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Bella Jewel
#2 Wild Child
Série sem nome (livros independentes)

Tradução Mecânica: Bianca Z.

Revisão: Sil

Leitura: Dani

Data: 06/2017

Wild Child Copyright © 2017 Bella Jewel

~2~
SINOPSE
Cansada de viver na cidade, Rachel finalmente aceita uma nova
proposta de trabalho dos seus sonhos, e se muda para começar uma
nova vida em Colorado Springs. Ela tinha desistido dos homens e não
fica muito feliz quando descobre que seu vizinho não é apenas um
homem muito bonito, mas um homem muito chocante e arrogante.

Um homem que, no começo, a deixa absolutamente louca com


sua atitude grosseira. Determinada a não se deixar afetar, Rachel
desencadeia seu espírito selvagem em seu vizinho pobre e desavisado, e
um fogo é aceso entre eles.

Ela rapidamente percebe que ele é um homem com segredos. Um


homem com um passado sombrio. Um homem que a deixa
absolutamente louca até o ponto de não voltar. Mas ela não consegue
ficar longe dele. Sua curiosidade só aumenta e seu espírito selvagem os
leva a insanidade mais de uma vez.

E traz uma paixão para a vida que nenhum deles estava


esperando.

* Wild Child é um romance curto e autônomo. Ele contém


temas para adultos. *

Eu espero que você aprecie este romance curto, mas totalmente


“sexy”! Obrigada pela leitura. Acho que todos vocês vão adorar
Slade e Rachel tanto quanto eu quando os escrevi. Divirta-se.

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A Série

~4~
Prólogo
— Eu não posso acreditar que você está realmente fazendo isso,
você está saindo, — minha melhor amiga, Lara, diz, seus olhos nos
meus, sua expressão triste.

Eu chego mais perto, tentando segurar as lágrimas que entopem


minha garganta e puxo Lara para outro abraço, agarrando-a tão
firmemente como eu posso, trazendo-a perto, mesmo que nossos corpos
já estejam esmagados juntos. — Eu sei, ainda não tenho certeza se
estou pronta. — eu digo, recuando e balançando os olhos enquanto
uma lágrima insistente escapa e escorre pela minha bochecha.

— Não é tão longe. — diz Lara, seus próprios olhos vidrados e


vermelhos. Ela está tentando me fazer sentir melhor, eu sei disso, mas
ela parece tão devastada quanto eu, pelo fato de que, pela primeira vez
em toda a eternidade, estaremos separadas.

— Não, realmente não é. — eu aceno, tentando me tranquilizar de


que estou fazendo a escolha certa e tudo ficará bem.

— É uma oportunidade incrível. — sussurra Lara, respirando


fundo e depois exalando lentamente. — Eu estou tão orgulhosa de você.

Engulo de novo, tentando controlar minhas emoções. Eu sei que


ela está certa, mas mudar toda a minha vida não foi fácil. — Não sei o
que farei sem você, Bethy e Noah. Vocês foram minha família nos
últimos anos. Eu não sei como eu vou desfrutar uma noite de sexta-
feira sem Bethy pulando no meu colo e você e Noah fazendo caras de
amor um para o outro.

Lara ri, seus olhos se iluminando. — Tenho certeza que você vai
encontrar uma maneira de gerenciar tudo isso. Talvez você encontre um
homem legal em Colorado Springs. Um cara das montanhas talvez.

Eu saco meus lábios e já estou sacudindo a cabeça antes que as


palavras saem da minha boca. — Eu abri mão dos homens, certamente
os homens da montanha também.

Ela levanta as sobrancelhas para mim. — Você decidiu alugar uma


cabana... no pé das montanhas...

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— Era a opção mais barata, — eu aponto, sentindo-me
desconfortável novamente.

Talvez eu tenha feito a escolha errada aceitando este trabalho. Não


conheço ninguém em Colorado Springs. Estou literalmente começando
tudo de novo sozinha. Eu tenho sido uma garota da cidade por um
longo tempo, e enquanto Colorado Springs não é um lugar pequeno,
ainda não é o que eu estou acostumada.

