interna e externa e uma infinidade de salas.
Era tão grande que se poucas pessoas estivessem nela, podiam viver sem se
encontrarem tranquilamente.
— Minha mãe dividiu os quartos, então só para você saber, sua suíte é ao
lado da minha — comentei enquanto pegávamos a bagagem no porta-malas,
minha filha já tinha saído correndo atrás dos avós.
— E você não teve nada a ver com isso?
— Eu não impedi...
— Você é inacreditável!
— O que? Vai ser mais fácil nos encontrarmos sem ninguém saber...
— Não acho apropriado, é a casa dos seus pais.
— Ah, eles não são antiquados, não vão se importar, na verdade eles nem
vão saber mesmo — falei dando de ombros e ela suspirou.
— Melissa! — Minha irmã gritou vindo ao encontro dela e a abraçando —
Estou tão animada por estar aqui, Samantha não ia desgrudar do Robert e não
iria aguentar meus irmãos sozinha.
— Me sinto muito bem-vinda agora — Melissa falou e minha irmã riu
enquanto eu fechava a cara.
— Vem, preciso te mostrar a propriedade, tenho certeza de que vai amar
— disse puxando-a para dentro da casa e me deixando sozinho para carregar
as bagagens.
— Você tem alguma coisa para contar? — Meu irmão disse vindo me
ajudar com as malas.
— Por que a pergunta?
— Bom, está olhando a bunda da Melissa como se quisesse comê-la, ou
melhor como se já tivesse comido e quisesse repetir a dose.
— Não faço ideia do que está falando.
— Sei, espero que saiba o que está fazendo. Ah! E a propósito, Nicole
andou te procurando.
Merda! Tinha me esquecido completamente dela. Antes de ir para Dubai
havia combinado de nos encontrarmos no apartamento dela quando voltasse
de viagem. Eu precisava desmarcar, não podia foder ela e Melissa ao mesmo
tempo, pois apesar do que diziam de mim, não era tão idiota a esse ponto.
Capítulo 17
Melissa Delacroix

Desabei na cama suspirando alto. Eu só queria um momento sozinha para


respirar fundo e pensar no que deveria fazer, estava exausta, Charlotte havia
me levado para um tour quase completo pela casa, e eu ainda estava em
choque com tamanha opulência. Obviamente eu sabia que Benjamin era
muito rico, mas ainda não tinha visto nenhuma indicação de seu poder,
tirando o enorme prédio da Bowman Construction Company. Meus pais eram
ricos, mas não tão bem de vida a ponto de ter uma mansão na praia.
— Nossa, você não parece muito animada, para alguém que está passando
alguns dias na praia — Ouvi a voz de Sam, me despertando dos meus
devaneios. Olhei para a porta e lá estava minha amiga, vestida de forma
casual assim como eu. Bastou um olhar em minha expressão para que ela
fechasse a porta e se jogasse na cama comigo — Me conta, o que aconteceu
para estar com essa cara? Não me diga que tem a ver com Benjamin?
— E teria outro motivo para estar assim? — perguntei me acomodando
melhor na imensa cama.
— Mel, eu te falei que isso não daria certo...
— Não é isso. Eu só estou confusa — Suspirei — Eu sei que é um lance
casual, mas ele fica enviando sinais e eu não sei o que pensar.
— Sinais? Que sinais?
— Eu não sei, ele fica fazendo essas coisas fofas, como me levar para ver o
pôr do sol nas dunas em Dubai, agir todo legal comigo, fora o que te contei
sobre sua atitude com o príncipe. E isso me confunde, eu quero manter as
coisas separadas, mas tenho muito medo de acabar me envolvendo demais.
— E você quer se envolver demais?
— Não sei, se fosse há algumas semanas teria dito não sem nem hesitar,
mas agora, não sei, estou completamente confusa.
— Bom, como a Gabriella não está aqui, preciso fazer os dois papéis —
ela disse e eu ri — Pensando como nossa amiga maluquinha, eu diria vai
fundo, o que for será, aproveita esse homem disponível, porque homem assim
está em falta no mercado — falou imitando a voz de Gabi e eu cai na risada
— Agora, falando como eu, a amiga sensata do grupo, eu diria para pensar
bem no que está fazendo, eu sei que é forte, mas não quero vê-la sofrendo por
aquele idiota.
— Eu sei, só preciso de uns minutinhos, ouvir ele dizer claramente para a
filha que éramos apenas amigos foi um golpe duro.
— E você queria que ele dissesse o que para a filha de quatro anos? Que
você era sua parceira de foda?
— Certo, já entendi — falei tapando minha cara com um travesseiro.
— Que bom, agora larga disso, e vamos aproveitar a piscina, preciso
renovar meu bronzeado — E me puxou para fora da cama e fomos colocar
nossos biquínis, indo em seguida para a área externa da casa.
Meu bom humor voltou assim que pisei na área da piscina e vi Rosalyn em
um maiô rosa de babados esperando pacientemente, ou tão pacientemente
quanto uma criança de quatro anos consegue ficar, seu pai encher as boias
para colocar nos seus braços.
— Melissa! Eu vou entrar na piscina! — disse animada assim que me viu.
— Estou vendo, princesa, e eu amei seu maiô — Sorri para ela.
— É rosa, e tem babados, a tia Lottie quem comprou — E girou para me
mostrar — Eu amei o seu biquíni, ele é tão bonito, não é, papai? —
perguntou voltando seu olhar para o pai.
Olhei para cima, encarando meu chefe e o vi percorrer meu corpo com os
olhos de cima a baixo, antes de balançar a cabeça e sorrir para a filha.
— É bonito mesmo, filha, a Melissa está muito linda com esse biquini — E
deu aquela piscadinha que me tirava o sério — Prontinho, pode entrar na
piscina agora.
— Eba! — gritou a pequena e foi para a beira da piscina — Tio Tony, me
pega! — E se jogou para os braços do tio que a pegou fazendo festa para ela.
Sorri vendo a brincadeira dos dois.
— Está melhor? — Ouvi a voz dele próxima e me virei encarando seus
olhos azuis como o céu.
— Sim, eu acho, só precisava de um momento sozinha.
— Minha irmã consegue ser muito intensa às vezes — Dei de ombros.
— Eu ouvi isso! — Da piscina, Charlotte gritou e nós nos viramos para ela
rindo.
— Papai, vem! — Rosie gritou ainda no colo do tio.
— Bom, eu vou entrar, você vem? — perguntou tirando a camisa em
seguida, ficando apenas com a sunga, não pude deixar de olhar, ainda mais
sabendo que minhas mãos já tinham percorrido aquele abdômen —
Apreciando a vista, Melissa?
— Com certeza, é uma bela vista a que tenho daqui — E mordi o lábio me
afastando para tirar meu short e entrar na piscina, de longe o ouvi gemer e
sorri internamente com aquilo.

∞∞∞
— Ela dormiu — Benjamin disse voltando para a área externa, onde
tínhamos acendido uma fogueira e se jogando em um pufe.
— Nossa, essa foi rápida — Charlotte falou pegando um marshmallow e
colocando no fogo.
— Também, ela devia estar exausta de tanto que brincou — comentei
pegando um pedaço do meu marshmallow — Teve um dia e tanto.
E foi mesmo, depois do meu momento de melancolia, relaxei e resolvi
aproveitar minha estada aqui. Me diverti na piscina, jogamos vôlei,
almoçamos uma refeição maravilhosa preparada pela mãe do meu chefe e
brinquei com Rosie, que parecia ter uma energia infinita, pulou inúmeras
vezes na piscina, quis ir para o playground e depois de convencê-la de que
amanhã a ensinaria a fazer cupcakes, ela se acalmou um pouco, mas só até o
jantar, onde espalhou para todo mundo o que faríamos amanhã e dizendo o
quanto eu era legal, e para meu total constrangimento “que o papai deveria
namorar a Melissa, não é vovó?” Não sabia onde enfiar minha cara.
— Você tinha que ter visto sua cara, Melissa, quando a Rosie falou que o
Ben e você deveriam namorar, ficou mais vermelha que o pimentão que
comíamos — Charlotte disse me tirando dos meus pensamentos.
— Não tem graça, Charlotte! — Benjamin falou recriminando a irmã.
— Tudo bem, não está mais aqui quem falou.
— Ótimo — respondeu encarando a irmã sério.
— Mas me conta Mel, como foi a viagem à Dubai? — Charlotte perguntou
mudando de assunto e eu agradeci mentalmente.
Não sei quanto tempo ficamos bebendo e conversando sobre viagens,
negócios e como foi a vida na universidade, só sabia que me sentia
ligeiramente tonta e podia perceber que todos também estavam bêbados,
terminei minha bebida e resolvi entrar, porém devia estar mais desorientada
do que pensei, pois não fazia ideia de como chegar ao meu quarto. Estava
prestes a desabar no chão, quando senti braços fortes me envolverem e me
puxarem para um peito incrivelmente gostoso. Relaxei em seu abraço e a
última coisa que senti antes de apagar, foram seus braços me depositando em
uma cama macia.

∞∞∞
Atordoada e sem mexer um músculo, pisquei incontáveis vezes tentando
garantir que não era um sonho ou uma miragem o que estava diante de meus
olhos, mas não, o que vi é absolutamente real, e me fez respirar
profundamente. Grandes olhos azuis como os do pai me encaravam
surpresos, admirados e um pouco esperançosos? Suas mãos se apoiaram na
beira da cama, a cabeça inclinada de um lado, esperando... E o que eu fiz?
Nada, ainda paralisada, tento me lembrar do que aconteceu noite passada,
olhei ao redor e me dei conta de que não estava em meu quarto. Não! Eu
dormi com meu chefe? Na cama dele? E pior ainda, nem conseguia me
lembrar de absolutamente nada, olhei novamente para a pequena ao meu
lado, lembrando de repente como falar, e respondi com a voz rouca seu “bom
dia” animado.
— Bom dia, Rosie — falei baixinho ainda sem me mexer, não estava
ciente da minha situação embaixo desse lençol e não queria traumatizar a
criança.
— Você dormiu no quarto do meu papai? — perguntou no mesmo tom de
voz que usei. Merda! O que eu ia responder? Ao meu lado senti Benjamin se
mexer um pouco.
— E-eu... — Mordi o lábio, tentando pensar em uma desculpa — Não
achei meu quarto ontem, por isso dormi aqui, essa casa é muito grande, mas o
que acha tomarmos café da manhã e depois fazermos cupcakes para a
sobremesa? Você topa?
— Sim, Melissa! — Sorriu animada e sorrio para ela de volta. Sinto aquela
sensação em meu peito, quando a vejo assim, feliz. Estou gostando de
verdade dela, e isso me assusta considerando que não iriei fazer parte de sua
vida.
Levantei um pouco o corpo, ainda segurando o lençol, para vê-la melhor.
A pequena usava um pijama cor de rosa cheio de ursinhos, seus cabelos
estavam um pouco bagunçados, mas a visão, só fez meu peito se encher mais
ainda.
— O que acha de colocar uma roupa bem bonita para passarmos o dia? —
perguntei distraindo-a para que eu pudesse me vestir adequadamente.
Ela sorriu, levantando-se do chão, pronta para sair, mas antes virou para
mim e me olhou com aqueles olhos brilhantes.
— Você pode me ajudar a escolher uma roupa, Melissa? — perguntou
esperançosa e eu sorrio, esquecendo a situação em que me encontro.
— Claro que sim, vá na frente que já te alcanço — Ela sorriu mais uma vez
e saiu do quarto saltitante.
Respirei fundo e desabei no travesseiro, ao meu lado ouvi Benjamin soltar
o ar que deveria estar prendendo.
— Merda! Isso não deveria ter acontecido — falou e me virei para encará-
lo.
— Você acha? — perguntei irônica — Aliás, como vim parar aqui?
— Você não lembra?
— A última coisa de que lembro é de conversarmos sobre nossa vida no
campus e de beber muito.
— Bom, isso aconteceu, mas acho que ficamos um pouco bêbados demais,
você saiu de repente e te encontrei quase caída no chão, então a trouxe para o
meu quarto, parecia estar bem ruim e fiquei preocupado de passar mal.
— E tirou minha roupa? — perguntei, vendo que estava apenas de lingerie.
— Imaginei que ficaria mais confortável — falou dando de ombros — Não
fizemos nada se quer saber, não sou esse tipo de idiota.
— Sua filha...
— Eu vou falar com ela, não se preocupe, mas acho que se saiu muito
bem.
— Você ouviu? E nem pensou em me ajudar? — Sentei-me furiosa.
— E estragar seu desempenho tentando enganar uma criancinha?
— Idiota! — Levantei procurando minha roupa.
— Achei que já tivesse se acostumado — falou colocando as mãos atrás da
cabeça — E a propósito, melhor correr se não quiser que ela volte e te pegue
só de calcinha e sutiã — Riu e joguei um travesseiro na cara dele, terminando
de me vesti e indo procurar o quarto de Rosie. Eu ainda iria matar esse idiota!
Capítulo 18
Benjamin Bowman

Estava parado, estático, olhando-as pelo que parecia uma eternidade. A


imagem das duas na cozinha, com aventais iguais e touca no cabelo, me
encheu de uma sensação estranha de satisfação e plenitude, vendo meu olhar
para as duas, minha mãe sorriu para mim. Assim como eu, os outros também
olhavam aquela cena, mas tinham a decência de disfarçar. Melissa segurava
as mãozinhas de minha pequena, enquanto essa, em cima de um banquinho,
mexia alguma coisa em uma tigela.
— E agora só precisa colocar nas forminhas e levar ao forno — Melissa
falou para minha filha.
— E vamos ter cupcakes rosas! — Rosie falou animada e ela riu.
— Isso mesmo.
— Com coroa e glitter?
— Hum... Acho que aqui não vai ter as coisas para fazer isso, mas posso
fazer uma cobertura rosa e colocamos pedaços de morango, o que acha?
— Sim, Melissa!
— Muito bem, agora deixa eu colocar isso no forno e depois podemos
fazer a cobertura — Observei ela ajudar minha filha a descer do banquinho e
toda concentrada derramar a massa nas forminhas e levar ao forno.
— Papai! Estou fazendo cupcakes com a Melissa — Minha filha veio até
mim, o rosto um pouco sujo de farinha, mas um sorriso tão grande que não
pude evitar sorrir junto.
— É mesmo? E eu ganho um?
— Hum... Não sei, o papai ganha um, Melissa? — perguntou, olhando para
a ela, que ainda estava próxima ao balcão da cozinha. Ela levantou o olhar do
que estava fazendo e me encarando, deu um sorriso sarcástico.
— Bom, só se ele for bonzinho — respondeu e piscou para Rosie que riu.
— Você tem que ser bonzinho, papai — Olhei para minha filha e vi seus
olhinhos de arregalarem e brilharem com algum pensamento que ela teve —
E me dar lápis de cor.
— Mas você tem um monte, filha.
— Sim, mas eu esqueci de trazer, e queria desenhar um mapa para Melissa,
para ela não se perder — Olhei para Melissa que me encarou séria, nenhum
dos dois sabia o que viria a seguir, só esperava que não fosse sobre hoje de
manhã.
— Se perder? — meu irmão perguntou curioso. Merda, Anthony! Não
prolongue esse assunto.
— Sim, ontem ela se perdeu e não achou o quarto, então dormiu no quarto
do papai.
Silêncio, a casa inteira ficou muda enquanto absorviam as palavras de
minha filha. Ainda no balcão, Melissa corou profundamente, sem saber onde
se esconder, no sofá meu irmão olhava entre mim e ela e sorria, daquele jeito
irônico característico dele. Samantha, sentada junto com Robert em outro
sofá, franzia o cenho, enquanto o marido balançava a cabeça divertido. Olhei
para meus pais que alternavam o olhar, entre Melissa, minha filha e eu.
Merda! Sabia que isso ainda renderia muito. Agora que eles imaginam que
Melissa e eu dormimos juntos, vão insistir mais ainda.
— Nossa, vocês ficaram tão quietos de repente — Rosie falou quebrando o
silêncio — Que estranho, vem Melissa, vamos fazer a cobertura —E foi para
perto da arquiteta que ainda estava vermelha de vergonha.
Quando as duas pareciam entretidas no balcão da cozinha, voltei o olhar
para minha família e amigos, que ainda me encaravam.
— Essa foi rápida, irmão — Anthony começou — Quem diria que umas
bebidas iriam fazer vocês se soltarem e...
— Cala a boca, Anthony! — cortei, o encarando furioso.
— O que? Não disse nada — falou fingindo inocência. Ah, mas eu ia
matá-lo.
— Então é verdade? — meu pai perguntou entrando na minha frente —
Você e a Melissa estão juntos?
— Não! — respondi apressado.
— Mas passaram a noite juntos? — minha mãe questionou, olhando para
onde Melissa e minha filha estavam, se certificando de que elas não estavam
ouvindo.
— Sim, mas não é como está imaginando. Bebemos um pouco demais e
acabei achando Melissa no corredor, fiquei com medo de que pudesse passar
mal então a levei para o meu quarto, só isso. E antes que perguntem, não, a
Rosie não viu absolutamente nada demais — terminei e vi Samantha me
olhar de cara fechada, levantar-se e ir em direção as meninas na cozinha.
Meus pais não precisavam saber das coisas que Melissa e eu fizemos na
viagem, na verdade esperava que ninguém descobrisse.
— Espero que saiba o que está fazendo, filho — meu pai falou dando
tapinhas em meu ombro — Melissa é uma mulher preciosa.
— Vocês estão vendo coisas demais —falei, dando por encerrada aquela
conversa, mas antes de sair da sala, olhei mais uma vez para onde minha filha
e Melissa estavam, se divertindo, lambuzando a cara uma da outra de
cobertura rosa, não queria admitir, mas essa cena mexeu comigo de uma
forma que não conseguia explicar.

∞∞∞
Era a terceira vez que meu celular tocava naquela manhã, todas as ligações
da mesma pessoa, não fazia ideia do porquê de ela estar me ligando, tínhamos
um acordo e ele não incluía conversas bobas e ligações a qualquer hora.
— Boa tarde, Nicole — falei, enquanto olhava minha filha e Melissa
brincando no mar. Elas tinham passado o dia todo juntas, com minha pequena
não saindo do lado dela, um só minuto.
— Ben! Está sumido, não me procura mais — disse com aquela voz
melodiosa que muitos homens achavam sexy, eu só achava irritante mesmo,
ainda mais que estava perdendo um tempo precioso com minha família.
— Tenho trabalhado muito, Nicole, você sabe disso, estava viajando, e
preciso passar um tempo com minha filha também.
— Sim, é claro, como está a pequena? — Desde quando ela se interessava
por minha filha?
— Bem, como sempre — Suspirei — Você não ligou para saber da minha
filha, Nicole, então por que me ligou?
— Estou com saudades, pensei em você vir aqui no meu apartamento, para
a gente se divertir um pouco — convidou sedutora, mas diferentemente das
outras vezes aquilo não me deixou nem um pouco excitado.
— Não estou na cidade.
— Ainda está em Dubai?
— Não, não estou, e como sabe que estive lá? — perguntei surpreso, não
dava satisfação da minha vida a ela.
— Vi umas fotos suas na internet em um evento em Dubai — respondeu e
franzi a testa, de repente me lembrando das fotos que foram tiradas antes de
entrarmos no palácio — Com uma mulher...
— E? — questionei surpreso, não estava entendendo onde ela queria
chegar.
— Nada, só fiquei curiosa para saber quem era.
— Não vi as fotos, mas acredito que era minha arquiteta, fomos juntos ao
evento — respondi, querendo encerrar aquele assunto de uma vez.
— Entendo — Ouvi seu suspiro do outro lado da linha — Bom, quando
voltar a cidade, me ligue, estarei fora alguns dias estrelando uma campanha,
mas podemos sair quando eu voltar — Ela estava querendo um encontro?
Que porra estava acontecendo?
— Eu te ligo, até mais — falei e encerrei a chamada passando as mãos
pelos meus cabelos.
— Era a Nicole? — Virei o rosto, olhando para meu irmão que se sentava
ao meu lado.
— Como sabe?
— Ouvi, parte da conversa — Deu de ombros — Ela me ligou algumas
vezes quando estava fora, o que ela queria?
— Sair, ser fodida, não sei.
— Só isso?
— Bom, ela mencionou umas fotos que saíram de mim em Dubai, acho
que estava acompanhado de Melissa, mas não vi.
— Acho que ela ficou com ciúmes de te ver com outra mulher.
— A Nicole? — perguntei descrente — A gente não tem absolutamente
nada, sempre deixei claro o que tínhamos.
— Mas isso não impede ela de querer algo mais.
— Bobagem.
— Se você diz, mas o que vai fazer?
— Sobre a Nicole? Nada.
— E sobre a Melissa? — questionou e olhamos para onde ela estava agora,
na areia com minha filha, construindo castelos.
— Nada também — Dei de ombros — Estamos nos divertindo como dois
adultos;
— Se você diz — meu irmão falou se levantando — Mas acho que isso
ainda vai render muito, espera para ver — E foi em direção ao mar, me
deixando sozinho até Samantha se sentar ao meu lado.
— Veio dar sermão também? — perguntei frustrado, o que tinha dado em
todo mundo que queria se meter na minha vida?
— Eu? Claro que não, não tenho nada a ver com sua vida, mas se essa vida
envolver minha amiga, aí sim eu me intrometo, espero que saiba o que está
fazendo, porque se a machucar, não responderei por mim, e a propósito, você
sabe que pratico muay thai, não é?
— Vocês estão todos loucos, isso sim — respondi e me levantei, cansado
dessas intromissões na minha vida.
— Recado dado, depois não diga que não avisei.
Olhei mais uma vez para Melissa e minha filha brincando juntas,
respirando fundo, entrei em casa, precisava pensar. Peguei os fones de ouvido
e sai para correr.

Melissa Delacroix

— Isso está muito bom, Melissa — Grace falou provando mais um pouco
do risoto de camarão que eu tinha feito para o jantar. Ela alegou que não
precisava, mas era o mínimo que podia fazer para agradecer a hospitalidade.
— A Melissa cozinha maravilhosamente bem, o que é ótimo para a Gabi,
pois se não fosse por ela, nossa amiga provavelmente viveria de comida
congelada — Samantha falou.
— Bom, eu tenho que concordar — O pai de Benjamin falou — E se não
acredita em mim, pergunte ao Anthony — Apontou para o filho que repetia
pela segunda vez a comida, fazendo todos rirem e o irmão do meio dar de
ombros.
— Nunca quis ser cozinheira, Melissa? — Charlotte perguntou.
— Até pensei uma vez, mas a arte falou mais alto.
— Sorte do Benjamin, não é? Encontrar alguém tão brilhante assim — ela
disse e eu corei, percebendo o duplo sentido daquela frase, na minha frente vi
meu chefe fuzilar a irmã com os olhos.
— Eu ajudei! — Rosie falou, chamando a atenção para ela.
— Com toda certeza, princesa, sem sua ajuda não teria conseguido —
respondi para a pequena que sorriu para mim, sorri de volta para ela.
O dia tinha sido maravilhoso, por mais que tenha percebido Benjamin
distante desde o momento constrangedor da manhã, que para minha sorte não
foi comentado novamente, passar o dia com Rosie foi incrível. Nós
cozinhamos juntas, nadamos, e fizemos castelos de areia, ela tinha um
jeitinho todo meigo e encantador de ser, e meu afeto por ela só crescia cada
dia mais.
Sua animação quando propunha uma brincadeira, ou quando
mergulhávamos com o snorkel e ela via algum peixe e pulava no meu colo
com medo. Tudo nela irradiava amor e alegria e me via completamente
apaixonada por ela, afinal quem conseguia resistir aquela fofura?
— Bom, acho que está na hora de alguém dormir — Benjamin falou
olhando a filha.
— Ah, não, papai! Só mais um pouquinho.
— Nada disso, já está tarde, mocinha, vamos tomar banho e cama.
— Mas eu não quero — disse cruzando os braços e fazendo bico, tive
vontade de rir, mas em vez disso me vi abrindo a boca e ficando surpresa
com as palavras que saíram dela.
— Eu posso te ajudar, se você quiser.
— Sério? — perguntou, desfazendo o bico, os olhinhos brilhando em
minha direção.
— Claro que sim.
— Eu quero, Melissa! — respondeu animada e sorri para ela. Levantei o
olhar e notei todos os olhos em nós, mordi o lábio sentindo meu rosto ficar
vermelho diante do silêncio repentino.
— Se não tiver problema, é claro — falei apressada, diante do silêncio e
olhando para Benjamin, que me encarou de volta intensamente.
— Fique à vontade — E olhou para a filha sorrindo.
— Podemos ir? — perguntou Rosalyn, já me puxando.
Sorri com sua animação e me levantei da mesa, sendo puxada pela pequena
em direção ao seu quarto. Hoje mais cedo havia ficado surpresa com a
decoração, enquanto o resto da casa era em tons de branco, cinza e preto, seu
quarto era um verdadeiro conto de fadas, todo em tons de rosa, lilás e branco,
repleto de brinquedos e ursinhos, um verdadeiro recanto para uma menininha
de quatro anos.
Acabamos perdendo a noção do tempo, com ela na banheira, entre
brincadeiras com suas bonecas e sua animação com a peça que ela estava
ensaiando na escola. Quando finalmente convenci ela a sair, seus pés e mãos
estavam enrugados. Vesti o pijama nela e me preparei para chamar seu pai
para colocá-la na cama.
— Conta uma história para mim, Melissa? — perguntou timidamente,
olhando para mim, seus olhos, uma réplica exata dos de seu pai.
— Claro que sim, princesa — respondi sorrindo para ela e a acomodando
na cama — Qual história você quer?
— Da Bela, é minha princesa favorita — falou e peguei o livro na sua
estante, logo voltando para a cama dela e me deitando ao seu lado.
— A minha também.
Nem bem tinha terminado a história e ela já estava dormindo, levantei com
cuidado e ajeitei o travesseiro para dar mais conforto, cobri ela e beijei sua
testa, porém antes que me afastasse completamente, ouvi sua voz bem
fraquinha resmungar durante o sono.
— Queria que você fosse minha mamãe, Melissa.
Senti um aperto no peito com aquelas palavras, e algumas lágrimas
encherem meus olhos, lá no fundo queria que fosse possível seu pedido, mas
sabia que era questão de tempo até não fazer mais parte de sua vida, respirei
fundo me recompondo, apaguei a luz e sai de seu quarto deixando uma fresta
aberta.
Capítulo 19
Benjamin Bowman

— Então, aceita minha proposta? — perguntei, olhando naqueles olhos


prateados que continuavam invadindo meus sonhos e me causando dolorosas
ereções matinais. Estávamos em minha sala no prédio da Bowman
Construction Company, e eu apresentava a proposta para ela vir trabalhar em
definitivo na empresa.
— Isso é muito tentador — respondeu colocando os papeis em cima da
mesa — Tem certeza de que está disposto a me pagar tudo isso?
— Você merece cada centavo, Melissa. Admito que fiz a proposta de
forma a convencê-la, mas não se menospreze, com o projeto do resort em
Dubai você elevou seu nível, e não deve demorar para receber mais
propostas. Droga! Não deveria ter falado isso — Passei a mão pelo meu
cabelo e sorri para ela.
— Quem diria, não é? De achar que não daria conta de um grande projeto,
passou para meu maior fã — disse piscando para mim.
— Bom, não chegaria a tanto, mas sim, você provou que é muito talentosa,
e só trabalho com os melhores. Então, aceita a proposta? Vai fazer parte da
equipe?
Ela ficou em silêncio alguns minutos, seu olhar alternando entre mim e os
papéis à sua frente. Fiquei ansioso, estava torcendo para ela aceitar, estava
tão certo de sua decisão que já havia adiantado algumas coisas, como a
reforma de seu escritório, me certifiquei que fosse no mesmo andar que o
meu, agora parecia um ambiente projetado para uma arquiteta, com cores
claras e bem iluminado, todo o material que ela precisaria também já havia
sido encomendado, só precisava do sim dela.
— Bom, parece que você conseguiu de novo, Sr. Bowman, onde eu
assino? — Sorriu para mim, os olhos brilhando e eu sorri junto.
Mostrei para ela onde precisava assinar, já tinha resolvido tudo com os
recursos humanos da empresa, ela só tinha que registrar no papel. Pegou
minha caneta ainda sorrindo e selou o acordo.
— Agora é oficialmente minha funcionária — Pisquei para ela — Espero
que não me processe por assédio — Levantei minha sobrancelha e ela riu —
E que não mude de ideia, mas de qualquer forma cuidei disso, a multa é
exorbitante.
— Você é incorrigível — falou balançando a cabeça — E a propósito,
você está preso a mim, Sr. Bowman, assinamos um contrato — Levantou-se e
sorriu daquele jeito sexy, mordendo o lábio em seguida.
— Você está fazendo de propósito, não é? — perguntei, sentindo minha
voz mais rouca, ela sabia o quanto aquele gesto me afetava.
— Não tenho ideia do que está falando — Sorriu e virou de costas, me
presenteando com uma visão tentadora de suas nádegas — Se não tiver mais
nada a dizer, irei para minha sala, agora oficialmente minha — E antes que
pudesse pensar no que estava fazendo, me levantei e a puxei em meus braços,
colando meu nariz em seu pescoço e absorvendo seu cheiro que me deixava
completamente louco, a senti tremer em meu abraço e sussurrei em seu
ouvido.
— Você está me deixando completamente louco — falei, mordendo o
lóbulo de sua orelha e a apertando mais contra mim, deslizando minhas mãos
pelo seu corpo.
— Ben! — exclamou, já reagindo ao meu toque — Sua sala é transparente,
todo mundo pode nos ver.
— Ah é? — Subi minha mão, envolvendo seu seio — Bom, acho que
nunca te mostrei esse botão em minha mesa — E me afastei para que ela
pudesse ver o que estava fazendo — Olhe para a porta — falei e ela se virou,
apertei o botão e o clique da porta sendo tranca soou no ambiente, no mesmo
instante os vidros das paredes ficaram foscos e embaçados, nublando e
impedindo a visão do exterior — Gostou?
— Tenho até medo de perguntar qual foi o objetivo disso.
— Eu trato de negócios nessa sala, e discrição é tudo — respondi, voltando
para perto dela — E agora com você aqui, vai ser mais útil ainda, tenho
certeza de que iremos nos divertir bastante. Puxei-a pela cintura e colei
nossos lábios, a beijando com voracidade e acalmando um pouco minha
necessidade de seu corpo junto ao meu, fazia tempo demais que não entrava
em sua boceta apertada, que não sentia seu gosto e meu corpo ansiava por
mais.
Nosso tempo na casa de praia não foi como pensei que seria, não consegui
ter um momento a sós com ela. Durante o dia, seu tempo era monopolizado
ora por minha filha, ora por minha irmã, e as noites após colocar Rosie na
cama e me esgueirar para seu quarto a encontrava dormindo, exausta pelo dia.
Estava no limite do tesão, precisava dela, do seu corpo junto ao meu, nos
movendo em sincronia.
A peguei pela cintura, erguendo-a e a colocando sentada em minha mesa.
Seu vestido facilitou meu trabalho, enfiei uma mão por baixo de sua roupa e
para minha surpresa já estava molhada, quase pronta para me receber, ela
estava com uma calcinha de renda, adorava modelos assim, eram muito fáceis
de se tirar e com um puxão mais forte, senti o tecido se rasgar.
— Ben! — falou um pouco mais alto e levando as mãos a boca.
— Não se preocupe, a sala é a prova de som, ninguém vai ouvi-la gemer
meu nome, a não ser eu — Voltei a beijá-la enquanto trabalhava em seu seio,
abaixando as alças do vestido, expondo os mamilos rosados e intumescidos
de desejo — Isso vai ser rápido, tenho uma reunião daqui a pouco, e do jeito
que estou nem vou precisar de muito mesmo.
— Tudo bem, preciso de rápido e forte, estou pronta — Suas palavras
foram direto para meu pau, e o senti endurecer ainda mais. Suas mãos
abraçavam meu pescoço, puxando meus lábios ao encontro dos seus. Ficamos
nos beijando e acariciando por não sei quanto tempo, minha boca ora tomava
a sua, ora chupava seus seios, até que o desejo falou mais alto. Tirei o paletó
abrindo os primeiros botões da minha camisa, enquanto Melissa abria o zíper
da minha calça, abaixando-a junto com a cueca apenas o suficiente para
libertar meu pau, deslizou suas mãos pelo meu cumprimento, apertando um
pouco.
— Ah, como eu queria foder sua boca novamente, mas estamos sem tempo
— lamentei, pegando uma camisinha na gaveta, mas antes que pudesse
colocá-la, Melissa tirou a embalagem de minha mão e sorrindo abriu e
envolveu meu pau com o preservativo.
Tirei uma mão de sua cintura e guiei meu membro até sua entrada
molhada, ela gemeu assim que entrei nela, jogando a cabeça para trás e
expondo seu pescoço. Levei meus lábios até ele, depositando beijos suaves,
esperando-a se ajustar a mim para começar a me movimentar como queria.
Quando estava pronta, envolveu suas pernas em minha cintura, fazendo eu ir
mais fundo ainda, gemi com a sensação de suas paredes internas apertando
meu pau, adorava quando ela fazia isso, era como se dissesse que me queria
tanto quanto eu a queria. Ela se deitou na mesa, esticando os braços e
segurando a outra ponta, enquanto a estocava com força, como ela tinha dito.
— Está forte o suficiente? Precisa de mais? — perguntei desacelerando o
ritmo, retirando parcialmente meu pau de sua boceta, e ouvi seu gemido de
protesto.
— N-não para — respondeu apertando mais as pernas em meu tronco, me
fazendo entrar novamente — Estou tão perto.
— Você gosta assim? Gosta quando a fodo com força? — Voltei a acelerar
meus movimentos, seus gemidos se tornaram mais altos e sua resposta foi um
misto de gritos e respiração pesada. Senti o suor escorrer por meu rosto, sabia
que estava próximo.
Deitando-me em cima dela, abocanhei seu seio direito, chupando-o e
arrancando mais gemidos de seus lábios, mantive uma mão firme em sua
cintura, mantendo-a quase parada. Suas mãos foram para meus braços,
apertando-os enquanto a sentia amolecer, quando seu orgasmo a atingiu, seu
corpo se contraiu e tremeu enquanto onda após onda de prazer a tomava.
Continuei estocando, agora com sua boceta me apertando mais ainda, meus
gemidos se tornavam mais altos à medida que buscava meu prazer. Vendo
que estava quase atingindo o clímax, Melissa deslizou uma mão por dentro de
minha camisa e arranhou minhas costas, enquanto nossas línguas travavam
uma batalha. Aquilo foi o suficiente para me fazer desmoronar, e gozei com
um grito rouco, chamando seu nome, nossos corpos suados e satisfeitos.
— Se isso virar uma rotina, acho que precisarei manter um estoque de
calcinhas no meu armário — comentou quando nos recuperamos e estávamos
nos recompondo. Minha sorte que sempre tinha um terno reserva no banheiro
da minha sala.
— Acho que seria prudente, já que não me responsabilizo por manter suas
calcinhas intactas.
— Você é um idiota, como vou passar o dia todo sem calcinha?
— Ninguém vai saber, além de mim — falei me aproximando dela
novamente — Além disso, vou ficar tentado o dia inteiro, sabendo que seria
simples deslizar para dentro de você — Mordi o lóbulo de sua orelha e senti a
respiração dela descompassar — Pena que não tenho mais tempo, quem sabe
outra hora. E a propósito dê uma olhada em sua mesa quando chegar na sua
sala, acho que vai gostar do botão que mandei colocar lá — Dei um beijo em
sua boca, ainda vermelha, e sorrindo me afastei.
— Você colocou esse botão em minha sala também?
— Bom, nunca se sabe quando iremos precisar — Dei de ombros.
— Ele pode ser realmente útil, sabe, quando eu quiser passar um tempo
com alguém — Sorriu para mim e fechei a cara. Que porra ela quis dizer com
isso?
— Só comigo, Srta. Delacroix, esse botão será usado apenas comigo.
— Veremos, Sr. Bowman, nunca se sabe — Sob o meu cadáver que ela iria
foder com outro cara na minha empresa — Bom, preciso ir, começar a
trabalhar, meu chefe é muito exigente — Piscando para mim começou a se
afastar, mas a chamei de volta me lembrando do pedido de minha filha
quando a deixei na escola.
— Ah, Rosie pediu para convidá-la para o almoço, intimar acho que seria a
palavra mais adequada — Seu sorriso, quando me ouviu, iluminou todo o seu
rosto e sorri em resposta. Tinha desistido de ir contra, eram apenas almoços e
minha filha ficava tão feliz, como poderia impedir algo que traria felicidade à
minha princesa?
— Se não se importar, considere aceito o convite.
— Ela ficará em êxtase, demorei a fazê-la dormir ontem quando chegamos
da casa de praia, ela não parava de falar em você — comentei, mas ainda um
pouco preocupado com esse apego da Rosie com Melissa.
— Ela é um amor, me diverti muito esses dias, obrigada pelo convite,
mesmo não tendo sido seu.
— Disponha, meu motorista deve buscá-la na escola por volta do meio-dia,
então poderemos ir.
— Eu posso buscá-la, Ben. Preciso resolver algumas coisas no consulado
sobre meu visto e posso pegá-la, e você nos encontra no restaurante.
Podemos ir naquele italiano perto do parque. O que acha? — Se ofereceu e
olhei para ela tentando entender o que estava acontecendo. Melissa buscando
minha filha na escola? Eu poderia lidar com isso? Com essa aproximação?
Suspirei e balancei a cabeça concordando.
— Vou te passar o endereço da escola dela e você vai precisar usar meu
carro, já tem a cadeirinha dela — Peguei a chaves e a entreguei — Cuidado,
você levará meu bem mais precioso — disse sério e ela sorriu.
— Pode deixar, ela é importante para mim também — respondeu e
começou a se afastar, sua frase acendendo faíscas dentro de mim, sua
preocupação com minha filha e o carinho que demostrou todos aqueles dias
na casa de praia me deixando completamente fascinado.
— Bom, então nos vemos lá. A propósito, vai sair cedo no primeiro dia?
— perguntei para aliviar o ambiente.
— Eu mereço, não é?
— Depois do que fizemos? Com certeza — respondi e ela corou — Se
suas visitas à minha sala forem tão boas quanto essa, pode sair cedo quando
quiser — Pisquei para ela que riu.
— Preciso de uma calcinha de qualquer forma, não posso ficar o dia inteiro
sem uma — Mandando um beijo para mim, abriu a porta e saiu me deixando
completamente atordoado.
Desabei em minha cadeira, essa nossa aproximação estava se tornando
perigosa demais, precisava admitir que comecei a ter sentimentos que não
faziam parte de mim a muito tempo. Cada dia mais estava me envolvendo
com Melissa, e essa constante aproximação com minha filha e o resto de
minha família era preocupante. Mas ao mesmo tempo não conseguia me
afastar, eu ansiava por vê-la e continuava sonhando com ela todas as noites.
Capítulo 20
Melissa Delacroix

Parei o carro de Benjamin em frente ao portão da escola de Rosie,


enquanto a via parada com a inspetora que segurava sua mão, seus olhinhos
levantando a cada carro que se aproximava, já havia aprendido a reconhecer
os sinais quando ela estava animada com alguma coisa, ela balançava as
pernas, dava pequenos pulinhos e os olhos brilhavam.
Esse era nosso ritual há seis semanas, eu vinha buscá-la toda segunda,
quarta e sexta, para nos encontramos com seu pai e almoçarmos juntos.
Ainda lembro da primeira vez que fiz isso, seus olhos arregalados ao ver que
era eu chegando para pegá-la, seu sorriso quando disse que iriamos almoçar e
sua animação indiscutível durante todo o caminho até o restaurante, vê-la tão
feliz daquele jeito fez meu coração bater mais forte.
A cada dia que passava eu me apaixonava ainda mais por ela, pelo seu
sorriso quando me via chegando para buscá-la, ou quando passava algum
tempo na minha sala desenhando com seus lápis coloridos. Me apaixonava
pelo seu cheirinho, seu abraço apertado quando se despedia para voltar à aula
e pelo seu jeitinho doce de falar. Na verdade, eu estava absolutamente
encantada por ela, e me via ansiando por nossos encontros, me pegava
pensando nela e planejando coisas divertidas para fazermos quando ela estava
na empresa. Não sabia ao certo nomear esse sentimento, mas não podia negar
que queria estar o tempo todo perto dela. Sua fala naquele dia na casa de
praia ainda estava presente em minha memória, mas ela parecia não se
lembrar, pois não comentou nada sobre o assunto e nem repetiu seu pedido.
Parei o carro e cumprimentei a inspetora que abria a porta para colocar
Rosie na cadeirinha. No começo a escola ficou relutante em deixá-la vir
comigo, estranhando minhas constantes vindas para buscá-la, mas bastou um
telefonema de Benjamin e tudo se resolveu.
— Bom dia, princesa! — falei quando a mulher terminou de colocá-la na
cadeirinha e fechou a porta — Como foi a aula hoje de manhã?
— Bom dia, Melissa! — respondeu animada — Foi muito legal, teve teatro
e a branca de neve apareceu.
— É mesmo?
— Sim, eu tirei uma foto com ela, a professora falou que mandaria para o
meu papai.
— Hum... Vou pedir a ele para me mostrar depois. Mais alguma novidade?
— Sim! O aniversário da tia Lottie está chegando — Sorri da sua animação
— Mas eu ainda não comprei nenhum presente para ela.
— O que acha de irmos ao shopping depois do almoço?
— Sim! A gente podia comprar uma pulseira para ela, tia Lottie ama
pulseiras.
— Perfeito, eu conheço uma loja que vende várias pulseiras.
— Você vai na festa na casa dos meus avós?
— Vou sim, sua tia me convidou — respondi e ela sorriu.
O caminho até o restaurante foi rápido e quando chegamos, Benjamin já
nos esperava. Será que algum dia eu pararia de sentir esse calorzinho pelo
corpo quando via seu olhar intenso dirigido a mim? Não sabia responder, só
tinha certeza de que me machucaria quando tudo isso acabasse. Nessas
últimas semanas nos aproximamos mais, a cada novo almoço com sua filha o
sentia mais relaxado e confortável com a situação, ele me mandava uma
mensagem ou duas após o expediente e nossas transas em sua sala ou na
minha ficavam cada vez melhores. Mas nunca tínhamos passado disso, nada
além de amigos que fodem de vez em quando. Tentando não me abalar com
esses pensamentos e estragar nosso almoço, sai do carro sorrindo enquanto
ele retirava a filha no carro, a pegando no colo.
— Eu recebi uma foto muito linda de duas princesas no meu celular —
falou ainda com a filha no colo e uma das mãos na base de minha cintura, nos
guiando para dentro do restaurante.
— Sou eu e a Branca de Neve, papai! Ela foi na escola hoje.
— É mesmo? Então foi uma manhã divertida?
— Sim! E a Melissa e eu vamos ao shopping depois, comprar o presente da
tia Lottie.
— Vão é? — perguntou olhando para mim — E eu posso ir também?
— Vamos pensar, não é, Melissa? — Rosie falou rindo.
— Exatamente, e ele tem que nos comprar sorvete — concordei olhando
para meu chefe e piscando, ele balançou a cabeça sorriu. Eu continuava
adorando irritá-lo. Em seu colo Rosie bateu palmas e riu animada com a
possibilidade de comer algo doce, a menina era uma verdadeira formiguinha.

∞∞∞
— Trabalhamos na mesma empresa, mas desde que começou aqui, não
conseguimos almoçar juntas — Samantha falou, entrando em minha sala e se
sentando na cadeira a minha frente.
— Oi, para você também — falei sorrindo para minha amiga — A que
devo a honra de sua ilustre visita?
— Nem comece. Almoçou com eles de novo, não é? — perguntou olhando
em meus olhos. Sam era tão perspicaz que parecia enxergar dentro da pessoa,
e foi isso que aconteceu, bastou alguns segundos me encarando para constatar
o que vinha negando nas últimas semanas — Se apaixonou por ele, não foi?
Droga, Mel! Eu sabia que isso ia acontecer.
— E-eu não sei, eu só... — Não terminei a fala, minha amiga sabia muito
bem o que eu ia dizer. Sim, eu estava apaixonada por Benjamin Bowman,
não tinha ideia do que tinha mudado para enxergá-lo desse jeito, mas tinha
acontecido e agora eu estava completamente ferrada. Acabei me envolvendo
com sua família, sua filha, e fui até convidada para alguns almoços na casa de
seus pais. Mas Benjamin não falava nada sobre nós, sempre que tentava
conversar, perguntar como ficaríamos, se estávamos ou não em um
relacionamento ou o que isso significava, ele desconversava, me distraia ou
dizia ter um compromisso.
— Amiga...
— Desculpe, Sam, eu ainda não estou conseguindo lidar com isso —
abaixei a cabeça, frustrada — Eu amo tanto aquela criança, me apeguei a ela
de uma forma que nunca imaginei. Ontem mesmo gastei uma pequena
fortuna em mais coisas para ela desenhar. E não posso negar que o pai dela
está fazendo um estrago no meu coração, não consigo mais me imaginar sem
aqueles dois, me vejo contando os dias para almoçarmos juntos, mas sei que
para ele não significo nada.
— Eu não teria tanta certeza disso, ele pode não ter falado nada, mas você
significa alguma coisa para ele — Pegou minha mão e levantei o rosto para
olhá-la — Não vou iludi-la a ponto de dizer que acho que ele a ama, mas ele
está diferente, Anthony comentou com Robert que não viu o irmão frequentar
nenhum clube desde que vocês começaram a sair.
— Não estamos saindo.
— Desde que começaram a foder, então. Eu só quero que tenha calma, e vá
no seu tempo. Mas você precisa conversar com ele, Mel, ele precisa saber
como se sente, e dizer se sente o mesmo ou não. Você não pode ficar nessa
incerteza para sempre, se ele não quer, como diria nossa amiga Gabriella, tem
quem queira — Terminou de falar e eu ri.
— Eu sei disso, só não sei como começar a falar.
— Simples, chega e fala com ele, seja direta. É o melhor que pode fazer, e
o que deve fazer.
— Você é demais, sabia? Não sei o que faria sem você e a Gabi — Sorri
para ela.
— Estaria perdida, com certeza, ainda mais com a mãe que tem — Suspirei
com a lembrança — Ela ligou de novo?
— Sim, ontem à noite.
— E o que foi dessa vez?
— Me convidar para o chá de bebê da Catherine. Ela está nas nuvens desde
que soube que terá um neto. Um menino para dar continuidade aos negócios
da família.
— Quando eu penso que não pode piorar...
— Pois é, já desisti de tentar entendê-la e fazê-la me entender que os
tempos são outros.
— Mas você vai?
— Não sei, tem muito tempo que não vejo meu pai e irmão, e será bom
rever minha casa, mas não sei se consigo lidar com ela, ainda mais agora,
com essa confusão com Benjamin.
— Bom, se precisar, sabe que posso ir com você, mas não sei se seria uma
boa ideia me colocar na mesma sala que sua mãe.
— Eu sei, obrigada, ainda tenho tempo para pensar e decidir, e resolver
minha vida — falei suspirando, podia sentir minha cabeça começar a doer.
— Enfim, preciso ir, tenho uma reunião agora. Mas saiba que estou aqui,
para qualquer coisa.
Assim que ela saiu, respirei fundo e voltei a analisar o novo projeto, mas
não conseguia me concentrar, a conversa com Samantha martelando em
minha cabeça o tempo todo. Eu precisava resolver isso, como ela disse, não
podia ficar nessa incerteza, eu sabia dos meus sentimentos, não conseguia
mais negá-los ou escondê-los, cada dia que passava me sentia mais atraída e
mais envolvida com ele, com eles na verdade, Rosie fazia parte da equação, e
ela era muito importante para mim.
Levantei-me e fui até a sala dele, tomada por uma coragem que não sabia
de onde surgiu, apesar do medo do que ele poderia falar, caminhei decidida
esperando que ele não estivesse em alguma reunião, mas ao chegar na saleta
onde ficava a mesa de Anna me deparei com ela conversando com uma
mulher bastante impressionante, era alta e seus cabelos desciam em longas
linhas negras.
— Como não vai me receber? Diga a ele que é urgente — a mulher falou
nervosa.
— Desculpe, Srta. Mello, mas eu já disse que ele está ocupado.
— Bobagem — falou balançando a mão — Você disse quem eu era?
— Sim, a senhorita me ouviu falando com ele e o que disse.
— Não importa, eu preciso falar com ele — E antes que Anna pudesse se
levantar ela passou direto por sua mesa e entrou na sala de Benjamin. Pela
parede de vidro podíamos ver o que acontecia lá dentro. Ele se levantou
assim que ela invadiu sua sala, olhando-a furioso, falou alguma coisa para ela
e olhou para onde estávamos. Sua testa franziu quando me viu, mas sua
atenção se voltou para a morena à sua frente, um minuto depois e ele apertou
o botão em sua mesa, o mesmo que usava quando queríamos privacidade. A
última coisa que vi antes dos vidros ficarem embaçados foi a morena
sentando-se em sua mesa.
— Então é verdade — Anna falou e sai do meu estupor momentâneo.
— O que é verdade? — perguntei ainda em choque, olhando o vidro fosco.
— Que o chefe está tendo um caso com ela.
— O que?
— Dizem pela empresa que eles têm alguma coisa, ela veio aqui algumas
vezes, nunca acreditei nesses boatos, mas...
— Quem é ela?
— Você não sabe? — perguntou incrédula — Aquela é Nicole Mello, é
uma modelo bem famosa, com certeza já viu algum trabalho dela.
— Acho que não, se tivesse visto, com certeza me lembraria. Mas tem
certeza de que eles têm alguma coisa?
— Bom, certeza não tenho, pelo menos ele nunca me pediu para fazer nada
relacionado a alguma mulher, mas ninguém invade a sala de outra pessoa
daquele jeito sem estar envolvido de alguma forma.
Voltei a olhar a sala dele, ainda nublada, estava incrédula. Ele estava
transando comigo enquanto tinha um relacionamento com outra mulher? Não
podia acreditar, não parecia ser o tipo de coisa que Benjamin faria. Sempre o
achei um idiota arrogante, mas ele não faria isso, não o homem que conheci
nas últimas semanas e por quem me apaixonei.
Além disso, ele não permitiria minha aproximação com sua família se
assim fosse, tinha que ter outra explicação para aquilo tudo. Talvez uma ex-
amante inconformada, ou uma louca obsessiva. Eu queria acreditar que
aquilo tinha um sentido lógico, mas, quanto mais tempo a sala ficava fosca,
mais eu imaginava que eles não estavam apenas conversando. Com um
último suspiro e segurando as lágrimas eu me afastei e voltei para minha sala,
eu precisava resolver essa situação com ele o mais rápido possível.
Capítulo 21
Benjamin Bowman

— O que você quer Nicole? — perguntei furioso. Estava puto pela cena
que ela tinha feito na recepção e preocupado com o que Melissa poderia
pensar. Vi seu olhar quando apertei o botão para trancar minha sala e
embaçar os vidros, não queria nem pensar no que poderia estar passando na
cabeça dela, mas não podia arriscar alguém da empresa ver qualquer coisa
que Nicole poderia fazer.
Não queria admitir, mas sentia que meus sentimentos por Melissa estavam
se tornando algo mais que casual. Nossos encontros na minha sala ou na dela
estavam ficando cada vez mais intensos e o ambiente não estava mais sendo
propício a isso, precisava levar ela para outro lugar, de preferência, um em
que não corríamos o risco de sermos pegos por alguém, meu apartamento
estava fora de cogitação, jamais levei qualquer mulher lá, preservava muito
meu espaço com minha filha para mancha-lo com alguém que não significava
nada, mas Melissa era diferente, não sabia explicar, mas não estava mais
recusando os pedidos de minha filha para almoçarmos juntos e até a deixava
buscá-la com meu carro. Tínhamos uma rotina, três vezes na semana ela
buscava Rosalyn e almoçávamos juntos, ficava ansioso por esses encontros,
já havia desmarcado algumas reuniões apenas para estar com elas.
Mas não sabia se estava pronto para isso ainda, não queria me relacionar
com nenhuma mulher de forma séria de novo, e muito menos envolver minha
filha, mas estava se tornando algo inevitável. A pequena não parava de
perguntar e falar sobre ela. Aquele dia na casa de praia quando Melissa a
colocou na cama mexeu profundamente comigo e os dias que se seguiram
não foram diferentes. Era nítido a conexão das duas, o amor que estava
crescendo ali, e por mais que aquilo me preocupava não tinha forças para
impedir aquela aproximação. E vê as duas juntas era maravilhoso, estava
percebendo as mudanças em minha pequena, ela estava mais falante,
comunicativa, parecia que tinha ganhado um ânimo novo, até os professores
da escola falaram que ela estava mais animada para participar dos teatros e
festinhas do que antes, e sabia que aquilo era porque Melissa estava cada vez
mais presente em nossas vidas.
— Anda, ainda estou esperando — falei novamente, já que Nicole não
tinha aberto a boca.
— Nossa, não precisa ser tão grosso — respondeu se aproximando de mim
— O que aconteceu? Você está estranho, não me procura mais. Encontrou
outra mulher? Por isso está me rejeitando? — Suas mãos começaram a
acariciar meus braços por cima do terno que usava.
— Isso não é da sua conta, Nicole — falei tentando afastá-la, mas ela era
insistente, e começou a deslizar suas mãos pelo meu corpo — Não temos
nada para que te dê satisfação da minha vida.
— Não fale assim que machuca. Acho que está estressado, e sei muito bem
o que te deixaria mais relaxado — Suas mãos desceram mais e quando
encostaram em meu pau por cima da calça, me afastei, segurando-a pelos
braços.
— Acho que não fui muito claro, não a procurei porque não quis, nós
temos um acordo, Nicole, que é benéfico para ambos os lados, apenas isso,
não te dei o direito de invadir minha sala e me cobrar qualquer coisa.
— Você está diferente mesmo, jamais me rejeitou assim antes — Se
afastou, olhando nos meus olhos — Isso tem a ver com aquela mulher das
fotos em Dubai? Vi mais algumas de vocês com sua filha. Apresentou a
menina a ela?
— Como eu falei, isso não lhe diz respeito — respondi brusco, não queria
envolver Melissa naquela história, muito menos minha filha — A propósito
estou a liberando do nosso acordo, sei que tem uma fila de homens que
adorariam se encontrar com você. Sinta-se à vontade — Continuei, ainda me
controlando para não a expulsar de uma vez da minha sala — Ah, e não
precisa se preocupar, pode continuar no apartamento até que encontre um
outro lugar.
— Isso não vai ficar assim, Benjamin — falou incrédula — Eu ainda vou
descobrir o que aconteceu, você não vai se livrar de mim assim tão fácil — E
com um último olhar se virou e saiu furiosa da minha sala.
Afundei em minha cadeira, exausto, olhando para a porta pela qual Nicole
tinha acabado de sair, jamais havia visto aquele lado dela antes, nossos
encontros eram divertidos e animados e ela parecia ter entendido o que
tínhamos, sem nunca cobrar nada. Ela levava uma vida boa, não precisava se
preocupar com contas e moradia já que vivia em um dos meus apartamentos,
e eu sempre lhe comprava muitos presentes.
Respirei fundo, daria um tempo para ela se acalmar e entender que falei
sério quando dei fim ao nosso acordo, não fazia mais sentido, de qualquer
forma, desde que comecei a transar com Melissa não havia me encontrado
com ela, e como não pretendia acabar com o que tinha com minha arquiteta,
aquilo não fazia mais sentido. Precisava começar a colocar as coisas no lugar.
— Anna, preciso que peça à portaria que bloqueie o acesso da senhorita
Mello nas dependências da empresa — falei para minha secretária, através do
interfone — Ela não pode mais entrar no prédio de forma alguma.
— Perfeitamente, Sr. Bowman, irei fazer isso imediatamente — respondeu
solicita como sempre. Eu tinha muita sorte de ter encontrado ela, foi a única
assistente que durou mais que um mês e estava comigo a quase dois anos —
Deseja mais alguma coisa?
— Sim, a Srta. Delacroix ainda está aí? — perguntei me lembrando de
Melissa.
— Não, acredito que tenha voltado para a sala dela, Sr. Bowman, quer que
peça para que venha até sua sala?
— Não precisa, eu mesmo irei até lá.
Fiz questão que a sala de Melissa fosse perto da minha, então não demorei
muito a chegar, mas fiquei alguns minutos parado no batente da porta
observando-a concentrada em um novo projeto, seus dedos tamborilavam na
mesa e ela mordia aquele lábio delicioso.
— Você não devia fazer isso, sabe o que faz comigo — disse e ela se
assustou, dando um pulo e olhando em minha direção — Se não quiser que a
tome agora mesmo, melhor soltar esse lábio.
— Hum... Não é uma boa ideia, estou ocupada — falou e voltou seu olhar
para o Ipad em sua mesa, franzi o cenho — Deseja alguma coisa?
— Vim saber o que queria falar comigo, vi que foi até minha sala, mas
quando terminei de conversar com Nicole você tinha ido.
— Não queria atrapalhar, e como não sabia se iria demorar, voltei para
minha sala.
— Foi rápido — falei e ela me olhou erguendo a sobrancelha — Mas o que
queria?
— Não é nada, pode deixar — Seu olhar voltou para o objeto em sua mesa.
— Melissa, olhe para mim — Peguei seu queixo e o ergui para olhar em
minha direção, ela suspirou e se levantou, ficando bem próxima a mim —
Pode falar.
— E-eu queria... — A encarei, incentivando a continuar — Eu queria saber
se você pretende contar a Rosie sobre nós, sabe, com o aniversário da sua
irmã amanhã e seus irmãos sabendo da gente e tudo mais.
— Bom — respondi depois de alguns momentos de silêncio, não estava
esperando essa pergunta, na verdade eu não tinha ideia da resposta para ela,
sabia que não era apenas um lance casual, mas não sei se estava pronto para
dar um nome oficial ao que estávamos fazendo — Não acho necessário, meus
irmãos não irão comentar nada na frente dela e isso é apenas um lance casual,
não quero envolver minha filha mais do que ela já está envolvida — falei,
como o idiota que eu era e a senti enrijecer, seu rosto fechou e ela se afastou
de mim. Porra! Por que eu tinha falado aquilo?
— Sim, claro, você está certo — Se levantou e pegou suas coisas,
guardando na bolsa — Isso não significa nada, é melhor não envolver a Rosie
nisso, de qualquer forma preciso ir — Significa sim! Mas eu ainda estava um
pouco atordoado com o que tinha falado e com sua reação.
— Passo para te pegar amanhã à noite? — perguntei, tentando fazê-la olhar
para mim novamente — Para o aniversário da Charlotte?
— Ah, não precisa, eu vou com a Sam e o Rob, mas obrigada —
respondeu e olhou para mim, seus olhos não brilhavam mais — Tenha um
bom fim de semana, Sr. Bowman — E com isso saiu da sala me deixando
completamente confuso e com uma dor estranha no peito. Por que ela me
chamou de Sr. Bowman? Praticamente desde nossa volta de Dubai ela só me
chamava pelo nome. Que porra tinha acontecido? E por que eu tinha a
sensação de que ela estava se afastando de mim?

∞∞∞
Minhas suspeitas foram confirmadas no dia seguinte, Melissa não atendeu
nenhuma de minhas ligações e nem respondeu minhas mensagens, considerei
ir até seu apartamento, mas mudei de ideia, não queria parecer como um
louco perseguidor, eu conversaria com ela hoje à noite. Passei o resto da tarde
repassando o que eu disse e tentando entender sua reação, será que fora o fato
de eu ter dito que tínhamos apenas um lance casual? Merda! Não sei por que
disse aquilo, mas também não estava pronto para admitir que sentia algo a
mais por ela, pelo menos não antes de saber o que ela sentia por mim.
Desisti de tentar ligar e resolvi me arrumar para o aniversário de Charlotte,
minha filha já estava lá, então essa tarefa foi fácil e rápida. Como era uma
comemoração apenas em família, não seria nada extravagante, o que me
deixou mais tranquilo, não queria que uma plateia me visse conversando com
Melissa.
— Papai! — Minha filha me cumprimentou, assim que entrei pela porta —
Cadê a Melissa?
— Oi, princesa, ela disse que viria com a Samantha e o Robert.
— Mas ela não veio, eles já chegaram e nada dela — minha irmã disse,
franzindo o cenho — Ela me garantiu que viria ontem de manhã... Espera!
Que merda você fez, Benjamin?
— Eu não fiz nada!
— Rosie, chama a vovó e o tio Anthony aqui na sala, e depois vai lá no
quarto da tia pegar a bolsa vermelha dela, por favor — minha irmã disse,
direcionando seu olhar para minha filha.
— Ta bom, titia — E a pequena saiu saltitante.
— O que você está fazendo?
— Colocando algum juízo na sua cabeça.
— O que?
— Muito bem, o irmão divertido chegou, podem começar a festa —
Anthony falou entrando na sala, sendo acompanhado dos meus pais — Nossa
que caras são essas?
— Seu irmão! — Charlotte gritou — É um idiota!
— E qual a novidade nisso?
— Charlotte! Anthony! — minha mãe ralhou com os dois e eu suspirei
— O que está acontecendo aqui?
— Pergunte ao seu filho o porquê de Melissa não está aqui.
— Ela não veio? — meu pai perguntou confuso — Mas ela disse que viria.
— Exatamente isso que quero saber, vamos Benjamin, fale de uma vez a
merda que você fez.
— Eu não fiz nada! — Me apressei em dizer, aquilo estava fora dos
limites, eu era um homem adulto! — Tivemos uma discussão, não sei, não
entendi muito bem o que aconteceu.
— Ah! Mas eu sei o que ele fez — Sam disse entrando na cozinha com
Robert em seu encalço — Eu sabia que você ia estragar tudo, eu falei com a
Mel um monte de vezes o idiota que você é, desculpe Grace e Théo, mas seu
filho é um idiota —Olhou para meus pais que deram de ombros — Conte a
merda que você falou para minha amiga ontem à tarde, e porque ela chegou
chorando em casa.
— Espera? Ela chegou chorando? — perguntei ficando aflito.
— O que está acontecendo? — meu irmão disse mais sério.
— Não aguento mais isso. Esse idiota — Sam falou apontando para mim
— Falou que ele e Melissa só tem um lance casual, que não iria contar nada a
Rosie por causa disso.
— Eu não acredito que você disse isso — minha irmã falou incrédula.
— Eu não acredito que esse ser saiu de dentro de mim — minha mãe
completou em choque.
— Que merda você tem nada cabeça? Você é um idiota ou o quê? — meu
irmão disse balançando a cabeça.
— Será que dá para vocês pararem? — gritei furioso — Isso não diz
respeito a vocês!
— Somos sua família e queremos o seu melhor — minha irmã falou
aumentando o tom — Mas se não quer nossa ajuda, sem problemas, só não
venha reclamar se for tarde demais. Vamos gente, não aguento mais ficar na
mesma sala que esse sem noção.
Bufei alto e xinguei, não era assim que esperava passar minha noite. Todos
saíram da sala me lançando olhares mortais, meu pai, o único que se manteve
calado durante toda a discussão se aproximou de mim, dando tapinhas em
meu ombro.
— Vamos caminhar um pouco, filho — E com isso me guiou para o jardim
— Olha, você já é um homem adulto, pai, um empresário de sucesso, mas
quando se trata de mulheres você ainda é muito imaturo. Desde que Genevive
fez aquilo, você se fechou, tenho o observado todos esses anos saindo com
diversas mulheres sem compromisso nenhum. Sei o quanto aquela mulher te
machucou e me culpo todos os dias por não ter visto o que ela estava
fazendo.
— Pai, não é sua culpa, eu é que...
— Me deixa continuar, mas eu deveria saber, sou seu pai, mas não é isso
que quero dizer, o que realmente quero falar é que isso é passado, chega de
sofrer por algo que aconteceu há anos, já está na hora de olhar para frente. E
eu vejo nesse futuro, você, minha neta, uma adorável arquiteta, e quem sabe
mais alguns netinhos no caminho — falou piscando para mim no final —
Não lute contra seus sentimentos, é óbvio que você está apaixonado pela
Melissa, e ela por você, não deixe que uma situação no passado guie seu
futuro.
Respirei fundo, ele estava certo, eu não podia mais fugir disso, eu estava
completamente apaixonado pela Melissa, pela mulher maravilhosa que ela
era, pelo jeito que demonstrava seu amor por minha filha, pela profissional
incrível que se mostrava ser. Eu estava louco por ela inteira, e precisava que
ela soubesse disso, já tinha sido um idiota tempo suficiente, estava na hora de
ser um homem descente.
— Preciso ir atrás dela!
— Acho que a Sam pode te ajudar com isso. Se eu bem conheço as
mulheres, ela não vai abrir a porta para você de jeito nenhum.
— Você está certo, obrigado pai! — falei, já começando a voltar para
dentro.
— Disponha, é o meu trabalho — Sorriu e acenou para mim.
Eu precisava agradecê-lo melhor por isso, meu pai sempre foi incrível,
mesmo que quando era adolescente eu o odiava, agora adulto e pai, sei que o
que ele fez foi o melhor e mesmo agora ele continuava a abrir meus olhos
para a realidade.
— Sam, eu preciso da chave do apartamento das meninas — falei entrando
na cozinha onde minha família e nossos amigos estavam — Sei que ainda
tem.
— Nem pensar.
— Por favor Sam, eu prometo que vou resolver as coisas — implorei —
Eu preciso conversar com ela — Ela me olhou e então Robert cochichou algo
no ouvido dela que assentiu, suspirando, pegou a chave da bolsa e me
entregou.
— Se você a magoar novamente eu vou cumprir minha promessa.
— Não vou, obrigado — respondi sorrindo — Mana, desculpa, mas eu
preciso resolver isso.
— Acho bom, mesmo, e só pise nessa casa se for com ela, ouviu bem?
— Charlotte! — Minha mãe a repreendeu.
— Tudo bem, mãe, ela tem razão, cuida da Rosie para mim.
— Claro filho, vá resolver sua vida e traga aquela jovem de volta — Sorriu
e eu assenti, correndo para meu carro.
A adrenalina estava me consumindo, nunca me senti tão eufórico e tão
apreensivo ao mesmo tempo, a sensação de admitir meus sentimentos por
Melissa era libertadora. Não queria admitir, mas sabia que as coisas entre nós
não se resumiam ao sexo, tentei me enganar por muito tempo, mas Melissa
era irresistível demais e eu estava indo para fazê-la minha de uma vez por
todas.
Capítulo 22
Melissa Delacroix

Eu sou uma burra mesmo. Burra! Burra! Burra! Como fui me iludir com
aquele idiota? Por que falei aquilo? Eu sabia que não passava de mais uma
aventura de Benjamin Bowman. Como se não bastasse ter visto ele com
outra, eu tinha que abrir a boca para ele confirmar que não significávamos
nada. Mas não consegui me controlar ao imaginá-lo com outra em seu
escritório, fazendo a mesma coisa que fazíamos frequentemente.
Agora eu estava aqui, no meu apartamento, chorando igual uma boba, por
um homem que eu sabia que não queria nada além de sexo casual. Mas no
fundo estava nutrindo alguma esperança, mesmo que praticamente
impossível. Na verdade, nos últimos dias o tinha sentido mais próximo, mais
aberto, nos nossos almoços com sua filha, eu pude conhecer o verdadeiro
Benjamin Bowman, longe do CEO arrogante e grosso que me referia um dia,
ele era um paizão e uma pessoa realmente engraçada, além de um amante
incrível.
Não fazia ideia do que faria, não sei se conseguiria continuar na empresa e
vê-lo desfilando com várias mulheres, mas não sabia se teria forças para me
afastar. Me distanciar de Benjamin, também significava me afastar de
Rosalyn e só o pensamento de não a ver mais me causava dor e mais lágrimas
escorriam pelo meu rosto, e mesmo assim não respondi nenhuma de suas
mensagens, nem atendi suas ligações, ainda não estava pronta, não sei se
conseguiria falar com ele sem tentar matá-lo.
Olhei as horas no celular, droga! Estava atrasada para o aniversário de
Charlotte, ela iria ficar furiosa, me ligou a semana inteira lembrando-me da
sua festa e fazendo várias ameaças caso não comparecesse, mas eu não sabia
como poderia ir sabendo que iria ter que encarar meu chefe. Respirei fundo, a
última coisa que queria era magoar alguém, especialmente Charlotte. Estava
afundada na melancolia quando ouvi a porta sendo aberta, será que Gabi
tinha voltado? Ela estava de plantão no hospital há dois dias, junto com uma
equipe de médicos que veio de fora, e não estava pronta para contar tudo a
ela. Levantei-me da cama e fui em direção a sala, quase caindo para trás
quando me deparei com Benjamin parado na entrada do meu apartamento
vestido casualmente com jeans e camisa polo.
— O que você está fazendo aqui? Aliás, como entrou?
— Samantha me deu as chaves e liberou minha entrada na portaria.
— E por que ela faria isso? — perguntei, ainda sem saber como reagir a
ele no meu apartamento. Sam jamais faria isso, principalmente depois de ela
ter me encontrado aos prantos quando veio buscar um vestido que tinha
emprestado para Gabriella.
— Porque ela te ama e quer te ver feliz.
— Mandando você aqui? — questionei incrédula.
— Ela não mandou, na verdade tentou me impedir, mas eu fui insistente —
respondeu sorrindo e se aproximando.
— O que faz aqui, Benjamin? — Suspirei, tinha noção que minha
aparência não estava das melhores, estava de moletom e meu rosto devia
estar vermelho e inchado, enfim o desastre completo, bem diferente da
mulher que ele costumava ver.
— O que acha que estou fazendo aqui? — Ele se aproximou e limpou com
os dedos o rastro das lágrimas — Não gosto de te ver assim.
— Não faz isso — disse com a voz falha, já reagindo ao seu toque, onde
estava toda aquela fúria que estava sentindo antes dele chegar?
— Isso o que? Te tocar? — Seus braços me envolveram e me trouxeram
para onde seu coração batia acelerado, não aguentei, senti minhas lágrimas
retornarem com força e o choro sair.
— Por favor, eu já entendi o meu lugar em sua vida.
— Entendeu mesmo? Acho que não — falou e me afastou para olhar em
meus olhos — Precisamos conversar, Melissa.
— Eu não quero falar com você — Me afastei virando de costas
— Por favor, você precisa me ouvir.
— Eu já te ouvi Benjamin — Voltei a encará-lo, sentindo a raiva me
dominar — Eu sei o que sou e o que você quer de mim, e de qualquer outra
mulher. Teve uma tarde divertida com a Nicole em seu escritório? Acredito
que veio dizer que terminamos por aqui, não é? Terminando não seria
realmente o termo já que não temos nada e... — Fui interrompida por seus
lábios pressionando o meus, tentei resistir no começo, mas meu corpo não
obedecia ao meu cérebro e se rendeu àqueles lábios conhecidos e inebriantes.
Nos beijamos até o ar nos faltar, quando nos separamos ele me olhou
intensamente, os lábios vermelhos.
— Ela não significa nada, Melissa, nenhuma delas nunca significou —
falou ficando sério e olhando em meus olhos, e o que vi me fez ficar
paralisada — Jurei nunca me apaixonar mais uma vez, eu não queria passar
por tudo de novo, não queria sofrer novamente, e nem que minha filha se
machucasse. Eu nem sempre fui assim, frio, arrogante, grosso, ou idiota
como você diz — Respirou fundo e eu prendi a minha respiração, tentando
processar o que ele estava dizendo — Acho que já deve saber que fui casado,
eu amava muito Genevive, ou pensava amar, pensava que éramos felizes, ela
estava grávida, eu tinha fundado minha empresa, tinha a vida perfeita.
— Você não precisa...
— Preciso sim, você precisa saber e entender — Me interrompeu,
colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha — Bom, eu achava
que tudo estava perfeito, até que minha empresa começou a não ter lucro, o
que não fazia sentido, pois estávamos cheios de projetos, então, com ajuda de
Anthony pedi uma investigação — Seu semblante se tornou mais carregado
enquanto continuava sua história — O dia mais feliz da minha vida foi
também o mais triste, o dia que minha pequena nasceu, foi o dia que descobri
que minha esposa me traia com meu diretor financeiro, e que juntos estavam
roubando minha empresa, não sei como eles descobriram que sabíamos, mas
quando a polícia tentou entrar em contato com eles, os dois tinham fugido —
Senti as lágrimas molharem meu rosto ouvindo ele dizer aquilo, imaginar o
quanto ele sofreu e sofria, podia sentir que aquilo ainda o abalava — Por fim,
sofreram um acidente, o amante morreu na hora, mas Genevive foi
hospitalizada, eu estava desesperado pensando que podia perder minha filha,
tão indefesa, mas os médicos conseguiram salva-la, mas minha esposa não
sobreviveu. Estava tão possesso que paguei uma fortuna para minha filha não
ter o nome daquele monstro na certidão de nascimento e proibi os avós
maternos de mencionarem aquela mulher, eles não fizeram muita questão de
conviver com a neta, então não tive muitos problemas — Eu estava
devastada, não teria como imaginar tudo o que ele passou, ser traído daquela
forma, viver a possibilidade de perder a filha ainda não nascida. De repente
tudo fez sentido, o fato dele ser tão reservado e sua insistência para que não
nos envolvêssemos. Me aproximei e coloquei minhas mãos em seu rosto,
enxugando algumas lágrimas que escorriam, ele se assustou ao perceber que
chorava.
— Eu sinto muito, não imaginava...
— Não precisa sentir pena.
— Eu não...
— Eu sei, desculpe, eu disse isso para que entendesse — falou, me
abraçando — Mas o que quero realmente dizer é que aquele Benjamin ficou
no passado. Eu não imaginava que pudesse acontecer de novo. Mas a verdade
é que me apaixonei por você Melissa, não sei quando e nem como, mas
aconteceu — Me afastei, olhando em seus olhos, precisava ter certeza de que
aquilo não era uma piada, que estava ouvindo realmente aquelas palavras
saindo de sua boca — E espero que sinta o mesmo, porque senão não sei o
que fazer. Quero que seja minha, quero dar um nome oficial para o que
temos, aceita ser minha namorada?
Não sabia o que responder, eu queria chorar, gritar, socar ele por me fazer
sofrer, mas só consegui pular em seus braços e colar nossos lábios, beijando-
o até o ar nos faltar.
— Isso foi um sim?
— Isso foi um sim — respondi sorrindo — Eu também estou apaixonada
por você, Benjamin Bowman, pelo pai maravilhoso que é, pelo chefe incrível,
por tudo o que representa e quando vi você apertar aquele botão com aquela
mulher em sua sala, e quando disse aquilo sobre nós, eu não sabia o que
fazer, eu precisava me afastar e...
— Eu sei, meu amor — Interrompeu e eu sorri com o termo carinhoso —
Eu já sabia o que sentia, mas não quis reconhecer, e falei aquela idiotice, mas
minha família me fez ver o que estava na minha frente o tempo todo,
principalmente meu pai, você é a mulher da minha vida, Melissa, eu amo
você, como não amei nenhuma outra — Ele disse! Disse que me amava, eu
não estava acreditando, meu chefe idiota e arrogante estava dizendo que me
amava? — Não vai dizer que me ama também?
— Hum... — Mordi o lábio — Não sei se merece.
Ele estreitou os olhos e eu dei um passo para trás, com um movimento ele
me pegou no colo me jogando no ombro e dando um tapa em minha bunda,
dei um gritinho com o movimento, mas ele ignorou me levando pelo
corredor.
— Onde é o seu quarto?
— No final do corredor — respondi e ele seguiu pelo caminho. Quando
chegamos no meu quarto, me jogou na cama me olhando intensamente.
— E agora? Vai dizer que me ama?
— Acho que ainda não — falei entrando na brincadeira e mordi o lábio
— Melissa, Melissa, não deveria brincar com fogo, você pode se queimar
— Me encarou se aproximando da cama.
— Então me queime — Sorri e ele balançou a cabeça, suas mãos foram
para o cós da minha calça a puxando para baixo. Merda! Eu não estava
preparada para isso.
— Essa com certeza não é uma calcinha sexy — disse quando terminou de
tirar minha roupa, me deixando apenas de calcinha.
— Para! Não queria ser sexy, estava com raiva de você. Não me preparei
para transar.
— Estou brincando, você está linda, não me importo com o que esteja
vestindo, não vai continuar com essa calcinha mesmo — E tirou a peça
jogando-a no chão com o resto do meu moletom — Além disso, hoje nós não
iremos transar.
— Não? — perguntei confusa, afinal eu estava nua na cama.
— Não, hoje nós faremos amor — Respirei fundo, absorvendo suas
palavras enquanto olhava ele que me encarava sorrindo, logo baixando sua
cabeça e se enfiando entre minhas pernas, senti sua língua lamber meu
clitóris enquanto sua barba arranhava minhas coxas.
Benjamin lambia, chupava e mordiscava, enquanto eu me contorcia
naquela cama, sentindo onda após onda de prazer me consumir, ele já tinha
feito aquilo inúmeras vezes, mas essa parecia diferente, ele não estava apenas
me dando prazer, ele estava selando sua declaração. Quando estava próxima
do orgasmo ele se afastou, me olhando sorrindo e piscando.
— Hoje gozaremos juntos, com meu pau profundamente enterrado em sua
boceta quente — Senti uma pulsação no baixo ventre quando ele disse aquilo,
naquela voz rouca e sensual.
Ele se levantou de onde estava e começou a tirar a roupa, apenas observei
enquanto peça após peça era jogada no chão, até que ele ficou totalmente nu,
com o membro completamente ereto, salivei com a visão, morrendo de
vontade de enfiá-lo em minha boca.
— Hoje não, meu amor, hoje eu preciso de sua boceta apertando todo o
meu comprimento. Você tem camisinha aqui?
— Hum... Não — respondi ficando desanimada.
— Você toma algum anticoncepcional?
— Sim.
— Eu preciso disso, Melissa, preciso me enterrar em você essa noite, eu
estou limpo e confio em você, você confia em mim?
— Sim, eu confio, estou limpa também — respondi e ele sorriu, uma nova
onda de prazer me atingiu, ao imaginar nossos corpos conectados sem
qualquer barreira.
Benjamin assentiu se aproximando lentamente, dando atenção primeiro aos
meus seios, beijando-os e chupando-os. Depois seus lábios desceram pelo
meu corpo, fazendo uma trilha de beijos até terminar em minha intimidade,
onde deu uma mordida no clitóris inchado, se certificando de que eu estava
pronta para recebê-lo.
Se afastando novamente, ele guiou o membro até minha entrada, mas
diferente das outras vezes, ele me invadiu lentamente, centímetro por
centímetro, até estar completamente enterrado dentro de mim.
— Isso é tão bom — falou beijando meu pescoço — Parece ainda melhor
sem a porcaria da camisinha — Eu ri e ele começou a se movimentar, tão
lento e tão preciso, a cada estocada ele beijava meus lábios ou sussurrava que
me amava e o quanto eu era maravilhosa.
— Não acredito que estamos aqui — disse entre gemidos quando ele saiu
quase por completo.
— Pois acredite, isso é real, eu estou aqui Melissa — E como para provar
seu ponto entrou novamente até o fundo.
— Eu te amo, Benjamin — Acariciei seu rosto enquanto nos movíamos
lentamente, ele sorriu me beijando.
— Agora que você diz isso?
— Achei propício, sabe, com você aqui, dentro de mim.
— Você é incrível e eu também te amo, Melissa — E me beijou voltando a
se mover e nos levando ao êxtase, chegamos ao orgasmo juntos, suados e
satisfeitos, nos braços um do outro.
Capítulo 23
Melissa Delacroix

— Acho que minha irmã vai nos matar — ele disse e eu ri, minha cabeça
deitada em seu peito — Bom, talvez ela nos perdoe, se eu chegar com você.
Ela disse que eu só poderia pisar naquela casa se fosse com você.
— É sério isso?
— Sim, na verdade quase fui morto quando apareci sem você. Minha
família ficará extremamente feliz por estarmos juntos — falou e entrelaçou
nossos dedos.
— Estamos juntos?
— Definitivamente, Melissa. Não vou deixá-la escapar de forma alguma,
demorei muito para admitir meus sentimentos e quero passar o resto da vida a
compensando por ter sido um idiota.
— Eu te amo, Bem.
— E eu te amo, Melissa — disse e selou nossos lábios, já ficando em cima
de mim para uma nova rodada de amor, sim amor, que era o que faríamos a
partir daquele momento.
Muito mais tarde, quando o sol dava seus primeiros sinais no céu, acordei e
fiquei encarando o homem ao meu lado por alguns minutos, ainda não
acreditava que tudo que aconteceu era real, esperava que a qualquer momento
eu acordaria e estaria sozinha em minha cama, mas não era provável, já que
podia sentir a pele quente de Benjamin tocar a minha e seus braços fortes
circundarem minha cintura. Tudo parecia perfeito, mas a cena dele em sua
sala com aquela mulher ainda invadia meus pensamentos.
— Se está com essa expressão depois da noite que tivemos, devo ter feito
um trabalho muito ruim — Sua voz rouca ainda pelo sono me chamou a
atenção, sorri, ele estava ainda mais lindo, se é que era possível, com o
cabelo bagunçado e cara de sono — Está pensando em que? Tem uma
ruguinha bem aqui — falou e colocou o dedo na minha testa que estava
franzida.
— Não tenho do que reclamar do seu desempenho, Sr. Bowman — Sorri e
ele riu — Na verdade acho que estava tentando bater um recorde.
— Assim fico convencido.
— Você já é por natureza, não precisa disso.
— Vou considerar um elogio, mas não respondeu minha pergunta, o que
está te incomodando? — Suspirei, eu deveria contar? Não queria ser aquelas
namoradas ciumentas, nunca fui, e me recusava a ser, eu era forte e
determinada o suficiente para não me levar por questões sem importância,
mas aquela mulher... — Mel? Pode falar, sei que é importante.
— Você vai me contar sobre a Nicole? — perguntei de uma vez e ele
respirou fundo, sentou-se na cama e se recostou na cabeceira.
— O que você quer saber?
— O que vocês têm, ou tinham?
— Nada, nos conhecemos em uma festa, bebemos um pouco e acabamos
transando, mas ela era apenas um lance casual, sexo entre amigos, sem
cobranças.
— Como eu — disse sussurrando.
— Nunca foi só sexo com você, amor, eu só não sabia disso ainda, jamais
se compare com ela. Você é minha namorada e não vejo a hora de todos
saberem disso, ainda mais alguns funcionários da empresa do sexo
masculino.
— Você é incorrigível — falei, dando um tapa em seu braço.
— O que? Estou mentindo? Não é possível que não via a fila de homens
babando à sua passagem. Vou deixar bem claro que você é a namorada do
chefe, ninguém vai querer mexer com você nunca mais.
— Não quero que me tratem diferente porque estamos namorando, não
quero que pensem que me contratou porque estávamos fodendo.
— As pessoas vão falar de qualquer jeito — Levantou meu queixo para
que o olhasse — Não se preocupe com isso, nós sabemos a verdade, você
está onde está por mérito seu — E me beijou — Bom, preciso buscar a Rosie,
prometi que a levaria ao zoológico hoje. Você vem? — perguntou e ficou
sério novamente — Bom, quer dizer, não conversamos sobre ela, mas minha
filha faz parte do pacote Melissa, ela sempre será prioridade.
— Eu sei, eu o amo ainda mais por isso. E eu a amo também, acho que me
apaixonei por sua filha antes de me apaixonar por você, como eu já disse ela
é importante para mim também, Ben, eu vou adorar passar o dia com vocês.
— Ela vai ficar nas nuvens com isso — Sorriu.
— Você está pronto para isso? Contar a todos? — perguntei ainda receosa,
não tinha parado ainda para assimilar o que meu relacionamento com
Benjamin significaria. Ele era extremamente rico, fazia parte da elite nova
iorquina, e eu apesar de saber como era isso, afinal, meus pais pertenciam a
alta classe londrina, era nova na cidade, um pouco desconhecida, apesar de
nas últimas semanas, devido as várias fotos que foram tiradas dos meus
almoços com Ben e Rosie, meu rosto estar estampado em algumas revistas.
— Sim, já escondi tempo suficiente, além disso quero você por perto o
tempo todo, então é melhor que todos saibam logo — Levantou da cama e eu
sorri — Mas quero que saiba que as coisas podem ficar um pouco intensas
com a impressa, eles esperam uma notícia dessas a quase quatro anos, vou
pedir para Anna lidar com tudo, mas quero que esteja preparada.
— Vou virar uma celebridade? — perguntei irônica.
— Quase isso — respondeu e foi em direção ao banheiro — Me
acompanha? Posso te ajudar a esfregar o cabelo.
— Sei muito bem o que você quer esfregar, Ben — falei e ele jogou a
cabeça para trás rindo — Acha que aguenta mais uma rodada?
— O que você acha? — Levantou uma sobrancelha, acariciando seu pau já
ereto.
— Quanto fogo — comentei indo em sua direção, minhas mãos por cima
das suas, envolvendo seu pau.
— Você não viu nada, meu amor — sussurrou rouco de desejo, já me
puxando para o chuveiro.

∞∞∞
— Está pronta para encarar minha família? — perguntou, estacionando o
carro na entrada da casa dos seus pais — Se eu os conheço muito bem,
devem estar morrendo de curiosidade.
— Nossa, isso é muita pressão — Esfreguei as mãos nervosa.
— Isso porque não viu eles ontem, quase a ponto de me matarem, mas
relaxe, eles já gostam de você, vão ficar muito felizes por estarmos juntos —
Saiu do carro e deu a volta para abrir minha porta, ele pegou minha mão e
nos levou para dentro da casa.
Assim que entramos, fomos direto até o jardim dos fundos, onde a família
dele estava. Seu pai estava sentado em uma das poltronas perto da piscina,
sua irmã relaxava em uma espreguiçadeira, enquanto Anthony, mais distante,
falava ao telefone. Quando ouviram o barulho de alguém se aproximando, se
viraram e nos encararam sorrindo, vendo nossas mãos entrelaçadas. Charlotte
foi a primeira a chegar até nós, e me deu um abraço tão forte que quase me
machucou.
— Eu não acredito que esse idiota conseguiu te convencer — falou me
soltando e eu endireitei a coluna — Pensei que precisaria trancá-los em um
quarto para ver se resolvia, mas se bem que acho que não adiantaria muito,
considerando tudo o que já fizeram...
— De que merda você está falando, Charlotte? — Ben perguntou, olhando
horrorizado para a irmã.
— O que? Você acha que não sei como funcionam as coisas? Caso não se
lembre, não sou mais criança, sou uma adulta, com vida própria.
— Não quero saber detalhes da sua vida sexual — Ben falou sério e
estremecendo um pouco — Você continua sendo minha irmã mais nova e
irritante, e que continua morando na casa dos pais.
— Por pouco tempo.
— Como assim?
— Nada, esquece — respondeu dando de ombros — Bom, fico feliz que
tenham se acertado, apesar de ser um idiota, você merecer ser feliz, e fico
contente de ser com Melissa, você é incrível e louca também por ficar com
ele — Ben a fuzilou com os olhos e eu ri.
— Fazer o que, ele soube me conquistar — disse piscando para ela — E
por falar nisso, obrigada, Charlotte, principalmente pelo incentivo, soube que
o proibiu de pisar os pés aqui se não fosse comigo.
— Bom, algumas pessoas precisam de um incentivo maior.
— Tudo bem, chega de falar mal de mim, onde está minha filha?
— Lá em cima com a mamãe, trocando de roupa, ela disse que a levaria ao
zoológico.
— Sim, pode buscá-la? Precisamos falar com ela antes — Ben disse e sua
irmã assentiu entrando na casa.
— Já posso chamá-la oficialmente de cunhada? — Anthony disse se
aproximando de nós e me envolvendo em um abraço forte.
— Tire suas mãos dela, Anthony! — Ben ralhou com o irmão que me
soltou.
— Já soltei, quanta raiva, maninho, achei que depois de uma noite bem
aproveitada estaria de bom humor — falou piscando para nós e eu corei.
— Eu ainda vou matá-lo.
— Tudo bem, chega vocês dois — O pai deles chegou falando sério com
os filhos — Assim vão assustar a moça, o que ela vai pensar de vocês?
— Se ela conseguiu aturar o Bem, já está vacinada — Tony falou e o
irmão fechou mais cara enquanto eu ria — Tudo bem, já não está mais aqui
quem falou, só queria dizer bem-vinda à família, Melissa e boa sorte com
esse idiota aí — E saiu antes que o pai pudesse repreendê-lo novamente ou
Benjamin cumprisse sua palavra de que ia matá-lo.
— Não ligue para o Anthony, é o piadista da família, torço para o dia que
ele encontre uma mulher maravilhosa também — Théo falou olhando o filho
se afastar e então voltando seu olhar para nós — Fico feliz que tenham se
acertado, vocês combinam muito, falei para o meu filho ontem que ele não
podia deixar escapar uma mulher como você, Melissa, sei que vai fazê-lo
feliz e a minha neta também — Sorri com aquelas palavras.
— Obrigada, Sr. Bowman, isso é tudo que mais quero, fazê-los felizes —
respondi e Ben me abraçou.
— Agora, se parar com isso de Sr. Bowman, será perfeito.
— Esquece pai, até hoje ela me chama assim.
— Você é meu chefe! — Me defendi — Pelo menos na empresa.
— Logo todos saberão que estamos juntos.
— Ainda prefiro continuar profissional no trabalho.
— Tem certeza? Então sem encontros na minha sala ou na sua?
— Ben! Seu pai está aqui — falei batendo em seu braço e corando.
— Não ligue, minha filha, tenho certeza de que errei em alguma coisa com
esses dois, além do mais eu já fui jovem — comentou piscando e nós rimos.
Ben me abraçou mais forte e depositou um beijo em meus lábios.
Nesse momento ouvimos passos atrás de nós e nos viramos dando de cara
com Grace sorrindo, Charlotte logo atrás, e ela, minha pequena Rosie, seus
olhos azuis arregalados e brilhando, olhando de mim para o pai.
— Você beijou a Melissa, papai? — perguntou a pequena timidamente.
— Sim, filha, eu beijei a Melissa — respondeu se aproximando dela e se
abaixando para ficar no mesmo nível — Quer saber por que eu a beijei? — A
pequena assentiu, naquele momento prendi a respiração, achava que ela
ficaria feliz, mas tudo podia acontecer, percebendo meu nervosismo, Grace se
aproximou de mim e pegou minhas mãos — Eu beijei a Melissa, porque é
isso que namorados fazem, e ela e eu estamos namorando.
Não sabia que alguém podia sorrir tanto, mas quando ele disse aquilo, os
olhinhos dela brilharam ainda mais e o sorriso mais lindo do mundo apareceu
naquele rosto, suspirei aliviada e soltei o ar que prendia.
— O que você achou, filha? Gostou que o papai está namorando a
Melissa? — Rosie balançou a cabeça assentindo muitas vezes e todos riram,
não sabia se ela entendia muito bem o que namoro significava, mas parecia
feliz e isso é o que importava — Você gostaria que ela fosse ao zoológico
com a gente?
— Sim!! — respondeu animada e deu um abraço no pai que levantou com
ela no colo.
— O que acha de dar um abraço na Melissa também? — perguntou para
ela que assentiu e se jogou no meu colo, a abracei, apertando seu corpinho
contra o meu, sentindo seu cheirinho.
— Você está namorando meu papai, Melissa — falou e eu ri.
— Sim, pequena, seu papai e eu estamos namorando.
— E vocês vão ficar se beijando? — perguntou curiosa, ela era uma
caixinha de surpresas.
— Bom, às vezes.
— Às vezes não, muitas vezes — Benjamin completou piscando para mim.
— E você vai continuar almoçando com a gente? — Sorri novamente com
sua pergunta.
— Sempre meu amor. Quando você quiser — respondi e seu sorriso
aumentou, meu coração se encheu de amor por vê-la feliz daquele jeito e torci
para que as coisas ficassem assim para sempre.
Capítulo 24
Benjamin Bowman

Acho que nunca estive tão feliz em minha vida, parecia que um peso tinha
sido tirado dos meus ombros, aquela sensação de liberdade e superação
invadindo todo meu corpo e me deixando mais leve.
Eu deveria estar com cara de bobo, sorrindo igual um idiota, olhando as
duas mulheres da minha vida devorando um algodão doce. Não tinha
intensão de viver algo assim com ninguém, Genevive me tirou qualquer
vontade de ter uma família completa, mas Melissa apareceu em minha vida e
fez minha promessa virar pó, e agora vendo o sorrido e animação de minha
filha durante nosso passeio, sei que tomei a decisão certa, não queria apressar
as coisas com Melissa e nem me sentia pronto ainda para algo mais sério do
que um namoro, precisava superar algumas coisas antes de dar este passo,
mas nada parecia mais certo do que tê-la em minha vida.
O dia transcorreu de forma leve e divertida. Depois que saímos da casa dos
meus pais, fomos ao zoológico, e almoçamos em um restaurante ali perto.
Após muita insistência por parte da minha pequena, fomos ao parque para ela
gastar o resto de energia que tinha, nesse ritmo ela ia dormir à noite toda, o
que era bom para meus planos, já que pretendia curtir Melissa por muitas
horas.
Quebraria minha própria regra de não levar ninguém à minha casa, mas
Melissa agora era minha namorada, a palavra ainda era estranha para mim, a
única mulher que tinha levado esse título estava morta e foi a responsável por
ninguém mais tê-lo por muito tempo, mas estava certo de que era o certo a
fazer, nós já tínhamos usufruído do seu quarto em seu apartamento, agora
precisávamos estrear o meu.
— Acho que tem alguém cansado por aqui — Melissa falou se
aproximando de onde estava sentado observando as duas, com minha filha no
colo, a cabeça dela apoiada em seu ombro.
— Hum... Eu acho que tem uma mocinha que precisa de um banho e
dormir — falei pegando minha filha do colo dela, afinal a criança era pesada
e Melissa não estava acostumada, Rosie protestou um pouco quando a tirei de
onde estava, mas logo se acomodou em meus braços.
— Eu não estou com sono — Rosalyn falou, mas seu bocejo entregou quão
cansada ela estava.
— Claro que não, vamos? — E peguei a mão de Melissa.
— Me dá uma carona para casa?
— Pensei que fosse para o meu apartamento — falei, virando para olhar
para ela — Se quiser, é claro.
— Eu quero, é só que você não falou nada...
— Você é minha namorada, Melissa, é mais do que bem-vinda em minha
casa, sempre que quiser — falei e ela sorriu, me inclinei e beijei seus lábios,
logo voltando a pegar sua mão e nos conduzindo onde tinha estacionado o
carro — Chegar em casa, dar banho nessa mocinha e vou pedir algo para a
gente comer.
— Eu posso cozinhar para vocês.
— É uma excelente ideia, mas não está cansada?
— Na verdade não, me sinto energizada — respondeu e olhou para mim
piscando, sorri com seu comentário — Eu adoro cozinhar, vai ser divertido.
— Tudo bem então, só não estranhe se não encontrar muita coisa na
geladeira e armários, eu praticamente não sei cozinhar e Rosie e eu vivemos
de comida de restaurantes durante a semana e nos fins de semana eu fujo para
a casa dos meus pais.
— Coitada da criança — disse rindo — Acho que podemos passar no
mercado antes, eu compro as coisas rapidinho.
— Combinado, estou louco para experimentar sua comida de novo.
Passamos no mercado para Melissa comprar as coisas que precisava e
fomos para meu apartamento, estava um pouco nervoso, para falar a verdade,
nunca tinha trazido ninguém aqui, tirando minha família e estava ansioso
para saber o que ela acharia. Entramos no elevador e Rosie já estava bem
desperta, falando sem parar sobre mostrar seu quarto e todos os seus
brinquedos para Melissa, digitei o código que dava acesso ao meu andar e
ouvi a risada dela.
— Cobertura? Não sei por que estou surpresa — Dei de ombros.
— Mais privacidade.
— E dá para ver a cidade toda, Melissa — Rosie completou e Mel sorriu
para ela. O elevador chegou rápido ao meu andar e abri a porta, ainda
nervoso por tê-la ali conosco.
— Uau, não esperava isso — comentou assim que entramos na minha
cobertura, olhando tudo ao seu redor, como sempre fazia — É tão claro e
moderno, pensei que entraria na casa de um solteiro convicto, mas isso é
além do que podia pensar — Continuou e eu ri — Você tem bom gosto.
— Isso vindo de você, posso considerar um elogio? — brinquei — Queria
que o ambiente fosse alegre para Rosie se sentir bem — A observei enquanto
parecia em dúvida se explorava ou não o local, ao seu lado minha filha
olhava para ela admirada. Resolvendo conhecer mais o lugar, Melissa foi em
direção a varanda, mas não conseguiu abrir as portas — Tem que desbloquear
— falei digitando o código que abria as portas da varanda — Primeira coisa
que mandei fazer, ainda fico apavorado com a ideia de Rosie sozinha nessa
varanda, então solicitei um sistema de segurança, além disso um alarme
dispara se ela tentar abrir.
— Isso é impressionante. Mas, acho que preciso começar o jantar se
quisermos comer.
— E eu vou dar banho nessa mocinha — disse pegando minha filha que
protestou.
— Não papai, quero que a Melissa me ajude no banho, e tenho que mostrar
meu quarto para ela.
— O que você acha? — perguntei para minha namorada que olhava minha
filha com os olhos brilhando.
— Mas é claro, meu amor, estou ansiosa para conhecer seu quarto —
respondeu pegando minha filha de mim — Acha que pode ir cortando alguns
legumes?
— Não sou tão ruim assim.
— Se você diz... — falou já se afastando com minha filha em direção ao
quarto dela.
Respirei fundo, nem podia acreditar que estava na minha casa, com minha
namorada e que ela estava ajudando minha filha no banho, ainda parecia
surreal pensar que tudo tinha acontecido em menos de vinte e quatro horas,
mas eu não podia estar mais feliz. Fui até o balcão da cozinha e comecei a
cortar os ingredientes para o jantar, confesso que não estava sendo tão fácil,
mas não ia deixar um bando de legumes e vegetais estragar minha noite.
Meia hora depois as duas voltaram e eu ainda estava cortando as coisas,
minha filha, em um pijama cor de rosa, foi para a sala assistir algum desenho
e Melissa veio ao meu socorro.
— Você não estava mentindo quando disse que era ruim na cozinha —
falou rindo de mim e a olhei fingindo irritação.
— Da próxima vez não ajudo.
— Para de drama, deixa que termino, você podia pegar alguma coisa para
gente beber.
— Isso sim, eu se fazer — respondi e fui até a adega, peguei um bom
vinho para nós e conferi na geladeira o suco para minha filha.
Mais meia hora e estávamos desfrutando da lasanha maravilhosa que ela
fez, junto com alguns legumes que minha filha não reclamou por comer.
— Como você fez isso? — perguntei, olhando Rosalyn comer seus
brócolis sem hesitar — Ela nunca comeu assim sem reclamar.
— Segredo.
— Não vai me contar mesmo?
— Hum... Não.
— Talvez se eu a torturar um pouquinho... — falei sorrindo e piscando
para ela.
— Se eu fosse você não faria isso.
— Vamos ver então — respondi e encerrei a conversa voltando a comer.