— Você viveu em uma cidade toda a sua vida, — diz Lara, como se
estivesse lendo meus pensamentos. Em seguida, ela começa a morder o
lábio inferior para parar de rir. — Como diabos você vai lidar morar em
uma cabana?

Eu cruzo meus braços, tentando ignorar meu coração batendo


forte. — Eu vou ficar bem, muito obrigada. Não pode ser tão difícil.

Noah resmunga de sua posição silenciosa contra o carro — todo


sombrio, chocante, bonito como ele é. Eu atirei-lhe um olhar, e ele sorri
para mim. Qualquer um pode ver por que Lara o adora. Fora de
suportar um assassino em série louco juntos, eles apenas se encaixam.
Eles são feitos um para o outro. Algumas pessoas são assim, eu acho.
Eles são apenas duas peças que se encaixam perfeitamente, como se
estivessem quebrados em algum ponto e finalmente encontraram um
caminho de volta para o outro, para que eles possam se tornar inteiro
novamente.

— Não ria Noah. — eu bufo. — Eu não sou tão preguiçosa como


todos vocês pensam.

— Você já cortou lenha para uma fogueira ou lareira? — Ele


pergunta, levantando as sobrancelhas.

Eu engulo, e cruzo meus braços. — Bem, não, mas não pode ser
tão difícil.

— Você já matou uma aranha maior do que sua própria mão?

Meu rosto empalidece, ele está brincando... Certo? — Agora você


está sendo mau.

Lara dá-lhe um olhar e ele ri. — Você vai ficar bem, Rach. As
pessoas são acolhedoras em lugares menores como esse, você fará
amigos facilmente.

Eu exalo, esfregando meus braços novamente. — Bem, eu tenho


que pegar a estrada e quero pegar antes do anoitecer.

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O lábio de Lara treme de novo. Tento evitar olhar para ela, porque
se eu fizer, vou começar a chorar novamente também. E isso não vai
ajudar ninguém.

— Pare de chorar. — eu digo, lutando contra minhas lágrimas. —


Eu os visitarei nos fins de semana quando eu puder, e nós falaremos o
tempo todo no telefone.

— Eu vou sentir muito sua falta. — ela estrangula, me abraçando


novamente.

— Eu também. — eu digo suavemente. — Dê a Bethy um abraço


extra para mim quando ela acordar. Vou sentir falta dela pra caramba.

— Eu vou. Dirija com segurança e me envie uma mensagem


quando chegar lá.

Eu aceno, dando um passo atrás e me viro para o meu carro,


deslizando no banco do motorista. Olho para o apartamento de Lara e
Noah, em seguida, ao redor do quarteirão uma última vez antes de sair
para a estrada. Eu assisto a cidade desaparecer a distância e a velha
vida que eu criei nela desaparecendo.

Só quando estou na estrada aberta, me permito chorar.

Realmente difícil e realmente feio.

Vai valer a pena. Será?

Eu acho que sim.

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Um
— Aqui estão suas chaves e todas as informações relativas ao seu
contrato de locatário estão na cabine. Eu coloquei instruções sobre
como chegar lá na parte de trás. Se você tiver alguma dúvida, há uma
lista de números de telefone lá. Ficamos sempre felizes em ajudar.
Espero que você goste.

Eu olho para a figura da jovem senhora segurando um conjunto de


chaves para mim. Saio do meu devaneio depois de alguns segundos e
pego as chaves, murmurando um nervoso. — Muito obrigada.

Então eu giro e saio apressada fora do escritório onde aluguei a


cabana e entro de volta no meu carro. É janeiro em Colorado Springs e
o clima é ameno o suficiente para eu usar uma jaqueta. Não uma
temperatura desconhecida para mim, mas a ideia de estar em uma
cabana sozinha? Não é tão atraente.