∞∞∞
— Nossa, que dia — ela falou se jogando no sofá ao meu lado, depois de
colocar minha filha na cama. Não teve nem discussão, Rosie exigiu que fosse
Melissa a colocá-la para dormir e contar uma história.
— Nem me fale — respondi a abraçando e colando seu corpo junto ao meu
— Estou vendo que precisarei disputar sua atenção com minha filha.
— Está querendo competir com uma criança de quatro anos? — perguntou
divertida — E ela está tão animada, imaginei que ficaria feliz, depois de todas
aquelas indiretas, mas acho que ela se animou muito, sabe o que me
perguntou enquanto dava banho nela?
— Tenho até medo de saber.
— Se eu gostava de bebês — A olhei em choque — Relaxa não precisa
surtar, foi só uma pergunta inocente.
— De onde essa menina tira essas coisas? E o que foi que disse?
— Respondi que sim, ela só sorriu e voltou a falar sobre suas amiguinhas
da escola.
— Essa menina ainda vai me matar do coração.
— Ela é só uma criança curiosa.
— É claro que é, e muito precoce — Respirei fundo — E obrigada, por
essa noite, por fazer o jantar e cuidar dela, você não precisava e...
— Não é nada demais, Ben, eu amo a Rosie, e adoro fazer isso —
respondeu e a olhei, vendo em seus olhos que estava sendo sincera — Além
disso, a noite só está começando e se eu me lembro bem, alguém disse que ia
me torturar — falou deslizando as mãos pelo meu peito.
— Não provoca, Mel — disse e ela apenas sorriu continuando seu caminho
até onde meu pau começava a acordar — Vamos para quarto — falei quando
sua mão apertou meu membro ainda por cima da calça jeans — Agora!
Peguei ela no colo e a levei em direção ao meu quarto, fechei a porta e a
tranquei por precaução, não queria correr o risco de minha filha ver algo que
não deveria. Voltei meu olhar para Melissa que sorria, percebendo o motivo
de ter trancando a porta, me aproximei mais dela e a puxei para mim,
devorando seus lábios e abrindo o zíper de sua calça jeans. Nos afastamos
para que ela pudesse terminar de tirar a calça e aproveitei e me livrei das
minhas roupas ficando apenas de cueca, Melissa fez o mesmo, revelando um
conjunto de lingerie vermelha absurdamente sexy, sorri ao vê-la naqueles
trajes, e senti meu pau endurecer ainda mais.
— Essa calcinha é sexy o suficiente, meu amor? — perguntou dando uma
voltinha, me presenteando com uma visão tentadora de suas nádegas.
— Tão sexy que vou ter que ficar com ela — respondi me aproximando e a
envolvendo com meu braço direito enquanto o esquerdo afastava seus
cabelos para que tivesse melhor acesso ao seu pescoço — Quero que lembre-
se de que tem uma criança na casa, então você vai precisar gemer bem
baixinho, só pra mim — sussurrei em seu ouvido para logo depois distribuir
beijos pelo seu pescoço, enquanto minhas mãos subiam pelo seu corpo e
massageavam seus seios, ouvi seu gemido quando apertei um pouco mais
forte — Hoje quero desfrutar de você com calma, quero lamber sua boceta,
brincar com seus mamilos, e me enterrar profundamente em você, espero que
não esteja muito cansada, porque hoje meu amor, será todinha minha —
Melissa gemeu novamente, esfregando a bunda em meu pau, ainda coberto
pela cueca box, gemi com aquele contato e me afastei para que pudesse
retirar seu sutiã e calcinha a deixando completamente nua à minha frente.
A peguei no colo novamente, a depositando no assento em frente a janela
do chão ao teto, e abrindo suas pernas, apoiando-as nos braços da poltrona,
aquela cena era excitante para caralho, ela toda aberta para mim com o céu
estrelado ao fundo.
— Desconfortável? — perguntei, me ajoelhando a sua frente.
— Nem um pouco — respondeu sorrindo e olhando para mim — Mas
quero desfrutar de você também, Sr. Bowman, estou louca para chupar seu
pau.
— Seu desejo é uma ordem, meu amor, mas primeiro, minha vez — falei e
levei minha boca até sua abertura, coloquei minhas mãos em suas coxas,
mantendo-as no lugar e bem aberta para mim e comecei a chupá-la, a
princípio lentamente, mas quanto mais ela gemia, mais eu intensificava meus
movimentos, intercalando com mordidas em seu clitóris inchado, sem ter
onde se agarrar, Melissa levou as mãos até meus cabelos, puxando-os,
enquanto o orgasmo se aproximava.
— Eu vou... — gemeu se contorcendo na poltrona.
— Eu sei, vamos, meu amor, goza na minha boca — Tirei uma das mãos
de suas coxas e penetrei dois dedos nela, acelerando os movimentos e a
levando ao clímax, retirei minha boca de sua boceta e a beijei, abafando os
gemidos mais altos que saiam de seus lábios — Seu gosto é tão bom.
— Uau, isso foi... Fica cada vez melhor — falou sorrindo para mim —
Acho que merece uma retribuição — E levantando da poltrona me levou até a
beira da cama onde me sentei e ela retirou minha cueca — Agora é minha vez
— E com uma piscadinha levou suas mãos ao meu pau espalhando o líquido
da ponta por toda sua extensão. Melissa distribuiu beijos, acariciou minhas
bolas, até envolvê-lo completamente.
Porra! Eu já tinha recebido muitos boquetes, mas Melissa era
extremamente habilidosa, levava meu pau tão fundo que me surpreendia que
ela não engasgasse, desde que ela fez isso pela primeira vez, não conseguia
parar de pensar em como era fodidamente excitante vê-la me chupando, eu
podia observar sua boca envolver meu pau, subindo e descendo, me deixando
com mais tesão, levei minhas mãos até seus cabelos ajudando-a nos
movimentos, fazendo-a ir mais rápido, não precisou de muito tempo até sentir
o orgasmo se aproximando.
— Eu vou gozar, se não quiser que seja em sua boca, pare agora — falei
rouco e soltando minhas mãos, para que ela se afastasse se quisesse, mas
Melissa não recuou, pelo contrário, me chupou mais forte e apertou de leve
minhas bolas, com um último movimento descobriu os dentes e arranhou
meu comprimento, grunhi, torcendo para ter saído baixo e me derramei em
sua boca. Melissa engoliu tudo sorrindo enquanto eu desabava na cama me
recuperando. Ela se aproximou e se deitou ao meu lado — Ainda não
acabamos — A puxei para meus braços, beijando sua boca.
— Vamos tomar um banho? — perguntou e eu assenti.
Tomamos um banho, regado de muitas carícias e quando voltamos para
quarto a levei para cama, já pronto para outra rodada.
— De quatro, meu amor — sussurrei e ela se virou empinando aquela
maravilhosa bunda, me ajoelhei na cama e dei um tapa em suas nádegas, logo
a puxando para mim, penetrando sua boceta quente. Aquela posição me
permitia acesso ao seu clitóris enquanto a penetrava por trás. Melissa se
empurrava ainda mais contra mim, no quarto podíamos ouvir nossos gemidos
e o som de nossos corpos se chocando um contra o outro, desacelerei, queria
que aquilo durasse um pouco mais, mas Melissa voltou a coordenar os
movimentos.
— Mais rápido — falou entre seus gemidos.
— Seu desejo é uma ordem — Voltei a acelerar, entrando e saindo,
enquanto meus dedos continuavam a brincar com seu clitóris. Alguns
minutos depois, gozamos juntos e desabamos na cama.
— Vou sair daqui completamente acabada se continuar assim — falou
depois de um tempo enquanto normalizávamos nossa respiração, estávamos
deitados em minha cama, sua cabeça acomodada em meu peito.
— Essa é a intenção — Pisquei para ela que riu. Me afastei um pouco e me
levantei para destrancar a porta, pegando uma camisa minha e dando para ela
se vestir, logo colocando a cueca de volta e uma calça de moletom — Não
queremos ter que explicar para ela o que fizemos aqui, não é? — disse e ela
assentiu colocando minha camisa.
— Com certeza não — Votamos para a cama, onde a puxei para meus
braços a envolvendo por trás, meu nariz em seu cabelo absorvendo seu cheiro
único.
— Está pronta para amanhã?
— Não. E você?
— Também não — respondi e nós rimos — Mas vamos lidar com o que
quer que apareça, combinado?
— Combinado — falou se acomodando mais em meus braços.
Capítulo 25
Melissa Delacroix

Eu olhava incrédula as manchetes nos jornais a minha frente, todas elas


com fotos minhas e de Benjamin e falando sobre nosso namoro, aquilo era
surreal. Peguei meu celular e o liguei, já que não mexia nele desde sábado à
noite, e vi que tinham dezenas de mensagens de Gabriella, pelo menos o
mesmo número de áudios e muitas ligações. Percebi então, que não tinha nem
contado nada a ela, e nem falado com Sam, elas iam me matar com certeza.
— Isso é surreal e rápido, você pediu para Anna soltar o comunicado
ontem, não foi? — falei para Benjamin, apontando as notícias em cima do
balcão da cozinha.
— Eu te falei que isso ia acontecer, a mídia é um pouco obcecada com
minha família e comigo, e sim, acho que já estavam suspeitando, por isso as
notícias, espero que até o final da semana esse alvoroço termine.
— Isso quer dizer que todos da empresa já sabem? — perguntei receosa.
— Provavelmente — respondeu e eu enrijeci — Relaxe, vai dar tudo certo,
nada vai mudar, você vai continuar a fazer seu brilhante trabalho como
sempre.
— Se você diz — Dei de ombros — Preciso passar em casa para trocar de
roupa.
— Eu sei, deixamos Rosie na escola e vou com você até seu apartamento.
— Tem certeza? Não prefere que cheguemos separados?
— Quer se esconder agora, Srta. Delacroix? — perguntou divertido e eu
sorri — Prefiro que venha comigo, sei que não tem carro e provavelmente
terá alguns paparazzi na frente da empresa, assim podemos entrar direto pela
garagem sem sermos incomodados.
— Tudo bem, se você acha melhor.
— Eu acho e quero que pelo menos essa semana você venha comigo todos
os dias, sabe, por segurança.
— Sei, segurança... — Ele riu e foi para o quarto de Rosie chamá-la.
Quando saímos tinham alguns paparazzi na porta do prédio dele, mas
conseguimos passar sem problemas, deixamos Rosie na escola, que estava
muito feliz, desde que acordou por me encontrar lá com eles logo pela manhã
e tomarmos café juntos, e seguimos para meu apartamento.
Fiquei aliviada quando não vi nenhum repórter e entramos direto pela
garagem, já que Samantha tinham liberado o acesso dele desde sábado. Mas
quando abri a porta do meu apartamento me deparei com Gabriella parada,
encostada no balcão da cozinha, olhando a porta incrédula.
— Eu pego um plantão de dois dias. Dois! E isso tudo acontece e ninguém
pensa em me avisar? — falou assim que passamos pela porta — Eu sou sua
melhor amiga, e você nem pensou em me contar, antes que eu descobrisse
pelos jornais e revistas? — Abri a boca para falar, mas ela me impediu — Eu
não terminei, e como assim a Samantha ajudou nisso? Eu que sempre te
incentivei para ficar com o gostosão aí, e ela que está envolvida na história?
— Ela tinha surtado, ao meu lado senti Benjamin rir, com o gostosão dela —
Está rindo do que, sem noção? Sam me contou mais ou menos o que
aconteceu e só não arremesso uma panela na sua cabeça porque pelo visto
estão juntos.
— Gabi! — a interrompi — Olha, desculpa, de verdade, eu ia contar,
mesmo, mas é que aconteceu tudo tão rápido e você estava no plantão. Me
desculpa, por favor? — Me aproximei dela e peguei suas mãos. De repente
ela sorri e me abraça apertado.
— Eu estou brincando, fico feliz que tenham se acertado. Mas ainda quero
todos os detalhes, TODOS OS DETALHES, ouviu? — falou dando ênfase a
palavra.
— Tudo bem, mas agora posso ir me arrumar? Ainda preciso trabalhar —
falei indo em direção ao meu quarto — Ah, e seja boazinha com meu
namorado, tudo bem? — Mandei um beijo para ela e pisquei para Benjamin
que sorriu e balançou a cabeça, minha amiga só riu e foi oferecer café para
ele.
Vinte minutos depois, estávamos indo em direção a empresa e cada vez
que chegávamos mais perto, meu coração ficava mais acelerado. Estava com
medo da reação das pessoas, trabalhava na Bowman há pouco tempo, mas já
conhecia muitas pessoas, principalmente do setor de arquitetura e projetos
que era para onde eu fui contratada, eles sempre foram gentis comigo, tirando
o chefe do setor, que era um idiota com todo mundo, mesmo assim, estava
apreensiva, e quanto a Anna? Será que ela me odiaria por não ter falado
nada? Afinal, desde a viagem à Dubai estávamos mais próximas.
— Essa ruguinha de preocupação não combina com você — Benjamin
falou, olhando para mim quando paramos no sinal — Já disse que vai ficar
tudo bem.
— Eu sei, só estou ansiosa.
— Olha para mim — O encarei — Relaxe, eu te amo e isso é o que
importa — Sorri e ele me beijou, mas logo fomos interrompidos pela buzina
dos outros carros, pois o sinal tinha aberto, rimos e ele voltou a dirigir.
E como ele previra, a entrada da empresa estava repleta de paparazzi, e
quando reconheceram o carro de Benjamin vieram correndo tentando tirar
fotos, mas ele foi mais rápido e nos guiou para dentro pela garagem,
estacionou em sua vaga privativa e eu pude respirar fundo.
— Uau — Soltei o cinto.
— Loucura, não é? Daqui a pouco eles enjoam, ou aparece uma notícia
mais interessante, vamos?
— Sim — respondi e saímos do carro.
Saímos da garagem no lobby principal e pude comprovar com meus olhos
o que já suspeitava, vários olhares se dirigiam a nós enquanto caminhávamos
de mãos dadas até os elevadores, conseguia identificar aqueles incrédulos, os
indiferentes, os curiosos e os invejosos de algumas mulheres que me olhavam
atravessado, antes quando eu passava aqui, era apenas uma funcionária
comum, agora era a namorada do chefe.
— Não foi tão ruim assim — disse quando as portas do elevador se
fecharam, olhei para cima, onde ele me encarava e levantei uma sobrancelha,
sorrindo irônica, Ben riu e me abraçou — Tudo bem, foi só um pouquinho
estranho, mas vai ficar melhor, só temos que ser pacientes.
— É fácil para você, afinal é o chefe, eu sou apenas a arquiteta.
— A melhor arquiteta, por falar nisso, por que não vai direto para minha
sala? Temos uma reunião daqui a pouco mesmo.
— Ben...
— O que? Não pensei em nada disso, era só para aproveitarmos um tempo
a sós, afinal fui trocado por uma criança de quatro anos ontem e hoje de
manhã.
— Sei...
— Estou falando sério — disse e abriu um sorriso — Mas agora que
colocou isso na minha mente...
— Nem pensar, não vou participar de uma reunião cheirando a sexo.
— Meu escritório tem um banheiro.
— Eu não trouxe outra roupa.
— Deveria começar a trazer então.
— Você é um idiota! — falei e ele riu ainda mais.
— E eu pensando que depois de estarmos namorando ela pararia de me
chamar assim...
— Nunca — respondi e beijei seus lábios, não tivemos tempo de
aprofundar o beijo, pois o elevador parou no nosso andar e saímos indo em
direção a sua sala.
Passamos por Anna que já estava em sua mesa e sorriu ao nos ver, suspirei
aliviada, pelo menos ela não parecia com raiva, e enquanto Ben analisava sua
agenda ela me deu polegares para cima e sussurrou querer detalhes, balancei
a cabeça e assenti, pelo menos com ela eu não precisaria me preocupar.
Quando Benjamin terminou de repassar sua agenda com ela, me guiou para
sua sala, trancando a porta e embaçando os vidros para nos dar mais
privacidade. Mas, antes que ele começasse a falar alguma coisa, meu celular
tocou e olhei o visor, minha mãe, o que ela queria agora? Pensei em ignorar,
mas isso seria bem pior.
— Oi, mãe — falei atendendo a ligação — Está tudo bem?
— Sim, estamos ótimos, mas liguei para saber por que não respondeu ao
convite do chá de bebê da sua cunhada, não recebemos sua confirmação —
Respirei fundo e Benjamin me olhou franzindo a testa.
— Ainda faltam três meses mãe, e eu não sei se vou conseguir ir.
— Como não vai conseguir vim? — falou e pelo seu tom sabia que estava
indignada — É a sua cunhada! É um momento importante para ela, para
nossa família, e você não vem?
— Eu não disse que não iria, apenas falei que não sabia se conseguiria,
tenho o trabalho e...
— Isso é a sua cara! Como pode ser tão egoísta? Escolher esse seu trabalho
em vez da sua família? Francamente Melissa, o que está acontecendo com
você?
— Egoísta? Como pode me chamar assim? — retruquei elevando um
pouco a voz e, Ben se aproximou de mim — Se tem uma coisa que não sou é
egoísta, mãe, eu tenho uma vida aqui, não posso largar tudo por causa de uma
comemoração. Olha, eu tenho uma reunião agora, preciso desligar, tenha um
bom dia, manda um beijo para o papai — Encerrei a ligação e respirei fundo,
podia sentir que ia começar a chorar, não estava acreditando que ela me
chamou de egoísta! Por que ela ainda conseguia me afetar dessa forma?
— Tudo bem? — perguntou sentando-se ao meu lado.
— Não, mas vai ficar.
— Quer conversar? Era sua mãe?
— Sim era, infelizmente — respondi passando a mão no rosto e limpando
algumas lágrimas — Mas deixa para lá, estou acostumada.
— Se estivesse não estaria chorando — Levantou meu queixo para que
pudesse olhar em meus olhos, mas desviei — Me conta, sou parte de sua vida
agora.
— Tudo bem — Respirei fundo — Minha mãe não concorda muito com
meu estilo de vida, para ela, uma mulher como eu, educada na elite londrina,
deveria me contentar em ser uma boa esposa e mãe, e o fato de ter vindo para
outro país, trabalhar e ser independente a tira do sério, então ela transformou
sua frustração por eu não ser a filha que ela queria, em uma busca para que
meu irmão encontrasse a esposa ideal, e ele encontrou, Catherine é fantástica,
mas as constantes comparações que minha mãe faz de nós duas me machuca,
agora que minha cunhada está grávida então, piorou dez vezes mais.
— Eu sinto muito, meu amor — ele disse me abraçando — Isso deve ser
horrível, não sei como ela não pode te achar incrível, você é forte, talentosa,
amorosa, gentil, inteligente, tudo que uma mãe poderia querer em um filho,
espero que saiba disso — O abracei mais forte, e recostei minha cabeça em
seu peito, ouvindo as batidas de seu coração — E claro, você não precisa se
preocupar com o trabalho, pode ir visitar sua família, sem problemas.
— Já está me dando mordomias — falei e ele riu — Mas não sei se
realmente quero ir, acho que vai ser demais aguentar tudo isso cara a cara.
— Se eu for com você, ajudaria?
— Você iria? — perguntei surpresa.
— Por que não? Adoro Londres, e tenho certeza de que vou aproveitar
muito mais com você.
— Podemos levar a Rosie também — comentei ficando um pouco mais
animada.
— Ela gostaria disso, na verdade tudo que envolver você, ela vai adorar —
Sorri.
— Será que vai passar? Essa empolgação toda dela?
— Não acho provável, ela te adora, dá para ver nos olhos dela —
respondeu e se levantou — Pensei em almoçarmos aqui na empresa hoje,
pedir comida, não sei como vai estar a situação com os paparazzi.
— Eu concordo, acho melhor mesmo — falei indo ao banheiro arrumar
minha cara depois do choro — Você busca ou eu busco?
— Eu vou, preciso passar em um lugar antes.
∞∞∞
A reunião foi tranquila apesar dos olhares das pessoas em mim e em
Benjamin, principalmente dirigidos a mim, já que ele era o chefe. Notei que
Boris estava mais ranzinza que o normal, mas ignorei se ele queria agir
daquele jeito, o problema não era meu. Após a reunião fui para minha sala e
cinco minutos depois Anna entrou apressada já se sentando em frente à
minha mesa.
— Rápido, não tenho mito tempo, quero saber tudo.
— O que você quer saber? — perguntei rindo do seu alvoroço — Aliás,
como conseguiu sair de lá?
— Eu tenho meus truques, vamos, fale logo, quero saber a quanto tempo,
quando, como, tudo que puder me contar em cinco minutos.
— Tudo bem, mas não diga que falei, meio que começou na viagem à
Dubai e depois as coisas foram acontecendo até chegarmos aqui e estarmos
prontos para assumir tudo — falei, omitindo as partes mais confusas da nossa
relação.
— Hum... Por isso não deu muita bola para o príncipe Khalil...
— Não por isso, afinal ainda nem tínhamos nada, eu não aceitaria aquela
proposta maluca nem sonhando.
— Mas me conta, como o chefe é, tipo fora do trabalho.
— É incrível, ele pode ser engraçado, e é um pai fantástico...
— Não foi isso que perguntei, quero os detalhes do... Você sabe — ela
disse e eu arregalei os olhos.
— Do pau dele? — perguntei baixo e ela corou — Anna! Logo você?
— O que? Vai me dizer que não ficou curiosa antes de ver?
— E quem disse que eu vi?
— Até parece que eu não sei o que fazem quando aqueles vidros embaçam
— falou e eu corei — Relaxe, não estou julgando, eu faria o mesmo se fosse
comigo, só queria os detalhes mais sórdidos mesmo, mas pensando melhor,
não conta, não sei se vou conseguir olhar para ele de novo e ser profissional,
sem imaginar se você me contar.
— Ei! — protestei, mas eu estava rindo.
— E você pode me culpar? E não sou a única, metade das mulheres dessa
empresa são super a fim dele, só não falam nada porque valorizam seus
empregos, mas isso não as impedem de imaginar.
— Eu sei, notei muitos olhares quando chegamos.
— Não ligue para isso, quase todas são inofensivas, só estão com orgulho
ferido mesmo, afinal você é a novata que já chegou conquistando o chefe.
— Não foi de propósito — Me defendi.
— Eu sei disso, está na cara que é de verdade, eu não deveria contar, mas
ele me pediu para encomendar um buquê de flores para você.
— Sério?
— Sim, mas finja surpresa. Bom, preciso voltar, eu só queria dizer que
estou feliz com o relacionamento de vocês, o Sr. Bowman se tornou mais
fácil de trabalhar depois que você apareceu — Ela se levantou para ir embora
e eu ri.
— Obrigada, Anna.
— Por nada, só mais uma coisa, carne ou peixe?
— Peixe — respondi já imaginando para o que que seria — Ele pediu para
encomendar o almoço, não é? — Ela assentiu — Honestamente, o que ele
faria sem você?
— O que, obviamente ele faz com você — E piscou saindo da sala me
deixando gargalhando.
Capítulo 26
Benjamin Bowman

— Cadê a Melissa, papai? — Rosie perguntou assim que a inspetora


fechou a porta do carro, depois de tê-la posto na cadeirinha. Eu
definitivamente havia sido trocado.
— Ela foi para a casa dela.
— Ah! Pensei que ela fosse jantar com a gente — falou um pouco
desanimada.
— Mas já está com saudade? Nós almoçamos juntos hoje, lembra?
— Sim, mas já faz tanto tempo — respondeu e eu sorri — Ela podia
dormir lá na nossa casa, não acha? Assim a gente tomava café da manhã
junto todo dia.
— É mesmo? Mas ela tem a casa dela...
— Ela pode morar com a gente, nossa casa é grande — disse como se a
solução fosse óbvia — E já que ela dorme com você...
— De onde tirou isso?
— Ah papai, hoje de manhã eu fui acordar você, lembra? Vocês estavam
abraçadinhos... — Sorriu, inclinando a cabeça.
— Sei..., mas não é tão simples assim — respondi e tratei de mudar de
assunto, antes que saíssem mais perguntas de sua boca espertinha — Como
foi a aula hoje?
— Ah, foi legal, a mamãe da Laura leu uma história para a gente hoje e
tem um bilhete na minha agenda para você.
— É mesmo? Em casa eu olho — falei suspirando, pela época do ano, já
sabia do que se tratava, a feira cultural, era a época que mais detestava, já que
precisava participar de alguma atividade e como era o único pai que se
envolvia diretamente, era sempre incômodo estar entre todas aquelas mães e
suas perguntas indiscretas, mas eu era pai, e isso era uma daquelas coisas que
eu precisava fazer — O que vai querer para o jantar hoje?
— Pizza! — respondeu sem hesitar.
— Hoje é segunda Rosie, pizza só na sexta, lembra?
— Tudo bem — Vi pelo espelho que tinha cruzado os braços e segurei a
vontade de rir daquela cena — Então eu quero o que a Mel comeu hoje no
almoço, estava tão gostoso.
— Melhor que pizza — murmurei e ela sorriu animada.
Muito mais tarde depois que jantamos e coloquei Rosie para dormir, tomei
meu banho e me joguei em minha cama, peguei meu celular e conferi as
mensagens, tinham algumas do príncipe Khalil sobre estar animado com o
progresso do projeto, da minha mãe, nos convidando para o almoço de
domingo e que era para levar Melissa. Minha família estava tão empolgada
com meu relacionamento, que não duvidava que já estivessem fazendo planos
para o futuro, sorri com isso, mas meu sorriso morreu quando vi também que
tinham três mensagens de Nicole, que merda ela queria agora? Ignorei, eu
lidaria com ela depois.
Respirei fundo e procurei na minha agenda o número de Melissa, queria
saber se ela tinha chegado bem em casa, já que ficou até mais tarde no
escritório, e eu não pude esperá-la, pois precisava buscar minha filha. Disquei
o número e ela atendeu no terceiro toque.
— Já com saudades?
— O que você acha? — perguntei com a voz rouca — Ainda sinto seu
cheiro no meu travesseiro.
— Eu poderia dizer o mesmo, mas Gabi tem mania de limpeza e lavou
tudo quando saímos essa manhã.
— Que pena, e como foi com ela?
— Bom, ela ficou com vontade de te matar algumas vezes, mas está
animada, ela sempre foi a favor de nós nos envolvermos.
— Me lembre de agradecê-la por isso, aliás foi divertido vê-la fora do
consultório, é sempre tão séria e formal comigo, ouvir ela dizer que me
arremessaria uma panela, foi no mínimo inusitado — comentei rindo, não
conseguia tirar a imagem da doutora toda profissional me ameaçando com
uma panela.
— Você precisa vê-la em uma balada ou clube, a Gabi é incrível e separa
bem o lado pessoal do profissional dela, até demais.
— O que?
— Nada não, deixa para lá — respondeu mudando de assunto — Mas você
não me ligou para falarmos da Gabi, não é? O que quer saber, Sr. Bowman?
— Vai continuar me chamando assim? — Ela riu, mas não tinha do que
reclamar, afinal sua voz era muito sexy quando me chamava assim — Na
verdade queria saber se tinha chegado bem e como foi a reunião.
— Ah — Ouvi seu suspiro do outro lado da linha — Cheguei sim, a Sam
me deu uma carona, mas não tinha nenhum paparazzi na entrada, e quanto a
reunião... Foi boa, eu acho.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei me recostando na cama.
— Não, Apenas Boris e eu discordamos um pouco das coisas, e... Olha,
não vou reclamar, só tivemos um desentendimento, mas está tudo bem, ele é
meu chefe e preciso respeitar suas decisões, e não quero misturar as coisas,
então, vamos mudar de assunto, como está sua noite, Rosie já dormiu?
— Sim, ela apagou há alguns minutos, mas estava bem agitada —
respondi, mas fiz uma nota mental de procurar saber o que tinha acontecido
naquela reunião — Assim que peguei ela na escola, já foi logo perguntando
de você, acho que perdi minha filha.
— Até parece, ela te adora — respondeu e por mais que não conseguisse
ver, sabia que estava sorrindo — Falando nisso, quais os planos para o fim de
semana? Tem um filme novo em cartaz no cinema, acho que a Rosie vai
gostar, podemos ir no sábado, o que acha? — perguntou meio receosa, e eu
apenas sorri respirando fundo, sua vontade de incluir minha filha, planejar
uma programação para nós três me enchia de mais amor por ela, seria
perfeito, se não fosse o evento na escola da Rosie.
— Seria ótimo, mas tem e feira cultural da escola da Rosie nesse sábado, e
acabei de descobrir que vou ter que levar comida — Bufei frustrado, eu nem
sabia cozinhar e minha filha sorteou o Brasil ainda por cima, não fazia ideia
do que os brasileiros gostavam. Do outro lado da linha ouvi sua risada.
— Coitada das crianças, terão intoxicação alimentar se forem comer sua
comida.
— Não estou vendo graça.
— Desculpe, mas você precisa admitir que é um desastre na cozinha, mas
eu posso ajudar, se quiser, é claro, não quero me meter demais e...
— Mel, você é parte da nossa vida agora, é claro que pode fazer parte
disso, se quiser ficar cercada por um bando de crianças bagunceiras e mães e
pais curiosos não vou te impedir — Ouvi sua risada do outro lado da linha.
— Pais curiosos? Acho que posso lidar com isso, e eu posso fazer a
comida para Rosie levar, tem alguma coisa específica?
— Comida brasileira. Já provou isso?
— Sim, não é difícil.
— Se você diz... Então sexta você vem aqui para casa e passa o fim de
semana com a gente? — perguntei esperançoso, afinal tinha gostado dela em
meu apartamento nas noites passadas, dormir juntos, vê-la ajudando minha
filha a se arrumar para ir à escola, colocá-la para dormir, nós três na bancada
da cozinha, tomando café da manhã juntos, uma rotina, como se estivéssemos
juntos há tempos, e fizéssemos aquilo diariamente, e me surpreendi com o
quanto me senti bem com isso.
— Combinado, meu amor. Queria você aqui.
— Eu também queria estar com você, uma foda antes de dormir seria
incrível.
— Ben! — falou incrédula.
— O que? É verdade, mas mais do que isso, queria abraçá-la agora.
— Eu sei, mas nos vemos amanhã e se for bonzinho posso passar em sua
sala e te fazer uma surpresa, aliás, obrigada pelas flores.
— Supressa é? Acho que vou gostar disso — respondi ficando animado —
E fico feliz que gostou das rosas, e espero que isso amenize o fato de ser
intimada por minha mãe a almoçar com minha família domingo — Ela riu.
— Não é problema, eu adoro sua família, estava precisando mesmo falar
com sua irmã.
— Sobre? — perguntei franzindo o cenho.
— Algo particular dela.
— Não vai me contar?
— Não e deixa de ser curioso.
— Mas...
— Boa noite, meu amor, espero que sonhe comigo — falou com a voz
mais baixa.
— Sempre — Sorri, porque era verdade, desde que a conheci sonhava com
ela frequentemente — Boa noite, eu te amo — ela disse que me amava de
volta e desligamos, mas ainda estava curioso, que merda minha irmã estava
aprontando agora? Nem tive tempo de pensar sobre isso e meu telefone
tocou, olhei o visor e suspirei, acho que teria que resolver isso essa noite.
— Nicole — falei atendendo a ligação.
— Ah, se lembra do meu nome — sua voz soou rude, completamente
diferente do modo como sempre se dirigiu a mim.
— Tive um dia agitado, Nicole, o que você quer?
— O que eu quero? — perguntou irônica — O que você nunca me deu,
nunca me apresentou sua filha, nem sua família, foi por aquela mulher que
me trocou?
— Nós nunca tivemos nada — respondi brusco, estava cansado — Isso
sempre foi claro, nós transávamos e só, você sempre soube disso, não haja
como se tivéssemos algum tipo de relacionamento e eu devesse algo a você
— Ela ofegou e eu revirei os olhos — Você jamais teve lugar em minha vida.
— Então tudo não passou de diversão para você? Essa tal de Melissa sabe
o que você faz com as mulheres? As trata como descartáveis, para depois
jogá-las fora como se nunca tivessem existido?
— Qual é o seu problema, Nicole? Eu nunca te dei esperanças, sempre
deixei claro o que teríamos, você sabia muito bem no que estava se metendo.
— Eu sei, eu apenas... — Sua voz ficou mais baixa — Duvido que ela o
satisfaça como eu o satisfazia, é apenas questão de tempo até voltar para
meus braços.
— Você não sabe de merda nenhuma, não tem a menor ideia dos meus
sentimentos por minha namorada, agora, por favor, pare de me mandar
mensagens ou me ligar, você não precisa disso, pode conseguir o homem que
quiser.
— Mas eu quero você! Sempre quis, como não via isso?
— Porque eu não estava interessado em relacionamentos, e francamente
Nicole, você não é o tipo de mulher que quer se acalmar.
— E você também não, o que mudou?
— Não sei, eu só me apaixonei — respondi sincero, na esperança que ela
fosse entender.
— Eu não acredito, isso não combina com você, Benjamin.
— Pois é melhor se acostumar e me deixar em paz.
— Isso não vai ficar assim, vai se arrepender disso. Ninguém me trata
dessa forma.
— Boa noite, Nicole — falei e desliguei o telefone.
Não queria admitir, mas fiquei preocupado com sua ameaça, não sabia o
que ela podia fazer, mas não a queria perto de Melissa, da minha filha ou de
qualquer outro membro da minha família, eu precisava encontrar uma
solução para que ela me deixasse em paz de uma vez por todas.
Capítulo 27
Melissa Delacroix

— Mel! — Rosie disse assim que entrou no carro e me viu no banco da


frente ao lado de Benjamin. Sorri diante da sua nova maneira de me chamar,
desde que ouviu seu pai me chamando assim — Você vai para minha casa?
— perguntou esperançosa, com os olhinhos brilhando.
— Sim, vou te ajudar com a feira da sua escola, lembra?
— Sim! Vamos cozinhar aquele monte de coisas gostosas — respondeu
animada.
— Isso mesmo — respondi sorrindo para ela, meu humor melhorando
instantaneamente com sua presença.
Tinha sido uma semana agitada, para começar, os paparazzi continuavam
presentes, sempre tirando fotos e fazendo perguntas, mesmo com a
declaração que Benjamin divulgou na imprensa, o foco deles estava em tentar
descobrir quem de fato eu era, já que não era conhecida na cidade. Isso me
fez precisar ligar para meu pai e contar sobre meu relacionamento, o que
estava evitando fazer, não queria que minha mãe soubesse ainda, ela faria um
alarde tremendo sobre isso.
Meu pai, como eu suspeitava, ficou animado e feliz por mim e teve uma
conversa bem longa com Benjamin sobre o que ele esperava de um namorado
para mim, morri de vergonha, afinal eu não era mais uma adolescente
levando o namorado em casa pela primeira vez, era uma mulher adulta em
um relacionamento sério, mas meu pai não parecia entender isso e fez uma
série de recomendações e ameaças ao meu namorado, que depois de desligar
com ele me deu um breve resumo da conversa e brincou sobre eu ser uma
filhinha do papai, no que ele estava completamente certo.
Quanto mais minha mãe me afastava dela com todas as suas regras e
etiquetas, mais eu me aproximava do meu pai, eu sabia que ele faria qualquer
coisa por mim, para me ver feliz, e foi por isso que implorei para que não
contasse a ela ainda sobre meu relacionamento, tinha medo de como ela
poderia reagir, afinal minha mãe era muito tradicional, e o fato de Benjamin
já ter uma filha não era um ponto a favor, mesmo sendo extremamente rico,
meu pai concordou, mas pediu que não demorasse muito a contar, já que a
impressa americana estava um pouco obcecada por nós, e isso não demoraria
a chegar aos jornais e revistas britânicos. A minha sorte era que minha mãe
não se interessava pelo resto do mundo e até as notícias aparecerem nos
meios de comunicação que ela costumava ver, demoraria um pouco mais.
Para completar o drama da semana, meus desentendimentos com Boris só
pioravam, não estava entendendo sua relutância em aceitar minhas ideias e
sugestões, ele sempre fora difícil, mas nunca a ponto de ser tão grosso quanto
foi nos últimos dias, até hoje pela manhã quando de fato descobri o motivo de
seu problema comigo.
Estava tentando manter a postura séria e profissional, mas estava difícil
vendo o quanto Boris estava se afundando na proposta para nossos clientes
da costa leste, eu sabia que aquilo não os agradaria, por isso tinha feito uma
proposta alternativa que foi completamente descartada por meu chefe, ele
nem tinha me dado a oportunidade de explicar e já vetou a proposta,
preferindo mostrar o que ele tinha feito. Estava me segurando na cadeira
para não interromper, enquanto nossos clientes estavam com os rostos
sérios, conhecia aquela expressão de decepção, afinal queriam um projeto
digno da maior construtora do país e uma das melhores do mundo, eu não
podia continuar calada, era a imagem e reputação da Bowman em jogo,
esperei Boris terminar de falar e pedi a palavra, ele me fuzilou com os olhos,
mas permitiu.
Aproveitei a oportunidade, e apresentei a minha proposta, mostrando
como ficaria em cima do projeto de Boris, não queria que nossos clientes
pensassem que pudesse haver qualquer tipo de desentendimento entre a
equipe, e eu odiava estar nessa situação, passar por cima de alguém, mas
não era apenas um projeto, era a reputação de uma empresa. Pelo canto do
olho pude ver Samantha acenando aliviada e soube que tinha feito a escolha
certa. Ao final da reunião, fechamos o acordo e os clientes saíram satisfeitos
e empolgados, diferente de meu chefe que explodiu assim que eles fecharam
a porta.
— O QUE VOCÊ PENSOU QUE ESTAVA FAZENDO? — vociferou
irritado olhando para mim, surpreendendo todas as outras pessoas que
continuavam na sala, incluindo minha amiga — Você tinha que ter se
intrometido, não é? — Continuou com a voz mais baixa depois de olhar para
os outros ocupantes.
— Eles não iam fechar negócio com a sua proposta, eu tentei te avisar a
semana toda, te mostrei meu projeto, mas você nem se deu ao trabalho de
analisar.
— Se você não tivesse apresentado esse projeto idiota, eles teriam sim
aceitado a MINHA proposta.
— Que custaria mais cara e não teria os elementos que eles tanto queriam.
No fundo você sabe que foi o meu projeto que fechou o negócio, não viu a
expressão nos rostos deles? De desaprovação? Um cliente que vai fechar um
acordo não olha com aquela cara — respondi me mantendo ereta, eu não ia
deixá-lo diminuir meu trabalho.
— Você está muito confiante, não é mesmo? — perguntou se aproximando
mais de mim e vi Samantha se levantar de sua cadeira — Imagino que ser
fodida pelo chefe te dê alguns privilégios — Arfei com suas palavras, quem
ele pensava que era?
— Lamento que você pense que meu relacionamento com Benjamin me dê
alguma vantagem. Estou aqui na posição de arquiteta falando que o projeto
anteriormente apresentado não é viável e nem agradou os clientes —
respondi firme, não ia permitir que aquelas palavras me atingissem.
— Se você quer se enganar, continue achando que pode tomar esse tipo de
atitude e vamos ver quem ri por último — E saiu da sala, os outros saíram
logo depois cochichando entre si sobre o que tinha acontecido e minha
amiga veio ao meu socorro.
— Você está bem? Eu sabia que ele era um idiota, mas te tratar assim,
sendo que estava salvando a merda que ele fez...
— Mas ele é meu chefe, Sam, eu não deveria ter falado com ele daquele
jeito.
— Você não falou nada demais, o único que faltou com respeito foi ele,
insinuar que porque está namorando com o Ben, tem privilégios, isso é um
absurdo.
— Mas é o que algumas pessoas vão achar.
— Dane-se o que elas pensam! Ninguém tem o direito de falar com alguém
assim, e eu acho que deveria falar com o Benjamin.
— Ficou doida? Essa é a última coisa que quero fazer, não quero dar mais
motivos para falarem do meu relacionamento com ele.
— Você quem sabe, mas eu acho que deveria falar com ele sim, não
apenas como namorada, mas como funcionária, você sabe que tem esse
direito, o que o Boris fez passou dos limites, eu acho que ele está com medo
de perder o cargo para você, afinal ele não tem a formação que você tem, e
agora que está namorando o Ben...
— Você acha? Pode ser, mas ele quem tem a experiência, e de qualquer
forma não quero fazer nada por enquanto, só vou respirar fundo. Preciso ir,
tenho que buscar a Rosie na escola.
— Uau, quem diria — falou e sorriu — Sei que fui contra no começo, e
que ainda estou com o pé atrás, mas vocês três ficam bem juntos, espero de
verdade que isso dê certo.
— Eu sei, eu também — Sorri e saímos da sala.
— Então, vai me contar o que aconteceu entre você e o Boris? — Ben
perguntou me fazendo voltar ao presente. Olhei para trás e Rosie estava
entretida com seu Ipad, suspirei, não queria ter aquela conversa com ele —
Sabe que vou descobrir de qualquer forma.
— Não quero causar intriga.
— Tudo bem, então vamos de outro modo — falou e olhou para mim
sorrindo quando paramos no sinal — Srta. Delacroix, como CEO e presidente
da empresa, exijo que me conte o que aconteceu na reunião com os nossos
clientes da Costa Leste — Eu ri, não resisti.
— Não foi nada de mais, eu só apresentei uma alternativa para os clientes
e eles gostaram — respondi de forma resumida, pois a última coisa que
queria era criar mais confusão.
— Então, o Boris não gritou com você, nem insinuou nada? — Arfei,
como ele sabia?
— C-como...
— Como eu sei o que aconteceu?
— Bem, sim...
— A Sam me contou e a sala de reuniões tem câmeras — falou
naturalmente e dando de ombros.
— Eu vou matar a Samantha.
— Por que ela me contou as coisas ridículas que o Boris te falou?
— Ele é o meu chefe...
— Eu sou o chefe dele e segunda pela manhã estará demitido.
— Não! — falei apressada — Você não pode fazer isso, todos irão pensar
que o fez por minha causa.
— Não é só por isso, não gostei do jeito que ele a tratou, insinuar aquelas
coisas, foi completamente fora dos limites, mas também porque vi o projeto
dele e estava uma merda, há algum tempo que ele não apresenta bons
projetos, por isso sempre estava buscando pessoas de fora, mas o mantive no
comando apesar de sua formação, o que aconteceu hoje foi a gota d’agua, se
não fosse por você teríamos perdido o acordo — Paramos novamente no sinal
e ele me olhou — Você foi incrível, e é por isso que o departamento será
chefiado por você quando o mandar embora.
— Você não pode fazer isso!
— Tanto posso, como eu vou. Você será a chefe, meu amor e isso não
está mais em discussão, sabe que é capaz, que tem formação e competência
para isso, então pode tirar dessa sua cabecinha que estou fazendo isso porque
estamos juntos, porque não é verdade, eu te falei que só trabalho com os
melhores e você é a melhor — Seu sorrido se tornou mais sarcástico — E em
outras coisas também...
— Ben! — exclamei, virando para trás e conferindo Rosie, ela continuava
quietinha, parecia alheia a nossa conversa.
— O que? Ela não entende ainda.
— Não sei o que faço com você.
— Pois eu tenho muitas ideias — E com uma mão livre do volante
deslizou pela minha perna e acariciou minhas coxas. Suspirei e encostei no
banco, ele não tinha jeito mesmo.

∞∞∞
— Eu amo banho de banheira — Rosalyn disse brincando com as bolhas
de sabão enquanto eu terminava de lavar seus cabelos.
— Eu também — Sorri, feliz por ela estar gostando.
— Mel, posso te fazer uma pergunta? — Ela virou seu olhar para mim
quando retirei todo o condicionador de seus cabelos, e perguntou relutante.
— Claro, princesa, o que você quiser — respondi e prendi a respiração,
me repreendendo mentalmente por ter dado carta branca a suas perguntas
nada discretas.
— Você ama o papai? — Soltei o ar, essa foi fácil.
— Sim, princesa, eu amo muito o seu papai — respondi e ela sorriu com
os olhos brilhando, ouvi passos e olhei para o batente da porta, e lá estava ele,
parado apenas com uma calça de moletom e regata branca sorrindo para nós.
— Então vocês podiam se casar — falou naturalmente e virei meu olhar
para Benjamin que encarava a filha atentamente, apesar dela ainda não o ter
visto — Quando um casal se ama, eles se casam.
— É mesmo? — perguntei ainda em choque — E você gostaria que eu
cassasse com seu pai?
— Sim — disse baixo — Assim, você ia ser minha mamãe e eu seria
igual as outras meninas.
Congelei, não sabia quanto tempo um ser humano conseguia ficar sem
respirar, só sabia que o ar tinha saído dos meus pulmões, podia sentir
lágrimas se formarem em meus olhos ao ver aquela garotinha, tão espoleta,
daquela forma, vulnerável, me olhando com admiração e amor, desejando
algo tão profundamente que fazia meu peito doer, não consegui encontrar
palavras, minha boca abria e fechava enquanto eu tentava pronunciar alguma
coisa. Mas Benjamin foi mais rápido, entrando no banheiro se aproximou de
nós e se ajoelhou perto da banheira.
— Você é tão especial quanto qualquer uma delas, meu amor — ele
falou, com a voz ligeiramente mais seca e embargada.
— Mas eu não tenho mamãe como elas, e se você se casasse com a Mel,
ela seria minha mamãe, você ama ela não é, papai?
— Sim, eu a amo — Seu olhar voltou para mim enquanto respondia a
filha.
— Então, case-se com ela.
— E-eu...
— Rosie — falei finalmente me recuperando e cortando Benjamin, não
queria que ele respondesse algo apenas por pressão e nem queria ouvir
alguma resposta negativa — Para duas pessoas se casarem, elas precisam se
conhecer bem, aprender os gostos uma da outra, a lidarem com os problemas,
eu amo seu pai e ele me ama, e nós a amamos muito, estarei aqui sempre que
precisar, tudo bem? — Seus ombros caíram um pouco, mas ela logo se
recuperou e sorriu.
— Tudo bem, mas você vem me colocar para dormir mais vezes?
— Claro, se seu pai permitir...
— Você deixa, papai? — Contive uma risada, essa menina era
impossível.
— Claro — respondeu com a voz rouca — Agora, todo mundo para fora
desse banheiro que nosso jantar chegou e temos uma cozinha para arrumar
depois da bagunça de vocês duas.
— Você disse que ia arrumar — falei provocando-o.
— É verdade, papai, a Mel e eu cozinhamos e você arruma tudo.
— Duas contra um? — perguntou divertido — Isso não é justo.
— A vida não é justa, meu amor. Acostume-se — Me levantei e dei um
selinho nele, para a felicidade de Rosie que riu, peguei a toalha dela e a retirei
da banheira sendo seguida por Benjamin que me puxou pela cintura.
— Eu poderia me acostumar com isso — sussurrou no meu ouvido e eu
sorri.
— Acho que sim — respondi apertando mais Rosie em meu colo, que
estava com os braços envolvidos em meu pescoço e respirei fundo
absorvendo seu perfume. Eu realmente poderia me acostumar com isso.
Capítulo 28
Benjamin Bowman

Furioso não descrevia com precisão como fiquei depois de Samantha me


contar o que houve na reunião com os clientes da costa leste. Conferi as
câmeras de segurança e minha raiva aumentou dez vezes mais, tentei pensar
racionalmente, afinal era o dono da empresa, mas ouvir as palavras que ele
dirigiu à Melissa faziam com que meu lado emocional prevalecesse. Resolvi
deixar esse assunto para segunda, apesar da vontade de demiti-lo naquele
momento, queria passar o final e semana com minhas garotas, sábado teria o
evento na escola da Rosie e domingo o almoço com minha família, mas a
noite levaria Melissa para jantar, não havíamos tido nosso primeiro encontro
ainda e eu ansiava por esses momentos com ela.
E essa semana ainda teve minha conversa com seu pai, tinha que admitir
que o homem era meio assustador, mas não ia deixar isso me intimidar, afinal
era o CEO de uma empresa, eu impunha respeito, mas ouvir todas as coisas
que o pai de sua namorada falava sobre fazer com você se magoasse a filha
dele, era no mínimo incômodo, mas no fim acho que o deixei impressionado
e fiquei feliz por Melissa ter um pai como ele, pois com a mãe que tinha era
um alivio saber que ela tinha ele. Eu nem conhecia a mulher e já nutria um
sentimento hostil em relação a ela por tudo o que fazia com minha namorada.
Voltei meu olhar para onde ela estava, na barraquinha designada a nós pela
escola, com um arco de estrelas e uma pintura no rosto que Rosie insistiu
para que ambas fizessem. Minha pequena estava super empolgada, e vestia
uma saia de tule azul com um body verde e amarelo para simbolizar as cores
do Brasil. Como eu previra Melissa estava sendo a sensação do evento,
praticamente todas as mães vieram conversar com ela e tentar descobrir mais
sobre nosso relacionamento, eu revirava os olhos cada vez que alguma delas
perguntava algo, mas Melissa apenas sorria e dizia que estávamos
namorando.
Isso não pareceu contentar a massa de mulheres curiosas, o que fez com
que fossemos a barraquinha que mais vendeu, já que em busca de
informações, elas vinham a todo momento com a desculpa de que iriam
comprar algo, só para tentarem arrancar mais alguma coisa. Avistei mais uma
delas indo na direção da minha namorada e fui ao seu encontro quando vi
quem era, Eleanor, a pior delas, era mãe solo e dava em cima de mim
descaradamente, com a desculpa de aproximar nossas filhas, sempre dava um
jeito de me convidar para sua casa.
— Então, você e o Benjamin estão juntos? — ela perguntou se encostando
na barraquinha.
— Sim, estamos namorando, você vai querer o brigadeiro? — Melissa
respondeu já mudando de assunto, imagino que todas aquelas interrogações
estavam deixando ela exausta.
— E tem muito tempo? — continuou Eleanor sem perceber ou fingindo
não perceber, que estava sendo inconveniente — Engraçado que nunca o vi
com mulher nenhuma...
— Não faz muito tempo, então, o brigadeiro...
— Imaginei que não, sabe é uma surpresa ele estar com alguém,
considerando que nunca quis nada com nenhuma das mães, seria lógico já
que tem uma filha e... — Resolvi interromper, Melissa não merecia aturar
isso.
— Desculpe a demora, meu amor, mas precisei atender uma ligação —
falei cortando Eleanor e abraçando Melissa, dando um rápido selinho nela.
— Está tudo bem? — perguntou corando.
— Sim, depois conversamos — Sorri para ela e encarei a mulher que nos
olhava com cara de poucos amigos — Boa noite Eleanor, como vai?
— Devo dizer surpresa com seu relacionamento repentino — respondeu e
notei um pouco de mágoa em sua voz.
— Eu também fiquei, não me imaginava em um relacionamento, mas
Melissa apareceu e mudou tudo, estamos muito felizes — falei erguendo uma
sobrancelha e a mulher pareceu ficar constrangida — Então, ouvi que vai
querer o brigadeiro?
— Ah, bem, acho que sim... — Deu-se por vencida e Melissa entregou o
pote com o doce, a mulher pegou e foi embora, lançando um último olhar
para nós dois.
— Desculpe por isso — falei olhando para Melissa.
— Outra de suas admiradoras? — perguntou divertida — Você é bem mais
cobiçado do que imaginei.
— Isso é um problema?
— Só se você aprontar — Me deu um selinho — Mas eu consigo lidar com
isso, afinal quem tem você sou eu — Eu ri e a beijei novamente — Onde está
a Rosie?
— Na barraca de pescaria — respondi olhando para onde minha filha
brincava com algumas outras crianças — Você viu como ela está hoje? Acho
que nunca a vi tão animada em um evento da escola, tirando aquele dia da
apresentação que você foi, isso tudo é graças a você, eu não sei nem como
agradecer o que tem feito por ela — falei deixando as emoções virem à tona,
ver minha filha feliz era meu desejo todos os dias.
— Não precisa, isso não é um sacrifício para mim, eu a amo Ben, e fico
feliz de poder contribuir com a felicidade dela.
— Eu sei, só não quero que se sinta pressionada, que isso seja demais para
você.
— Não é, pode ter certeza.
— Tudo bem, mas amanhã vou te levar para jantar.
— Vai é? Eu não lembro de ter aceitado.
— Hum... Quer que a convença? — perguntei entrando na brincadeira.
— Eu até iria querer, mas para o que eu desejaria que você fizesse não
estamos no lugar apropriado — respondeu no meu ouvido e eu arfei, essa
mulher continuava me deixando louco.
— O que eu faço com você?
— Mais uma vez, vou dizer que não estamos no local apropriado — Sorri e
a puxei para mim colando nossos lábios mais uma vez.
O resto do evento transcorreu de forma tranquila e a curiosidade das
mulheres diminuiu um pouco, acho que Eleanor deve ter falado alguma coisa.
Todos os itens da nossa barraca foram vendidos, o que rendeu um prêmio
para minha filha que sorriu de orelha a orelha quando subiu no palco
acompanhada de Melissa, quando a diretora deu o microfone para ela, tudo o
que falou era como a Mel tinha cozinhado tudo e que ela ajudou também, e
como estava feliz que agora o papai estava namorando a Melissa, no palco
minha namorada não sabia onde enfiar a cara e eu escondi uma risada, vendo
o rosto dela assumir vários tons de vermelho.