Eu olho para as instruções na parte de trás do papel que a senhora


me deu para ter uma ideia melhor de onde minha cabana fica. O sol
está apenas começando a se pôr, então eu sei que não vou ter muito
tempo para encontrá-la antes do anoitecer. Não é muito longe, é claro,
mas eu preciso achar o lugar e ter tempo suficiente para dormir a noite.
Comprei um pouco de comida antes de chegar, então pelo menos não
tenho que me preocupar em ir até a loja até amanhã.

Eu puxo para fora na estrada e sigo para fora da cidade, fazendo


algumas voltas até que eu alcanço a estrada de terra que conduz à
minha cabana. Eles garantiram quando aluguei o lugar que eu não
estava presa aqui sozinha, que havia vizinhos. Enquanto eu dirijo mais
perto e viro na rua da minha cabana, eu posso ver três cabines, todas
situadas em uma superfície desmatada.

Cada um tem sua própria calçada e seus próprios pequenos


jardins, mas caso contrário, elas estão basicamente em uma área
aberta onde a grama é tão verde que parece quase falsa, mas eu sei que
não é. Esse é o único espaço livre, no entanto. As cabanas ficam na
espessa floresta de frente para as montanhas. Algumas árvores grandes
e sombrias estão situadas ao redor da clareira. É muito aconchegante e
extremamente pitoresca. A vista é de outro mundo. Montanhas cobertas
de neve, tanto quanto os olhos podem ver.

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Eu olho para o número da minha cabana e percebo que estou com
a mais distante para a esquerda, na borda da floresta. A cabana no
meio está há uns bons cinquenta metros, portanto, definitivamente não
muito próxima, mas próxima o suficiente para conseguir ajuda se eu
precisar. Isso é bom para mim. Eu precisava de alguma solidão e queria
ficar longe da vida agitada da cidade. Às vezes, parece que eu
simplesmente não consigo pensar e muito menos encontrar tempo para
mim mesma.

Estacionei meu carro na entrada e saí, olhando fixamente na


cabana pequena. Não é minúscula, mas tampouco não é espaçosa. O
que é barato. Eu não seria capaz de pagar uma maior. Estou
começando como assistente em um escritório de advocacia na segunda-
feira, um trabalho que eu tenho esperado por um tempo, mas como
estagiária, a remuneração não é grande coisa no início. Se eu fizer bem
meu trabalho, e eventualmente me tornar assistente de advogado, em
tempo integral, que é o que eu espero fazer, então a remuneração irá
melhorar.

Mas por agora, não vou passar meus fins de semana na cidade,
isso é certo.

Tomando um fôlego profundo e trêmulo, caminho para a cabana e


subo os degraus da frente. Eles rangem sob meus dedos do pé, e
fazendo o que qualquer pessoa normal faria, eu paro e salto para cima e
para baixo um pouco para garantir que eles não vão cair debaixo de
mim. Quem quer que tenha inventado uma maneira tão bizarra de
testar algo frágil, não conseguiu pensar nisso.

Eu passo para o pequeno deck que cerca a pequena cabana e olho.


É mobiliado, o que eu paguei um pouco mais por isso, mas valeu a
pena. Eu não tinha nenhum dos meus móveis no meu antigo
apartamento, como também veio totalmente mobiliado. Há uma cadeira
de balanço velha no pátio, uma pequena mesa e cadeiras, e uma
sapateira. Eu sorrio, me sentindo um pouco mais à vontade, e ando até
a porta da frente.

Deslizando a chave na fechadura, exalo a respiração que eu não


percebi que estava segurando, então viro a chave e empurro a porta de
madeira. As luzes não estão acesas, e preciso de alguns segundos para
encontrá-las. Quando faço, olho para o que eu vou chamar casa por
algum tempo.

Não é tão terrível quanto imaginava em minha mente. Na verdade,


é realmente muito singular. Os pisos, paredes e até mesmo a cozinha

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são todos de madeira, mas não parece demais de qualquer maneira.
Funciona, os diferentes tons se misturam perfeitamente. Tem uma
grande sala de estar, com cozinha, sala de estar e sala de jantar em um
grande espaço aberto. Ando mais adiante, deixando cair minha bolsa
para baixo, e continuo seguindo em frente.

Os móveis, do que posso ver, são antigos, mas em boas condições.