∞∞∞
— Então, o que você queria falar ontem sobre a ligação que recebeu? Era
do trabalho? — Melissa perguntou enquanto eu dirigia para o almoço na casa
dos meus pais.
— Sim, era, vou viajar na próxima semana — respondi um pouco
desanimado, eu odiava ficar longe da minha filha, e percebi que ficar longe
dela e de Melissa era pior ainda — Preciso ver como andam os projetos em
Washington.
— Você vai viajar de novo, papai? — Rosalyn perguntou no banco de trás.
— Sim, princesa, e você vai ficar com seus avós e a tia Charlotte, tudo
bem?
— Eu não posso ficar com a Melissa?
— Hum... — falei e virei meu olhar para minha namorada, quando
paramos no sinal, ela assentiu sorrindo — Tem certeza? — perguntei ainda
incerto, não queria que ela aceitasse só porque Rosie tinha pedido.
— Sim, não vai ser um problema, assim a rotina dela não muda muito.
— Se você tem certeza, tudo bem, então — respondi e minha filha vibrou
no banco de trás e começou a listar todas as coisas que podia fazer com a
Melissa — Já fiquei cansado só de imaginar tudo isso — Ela riu.
— Quando você vai?
— Na quinta, e volto na segunda de manhã, tudo bem?
— Claro, não precisa se preocupar, vai ser divertido.
— E você pode ficar na cobertura, eu pego suas coisas na quarta depois do
trabalho e levo lá para casa, se quiser, pode até deixar algumas coisas lá...
— Uau, tão simples assim?
— Bom, precisamos começar de algum lugar, não é? — Pisquei e ela
sorriu — Além do mais, vai ser bom você passar esses dias com ela, assim
conhece a pequena de verdade.
— Devo ficar com medo?
— Eu ficaria — respondi e ela riu.
Logo depois chegamos à casa dos meus pais e Rosie correu para dentro,
ansiosa para contar a notícia para todos de que teria Melissa só para ela,
enquanto eu viajava.
— Mel! Que bom que chegou, preciso falar com você — minha irmã disse
assim que saímos na varanda dos fundos.
— Olá para você também, irmãzinha.
— Ah, oi, Ben, não precisa ficar com ciúmes, você sabe que te amo, mas
no momento a Melissa é mais útil para mim.
— Nossa, essa doeu — falei e as duas riram — Já que não tenho outra
opção mesmo, mas não demorem, estou morrendo de fome.
— Você acabou de tomar café da manhã — Melissa falou balançando a
cabeça.
— Não foi o suficiente para repor as energias, sabe com toda a nossa
atividade noturna e matinal...
— Ben!
— Eca, que nojo, não quero saber da vida sexual de vocês — Minha irmã
disse e eu pisquei para as duas indo ajudar meu pai acender a churrasqueira.
— Anthony não veio hoje? — perguntei alto olhando em volta procurando
o idiota do meu irmão.
— Saudades de mim, irmãozinho?
— Ah, você está aí, viva — Fingi empolgação — E eu sou o mais velho.
— Mas eu sou o mais maduro.
— Até parece, eu tenho uma filha e uma namorada.
— Graças a seu irmão e o resto da família. Porque se dependesse de você,
Melissa estaria bem longe daqui — falou e o encarei sério, enquanto o idiota
ria da minha cara — Falando nisso, cadê minha cunhada preferida?
— Lá em cima com a Charlotte — respondi dando de ombros
— Anthony, que bom que chegou, precisava mesmo falar com você —
meu pai disse acenando para ele se aproximar.
— Aposta quanto que ele vai encher meu saco para arrumar alguém?
Agora que foi fisgado ele anda me dando a palestra do “você precisa se
estabelecer” diariamente.
— Boa sorte — Ri da cara dele e fui conversar com minha mãe, que estava
sentada em uma das poltronas observando Rosalyn correr pelo gramado,
cumprimentei ela e falei que não precisaria mais ficar com minha filha na
semana que vem, pois Melissa ficaria com ela.
— Rosie a fisgou direitinho, não é? — falou depois de um tempo, ainda
observando minha pequena, tendo minha irmã e Melissa se juntado a ela.
— E como, precisava ter visto a cara de felicidade dela durante o evento na
escola — falei sorrindo, lembrando que tinha sido difícil colocar Rosie para
dormir, apesar do dia agitado — Eu só fico preocupado de a estar
pressionando muito, assumir responsabilidades com a Rosie, às vezes me
pergunto se estamos indo rápido demais.
— Não acho que estejam indo rápido, já te contei como as coisas
aconteceram entre seu pai e eu, e olha onde estamos, três filhos, uma neta e
muitos anos juntos. Além disso, olhe para ela, a meu ver, não parece nem um
pouco pressionada, eu acho que está acontecendo no tempo certo.
— Eu sei, mas ainda me preocupo, que tudo seja demais para ela.
— Bobagem, ela é uma mulher madura, não essas desmioladas com quem
vivia saindo e seu irmão corre atrás.
— Mãe!
— O que? Achavam mesmo que não sabia o que aprontavam? Até parece
que não sei os filhos que tenho, e sua irmã não fica muito atrás não.
— Prefiro não saber, ainda a vejo como aquela garotinha meiga.
— Vai sonhando, ela cresceu e é melhor se preparar que Rosie daqui a
pouco é uma adolescente.
— Nem me lembre.
— É a vida, acho melhor se preparar e me dar mais netinhos para quando
minha menininha crescer.
— Mãe! — falei, mas não pude evitar as imagens de Melissa acariciando a
barriga arredondada e sorrindo para mim, de invadirem minha mente
— Você não pode me impedir de sonhar — Me deu um beijo na bochecha
e se levantou e indo se juntar as meninas.

∞∞∞
— Tem certeza disso? Nós podemos buscá-la depois de jantarmos —
Melissa falou enquanto terminávamos de nos arrumar para sair, tinha acabado
de falar com ela que Rosie dormiria na casa dos meus pais e que eles a
levariam à escola amanhã.
— Meu amor, ela vai se divertir, não se preocupe, e precisamos de um
momento a sós também — Me aproximei, fechando o seu colar.
— Eu sei, só não quero que ela pense que estou pegando o tempo dela com
você, afinal você trabalha tanto.
— Ela está nas nuvens desde que entrou em nossas vidas, e ela está tão
animada de ficar com você semana que vem que nem reclamou, ela adora
ficar com meus pais e irmã. Agora, vamos curtir a noite, pretendo aproveitar
que não teremos crianças na casa e desfrutar da minha namorada sem
pudores, afinal a cobertura é grande e tem várias superfícies a serem
exploradas — Minhas mãos deslizaram por sua cintura e a puxei para mim
mordendo o lóbulo de sua orelha.
— Então acho que vai gostar de saber que não estou usando calcinha por
baixo do vestido — disse em meu ouvido e senti meu pau endurecer, olhei
para ela incrédulo, que sorriu. Deslizei uma de minhas mãos por baixo de seu
vestido e constatei que ela estava realmente sem calcinha, esfreguei meus
dedos por alguns instantes só para provocá-la e fui presenteado com um
gemido de prazer, retirei os dedos e os levei a boca provando seu sabor.
— Deliciosa, como sempre, agora vamos antes que decida pular o jantar e
ir direto para a sobremesa.
— Eu acho que não me importaria nem um pouco com isso.
— O que eu faço com você?
— Tenho muitas ideias, mas todas elas terminam com você me comendo
em cima do balcão da cozinha — Mordeu o lábio e a puxei para mim
reivindicando sua boca deliciosa.
— Vamos, porque senão eu realmente vou pular o jantar — Ela riu, mas
me seguiu até o elevador.
Tinha feito reservas em um dos restaurantes mais prestigiados da cidade,
era difícil conseguir uma vaga, todos queriam degustar o incrível menu do
chef premiado, mas sendo quem eu sou, não foi difícil. Quando chegamos no
local e entreguei as chaves ao manobrista, suspirei aliviado por não ter
nenhum paparazzi.
— Uau, você se superou mesmo — ela disse quando entramos no
imponente restaurante.
— Só o melhor para você, meu amor — Falei sussurrando em seu ouvido.
O jantar foi repleto de insinuações e tensão sexual, ambos já estávamos no
limite e quando finalmente pedi a conta, Melissa deslizou no banco ao meu
lado e tocou meu pau por cima da calça.
— Pronto? — sussurrou no meu ouvido.
— Definitivamente — respondi rouco — Quero me enterrar em você a
noite toda, quero compensar os dias que estarei fora, espero que esteja bem
descansada, pois não vai ter muito tempo de sono.
— Promessas, promessas...
— Um fato, meu amor — disse e tirei sua mão de onde estava, depositando
um beijo em seguida.
Capítulo 29
Melissa Delacroix

Ainda podia sentir o cheiro de Benjamin nos travesseiros. Ele tinha ido há
apenas algumas horas, mas já sentia saudades dele. Não nos vimos muito essa
semana, tirando os almoços com a Rosie, algo que nenhum de nós dois
abríamos mão, ele estava super ocupado com os preparativos da viagem e eu
com os novos projetos. Ele não brincou quando disse que me compensaria
domingo pelos dias que passaria fora, não me lembro de alguma vez ter tido
tantos orgasmos em uma noite apenas, e como Benjamin me prometera ele
aproveitou que estávamos sozinhos e me comeu em quase todas as
superfícies de sua cobertura, só posso dizer que na manhã seguinte eu era o
retrato vivo de uma mulher muito bem fodida.
Suspirei, tentando controlar a enxurrada de imagens que estavam vindo em
minha mente, afinal ao meu lado, em vez do corpo quente e forte, que estava
me acostumando a ter dormindo comigo, eu tinha uma menininha com
cheirinho de morangos ressonando tranquilamente. Rosie não pensou duas
vezes em se apoderar da cama de seu pai comigo, alegando que estaríamos
melhores juntas, e eu, sem consegui resistir a sua carinha travessa, assenti
sorrindo. Não cansava de admirá-la e imaginar como fora abençoada por tê-
los conhecido, por poder fazer parte da vida dos dois.
Amanhã era sexta, e como ela não teria aula, iriamos ao shopping para
passearmos e fazermos compras. Coisas de garota não é Melissa? Ela havia
dito quando contei os planos do final e semana. Eu estava muito aliviada de
não precisar ir ao trabalho amanhã, a notícia da demissão de Boris e meu
possível envolvimento com a decisão tinham corrido pela empresa como
pólvora acesa e ainda não estava pronta para encarar tudo sozinha sem
Benjamin no final do corredor para me apoiar.
Benjamin me contara vagamente como tinha sido sua reunião com ele,
parecia que Boris já esperava que algo assim pudesse acontecer, então a
conversa não foi tão tensa como esperávamos, imaginei que isso se devia
mais a figura imponente de meu namorado do que conformação por parte de
Boris, apesar disso pedi para Ben não me nomear oficialmente ainda, queria
que as coisas se acalmassem primeiro, que pelo menos as pessoas não me
olhassem passando e cochichassem logo em seguida, mesmo relutante ele
concordou e eu assumi o departamento apenas como chefe interina.
Na mesa de cabeceira ouvi meu celular vibrar e o peguei sorrindo ao ver o
conteúdo da mensagem.

Benjamin: Já estou com saudades. Tenham uma boa noite, amo vocês e
divirtam-se esse final de semana, mas não muito.

Abafei uma risada para não acordar Rosie ao meu lado, e tirei uma foto
nossa para enviar para ele.

Melissa: Invadimos sua cama, não aceitamos reclamações. Tenha um


bom voo. Também amamos você.

Coloquei o celular na mesa novamente e suspirei, quem diria que em


poucos meses minha vida mudaria tanto assim, antes à essa hora eu
provavelmente estaria em minha banheira, lendo algum romance no Kindle,
agora estou na casa do meu namorado, passando o final de semana com a
filha dele, mas eu não podia estar mais feliz. Resolvendo deixar essa
felicidade me invadir, me juntei a pequena embaixo das cobertas para um
sono bem-merecido, afinal amanhã teríamos um dia bem cheio.
Na manhã seguinte, Rosie acordou bem animada e ansiosa para nosso dia
passeando juntas, sorri diante de sua empolgação e a ajudei a se arrumar, logo
em seguida preparando nosso café da manhã. Iriamos, primeiro, assistir um
filme, e como Gabi estaria de folga chamei ela para ir conosco, para tentar
tirá-la um pouco de casa já que nas últimas semanas só estava indo do
hospital para casa e de casa para o hospital, toda vez que Richard ameaçava
voltar era isso, ela se fechava para todos. Eu tinha tanta raiva desse homem,
mesmo não estando presente na época para testemunhar o que aconteceu. Eu
só não entendia por que ele continuava fazendo isso com ela, já tinha uma
ordem de restrição o impedindo de chegar perto de minha amiga, mas o
canalha insistia em arrumar um jeito de entrar em contato.
— Vamos, Mel? — Rosie perguntou me fazendo voltar ao presente
— Já está pronta? Escovou os dentes?
— Sim! — respondeu abrindo um sorriso para mostrar sua escovação.
— Muito bem, então vamos — Peguei minha bolsa e saímos da cobertura.
Mais uma vez estava dirigindo o carro de Benjamin, e tinha que admitir
que era bastante prático, talvez estivesse na hora de comprar um para mim.
Parei na portaria do meu prédio e esperei Gabriella descer. Enquanto ela se
dirigia até o carro não pude deixar de notar que estava mais magra e pálida, e
sabia que por baixo da maquiagem seus olhos escondiam grandes olheiras,
suspirei, eu precisava fazer alguma coisa, não podia deixar minha amiga se
acabar assim.
— Bom dia! — ela falou sorrindo quando entrou no carro, mas seu sorriso
não era tão animado assim.
— Bom dia, tia Gabi! — Rosie disse animada no banco de trás — Nós
vamos no cinema e depois no aquário e a Mel falou que podemos almoçar
hambúrgueres!
— Hoje parece um dia e tanto — minha amiga respondeu sorrindo e voltou
seu olhar para mim — Nem começa, não quero pensar nisso hoje.
— Tudo bem, não vou insistir, por enquanto, mas você está bem mesmo?
— Vou ficar, daqui a alguns dias eu volto ao normal — falou desanimada e
eu suspirei, isso não era justo com ela.
— Se precisar de algo sabe que estou aqui.
— Eu sei, mas não hoje. Hoje eu só quero aproveitar o dia com minha
amiga e essa garotinha aqui que vai receber muitas cosquinhas — E virou
para trás para brincar com Rosie que soltava altas gargalhadas, sorrindo para
as duas comecei a dirigir até o shopping.

∞∞∞
— Gostou do filme, princesa? — perguntei para Rosie assim que saímos
do cinema.
— Sim! — respondeu animada com a boca ainda suja de chocolate.
Benjamin me mataria se soubesse o tanto de porcaria que sua filha estava
comendo. Ao meu lado Gabi sorriu balançando a cabeça.
— Eu sinto que, como médica deveria impedir isso.
— E eu sinto que, como minha amiga, deveria me esconder caso o pai da
criança descubra.
O resto da manhã passou bem rápido, almoçamos em um restaurante no
shopping mesmo, fizemos algumas compras, com Rosie fazendo questão que
combinássemos as roupas e depois a levei ao aquário. Ela estava em uma fase
que queria saber tudo sobre o oceano, peixes, golfinhos, e é claro sereias.
Enquanto esperávamos na fila, meu celular vibrou com uma ligação. Atendi
relutante, afinal era um número desconhecido.
— Alô?
— Lisse? Sou eu, Michael.
— Michael? Michael Davies? — perguntei surpresa.
— Esse mesmo, o único, vejo que ainda se lembra de mim.
— É claro que sim, como esquecer do garoto que vivia implicando
comigo junto com meu irmão? Eu não o vejo há anos.
— Eu sei, estava viajando o mundo tentando me livrar do meu pai, mas
não teve jeito. Precisei assumir a empresa da família quando ele faleceu.
— Eu soube, sinto muito.
— Tudo bem, não éramos próximos, você sabe. Seu irmão me contou que
está morando em Nova Iorque agora.
— Sim, estou trabalhando como arquiteta.
— Sabia que iria longe, isso é incrível — falou animado e eu sorri — E
adivinhe? Estarei na cidade no começo da semana. O que acha de um almoço
ou jantar? Para relembrar os velhos tempos.
— É claro, eu adoraria — respondi.
— Combinado, salva meu novo número. Fiquei até surpreso por ter
atendido um número desconhecido.
— Você deu sorte.
— Bom ouvir sua voz de novo Lisse, nos vemos semana que vem?
— Claro, bom falar com você também Michael, que bom que está vivo —
falei brincando e ele riu, nos despedimos mais uma vez e desligamos a
chamada.
— Quem era? — Gabi perguntou curiosa.
— Um amigo de infância do meu irmão, ele vai estar na cidade e me
convidou para um almoço ou jantar.
— Não sei por que eu acho que Benjamin não vai gostar disso.
— Bom, ele pode ir junto se quiser, mas provavelmente vamos relembrar
os velhos tempo e vai ficar entediado, mas não vejo por que acharia ruim,
tem muitos anos que não converso com Michael — respondi dando de
ombros — Não tenho nada a esconder.
— É, você tem razão, mas se ele for um bom partido me apresenta —
falou e piscou para mim.
— Essa é a Gabi que eu conheço — Sorri para minha amiga e entramos
no aquário com Rosie saltitando à nossa frente.
∞∞∞
Já era quase hora do jantar quando deixamos Gabi no nosso apartamento
e segui para a cobertura de Benjamin. Rosie já demostrava cansaço, tendo
pulado a hora da soneca que costumava ter na escola, e brincado até não ter
mais energia, fez com que ela piscasse de sono no banco de trás do carro,
estava tentando mantê-la acordada para pelo menos conseguir dar um banho e
um jantar descente antes que ela apagasse de vez. Chegamos no prédio
rapidamente e como tinha acesso entrei direto pela garagem. Desci com Rosie
e voltamos para rua já que a porta de acesso da garagem para os apartamentos
estava em reforma.
— Melissa Delacroix? — Ouvi meu nome quando estávamos entrando no
prédio, me virei e dei de cara com a mulher que pensei que jamais encontraria
frente a frente — Nicole Mello — falou me estendendo a mão, e a apertei
como por reflexo, a mulher me olhou de cima a baixo — Então, você é a
vadia que está saindo com o Benjamin?
Arfei, ela tinha me chamado de vadia? Usando todo meu alto controle para
não dar um tapa na cara dela, respirei fundo e pedi para Rosie entrar e me
esperar na recepção do prédio, não queria que ela ouvisse mais alguma merda
que pudesse sair da boca dessa mulher. Rosalyn fez o que pedi e logo voltei
meu olhar para a pessoa à minha frente.
— Do que me chamou?
— De vadia, que é o nome que se dá a mulher que rouba o homem da
outra.
— Pelo que eu saiba você e Ben nunca tiveram nada — falei tentando me
manter calma.
— Foi isso o que ele te disse? — perguntou debochada e riu — Pensei que
fosse mais inteligente do que isso, mas como sou uma boa pessoa, vou te
revelar quem realmente é o homem que pensa ser seu namorado — Enquanto
ela falava podia sentir meu sangue ferver, eu queria virar as costas e ir
embora, mas algo me segurava no chão.
— Não faço ideia do que está falando.
— Ah, mas vai saber, ele viajou não é mesmo? — perguntou e o choque
em meu rosto a fez rir — Quer saber como eu sei? Simples, ele não me
largou como fez você acreditar, na verdade você é apenas um passatempo,
uma diversão passageira, é comigo que ele estará no final — Sem aguentar
mais levantei minha mão e a desci com força até seu rosto, sorri quando ela
arquejou surpresa com minha atitude, mas não vacilou, apenas esfregou a
mão no local e sorriu — Você é bem forte para alguém que parece tão
delicada.
— Eu não tenho nada a falar com você — disse me controlando para não
acertar outro tapa nela.
— Mas eu sim, estou fazendo um favor a você vindo aqui, então o mínimo
que você pode fazer é escutar — Prosseguiu se aproximando mais de mim —
Benjamin te falou que ele quem paga meu apartamento? Acho que não, foi o
que pensei, é fácil deduzir o motivo, pense bem, por que ele faria isso se não
tivéssemos nada? — Ela sorriu quando viu a dúvida em meus olhos — De
qualquer forma, aqui estão algumas fotos — Me entregou um envelope —
Achei que deveria saber, tem meu endereço também, caso queira comprovar
que o apartamento pertence a Benjamin, e ao contrário do que deve achar eu
não sou um monstro, espero que isso seja bem esclarecedor e que se afaste do
Benjamin, afinal ele continua sendo meu — E virou as costas, logo entrando
em um carro.
Não sei quanto tempo fiquei parada olhando para o espaço onde o veículo
que ela entrou estava parado, incredulidade, choque, raiva invadindo todo
meu sistema, não podia acreditar nas palavras que ela disse, Benjamin não
faria isso, ele não era esse tipo de homem, mas o envelope que ela me dera,
queimava em minhas mãos. Respirei fundo, precisava me controlar, Rosie
estava me esperando no hall de entrada e eu iria cuidar dela primeiro, depois
veria isso. Tentando bloquear os pensamentos de minha mente entrei no
prédio e sorri para a pequena sentada balançando os pezinhos, mas não pude
deixar de pensar o que aconteceria conosco se o que Nicole disse fosse
verdade.
Capítulo 30
Melissa Delacroix

Rosie já estava dormindo há muito tempo, mas eu ainda não tinha


conseguido abrir o envelope, não queria descobrir que tudo o que vivi nessas
últimas semanas foi uma farsa. Andei de um lado para o outro na imensa
cobertura, fui até a varanda pegar um ar e conferi mais uma vez minha
princesa em sua cama. Minha Princesa? O pensamento me fez sorrir, mas ao
mesmo tempo me deu um aperto no coração, respirei fundo e fui até a
mesinha onde deixei o envelope, o peguei e me sentei no sofá.
Ainda relutante com o que poderia ter ali dentro, abri e retirei o conteúdo.
Eram fotos dos dois, em diferentes situações, com roupas de festa, casuais, e
a que mais me deixou enjoada, Ben dormindo relaxado, uma mão
descansando no peito nu, enquanto a parte de baixo estava coberta por
lençóis. Sorrindo para foto, estava Nicole, envolvida pelo mesmo lençol que
cobria Benjamin, o cabelo um pouco bagunçado e a cara de quem havia
acabado de ser fodida.
Eu sabia que eles tinham tido alguma coisa, mas saber e ver em fotos o
quanto eles pareciam íntimos era uma coisa completamente diferente, respirei
fundo ignorando o ciúme, afinal as fotos podiam ter sido tiradas a algum
tempo, quando eles ainda estavam juntos, olhando atentamente a face de Ben,
tive ainda mais certeza dessa hipótese, afinal seu rosto estava completamente
liso, e desde que o revelei que amava sua barba por fazer, ele a mantinha,
algo bem suave, não o monte de pelos que alguns homens insistiam em usar,
mas o suficiente para quando sua boca estivesse me dando prazer eu poder
senti-la me arranhando.
Respirei fundo mais uma vez, um pouco mais aliviada, alívio esse que
desapareceu quando peguei as últimas imagens do envelope junto com um
endereço, provavelmente era do prédio onde Nicole morava, mas o que me
chamou a atenção mesmo eram as impressões. Com toda certeza, imagens de
câmera de segurança, enquanto tentava entender o que deveria procurar, eu o
vi, dessa vez não tive dúvidas, definitivamente era ele, e isso não tinha muito
tempo, me lembrava daquele terno, mais precisamente da gravata que eu
havia mordido para abafar o barulho, já que estávamos em uma sala sem
isolamento, enquanto ele me comia após uma reunião. A data e o local
impressas na foto só confirmavam o que meus olhos não queriam acreditar,
ele estivera mesmo no apartamento dela.
Deixei as fotos escorregarem pelos meus dedos enquanto afundava no sofá,
incredulidade, decepção, mágoa e raiva eram os sentimentos que me definiam
nesse momento. Cogitei ligar para Benjamin, tirar essa história a limpo de
uma vez, mas me segurei, ainda havia uma parte racional do meu cérebro que
pensava com clareza, que me dizia que essa foto da gravação podia não
significar nada, afinal Nicole poderia ter pego de qualquer prédio, ela era
bonita, não seria difícil convencer um segurança a fornecê-la, claro, se ela
soubesse onde procurar, se tivesse acesso aos locais que ele iria, e ela só
saberia disso se tivessem alguma coisa.
Ah! Bufei frustrada, a dúvida era uma merda, sabia que não conseguiria
descansar se não resolvesse isso logo, não podia simplesmente ligar para
Benjamin, eu precisava me certificar se aquela mulher estava falando a
verdade. Só tinha uma pessoa que poderia me ajudar nessa hora, peguei meu
telefone e pressionei a discagem rápida, torcendo para que ela não me
matasse por ligar tão tarde.
— Mel? Está tudo bem? — Sua voz preocupada e ao mesmo tempo
sonolenta soou do outro lado da linha.
— Sam, eu preciso da sua ajuda — falei apressada.
— Aconteceu alguma coisa? É a Rosie? Vocês estão bem?
— Calma, está tudo bem com ela, está dormindo, e quanto a mim, não sei,
depende das respostas que tiver.
— Respostas? Que respostas? Melissa, não estou entendendo nada.
— Eu vou te explicar, prometo, mas primeiro preciso de uma informação.
Você consegue descobrir se o Ben é dono de um apartamento?
— Que? É claro que ele é dono de um apartamento, que eu saiba você está
em um deles.
— Deles? Ele tem mais de um? — Minha voz saiu mais alta com essa
constatação.
— É lógico que sim, ele deve ter uma dezena de apartamentos e casas pelo
país, acho que até alguns fora também. É um excelente investimento.
— Eu só preciso saber de um — respondi — Sabe como eu posso
descobrir se um determinado apartamento pertence a ele?
— Para que isso, Melissa? O que está acontecendo?
— Por favor, Sam, eu te explico tudo depois, primeiro eu preciso saber
essa informação.
— Tudo bem, mas não estou gostando disso — Suspirou — Vou perguntar
ao Rob, ele cuida desses contratos para o Benjamin, mas ele está dormindo,
pode ser amanhã? Ou é tão urgente assim?
Queria dizer que sim, que era muito urgente, mas mordi o lábio, Robert
devia estar cansado, sexta feira sempre era o pior dia para ele, mas sabia que
se eu dissesse que era importante eles não hesitariam em me ajudar, não
importasse a hora.
— Não, pode ser amanhã sim — respondi contra minha vontade.
— Tem certeza? Você não parece muito bem...
— Eu sei, mas não quero incomodar, pode ser coisa da minha cabeça e
estar fazendo alarde à toa, não é justo atrapalhar vocês por uma coisa que
pode não ser nada.
— Se você diz, mas ele acorda cedo de qualquer forma, vou pedir
imediatamente para ver isso, e levo as informações para você. Pode ser? Ou
você e a Rosie vão sair?
— Não acho que tenha energia para mais um dia como hoje, de qualquer
forma, vamos ficar por aqui mesmo, talvez no domingo ir à casa dos pais do
Benjamin, bom, isso vai depender da resposta que me der.
— Certo, ainda estou confusa, mas vou fazer isso.
— Obrigada, Sam, prometo que explico tudo amanhã, vou te mandar as
informações do apartamento.
— Certo, sei que está ansiosa, por algum motivo, mas tenta dormir um
pouco, o que quer que queira saber, vai ser melhor se estiver descansada.
— Vou tentar, prometo — falei e desligamos.
Enviei as informações para ela, mas meu coração ainda batia acelerado,
minha mente repassando diversos cenários, ora mostrando cenas de Nicole e
Ben juntos, ora meus momentos com ele, e a mais angustiante de todas, eu
sozinha, vendo Benjamin e Rosalyn a distância, sem poder tocá-los, ou
chegar perto, percebi que meu rosto ficou molhado e só então notei as
lágrimas descendo, me deitei no sofá e permiti que a exaustão do dia tomasse
meu corpo.

∞∞∞
Meu sono não foi tranquilo, na verdade fora o oposto disso, repleto de
imagens do meu futuro sem as pessoas que agora possuíam meu coração, que
me faziam imensamente feliz. Acordei sobressaltada depois de mais cenas
perturbadoras, ainda estava no sofá e minhas costas doíam pela posição que
dormira, por mais que o sofá fosse confortável. Levantei-me e fui andar pelo
apartamento, meus pés me guiando para o quarto dela, um verdadeiro paraíso
de princesas. Lembro da primeira vez que entrei aqui, naquele primeiro final
de semana que passamos juntos, fiquei impressionada com cada detalhe, sua
cama, um verdadeiro castelo, com escorregadores, uma mesa posta para o
chá, com alguns de seus inúmeros ursinhos sentados nas cadeirinhas com
encosto de borboletas, seu enorme closet, exagerado para uma criança de
apenas quatro anos, e até seu banheiro era delicado como ela. Me aproximei
lentamente de sua cama, ela dormia tranquila, com um sorriso no rosto, sorri
involuntariamente, e a cobri novamente, dando um beijo em sua testa,
sentindo seu cheirinho de morangos. Sai logo de seu quarto não querendo
perturbar seu sono, pelo menos alguém nessa casa dormiria tranquila.
A manhã demorou a chegar, mas assim que os primeiros raios de sol
coloriram o céu, me apressei em tomar um banho e preparar o café da manhã
para Rosie, não queria que ela percebesse que alguma coisa estava errada. E
apesar de ainda estar preocupada com as revelações que Samantha poderia
me fazer, deixei tudo de lado para aproveitar a pequena. Seu bom dia,
Melissa, ao abrir os olhos, me fez derreter a suspirar de amor. Tomamos o
café da manhã juntas, panquecas em forma de coração para ela e waffles para
mim, depois, fomos brincar com seus jogos de tabuleiro preferidos.
Era fácil esquecer de tudo na presença dela, o foi o que fiz, deixei a
história do apartamento de lado e aproveitei minha manhã com ela,
brincamos, cozinhamos juntas, assistimos filmes, até que um pouco depois do
almoço Sam me ligou, apreensiva, liberei sua entrada na portaria e levei
Rosie até o quarto dela, deixando-a brincando lá e corri para a sala.
— Então, estou com o que queria. Agora vai me contar o que aconteceu?
— perguntou assim que abri a porta.
— Obrigada, Sam, imagino que não foi fácil conseguir isso tão rápido.
— Não foi, precisei de um pouco de persuasão com o Robert, mas está
tudo aí. E contínuo na curiosidade. Você parece bem apreensiva.
— E estou, digamos que algumas coisas dependem disso. Mas primeiro
deixa eu ver — falei pegando o envelope das mãos dela e me sentando no
sofá. Folheei os papéis até encontrar o que queria. E sim, estava lá. Benjamin
era dono de alguns apartamentos no edifício das imagens das gravações.
Incluindo o 1040 que era onde ela morava. Uma das fotos era do corredor
onde podia se ver claramente o número do apartamento. Imediatamente
fraquejei, e larguei os papéis que caíram no chão enquanto colocava as mãos
no rosto.
— Mel? O que houve? O que aconteceu? — Sam se aproximou vendo meu
estado.
— Eu acho que o Benjamin está saindo com outra pessoa.
— O QUE?!?! — ela gritou um pouco alterada e rapidamente olhei para o
corredor verificando se a Rosie não estava vindo. Não queria que ela me
visse nesse estado. Ainda com algumas lágrimas se formando contei o que
tinha acontecido ontem à noite.
— Estou tentando achar alguma explicação lógica para isso, mas sabendo
que ela realmente mora em um dos apartamentos dele e que não tem contrato
nenhum de aluguel, bem, o que eu poderia pensar? — falei olhando para
minha amiga que me encarava com o semblante fechado.
— Você tentou falar com ele?
— Não, ele vai estar em reuniões o dia todo, além disso, estou com as
provas aqui, o que ele poderia dizer? O apartamento realmente é dele, a
mulher que ele disse que só tinha um lance casual mora nele — respondi e
me levantei sentindo a raiva aparecer — Vai ver eu sempre fui isso, mas
como toquei no assunto e ele não queria perder o sexo fácil, me pediu em
namoro.
— Mel! — Sam falou se levantando também e me puxando para que a
encarasse — Olha, eu sei que disse muitas coisas sobre o Benjamin, mas ele
não é um mentiroso, eu, Robert, Tony, qualquer um que o conhecia antes
pode ser testemunha da mudança dele, ele realmente te ama.
— Ama tanto que deixa a ex viver em um de seus apartamentos.
— Nisso eu preciso concordar com você, não entendo por que ele faria
isso, mas não acho que o Benjamin esteja te traindo, se tivesse muito
provavelmente ele a teria levado na viagem, não é? Um lugar longe seria
perfeito.
— Não acredito que está do lado dele.
— Não estou — falou me abraçando — Mas eu preciso pensar
racionalmente, Mel, qualquer um de fora percebe o amor de vocês, eu acho
que quando ele voltar precisam conversar e esclarecer tudo, além disso eu
realmente não gostaria de cumprir minha ameaça de matá-lo caso ele a
magoasse, por isso vou torcer para que seja apenas um mal entendido — Eu
ri, apesar de ainda estar magoada com Benjamin — Promete que vai respirar
fundo e segunda-feira vocês vão conversar?
— Tudo bem, não vou surtar, nunca fui uma louca ciumenta, e não vai ser
agora que vou me tornar uma — Suspirei — Mas a vontade que estou de dar
mais um tapa naquela mulher é enorme.
— Bom, se você quiser, eu vou junto — Sam disse e eu sorri, apesar de
tudo. A ideia de ele estar me traído me machucou profundamente, e por mais
que como apontado por Sam essa não seja a hipótese mais provável, não
podia deixar de me sentir magoada por ele ainda ter um vínculo com a
Nicole. Mas minha amiga tinha razão, eu precisava respirar fundo e resolver
as coisas como uma pessoa madura.
Senti meu celular vibrar na mesinha e o peguei, olhei o visor e vi uma
mensagem de Michael.

Michael: Jantar na segunda?


Melissa: Claro, combinado.
Michael: Ótimo, passo para te buscar às 19h, me passa seu endereço.
Melissa: Melhor nos encontrarmos lá, não sei que horas saio da empresa.
Michael: Tudo bem, te mando o endereço depois. Não vejo a hora de te
ver novamente, Lisse.

Sorri, ele ainda insistia em me chamar por esse apelido. Seria bom jantar
com ele, talvez eu precisasse de uma dose da minha infância e histórias das
travessuras do meu irmão e de Michael para relaxar.
Capítulo 31
Benjamin Bowman

Estava ansioso para voltar para casa, além da saudade de minhas garotas,
sentia que alguma coisa estava errada, não conseguia imaginar o que poderia
ser, só sabia que Melissa estava estranha comigo, nas últimas mensagens que
mandei, ela respondeu de forma direta e suscinta e não fez nenhum
comentário espertinho, quando ligava para saber como estavam, sempre dava
um jeito de passar o telefone logo para Rosie.
Meu peito se apertava só de imaginar o que poderia estar acontecendo, a
possibilidade de ela estar se afastando de mim, doía tanto que nem conseguia
descrever. Será que meu tempo afastado serviu para ela pensar que era
melhor não estarmos juntos? Não! Isso não fazia nenhum sentido, talvez ela
só estivesse preocupada com algo, e não queria me contar enquanto estivesse
viajando, provavelmente algo envolvendo sua mãe, aquela mulher era
insuportável, e olha que ainda não tive o desprazer de conhecê-la, sim, tinha
que ser isso, eu não suportaria que fosse outra coisa.
Passei em casa apenas para tomar um banho rápido e corri para a empresa,
precisava ver Melissa, abraçá-la, senti-la perto de mim, seus lábios nos meus,
saber que as coisas estavam bem entre nós. Durante todo o caminho meu
celular não parou de receber ligações e mensagens, mas, ignorei o que quer
que fosse poderia esperar até eu matar a saudade da minha namorada. Entrei
na empresa, e sorrindo aliviado entrei no elevador vazio, mais alguns
segundos e estaria envolvendo meus braços nas curvas maravilhosas de
Melissa.
Em vez de ir para minha sala como de costume, segui direto pelo corredor,
até sua sala. Ela não me viu chegando, estava sentada, concentrada em seu
tablet para desenho, seus cabelos presos em um coque, que me deixou
morrendo de vontade de soltá-lo, enquanto com uma mão segurava a caneta
de desenho digital, a outra tamborilava na mesa, e como sempre fazia quando
concentrada, seus dentes mordiam seu lábio inferior.
Quando ela se levantou senti que precisava me anunciar e aproveitando
que estava olhando a vista da cidade pelas janelas, entrei silenciosamente na
sala e envolvi meus braços em sua cintura. A princípio ela congelou, mas
logo a senti relaxar, talvez reconhecendo meu cheiro, mas em vez de se virar
e envolver seus braços em meu pescoço colando nossos lábios, a senti
enrijecer novamente, e se afastar, virando-se para mim e me encarando, algo
em seus olhos me fez ter certeza de que as coisas não estavam bem, dei dois
passos para trás.
— Mel? O que foi? Está tudo bem? — perguntei estendendo minha mão
para tocá-la, mas ela deu mais um passo para trás balançando a cabeça.
— Não, não está tudo bem — respondeu rápida e mordeu o lábio com mais
força.
— O que houve? É algo com a Rosie? Com você?
— Rosie está bem, animada que vai vê-lo hoje — Ela sorriu, apesar de ter
desviado o olhar.
— Então, o que aconteceu? É sua mãe de novo?
— Não, ela está ótima pelo que sei — respondeu e finalmente voltou seu
olhar para mim, respirando fundo — É sobre nós — Não sabia que uma frase
pudesse ter um peso tão devastador, “é sobre nós”, será que eu estava certo e
ela tinha desistido de mim? Tentando ser racional, engoli em seco e a
incentivei a continuar.
— O que tem nós?
— Isso é realmente sério para você?
— O que? — perguntei confuso, não fazia ideia de onde ela queria chegar.
— Nosso relacionamento, Benjamim — falou e um alerta soou na minha
cabeça, alguma coisa realmente estava errada — Realmente significa algo
para você?
— É claro, que sim — respondi rápido e sério — Eu te amo, pensei que
tivesse deixado isso bem claro, o que está acontecendo?
— Talvez não tenha deixado claro o suficiente para uma pessoa — E
pegou um envelope de sua mesa e me entregou. Abri e retirei o conteúdo de
dentro, prendi a respiração enquanto olhava as fotos e por fim uma impressão
de uma gravação. Merda!
— Como você conseguiu isso? — perguntei deixando o envelope e seu
conteúdo em cima da mesa e voltando a olhá-la, sua expressão era dura e
contida.
— Por acaso sua ex ou atual não sei, já que obviamente esteve no
apartamento dela, que, olha que engraçado, eu descobri que pertence a você,
me entregou quando eu voltava de um passeio com a Rosie.
— Mel, isso não é o que está pensando — falei tentando ficar calmo.
Porra! Eu ia matar a Nicole, como ela ousa entregar fotos nossas, que ela
tirou sem eu saber, para minha namorada, insinuando que ainda estivéssemos
juntos?
— Então vai negar que esteve no apartamento dela?
— Não, não vou, mas ela não estava lá, e as circunstâncias foram
completamente diferentes do que ela fez parecer. Eu recebi uma ligação do
senhorio do prédio falando que tinha algum problema de vazamento, e como
ela estava fora da cidade e eu era o dono do apartamento ele me ligou para
verificar. Eu nem a vi — falei tentando me aproximar, mas ela se afastou
novamente — Meu amor, você acha mesmo que eu a trairia? Que eu faria
isso com a gente?
— Eu não sei — Deu de ombros — Eu quero acreditar que não, mas você
mentiu para mim, falou que ela não significava nada, nunca significou, mas
mora em uma de suas propriedades? Isso não faz sentido, além disso, como
ela sabia que estava viajando?
— Olha, eu a deixei morando em um de meus apartamentos, porque na
época que nos conhecemos, ela era nova na cidade, estava começando a
carreira, e depois a gente começou a sair. Quando falei com ela que tudo
estava encerrado entre nós, disse que podia continuar lá até encontrar outro
lugar — respondi correndo minhas mãos pelo meu cabelo, frustrado, não era
assim que pretendia passar esse tempo com ela, depois de dias sem vê-la —
Mas eu realmente não sei como ela pode ter conseguido a informação de que
estaria viajando, mas meu amor, você precisa acreditar em mim, eu não tenho
nada mais com ela, desde o primeiro momento que te vi, não parava de
pensar em você, e quando começamos a ficar juntos eu encerrei qualquer tipo
de interação com ela, eu te falei isso, sempre fui sincero.
— Como eu posso confiar em você se não teve nem a consideração de me
contar algo simples como ela morar em uma de suas casas? — falou virando-
se para encarar a paisagem.
— Mel, não faz isso — Coloquei minhas mãos em sua cintura, puxando-a
para mim, meu nariz em seu cabelo, absorvendo seu cheiro, ela não se
afastou, ao contrário, recostou-se em meu peito — Eu não comentei nada
porque era uma coisa sem importância, em breve ela sairia de lá, jamais
pensei que ela poderia usar isso para causar algum problema entre nós. Eu
não tenho absolutamente nada com ela, a mulher que eu quero, que eu amo
está aqui. Por favor, acredite em mim e me perdoe por não ter falado nada
antes.
— Eu preciso pensar — disse com as mãos no rosto e se virando para mim,
percebi que seus olhos estavam vermelhos e algumas lágrimas insistiam em
cair, levantei minha mão e enxuguei o canto daqueles olhos prateados que me
deixavam inebriados — Preciso de um tempo.
— Eu posso te provar que ela não estava lá, que nem cheguei sequer a falar
com ela, além disso irei descobrir quem passou informações para ela sobre
minha viagem, mas por favor, não se afaste de mim, eu preciso de você, e só
de imagina-la longe me causa uma dor terrível — Olhei profundamente para
ela — Eu vou te dar um espaço para pensar, mas por favor, promete que vai
me perdoar por não ter te contato sobre o apartamento e que vai voltar para
mim? — perguntei ansioso e furioso ao mesmo tempo, eu iria acabar com a
vida de Nicole, destruir sua carreira por ser tão baixa e criar toda essa
situação.
— E-eu... — gaguejou — Só quero colocar a coisas em ordem, não me
peça para prometer isso.
— Tudo bem, só quero que saiba que te amo, mais do que pensei que
poderia amar uma mulher de novo — falei e me afastei indo em direção a
porta — Você almoça com a gente?
— Claro — Ela sorriu, mas não chegou aos olhos, ela devia estar
realmente magoada, merda! — Rosie estava muito ansiosa para isso quando a
deixei na escola, não decepcionaria minha garotinha jamais — Suas palavras
foram como uma bomba em meu peito, ela estava decepcionada comigo, mas
o fato de ter se referido a minha filha como sua garotinha me encheu de
esperanças de que ela me perdoaria e voltaria para mim.

∞∞∞
O almoço foi todo em função de Rosie, Melissa falava comigo apenas o
essencial, ela se dedicava inteiramente à minha pequena, que por sua vez me
contava animada como havia sido o final de semana. Eu sorria, e ria de suas
brincadeiras e artimanhas, mas estava mesmo era preocupado e ansioso
diante do distanciamento imposto por minha namorada.
Assim que sai de sua sala, liguei imediatamente para meu irmão, precisava
de alguém que pensasse com clareza e me impedisse de ir atrás da Nicole.
Contei a ele o que tinha acontecido que ficou tão puto quanto eu, além de me
chamar de idiota e todos os nomes mais baixos possíveis, por ter deixado
aquela mulher continuar vivendo em meu apartamento. Quando ele terminou
a série de xingamentos, me disse para ficar calmo, que ele iria tentar
descobrir quem vazou a informação de que eu estaria viajando, enquanto eu
dava um jeito que comprovar que Nicole não estava, no dia que fui me
encontrar com o senhorio do prédio. Cogitei em ligar para ela, mas desisti, eu
iria conseguir todas as provas e depois a confrontaria. Verifiquei as ligações e
mensagens recebidas, era Robert me contando sobre a descoberta de Melissa,
suspirei, não tinha o direito de ficar bravo com ele por ter ajudado, mas o
intimei a me ajudar a sair dessa bagunça, junto com meu irmão.
Assim que o almoço terminou e deixamos Rosalyn de novo na escola, o
silêncio no carro foi insuportável, eu odiava que estivéssemos nessa situação,
queria poder saber o que ela estava pensando, mas eu prometi que daria um
tempo e deixaria ela pensar com calma, mas eu não podia fazer nada quanto à
vontade insana de agarrá-la e beijá-la como queria fazer desde que desci do
avião.
— Então, eu sei que você disse que precisava de um tempo — falei depois
de alguns minutos de silêncio, odiando essas palavras e sentindo minha voz
falhando — Mas, eu tinha feito uma reserva para jantarmos hoje, quer ir? —
Ela virou seu olhar para mim e balançou a cabeça.
— Acho melhor não — Sua voz era baixa, quase um sussurro — Além
disso já tenho um compromisso.
— É mesmo? — perguntei curioso — O que vai fazer?
— Hum... Meu irmão tem um amigo de infância que está na cidade à
trabalho, e ele me convidou para jantar...
— O QUE?!?! — Freei bruscamente e os carros atrás de mim buzinaram
em desaprovação, levei o veículo para o acostamento e parei — Isso, é uma
piada, certo? Você vai jantar com outro homem?
— Não vejo problema, o Michael é um amigo de infância do meu irmão,
não é como se tivéssemos tido alguma coisa no passado — falou arqueando
uma sobrancelha para mim.
— Eu nunca escondi de você que já me envolvi com outras mulheres.
— E eu só estou dizendo que irei jantar com um amigo, agora você pode
voltar para a estrada? Tenho uma reunião e não posso chegar atrasada —
respondeu e mesmo ainda furioso, voltei a dirigir nos levando à empresa.
O resto da tarde foi uma merda, eu não conseguia me concentrar em nada,
só no fato de que ela iria jantar com um amigo, amigo este que não conhecia
e não fazia ideia do que queria com ela. Resolvi agir, eu não ia conseguir
ficar parado em casa, sabendo que ela estaria jantando com outro homem,
ainda mais magoada comigo, o ciúme me percorrendo fazendo eu imaginar
diversos cenários, não, eu não permitiria que mais alguém perturbasse nosso
relacionamento.
Liguei para minha irmã, pedindo que ela buscasse Rosie na escola e a
levasse para a casa dos meus pais, eu explicaria tudo depois. Com um plano
traçado na minha cabeça, aguardei Melissa sair de empresa, imaginei que ela
fosse direto para o restaurante, já que teve reuniões o dia inteiro, não me
orgulharia do que faria, não era um perseguidor, mas momentos complicados
exigem medidas desesperadas.
Quando a vi entrando no elevador pela câmera de segurança, levantei
apressado pegando meu terno e tomando o outro elevador para a garagem,
chegamos praticamente juntos. Porra! Ela estava gostosa pra caramba naquele
vestido vermelho, meia calça e sapatos pretos, senti meu pau endurecer à
visão dela naqueles trajes, e meu ciúme assumiu o controle, por que ela se
vestiria daquela forma apenas para encontrar um amigo? Enquanto meu lado
racional dizia que não era nada demais, que ela sempre se vestia daquela
forma, meu lado irracional queria agarrá-la e fodê-la dentro do carro, apenas
para impedi-la de se encontrar com o tal sujeito.
Vi Melissa entrado no carro de Samantha e suspirei, será que a amiga
estava incentivando isso? Afinal, Sam nunca foi minha maior fã. Entrei no
meu carro e comecei a segui-la pelas ruas, até que ela parou em um
restaurante, assim que vi qual era, meu rosto fechou mais ainda, por que um
amigo faria reservas em um dos restaurantes mais românticos da cidade?
Esperei ela entrar e entreguei minha chave ao manobrista, adentrando logo
em seguida o estabelecimento.
Trinquei minha mandíbula assim que os vi, Melissa se aproximou da mesa
onde o filho da mãe estava e o abraçou, reconheci imediatamente o sujeito,
Michael Davies, tinha acabado de herdar a empresa de construção do pai, eu
por muitas vezes tentei comprá-la, mas o velho era enfático dizendo que o
filho assumiria em breve. Respirando mais aliviado por pelo menos saber
quem era o sujeito, resolvi colocar meu plano em prática, ignorando a
recepcionista que me perguntava se tinha reservas, me dirigi à mesa que
estavam, que era à beira do lago, o que me fez ter mais certeza de que pelo
menos por parte dele, isso não era apenas um jantar amigável.
— Desculpe o atraso, meu amor, fiquei preso em uma reunião — disse me
anunciando quando cheguei próximo à mesa deles, imediatamente os dois
ficaram de pé, o homem me olhando surpreso e Melissa me encarando com a
testa franzida que foi logo substituída por uma expressão furiosa.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou entre dentes.
— Não é óbvio? — respondi dando de ombros, usando meu tom mais
amigável — Jantando com minha namorada e seu amigo — Sorrindo envolvi
a cintura dela com um braço e estendi minha outra mão para o sujeito —
Benjamin Bowman, namorado da Melissa, é um prazer conhecê-lo.
Capítulo 32
Benjamin Bowman

Sentia que Melissa me encarava incrédula enquanto eu estendia a mão para


Michael e envolvia sua cintura, se olhar pudesse matar certamente estaria
morto uma hora dessas
— Benjamin Bowman? — o homem falou ainda um pouco atordoado com
a minha entrada repentina, mas estendendo a mão para me cumprimentar —
Da Bowman Construction Company?
— O próprio, e você, acredito que seja Michael Davies? Da Davies
Enterprises Construction? — falei seguro e dei um aperto firme, se ele sentiu,
não esboço nenhuma reação, ao meu lado Melissa voltou seu olhar para mim,
levantando uma sobrancelha em curiosidade.
— Não sabia que já tinha ouvido falar de mim — Como se eu fizesse
alguma questão em conhecê-lo.
— É claro, tentei comprar sua empresa há alguns anos, mas seu pai foi
enfático em não querer vender — Estava nos meus planos expandir a
Bowman para outros países, iria começar pela Inglaterra, e seria mais fácil
comprar uma empresa bem estabelecida, mas o velho Davies não quis nem
conversa comigo.
— Imagino que sim, mas bom, é um prazer conhecê-lo — Michael falou
endireitando a postura e revirei os olhos — Mas não sabia que estava
namorando, Lisse, sua mãe não mencionou que estava em um relacionamento
— Lisse? Que porra de apelido é esse? Fechei mais a cara e enrijecei, olhei
para Melissa que franziu o cenho.
— Minha mãe? Quando falou com ela? Pensei que não eram próximos —
falou e Michael se mexeu desconfortável.
— Ah! E não somos, mas ela estava tomando chá em minha casa com
minha mãe, e acabamos nos encontrando, e bem nem seu irmão mencionou
alguma coisa...
— Então, você aproveitou que estaria na cidade para tentar algo com ela?
— O interrompi apertando mais o braço em volta da cintura da minha
namorada — Sinto muito em estragar seus planos, mas ela já está
comprometida.
— Benjamin! — Melissa exclamou, me fuzilando mais uma vez com os
olhos, e logo virando-se para o amigo — Desculpe, Michael.
— Está tudo bem, podemos pedir? — respondeu mudando de assunto —
Reservei uma mesa para dois, mas não acho que o restaurante terá algum
problema em nos arrumar outro lugar.
— Com certeza não — falei, já chamando o garçom para nos direcionar à
outra mesa, Melissa sutilmente se afastou do meu abraço, sentia que ela
estava furiosa comigo, mas o que ela queria que eu fizesse? Esse homem
claramente queria algo com ela — Então, Michael, o que o traz à cidade? —
perguntei após nos acomodarmos e pedirmos nossos pratos, por baixo da
mesa senti Melissa chutar minha perna, a mulher tinha força nos pés, porque
tenho que admitir que doeu.
— Na verdade, eu tinha interesse em agendar uma reunião com você, sabe
fazer negócios — Olhei fixamente em seus olhos, e o senti engoli em seco —
E é claro ver a Lisse — Minha mão se fechou na toalha da mesa, enquanto o
idiota olhava descaradamente para minha namorada — Fiquei sabendo que
estava querendo voltar para casa, ficar perto da família, agora que a Catherine
estar para ter o bebê, então também vim te fazer uma proposta para trabalhar
comigo.
— COMO É QUE É? — perguntei alto e várias cabeças se voltaram para
nossa mesa — Isso é sério?
— Se a Lisse quiser, é claro — respondeu me encarando de volta.
— Isso é... — Melissa começou a falar, olhei para ela e pude sentir que
estava desconfortável — Quem te falou que queria voltar para Londres?
— Isso não é importante... — Michael respondeu, mas o garçom o
interrompeu chegando com nossos pedidos.
— É claro que é importante — Melissa falou, após o garçom se retirar e
tomar um gole de seu vinho — Porque não é verdade.
— Não? — perguntou, parecendo surpreso.
— Não, foi minha mãe não foi? Porque acho improvável que tenha sido
meu irmão — Melissa continuou e notei que ela arregalou os olhos — Por
que você realmente está na cidade, Michael?
— Eu já disse, fazer negócios...
— Certo, por que queria esse jantar comigo? — Ela estava impaciente
podia sentir, eu já tinha formulado algumas hipóteses em minha cabeça, e não
estava gostando de nenhuma delas.
— Certo, tudo bem — Ele falou e depois tomou um gole da sua bebida —
Sua mãe comentou comigo sua vontade de voltar para casa e como queria
continuar exercendo sua profissão, ela achou que seria interessante eu te fazer
a proposta, e claro, como sempre me senti atraído por você não foi nenhum
sacrifício, esperava que com o tempo pudéssemos sair e quem sabe...
— VOCÊ SÓ PODE ESTAR DE BRINCADEIRA — falei alto mais uma
vez me levantando.
— Benjamin! Se acalma — Melissa se levantou e me empurrou para me
sentar na cadeira de volta, o que fiz a contragosto — E quanto a você,
Michael, não acredito nisso, eu nunca pensei em você dessa forma, nós
crescemos juntos, sempre me viu como uma irmã e eu a você, mas não
consigo acreditar que se juntou com minha mãe para tentar me fazer voltar
para casa.
— Lisse, eu não sabia, pensei que estava fazendo bem a você — falou
tentando pegar a mão dela em cima da mesa, mas Mel se afastou — Olha, me
desculpe, sinto muito que tenha interpretado isso errado, eu só queria ter um
bom tempo com você.
— Espero que tenha aproveitado, porque para mim já deu — Levantou-se
da mesa, me apressei em ir junto, tirando da carteira algumas notas e
deixando em cima da mesa.
— Lisse, espera — O homem tentou fazê-la voltar, mas antes de segui-la
me virei para ele.
— É melhor ficar longe dela, e quanto aos possíveis negócios que queira
fazer com a minha empresa, pode esquecer — falei e corri atrás da minha
namorada — Mel, espera! Está tudo bem? — Me aproximei dela que estava
parada na porta do restaurante.
— Não, não está tudo bem, primeiro eu descubro que meu namorado
mentiu para mim e agora, que um dos meus amigos de infância se juntou em
um plano de minha mãe para me fazer voltar para casa, eu sabia que o
silêncio dela significava alguma coisa, isso foi tão mesquinho da parte dela.
— E sei, meu amor, que bom que descobriu tudo — Tentei abraçá-la, mas
ela me afastou.
— E você! Não acredito que me seguiu até aqui, o que estava pensando?
— Fiquei com ciúmes de você saindo com outro homem.
— Você é inacreditável — falou e dei dois passos para trás, ela estava
realmente furiosa — E onde está a confiança? Me pede para acreditar em
você sobre a Nicole, mas eu não posso jantar com um amigo.
— Eu confio em você, não confio nele, além disso eu tinha razão, ele
queria algo com você, imagina se eu não tivesse aparecido.
— Eu sei me virar sozinha, Benjamin, não precisava daquele escândalo
todo. E eu lembro de ter pedido um tempo.
— Eu sei, mas você estava tão chateada comigo que eu pensei que, sabe,
saindo com outro homem, você pudesse, não sei, desistir de mim, de nós.
— Foi isso mesmo que pensou? Que eu fosse me jogar em cima do
primeiro homem que aparecesse? Fracamente Benjamin, é isso que pensa de
mim?
— Não! É claro que não, eu só... — falei passando a mão no cabelo — Me
desculpe, não quero que pense que não confio em você ou que não tenha
respeito pela mulher incrível que é, eu só queria que pudéssemos resolver as
coisas.
— Invadir restaurantes não ajuda em nada.
— Eu sei.
— Escute, eu ainda te amo, isso não mudou, mas eu preciso realmente
pensar se consigo lidar com o fato de você ter feito o que fez, não consigo
tirar a imagem de você se encontrando com ela no apartamento e o fato dela
saber que estava viajando.
— Eu já disse que não a vi.
— Eu sei, mas é difícil.
— Estou trabalhando nisso, vou te provar que não tenho nada com a
Nicole — disse e me controlei para não a puxar em meus braços e beijá-la.
Ela assentiu e me contentei e vê-la entrando no carro de Samantha e se
afastar.

Melissa Delacroix

Ainda podia sentir meu coração bater acelerado, não sabia com quem
estava mais furiosa, com Benjamin por ter feito aquela cena no restaurante,
com minha mãe por ter armado tudo isso, ou com Michael por ter dado
ouvidos a ela. Só sei que era muita coisa para processar em um dia, enquanto
dirigia pela cidade, refletia sobre a conversa com Benjamin, ele parecia tão
sincero me dizendo que não teve mais nada com a Nicole desde que
começamos a sair, antes mesmo de assumirmos o que sentíamos, além disso
tinha que admitir que vê-lo possesso de ciúmes tinha feito meu coração errar
algumas batidas, e estar tão próxima a ele e não poder tocá-lo era
extremamente doloroso, mas eu precisava pensar, depois de ouvi-lo, se eu
conseguiria lidar com isso, com o fato dele ter mentido ou omitido que
Nicole morava em uma de suas propriedades.
Após nossa conversa, liguei para Samantha e contei tudo, ela concordou
com o tempo que pedi, mas achava que Benjamin não tinha me traído, e que
ele pediu ao irmão e Robert para ajudá-lo nisso. Não sabia o que fazer, ao
mesmo tempo que não conseguia apagar as imagens dele com aquela mulher,
não conseguia me ver longe, a dor era muito forte, mas eu precisava que ele
entendesse que se quiséssemos algum futuro juntos, não podíamos esconder
coisas um dos outro.
Entrei no elevador, ao mesmo tempo que duas mensagens chegaram no
meu celular, peguei o aparelho e olhei o conteúdo pela barra de notificação.

Benjamin: Você chegou bem?


Michael: Lisse, me desculpe, eu realmente não sabia, me deixa
compensá-la por esse mal entendido.

Pensei em ignorar, tudo que eu não queria nesse momento era lidar com
esses dois, resolvi responder Michael, eu realmente não tinha muitos motivos
para ficar com raiva dele, afinal, ele agiu pensando estar fazendo o melhor
para mim, respirei fundo e escrevi uma mensagem de volta.

Melissa: Tudo bem, minha mãe pode ser bem convincente, eu vou lidar
com ela mais tarde, lamento que o jantar tenha sido um fiasco, e não
precisa me compensar por nada.

Benjamin era outra história, mas o conhecia bem o suficiente para saber
que se não o respondesse ele daria um jeito de saber como eu estava.

Melissa: Sim, ainda estou brava com você, vai ter que fazer muito mais
do que me mandar mensagem.
Benjamin: Eu sei, estou trabalhando nisso, durma bem, sonhe comigo.
Eu amo você, Melissa.

Sorri institivamente, não consegui evitar, não querendo lidar com nenhum
dos dois mais, desliguei meu telefone. Quando abri a porta de casa, Gabriella
estava sentada no sofá, enrolada em uma manta, bastou um olhar para mim e
ela soube que eu estava mal, me chamou com a mão para o sofá e me
abraçou, me ouvindo sem interromper pela próxima meia hora.
— Eu sei do que precisamos — falou quando terminei de falar, olhei para
ela arqueando uma sobrancelha enquanto minha amiga ia até a cozinha —
Vodca.
— Você está de folga amanhã, mas eu trabalho.
— Relaxa, só uma ou duas doses, não vamos ficar bêbadas.
— Você disse a mesma coisa da última vez.
— Detalhes, agora fica quietinha e me deixa preparar nossos drinks — Dei
de ombros e me aconcheguei melhor no sofá, involuntariamente pensei sobre
a mensagem de Benjamin, o que será que ele está aprontando?

∞∞∞
Não precisei esperar muito para descobrir o que ele quis dizer com a última
mensagem, no dia seguinte, cheguei em minha sala e me deparei com um
lindo buquê de rosas vermelhas, no cartão, uma mensagem escrita à mão.

Rosas vermelhas significam amor profundo, por isso as


escolhi, saiba que a amo, e mesmo que ainda não esteja pronta
para me desculpar vou continuar te amando, estou trabalhando
nas provas, em breve você saberá, meu amor, que é a única em
minha vida.

Com amor,

Benjamin Bowman
Ele era impossível mesmo! Por mais que ainda estivesse magoada com ele,
não encontrei forças para jogar as flores fora, escolhi ignorar, talvez ele
entenda o significado de um tempo, mas conhecendo Benjamin isso era muito
improvável.
Mais uma vez eu estava certa e no dia seguinte, recebi mais um buquê de
flores dessa vez rosas amarelas, a mensagem era semelhante a anterior. No
fim da semana minha sala ostentava quatro arranjos de flores, rosas
vermelhas, amarelas, brancas e as que tinham chegado hoje pela manhã, rosas
azuis, com uma mensagem que apertou meu coração.

Quanto mais eu fico longe de você, mais eu acredito que


estou na busca do impossível, mas sou persistente e as rosas
azuis podem significar a realização de um desejo, consegui o
que precisava, está no envelope em cima de sua mesa. Agora
depende de você, meu amor. Vai me perdoar?

Com amor,

Benjamin Bowman
Meu coração batia acelerado enquanto abria o envelope, tirei o conteúdo
com calma. A primeira coisa que vi foi um ensaio fotográfico da Nicole, mas
o que me chamou a atenção foi a data que coincidia com o dia da gravação de
Benjamin no apartamento dela, e o local, as fotos foram tiradas do outro lado
do país, além disso tinha um e-mail da companhia aérea confirmado o voo
dela para o local.
Respirei fundo, tentando controlar o nervosismo e a mão trêmula. Peguei
mais algumas fotos, percebendo logo que eram de um circuito de gravação,
podia identificar a fachada da Bowman e saindo do prédio estava Boris,
minha mão foi até a boca, quando nas próximas imagens uma mulher o
aborda, eles conversam pelo que parece alguns minutos, e o homem entra no
carro com ela, Nicole, eu a reconheceria em qualquer lugar. Em um papel
anexado na impressão, uma mensagem, Nicole seduziu Boris e ele revelou a
agenda de Benjamin, como chefe de projetos ele tinha acesso à essas
informações. Tem um pendrive no envelope, onde ele confessa que contou
para Nicole que o Ben estaria em Washington. Retirei o objeto e pluguei no
computador vendo e ouvindo a conversa de Benjamin e Boris. Desabei na
cadeira, e respirei fundo mais uma vez, ali estava tudo o que pedi para ele,
todas as provas de que ele não havia me traído com Nicole, de que falava a
verdade.
Capítulo 33
Benjamin Bowman

Passei a manhã inteira em minha sala, inquieto, pensei que Melissa viria
imediatamente após olhar as provas, mas não foi isso que aconteceu. Estava
me sentindo impotente diante de seu silêncio, a única outra vez que me senti
assim foi no nascimento de Rosalyn, quando não fazia ideia se minha
pequena ia sobreviver, e agora aqui estava eu, frustrado, nervoso e sem a
menor ideia do que fazer. Quando meu irmão e Robert finalmente juntaram
as peças desse quebra cabeça ontem à noite, minha vontade era de ir
imediatamente atrás da Nicole, como ela pôde ser tão baixa? Mas o que era
dela estava guardado, e se não deixasse minha família em paz eu destruiria
sua carreira em um piscar de olhos, tinha dinheiro, poder e influência
suficiente para fazer isso acontecer.
Ela disse que precisava de tempo, mas eu não era paciente, tentei deixá-la
sozinha essa semana, e tirando as rosas que mandei e nossos almoços com
minha filha, não falei com ela esses dias. Rosie, esperta como era, percebeu
logo que alguma coisa estava acontecendo, me enchendo de perguntas para as
quais ainda não tinha a resposta. Mas eu precisava delas, nunca tinha me
sentido tão possessivo e com tantos ciúmes ao pensar na possibilidade dela
com outro, e apesar da merda que o tal amigo fez, sabia que Melissa o
perdoaria rapidamente, afinal a culpa era toda da mãe dela, mas esse era meu
lado racional, o irracional, aquele que não aguentava mais a distância imposta
por ela, queria ir atrás do homem que ousou convidar minha namorada para
jantar.
Sei que fui um idiota indo atrás dela, meu irmão, Robert e Samantha me
deram um sermão enorme sobre como atitudes assim seriam piores, e que se
eu queria que ela confiasse em mim precisava confiar nela também, e foi por
isso, que resolvi me afastar essa semana, deixá-la ter o momento dela, e como
não queria que se esquecesse de mim, enviei as rosas, não era o tipo
romântico, mas momentos complicados requerem medidas desesperadas.
Suspirei, meu motorista já tinha buscado minha filha na escola, como
Melissa e eu estávamos em reunião, pedi que ele fosse, não a vi, já que
quando chegou foi direto para a sala da minha namorada, bom, estava na hora
chamá-las para o almoço. Saindo da minha sala, fui andando lentamente até o
escritório de Melissa, queria deixá-las no momento só delas, pelo maior
tempo possível, por isso quando cheguei, fiquei alguns minutos admirando-
as.
— Você está brava com o meu papai, Melissa? — minha filha perguntou e
vi Mel levantar os olhos assustada de onde digitava no seu Macbook. Eu só
fiquei parado, torcendo para elas ainda não me verem.
— Por que está perguntando, princesa?
— É que vocês sempre se beijam e não vi vocês se beijando — Boa garota,
pensei sorrindo.
— Bom, nem sempre namorados se beijam o tempo todo — respondeu
ficando vermelha.
— Vocês se beijam — Rosie disse dando de ombros — Promete que
quando o papai chegar vai dar um beijo nele? — Eu amo minha filha, ela nos
metia em situações constrangedoras? Com certeza, mas em momentos como
esse, agradecia a sua intromissão.
— Hum... Ah! — Melissa gaguejou e olhou para cima, foi quando me viu,
seu rosto ficou mais vermelho ainda — Seu pai chegou, acho que podemos ir
almoçar.
— Papai! — Rosie gritou e correu para meus braços, peguei a pequena no
colo e a abracei forte — Perguntei para a Melissa se ela estava brava com
você, porque não estavam se beijando mais, vocês brigaram? Não quero que
briguem — E lá estava aquele sentimento de novo, de perda, só de pensar em
Melissa nos deixando.
— Não estamos brigados, meu amor — Mel se aproximou e olhou Rosalyn
nos olhos — Às vezes os adultos se desentendem, e precisam pensar um
pouco, para não brigarem, entendeu? — falou e minha filha assentiu, não sei
se gostei muito da sua resposta, mas pelo menos Rosie estava sorrindo.
— Então você vai beijar o papai?
— Hum... O que você acha, Ben, vai me dar um beijo? — perguntou
olhando para mim e sorrindo, espera, ela me chamou de Ben e me pediu um
beijo? Sorrindo como um idiota, me abaixei e selei nossos lábios, foi algo
rápido, afinal minha filha ainda estava em meu colo, e quando nos afastamos
ela bateu palmas feliz — Precisamos conversar, pode ser hoje à noite, no seu
apartamento? — sussurrou em meu ouvido depois de nos separarmos.
— Sim, vou pedir minha mãe para ficar com a Rosie...
— Não precisa, não vamos mudar a rotina dela mais do que fizemos essa
semana — Assenti, não sabia dizer se ela queria minha filha lá, pois a
conversa seria rápida ou porque queria aproveitar o final de semana conosco,
torcia para ser a segunda opção.

∞∞∞
— Eu amo essa cor — Rosie falou olhando suas unhas, enquanto Melissa
as pintava. Estávamos na minha cobertura, e enquanto eu arrumava o balcão
da cozinha para comermos as pizzas que pedimos, as duas estavam na sala,
minha filha na mesa de centro e Melissa no sofá, esse era mais um daqueles
momentos que pertenciam somente a elas.
— Quer colocar um pouco de brilho também?
— Sim! Glitter — Minha filha respondeu e Mel riu assentindo.
— O jantar está pronto — interrompi depois de um tempo, chamando a
atenção das duas, minha filha, apaixonada por pizza veio correndo, e eu ri de
sua animação, cortando um pedaço para ela.

∞∞∞
— Depois de ler a história pela terceira vez, acho que era eu quem estava
quase dormindo — Melissa voltou para a sala depois de colocar Rosie na
cama. Não tinha jeito, toda vez que Mel estava aqui, minha filha queria que
ela a colocasse para dormir.
— Agora sabe o que eu passo todas as noites — respondi dando de
ombros, estava tentando criar um clima leve, mas a tensão pela conversa que
teríamos aumentava a todo instante.
— Dramático — disse e se sentou na mesa de centro ficando de frente para
mim — Podemos conversar?
— Claro — respondi esfregando as mãos.
— Antes de mais nada — Ela começou me encarando, suas íris prateadas
me hipnotizando, ela estava séria, então não sabia o que esperar — Eu
preciso saber, você me contou tudo sobre sua relação com a Nicole?
— Sim, definitivamente.
— Então, não vou acabar descobrindo que ela tem um carro no seu nome,
ou algo do tipo?
— Não, é claro que não, talvez algumas joias, mas fora isso, não —
respondi passando as mãos no cabelo — Eu te disse por que a deixei
morando no apartamento, mas já pedi para o Robert emitir uma ordem de
despejo, ela tem dinheiro o suficiente agora para arrumar um lugar descente.
— Não sou uma pessoa ruim, não precisa jogá-la na rua assim, dê um
prazo final e pronto — Melissa respondeu colocando o cabelo para trás —
Mas Ben, chega de segredos, se quisermos que essa relação funcione, não
podermos guardar coisas assim.
— Isso quer dizer... — A interrompi, com uma pontada de esperança.
— Eu ainda não terminei — me cortou e eu engoli em seco — Além disso
preciso te pedir desculpas também, eu não sabia que o Michael nutria
sentimentos por mim, ele nunca falou nada todos esses anos, pensei que
estaria jantando com um amigo de infância, quase um irmão, se eu soubesse
jamais me encontraria com ele sozinha, se a situação fosse invertida eu teria
ficado furiosa com você, você não deveria ter feito toda aquela cena no
restaurante, mas eu entendo, além disso, ele me pediu desculpas e não queria
que deixasse de fechar negócio com ele por minha causa, sei que pode ser
benéfico para a Bowman.
— Meu amor, eu não tenho nada para te perdoar, eu fui um idiota, e apesar
de continuar não gostado desse homem, vou marcar a reunião.
— Obrigada!
— Então, isso quer dizer que me perdoou?
— Sem mais segredos?
— Sem mais segredos — respondi e ela sorriu pulando em meu colo e
colando nossos lábios — Como eu senti falta disso. Não vou deixar você se
afastar de mim novamente, Srta. Delacroix.
— Tão pouco eu deixarei que isso aconteça, Sr. Bowman — Eu ri.
— Sabe o que eu queria agora? — falei, mordendo o lóbulo de sua orelha.
— O que?
— Te foder em cima da mesa do meu escritório, no chuveiro, e depois
fazer amor com você até o amanhecer.
— E está esperando o que? — respondeu arranhando minhas costas e me
levantei com ela em meu colo, nos levando até meu escritório.
Entramos no local e tranquei a porta por precaução, coloquei Melissa na
minha mesa e comecei a despi-la.
— Já disse que amo quando usa meia calça? — comentei retirando os
sapatos dela.
— Uma dezena de vezes — Sorriu começando a abrir os botões da minha
camisa.
— Que bom, você fica muito sexy com elas, mas sem elas fica mais
gostosa ainda — Tirei suas meias e logo sua saia também estava no chão, me
afastei e retirei minha camisa, Melissa aproveitou para se livrar da sua blusa,
ficando maravilhosamente exposta para mim, apenas de sutiã e calcinha —
Esse conjunto é novo?
— Sim, e eu adoro essa calcinha, nem pense em rasgá-la — respondeu
apressada e eu ri — Acho que seu escritório já tem calcinhas rasgadas o
suficiente.
— Como desejar — Sussurrei no seu ouvido e mordi o lóbulo de sua
orelha, já deslizando minhas mãos por sua perna, como esperava, fui
recompensado por um gemido baixo.
Subi minhas mãos e retirei sua calcinha, deslizei meus dedos por seu
clitóris, enquanto com a outra mão abaixava seu sutiã, deixando seus
mamilos rosados expostos, sem aguentar mais, desci minha boca até eles e
comecei a distribuir beijos, ora lambendo, ora dando pequenas mordidas,
enquanto trabalhava com meus dedos em sua boceta.
Deitei ela na mesa, sem me importar com as coisas que caíram no chão,
meu pau pressionava a costura da minha calça, eu precisava entrar em
Melissa logo, e pelo seu estado, sabia que também não aguentava mais.
— Eu vou... — ela disse colocando a mão na boca, impedindo um gemido
mais alto de escapar, quando penetrei dois dedos nela.
— Ainda não, gozaremos juntos — falei, dando atenção a seus mamilos
intumescidos. Quando percebi que ela estava a ponto de gozar, me afastei
abrindo minha calça e abaixando junto com a cueca, o suficiente para libertar
meu pau completamente duro, esfreguei um pouco meu comprimento, antes
de guiá-lo para sua entrada quente e molhada — Pronta? — Ela assentiu.
Entrei fundo de uma vez só, gemendo quando me vi completamente
enterrado nela, nessa posição podia ver claramente nossos corpos unidos,
meu pau entrando e saindo de sua boceta, segurei sua cintura com uma mão e
com a outra brinquei com seu clitóris enquanto a fodia. Melissa levou suas
mãos à ponta da mesa agarrando com força, enquanto chegava ao clímax.
Continuei estocado enquanto ela gemia de prazer, faria ela gozar
novamente, me inclinei sobre seu corpo, abocanhando um seio, Melissa
envolveu meu quadril com suas pernas, me segurando no lugar, suas mãos
arranhando minhas costas, enquanto a estimulava em todos os lugares, sentia
que eu estava atingindo o clímax e desacelerei um pouco, precisava que
Melissa gozasse junto comigo. Depois de algum tempo quando a senti
amolecer e tremer embaixo de mim, acelerei novamente e me esvaziei dentro
dela, enquanto sussurrava seu nome. Quando nossas respirações se
acalmaram um pouco, beijei seus lábios e sai de cima dela.
— Eu senti falta disso. Senti falta de nós essa semana, de nossos beijos,
nossas conversas.
— Eu também, meu amor, só queria te dar o tempo que precisava, mas
acredite, me afastar de você, foi a coisa mais difícil que já fiz em muito
tempo.
— Quanto mais distantes estávamos, mais eu imaginava minha vida sem
você, sem a Rosie, eu só... — parou de falar e me encarou profundamente —
Não consigo Ben, não me vejo mais longe de vocês.
— Nem nós de você, Melissa, tenho medo de estarmos indo muito rápido,
de estar pressionando você com as responsabilidades com a Rosie, mas nada
faz mais sentido do que nós três juntos, quero você aqui o tempo todo, dormir
e acordar ao seu lado, ter você no café da manhã com a gente, quero você
Melissa.
— Você está...
— Não! — respondi apressado e a senti murchar um pouco na minha
frente — Quer dizer, não assim, quero fazer isso direito, mas preciso que
saiba que meus sentimentos são reais, sei que fui um idiota no começo, mas
isso não é temporário para mim Melissa, não vai ser hoje, você merece algo
melhor do que um pedido assim, mas vou te pedir em casamento em breve,
meu amor.
— E quando pedir, eu direi sim — falou e eu sorri, logo buscando sua boca
para um beijo repleto de promessas, minha mente já fazendo planos para o
futuro.
Capítulo 34
Melissa Delacroix

Tímidos raios de som entravam pelas frestas da cortina que cobria a


imensa janela do chão ao teto do quarto de Benjamin, mas não havia sido isso
que me acordara, não, o que me despertou foi sentir o cheirinho dela, sua
presença, abri os olhos e me deparei com Rosie ajoelhada no chão, perto de
onde eu dormia, com as mãos apoiadas na cama, a cabeça inclinada para um
lado, me olhando admirada.
— Bom dia, princesa — falei com a voz ainda rouca pelo sono.
— Bom dia, Melissa — respondeu meu cumprimento sorrindo — Você
dormiu com meu papai de novo? — Senti meu rosto esquentar com a
pergunta, mas assenti concordando.
— Só durmo bem quando estou pertinho de vocês, mas ainda está cedo,
por que não deita aqui um pouquinho? — Levantei um pouco as cobertas e
cheguei para trás, dando espaço para ela, ainda bem que Benjamin e eu nos
lembramos de nos vestir antes de dormimos. Com os olhos brilhando e
sorrindo, ela assentiu e subiu na cama, virei de lado a abraçando e sentindo
seu perfume de morangos, ao mesmo tempo que um braço forte nos envolvia,
Benjamin colocou o corpo ao meu, nos puxando para ele.
— Eu te amo — sussurrou em meu ouvido e eu respirei fundo, me sentindo
em paz depois da semana conturbada que tivemos, tendo meus amores tão
perto assim de mim, apertei mais minha pequena junto ao meu peito e me
entreguei ao sono mais uma vez.
Quando acordei novamente, o sol já estava brilhando, levantei-me
deixando os dois esparramados na cama e depois de cuidar da minha higiene
fui para a cozinha fazer nosso café da manhã, nem bem cheguei ao espaço,
meu celular começou a tocar dentro da bolsa. Quem me ligaria a essa hora da
manhã em pleno sábado? Peguei o aparelho e me deparei com o nome de
minha mãe na tela, merda! É claro que a essa altura ela saberia que estava em
um relacionamento, já esperava algo do tipo, mas quando os dias foram
passando e nada dela entrar em contato, pensei que Michael não tivesse
revelado nada, mas sabia que mais cedo ou mais tarde ela descobriria, ela
sabia ser bem insistente quando queria, e vendo a quantidade de chamadas
perdidas e mensagens de texto, podia dizer que ela não estava nada feliz com
isso. Não queria ter que lidar com ela tão cedo, ainda mais em um fim de
semana, mas a conhecia bem o suficiente para saber que não pararia até eu
atender.
— Bom dia, mãe, ainda está muito cedo por aqui, esqueceu que Londres
está cinco horas à frente de Nova Iorque? Pensei que não era educado ligar
para alguém antes das dez da manhã.
— Não venha falar comigo sobre regras de etiqueta, mocinha, eu sei muito
bem como elas funcionam, mas visto que você acha irrelevante contar a sua
própria mãe sobre seu atual status de relacionamento, não pensei que fosse se
importar com essa regra — Respirei fundo, essa conversa não ia acabar bem.
— É sério que vai me criticar por não ter lhe contado algo, quando a
senhora mandou o Michael me conquistar para voltar para casa? Não
esperava que fosse tão baixa a este ponto.
— Eu queria o seu melhor! Além disso o Michael é um legítimo britânico,
vem de uma família tradicional e respeitada, deveria ficar feliz por eu ter
encontrado um homem que aceitasse seu desejo de trabalhar.
— Eu não preciso da sua ajuda — falei furiosa, não era possível que ela
não entendesse isso.
— É claro que precisa, eu só lamento não ter pensando nisso antes, agora,
imagina minha surpresa quando descobri sobre o seu namorado, francamente
Melissa, ele já foi casado, tem uma filha, você quer mesmo isso para sua
vida? Criar uma criança que não é sua? — Se eu já estava furiosa antes, ouvi-
la falando de Rosalyn ser um problema, foi a gota d’agua.
— Chega! — falei alto ao telefone, logo me arrependendo, não queria
acordar Benjamin e Rosie aos gritos — A senhora nem os conhece e já os
julga? Eu os amo e eles me amam, e isso deveria bastar.
— Amor é muito superestimado, vem com o tempo, olha para mim e seu
pai, eu não o amava, nem ele a mim quando nos casamos, foi um acordo
entre nossos pais, mas veja o quanto somos felizes hoje, o casal exemplo da
sociedade e construímos uma família linda.
— Eu não sou você, jamais me submeteria a isso, e nem papai permitiria
algo assim.
— Infelizmente seu pai amoleceu com o passar dos anos — Suspirou —
Não acredito que ele não me contou imediatamente sobre seu relacionamento,
eu poderia ter feito algo, pelo menos o homem é rico, além do mais, acredito
que isso seja passageiro, algo para me afrontar, a filha dos Smith fez isso ano
passado, e foi só para chamar a atenção, não espero que realmente se case
com ele, você não faria isso com a sua mãe.
— A senhora ainda não entendeu, não é? Eu amo o Benjamin, isso não é
uma relação passageira, se o papai não te contou antes foi porque eu pedi,
estava tentando evitar essa conversa, mas vejo que é inútil, a senhora
continua sem entender, eu não estou com meu namorado pelo dinheiro dele, e
sim, eu tenho certeza do que estou fazendo, e se quiser fazer parte da minha
vida, é melhor começar a aceitar meu relacionamento logo, e a Rosalyn faz
parte do pacote, ela é apenas uma criança, que eu amo como se fosse minha
própria filha — disse controlando meu tom de voz, podia senti as lágrimas
nos meus olhos, eu estava furiosa, por que ela não podia aceitar que eu estava
feliz?
Lutando para impedir um soluço de sair, senti braços fortes envolverem
minha cintura, me puxando para um largo e forte peito, relaxei na mesma
hora com seu perfume invadindo minhas narinas.
— Você só pode ter enlouquecido! Escolher estranhos ao invés da sua
própria mãe? Só me falta querer que eu trate essa menina como se fosse
minha neta, isso seria um absurdo — Antes que eu pudesse retrucar ou
desligar o celular, Benjamin puxou o celular das minhas mãos e o colocou na
orelha.
— Bom dia, Sra. Delacroix, Benjamin Bowman, lamento que nossa
apresentação seja dessa forma, mas receio que não temos outra opção, sua
filha está muito abalada para continuar essa conversa, espero que possamos
esclarecer tudo, uma vez que iremos a Londres para as devidas apresentações,
só quero que saiba que amo sua filha, e que ela é uma mulher incrível, espero
que esteja orgulhosa dela, assim como eu. Irei encerrar a ligação, pois como
sabe aqui é muito cedo e não tomamos o café da manhã ainda, tenha um bom
resto de dia — E sem esperar uma resposta ele encerrou a ligação e me puxou
para seus braços novamente — Eu sinto muito.
— Eu vou superar, se você soubesse as coisas horríveis que ela disse a seu
respeito e sobre a Rosie — falei e ele me abraçou mais forte — Eu nem sei se
quero ir mais.
— Não vamos dar este gostinho a ela, iremos e esfregaremos na cara dela
nossa felicidade.
— Eu só queria que ela entendesse, além disso não é justo com vocês dois,
sua família me recebeu tão bem.
— Eu gostei do seu pai, apesar de todas aquelas ameaças, me colocando no
lugar dele posso entender, eu faria pior se fosse a Rosie, e seu irmão parece
ter herdado os genes bons também, então não vai ser ela quem vai me afastar
de você — Sorri e o beijei.
— Ela vai te odiar ainda mais. Desligar o telefone na cara dela? Isso é uma
afronta terrível para dona Victoria.
— O nome da sua mãe é Victoria?
— Sim, é um dos maiores orgulhos dela, ter o nome da ex-rainha, e se não
fosse por meu pai ter insistido que tivesse o nome da mãe dele, eu
provavelmente me chamaria Elizabeth.
— Ela realmente é fissurada na família real.
— Sim, tanto que fez questão que meu irmão estudasse nas mesmas
instituições que os príncipes e que eu tivesse uma educação digna de uma
princesa — respondi e suspirei mais uma vez — Mas isso não importa mais,
eu estou aqui, e não mudaria quem eu me tornei por nada. Agora, o que acha
de me ajudar a fazer o café da manhã?
— Só se quiser que coloque fogo na cozinha — respondeu e eu ri, quase
esquecendo a conversa com minha mãe.

∞∞∞
— Eu ouvi o que você falou com sua mãe ao telefone mais cedo —
Benjamin falou enquanto nos sentávamos em um banco, observando Rosie se
divertindo nos brinquedos. Após o café da manhã, resolvemos fazer uma
caminhada pelo parque perto do prédio dele.
— Eu sei que ouviu, até pegou o telefone de mim.
— Eu quis dizer a parte que falou que ama a Rosalyn como sua filha —
Congelei, incapaz de olhar para ele, senti minha boca seca e mordi o lábio.
— E-eu não quis... E-eu só... — As palavras não saiam da minha boca,
enquanto Benjamin permanecia quieto, não conseguia interpretar seu silêncio,
entender se ele estava bravo — Desculpe, eu sei que não deveria falar isso,
que pode ser cedo, mas é como me sinto, não consigo explicar, nem sei de
onde saiu isso, mas um dia estava pensando nela e institivamente me referi a
ela como minha princesa — Tomei coragem e levantei a cabeça olhando
naqueles olhos azuis que me fitavam de forma tão intensa que me vi presa ali
— Eu a amo, Ben, eu sei que não a gerei, nem sou sua mãe de verdade, e sei
que esse lugar já está ocupado, mas... — Fui interrompida por seus lábios
cobrindo os meus, o beijo não foi longo, mas o suficiente para notar alguns
pais olhando torto para nós, afinal estávamos em uma área infantil.
— Eu não sei se posso amá-la mais do que já amo. Você quer isso, meu
amor? Ser a mãe dela?
— É claro, quando nos casarmos assumirei esse papel, e prometo dar o
meu melhor para ser a mãe que ela merece.
— Não foi isso que eu disse, eu sei que fará isso, basta olhar para vocês
duas, a forma como cuida dela, toda vez que as vejo juntas meu coração erra
uma batida, mas me refiro legalmente.
— O que? — perguntei confusa, não estava entendendo aonde ele queria
chegar.
— Rosie nunca teve uma mãe, nem fisicamente nem nos documentos, o
nome de Genevive não está na certidão dela, nunca esteve — ele falou e
prendi a respiração, ele estava mesmo sugerindo isso? — Ela merece isso,
uma mãe que a ame incondicionalmente, que seja um exemplo de mulher, e
você é tudo isso, meu amor, eu não poderia encontrar alguém melhor para
esse papel, eu sei que é repetindo, e obviamente precisamos estar casados
primeiro, mas ouvindo você falar com sua mãe sobre amá-la como uma filha,
bom, pareceu a coisa certa, então... — Dessa vez foi eu quem o interrompeu
colando nossos lábios, nem me importei com os olhares que recebíamos,
precisava que ele soubesse o quanto o amava e o quão grata eu estava por tê-
lo em minha vida, quando nos separamos, apenas assenti, sem consegui
pronunciar nenhuma palavra.
Voltei meu olhar para frente admirando a garotinha de tranças loiras no
balanço do parquinho rindo com seus amiguinhos e suspirei, essa menina,
minha princesa, seria oficialmente minha filha.
Capítulo 35
Benjamin Bowman

— Você prometeu que faria isso — Melissa falou se encostando na minha


mesa.
— Prometi mesmo? — perguntei a puxando para mim, ela riu e se
acomodou no meu colo, procurei seus lábios e a beijei, não me importei com
a privacidade, os vidros já estavam embaçados desde que ela entrara, não que
alguém se importasse com isso, afinal não era segredo que estávamos juntos,
e constantemente alguém nos interrompia, o que me deixava furioso, apesar
do meu lado racional sempre me lembrar de que estávamos na empresa.
— Você sabe que sim — respondeu depois que nos separamos, levando
uma de suas mãos à minha boca e tirando a mancha de batom que ficou —
Além disso será muito benéfico para a Bowman — acrescentou e eu suspirei,
tinha razão, mas a ideia de fechar negócio com um homem que desejava
minha namorada não era nem um pouco agradável.
— Tudo bem, você venceu — falei e ela me beijou de novo, logo se
levantando do meu colo — Vou pedir à Anna que ligue para ele vir depois do
almoço.
— E eu vou voltar para minha sala. Vamos almoçar naquele restaurante do
shopping hoje, Rosie está precisando de sapatos, e aproveitamos e
compramos alguns — Olhei para ela que sorriu para mim — Não acredito
que não tinha percebido que estavam ficando apertados.
— Minha mãe e irmã geralmente compram as roupas dela — respondi
dando de ombros, mas preenchido com uma sensação de plenitude, vendo-a
se preocupar com uma coisa tão simples quanto sapatos para minha pequena.
— Vamos mudar isso, garotão, prepare o cartão de crédito — falou
piscando e saiu da minha sala, recostei na minha cadeira novamente,
pensando em como Melissa estava mudando as coisas em minha vida, apesar
de ser presente na vida da minha filha, detalhes como roupas e sapatos
sempre ficavam a cargo de minha mãe ou irmã, acho que iria às compras com
Rosalyn pela primeira vez, e por mais estranho que me parecesse o
pensamento não foi tão ruim.
Além disso uma parte de mim, a maior parte, na verdade, que vinha
pensando nas possibilidades durante o final de semana, ficou extremamente
comovida por mais esse envolvimento de Melissa na vida da minha filha. O
que antes me deixava preocupado e receoso, hoje me trazia a mais plena
certeza de que queria a arquiteta como minha esposa.
Fui tirado desses pensamentos pela entrada do meu irmão em minha sala,
como de costume, ele não era anunciado, eu até tentei fazê-lo entender que
mesmo que eu estivesse sozinho, não podia invadir minha sala, mas ele nunca
ouvia, então tirei a responsabilidade da Anna de tentar impedi-lo.
— Estranhei sua ligação me pedindo para vir à empresa, ainda mais em
plena segunda feira. Os problemas não costumam aparecer no final da
semana? — perguntou já se sentando em uma das cadeiras em frente à minha
mesa.
— O assunto é um pouco urgente — respondi ficando nervoso de repente,
alguma coisa no meu tom fez meu irmão se endireitar e me olhar sério.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não, bom, ainda não, e não é nada grave, então pode relaxar, só queria
conversar com você sobre o anel da mamãe.
— O anel da mamãe? — perguntou hesitante, mas antes que pudesse falar
alguma coisa, a realização do que estava tentando dizer o atingiu e ele
assoviou — Uau, eu pensei que seria rápido, mas isso é impressionante.
— Você acha muito cedo?
— Se qualquer outra pessoa me perguntasse isso eu diria que sim, mas
conhecendo vocês dois e principalmente vendo-os juntos ontem na casa dos
nossos pais, eu diria, vai em frente, eu já falei o quanto acho a Melissa
incrível, e não precisa me olhar com essa cara, a tenho como uma irmã.
— Sei..., mas sobre o anel, eu sei que por direito ele seria meu, já que sou
o mais velho, mas queria saber se está bem com isso, eu dar o anel à Melissa.
— Ela te fisgou mesmo, não é? Não lembro de termos essa conversa
quando pediu Genevive em casamento — Enrijeci apenas com a lembrança
de minha ex-mulher.
— Nunca mencionei o anel, não sei o motivo, não me senti inclinado a dar
a ela, eu apenas fui em uma joalheria e comprei. Mas agora nada parece mais
certo do que ver o anel que está na nossa família há gerações na mão dela,
mas claro, espero que concorde também — falei e vi meu irmão sorrir.
— Não imagino ninguém melhor para usar o anel, eu realmente fico feliz
de te ver assim novamente, já falou com a mamãe? Ela vai surtar.
— Ainda não, preciso ligar para o pai de Melissa também, não para pedir
permissão, afinal ela não é uma propriedade, mas eles são bastantes
tradicionais, e imagino que um pedido de benção, ou algo assim, não vai
fazer mal, considerando que a mãe dela não é minha maior fã.
— Como assim? — perguntou curioso, e contei a ele todo o drama da Mel
com a mãe e a última conversa no sábado.
— Essa mulher é completamente louca.
— Sim, não consigo entender como não percebe a filha maravilhosa que
tem, e isso machuca a Mel, precisava ver como ela ficou sábado.
— Imagino, bom, quem sai perdendo é a mulher — disse se levantando,
mas eu o impedi.
— Tenho mais uma coisa para discutir com você e quero que já comece os
tramites legais para isso.
— Do que se trata?
— As documentações da Rosalyn — O vi me encarar confuso por um
momento, mas logo a confusão virou surpresa e empolgação, assenti para ele
que sorriu mais uma vez.
— Bom, parece que tenho muito o que fazer — comentou indo até meu
armário de bebidas e se servindo de Bourbon.

∞∞∞
— Eu gostei desse — minha filha falou olhando seus pés quando a
vendedora terminou de calçar mais um par de sapatos — Tem rosa? —
perguntou para a mulher, mas antes que respondesse, Melissa, que estava ao
lado da minha filha, balançou a cabeça.
— Já escolhemos três sapatos cor de rosa, precisamos de tons neutros
também para suas outras roupas.
— A gente pinta as outras roupas de rosa — Rosalyn disse como se fosse a
coisa mais simples do mundo.
— As outras cores também são bonitas — continuou minha namorada —
Você não falou que tinha gostado do meu vestido?
— Sim, tudo bem, acho que podemos ficar com esse, mas você tem outro
com brilho? — Ela não desistia, Melissa e eu rimos, e ela assentiu para a
vendedora ir atrás de um sapato com brilho — Isso é tão divertido.
— Está gostando de comprar sapatos, princesa? — Melissa perguntou
retirando os sapatos dela.
— Sim! A gente podia fazer isso todo dia — E me levar a falência,
acrescentei, mas não estava realmente preocupado, ver minha filha tendo
esses momentos com Melissa era mais importante do que os dólares indo
embora — Você também vai comprar sapatos, Mel?
— Hoje não, só você.
— Por que não escolhe, meu amor? — falei dando de ombros — Já
estamos aqui.
— Está mesmo insistindo para uma mulher escolher sapatos em uma loja
como essa? — perguntou erguendo uma sobrancelha — Tenho certeza de que
vai se arrepender disso.
Mais alguns minutos depois, estávamos saindo da loja repletos de sacolas,
minha filha sorrindo de orelha a orelha pelas compras, Melissa piscou para
mim e meu deu um rápido beijo.
— Ora, ora, se não é a família feliz — Nos afastamos ao ouvir aquela voz,
e nos deparamos com Nicole à nossa frente — Não imaginei que fosse o tipo
de mulher que aceitasse traição, Melissa, mas acho que me enganei — Minha
namorada já ia responder, mas a impedi, Nicole era meu problema e eu iria
resolver as coisas de uma vez por todas.
— Não cansa de espalhar veneno, Nicole? Não vê que sua armação não
deu certo? Sabemos de tudo o que fez, e como jogou sujo para tentar me
separar da Melissa, mas isso só serviu para me aproximar mais da mulher que
amo — falei e ela deu um passo para trás, em choque — Poderia muito bem
ter te processado pelo que fez, mas não vou fazer isso, espero que entenda de
uma vez por todas que estou apaixonado pela Melissa, é com ela que vou
viver minha vida.
— Você não pode estar falando sério — disse ríspida com ódio nos olhos.
— Nunca falei tão sério em minha vida, espero que entenda e se afaste ou
não medirei esforços para proteger quem eu amo. Quero que se lembre que
tenho influência suficiente nesse país e em outros para acabar com a sua
carreira — Ela tentou manter a postura, mas senti que vacilou um pouco
diante da minha ameaça — Então, se não deseja isso é melhor se afastar de
nós. Siga sua vida Nicole, e nos deixe em paz — Sem esperar uma resposta
dei as costas a ela, peguei a mão de Melissa que com a outra livre segurava a
mão da minha filha e segui andando para o restaurante, depois de um
momento, ela parou, e me beijou demoradamente.
— Eu te amo, obrigada por me defender.
— Eu jamais a deixaria te machucar, sinto por não ter sido mais duro
antes.
— Está tudo bem, meu amor, o importante é que encerramos esse capítulo.
— Assim espero — Bufei cansado.
— Quem era ela, papai? — Rosie perguntou olhando para mim.
— Alguém que não vai mais incomodar a gente.
— Eu não gostei dela — A pequena falou franzindo a testa.
— Sabe de uma coisa, princesa? — Melissa perguntou — Eu também não
— E piscou para Rosalyn que sorriu.

∞∞∞
— O senhor Davies está aqui na recepção, Sr. Bowman — A voz de Anna
no interfone me fez voltar ao presente depois de fazer amor com minha
namorada, minha respiração ainda um pouco acelerada
— Obrigado, Anna, irei recebê-lo em alguns minutos — respondi e
desliguei — Eu amo uma foda no meio da tarde.
— Não se acostume — Melissa disse saindo de cima de mim.
— Já estou acostumado, inclusive estou pensando em colocar sua sala ao
lado da minha.
— Você é impossível — comentou indo ao banheiro se recompor.
— Não pode me culpar, tenho uma namorada extremamente sexy, que fica
ainda mais, recém fodida por mim.
— Fez isso de propósito, não é?
— O que? — perguntei inocentemente, entrando no banheiro com ela.
— Você sabe o que!
— Fazer amor com você antes de uma reunião com o homem que está afim
de você, para ele ver como é bem fodida? — falei e ela arqueou uma
sobrancelha — Não seria tão baixo.
— Seria sim.
— Bom, tem razão, seria, mas em minha defesa, foi você quem veio até
aqui e me seduziu com esse vestido e essas meias.
— Desisto! O que eu faço com você?
— Tenho muitas ideias, mas temos uma reunião, então acho que podemos
esperar um pouquinho — A puxei mais uma vez para mim beijando sua boca
— Agora sim, vamos encontrar o tal homem.
Para minha surpresa e a de Melissa também, consegui me segurar durante a
reunião, mas não foi fácil, perceber os olhares que Michael lançava a ela o
tempo todo, me faziam tremer de raiva, mas consegui me conter, eu não era
um adolescente brigão para sair socando a cara de todo mundo, mas isso não
me impedia de imaginar meu punho acertando bem no meio do nariz do
cretino e assim que terminamos de discutir as propostas, me levantei.
— Bom, entrarei em contanto, assim que minha equipe avaliar a
viabilidade dos projetos — falei estendendo a mão para cumprimentá-lo, sem
dar abertura para conversa fiada — Em no máximo uma semana teremos a
resposta, imagino que já estará em Londres?
— Sim, irei embora na quarta, fico no aguardo do seu retorno, e espero que
possamos fechar negócios, será lucrativo para ambos — Apertou minha mão
e eu assenti, mas em vez de sair como eu esperava, se virou para minha
namorada — É uma pena que não tivemos muito tempo, Lisse, espero vê-la
no evento na casa dos seus pais — E antes que percebesse pegou a mão dela
e depositou um beijo na palma — Sr. Bowman, aguardo seu retorno — E sem
falar mais nada, saiu da sala.
— Eu vou matá-lo! — esbravejei — Como ele ousa?
— Ben! — Melissa gritou.
— Eu deveria ir atrás dele e socá-lo.
— Não, não deveria — falou e me abraçou por trás — Olhe para mim —
Virei para olhá-la — Eu te amo — Seus lábios tocaram os meus e relaxei
imediatamente — Agora prometa que quando estivemos em Londres não vai
bater nele — Me encarou depois de nos separarmos, fiquei em silêncio —
Ben! Prometa.
— Tudo bem, não vou socar o idiota do Michael — respondi de má
vontade.
— Bom garoto, agora preciso voltar ao trabalho, e você também — Ela se
afastou em direção a porta — A propósito, vou ter que ficar o resto do dia
sem calcinha, já que alguém a rasgou, novamente! — Piscou para mim e
sorriu saindo pela porta. Afundei em minha cadeira, olhando para minha
namorada se afastando, e suspirei, agora que o pensamento dela sem calcinha
invadiu minha mente, duvido que conseguiria me concentrar. Essa mulher ia
acabar comigo.
Capítulo 36
Benjamin Bowman

Sentado em meu escritório, fitava a caixinha em cima da mesa, dentro dela


o anel de noivado que fora usado por minha mãe, por minha avó, e por outras
tantas mulheres da minha família antes delas, era uma relíquia, e além do seu
valor em dinheiro possuía mais do que isso, valor emocional. Lembro-me de
crescer vendo o anel no dedo de minha mãe e fotos da minha avó usando-o, e
agora, depois de ser polido e restaurado ficando como novo, estava em minha
posse, pronto para ser colocado no dedo da mais nova futura Sra. Bowman.
Sorri com o pensamento, Melissa seria minha esposa, jamais pensei que
viveria isso novamente, que me apaixonaria por outra mulher, e mais do que
isso, sinto que dessa vez é para sempre, pode ser clichê, mas é como me
sinto. Quando liguei para minha mãe e pedi o anel, não estava preparado para
a empolgação dela, precisei afastar o telefone do ouvido, tive que quase
implorar sigilo, já que queria fazer uma surpresa, e se minha irmã descobrisse
não ia conseguir manter a boca fechada, mas ver a alegria dela, só me fez ter
mais certeza de que era a coisa certa a fazer, apesar de não estarmos juntos há
muito tempo.
Estava tudo pronto para amanhã, tinha acertado os últimos detalhes hoje e
pedido ajuda de Samantha e Gabriella, queria que fosse perfeito, esse último
mês pareceu demorar uma eternidade e quando hoje finalmente chegou pude
respirar aliviado, mas apesar de ter certeza de sua resposta, não conseguia me
impedir de ficar nervoso. Nessas últimas semanas que passaram, senti que me
apaixonava cada vez mais por Melissa, adorava ficar admirando-a junto de
minha filha, as conversas que tinham, os planos que faziam, e sem perceber o
aperto no peito que sentia desde que descobrira a traição de Genevive, sumiu,
e o lugar foi preenchido pelo amor que sentia pela mulher que agora tinha ao
meu lado.
Melissa assumiu o departamento oficialmente, sua aceitação foi
maravilhosa, e apesar de estar namorando o chefe, seu talento e liderança
falaram mais alto, e durante essas semanas todos perceberam o quão
competente ela é. Nicole deixou o apartamento dois dias depois do nosso
último encontro, e não apareceu nas nossas vidas desde então, as coisas
finalmente estavam se acertando. Só faltava uma última coisa para finalizar, e
que deixei para última hora, com medo de minha pequena não se segurar,
confesso que estava apreensivo com sua reação, apesar de imaginar que não
seria nada além de felicidade se o que vi durante todo esse mês fosse alguma
indicação.
Sai do escritório em direção ao quarto de minha pequena, parei alguns
minutos na porta para observá-la brincando com suas bonecas, enquanto Lena
terminava de arrumar as roupas no closet, tinha pedido para ela dormi essa
noite aqui em casa, para poder seguir com meu plano de pedir Melissa em
casamento.
— Papai! — Rosalyn disse ao me ver parado em sua porta — Vem brincar
comigo?
— Claro, mas primeiro preciso conversar uma coisa com você — respondi
e ela inclinou a cabeça curiosa. Ao ouvir minha voz, Lena saiu do closet
sorrindo para mim e assentindo. Eu devia muito a essa mulher, quando Rosie
nasceu, ela não hesitou em sair da casa dos meus pais e vim trabalhar para
mim, eu estava completamente perdido naquela época e tê-la aqui foi
fundamental, ela está na minha família desde que era criança e é como uma
mãe para mim. Ao perceber o que queria sorriu ainda mais e saiu do quarto
me deixando a sós com minha filha.
— Sobre o que, papai? — perguntou quando me ajoelhei em frente a ela,
que estava sentada em uma de suas cadeiras.
— Você sabe que o papai está namorando a Melissa, não é?
— Sim — Assentiu sorrindo.
— E lembra que tinha falado que queria que ela morasse com a gente? —
Ela assentiu mais uma vez e respirei fundo — Então, o que acha de eu me
casar com ela? Assim ela pode morar conosco — falei de forma simples e
direta, mas minha filha não respondeu, percebi seus olhos se arregalarem e de
repente ela pulou em meus braços me fazendo sentar no chão — Filha?
— Ela vai ser minha mamãe? — perguntou ainda me abraçando, mas senti
sua voz embargada.
— Sim, meu amor, ela vai ser sua mamãe — Afastei ela um pouco e vi
algumas lágrimas caírem — Está triste? — perguntei apreensivo, não sei o
que faria se minha filha não gostasse da ideia, mas para meu alívio ela negou
com a cabeça — Feliz? — Ela assentiu e levou as mãos aos olhos para
enxugar as lágrimas.
— Eu vou ser como as outras garotas.
— É meu amor, você vai ter uma mamãe como todo mundo — falei a
abraçando novamente, e percebendo pela primeira vez como ela realmente
sentia falta de uma presença materna — Por isso a Lena vai dormir aqui com
você hoje, o papai vai sair com a Melissa e perguntar se ela quer casar
comigo.
— Eu posso ir também? — perguntou animada.
— Não hoje, meu amor, mas amanhã cedo você vai encontrar com a gente
e iremos passear no iate do papai, o que acha?
— Sim! — respondeu animada.
— Então combinado, agora seja uma boa menina com a Lena e amanhã ela
vai levar você para encontrar com o papai e a Melissa.
— Eu vou arrumar minha mochila — falou saindo dos meus braços e indo
pegar a bolsa, sorri com sua animação e senti um peso saindo dos meus
ombros, agora só faltava a resposta de Melissa.