O sofá é um amarelo pálido, mas parece confortável e limpo. Há uma
mesa de jantar de vidro com quatro cadeiras na sala de jantar, algumas
prateleiras de livros e peças de madeira ao redor, e algumas pinturas
agradáveis nas paredes. A cozinha é pequena, mas funciona, e depois
de um rápido check-in nos armários, tem tudo o que preciso.

Me mudo para a porta a esquerda da cozinha e a abro,


encontrando um quarto, o principal, pelo que posso ver. Possui uma
cama queen size, uma mesa de cabeceira com candeeiros, e uma mesa
no canto perto da grande janela. Parece quente e até tem uma lareira.
Movo-me para fora e vou em direção ao segundo quarto, que igualmente
tem uma cama queen, mas é muito menor do que o primeiro quarto.

A última coisa que encontro é o banheiro. O espaço é grande o


suficiente para que ele não pareça apertado. Uma grande banheira, um
chuveiro no canto, e uma pia estão à esquerda, à direita há máquina de
lavar e secar roupa, bem como uma prateleira com uma variedade de
toalhas coloridas diferentes.

Posso trabalhar com isso.

O sol está desaparecendo lentamente lá fora, e uma brisa fresca


chicoteia através da porta aberta da cabana. Eu ando, fechando
cuidadosamente, e me mudo para a lareira na sala, olhando para ela.
Não há madeira. Eu olho ao redor perguntando se é elétrica, mas não é.
Onde eu consigo madeira? Há alguma lá fora? Já posso dizer que vou
precisar disso hoje à noite. Eu não lidar com o frio em um bom dia.

Eu tenho alguns minutos a mais antes que o sol desapareça


completamente, assim me apresso para fora e além do meu carro, dou
uma volta na cabana algumas vezes. Há alguns simples jardins, um
pequeno galpão, mas não madeira. Franzindo o cenho, eu ando de volta
ao redor da frente e olho para a cabana à minha esquerda. Eu acho que
há tempo suficiente para eu conhecer os meus vizinhos e talvez pedir
alguma madeira?

Certo?

Espero que eles gostem de mim.

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Melhor ainda, espero que eu goste deles.

***

Subo os degraus da cabana mais próxima. Há um pouco de luz


vindo do interior, mas não posso ouvir nada. Espero não incomodá-los,
quem quer que esteja nessa cabana. Eu levanto uma mão e batendo
com cuidado, obviamente, tento fazer contato, mas ninguém responde.
Franzindo o cenho, eu bato um pouco mais. Nada. Eu tento de novo.
Nada ainda.

Talvez ninguém esteja em casa?

— Ele não responderá.

Eu grito ao som de uma pequena voz atrás de mim e giro ao redor


para ver um menino de pé atrás de mim. Ele talvez tenha nove anos,
possivelmente dez, com um tufo de cabelo loiro, grandes olhos azuis
escondidos sob óculos quadrados e magrinhos. Ele me olha e por um
momento, não estou inteiramente certa sobre o que dizer. Esta criança
mora aqui? Meu Deus, eu nem o ouvi vir atrás de mim.

— Você sabe quem mora aqui? — Pergunto a ele, finalmente


encontrando a minha voz.

Ele olha para mim um pouco mais, me levando. — Sim, eu moro


aqui.

— Oh, — eu digo, exalando um pouco. — Eu não estou querendo


incomodar ninguém, eu só queria ajuda com, ah, a lareira.

O garotinho olha um pouco mais, realmente fixado no meu rosto.


— Qual o seu nome?

— Rachel.

Ele aperta os lábios. — Esse é um nome bonito. Sou o Ryder, como


a moto.

Eu sorrio. É bonito, simpático mesmo, mas tem o nome mais fresco


de todas as crianças que eu conheço. — É um prazer conhecê-lo, Ryder.
Você mora com seu pai?

Seus olhos saltam afastando por um segundo, e então ele acena


imediatamente antes que a porta se abra. Eu giro ao redor tão

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rapidamente que eu quase tropeço, em seguida, abro a minha boca para
falar com meu vizinho, mas em vez de quaisquer palavras, minha boca
apenas trava aberta quando eu olho para o homem enchendo a moldura
da porta.