Melissa Delacroix

— Uau, qual é a ocasião? — perguntei para Gabriella assim que entrei no


apartamento com Samantha atrás de mim, e vi um vestido estendido no sofá.
— Como se você não soubesse — Samantha respondeu deixando sua bolsa
na mesinha de centro, olhei para ela e levantei a sobrancelha — Me poupe,
Melissa, você é inteligente demais para não ter percebido as coisas nesse
último mês.
— Foi um mês corrido, comigo assumindo o departamento na empresa, e
tentando arrumar a bagunça que o Boris deixou...
— Até parece, você foi para o apartamento do Benjamin todos os finais de
semana, e hoje simplesmente aparece aqui? — Gabi disse e eu sorri.
— Tudo bem, vocês venceram, eu sei o que vai acontecer hoje — respondi
me sentando e respirando fundo.
— Não quer se casar com ele? — Sam perguntou.
— Não! Quero dizer, sim, é claro que sim, mas não quero criar
expectativas, vai que ele mudou de ideia, a gente conversou sobre isso tem
um tempo — falei um pouco nervosa.
— Mel! — Gabi falou exasperada — É óbvio que ele não mudou de ideia,
se soubesse o que ele planejou...
— Gabi! — Sam a repreendeu.
— O que ele planejou? — perguntei curiosa.
Eu estava ansiosa, quando Benjamin falou que me levaria para jantar hoje,
o olhei especulativa, mas ele apenas sorriu e falou que passaria no meu
apartamento para me buscar. Esse último mês foi incrível, me apaixonei
ainda mais por ele, se é que era possível, e apesar de estarmos cada vez mais
próximos, sentia que ele estava planejando algo, quando minhas amigas me
levaram ao salão ontem para fazer meu cabelo e unhas, sabia que alguma
coisa iria acontecer e vendo o vestido e o conjunto de lingerie estendidos no
sofá tive mais certeza ainda que hoje era o dia.
— Não vamos contar, foi muito difícil guardar tudo isso durante todas
essas semanas, recuso-me a estragar tudo faltando tão pouco — Gabriella
disse sorrindo.
— Semanas? Há quanto tempo isso está acontecendo?
— Ah, minha amiga — Samantha falou sentando-se ao meu lado e me
abraçando — Dessa vez eu tenho que admitir, Benjamin arrasou, jamais
esperaria algo assim dele, mas isso é tudo que vamos dizer, precisamos te
arrumar para hoje e nem pense em reclamar — E com isso elas me puxaram
para meu quarto onde passaram as próximas horas me deixando mais curiosa
ainda. Quando finalmente a campainha tocou indicando que Benjamin havia
chegado, suspirei aliviada.
— Certo, aproveita a noite, e queremos todos os detalhes amanhã, ou
depois, sabe-se lá quando virão para casa.
— Gabriella! — Sam fuzilou a amiga que deu de ombros, veio até mim e
me deu um abraço — Eu sei que era contra tudo isso no começo, mas hoje sei
que é a coisa certa, que vocês dois são perfeitos juntos.
— Quem disse isso desde o começo? — Gabi se pronunciou.
— Nem vem, Gabriella, você disse apenas para ela pegar o gostosão.
— E olha no que deu, se não fosse isso ela não estaria aqui — Arqueou a
sobrancelha e as duas começaram uma troca de olhares que precisei
interromper.
— Certo, preciso agradecer as duas por isso, vocês foram incríveis, mas
posso abrir a porta?
— Eu abro, você vai lá para trás — Gabi disse indo até a porta — É, acho
que serei abandonada de novo.
— Por que quer né? — Sam respondeu e Gabi revirou os olhos indo abrir a
porta quando se certificou de que eu estava longe do campo de visão de
Benjamin quando entrasse.
— Pensei que me deixariam aqui fora plantado — Ouvi sua voz, depois
que minha amiga finalmente abriu a porta.
— Sempre dramático — Sam rebateu.
— Ela está pronta? — Benjamin perguntou e pude perceber um traço de
nervosismo em sua voz.
— Na verdade ela não vai.
— O que? — Perguntou aflito cortando Samantha que riu do tom dele —
Isso não se faz, Sam!
— Desculpa, não resisti. Mel, por que não vem logo? Antes que ele tenha
um infarto.
Respirei fundo e fui até a sala, parando assim que vislumbrei meu
namorado, eu já tinha visto ele de terno inúmeras vezes, mas dessa vez
sentia-se diferente, ele estava espetacularmente lindo. Quando me viu
admirando-o sorriu abertamente.
— Admirando a vista, Srta. Delacroix? — perguntou debochado.
— É uma vista realmente impressionante.
— Eu concordo plenamente — falou correndo seus olhos de cima abaixo,
parando no decote do meu vestido.
— Tudo bem, agora chega, a gente não precisa ficar vendo esses olhares,
sabemos que querem ir para a cama, mas pelo amor de deus, se controlem —
Samantha disse nos tirando da nossa bolha — Muito bem, agora vão, antes
que todo o nosso trabalho seja jogado fora.
— Sempre delicada — Benjamin falou revirando os olhos para minha
amiga, mas vindo até mim e me puxando para seus braços — Está linda, meu
amor.
— Você também, deveria ser proibido alguém assim se vestir dessa forma
— Ele riu.
— Pronta? — perguntou me encarando.
— Sim — respondi e sorri para ele. Minha confiança parece tê-lo relaxado,
pois o senti menos tenso, pegou minha mão e nos despedindo das meninas
saímos do meu apartamento, olhei para trás uma última vez e Sam e Gabi
estavam levantando polegares para cima, balancei a cabeça e soprei um beijo
para elas antes de finalmente fechar a porta — Então, vamos para onde? —
perguntei enquanto descíamos no elevador.
— É uma surpresa — respondeu sorrindo e piscando.
— Não vai me contar mesmo?
— Não, mas você já vai descobrir, aliás ver sua reação é o que está me
segurando para não mudar os planos e ir direto para a parte final, está
absurdamente gostosa nesse vestido.
— Digo o mesmo, precisei me controlar para não pular em cima de você,
puxá-lo pela gravata e fazer coisas realmente gostosas na minha cama — falei
me esticando para sussurrar em seu ouvido e escutei ele grunhir.
— Você não joga limpo, mas vou me segurar — Sorriu para mim — Mas
eu posso me dar ao luxo de provar seus lábios antes — E me puxou para seus
braços colando nossas bocas, pensei que seria um beijo rápido, mas Benjamin
continuou seu ataque até o elevador anunciar que tínhamos chegado ao térreo
— Agora podemos ir — Se afastou e arrumou meu cabelo que tinha ficado
um pouco bagunçado pela intensidade do beijo.
— Devo estar uma bagunça — comentei alisando o vestido enquanto
seguíamos para o carro dele.
— Para mim está perfeita — Piscou mais uma vez e eu balancei a cabeça
— Não se preocupe seremos apenas nós dois hoje à noite, além da equipe —
falou e abriu a porta para mim, logo em seguida dando a volta e entrando no
carro.

∞∞∞
— Você sabe que essa área é restrita, não sabe? — perguntei quando ele
entrou na Marina do rio Hudson.
— Eu sei, e é por isso que pago uma fortuna para guardar meu iate aqui.
— Você tem um iate?
— Sim, e você está prestes a conhecê-lo — falou olhando para mim
sorrindo e estacionou o carro, logo saindo e dando a volta para abrir a porta
para mim.
— Que cavalheiro.
— Só o melhor para você, meu amor.
Sai do carro e me deparei com um imenso barco, era lindo, uma mistura de
branco e dourado, à luz da noite não conseguia ver muitos detalhes, mas o
nome me chamou a atenção, Rosalyn, é claro que seria o nome dela, da
princesa mais linda desse mundo.
— Ela deve amar isso, ter um barco com o nome dela — comentei
enquanto subíamos as escadas.
— Ah sim, ela adora.
— É realmente incrível, Ben! De noite já é maravilhoso, a luz do dia, então
deve ser perfeito.
— É por isso que vamos passar a noite aqui, iremos navegar pela costa.
Mas primeiro, nosso jantar — E com isso nos levou até a parte de trás do iate
onde uma mesa perfeitamente posta nos aguardava, à luz de velas, enquanto a
fraca iluminação do barco clareava o resto do ambiente.
— Uau, sinto que direi incrível muitas vezes hoje — falei impressionada e
virando para ele — Não precisava de tudo isso Ben, um simples jantar em sua
casa seria suficiente, mas obrigada por planejar essa noite.
— Você merece tudo isso e mais, meu amor — Me deu um beijo na testa e
puxou minha cadeira para que sentasse e depois tomou seu assento. Como se
fosse uma deixa um garçom se aproximou e encheu nossas taças de vinho,
tomei um gole e me virei para apreciar a vista.
O jantar foi leve e estava delicioso, Benjamin realmente contratou um
chefe que nos apresentou uma refeição de quatro pratos perfeitamente
equilibrados e deliciosos, quando terminei a última garfada da minha
sobremesa e tomei mais um gole de água, ele se levantou e me conduziu até a
parte de cima do iate, onde a vista era espetacular, foi então que senti os
motores sendo ligados e começarmos a nos mover pela água. Ficamos
abraçados por um tempo apenas apreciando a vista da cidade, eu podia sentir
que Benjamin estava nervoso, me virei para ele e olhei em seus olhos.
— Você sabe qual vai ser minha resposta, basta perguntar — Não sei o que
estava esperando, mas decididamente não me preparei para vê-lo se
ajoelhando, já podia sentir as lágrimas se acumulando em meus olhos, e
quando ele retirou uma caixinha do bolso do terno, uma lágrima solitária
caiu, não sabia dizer se de felicidade ou por finalmente perceber que tudo o
que minha mãe dissera não era verdade, eu poderia sim, ser uma arquiteta
brilhante e ter uma família.
— Eu realmente planejei o que diria hoje, mas vendo-a agora, tudo sumiu
da minha mente, mas preciso que saiba de algumas coisas. Há quatro anos eu
estava destruído, perdido e confuso, não sabia se podia continuar, mas eu
recebi um motivo maravilhoso para isso, minha filha, jurei que jamais amaria
outra mulher, meu amor seria apenas dela. Mas então você apareceu, e tudo
que eu acreditava desmoronou, hoje, não imagino mais minha vida sem você,
me tornei uma pessoa melhor desde que apareceu em minha vida, e a quero
ao me lado como minha esposa, como mãe da minha filha, olhando para trás
eu vejo o motivo dela ter ficado tão fascinada por você, nossa pequena a
reconheceu como a mãe que seria para ela, sem explicação, estava destinado
a ser assim — Ele parou e retirou o anel da caixinha, eu já não controlava
mais as lágrimas que caiam — Eu te amo, meu amor, por tantas razões que
ficaríamos aqui até o amanhecer, e sabendo disso quero te perguntar, Melissa
Delacroix, aceita ser minha esposa?
— Sim! É claro que sim — respondi e me joguei em seus braços, ele
levantou e me envolveu colando nossos corpos. O beijei, tentando transmitir
o quanto suas palavras me tocaram e o quanto eu o amava e estava ansiosa
para começar a vida com ele. Depois do que pareceu muito tempo nos
separamos e ele finalmente colocou o anel no meu dedo, olhei a joia e o
encarei incrédulo, era lindo, eu sabia que aqueles diamantes eram verdadeiros
— Isso é...
— Uma joia de família — Me interrompeu o encarei boquiaberto —
Pertenceu a todas as mulheres dos primogênitos da família Bowman e agora é
sua, e sei que não vai me perguntar, mas para que saiba que é única, jamais
dei esse anel a Genevive, será seu até que um de nossos filhos a entregue à
sua futura esposa.
— Filhos? — perguntei surpresa.
— Por que não? Eu quero tudo com você, Mel, casamento, filhos, casa —
Ele parou e olhou ao longe — Falando nisso quero que olhe ali — Me virou e
toda iluminada estava uma enorme construção à beira do rio — Está vendo?
Você terá toda a liberdade para decorá-la e modificá-la como quiser, aquela
casa é nossa, será nosso começo juntos, sem qualquer passado nos afetando.
— Você comprou uma casa?
— Sim! Quer conhecê-la? — perguntou e só então percebi que o iate se
dirigia ao local, assenti ainda em choque — Foi por isso que demorou tanto,
precisava da casa, do anel e de planejar tudo isso.
— Você é incrível, meu amor, e mal posso esperar para desfrutar a vida
com você — Sorri para ele e o beijei enquanto o motorista nos conduzia à
casa que seria nossa dali em diante.
Capítulo 37
Melissa Delacroix

— É enorme e tão linda, ainda não acredito que comprou — falei enquanto
explorávamos a casa, era enorme, e não podia acreditar que esse seria o meu
lar, acho que a ficha ainda não tinha caído.
— Queria fazer uma surpresa, há algum tempo estava pensando em me
mudar para uma casa, em vez de apartamento, um lugar onde Rosie tivesse
liberdade para brincar e correr, e então você entrou em nossas vidas e eu
comecei a procurar um lugar com mais afinco, e achei essa casa, é claro que
precisa de algumas reformas, e como você é arquiteta e eu sou dono de uma
empresa de construção, problema resolvido.
— Simples assim?
— Simples assim. Ela é nossa agora Melissa, seu nome também está na
escritura.
— Isso é sério?
— Sim, quer continuar olhando?
— É claro, ainda não acredito que vou morar aqui.
— Pois acredite, assim que tudo estiver pronto e nos casarmos, iremos nos
mudar — Eu sorri e o beijei, Benjamin tinha feito a noite ser incrível e ficaria
perfeita assim que voltássemos para o iate e pudesse mostrá-lo o quanto o
amava e estava feliz.
Quando terminamos de explorar a casa, o que demorou quase uma hora já
que o lugar era enorme, minha mente estava cheia de ideias e projetos, eu
estava empolgada para começar, Benjamin me deu carta branca para fazer o
que quisesse, a única coisa que ele queria era uma academia.
— Se bem que ter você na nossa cama todos os dias me manterá em forma
— comentou e eu dei um tapa de leve no braço dele — Acho que podemos
voltar, quero encerrar a noite dentro de você, futura Sra. Bowman.
— Leu meus pensamentos, Sr. Bowman — respondi e ele sorriu nos
conduzindo ao iate novamente.
Assim que voltamos, não pude evitar corar ao nos deparar com a equipe
saindo do barco, apenas o piloto ficaria, fato que me deixou mais vermelha
ainda, ao pensar na possibilidade dele nos ouvir.
— Não se preocupe, o quarto fica do lado oposto de onde ele vai ficar,
além do mais tem acústica — Ben sussurrou em meu ouvido quando
entramos na suíte — Não quero que todos saibam o quanto é escandalosa,
minha querida.
— Olha quem fala — falei e me virei para ele que logo me puxou para
seus braços e me beijou. Não foi um beijo apressado, ou selvagem, foi calmo,
leve, explorávamos cada cantinho da boca um do outro.
— Quero você com calma, Melissa, quero tocar cada cantinho do seu
corpo, beijá-la em todos os lugares e fazer amor com você lentamente, quero
sentir nossos corações batendo acelerados e gozar junto com você. Quer isso?
— Sim, por favor — respondi enquanto ele deslizava a barba por fazer em
meu pescoço, aquilo era demais, precisava senti-lo junto ao meu corpo.
Levei minhas mãos até sua camisa e comecei a desabotoá-la, ele já havia
retirado o blazer há muito tempo, quando seu peito ficou desnudo, corri
minhas mãos por seu abdômen arranhando de leve, levantei meus olhos e vi
suas íris mais escuras, Benjamin tirou a camisa e me virou de costas para ele,
deslizando o zíper do vestido.
— Puta merda! Você realmente está usando uma liga — exclamou quando
o vestido caiu no chão, me deixando apenas com a lingerie, a liga e meias —
Está deliciosamente gostosa, meu amor — Sorri, eu sabia que ele iria ficar
louco ao me ver assim, podia sentir sua excitação em minha bunda enquanto
ele beijava meu pescoço e corria suas mãos pelo meu corpo.
— Talvez você possa retirar com a boca.
— Com muito prazer — respondeu e me pegou no colo, logo me
colocando na cama macia, ele se afastou um pouco para me admirar e
sorrindo se abaixou, retirou meus saltos e em seguida desprendeu a liga,
deslizando as meias lentamente.
Quando elas estavam no chão junto com meu vestido e sapatos, Benjamin
sorriu para mim antes de iniciar uma trilha de beijos, começando na minha
panturrilha e terminando na entrada da minha intimidade, seus beijos e sua
barba me arranhando estavam me incendiando, e retorci o lençol ao meu lado
quando ele puxou a liga com a boca e começou a deslizá-la por minha perna.
Quando as duas ligas estavam fora, ele se concentrou na tarefa de terminar de
me despir, abriu o sutiã e retirou minha calcinha, me deixando
completamente nua.
— Acho que está muito vestido ainda.
— Já vou resolver esse problema, mas primeiro, deixe-me provar esses
mamilos rosados — Benjamin se posicionou em cima de mim e começou sua
tortura lenta, brincando com meus seios, dando atenção a cada um deles e me
fazendo agarrar o lençol com mais força enquanto gemidos escapavam de
meus lábios.
Ele estava levando sua palavra à sério de que iria com calma, eu podia
sentir o quão excitado ele estava e imaginar a pressão dentro da calça dele,
mas Benjamin não recuou, quando percebeu que eu estava perto de chegar ao
limite, afastou a boca dos meus seios e desceu os beijos pela minha barriga e
chegou lá embaixo, dei um gritinho quando sua língua me penetrou, eu sabia
que meus gemidos não estavam saindo baixos, e torcia para que o quarto
realmente tivesse acústica, como se para me torturar mais ainda, ele deslizou
um dedo para dentro de mim, depois outro em movimentos ritmados
enquanto sua língua brincava com meu clitóris.
Perdi a noção do tempo enquanto Benjamin me levava ao limite, sempre
que chegava perto de gozar ele se afastava e desviava sua atenção para outra
parte do meu corpo. Quando nem ele aguentava mais, ficou de pé e removeu
seus sapatos, calça e sua cueca box, seu membro completamente ereto e
pronto para entrar em mim, eu sabia que estava encharcada, Ben cuidara para
que eu estivesse completamente pronta para recebê-lo, e quando finalmente
deslizou para dentro, tão lentamente, gemi de satisfação.
— Vou levar você devagar, será intenso — sussurrou em meu ouvido
quando estava todo dentro de mim — Mas quando finalmente gozarmos,
você verá estrelas.
E foi o que ele fez, o que nós fizemos, cada estocada que ele dava,
sussurrava em meu ouvido o quanto me amava e que estava feliz por me ter
em sua vida, minhas pernas enganchadas em torno dele o apertavam contra
mim, seus movimentos eram lentos e rítmicos, nossos olhares o tempo todo
um no outro e quando finalmente gozamos, eu vi estrelas, acho que nunca foi
tão intenso e ao mesmo tempo tão tranquilo, aquilo foi amor da forma mais
sublime, nossos gemidos se misturaram pelo quarto, éramos um só, e o senti
relaxar em meus braços, e foi dessa forma que dormimos, ainda conectados.
Na manhã seguinte acordei com beijos sendo distribuídos pelas minhas
costas nuas, abri os olhos sorrindo, eu não fazia ideia de como tínhamos
mudado de posição, lembrava apenas vagamente de senti Benjamin se
mexendo, mas estava tão cansada que simplesmente voltei a dormir.
— Bom dia, dorminhoca.
— Hum... Bom dia — respondi me virando e encarando aquelas íris azuis
que me deixavam completamente perdida.
— Receio que não possa deixá-la dormir mais, daqui a pouco teremos uma
garotinha ansiosa chegando.
— Rosie! — exclamei me sentando bruscamente, por um momento fiquei
aflita, como ela reagiria quando contássemos? Seu pedido na casa de praia
ainda estava em minha mente, mas ela era apenas uma criança e tudo podia
acontecer.
— Não precisa ficar nervosa, ela já sabe, conversei com ela ontem, antes
do nosso encontro, precisava ter visto a cara dela.
— Ela ficou feliz?
— Ficou mais do que feliz, felicidade não descreveria o sentimento
corretamente, eu não tinha percebido o quanto ela desejava uma mãe até
ontem quando contei que a pediria em casamento e ela chorou porque seria
como as outras meninas.
— Minha nossa — falei cobrindo a boca e sentindo os olhos molhados, eu
amava aquela menina com todo o meu coração — Eu a amo Ben, simples
assim, prometo que darei meu melhor para ser a mãe que ela tanto quer e
precisa.
— Você já é, meu amor.
Quase uma hora depois, voltamos para o outro lado do rio e após um banho
repleto de caricias e beijos, começamos a arrumar a mesa para tomarmos o
café da manhã juntos, nosso primeiro café da manhã como uma família,
quando ouvimos o barulho de um carro se aproximando. Não precisamos
pensar muito e lá estava ela, impaciente na cadeirinha enquanto Lena
desafivelava o cinto dela.
Assim que estava fora do carro, tentou correr para o barco, mas a mulher
novamente a segurou me deixando aliviada, não queria nem imaginar algo
acontecendo. Benjamin foi até lá enquanto eu terminava de arrumar tudo,
cumprimentou Lena e pegou a filha no colo junto com uma mochila que a
mulher lhe entregou antes de se afastar acenando para mim e voltar para o
carro, acenei de volta sorrindo e observando meus dois amores subirem no
iate.
— Melissa! — A animação de Rosie era visível, desceu do colo do pai e
veio correndo em minha direção, me abaixei para recebê-la, a apertando
contra meu peito, eu jamais me cansaria de estar com ela assim — O papai
disse que ia te pedir em casamento, você aceitou se casar com ele?
— Sim princesa, eu vou me casar com o seu papai — respondi e ela sorriu
mais ainda — Olha o anel — Mostrei minha mão com a aliança e ela
levantou um dedo, tocando levemente.
— O anel da vovó?
— Sim, o anel da sua avó, e agora é da Melissa — Benjamin disse se
aproximando de nós — O que achou?
— É lindo — A pequena disse ainda olhando o anel, mas como se algo
tivesse passado por sua mente, ela levantou os olhos para mim e timidamente
perguntou — Então, agora você vai ser minha mamãe, Melissa? — Sorri,
olhando aquela menininha na minha frente tão vulnerável, ansiosa por uma
figura materna em sua vida, senti meu peito se apertar, e mesmo não tendo
dado à luz a ela, meu coração já sentia isso, ela era minha.
— Sim, meu amor, eu vou ser sua mamãe e você vai ser minha filha —
respondi olhando bem em seus olhos, para que entendesse que estaria para
sempre ao seu lado, senti lágrimas se acumularem em meus olhos e vi que
minha princesa lutava para não chorar também, a puxei em meus braços e a
abracei forte.
— Você promete que não vai embora? — Sua pergunta me pegou de
surpresa e mais uma vez vi o quanto ela era doce.
— Eu prometo, vou estar sempre aqui com você, sempre — respondi e
enxuguei suas lágrimas, ao nosso lado Benjamin encarava a filha e como se
tivéssemos ensaiado abracei a pequena novamente e ele nos abraçou, ali
estava, nossa família, minha filha e meu futuro marido.

∞∞∞
— Eu vou ajudar no casamento — Rosie falou enquanto almoçávamos na
Marina depois de uma manhã inteira no iate, entramos na piscina, jogamos
alguns jogos, e a levamos para conhecer a casa nova também, a pequena
entrou no lugar já escolhendo seu quarto e me pedindo para decorá-lo.
— Por que você é arquiteta, não é, Melissa? — disse — E esse aqui pode
ser dos bebezinhos.
— Que bebezinhos? — perguntei olhando Benjamin chocada.
— O que vocês vão ter, agora que vai se casar com o papai, eu quero
irmãozinhos, antes não queria porque eles também não teriam mamãe, mas
agora eles vão ter, assim como eu, eu quero quatro.
— Quatro? — questionei ainda tentando processar o que ela dizia.
— Sim, todas meninas, bom, pode ter um menino também, para o papai
não ficar sozinho, o que acha, papai? — perguntou se virando para nós —
Nossa, vocês estão com umas caras engraçadas.
— Filha — Benjamin começou tentando encontrar as palavras — Ainda é
muito cedo para pensar em bebezinhos, ainda temos que planejar o
casamento.
— Tudo bem, mas eu quero quatro — deu de ombros, continuando a
explorar os cômodos.
— Minha nossa — falei, respirando fundo — Essa menina ainda vai me
matar.
— O que? Não gostou da ideia de ter mais quatro filhos comigo? —
perguntou sorrindo de lado e piscando — Pense, quatro miniaturinhas
nossas correndo junto com a Rosie...
— Pare! — cortei colocando a mão no peito.
— Uma menina com seus olhos, ou um menino com meus cabelos — falou
me abraçando por trás — A ideia não te deixa animada?
— É claro que terei seus filhos — respondi me virando para ele — Só não
precisa exagerar nos números.
— É uma casa grande.
— Sim é, mas quero que se lembre que essas crianças sairão da minha
vagina.
— Assim você acaba com o romance das coisas — Bufou e eu ri.
— Podemos conversar sobre números depois, combinado?
— Certo, mas pensa, cinco filhos é um número incrível.
— Aí está o homem que disse que jamais se casaria novamente falando em
cinco filhos.
— Para você vê como mudei — respondeu me puxando para seus braços
novamente — O que você fez comigo futura Sra. Bowman?
— Transformei um solteiro convicto em um homem que quer me ver
grávida pelos próximos dez anos.
— Algo como isso — E tomou minha boca na sua, me apertando contra
ele.
De volta à Marina, escolhemos um restaurante próximo para almoçarmos e
depois ir para a casa dos pais do Benjamin contar as novidades, isso se já não
soubessem, uma vez que ele me contara que os pais estavam ansiosos para
saber como tudo tinha sido e que provavelmente sua irmã já tinha descoberto.
Voltando à fala de Rosalyn, ela estava animada para me ajudar com os
preparativos de tudo, e ao mesmo tempo que estava completamente feliz,
estava nervosa em contar para minha mãe, não queria ir para Londres, só de
pensar em Rosalyn perto dela, ficava apreensiva, mas Benjamin foi insistente
em afirmar que precisávamos ir. Meu pai já sabia do meu noivado, fiquei
emocionada quando meu noivo disse que telefonou para ele contando que me
pediria em casamento, como forma de respeito, e fiquei imensamente feliz
quando meu pai disse que aprovava nossa união, que Benjamin me fazia feliz
e por isso ele ficava feliz, pelo menos meu pai estava do nosso lado. Agora só
precisávamos enfrentar minha mãe.
Capítulo 38
Benjamin Bowman

Minha família ficou em êxtase quando chegamos na casa dos meus pais
depois do almoço e Rosie já saiu contando as novidades, nós fomos
abraçados, beijados e parabenizados por todo mundo, minha mãe e irmã eram
as mais animadas, já puxando Melissa para a sala para falarem sobre os
preparativos.
— Mandou bem irmão — Anthony falou dando tapinhas nas minhas costas
— Melissa é maravilhosa.
— Você podia seguir o exemplo do seu irmão e sossegar — meu pai falou
se aproximando de nós.
— Sou um espírito livre, ninguém pode me domar — respondeu e eu ri.
— Quando você menos esperar... — comentei e ele deu de ombros.
Ficamos até a noite na casa dos meus pais, e conseguimos decidir a data do
casamento, precisava ser depois da nossa ida à Londres e queríamos que
fosse nas férias da Rosalyn porque na última semana da nossa lua de mel
iriamos aproveitar os três juntos, minha pequena faltou pular de alegria
quando soube que viajaria conosco. Com essa data em mente minha irmã e
minha mãe entraram em um frenesi de preparativos, já ligando para as amigas
sobre a melhor planejadora de casamentos.
— Por que eu tenho a impressão de que vou ficar louca com os
preparativos? — falou se jogando ao meu lado no sofá depois que colocou
nossa filha para dormir, sorri institivamente, por mais que tivesse falado com
ela sobre ser a mãe da Rosalyn era a primeira vez que me referia a ela dessa
forma — Por que está sorrindo desse jeito?
— Nada de mais, estava pensando no quanto nossa filha estava agitada
hoje — falei devagar e olhando atenta seu rosto, quando a realização do que
falei a atingiu, sua boca se abriu no mais lindo sorriso, e pude ver seus olhos
brilharem, se aproximou lentamente até nossos lábios se encostarem e
capturei sua boca para um beijo de tirar o fôlego.
— É! Nossa filha estava muito empolgada, não parava de falar no meu
vestido de noiva.
— Não vejo a hora de te ver nele. Por falar nisso, como foi a tarde com
minha mãe e irmã?
— Como eu disse, acho que vou ficar louca com tudo que elas estão
planejando.
— Muito exagerado? — perguntei me levantando — Uma taça de vinho?
— É claro — respondeu — Exagerado não seria a palavra, se estivéssemos
em Londres seria dez vezes pior, mas sei que sua família é importante na
sociedade então...
— Mel, é o nosso casamento, podemos fazer como quiser, por mim fugiria
com você para Las Vegas e estava tudo certo — falei voltando com nossas
taças.
— Eu sei, talvez possamos encontrar um meio termo, e ainda temos tempo,
preciso falar com Gabi e Sam e envolvê-las nisso, senão elas vão me matar,
mas agora só quero aproveitar um pouco a noite com meu noivo —Tocou sua
taça na minha e bebeu um gole.
— Tirou as palavras da minha boca — falei depois de tomar um gole e
logo procurando sua boca para mais um beijo.

∞∞∞
— Mais alguma coisa, Anna? — perguntei para minha assistente depois de
repassarmos minha agenda. Essas duas últimas semanas tinham sido uma
loucura. Após emitirmos um comunicado à impressa sobre meu noivado com
Melissa, os paparazzi voltaram com força total, não dando trégua nem
quando minha noiva saia com as amigas, por fim concordamos em dar uma
entrevista para uma das maiores revistas do país e as coisas se acalmaram um
pouco.
— Sim, mais uma revista pediu exclusividade na cobertura do casamento
— falou e eu suspirei.
— Isso está virando um caos.
— Tudo isso vem com ser um dos homens mais ricos do país, sei que não é
o queriam, mas sugiro darem exclusividade a alguém logo, dessa forma todos
saberão que já tem alguém escolhido e essa atenção toda vai diminuir um
pouco.
— Acho que tem razão, vou conversar com Melissa, por falar nisso, sabe
se ela tem alguma reunião agora? Sinto que não a vi a semana inteira, mesmo
almoçando com ela quase todos os dias.
— Acredito que ela esteja com a equipe de marketing para o projeto da
Costa Leste.
— É mesmo, tinha esquecido, acho que isso é tudo, Anna, obrigado —
falei e ela saiu da sala. Passei as mãos no cabelo frustrado, estava começando
a achar que tudo isso poderia ser demais para Melissa, sem falar no recado
horrível que a mãe dela mandara no começo da semana, aquela mulher estava
começando a me irritar de verdade, estava ansioso para dizer algumas
verdades na cara dela quando fossemos à Londres.
— Espero que esse humor esteja melhor hoje à noite — Levantei a cabeça
ao som de sua voz, e não pude deixar de admirá-la, parada na porta da minha
sala com um vestido que realçava todas as suas curvas, meia calça e bota,
minha noiva estava completamente irresistível, pude sentir meu pau se
animar à visão dela — Quem aborreceu o todo poderoso CEO hoje? —
perguntou divertida e se aproximando de mim, logo se sentando no meu colo.
— A Impressa — respondi, a envolvendo.
— O que eles falaram de nós dessa vez?
— O de sempre, só fico preocupado com essa perseguição com você.
— Ei — ela disse puxando meu rosto para olhar para ela — Eu sabia onde
estava me metendo quando aceitei me casar com você, está tudo bem, além
disso já me acostumei e daqui a pouco eles param com isso.
— É por isso que eu te amo — A beijei — Não que eu esteja reclamando,
mas a que devo a honra da sua visita?
— Hum... Confirmei com minha mãe que vamos à Londres mês que vem
— falou cautelosamente.
— E como ela reagiu?
— Como sempre, falou um monte, mas eu nem ligo mais, de qualquer
forma falei que ficaríamos em um hotel, mas meu pai interrompeu a conversa
e disse que em hipótese nenhuma a filha dele ficaria em um hotel em vez de
na casa dele, então, sinto muito, mas vamos precisar ficar em casa.
— Sem problemas, meu amor, se você pode lidar com os paparazzi eu
posso lidar com sua mãe.
— Eu acho que ela é bem pior do que eles.
— Touché — respondi e ela riu.

Melissa Delacroix

— Pensei que precisaria marcar uma reunião para conseguir falar com
você — Samantha falou entrando em minha sala.
— Desculpe, Sam, as coisas estão uma loucura, não tem ideia da bagunça
que o Boris deixou, fora os projetos novos, meu casamento, a casa...
— Ei, estou brincando, eu sei que está ocupada, é por isso que nós estamos
aqui.
— Nós? — perguntei olhando para a porta a procura de mais alguém.
— Nós! — Ouvi a voz de Gabi quando Sam virou o celular dela para mim,
eu ri — Temos um casamento em breve, e pelo que soube pouco tempo para
organizar, como sua sogra e cunhada estão nos preparativos da cerimônia e
festa, nós vamos te ajudar com todo o resto.
— Que seria?
— Mel! Seu chá de panela, lingerie e sua despedida de solteira.
— Nem pensar! Não quero uma despedida de solteira.
— Não tem escolha, o Robert e o Anthony estão preparando a despedida
de solteiro do Ben, então você vai ter uma sim!
— Não quero nem saber o que vão aprontar — falei encarando minhas
amigas, elas eram completamente doidas, e tinha certeza de que essas
comemorações seriam completamente insanas.
Quase duas horas depois, ficou decidido que elas organizariam tudo junto
com a planejadora de casamento que minha sogra, Charlotte e eu tínhamos
escolhido semana passada, era tanta coisa que estava começando a surtar. Eu
tentei me empolgar tanto quanto elas, mas alguma coisa estava me deixando
angustiada, não sabia explicar o que era, mas sentia meu peito apertado,
tentei me manter neutra enquanto elas discutiam os detalhes, porém não sei se
fui bem-sucedida, no entanto fomos interrompidas quando Gabi ouviu o
alarme da emergência do hospital e desligou imediatamente, indo atender ao
chamado.
— Isso é realmente necessário? — perguntei para Sam depois que Gabi
desligou.
— Claro que sim, é o seu casamento, amiga, e nem adianta discutir, você
terá tudo o que tem direito — respondeu e antes que pudesse reclamar meu
celular tocou, olhando o visor, franzi o cenho, Benjamin tinha me colocado
como contato de responsável no colégio da Rosalyn, tinha ficado tocada com
seu gesto de me envolver em tudo, mas jamais pensei que eles de fato me
ligariam.
— Srta. Delacroix? — A voz de uma mulher soou na linha quando atendi,
ela parecia agitada
— Ela mesma, aconteceu alguma coisa? — perguntei já ficando
apreensiva.
— Quem está falando é a diretora da escola da Rosalyn, tentamos contato
com o Sr. Bowman, mas ele não atendeu, então ligamos para a senhorita — A
mulher falava apressada e o aperto no meu peito só aumentava — A Rosalyn
sofreu uma reação alérgica ao sanduiche de um aluno e precisamos chamar
uma ambulância já que ela não conseguia respirar — A voz da mulher foi
sumindo enquanto eu tentava entender o que ela tinha dito, Rosie, sem
respirar, emergência.
— Meu Deus! — exclamei levando à mão a boca, quando consegui
processar o que ela falou. Sam deu um pulo na cadeira à minha frente já
ficado de pé — Qual hospital a levaram?
— Para o Hospital Central de Nova Iorque, a ambulância já deve ter
chegado lá.
— Certo, obrigada! — falei desligando e me levantando apressada,
pegando minha bolsa.
— O que houve? — Sam perguntou enquanto me seguia apressada pela
empresa.
— Eu preciso encontrar o Ben, a Rosie, ela está no hospital, falaram que
teve uma reação alérgica ao sanduiche — Parei do nada e olhei para minha
amiga — O chamado da Gabi! — Pensei enquanto me dirigia até a sala de
reuniões onde Ben certamente estava — Sam tenta ligar para a Gabi enquanto
eu aviso o Ben.
Corri pelo corredor sem esperar a resposta de minha amiga, a adrenalina
tomando conta do meu corpo, sabia que reações alérgicas eram comuns, e
que muitas vezes podiam ser leves, mas sabia também que elas podiam ser
tão graves a ponto de levar alguém à óbito, afastei as imagens de minha
mente antes que me dominasse, quando cheguei à sala de reuniões nem me
importei em ser educada ou gentil, era a vida da minha filha que estava em
jogo naquele momento, abri a porta de vez, e todos os presentes me
encararam chocados.
— Mel, o que... — Benjamin tentou falar quando me viu na porta, mas o
interrompi.
— A Rosie está no hospital — falei e pude ver sua expressão se
transformar de chocada para apavorada, imediatamente ficou de pé e veio em
minha direção.
— O que aconteceu?
— A diretora me ligou falando que ela tinha tido uma reação alérgica ao
sanduiche e que não conseguia respirar, então chamaram a ambulância e
estão levando-a para o Hospital Central — respondi em um fôlego só.
— Mas ela está bem?
— Eu não sei, pedi para Sam ligar para Gabi, mas...
— Não consegui falar com ela — Minha amiga se aproximou de nós com
o celular na mão e meu desespero só aumentou.
— Vamos para o hospital, eu dirijo — Anthony falou, como eu não percebi
que ele estava aqui?
O caminho até o hospital foi uma tortura, o percurso parecia demorar
horas, mas só durou quinze minutos, ao meu lado Benjamin tentava se manter
calmo, mas sabia que era só uma fachada, por dentro ele estava tão
desesperado quanto eu. Assim que chegamos, corremos para a recepção do
hospital, Sam que parecia ser a mais calma, fez os devidos questionamentos e
logo nos encaminharam para o setor de emergência onde Gabi nos aguardava,
pelo semblante sério de minha amiga sabia que as coisas não estavam tão
bem assim.
— Gabi, o que aconteceu? Como a Rosie está? — perguntei assim que nos
aproximamos dela.
— Como sabem, a Rosie teve uma alergia ao amendoim, porém foi um
pouco mais grave pois ela teve na verdade um choque anafilático, que é a
forma mais grave de uma reação alérgica, quando chegou aqui estava
inconsciente e a professora que a acompanhou na ambulância, relatou que
assim que ela provou o sanduiche começou a sentir falta de ar, e foi quando
chamaram a ambulância, os paramédicos prestaram os primeiros cuidados,
impedindo-a de ficar totalmente sem ar — Enquanto ela falava agarrei o
braço de Benjamin e coloquei a outra mão na boca, sentindo as primeiras
lágrimas caírem — Ela está estável agora, mas ainda não sabemos se a falta
de oxigênio gerou algum tipo de sequela neurológica, ela teve um
atendimento muito rápido, mas precisamos esperar que ela acorde — Foi
nesse instante que senti Benjamin desabar, ele se manteve tão forte até aqui,
mas ouvir que nossa garotinha poderia não se recuperar totalmente foi demais
para ele, o puxei para mim e o abracei forte, implorando aos céus que ela
ficasse bem.
— Obrigada Gabi — respondi depois de um tempo.
— Eu sei que isso é difícil, Mel, e sinto muito ser a pessoa que deu essa
notícia, mas a Rosie é uma criança saudável e atendemos ela muito rápido,
ajudou a escola ter um serviço de ambulância disponível, então não vejo
razão para ela não se recuperar totalmente.
— Nós podemos vê-la? — perguntei tentando me recompor, mas as
lágrimas ainda insistiam em cair.
— Sim, é claro, normalmente apenas uma pessoa da família é permitida,
mas vou abrir uma exceção para você e o Bem. Vai ficar tudo bem, apenas
confie — falou para mim, mas podia sentir que os outros também ouviram e a
abracei.
— Eu vou processar essa escola se a minha filha não ficar bem —
Benjamin esbravejou — Na verdade, onde está a professora que veio com
ela? Preciso de alguns esclarecimentos.
— Irmão, agora não — Anthony falou se colocando na frente de Benjamin
— Eu cuido disso, você precisa se recompor, Rosie precisa de você.
— Não me peça para ficar calmo, a minha filha está correndo risco de ter
alguma sequela. Como eles puderam ser tão irresponsáveis? — vociferou
furioso.
— Ben! Para, não adianta ficar procurando culpados agora, já aconteceu,
você não vai mudar as coisas — Anthony mais uma vez falou com ele, e meu
noivo apareceu se acalmar.
— Eu sinto muito Tony, não queria gritar com você, eu só estou...
— Eu sei, mas agora você e Melissa precisam ir ver minha sobrinha, eu e a
Sam cuidamos de tudo aqui, e aviso nossos pais e a Charlotte — respondeu
batendo de leve nas costas do meu noivo.
— Certo — falou e voltou seu olhar para Gabriella — Obrigada, Gabi,
pode nos levar até ela?
— É claro — minha amiga respondeu e nos guiou até onde nossa
princesinha estava.
Capítulo 39
Melissa Delacroix

Quando abrimos a porta do quarto da nossa filha, mais lágrimas caíram


pelo meu rosto, ela parecia tão frágil e tão pequena naquela cama de hospital,
com uma agulha no seu bracinho e uma cânula no nariz. Me aproximei e me
sentei na beira da cama, levando minhas mãos até seus cabelos, os
acariciando de leve. Jamais pensei que pudesse amar alguém assim tão
incondicionalmente, mas Rosie fez isso, ela me permitiu conhecer um amor
tão puro e tão inocente, e hoje apenas com a possibilidade de perdê-la, senti
uma dor tão profunda que pensei que desabaria, mas aqui estava ela, parecia
que dormia como a princesa que era.
— Ela vai ficar bem, meu amor — Benjamin falou a voz baixa e rouca pela
emoção, tocando o rostinho da filha.
— Eu sei que vai, nossa princesa é forte — respondi e ele beijou minha
testa.
— Eu volto daqui a pouco, se perceberem qualquer alteração é só me
chamarem que venho correndo — Gabriella falou e só então me dei conta de
que ela continuava no quarto.
— Obrigada, Gabi.
— Estou aqui para isso — sorriu, deu um abraço em Ben e um beijo na
minha bochecha e saiu do quarto, deixando apenas nós três, e o barulho
ritmado do coração da minha filha soando pelo monitor.
Não sei quanto tempo ficamos assim, apenas olhando para ela, ansiando,
torcendo para que ela acordasse e nos mostrasse que estava tudo bem, mas
dado momento Gabriella veio nos avisar que a família de Benjamin, alertados
por Anthony do que acontecera, estava na sala de espera.
— Eu vou lá para fora, para sua família poder vê-la também — falei,
mesmo contra a minha vontade de sair de perto dela, e me levantando de
onde estava na ponta da cama de Rosie e enxugando algumas lágrimas
remanescentes — Acho que eles também querem entrar, e como é o pai dela,
você fica...
— Amor, ela é sua filha — ele falou me olhando nos olhos — Você tem
tanto direito de estar com ela quanto eu. Vou avisar como ela está e você fica
aqui — Assenti para ele, incapaz de expressar em palavras minha gratidão
por poder continuar ao lado da minha princesinha.
— Espera! — falei o impedindo de sair — A professora ainda deve estar lá
fora, não vai falar nada com a mulher, ela deve estar muito abalada com o
ocorrido.
— E deveria mesmo, foi irresponsabilidade...
— Ben! Não foi culpa dela, crianças comem o lanche uma das outras o
tempo todo, nenhum cuidador fica toda hora olhando uma criança apenas, sei
que na escola da Rosie tem muitos profissionais, mas ainda assim, eles foram
rápidos no socorro. Nós vamos precisar ensinar a ela que não pode sair
comendo tudo de todo mundo, que ela precisa perguntar e verificar antes o
que tem na comida, ela vai entender, é muito esperta — falei e ele suspirou.
— Tudo bem, você tem razão, não vou falar nada com a mulher.
— Muito bem, você vai cumprimentá-la, liberá-la e dizer que ligaremos
para a escola depois quando tivermos mais notícias.
— O que eu faria sem você? — perguntou acariciando meu rosto.
— Você jamais vai precisar descobrir — sussurrei e o beijei.
Na próxima hora, os pais, irmãos e Sam revezaram para ver Rosalyn, ela
ainda não tinha acordado e eu estava ficando cada vez mais apreensiva,
Gabriella veio diversas vezes conferir como ela estava, sempre dizendo a
mesma coisa, que os sinais vitais da Rosie estavam bem que era só questão de
tempo até ela acordar.
— Quer ir comer alguma coisa? — Benjamin perguntou depois que
ficamos apenas nós dois no quarto novamente — Já faz bastante tempo desde
a última vez que comeu.
— Eu estou bem, só saio daqui quando ela acordar.
— Meu amor, eu sei que... — Ele não completou a frase, seus olhos se
voltaram para onde nossa filha estava deitada e imediatamente me inclinei
mais para perto quando a vi se mexer.
Seus olhos piscaram algumas vezes até focá-los e nós, foram alguns
segundos de apreensão, enquanto ela nos observava, Ben e eu trocamos um
olhar preocupado, mas tentamos nos manter firmes, foi quando nossa
garotinha abriu a boca algumas vezes.
— Ma-mãe — falou com a voz ainda rouca e olhando para mim —
Mamãe, eu quero você.
— Acho que ela está falando com você, meu amor — Ben falou baixo com
as mãos em meus ombros, eu ainda estava em choque, lágrimas inundavam
meus olhos, era um misto de sentimentos, felicidade por ela está acordada e
aparentemente bem, realização por ela ter me chamado de mamãe, mas
principalmente amor, amor por essa linda menininha.
— Eu estou aqui princesa, a mamãe está aqui com você — falei beijando-a
na testa, tentando abraçá-la mesmo com a cânula no nariz e a agulha no seu
braço — Você nos assustou tanto, meu amor.
— Desculpa, ta apertando, mamãe — falou e me afastei, ela sorriu para
mim e depois olhou para o pai — Papai! Você ta bem? Ta chorando, igual a
mamãe — Será que ia continuar com esse sorriso bobo, cada vez que ela me
chamasse assim?
— Estamos felizes que está bem, princesa — respondeu, se aproximando
de nós e beijando a filha e apertou o botão acima da cama da Rosalyn, para
chamar a Gabi. Em poucos segundos, minha amiga entrou no quarto, já
sorrindo ao ver minha pequena acordada e falando. Depois de algumas
verificações e uma tomografia, minha filha foi declarada completamente
saudável, e fora de risco. Suspiramos aliviados.
— Você se lembra o que aconteceu, pequena? — Gabriella perguntou
antes de terminar de examiná-la e liberá-la para um dos quartos.
— Eu comi um pedaço do sanduiche do Lucas, e depois lembro de ficar
vermelha e que não conseguia respirar — respondeu e deu de ombros —
Aquele sanduiche não era legal, me fez vir para o hospital.
— É porque no sanduiche dele tinha amendoim, e você é alérgica — Gabi
falou — Por isso precisa tomar muito cuidado com o que come.
— Sim, eu já falei que não pode sair aceitando tudo de outras pessoas —
Benjamin falou, olhando sério para a filha.
— Mas era o Lucas, papai — minha pequena falou dando de ombros,
como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, e Gabi e eu rimos, era um alívio
vê-la bem desse jeito, esperta, toda a preocupação anterior esquecida diante
dos resultados positivos de seus exames.

∞∞∞
— Por que não vai para casa e dorme um pouco? — Benjamin me
perguntou, quando ficamos novamente nós dois no quarto, após nossa família
ir embora, depois de verem que Rosie estava bem. Minha pequena passaria a
noite no hospital, ficaria em observação, só por precaução. Olhei para ele
erguendo a sobrancelha, como se alguém fosse me tirar do lado da minha
filha — Certo, não vou perguntar mais, sei que quer ficar com ela, mas Rosie
já está dormindo tem horas, tire um cochilo pelo menos, no sofá, sei que está
cansada, o dia hoje foi corrido.
— Não sei se vou conseguir dormir, não paro de olhar para ela, eu sei que
hoje foi desesperador, mas ao mesmo tempo foi um dos dias mais felizes da
minha vida, quando ela acordou e me chamou de mamãe, pensei que morreria
de felicidade — falei olhando para meu noivo e ele sorriu, vindo me abraçar.
— Eu imagino como foi maravilhoso, lembro quando ela falou papai pela
primeira vez, imagino a emoção que sentiu, mas é assim que vai ser sempre,
mal posso esperar para vê-las mais cúmplices ainda, sei que vou surtar, mas
já imagino vocês duas cochichando, falando sobre namorados, festas, e todas
outras coisas.
— Ela ainda tem só quatro anos — falei rindo da careta que ele fez.
— Eu sei, mas viu como ela falou desse tal de Lucas? Preciso saber quem
é o sujeito.
— Ben! Eles são só crianças.
— Sei... — respondeu e voltamos a olhar nossa filha, dormindo
profundamente, com um sorriso nos lábios.
No final da manhã seguinte, Rosie recebeu alta, Gabi nos passou uma série
de recomendações, pois nos próximos dias, minha filha ainda poderia sentir
alguns sintomas tardios da reação alérgica.
— Mas, isso tudo é normal — minha amiga falou, ao nos ver apreensivos
— Ela só precisa continuar descansando e nada de atividades muito agitadas
por alguns dias, fora isso, essa princesa está perfeitamente bem.
— Obrigada, Gabi — agradeci, abraçando minha amiga — Quer uma
carona para casa? Sei que ficou além do seu turno, é o mínimo que podemos
fazer.
— Não foi nada, mas eu aceito sim, só vou trocar de roupa e encontro
vocês na recepção — disse e saiu para pegar suas coisas.
Fomos até a recepção, onde Anthony nos aguardava, já que havia sido ele
quem nos trouxera ontem e o carro de Benjamin continuava na empresa.
Alguns minutos depois, minha amiga vem andando em nossa direção, mesmo
com a noite em claro, ela estava deslumbrante, vestia jeans apertado e uma
blusa creme de alças, percebi um número considerável de cabeças masculinas
e algumas femininas se virarem em sua direção à medida que caminhava.
— Isso foi muito esclarecedor — comentei quando ela chegou até nós.
— Nem começa.
— Gabi, acho que ainda não foram apresentados direito, esse é meu irmão
Anthony — Benjamin falou fazendo as devidas apresentações — Anthony,
essa é a Gabriella, a pediatra da Rosie e amiga da Mel e da Sam.
— Nos falamos brevemente ontem, mas é um prazer conhecê-la, doutora
— ele falou sorrindo descaradamente para Gabi, e beijando sua mão, contive
uma risada.
— Igualmente, Anthony — minha amiga respondeu, fingindo não ligar
para o beijo na mão, mas eu conhecia Gabriella, e conhecia o charme dos
irmãos Bowman.
— A tia Gabi, não é bonita, tio Tony? — Rosie perguntou olhando
atentamente para o tio, no colo do pai, mais uma vez contive uma risada, essa
menina não perdia uma.
— É, ela é muito bonita, princesa — meu cunhado respondeu e sacudiu a
cabeça, como se afastasse um pensamento — Acho que podemos ir, chega de
hospital — Nós concordamos e seguimos para fora, onde ele tinha
estacionado o carro.

∞∞∞
— Acho que alguém vai dormir na nossa cama hoje — Ben falou entrando
no banheiro onde eu estava. Tinha sido um dia cansativo, Rosie parecia não
entender o significado de atividades calmas, tudo que ela queria fazer era
pular, ir ao parquinho, e não parava quieta, precisamos nos desdobrar para
achar coisas mais tranquilas para fazer, mas no final deu certo e passamos o
dia vendo filmes, jogando jogos de tabuleiro e ela me ajudou na cozinha.
Ligamos para a escola e informamos que ela estava bem e em casa, e eles
mais uma vez pediram desculpas pelo ocorrido. A mãe do Lucas também
ligou quando soube do que aconteceu e nos pediu desculpas, embora não
fosse responsabilidade dela, minha filha ficou alguns bons minutos
conversando com seu amigo Lucas, o que fez Benjamin torcer o nariz.
— Também acho melhor, assim ficamos mais perto dela. Cansado? —
perguntei tirando a blusa e o short jeans que usava.
— Um pouco, não dormimos nada na noite passada, mas talvez você possa
me ajudar a relaxar — falou vindo por trás de mim e colando nossos corpos.
— Ben! Nem pensar, nossa filha está dormindo na cama do nosso quarto.
— A gente tranca a porta...
— Ela pode ouvir alguma coisa — respondi me contorcendo, já que ele
começara a distribuir beijos pelo meu pescoço.
— A gente fica bem quietinho...
— Você não tem jeito, não é? — perguntei me virando para ele, e colando
nossos lábios, logo me afastando para trancar a porta — Tudo bem, você
venceu, mas quero devagar, depois de hoje tudo que quero é lento e gostoso.
— Seu pedido é uma ordem, meu amor — falou sorrindo e logo
reivindicando minha boca para mais um beijo nos conduzindo para o box do
banheiro.
Capítulo 40
Benjamin Bowman

— Eu não sei por que ainda me surpreendo com essas coisas — Melissa
disse enquanto seguíamos para a área de decolagem, onde meu jatinho já nos
aguardava para nossa viagem à Londres.
— Fazer o que, eu gosto de conforto — respondi dando de ombros e ela
sacudiu a cabeça — Não utilizamos ele nas últimas viagens porque estava
reformando, fazendo algumas melhorias e ajustes.
— Então quer dizer que permite seus funcionários viajarem no seu jatinho?
— Bom, de vez em quando, de qualquer forma, você será minha esposa,
então, o que é meu, também é seu, acostume-se.
— Mamãe, olha! É o avião do papai — Rosie falou animada e voltamos
nossa atenção para ela e sorri igual um idiota vendo-a ao lado de Melissa, as
duas estavam vestidas iguais, ideia de nossa pequena, e meu peito se encheu
de amor quando vi as duas prontas hoje.
As últimas semanas foram ao mesmo tempo estressantes e maravilhosas,
enquanto continuávamos os cuidados com Rosie que se recuperou totalmente
da reação alérgica e nos últimos dias de seu repouso, ficava emburrada
porque ainda não podia ir para escola e queria ver seus amigos, minha mãe e
irmã estavam deixando Melissa e eu loucos com os preparativos do
casamento, admito que não demos um prazo muito grande para elas, mas
queríamos aproveitar as férias da Rosie e não via a hora de ter minha noiva
todos os dias na nossa casa, apesar de durante toda a recuperação de nossa
filha ela ficar conosco, na cobertura, em que tive a plena satisfação de ver
como seria nossa vida daqui para frente e não poderia estar mais feliz com
isso.
— Eu quero brownies — Rosie disse assim que nos acomodamos nas
poltronas para que o jato pudesse decolar — A tia Sara falou que tinha —
Sara era uma das comissárias que tinha nos informado o menu para o voo
enquanto aguardávamos. Eram oito horas da noite e o voo duraria seis horas,
porém como Londres ficava quatro horas à frente de Nova Iorque
chegaríamos cedo, o que nos daria algum tempo de descanso antes do almoço
com a família de minha noiva, só esperava que o fuso horário não fosse tão
intenso e conseguíssemos aproveitar bem o tempo lá.
— Depois do jantar, meu amor — Melissa falou e Rosie fez um biquinho,
contive uma risada, ela estava sentindo na pele o que eu passava, na verdade
essas últimas semana, teve a oportunidade de mergulhar de vez na
maternidade, e como sempre, estava sendo maravilhosa, a mãe mais perfeita
que poderia querer para minha filha — Sem bico, lembra o combinado?
— Sim, mamãe, comida primeiro, depois sobremesa — recitou a pequena
e olhei para Melissa sorrindo, ambos tentando não rir.
— Isso mesmo.
O voo foi tranquilo, e conseguimos descansar bastante, o que ajudaria a
não estarmos tão cansados durante o dia. Rosie que foi um pouco mais difícil,
estava muito eufórica por viajar e animada para conhecer a família da
mamãe, como ela disse, Melissa ao ver a empolgação de nossa filha, me
olhou preocupada e sabia o que ela estava temendo, sua mãe, tentei acalmá-
la, assegurando-a que ninguém faria alguma grosseria com elas, não
importava quem fosse.
Quando pousamos, o pai de Melissa já nos esperava, e ela correu para os
braços dele que a recebeu com um abraço apertado, eu sabia que fazia mais
de um ano que não se viam, por isso esperei terem o momento deles para
depois me aproximar com Rosie agarrada à minha mão, minha filha tinha
ficado surpreendentemente tímida, depois de alguns minutos, Melissa se
afastou do pai e nos chamou.
— Bom, vocês já se falaram algumas vezes, mas deixe-me apresentá-los
formalmente — Melissa falou — Pai esse é o meu noivo, Benjamin Bowman.
Ben, esse é o meu pai, Henri Delacroix.
— É um prazer conhecê-lo, senhor — cumprimentei apertando sua mão e
tentando ser firme, a última vez que estive nessa posição de conhecer o pai da
noiva foi quando Genevive e eu nos casamos, mas isso já fazia algum tempo.
— O prazer é meu, é maravilhoso conhecer o homem que está fazendo a
minha filha tão feliz — disse me puxando para um abraço logo depois e
sorrindo, me fazendo respirar aliviado.
— E essa — Melissa se abaixou ficando da altura de Rosie — É nossa
filha, Rosalyn — falou cheia de orgulho e sorrindo para o pai.
— Oi — Rosie falou tímida e abraçada a Melissa — Você é o papai da
minha mamãe? — perguntou olhando para o homem à sua frente que agora se
abaixava também.
— Sim, eu sou — respondeu sorrindo — Então eu acho que isso me faz
seu avô, certo?
— Como meu vovô, Théo?
— Isso mesmo, agora, eu ganho um abraço?
— Sim! — respondeu animada e meu sogro a pegou nos braços, ao meu
lado, Melissa levantava sorrindo e envolvi sua cintura enquanto olhávamos os
dois abraçados — Agora eu tenho dois vovôs, isso é muito legal.
— Isso mesmo, princesa — Melissa falou e nós rimos.
Após as devidas apresentações — que me deixou mais confortável, pois
ainda não precisei enfrentar a mãe de Melissa, e ser recebido tão bem por
Henri e vê-lo sendo tão amoroso com minha filha me deixou mais aliviado,
pelo menos ele estaria do nosso lado — entramos no carro e seguimos até a
propriedade onde meus sogros moravam.
— Acho que é a minha vez de ficar impressionado — comentei quando
passamos pelo grande portão de ferro que dava acesso à casa — Esse lugar
parece enorme, acho que é maior que nossa casa.
— Parece um castelo — Rosie comentou com os olhos arregalados,
olhando pela janela do carro.
— Como eu disse, minha mãe é um pouco obcecada com a família real, e
meio que deixou nossa casa parecida com um palácio — Deu de ombros e
suspirou — Mamãe está em casa?
— Sim, seu irmão e sua cunhada também — Henri respondeu.
— Isso vai ser divertido — falou revirando os olhos e eu peguei sua mão
apertando de leve.
— Não se preocupe, sua mãe vai se comportar, tivemos uma conversa
ontem e espero que ela se lembre — meu sogro falou sério e minha noiva
assentiu — Muito bem, vamos lá.

Melissa Delacroix

Voltar para casa depois de mais de um ano era estranho, por um lado o
lugar continuava igualzinho, a mesma casa onde cresci, o mesmo terreno
onde brinquei, por outro, me sentia uma estranha, aquele não parecia mais o
meu lar, não, meu lar agora era em Nova Iorque, ao lado de Benjamin e
Rosalyn. Descemos do carro e alguns funcionários vieram buscar as malas,
respirei fundo, tentando me acalmar. Benjamin pegou Rosie no colo e juntos
seguimos meu pai pela casa.
— Acho que Melissa pode te mostrar a propriedade depois, creio que estão
cansados e queiram descansar um pouco antes do almoço — meu pai falou e
eu assenti — Tenho certeza de que vão preferir um tempo antes de encontrar
sua mãe, de qualquer forma, ela prefere só falar com alguém após as nove.
— Por que acha que chegamos tão cedo? — perguntei divertida e ele sorriu
para mim, foi quando ouvimos um barulho no alto da escada e de repente
estava sendo erguida do chão, sendo abraçada por meu irmão — Andy! —
gritei batendo em seu ombro para me colocar no chão.
— Não posso nem mais abraçar minha irmã favorita? — perguntou me
colocando no chão e sorrindo para mim.
— Eu sou a única.
— Exatamente, e não pode me culpar, não a vejo faz mais de um ano.
— Eu sei, desculpe...
— Tudo bem, eu te entendo — E se aproximando de mim, cochichou em
meu ouvido — Se eu pudesse fugiria também — Eu ri e balancei a cabeça —
Bom, se eu estiver certo, você deve ser o Benjamin — falou olhando para
meu noivo e estendendo a mão para cumprimenta-lo, no que foi retribuído —
E você, deve ser a Rosalyn — E deu a volta para olhar minha filha que tinha
colocado a cabeça no ombro do pai — É um nome bonito para uma menina
bonita, mas deixe me apresentar, Andrew, irmão de sua mãe e seu mais novo
tio, ela me disse que tem um tio, um tal de Anthony, mas eu sou mais legal
— falou e fez cosquinhas na minha pequena que logo gargalhou e deu um
abraço no meu irmão, eu só sabia sorrir, assistido meu pai e irmão receberem
Rosalyn como se ela tivesse saído de mim, não podia estar mais feliz — Mel,
precisamos mostrar a essa pequena nossas aventuras.
— Nem pensar, não quero minha filha aprontando igual nós — respondi
olhando feio meu irmão, só de imaginar Rosie fazendo o mesmo que nós,
meu coração dava um pulo.
— Não se preocupe, princesa, quando sua mãe não estiver vendo, eu vou te
raptar — cochichou no ouvido da minha filha, mas alto o suficiente para eu
ouvir, e minha pequena riu balançando a cabeça — O que? É meu trabalho
como tio, tenho que aproveitar enquanto estão aqui — Balancei a cabeça e
meu pai e Ben riram.
— Certo, deixe-me acompanhá-los até os quartos — meu pai falou e
subimos para o andar dos quartos, sorri quando percebi diante de qual porta
nós paramos — Preparei seu quarto de infância para minha neta, acho que ela
vai gostar. E o da frente é o de vocês — O olhei erguendo uma sobrancelha
— O que? Não sou tão tradicional assim, mas não quero ouvir nenhum
barulho
— Pai! — exclamei ficando vermelha e ao meu lado Benjamin abafava
uma risada.
— Sei como são os jovens — Deu de ombros — Vou deixá-los agora,
qualquer coisa que precisarem, é só chamar e o almoço será servido no
jardim ao meio-dia. Estou feliz que está em casa novamente, filha, espero que
possa me visitar mais vezes.
— Vou tentar, pai, e claro, espero que nos visite também.
— Tente me parar.
— Uau, gostei do seu pai — Ben falou quando ficamos apenas nós três —
E seu irmão se daria muito bem com o Anthony, não sei quem é o mais
convencido. Eu fico feliz que tenha eles.
— Sim, acho que sou assim porque os tive.
— Eu quero ver seu quarto, mamãe — Rosie falou nos tirando da nossa
bolha e sorri para ela abrindo a porta.
Não sei quem ficou mais encantada, se eu ou ela, o quarto estava
maravilhoso, do jeitinho que eu me lembrava, apenas um pouco mais infantil,
para acomodar os inúmeros brinquedos novos que meu pai tinha comprado
para Rosie, as paredes foram pintadas de um rosa suave e a cama de dossel
com tecidos leves que flutuavam com a brisa que entrava pela janela. Fechei
os olhos e senti uma lágrima escorrer, eu amava tanto meu pai e vê o que ele
tinha feito para Rosalyn encheu meu coração.
Explorei o quarto um pouco com ela, enquanto Benjamin ia para nosso
quarto arrumar as coisas, mas logo minha pequena demostrou cansaço, dei
um banho nela e a coloquei na cama para uma soneca antes do almoço.
Deixei a porta entreaberta e fui encontrar meu noivo, que para minha surpresa
estava lindamente nu enquanto a água escorria por seu corpo no chuveiro,
sem pensar duas vezes, tirei a roupa e me juntei a ele, quem precisava dormir
quando se tinha um homem desses a sua disposição?

∞∞∞
— Minhas meninas estão prontas? — Ben perguntou entrando no meu
antigo quarto que era agora ocupado por nossa filha.
— Sim! Estamos lindas, não é papai? — Rosie falou se virando para o pai
e dando uma rodada para seu vestido balançar.
— As mais lindas de todas — falou e veio até mim me dando um selinho
— Está tudo bem?
— Sim, vamos acabar logo com isso — respondi e ele assentiu.
Descemos as escadas, e eu ficava cada vez mais apreensiva, meu pai e
irmão tinham sido maravilhosos, mas não podia esperar a mesma cortesia de
minha mãe. Quando saímos pelas portas do jardim, a mesa estava posta e
minha família nos aguardava, Catherine se adiantou e veio nos cumprimentar,
minha cunhada estava linda grávida, ela era pequena de modo que sua barriga
estava bem evidente.
— Melissa — falou me abraçando — Que bom que pôde vir, fiquei muito
feliz quando Andrew me contou que viria.
— Fico feliz de estar aqui também, deixe-me apresentar meu noivo,
Benjamin e nossa filha, Rosalyn — falei e minha mãe que vinha logo atrás
estreitou os olhos, isso não seria fácil.
— Muito prazer — Minha cunhada cumprimentou meu noivo que retribuiu
e logo abaixou o olhar para Rosie — Você é muito linda, adorei seu vestido.
— Obrigada — minha pequena respondeu e inclinou a cabeça olhado para
minha cunhada — Você tem um bebê na sua barriga?
— Sim, quer sentir? — perguntou e Rosie assentiu, levando a mãozinha
que não estava segurando a minha à barriga de minha cunhada e rindo
quando recebeu um chute.
— Me chutou, isso é legal, a mamãe também vai ter um bebê na barriga,
mas ela falou que ia se casar com meu papai primeiro — falou espoleta e eu
fiquei vermelha.
— Rosie! — Ben repreendeu e a pequena deu de ombros sorrindo.
— Acredito que só falta eu ser apresentada à feliz família — A voz de
minha mãe nos tirou do pequeno momento e me virei para ela.
— Mãe — Me aproximei — Quero que conheça meu noivo, Benjamin e
nossa filha, Rosalyn — Me mantive firme enquanto ela me encarava fria,
felizmente seus modos falaram mais alto e ela cumprimentou Ben.
— Pelo menos parece ser mais educado do que ao telefone.
— Mãe!
— O que? Estou mentindo? — Fez um gesto com a mão como se deixasse
para lá e voltou seus olhos para Rosalyn, coloquei minhas mãos nos ombros
da pequena, pronta para puxá-la para mim e protegê-la de qualquer coisa que
saísse da boca de minha mãe — E essa é a criança?
— Sim, minha filha — falei firme.
— Ela parece um pouco com você, isso é bom, menos comentários irão
surgir...
— É o que? — perguntei incrédula.
— Meu cabelo é igual ao da mamãe, você é a mãe da minha mamãe?
— Sim, eu sou.
— Então você é minha vovó? O vovô falou que eu podia chamar ele
assim...
— Humpf, obviamente eu sou a única sensata aqui, eu preferiria que não,
mas não vou brigar com uma criança — respondeu e eu suspirei, ela não
tinha jeito. Meu pai veio logo em seguida para acabar com aquele momento
estranho nos chamando para o almoço, e sorri agradecida, não entendia como
ela podia ser tão indiferente à Rosie, minha filha irradiava luz, qualquer um
que passasse alguns minutos com ela ficaria apaixonado, mas não dona
Victoria, para ela era um absurdo eu assumir uma criança que não era minha.
— Então, Benjamin, imagino que vá querer que Melissa pare de trabalhar
agora, para se dedicar a casa e a família — Minha mãe falou enquanto
comíamos, larguei o garfo e olhei estarrecida para ela.
— É claro que não — meu noivo respondeu sério — Melissa é uma
arquiteta incrível, inclusive está chefiando o departamento da empresa, não
sei se sabe, mas o novo resort que está sendo construído em Dubai foi
projetado por ela, e quanto à nossa família, ela é uma mãe incrível, e será
uma esposa maravilhosa — Meu peito se encheu de orgulho ao ouvi-lo dizer
isso, meu irmão sentado à minha frente sorriu.
— Besteira, tenho certeza de que é melhor ela ficar em casa e...
— Basta, Victoria — meu pai a cortou — Melissa é uma mulher adulta,
capaz de tomar as próprias decisões, tenho certeza de que ela será uma esposa
e mãe incríveis assim como é uma profissional competente, você deveria se
orgulhar da filha que temos.
— Ora, mas eu só queria dar um conselho...
— Já deu, acho que podemos comer em paz, não é? — meu pai falou mais
uma vez e minha mãe assentiu resignada.
O resto do almoço foi ótimo, Rosie foi a alegria, arrancando risadas de
todos, exceto minha mãe, mas pude ver um leve esboçar de um sorriso
algumas vezes, era bom estar em casa, apesar de tudo, pelo menos eu tinha a
certeza de que tinha feito minha parte e aberto a porta para minha mãe
participar da minha vida, só dependeria dela agora.
Capítulo 41
Benjamin Bowman

Depois do almoço, Melissa levou Rosie e foi com sua mãe e cunhada
terminar os preparativos do chá de bebê amanhã e da recepção de hoje à noite
que seu pai resolvera dar para comemorar a vinda da filha, mesmo contra a
vontade de sua esposa. E eu fiquei sozinho com meu sogro e cunhado, certo,
muito divertido.
— Você faz minha irmã feliz — Andrew falou depois de um tempo,
quando restou apenas eu e ele à beira da piscina, após Henri sair para resolver
alguns assuntos, conversando sobre nada em particular, apenas apreciando a
vista.
— E ela me faz feliz — respondi simplesmente.
— Isso é bom, olha, eu sei que minha mãe pode ser um pouco complicada,
e o que ela faz com Melissa é horrível, então eu fico feliz que ela tenha
encontrado um cara que a apoia, isso foi tudo que meu pai e eu sempre
quisemos para ela.
— Me desculpe a franqueza, mas, eu não entendo como sua mãe não
percebe o quão incrível, Melissa é.
— Eu acho que ela sabe, só que se recente de não ter sido aquela que a
influenciou a ser assim, minha mãe criou Melissa para ser como ela, a seguir
os passos dela, e como não foi isso que aconteceu ela acha que minha irmã a
traiu.
— E não ajudou em nada sua esposa ser exatamente como ela que queria
que minha noiva fosse.
— É, não foi intencional, mas sim, realmente não ajudou nada.
— Olha, eu vou ser sincero com você — falei endireitando minha postura
e olhando sério para meu cunhado — Não quero ser o cara que afasta a
esposa da família, e obviamente não vou impedir Melissa de ter contato com
você e seu pai, serão sempre bem-vindos em nossa casa, mas sua mãe é outra
história, Melissa será minha esposa, é o meu dever protegê-la, e não hesitarei
em interferir se Victoria machucá-la novamente.
— Eu sei, e como disse fico feliz que minha irmã tenha você.
— Obrigado — respondi e ele assentiu. Não tinha nada contra o irmão e
pai da minha noiva, mas sua mãe estava no limite da minha paciência, seus
questionamentos no almoço foram completamente sem noção, e achei
importante deixar claro que não ia permitir que fosse desrespeitada.

∞∞∞
— Então, como foi sua tarde com meu irmão e pai? — Melissa perguntou
enquanto nos arrumávamos para a festa — Aliás desculpe por deixá-lo
sozinho.
— Não tem problema, teremos muitos dias para aproveitarmos, além disso,
tive uma conversa bem produtiva com seu irmão.
— É mesmo?
— Sim deixei claro que ele e seu pai são mais do que bem-vindos a
participar da nossa vida, mas como seu marido irei protegê-la das idiotices de
sua mãe — falei e ela se aproximou de mim, beijando-me nos lábios.
— Obrigada por se preocupar comigo, quanto à minha mãe, ela se mostrou
descente hoje à tarde, não lançou nenhuma indireta, e até foi gentil com
Rosie.
— Sério?
— Sério.
— Bom, há esperança, então
— Melhor não comemorar antes da hora. Vou buscar a Rosie.
E ela estava absolutamente certa, ao chegarmos na tenda erguida nos
enormes jardins da mansão dos pais dela, e cumprimentarmos alguns amigos
da família, eu o vi, Michael, completamente à vontade conversando com
meus sogros.
— Você tem que estar brincando comigo! — Apertei mais a cintura de
Melissa.
— Você prometeu se comportar
— Manterei minha palavra se ele se comportar — respondi e ela balançou
a cabeça se abaixando para falar com Rosie.
— Quer conhecer alguns amigos da mamãe, filha?
— Sim, eles também têm um bebê na barriga igual a tia Catherine? —
perguntou curiosa e nós rimos, ver a cunhada de Melissa grávida tinha
deixado ela mais ansiosa com essa história de bebezinhos.
— Não todo mundo.
— Ah, tudo bem, acho que vai ser legal — respondeu e fomos em direção
a uma das mesas.
— Pensei que tivesse dito que não tinha amigos.
— Como Gabriella e Samantha não tenho, mas são algumas pessoas
queridas que cresci junto.
— Isso inclui o Michael?
— Sim — disse e se ergueu um pouco para sussurrar em meu ouvido — Se
você se comportar prometo que terá uma recompensa mais tarde, quando
estivermos sozinhos, estou pensando em ter um picolé de Benjamin Bowman
— Porra! Ela ia me matar, pensar em Melissa com meu pau em sua boca me
deixava completamente excitado, e precisei trincar os dentes.
— Você gosta de me provocar, não é?
— Pensei que tivesse dito que era meu hobby — falou mordendo os lábios
e logo se virando para cumprimentar seus amigos.

Melissa Delacroix

Conseguimos evitar Michael praticamente a noite toda, o que deixou


Benjamin imensamente feliz, ele e Rosie foram a sensação da festa,
diferentemente do que minha mãe pensara os convidados não foram nem um
pouco hostis, pelo contrário, se apaixonaram por minha filha, e as mulheres
me perguntavam como consegui conquistar meu noivo, eu só ria e resumia
nossa história.
— Não está sendo tão ruim como pensei — minha mãe falou se
aproximando de mim em uma das extremidades da tenda.
— Eu falei que não seria, nem todo mundo ainda vive preso as tradições do
passado — respondi a encarando, mas ela nem piscou com meu comentário.
— É o que parece — Virou para frente e deu de ombros — Além disso
precisamos planejar seu casamento.
— Hum... Bem, já estou cuidando disso...
— E não pensou em envolver sua própria mãe?
— Preciso te lembrar que era contra esse casamento? Não imaginei que
fosse querer se envolver.
— Você ainda é minha filha, Melissa — Voltou a olhar para mim e
surpresa pude ver seus olhos um pouco brilhantes — Eu sei que fui muito
injusta com você, mas eu queria o seu melhor, fui criada assim, mas sei que
vivemos tempos diferentes, e vendo-a com seu noivo e aquela menina...
— Aquela menina tem nome, Rosie, e é minha filha — falei a
interrompendo.
— Eu sei, só demora um pouco para me acostumar, quando vi você com
eles, percebi que você tinha conseguido tudo aquilo que desejou e ainda está
construindo uma família, seu pai e eu conversamos bastante esses dias, ele
me fez perceber que você realmente está feliz, mas meu orgulho me impedia
de reconhecer isso e eu só... — Ela se interrompeu engolindo em seco —
Quero fazer parte da sua vida, filha, apenas isso, me deixe ajudá-la a planejar
seu casamento — Dessa vez, foi a minha vez de engolir em seco, ali estava a
minha mãe de quando eu era criança, quando as coisas eram fáceis e
divertidas com ela, a mãe que me contava histórias antes de dormir e entrava
nas minhas fantasias infantis, não sabia se nosso relacionamento voltaria a ser
o mesmo, mas eu poderia estender a mão.
— Eu acho que podemos fazer isso, mas quero que lembre que o
casamento é meu.
— É claro, será como você quiser, prometo — respondeu e eu assenti e me
inclinei para beijá-la na bochecha.
— Espero que possamos mudar as coisas.
— Eu também — falou e beijou minha testa, logo se afastando para
encontrar suas amigas.
— O que foi isso? — Benjamin perguntou se aproximando e envolvendo
minha cintura por trás.
— Não sei, acho que uma trégua, vamos ver como as coisas se
desenvolvem — respondi dando de ombros — Onde está a Rosie?
— Com alguma das amigas de sua mãe, pensei que ela fosse morrer ao ver
como todos se renderam à nossa pequena.
— Não poderia ser diferente, ela é encantadora, e se não fosse ela,
dificilmente estaríamos juntos.
— Eu teria te conquistado.
— Sendo o idiota que era? Duvido — respondi me virando e olhando em
seus olhos.
— Cedo ou tarde acabaríamos cedendo, nossa atração era irresistível
demais, e eu não era um idiota.
— Era sim, mas eu dei um jeitinho em você, Sr. Bowman.
— É mesmo?
— Sim — O beijei, mas antes que ganhasse intensidade fomos
interrompidos.
— Benjamin, Melissa, que bom finalmente encontrar vocês — Michael
falou e nos viramos, o braço de Ben firmemente em minha cintura — Tantas
pessoas que não via há anos precisei cumprimentá-las antes. Como estão?
— Ótimos — meu noivo respondeu seco e abafei uma risada.
— Estamos bem, Michael, na correria dos preparativos para o casamento,
mas foi bom poder voltar para casa e rever todo mundo.
— É... Fiquei sabendo do noivado de vocês. Hum... Meus parabéns.
— Obrigada.
— Sem querer ser indelicado, mas me concederia a honra de uma dança,
Melissa? — Benjamin ficou mais rígido atrás de mim, e só então percebi a
movimentação na pista de dança.
— Hum... Acho melhor... — respondi hesitante.
— Tudo bem, meu amor, se você quiser, não vou me importar — Ben
respondeu e eu virei para ele o encarando.
— Sério?
— Sim, encerramos isso logo, espero não me arrepender, e vou ver se a
Rosie já comeu alguma coisa que não sejam docinhos. Mas a próxima é
minha.
— É claro — Sorri e fui com Michael para a pista.
— Isso foi uma reviravolta — disse quando começamos a dançar.
— Ele deve estar de bom humor.
— Eu nunca tive chances, não é? — perguntou depois de ficarmos em
silêncio por um tempo apenas mexendo no ritmo da música. O encarei
surpresa por ele estar indo por esse caminho — Lamento não termos tido
oportunidade, Melissa, mas desejo que seja feliz com a família que está
formando.
— Obrigada — respondi sem saber como agir diante daquela situação
estranha.
— Acho melhor eu soltá-la agora, seu noivo parece um animal raivoso
pronto para o abate, e eu temo que eu seja o alvo — Nos viramos e olhamos
Benjamin que nos encarava sério — Foi um prazer dançar com você, e a
gente se vê por aí — falou beijando minha mão e me conduzindo para o canto
da pista onde meu noivo estava com nossa filha.
— Uau, fiquei surpresa com seu controle — comentei pegando Rosie no
colo e abraçando Ben.
— Bom, não foi fácil, mas eu tive um incentivo — sussurrou em meu
ouvido — Lembro de alguém falando sobre um picolé mais tarde — Piscou
para mim e eu sorri, logo nos encaminhando para a pista de dança. Ben pegou
nossa filha do meu colo e me envolveu com o outro braço e ficamos nós três
balançando ao som da música, até perceber que nossa menina dormia no colo
do pai.

∞∞∞
O chá de bebê no dia seguinte foi maravilhoso, Catherine estava radiante, e
foi bom passar um tempo com ela, quem sabe agora com minha mãe mais
maleável poderíamos construir um relacionamento de verdade como
cunhadas.
— Ver tudo isso não te enche de vontade de ter um bebê na barriga não?
— Benjamin falou sussurrando em meu ouvido.
— Ben! Quer me matar do coração?
— Na verdade não, quero te fazer gozar de várias formas, e preencher você
com minha porra até ter um bebezinho nosso crescendo dentro de você,
arredondando esse corpo gostoso pra caralho.
— Tão romântico... — falei revirando os olhos, mas sentindo meu ventre
se contrair de desejo e as lembranças de ontem à noite voltaram com tudo em
minha mente.
— Quer que eu fale como esses britânicos pomposos?
— Não combina com você.
— Mas pense, podíamos providenciar um bebê na nossa lua de mel... —
falou mordiscando minha orelha — Pense em como a Rosie ia ficar feliz com
um bebezinho na barriga da mamãe...
— Você não joga limpo, não é?
— Pensei que soubesse, é o meu hobby — Sorri com aquele comentário
gemendo quando seus lábios começaram a distribuir beijos pelo meu
pescoço, sentia minhas pernas fracas, e o desejo acender em mim.
— Você me convenceu, quando voltarmos vou marcar uma consulta com
minha ginecologista.
— Está falando sério? Quer dizer, você quer isso também? — perguntou
me virando para ele e me encarando, olho no olho, azul no cinza.
— Se eu quero mais um filho seu? É claro que sim, afinal temos uma casa
enorme que precisa ser enchida, certo?
— Será um prazer encher ela com você, meu amor — respondeu e me
puxou para um beijo de tirar o fôlego, como eram todos os beijos com ele.
Capítulo 42
Benjamin Bowman

— Nem pensar, eu não vou — falei sério olhando meus dois melhores
amigos sentados à minha frente e me encarando divertidos, meu irmão tinha
aquela expressão que fazia quando me via puto com algo, Robert só alternava
os olhares entre nós dois se divertindo com a confusão — Eu não preciso de
uma noite em alguma casa noturna com um monte de mulheres seminuas e
bebendo até não querer mais, esses dias acabaram.
— Que mudança, irmãozinho, mas lamento dizer que você não tem
escolha, você terá sim uma despedida de solteiro.
— Que merda, Anthony, já disse que não vou para nenhum bar de stripper.
— E quem te falou que vamos a um?
— Eu sei muito bem que tipo de festinhas você pode organizar — respondi
furioso — E você? Não deveria ser o sensato? Sua esposa é capaz de te matar
se souber que vai a uma despedida de solteiro.
— Ela está planejando uma, então... — Robert deu de ombros e sorriu para
mim, sabia que ele estava me provocando — Relaxa, Ben, só organizamos
uma noite divertida para você curtir e relaxar antes do grande dia, não
faríamos nada que pudesse te prejudicar, nos dê um pouco de confiança.
— É irmãozinho, relaxa, você está muito estressado, acho que a falta de
sexo está afetando seu humor — Meu irmão falou zombando da minha
situação e eu voltei a fechar a cara. De certa forma ele tinha razão, Melissa
havia cortado todo do o contato sexual nessas últimas duas semanas,
alegando que nossa noite de núpcias seria ainda mais gostosa, não preciso
nem dizer que odiei a ideia, principalmente porque ela parecia que queria me
levar ao limite desfilando com uma roupa mais sexy do que a outra quando
ela dormia na cobertura, então era outra tortura, porque não abria mão de
dormir agarrada a mim, e eu me via como naqueles primeiros dias depois de
conhecê-la, desejando-a mas sem poder tocá-la. Soltei um bufo frustrado e
ele riu ainda mais de mim — Devo agradecer a minha cunhada por isso, te
irritar esses dias tem sido muito mais divertido.
— Vá se foder, Anthony.
— Pode ter certeza de que eu vou, já você...
Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, ou acertar meu irmão com
meu punho, Robert nos interrompeu.
— Podemos prosseguir, ou as duas crianças vão continuar a birra? —
Quando nós dois o olhamos furiosos ele deu de ombros e riu — Como eu
falei, vai ser só uma noite divertida com a gente e mais alguns caras, mas
mudando de assunto, a documentação que pediu está toda pronta, você e
Melissa podem assinar quando quiserem.
— Isso é bom — falei, pelo menos algo positivo. Sorri, assinar os
documentos seria mais um passo que me ligava a Melissa, iríamos resolver
essa parte burocrática antes da cerimônia oficial, queria tudo certo quando
viajássemos, além disso, minha filha queria o nome de Melissa em sua
certidão oficialmente, não passava um dia que ela não me perguntava quando
isso iria acontecer.
Depois que voltamos de Londres, embarcamos em uma corrida contra o
tempo, do planejamento do nosso casamento à reforma da casa onde iriamos
viver e a administração da empresa, Melissa e eu estávamos empenhados em
deixar tudo encaminhado para que não precisássemos trabalhar na nossa Lua
de Mel, ela estava fazendo um trabalho excelente à frente do departamento de
arquitetura e projetos e eu não poderia estar mais feliz com isso. Estava
ficando louco, mas só de lembrar que em alguns dias Melissa seria
oficialmente minha esposa me dava forças para suportar.
— Podemos marcar para segunda-feira, se sobreviver a este fim de semana
insano que planejaram — respondi ainda pouco confortável com os planos
que eles tinham me informado, e menos ainda com a ideia de Melissa em
uma despedida de solteira, não que não confiasse nela, mas conhecia nossos
amigos bem o suficiente para saber que eles poderiam aprontar algo, só
esperava que Samantha, a única casada do grupo, tivesse bom senso.
— Dramático — meu irmão disse e se levantou — Bom, agora que está
tudo certo, preciso ir, alguns de nós precisam trabalhar.
— O que você acha que eu estava fazendo aqui antes de invadirem minha
sala?
— Planejar sua lua de mel não é trabalho.
— Mas requer bastante esforço — Sorri e meu irmão balançou a cabeça
rindo.
— Espero mesmo que Melissa te dê um trato, porque estou começando a
achar que está com um sério caso de bolas azuis.
— Isso não tem graça, Anthony — vociferei e ele riu mais uma vez de
mim, fechando a porta ao sair.
— Você sabe que ele faz isso só para te provocar — Robert falou depois
que ficamos apenas nós dois.
— Eu sei, ele é um idiota, não vejo a hora dele encontrar uma mulher louca
o suficiente para se comprometer com ele.
— Esse dia pode estar mais perto do que nunca.
— O que eu não sei?
— Apenas uma suspeita, em breve compartilho se tiver razão, mas
normalmente sempre tenho.
— Você e Samantha se merecem mesmo.
— Seu irmão tem razão, a falta de sexo está te afetando mesmo.
— Ora seu...
— Tenha um bom dia Benjamin, nos vemos no fim de semana — Ainda
rindo de mim saiu da sala. Eu definitivamente precisava de amigos novos.

∞∞∞
— Eu não quero fazer isso tanto quanto você, mas tente se divertir, dois
dias vão passar rapidinho e segunda-feira assinaremos a documentação e será
oficial — Melissa falou acariciando meu rosto.
— Eu sei, não vejo a hora — respondi colando nossas bocas — E lembre-
se, vou estar há algumas horas de você, qualquer coisa é só me ligar.
— Relaxe, vai correr tudo bem. Vamos ter um final de semana divertido,
nossa filha terá uma festa do pijama na casa dos seus pais, tudo sob controle
—disse voltando a se olhar no espelho e me presenteando com sua linda
bunda coberta por um short jeans que fazia minha imaginação começar a
trabalhar, soltei um suspiro.
— Tem certeza de que não podemos transar antes de ir?
— Ben!
— Não pode culpar um homem por tentar.
— Só mais alguns dias e serei toda sua — falou sorrindo para mim e
colando nossos corpos, senti sua boca próxima a minha e puxei seu lábio
inferior antes de tomar sua boca para um beijo, a senti suspirar e uma de suas
mãos se emaranhou em meu cabelo enquanto a outra acariciava meu
abdômen descendo cada vez mais, me afastei bruscamente dela quando suas
mãos apertaram meu pau por cima da minha calça jeans, a olhei intrigado.
— Para você refletir, se comporte esse fim de semana que será muito bem
recompensado na nossa lua de mel.
— Mel! — grunhi enquanto ela saia do banheiro rindo — Você não joga
limpo — Voltei para o quarto olhando enquanto ela fechava sua mala.
— Nunca joguei. Agora, é melhor sairmos, Gabi deve estar impaciente na
sala, não acredito que veio aqui só para tentar uma rapidinha.
— Espero que aproveite esses dias e descanse bastante, porque quando
finalmente me permitir tê-la não descansará por uma semana inteira, futura
Sra. Bowman — falei olhando para ela e a senti tremer um pouco.
— Isso é uma promessa?
— Um fato, meu amor, um fato — Beijei-a mais uma vez e peguei sua
mala levando-a para sala, sendo seguido por minha noiva.
— Nossa, até que enfim, pensei que teria que arrombar a porta —
Gabriella falou impaciente — Muito bem, já se despediram, agora passe
minha amiga para cá que ela é toda nossa esse fim de semana.
— Ela será minha esposa — falei encarando a amiga de minha mulher.
— Mero detalhe.
— Ei! Eu estou aqui! — Melissa protestou, mas sabia que ela estava se
divertindo com minha troca com Gabi.
— Exatamente, já deveríamos estar a caminho, vamos logo — Gabi falou
já nos empurrando para fora do apartamento — Ah, e Ben, se comporte, tudo
bem? Não me faça me arrepender de ter apoiado isso.
— Devo lembrar que não fui eu quem planejou esse final de semana?
Além disso eu não queria ir.
— Muito bem, acho bom — respondeu e eu balancei a cabeça. Eu
realmente ia matar meus amigos.

∞∞∞
— Admita, não foi tão ruim assim — meu irmão falou se aproximando de
mim enquanto eu encarava as ondas do mar, sentado em uma espreguiçadeira
do hotel em que estávamos. O encarei por trás dos óculos de sol — Bom,
pelo menos eu me diverti, aquela loira de ontem me deu uma canseira...
— Poupe-me de suas aventuras amorosas.
— Não diria que foi uma aventura amorosa, estava mais para sexo
selvagem.
— Anthony!
— Tudo bem, mas eu sei de algo que pode melhorar seu humor, recebi
uma foto bem interessante no meu celular, e achei que gostaria de ver —
falou e virou a tela do celular para mim, levantei os óculos e vi a foto, minha
noiva sorrindo com um biquini minúsculo, senti meu pau reagir na mesma
hora, porra! — Não falei?
— Como no mundo você tem uma foto da minha noiva no seu celular? —
perguntei recobrando meu autocontrole, Melissa tinha esse efeito de me
deixar desconcertado mesmo por uma foto.
— A Gabi me mandou.
— E por que a Gabriella mandaria uma foto da minha noiva para você?
— Ei, não precisa ficar nervosinho, ela achou que poderia me ajudar no
caso de você dar trabalho.
— É o que?
— Bom, já enviei para seu telefone e deletei do meu, pode babar na sua
noiva a vontade, vou ali no bar descolar uma transa.
— Você não tem jeito! Aliás, desde quando você e a Gabriella trocam
mensagens?
— Hum... Desde que estávamos planejando esse fim de semana para
nossos amigos — Anthony deu de ombros e estreitei os olhos, alguma coisa
tinha.
— Sei...
— O que?
— Nada não — respondi voltando a colocar os óculos escuros.
Precisava admitir que ontem foi divertido, não fizemos nada de mais, meu
irmão e Robert reservaram uma sala do hotel e jogamos poker, bebemos e
jogamos conversa fora com mais alguns amigos e conhecidos que eles
chamaram, fiquei aliviado, pois eu sabia bem o que meu irmão poderia
aprontar, mas ele resolveu usar os pouco neurônios que tinha e organizou
uma noite bem legal, mas agora eu estava ansioso para voltar para casa e ter
minha noiva em meus braços, mesmo que eu não pudesse me enterrar nela, a
teria junto a mim, a foto que recebi só fez meu desejo aumentar ainda mais,
mais seis dias e tudo seria oficial.

∞∞∞
— Então é isso, Benjamin, Melissa, ao assinarem esses documentos, todo
o processo legal será feito, e a certidão da Rosie será alterada — Robert
falou, nos explicando todos os papeis que estávamos assinando. Sorri para
minha noiva do outro lado da mesa, tinha sido um longo debate sobre alguns
desses documentos, eu não queria um acordo pré-nupcial, não queria começar
meu casamento com um contrato, Melissa não concordou, mas eu fui firme
em minha decisão, queria que ela tivesse direito a tudo, que não houvesse
nenhuma dúvida do meu amor e confiança nela — Muito bem, esses são os
últimos, como falei, tudo será confirmado após a cerimônia de vocês no
sábado, mas a certidão da Rosie já é oficial, parabéns Melissa, você é
oficialmente uma mamãe — Olhei para ela que exibia o sorriso mais lindo do
mundo.
— Obrigada, Robert — disse e meu amigo sorriu, assentindo.
— Foi um prazer.
— De verdade, Rob, sei que isso foi muito trabalho em pouco tempo,
então, obrigado, mesmo.
— Te mandarei a conta mais tarde, mas como eu disse, fico feliz por
vocês.
— O que acha de irmos buscar uma certa garotinha e mostrarmos essa
certidão para ela? — perguntei me levantando e indo até Melissa.
— Eu acho essa uma excelente ideia — Sorriu e se levantou. Nos
despedimos de Robert e dos outros que estavam na sala e fomos encontrar
nossa filha.
— Então, não vai mesmo me contar sobre o seu final de semana? —
perguntei depois que estávamos no carro, a caminho da escola de Rosie.
— Não.
— Mas eu te contei o meu.
— Acredite meu amor, melhor você não saber.
— Foi tão ruim assim?
— Lembra do meu chá de panela e de lingerie? — perguntou e eu assenti,
lembrando-me vagamente do que ela tinha me contado — Pois é, foi mais ou
menos assim, mas relaxe, não teve nenhum stripper se é com isso que está
preocupado — Ela continuou e eu suspirei aliviado, só de imaginar um
homem besuntado de óleo balançando o pênis na frente dela, eu já ficava
puto.
— Fico aliviado com isso.
— Só me interesso em você, meu amor — falou piscando e eu grunhi,
Melissa me levaria a loucura.
Pegamos Rosalyn na escola e ela estava bastante animada, principalmente
porque falamos que teria uma surpresa quando chegasse em casa, nossa filha
adorava surpresas, se viessem embrulhados em fita rosa então, melhor ainda.
— Cadê a surpresa, papai? — perguntou assim que entramos na cobertura,
olhando em volta em busca de algum embrulho.
— Está na bolsa da mamãe, ela já foi pegar — respondi, esperando Melissa
voltar do quarto onde tinha ido assim que entramos.
— Aqui está, princesa — falou, voltando com o documento nas mãos,
envolto em um embrulho rosa com uma fita também rosa — Quer ajuda para
abrir? — Rosie assentiu e juntas começaram a abrir o pacote, quando o
documento estava fora, nossa filha olhou intrigada para o papel em suas
mãos.
— É um papel?
— Sim, mas você sabe o que diz aqui? — perguntei olhando para Melissa
que estava segurando as lágrimas, ao nosso lado, Rosie balançou a cabeça.
— Está tudo bem, mamãe?
— Sim, meu amor, a mamãe está apenas emocionada, sabe o que é isto? —
falou apontando o documento nas mãos de nossa filha — Isso aqui é a sua
certidão nova, que diz que eu sou sua mãe oficialmente.
— Isso está escrito aqui? — Notei que ela olhava o documento tentando
procurar.
— Aqui, eu te mostro, está vendo, aqui está seu nome, e depois o nome da
mamãe e o do papai, falando que é nossa filha — Melissa falou mostrando o
documento. Rosie não sabia ler ainda, mas já tinha aprendido a reconhecer
seu nome e o meu, e mais recentemente o de Melissa, quando ela percebeu
que era real, abriu aquele sorriso que fez meu coração de pai derreter e se
jogou nos braços da mãe — Está feliz, meu amor?
— Sim! Eu vou dormir todos os dias com isso — respondeu abraçando o
documento e nós rimos.
— Ah, mas a Lola vai ficar com ciúmes — Lembrei-a da boneca que
dormia todos os dias com ela — O que acha de deixar com a gente e
guardamos no lugar bem especial, para ficar seguro?
— Tudo bem, eu acho que sim, mas posso tirar uma foto?
Nós assentimos e passamos os próximos minutos batendo muitas fotos
para que aquele momento ficasse registrado para sempre. Melissa puxou
nossa pequena nos braços e mais uma vez reafirmou que estaria sempre com
ela, que a amava muito, Rosie por sua vez derramou mais algumas lágrimas,
e aproveitei para tirar uma nova foto das duas, aquele momento ia ficar
registrado para sempre.
Capítulo 43
Melissa Delacroix