Meu. Jesus.

Não consigo fazer minha boca fechar, e eu estou tentando,


acredite, estou tentando, mas o homem na minha frente... Eu nunca vi
nada parecido com ele. Nunca na minha vida. Nem por um segundo.
Claro, eu vi fotos parecidas com o homem parado na minha frente,
talvez até mesmo filmes, mas nunca vi um homem como ele na cidade.
Ele certamente não é o tipo que você vê andando no shopping, ou
sentado em pequenos cafés.

Ele é enorme. Essa é a primeira coisa que percebo — sua estrutura


preenche a porta. Ele tem facilmente mais de 1,80m e o maior bíceps
em qualquer homem que eu já coloquei os olhos. Seu peito é largo,
estreitando para baixo, mas não muito, em um corpo extremamente
musculoso. Suas pernas são grossas e fortes. Ele está usando um par
de calças desbotadas, enroladas nos joelhos e uma camisa vermelha e
preta, aberta e fluindo na brisa, revelando um enorme e musculoso
peito bronzeado.

Mas é o rosto dele. Coberto com uma barba robusta, não muito
longa, não muito curta, apenas o suficiente para dar-lhe um ar
masculino perigoso. O cabelo escuro, desarrumado, caindo sobre sua
testa complementa seu rosto masculino que segura um par de olhos
mais profundos, mais escuros e castanhos que já vi. Seu nariz é
ligeiramente torto, obviamente, por ter sido quebrado em algum
momento.

Ele é um homem da montanha. Por completo.

E eu nunca vi ninguém como ele.

Lara perderia sua mente sempre amorosa se soubesse que esse


homem era meu vizinho. Deus, ela o apreciaria.

— Esta senhora é da cabana ao lado, — diz Ryder. — O nome dela


é Rachel. Ela não consegue encontrar madeira para a lareira dela. Ela
precisa de ajuda.

Eu não disse a Ryder que não conseguia encontrar madeira, eu só


disse que precisava de ajuda com a lareira, mas não disse mais nada.
Gostaria de saber se ele estava perto da minha cabana? Encolhendo-

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me, abro minha boca para falar com o gigante em pé na minha frente,
ainda não dizendo uma única palavra. Ele está apenas olhando para
mim, como se eu estivesse no seu espaço, incomodando seu tempo
sozinho e como ele gostaria de me ver em qualquer lugar, menos em
sua varanda da frente.

— Ryder, pra dentro. — diz ele, bruscamente.

Sua voz é como... cascalho. Áspero, rouco, profundo e


aterrorizante. Ryder balança a cabeça, olhando para mim mais uma
vez. — Prazer em conhecê-la, senhorita Rachel.

— Você também, querido. — Eu sorrio para o garotinho.

Ele passa diante de Hércules parado na porta, e por um momento,


eu não sei se ele está esperando que eu fale ou se eu devo esperar por
ele. Deus. Isto é estranho. Tão estranho. Ele poderia no mínimo dizer
olá. Isso é o que eu faria se tivesse um novo vizinho. Eu não ficaria ali
de pé, toda irritada, olhando para eles.

— O que você quer?

A pergunta sai como um chicote. Não amigável, ou acolhedor,


apenas um rugido. Eu me endireito. Fui criada com educação e boas
maneiras. No mínimo, este homem poderia usar o básico. Em vez disso,
ele está sendo um idiota e ele nem me conhece. Eu nunca gostei desse
tipo de tratamento.

— Como? — Eu digo, cruzando meus braços, parcialmente do frio,


em parte porque eu estou chateada que meu vizinho está sendo um
idiota.

— Você é surda?

Uau.

Isso fica melhor.

Eu pisco. Em seguida, pisco novamente. Ele deve estar brincando.


Ninguém poderia ser tão rude, certo? — Eu não sou surda, estou é
horrorizada por sua falta de maneiras. Eu só vim aqui para perguntar
se você sabia onde eu poderia encontrar alguma lenha. Sou nova na
cabana ao lado e...