Olhei para o espelho, refletida naquele objeto estava uma mulher em um


vestido branco com renda, desenhado por um dos melhores estilistas do país,
seu cabelo estava em um lindo penteado, a maquiagem ressaltava os olhos
prateados brilhando pela emoção, mas o que chamava mais a atenção era o
sorriso, um pleno e grande sorriso. Não me contive, soltei um suspiro
satisfeito, é hoje! Meu casamento. A realização voltou com força e precisei
respirar fundo.
— Você está linda, filha — Virei-me e encarei minha mãe, ela estava
impecável em seu vestido prata, não conseguia decidir se seu sorriso era de
felicidade genuína ou alívio por me ver casando.
— A senhora também, mãe.
— Você sabe que sempre quis o seu melhor não sabe? Tudo o que eu fiz
foi pensando em você, no que eu achava que a deixaria feliz — falou
pegando na minha mão.
— Não precisamos ter essa conversa, mãe — respondi tentando não
manchar esse dia com os planos e sonhos dela para mim.
— Não quero brigar, só quero te dizer que me orgulho de você, ainda não
concordo com todas as suas escolhas, mas estou no processo de aceitá-las, a
vida é sua, eu só posso desejar que seja feliz — Senti sinceridade nas suas
palavras, sei que lá no fundo ela ainda tinha alguns sentimentos de
desapontamento, mas aos poucos esperava que fossem desaparecendo.
— Isso é tudo que eu peço — Dei um abraço nela.
— Bom é melhor eu ir, não queremos atrasar a cerimônia — falou se
ajeitando e foi nesse momento que minha filha abriu a porta do aposento em
que estava e entrou animada.
— Mamãe, mamãe, o papai já está lá fora te esperando, ele ta engraçado,
andando de um lado para outro — Minha pequena disse e eu sorri, Ben
deveria estar nervoso, assim como eu, impossível não ficar, olhei para ela
novamente, admirando-a em seu vestido, uma réplica quase perfeita do meu,
a reação dela ao nos ver prontas um pouco mais cedo encheu meu coração,
era sempre assim, cada nova experiência com ela era uma batida que meu
coração errava.
— Hum... Então acho que precisamos ir, para não deixar ele esperando
mais — falei me levantando e indo até ela, ajeitando sua coroa de flores mais
uma vez.
— Vamos, Rosie, sua mãe já vai sair — minha mãe disse e minha filha
assentiu pegando na mão dela e saindo, respirei fundo, olhando a porta se
fechar novamente.
Aproveitei esse momento sozinha para pensar em como tudo aconteceu até
chegar aqui. Quando decidi que não podia mais continuar em Londres, e me
mudei para Nova Iorque na esperança de me livrar das pressões de minha
mãe, não pensava que quase dois anos depois estaria me casando, e mais do
que isso, que seria mãe e estivesse tendo sucesso na minha carreira, mas as
coisas acontecem quando tem que acontecer e no momento certo, muitas
vezes não conseguimos enxergar ou entender os motivos de certos
acontecimentos em nossas vidas. Benjamin sofreu muito com a descoberta da
traição de sua ex-esposa, eu me ressenti por muito tempo pelas palavras duras
de minha mãe, mas ambos superamos os desafios, nos livramos do passado e
estamos seguindo em frente, formando nossa família.
Quando Samantha me falou da entrevista na Bowman, não sabia se
conseguiria trabalhar com Benjamin, afinal ele era um idiota arrogante e me
deu todos os motivos para continuar acreditando nisso, para que aquele fosse
apenas mais um trabalho, mas a vida não quis assim, e me mostrou que o
homem que estava me aguardando hoje no altar era o amor da minha vida e
me deu meu presente mais valioso, uma garotinha que me chama de mãe
todos os dias, que me mostra o amor mais puro do mundo. Simplesmente não
tem explicação, era para ser assim, estava escrito, jamais conseguiríamos
resistir a isso. Nunca acreditei em contos de fadas, mas eu sei que hoje
começa o meu felizes para sempre.
— Está pronta? — Ouço a voz do meu pai e me viro para a porta aberta
parcialmente, enxugo meus olhos, algumas lágrimas se formando pela
emoção de lembrar tudo o que vivi até aqui.
— Mais pronta impossível — falei sorrindo e ele entrou no aposento.
— Estou tão orgulhoso de você, minha princesa — disse e beijou minha
testa — Agora, vamos lá, que seu noivo parece que terá um ataque de nervos
se não a ver naquele altar nos próximos minutos — Ri e o deixei me conduzir
para fora do aposento em direção ao ar livre onde seria a cerimônia.
Conseguir que o casamento fosse no Oheka Castle, não foi difícil, a família
de Benjamin era extremamente influente na cidade de forma que todas as
portas se abriram e nosso casamento seria realizado em um dos locais mais
lindos de Nova Iorque. Enquanto seguíamos o caminho até onde todos
estavam, reparei em cada detalhe que conseguia perceber, tudo estava
perfeito, do jeito que deveria ser.
Quando chegamos, minha pequena nos aguardava junto à organizadora de
casamentos, os padrinhos e madrinhas já tinham entrado, olhei de relance e
sorri ao ver meu cunhado não conseguir tirar os olhos de Gabi, nas últimas
semanas pude perceber que se falaram bastante, mas minha amiga assegurou
que era apenas sobre organizar as melhores festas para mim e Ben, não me
preocuparia com isso agora, mas quando voltasse da minha viagem, ela iria
me explicar direitinho tudo isso.
A música mudou e soube que estava na minha hora, Rosie caminhou à
minha frente e meu pai entrelaçou nossos braços, apertei mais o buquê em
minha mão e começamos a caminhada até o altar. O percurso era um pouco
extenso, mas quando meus olhos focaram em Benjamin fiquei hipnotizada,
não consegui desviar daquele sorriso e intensidade enquanto me assistia
caminhar até ele, não fazia ideia do que ele estava pensando, mas minha
mente repassava cada momento que vivemos até aqui desde a primeira
reunião até o dia de ontem, quando me beijou pela última vez antes do
casamento, e sussurrou em meu ouvido o quanto me amava e que mal podia
esperar pelo dia de hoje.
Quando chegamos até ele, meu pai abraça Benjamin, e diz algo que não
consigo ouvir, beija minha testa e coloca minha mão sobre a de meu noivo.
— Sr. Bowman — disse sorrindo quando ele pega minha mão.
— Srta. Delacroix — brinca.
— É a última vez que me chamará assim
— Mal posso esperar — responde e beija minha testa.
A cerimônia é rápida como pedimos e logo está na hora de trocarmos
nossos votos, palavras escritas por nós para selar este momento, uma
confirmação de tudo o que já tínhamos prometido um ao outro, sinto seus
lábios em minha mão após deslizar a aliança no meu dedo, seu beijo era um
lembrete do que estava escrito no interior dos nosso anéis, Sempre teu,
Sempre minha, Sempre nosso, frase escrita por Ludwig van Beethoven em
uma de suas inúmeras cartas destinada à sua amada, e representava tudo o
que sentíamos um pelo outro, ele seria sempre meu e eu seria sempre dele, e
juntos construímos nossa família.
∞∞∞
— Amiga, que dança foi aquela? Parecia que Benjamin iria te possuir no
meio da pista de dança — Gabriella falou se aproximando junto de Samantha
de onde eu estava sentada. Após todas as danças de praxe, me sentia cansada,
mesmo assim o sorriso em meu rosto persistia.
— Se vocês soubessem as coisas que ele sussurrou em meu ouvido...
— Eu imagino, está estampado na sua cara — Sam comentou e nós rimos.
— Não sei se foi uma boa ideia ficar sem sexo — comentei, Benjamin não
era o único subindo pelas paredes, por mais que tivesse decidido isso, a
vontade de senti-lo dentro de mim era intensa.
— Não se preocupe, Mel, hoje você doma o touro.
— Mal posso esperar — falei piscando para ela e rimos novamente, estava
contando os minutos para poder ficar a sós com meu marido. O título me fez
sorrir, Benjamin era meu marido agora, eu era oficialmente a Sra. Bowman
— Mudando de assunto, o que está rolando entre você e o Anthony,
Gabriella? O que foi vocês dançando agarradinhos?
— Nada — respondeu rápido e balançando a cabeça.
— Sei, ele não tirou os olhos de você esse tempo todo.
— Quase todos os homens solteiros aqui estão babando em você, com esse
decote e essa fenda, você está de matar, mas tenho que concordar com a Mel,
ele não tirou os olhos de você.
— Como você disse, estou gostosa, talvez me dê bem hoje — comentou e
piscou para nós sorrindo — Agora tenho um apartamento inteiro para mim.
— Você não existe Gabi — Ela deu de ombros e sorriu.
Nesse momento senti uma mão tocar meu ombro e ergui meu olhar para
encarar meu marido.
— Olá, esposa — ele disse com a voz grave e eu sorri.
— Olá, marido.
— Com sede? Quer uma taça de champanhe? — perguntou me estendendo
uma taça.
— Muita — respondi e tomei o líquido quase de uma vez.
— Está pronta para irmos? — Me pegou pela mão, me puxando para ele.
— Já está na hora?
— Sim, cansei de dividir você com essa gente, sem ofensas — falou e
virou para minhas amigas que riram do comentário e balançaram a cabeça.
— Também o quero todinho para mim, vamos nos despedir.
Fomos até nossas famílias e os abraçamos, a despedida mais dolorosa foi
da minha filha, seriam apenas duas semanas, mas meu coração de mãe não
entendia isso, ela estava animada para os passeios que teria, meus sogros a
levariam a uma pequena viagem para distraí-la dos dias que passaria longe de
nós e depois ela se uniria a Benjamin e a mim. Meu marido e eu a beijamos,
abraçamos, fizemos uma série de recomendações, e depois de muitos
protestos dos meus sogros de que cuidariam bem dela a soltamos e
terminamos as despedidas.
Antes de sairmos, Charlotte me lembrou que eu tinha que jogar o buquê,
sorrindo com uma ideia em mente, olhei atentamente o grupo de mulheres
que se reuniu e me virei, balancei algumas vezes e joguei, me virando logo
em seguida e sorrindo quando vi que meu objetivo fora cumprido, nas mãos
de Gabi estavam as flores que eu tinha segurado há alguns momentos, minha
amiga me encarava incrédula e eu sorri soprando um beijo para ela.
— Nada sutil — Sam falou ao meu lado — Ela vai te matar.
— Bom, ela terá que esperar até eu voltar da minha lua de mel — respondi
rindo e me despedi da minha amiga mais uma vez. Benjamin entrelaçou
nossos dedos e deixamos o local sob uma chuva de palmas.
— Finalmente sozinhos — Ben disse no meu ouvido quando o motorista
da limusine deu partida para nos levar ao hotel que ficaríamos essa noite, e
amanhã iriamos para ilha privada que alugamos em Belize. Senti seus lábios
percorrem meu pescoço me causando arrepios, me virei para ele e o beijei, o
casamento e a festa foram incríveis, mas agora eu precisava do meu marido,
sentir nossos corpos unidos, pele contra pele.
A viagem até o hotel foi rápida e logo estávamos na nossa suíte
meticulosamente preparada para um casal em sua noite de núpcias, eu teria
amado explorar e ver cada detalhe, mas estava necessitada, então quando o
funcionário do hotel nos deixou não hesitei em tirar a gravata do smoking de
Benjamin e o puxá-lo para mim. Ele parecia estar tão ansioso quanto eu, pois
as peças de roupa que estava usando foram saindo uma a uma, até que ele
ficou apenas com a calça e a camisa e me virou para que pudesse me libertar
do meu vestido, mordi o lábio, ele não ia gostar nadinha do fecho da peça.
— Precisava escolher um vestido com tantos botões? — perguntou
bufando enquanto abria a enorme fila de botões de pérola que descia até
quase minha bunda.
— Não gostou?
— Muito, é o meu preferido, mas agora, preciso de você nua e estou muito
tentado a arrancar tudo isso.
— Nem pense nisso — falei, mas também estava impaciente.
Bem beijou meus ombros, enquanto seus dedos trabalhavam no vestido,
respirei fundo senti o tecido deslizar por meu corpo, logo me virando para
olhar para ele, que se afastou para olhar todo meu corpo.
— Poderia ficar olhando para você por toda a vida, está linda, meu amor
— Sorri com suas palavras, logo caminhando até ele e juntando nossas bocas,
o beijando de forma intensa enquanto minhas mãos se agarravam a seus
cabelos, bagunçando-os, do jeito que eu gostava, suas mãos percorreram meu
corpo em um aperto possessivo, senti sua ereção pressionando em mim e num
rápido movimento me pegou no colo, encaixando minhas pernas ao redor de
seu quadril e nos levou para a cama.
Me mexi buscando atrito, senti minha calcinha molhada, estava ansiando
por contato. Os lábios de Benjamin desceram pelo meu colo enquanto
retirava meu sutiã de renda branca que escolhi para a ocasião, quando a peça
se juntou às outras roupas no chão, seu lábios foram para os meus seios, sabia
o quanto ele gostava de brincar com eles, mas precisava dele dentro de mim,
e teríamos duas semanas inteiras para desfrutarmos um do outro, então
deslizei minhas mãos por seu peito puxando sua camisa, fazendo com que os
botões voassem pelo quarto, senti sua risada em meu pescoço quando voltou
a distribuir beijos por ali.
— Acho que alguém mudou de ideia sobre botões...
Sorri com seu comentário, percorrendo seu abdômen com minhas mãos,
mas eu precisava de mais, levantei de seu colo e o puxei para ficar em pé,
enquanto meus dedos trabalhavam para livrá-lo da calça, e rapidamente a
peça se juntou às outras, Ben me ergueu mais uma vez, me colocando na
cama e logo cobrindo meu corpo com o seu, fazendo uma trilha de beijos, dos
meus lábios até minha intimidade onde constata o quanto estou excitada.
Ele puxou minha calcinha junto com a cinta liga, me deixando
completamente nua, sorri para ele, que se abaixava e beijava minha entrada,
corri minhas mãos por seus cabelos enquanto ele me levava ao limite com sua
boca, ele sabia como me enlouquecer, deslizou dois dedos dentro de mim e
com a outra mão livre começou a brincar com meus seios, gemi sob seu
toque, arqueando o corpo em sua direção, eu estava quase lá, ele sabia,
acelerou seus movimentos até que me sentiu tremer quando desabei na cama,
respirando com dificuldade.
Ben se levantou retirando a cueca, ficando completamente nu e voltando a
se deitar sobre mim. Segurando sua ereção com a mão, senti seus lábios
procurarem os meus, me beijando ao mesmo tempo que me penetra, gemo ao
senti seu pau me invadir, e cruzo as pernas ao redor de seu quadril o forçando
a ir mais fundo. Nossos corpos se movimentam juntos, cada estocada mais
forte que a outra, senti a cama tremer enquanto Benjamin sussurrava em meu
ouvido, mas não me importei, nunca irei me cansar disso, mesmo quando
damos apenas uma rapidinha, escutar suas palavras enquanto ele me penetra
sempre me faz me perder.
Os sussurros se tornaram gemidos mais graves e soube que ele estava
próximo de sua libertação, eu também estava, seus movimentos se tornaram
mais frenéticos e empurrei meu quadril em sua direção. Quando o orgasmo
me atingiu como uma avalanche, gritei, enquanto apertava minhas mãos em
seus braços.
— Porra... — Minha libertação era o que ele precisava para um último
impulso e o senti se esvaziar dentro de mim, me enchendo até vazar. Nossos
corações batiam acelerados enquanto nos olhávamos ainda envoltos pela
nuvem de prazer. Respirando fundo, Ben me puxou para ele nos virando na
cama e ouvi seu suspiro de satisfação — Você tinha razão, isso foi intenso.
— Não falei? Nossa vida será bem melhor se concordar comigo — disse
me acomodando em seu peito.
— Ah é? Vai ser assim agora?
— Vai ser exatamente assim, meu amor — respondi e ele riu, beijando o
topo de minha cabeça — Gosto de ficar assim com você, como nossos corpos
se encaixam bem, não apenas no sexo.
— Eu sei, estou viciado em você, amo-a tanto que meu peito explode.
— E eu te amo infinitamente, Ben — Ele entrelaçou nossos dedos e os
ergueu, ficamos algum tempo admirando nossas alianças, o símbolo do nosso
compromisso de fazer um ao outro feliz por toda nossa vida.
Capítulo 44
Melissa Bowman

Estávamos há alguns dias na ilha e como prometido, Benjamin me possuiu


de todas as formas e em todos os lugares possíveis. Tinha certeza de que
voltaria para casa grávida, meu marido era muito bom no que fazia e quando
nos movimentávamos juntos, tudo parecia perfeito. Me joguei em uma
espreguiçadeira admirando a vista, meu marido realmente tinha se superado
ao escolher este local, tudo era lindo, e poderia viver aqui para sempre, apesar
de ser uma ilha isolada tinham muitas coisas para fazermos, claro, quando
nos afastávamos o suficiente das atividades sexuais para aproveitar tudo o
que a ilha nos proporcionava.
— Minha fortuna por seus pensamentos? — Sua voz chegou até mim e
sorri, logo senti seu corpo se juntar ao meu na espreguiçadeira.
— Estava pensando em como esse aqui é lindo, não poderia ter escolhido
lugar melhor para nossa lua de mel — Me virei e encarei seu rosto, ele estava
com os cabelos úmidos e tinha a barba por fazer, parecia completamente
relaxado e a vontade.
— Sou muito bom no que faço, sempre o melhor para você, meu amor,
meu objetivo de vida é mantê-la sempre sorrindo, e gemendo meu nome, é
claro.
— Você não presta.
— Presto para muitas coisas, pensei que tinha lhe mostrado todos esses
dias.
— Se continuarmos assim, talvez precise de uma prótese no quadril —
falei e ele riu afundando seu rosto em meu pescoço e distribuindo beijos por
ali, uma de suas mãos percorreu meu corpo parando em minha barriga e
esfregando levemente.
— Será que tem um bebê aí?
— Considerando tudo o que fizemos desde que chegamos, não duvido que
tenha um Bowman crescendo dentro de mim.
— Mal posso para esperar para vê-la grávida.
— Quero ver se vai continuar pensando assim quando eu estiver imensa e
sendo uma bomba relógio de hormônios pronta para explodir — comentei e
ele riu.
— Ainda sim, principalmente porque vou lembrar o que fizemos para
aquele bebê parar na sua barriga.
— Você não tem jeito mesmo — disse e me virei mais uma vez para ele
colando nossos lábios, a partir daí estávamos mais empenhados em fazer um
bebê do que falar dele.

∞∞∞
— Nem pensar, Ben, nós não vamos passar o dia todo na cama — falei
olhando para ele enquanto se acomodava mais nos lençóis, gloriosamente nu
— Quero aproveitar tudo o que tenho direito.
— Tem certeza? Estamos tão bem aqui — respondeu e eu ergui a
sobrancelha para ele — Tudo bem, vamos fazer o tal mergulho.
— Bom garoto, e quando voltarmos, o chefe vai ter preparado uma
refeição maravilhosa para nós.
— Estou contando com isso — Levantou-se da cama indo em direção ao
banheiro.
O mergulho com snorkel foi bem divertido, sempre gostei de estar na
natureza, quando era mais nova meu pai sempre levava Andrew e eu para
acampar, fazer trilha ou qualquer coisa ao ar livre, acho que ele só queria nos
afastar de minha mãe, mas sempre prezei muito por estes momentos.
Quando voltamos do passeio, o chefe já tinha nosso almoço pronto na
mesa da varanda. Comer admirando o mar cristalino era muito reconfortante,
uma sensação de plenitude e paz me encheu, só faltava minha princesa para
completar minha felicidade.
— Está tudo certo para seus pais trazerem a Rosie? — perguntei enquanto
provava a sobremesa de abacaxi, eu precisava aprender essa receita.
— Sim, meu amor, eles a deixam aqui e depois seguem para a viagem
deles, não precisa se preocupar.
— Eu sei, mas me preocupo mesmo assim, e admito que estou morrendo
de saudade dela. Ela vai amar isso aqui — falei suspirando, passar esses dias
com Ben tem sido fantástico, mas estava sentindo falta da minha princesa —
Isso é muito bom — raspei a taça com o doce.
— Estou percebendo — riu — E quanto à Rosie, eu também estou com
saudades dela, mas ela está se divertindo e logo estará conosco, além disso
vai ser bom esse tempo sozinhos, pois receio que quando voltarmos para casa
não será apenas nós dois por um longo tempo, principalmente vendo você
comer desse jeito — Piscou para mim, dando um meio sorriso.
— Ben! — exclamei, me fingindo de brava — Eu não comeria tanto se
você não me deixasse tão exausta. E isso não é coisa que se fale para uma
mulher!
— Você está linda, meu amor, sempre está, mesmo com esse cabelo
bagunçado — Estreitei meus olhos para ele, que por sua vez soltou uma
sonora gargalhada, levantando-se da cadeira e me jogando por sobre o ombro
em um rápido movimento, protestei batendo em suas costas, ao que ele
apenas me deu um tapa na bunda — Venha, esposa, deixe-me mostrá-la
como é perfeita — E seguiu me levando para o quarto.

Benjamin Bowman

Guardei a garrafa de água na geladeira e voltei para o quarto, parando na


soleira da porta para admirar minha esposa, que neste momento, ressonava
tranquila entre os lençóis bagunçados, eu sabia que estava nua por baixo, o
fino cobertor deixando suas pernas e parte dos seios exposta. Respirei fundo
quando meu pau começou a dar sinal de vida, calma amigão, precisamos de
um tempo, o que era bem difícil considerando o quão sexy Melissa era, mas
não se tratava de apenas sexo, era conexão, troca, amor, senti isso desde a
primeira vez que a tive, embora não quisesse admitir naquela época, não
havia palavras para descrever o quão maravilhoso era quando nossos corpos
se uniam.
— Isso é meio assustador, você em pé, parado, me encarando — Sua voz
sonolenta me tirou do meu transe momentâneo, olhei para ela e sorri.
— O que eu posso fazer? Não canso de admirá-la — falei me aproximando
e me deitando ao lado dela na cama.
— O que o acordou?
— Recebi uma mensagem, meus pais já estão a caminho com nossa filha.
— Isso é bom, vou deixar os cupcakes prontos.
— Não se esqueça do glitter e da coroa — comentei e ela riu, encarei seus
lábios e a puxei para um beijo — Bom dia!
— Bom dia, meu amor — respondeu passando a mão no meu cabelo —
Acho que você precisa de um corte de cabelo, talvez possamos ir ao salão
quando formos a cidade passear amanhã.
— Hum... Por que não corta você mesma?
— Acho que isso não vai dar certo.
— Você cortou o cabelo da Rosie.
— Foram só as pontas, acho que ficaria muito chateada se arruinasse seu
cabelo.
— Se importa tanto assim com meu cabelo?
— Não, mas não quero andar ao lado de um homem com cabelo arruinado
— falou arqueando uma sobrancelha e eu estreitei meus olhos — Não resisti,
você ficaria lindo até careca, mas para que arriscar não é mesmo? —
Continuou e levantou da cama me dando um beijo — Precisamos preparar
tudo para receber nossa filha.

∞∞∞
— Mamãe! Papai! — Rosie gritou assim que desceu da lancha e nos viu
parados na varanda da casa, sorri enquanto ela corria até nós e se jogava nos
braços de Melissa, que a encheu de beijos, logo minha pequena veio para
meu colo e minha esposa foi falar com meus pais — A gente passeou pelo
mar inteirinho, papai, é tão claro e deu para ver os peixes! — exclamou
animada, e eu ri, estava ansioso para aproveitar as novas descobertas dela.
— Eu sei, e iremos nadar com os peixes depois.
— Sério? Lá no fundo?
— Quase, mas você vai gostar, vamos lá falar com seus avós? — Ela
assentiu e eu fui até meus pais — Por que não entram um pouco?
— Não precisa, só viemos deixar essa princesa, vamos aproveitar a viagem
e partir, espero que se divirtam — minha mãe falou me dando um beijo na
bochecha.
— Vocês também — respondi apertando a mão do meu pai.
— Ah, com certeza iremos — meu pai disse piscando e eu congelei.
— Théo! — minha mãe o repreendeu e ele riu, balancei a cabeça afastando
os pensamentos da minha mente, imaginar meu pai e minha mãe... Não!
Urgh! — Tchau, meus queridos, divirtam-se e nos vemos em casa — Nos
despedimos mais uma vez e meus pais partiram.
— Seu pai é uma figura — Melissa comentou.
— Nem me fale — Revirei os olhos e ela riu.
— Mamãe! O papai falou que vamos nadar com os peixes — Rosie falou e
voltamos nossa atenção para ela.
— Vamos sim, está animada?
— Muito!
— E sabe o que mais tem? — Mel perguntou e minha filha inclinou a
cabeça curiosa — Cupcakes!
— Com glitter?
— Com muito glitter — respondeu e entramos na casa.
Depois de comer os cupcakes, minha filha resolveu explorar a casa, a cada
pequena descoberta, ou quando via a vista da ilha ela se empolgava, listando
tudo o que iria fazer e como estava animada, Melissa e eu só sorriamos
andando atrás dela.
O dia passou rápido entre as explorações de Rosie e o fuso horário minha
pequena adormeceu logo após o jantar, coloquei ela na cama e fui me juntar a
minha esposa na varanda, em uma das redes.
— Feliz? — perguntei enquanto me deitava junto com ela e a envolvia em
meus braços, sua cabeça repousando em meu peito.
— Como nunca pensei que seria, agora que nossa filha está aqui me sinto
completa.
— Sei como é esse sentimento — Depositei um beijo em seus cabelos —
Acho que nunca poderei agradecer o suficiente por ter você em minha vida,
eu achava que vivia, mas estava tendo apenas uma meia existência, eu a amo
tanto que chega a doer.
— Eu sei, tudo faz sentido agora, me sinto a mulher mais feliz do mundo, e
mal posso esperar pelos próximos anos, sei que nem sempre vai ser fácil, que
teremos desafios, mas me sinto pronta a enfrentá-los com você.
— E faremos isso, meu amor — respondi e a puxei para meus lábios.
Melissa se acomodou em cima de mim enquanto aprofundávamos o beijo,
deslizei minhas mãos por seu corpo, subindo seu vestido e revelando sua
bunda coberta apenas pela minúscula calcinha do biquíni, corri minhas mãos
pela base de sua coluna e a senti gemer em meus lábios. Quando o ar nos
faltou, ela se afastou sentando-se em meu colo e retirando minha camisa,
logo iniciando uma trilha de beijos pelo meu abdômen, quando chegou ao cós
da minha calça, ergueu o olhar para mim e sorriu, puxando para baixo, e foi a
minha vez de sorrir quando ela se deparou com minha ereção, pronta para
entrar fundo nela.
— Sem cueca? — perguntou surpresa e eu pisquei para ela, antes de senti
seus lábios descerem para meu membro.
Melissa adorava fazer isso, beijar toda a minha extensão, massagear
minhas bolas, antes de enfiar meu pau em sua boca, me levando a loucura
com seus lábios, por estarmos na rede era um pouco desconfortável, mas isso
não impediu minha esposa de me chupar como se fosse o picolé mais gostoso
do mundo, mas antes que pudesse gozar em sua boca a afastei e nos virei,
retirando seu vestido e puxando os laços de sua calcinha. Ela estava
completamente nua e acariciei seu clitóris inchado, enquanto devorava sua
boca, ela estava molhada para mim, com mais algumas carícias, deslizei meu
membro em seu interior, gemendo quando me acomodei todo.
Tive que controlar meus impulsos para não balançar a rede demais e
acabarmos caindo, mas estar dentro de Melissa naquela varanda, sob as
estrelas e tendo o barulho das ondas nos envolvendo, não havia sensação
melhor do que aquela, e quando gozamos juntos e nossos gemidos se
misturaram com a natureza, tive certeza de que aquele era um dos momentos
mais perfeitos da minha vida.
Capítulo 45
Melissa Bowman

Seguro a mesa com força enquanto minha visão escurece, fecho os olhos e
me reclino na cadeira, esperando a tontura passar, respiro fundo, era a terceira
vez essa semana.
— De novo? — Samantha perguntou enquanto eu me recuperava — Vai
continuar fingindo até quando que não está grávida?
— Só quero ter um pouco mais de certeza.
— Mais do que os enjoos, as tonturas e a menstruação atrasada? —
perguntou arqueando uma sobrancelha, suspirei me dando por vencida.
— Tudo bem, eu vou fazer o exame.
— Finalmente — respondeu levantando os braços, mas conteve a emoção
quando viu meu rosto — O que foi? Pensei que era isso o que queriam...
— E é! Eu quero muito outro filho dele, mas e se for alarme falso?
— Mel! Olha todos os seus sintomas, é óbvio que está grávida, além disso
pelo que me contou, você e o Ben estão muito empenhados em fazer um bebê
— ela comentou e eu assenti sorrindo, isso era verdade, desde o casamento
temos sido bem ativos na cama — Não sei como ele não percebeu, não é
possível que só tenha sintomas aqui na empresa.
— Eu disfarço muito bem, mas você tem razão, eu preciso fazer esse
exame, não sei se aguento mais essa incerteza, além disso preciso dar um
jeito na cara do Ben toda vez que me vê saindo do banheiro, parece criança
quando quer saber se vai ganhar o brinquedo que pediu — falei rindo, me
lembrando dele esta manhã, com os olhos arregalados e expectantes — Ele
não fala nada, não quer me pressionar, mas sei que fica ansioso à medida que
as semanas passam.
— Não sei se já me acostumei com esse Benjamin.
— Ele realmente mudou muito, mas continua sendo um idiota às vezes,
mas ainda assim, continuo perdidamente apaixonada — falei enquanto
fechava meu macbook — Vamos ver se tem horário disponível para eu fazer
um exame.
— Não vai fazer um daqueles testes de farmácia?
— Não, prefiro o exame de sangue, vai me dar mais certeza.
— Você está fazendo isso só para me deixar mais ansiosa, não é? —
Samantha falou e eu pisquei para ela, pegando meu celular e discando para
minha médica.
— Não é pessoal, é que as vezes não consigo acreditar, eu sei que não
fizemos nada para prevenir uma gravidez, mas tantos casais demoram anos
para conseguir um bebê e se meus cálculos estiverem corretos, Ben e eu
fizemos esse pequenino praticamente em nossa primeira tentativa.
— Bom, algumas pessoas são mais férteis do que outras...
— Mas e você e o Rob? Não pensam em filhos?
— Pensamos, mas não quero trazer uma criança ao mundo enquanto os
pais dele não me respeitarem como eu sou, não quero que meu filho fique
escutando o quanto a mãe dele é imprópria, e de qualquer forma vou ter meu
afilhado em breve, então...
— Hum... Ben e eu não conversamos sobre isso ainda e...
— Nem começa, você sabe que Robert e eu somos os mais qualificados,
quem mais seria? Anthony? Gabi? No dia que aqueles dois tomarem juízo a
gente conversa sobre a possibilidade de eles serem os padrinhos, até lá, liga
logo para essa médica e marca esse exame, pelo amor de deus! — falou
exasperada e eu ri.
Para minha sorte, a clínica tinha um horário vago na hora do almoço e o
resultado poderia ser entregue no final do dia, o que seria perfeito, pois sairia
para comer com Samantha, e como Ben tinha uma reunião até mais tarde
poderia pegar o resultado a caminho de buscar Rosalyn na escola. Resolvi
ligar para Gabriella e contar sobre minhas suspeitas, pois se soubesse que
tinha ficado de fora, iria surtar, quando soube que eu iria fazer o exame,
minha amiga imediatamente trocou seu horário de almoço com outra médica
e veio nos acompanhar.
— Por que você não me contou que estava tendo sintomas? Por que sou a
última a saber? — Gabi perguntou estridente enquanto aguardávamos minha
vez.
— Porque queria ter certeza, e a Sam só sabe pois passei mal algumas
vezes na frente dela — respondi, encarando minha amiga — Mas você não
pode falar nada, estamos até agora sem saber o que aconteceu entre você e o
Anthony.
— Não aconteceu nada.
— Então por que está fugindo de nós? — Samantha perguntou.
— Não estou fugindo, só estou trabalhando muito, assumir o departamento
de pediatria não é tarefa fácil.
— Oh meu Deus! — exclamei — Você é a chefe agora? Quando isso
aconteceu?
— Tem algumas semanas, você estava na lua de mel ainda.
— Mas eu estava aqui, por que não me contou? — Sam falou indignada.
— Não é grande coisa.
— Assumir um departamento importante como esse no maior hospital da
cidade não é grande coisa?
— Tudo bem, é muito importante, eu só... Bom, estive ocupada.
— Sei... Vamos rever esses compromissos, suas amigas precisam saber
como está, ainda mais que não moramos mais juntas — falei pegando a mão
dela — Nos preocupamos com você, sabe que pode nos contar tudo.
— Eu sei, só estou colocando minha vida em ordem.
— E isso envolve um certo irmão Bowman?
— Não comecem, já disse que não tem nada acontecendo — Gabi falou,
mas antes que pudesse protestar, chamaram meu nome.
Fui até a sala da minha médica, que colheu meu sangue para análise, não
pude deixar de tremer um pouco, mas tentei me controlar, hoje eu saberia se
minha família iria aumentar ou não, apesar de que, tudo indicava que Rosie
teria seu tão sonhado bebezinho. Sorri ao imaginar a reação dela, precisava
fazer algo que a surpreendesse e ao meu marido.
— Bom, agora é esperar — falei quando sai do consultório e as duas me
olharam — Eu sei que o resultado não saiu, mas como Samantha disse, as
probabilidades estão a meu favor, quero passar em um lugar depois do
almoço, preciso surpreender duas pessoas — Elas me olharam sorrindo e
assentiram, estava empolgada e com medo de não ser real, de qualquer forma
iria em frente com o plano.

∞∞∞
— Demorou no almoço com as meninas hoje. Se divertiu? — Benjamin
falou me abraçando por trás, afastando meu cabelo e depositando um beijo no
meu pescoço — Tinham muita coisa para colocar em dia?
— Você não faz ideia, ainda não consegui descobrir sobre a Gabi e seu
irmão — Suspirei quando ele deu uma mordida no lóbulo da minha orelha —
Ben! A gente não embaçou os vidros.
— Quem se importa? Todos sabem que somos casados, além disso a
empresa é nossa.
— É sua empresa! E falando nisso...
— Já disse que não concordo — falou me soltando, tocar nesse assunto
sempre deixava ele de mau humor — Eu preciso de você aqui.
— Mas não fica bem sermos casados e você ser o meu chefe.
— Isso não é um problema, sabemos separar muito bem os dois lados,
além disso sei que não vou encontrar ninguém capaz de te substituir. Eu
gosto de ter você aqui comigo.
— Talvez você precise me substituir alguma hora.
— Por que está dizendo isso?
— Nada não — respondi beijando sua boca — Por enquanto continuo aqui,
mas esse assunto não terminou.
— Terminou sim, somos casados, Mel, e por mais que não queira aceitar, a
empresa é sua também, preciso de você ao meu lado, preciso que trabalhemos
juntos para ela crescer, não quero fazer isso sozinho, não mais — Olhei em
seus olhos e o que vi ali me desarmou, entendi o impacto de suas palavras,
suspirei e voltei para os braços dele, o beijando novamente, dessa vez foi de
verdade, nossas línguas travavam uma batalha enquanto invadiam a boca um
do outro, nem ligamos se todos da empresa podiam ver.
— Tudo bem, eu continuo, mas se sentir que as coisas estão saindo do
controle, eu saio.
— Sempre com a última palavra, não é mesmo, Sra. Bowman?
— Sempre, Sr. Bowman, achei que já estava acostumado — respondi e ele
sorriu me dando um último beijo antes de ir para a reunião.
— Vejo você em casa.
— Te vejo lá — Com uma surpresa eu espero, pensei comigo mesma
enquanto tocava meu ventre. Mais algumas horas e eu saberia.

∞∞∞
Respirei fundo enquanto segurava o papel, já tinha lido o conteúdo meia
dúzia de vezes, e a médica havia me confirmado mais algumas, mas ainda
custava a acreditar, estava grávida, realmente tinha um bebezinho crescendo
dentro de mim, um filho meu e do Ben, um irmãozinho ou irmãzinha para
minha filha, deixei algumas lágrimas caírem, enquanto tocava minha barriga,
era mais um sonho que se tornava realidade, mais uma prova de que todas
aquelas palavras que minha mãe dizia não eram verdade, por mais que o
nosso relacionamento tenha melhorado, não foi fácil esquecer todas as
acusações que ela me fez. Limpei meu rosto e tentei me acalmar, precisava
me manter neutra ou estragaria a surpresa.
— Mamãe! — minha pequena falou quando a inspetora abriu a porta do
carro a colocando na cadeirinha.
— Oi, meu amor. Como foi a aula?
— Tivemos aula de artes hoje, e eu desenhei nossa família, olha — falou
me mostrando o papel que estava em sua mão — Esse maior é o papai e ele
está segurando minha mão, e essa é você, e na sua barriga tem um bebezinho
— Olhei atenta o desenho e sorri ao ver um círculo onde deveria ser um traço
reto — Essa noite eu sonhei que você tinha um bebê na sua barriga, você
tem? — Mordi os lábios, segurando a emoção, as crianças são mesmo
especiais.
— Quem sabe? Ficou lindo, princesa, podemos colocar no quadro quando
chegarmos em casa.
— Sim! Assim podemos olhar todo dia e ver se já tem um bebê na sua
barriga — Mordi o lábio mais uma vez antes que pudesse soltar a notícia,
queria que tudo fosse perfeito.
— Combinado — respondi e guiei o carro pela rodovia. Nossa casa tinha
ficado pronta logo que voltamos da lua de mel, e era do jeitinho que
planejamos, apesar de demorarmos mais para chegar ao trabalho e à escola de
Rosalyn, era melhor para nossa família ter mais espaço, ainda mais com a
nova adição crescendo em meu ventre, embora tivesse sido corrido, ver a
alegria da minha filha ao entrar em seu novo quarto e ver como ficou, não
teve preço, foi o projeto mais gratificante e especial que já fiz.
Quando chegamos em casa tentei manter nossa rotina normal, ajudei Rosie
com o banho, com os deveres de casa, brinquei com ela e fui fazer nosso
jantar, geralmente Lena nos ajudava com isso, ela era praticamente da família
e Ben e eu decidimos mantê-la conosco, o que se mostrava muito valioso
quando estávamos envolvidos em projetos, mas hoje queria fazer algo
especial, então quando meu marido chegou em casa, a mesa já estava posta e
eu ansiosa para contar a novidade.
Durante todo o jantar Benjamin me olhava curioso, não sei se ele estava
desconfiando de algo, mas quando recusei o vinho optando pelo mesmo suco
que nossa filha tomava, seus olhos se estreitaram e um leve sorriso apareceu
em seus lábios. Assim que terminamos de comer, voltei para a cozinha e
busquei a surpresa, eram dois cupcakes, o da minha pequena era rosa com a
frase “promovida a irmã mais velha” no topo, o do meu marido era azul, e
estava escrito “prepara o bolso que estou chegando”, além disso peguei o
desenho que Rosie fez na escola e que tinha colocado em um quadro, e voltei
para a sala de jantar. Olhei para meus amores, e coloquei as caixas fechadas
com os cupcakes na frente de cada um.
— Bom, preparei uma surpresa para vocês e Rosie me ajudou com esse
desenho aqui também, filha, hoje você perguntou para a mamãe uma coisa, a
resposta está na sua caixa, quando eu contar até três você e o papai podem
abrir — Olhei para eles sentados lado a lado — Um, dois, três... — Prendi a
respiração enquanto eles abriam a caixa.
— Cupcakes! — Rosalyn gritou quando seu bolinho cor de rosa foi
revelado, sorri para ela e voltei meus olhos para Benjamin que encarava o seu
chocado, percebi que ele engoliu em seco e olhou o cupcake da filha, então
voltou seu olhar para mim, ainda perplexo — O que está escrito, mamãe?
— Está escrito que você foi promovida a irmã mais velha, isso quer dizer
que tem um bebezinho na barriga da mamãe, igual no seu desenho —
respondi e minha pequena pulou da cadeira, vindo ao meu encontro, gritando
de felicidade.
— Puta merda! — Ben exclamou — I-isso é real? — perguntou olhando
para mim e eu assenti, ainda com Rosie agarrada à minha cintura.
— Sim, meu amor, isso é real, não somos mais apenas nós três — respondi
o encarando e de repente seus braços estavam me envolvendo apertando
nossa menina no meio, seus lábios tomaram minha boca, me beijando
apaixonadamente, eu poderia ter sido absorvida pelo beijo se não sentisse os
lábios de minha princesa em minha barriga, essa cena poderia ser uma das
mais lindas, não havia palavras para descrever minha felicidade.
— Ta apertando, papai — Rosie disse por fim e nos separamos — A gente
tem que ter cuidado com meu irmãozinho — Sorri para minha filha, a cada
dia ela me surpreendia mais.
— Tem razão filha, a gente tem que cuidar muito bem da mamãe — Ben
falou e para acabar de vez com meu controle, se abaixou e beijou minha
barriga ainda plana — E nós vamos cuidar muito bem de você — Senti uma
lágrima descer e logo ser secada por meu marido — Quando descobriu?
— Hoje mais cedo, fiz o exame na hora do almoço e peguei o resultado
quando fui buscar a Rosie.
— Por que não me contou?
— Não queria criar muitas expectativas, mas Samantha me convenceu...
— Como ela soube antes de mim?
— Ela percebeu meus sintomas e deduziu.
— Agora me sinto um idiota, como não percebi?
— Está tudo bem, eu conseguia disfarçar, mas agora você sabe.
— Já fez alguma consulta?
— Ainda não, queria que fosse comigo, ver nosso filho ou filha pela
primeira vez.
— Obrigado por isso.
— Feliz?
— Mais do que poderia imaginar — respondeu e uniu nossos lábios mais
uma vez.
— É menina ou menino, mamãe? — Rosie perguntou com a boca suja de
cupcake, nossa pequena tinha devorado seu bolinho enquanto Ben e eu
tínhamos nosso momento.
— Ainda não dá para saber, princesa, mas podemos ouvir o coração dele
ou dela, quer ir com a mamãe e o papai?
— Sim! — Sorri com sua animação.
— Você me faz o homem mais feliz do mundo, obrigado por ser minha
esposa, por ter aceitado ser a mãe da Rosie e agora por gerar nosso filho.
— Eu te amo, e obrigada por tornar meus sonhos realidade.
— Nossos sonhos, que eu nem sabia que tinha — ele disse e passou os
braços pela minha cintura — E mais tarde irei lhe mostrar o quanto estou
feliz com isso.
— Mal posso esperar — Pisquei para ele e fui em direção à minha filha.
O resto da noite foi de comemoração, ficamos um tempo na varanda,
observando as estrelas e após colocarmos Rosie na cama, me joguei nos
braços do meu marido e fizemos amor até os primeiros raios de sol
iluminarem nosso quarto, e quando terminamos, e ele me abraçou por trás
acariciando meu ventre e sussurrando o quanto me amava e estava feliz eu
me senti completa e realizada, tinha minha carreira, minha família, meu
marido, minha filha dormia no quarto ao lado, e meu bebê crescia dentro de
mim seguro e quentinho, não precisava de mais nada, tudo o que viesse
depois seria um complemento maravilhoso.
Epílogo

Seis Anos Depois...

Olho os porta-retratos em minha mesa, lembro-me da época em que tinha


apenas um, hoje são quatro, o de minha pequena, que não é mais tão pequena
assim, fora substituído por uma fotografia mais atual, na sua primeira
apresentação solo de balé, em um grande evento, o tempo passa rápido,
minha primogênita já tem dez anos.
Ao lado dela está a foto com meus meninos, Melissa e eu em nossa
primeira tentativa fizemos gêmeos, a surpresa quando descobrimos naquele
primeiro ultrassom, e o medo com a possibilidade de não darmos conta, mas
no final tudo deu certo, e James e Elliot se juntaram à nossa família, meus
meninos travessos com seus quase seis anos, enchem a casa de alegria, eles
são uma cópia fiel de mim, os mesmos cabelos pretos, os mesmos olhos
azuis, o formato da boca, tudo, sorrio, lembro que minha esposa comentou
que não era justo, ela os carregou por quase nove meses, aguentou um duro
trabalho de parto para eles serem a minha cara.
Mas ela teve sua revanche, passo para o próximo porta-retrato, minha
caçulinha, nossa pequena Lilly, a tão sonhada irmã que Rosie tanto pediu, se
os meninos se parecem comigo, ela é igualzinha à Melissa, cor dos olhos, do
cabelo, até a personalidade, chegou para completar nossa família. Na última
fotografia está a razão de tudo isso, Melissa e eu no nosso casamento, um dia
que jamais esquecerei.
Suspiro, a vida tem sido bela, não vou dizer que Melissa e eu não brigamos
durante esses anos, porque seria mentira, todo casal briga, se desentende, mas
nosso amor sempre fala mais alto, ela me faz imensamente feliz. Lembro que
uma de nossas brigas foi sobre a história de Rosalyn, não queria que minha
filha soubesse de nada, mas como apontado por minha esposa, a história não
era um segredo, e ela poderia descobrir por conta própria, melhor saber por
nós mesmos, então no ano passado contamos tudo e a levamos ao cemitério
onde Genevive estava enterrada, diferente do que eu preveria minha menina
não ficou triste, colocou flores no túmulo e decidiu que não queria mais
voltar, que ela já tinha uma mãe, a melhor do mundo, também não fez
questão de conhecer os avós maternos, afinal eles nunca se interessaram por
ela, e como ela mesma disse, já tinha avós, até mesmo a mãe de Melissa, que
nos últimos anos se aproximou da filha e se tornou uma presença em nossa
casa algumas vezes ao ano. Lembro que naquele dia Rosie e Mel ficaram
horas conversando e passaram o dia todo juntas, era lindo de ver como a
cumplicidade delas, o amor e o companheirismo cresceram com os anos, as
duas são melhores amigas.
Eu aproveitei a ida, e me despedi de Genevive oficialmente, era uma coisa
que já planejava fazer, não sentia mais raiva ou revolta, Melissa fez todos
esses sentimentos irem embora, então quando me abaixei na lápide, eu
agradeci. Agradeci a filha maravilhosa que tinha e como sofrer por ela me fez
esperar pela pessoa certa, e como Rosalyn, coloquei as flores e fui embora,
deixando aquele pedaço do meu passado onde deveria ficar, para trás.
Recosto-me na cadeira, enquanto as lembranças dos últimos anos me
invadem, mas sou interrompido pelo barulho de um novo e-mail.
Interessante, parece que o príncipe Khalil deseja um novo empreendimento, e
exige especificamente trabalhar com Melissa, sorrio, o homem parece ainda
não ter superado o fora de alguns anos atrás, ainda lembro do presente de
casamento exagerado que deu à minha esposa, mas tirando isso, ele não tem
nos causado problemas.
Nesses últimos anos, expandimos a divisão de arquitetura e projetos da
Bowman, minha empresa conta com os melhores arquitetos que o mercado
possui, todos chefiados e coordenados por Melissa, que vem fazendo um
brilhante trabalho, inclusive, ganhando prémios de destaque nos últimos três
anos.
— Que cara é essa? — Viro-me ao som de sua voz na porta de ligação
entre nossos escritórios. Assim que voltamos da lua de mel foi uma das
mudanças que fiz, agora a sala dela era ao lado da minha, com uma porta que
costumávamos deixar aberta quando não estávamos em reuniões.
— Você precisa ver esse e-mail — falei e gesticulei para que se
aproximasse, a observei enquanto caminhava até mim, minha esposa
continuava absurdamente gostosa, e arrancando olhares por onde andava, a
maternidade a havia deixado com curvas ainda mais lindas. Abri espaço para
ela se sentar em meu colo, seu corpo se acomodando perfeitamente em meus
braços.
— Isso só pode ser brincadeira, ele quer mesmo um hotel em forma de
pássaro? — perguntou incrédula depois de ler o e-mail — Como é que a
gente vai fazer isso?
— Tenho certeza de que vai descobrir, meu amor — respondi, afastando
seus cabelos e beijando seu pescoço, a sentindo arrepiar.
— Ben! A sala... — Interrompeu sua fala soltando um gemido quando eu
mordisquei o lóbulo de sua orelha, não importa quanto tempo se passou eu
ainda sabia como deixar minha esposa sem falas.
— Como se isso fosse um problema, desde aquela vez...
— Nem me lembre, não sabia onde enfiar a minha cara depois daquilo,
além do mais a culpa foi sua — falou se virando no meu colo, colocando uma
perna de cada lado da minha cintura e apertando o botão.
— Minha?
— Sim, quem mandou me comer tão vorazmente em cima da mesa que
sem querer apertamos o botão e desembaçamos o vidro? A pobre Anna ficou
mortificada — Ri com a boca em seu pescoço, me recordando do acontecido,
Melissa ficou mais vermelha do que um pimentão, dizendo que não faríamos
mais isso na sala, não durou nem dois dias, e já estávamos nos amando na
minha mesa novamente, mas somos mais cuidadosos agora, não gosto de
pensar em outras pessoas a vendo chegar ao êxtase.
— Sou muito bom no que faço — respondi devorando seus lábios.
— Eu sei que é, seus filhos são a prova disso, não temos nenhum registro
de gêmeos na família, e na nossa primeira tentativa recebemos aqueles dois.
— Mas foi a melhor coisa, ainda sinto falta dos seus seios enormes.
— Ben!
— O que? Não pode me culpar, ainda mais que você vivia desfilando com
eles pela casa, fiquei até com ciúmes dos meus próprios filhos pendurados
nos seus seios o dia todo.
— Gulosos igual o pai. Eu juro que me sentia uma vaca leiteira quando
estava amamentando aqueles dois — comentou rindo.
— E quando a gente estava naquela reunião online e você quase deixou
seus seios aparecerem?
— Nem me lembre, pensei que fosse morrer de vergonha, mas não podia
deixar nossos filhos com fome, não é? Ainda bem que com a Lilly foi mais
fácil.
— Depois dos nossos meninos, tudo ia ser um pedaço de bolo. O que me
lembra...
— Nem pensar Ben, nós já conversamos, não vamos ter mais filhos, quatro
é mais do que suficiente.
— Não me importaria de ter mais miniaturas suas correndo por aí.
— Não adianta, não vou cair nesse papo novamente, as crianças dão
trabalho, principalmente seus meninos.
— Agora eles são só meus? — perguntei divertido.
— Com eles minha participação foi mínima. Não sei como Lena não pediu
demissão — comentou e eu assenti. Lena ainda nos ajudava em casa, claro
que contratamos mais gente, quatro crianças, Melissa e eu trabalhando, mas
tem funcionado para nossa família, apesar de os gêmeos testarem nossa
paciência de vez em quando, minha mãe diz que foi o universo me
presenteando por todo trabalho que dei a ela — Ela é um anjo.
— Definitivamente.
— Falando em crianças, hoje temos que sair mais cedo.
— Temos?
— Benjamin Bowman! Não acredito que se esqueceu do aniversário do seu
sobrinho — repreendeu me encarando séria e eu ri, para logo em seguida
receber um tapa no braço de minha esposa — Não tem graça.
— Desculpe, não resisti, é claro que lembro do aniversário dele, não tem
como não lembrar com todos aqueles avisos.
— Acho bom mesmo, sua mãe está tão animada, não é sempre que ela
consegue juntar toda a família.
— Um ônus de ter todos os filhos adultos e fora de casa.
— Ainda bem que os nossos são pequenos, não quero nem imaginar eles
longe.
— Bom, eu sei de um jeito de você não pensar nisso — Falei deslizando
minhas mãos por suas pernas.
— Ah, é mesmo?
— É mesmo, e temos ainda duas horas antes do batalhão chegar para o
almoço, e pretendo passar cada minuto desfrutando de minha esposa.
— E está esperando o que, Sr. Bowman? — perguntou arqueando uma
sobrancelha e acariciando meu pau por cima da calça.
— Nada — respondi e puxei seus lábios em direção aos meus.

∞∞∞
— As crianças chegaram, Sr. e Sra. Bowman — A voz de Ana soou no
dispositivo em minha mesa.
— Obrigado, Ana, já estamos indo — respondi terminando de me
recompor.
— Não acredito que ficamos aqui por quase duas horas — Melissa falou
saindo do banheiro. O que vão pensar?
— Depois de seis anos, Ana já está acostumada.
— Você deveria dar o exemplo.
— Ah, mas eu dou, um ótimo exemplo de como manter a esposa sempre
satisfeita — falei piscando para ela.
— E você faz isso maravilhosamente bem — respondeu e meu beijou —
Vamos, marido, nossos filhos nos esperam.
Quando saímos da sala, sorrimos da cena diante de nós, era incrível como
eu ainda me sentia maravilhado ao ver minhas preciosidades. Sentadas em
um dos sofás estavam Rosie e Lilly, minha primogênita lia para a irmã mais
nova, desde que minha caçula nasceu era assim, Rosalyn fazia questão de
sempre estar perto, ajudando em tudo, com os meninos também foi
prestativa, mas ela era mais nova e não havia como negar que minhas
princesas tinham uma ligação especial. Meus gêmeos no auge dos seus quase
seis anos, por algum milagre estavam sentados no chão brincando com o que
parecia um jogo de tabuleiro, eu fazia questão de sempre ter brinquedos para
eles aqui na empresa, afinal, cresceram nessas salas, sempre acompanhando
Melissa e eu.
Ao nos virem, levantaram-se correndo e vieram até nós, eram momentos
assim que eu guardava na memória, não importava quanto trabalho tínhamos,
ou viagens que fazíamos, nossa família sempre vinha em primeiro lugar.
— Mãe! — Rosie falou ao se aproximar de Melissa com um envelope nas
mãos — Recebi o convite para o aniversário do Lucas, precisamos comprar
um presente bem legal.
— Que ótimo, meu amor, vai ser na casa dele mesmo?
— Não, na casa de praia, perto da nossa, eu posso passar o final de semana
lá, ia ser tão legal, a mãe dele já deixou e disse que ia falar com vocês...
— Nem pensar! — Me pronunciei, interrompendo aquela conversa, minha
filha em um final de semana com o Lucas? De jeito nenhum permitiria isso.
— Mas, pai!
— Ben! — Melissa e minha filha protestaram juntas.
— Você pode ir à festa, mas um final de semana já é demais — falei e
Rosie me olhou triste.
— Nós vamos conversar, certo? Verificar com os pais do Lucas primeiro
— minha esposa falou conciliadora e minha filha abriu um sorriso
assentindo.
— Não gostei disso — disse no ouvido dela.
— São apenas crianças, Ben, mas vamos conversar sobre isso mais tarde.
— Ainda não gosto disso — Balancei a cabeça, pegando Lilly no colo — E
você pequena, foi divertido na escola hoje? — perguntei para minha
caçulinha.
— Sim! A gente assistiu o filme da Bela, foi tão legal, papai, podemos
comer bugues?
— Eu também quero hambúrguer! Aquele que vem com o brinquedo —
James falou e Elliot acenou concordando — Olhei para Melissa e ela estava
tentando esconder a risada, não importava quantos filhos tivéssemos todos
eles pareciam ter herdado a vontade de comer porcarias, principalmente
hambúrgueres.
— Isso! Eu também quero, por favor — Rosalyn concordou com os
irmãos.
— Bom, como hoje é sexta, acho que podemos abrir uma exceção — falei
e meus filhos se olharam sorrindo e comemoraram, tinha sido tudo
combinado entre os pestinhas.
— Eles te enrolaram direitinho — Melissa sussurrou em meu ouvido
divertida, logo pegando as mãos dos meninos.
— Fazer o que? Eu tenho coração mole — respondi e fomos em direção
aos elevadores — Além disso, amo fazê-los felizes.
— E você faz, todos os dias — disse e me beijou antes que as portas do
elevador se abrissem e fosse aproveitar um almoço com minha família.
Os últimos seis anos tinham sido inesquecíveis e maravilhosos, mas mal
podia esperar pelos próximos inevitáveis e irresistíveis anos.

FIM
Notas da Autora

Oi! Você chegou até aqui, muito obrigada! É uma honra fazer parte do
seu “Lidos do Ano” Se você gostou, por favor, deixe sua avaliação,
comentário ou estrelinha na página da Amazon, é muito importante e me
ajuda a publicar cada vez mais e alcançar novos leitores, isso quer dizer que
teremos Livro II em breve com a história de Anthony e Gabriella.

Caso tenha encontrado algum errinho de digitação, mil perdões, trabalhei


ao máximo para que isso não ocorresse, mas se aconteceu, por favor, me
avise para que corrija.

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Proibida cópia total. Cópia parcial apenas para resenhas. Versão das
Parceiras. Todos os direitos reservados. License: All rights reserved.
Agradecimentos

Aquela emoção de publicar pela primeira vez, ainda não acredito que
finalmente meu sonho saiu do papel (ou do word) e foi para os dispositivos
de vocês. 2021 chegou cheio de novidades para mim, mudança, novos
desafios e claro finalmente minha história ganhando vida.
Quero agradecer aos meus pais pois eles sempre me incentivaram a ler e
por causa disso comecei a escrever, no começo eram apenas fanfics até que
uma noite Ben e Mel me contaram sua história e eu obedientemente a escrevi.
Minhas amigas maravilhosas, por serem as primeiras a lerem e me
incentivarem a continuar sempre, Ester, Ana, Iara, Jeysi e Rafa, vocês são
incríveis, obrigada pelas revisões de cenas e apoio, esse livro não teria saído
sem vocês. Minha capista incrível que conseguiu captar a intensidade dos
nossos protagonistas em uma capa de tirar o fôlego.
E claro você, que tirou um tempinho do seu dia para ler esse romance,
meu muito obrigada!

Até o próximo Livro...


Inevitável | Irmãos Bowman – Livro II

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