— Eu sei. — ele diz, olhos escaneando sobre mim, apertando a


mandíbula.

— Como?

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— Sei que você é minha vizinha.

Ele diz isso lentamente, como se eu fosse estúpida demais para


entendê-lo.

— Certo, — murmuro mais para mim do que para ele. Mantenha a


calma. Talvez ele esteja tendo um tempo realmente ruim agora. Eu
deveria tentar novamente. — Bem, eu não estou querendo incomodá-
lo... uh...

Eu espero, erguendo minhas sobrancelhas. Ele tem que ter um


nome, certo? Todos têm, não é? Eu bufo para mim mesma, mas
mantenho os meus olhos sobre os seus, à espera de sua resposta.

— Slade.

Eu tento não mostrar minha surpresa com seu nome estranho. —


Slade?

— Você tem um problema com meu nome?

— Ah, não. — eu digo, mordendo meu lábio. Este homem é intenso.


Sério. Ele precisa tirar férias ou algo assim.

— A lenha está em uma sala de armazenamento na varanda.

Eu pisco. — Há um depósito na varanda?

Ele me olha, como se eu fosse uma idiota. Ótimo. Já estou deixando


uma impressão ruim em meus vizinhos e não estou aqui nem por uma
hora.

— Sim.

Certo.

Eu acho que deveria ter prestado mais atenção à varanda, em vez


de caminhar sem rumo pra fora, onde a maioria assumiria que a lenha
está. Eu nunca ouvi falar de guardar lenha na varanda, mas há uma
primeira vez para tudo.

— Bem, ah, ok. Obrigada.

Ele se vira e entra na cabine, sem dizer boa noite, ou você é bem-
vinda, ou prazer em conhecê-la. A porta bate e eu salto pra trás.

Que idiota.

Isso deve ser divertido.

~ 14 ~
Dois
— Então, como foi a sua primeira noite? — Lara pergunta pelo
telefone enquanto eu cansadamente mexo meu café na manhã seguinte.

Como explicar minha primeira noite? Depois que finalmente


encontrei a lenha, eu estava esgotada. Estava morrendo de fome, mas
adormeci no sofá apenas para acordar à meia-noite e rastejar para a
cama onde me atirei e me virei, imaginando que deveria ter ficado no
maldito sofá. De qualquer maneira, foi uma longa noite, e mais de uma
vez me encontrei sufocando lágrimas na minha enorme bolha tentando
achar algum conforto.

— Foi longa. A cama é grande, mas não consegui dormir. É tão


tranquilo aqui. Quero dizer, tão, tão calmo.

Ela ri. — Você vai se acostumar com isso, mas pode levar algum
tempo. Você já conheceu seus vizinhos?

Eu bufo. — Tive o prazer de conhecer um desses homens da


montanha sobre quem você fala tanto. Acontece que tenho um como
um vizinho, que é absolutamente intenso.

— Ohhh, conte tudo.

Bebo meu café, mas parece não estar fazendo nada para me
aquecer.

— Bem, eu não conseguia encontrar lenha, então fui até meu


vizinho e pensei em perguntar a ele. Acontece que o Hércules é um
homem de verdade e ele vive bem ao meu lado. Não só isso, ele é um
completo idiota.

— Então, ele vive bem ao lado seu lado? Certo, bem ao lado?

Eu rolo meus olhos.

— Sim, ele mora bem ao lado. — Eu suspiro, cruzando minhas


pernas e reposicionando-me no sofá. — Seu nome é Slade... quero dizer,
que tipo de nome é esse mesmo?

Ela ri. — É muito masculino.

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Eu bufo. — De qualquer forma, havia um garotinho lá, eu estava
falando com ele, e veio este gigante. Ele foi tão rude, que eu queria dar
um soco nele.

— Ele era quente, pelo menos?

— Lara!

— Vamos. — ela implora. — Eu sou sua melhor amiga, você tem


que me dizer.

Eu suspiro. — OK, ele era quente em uma forma robusta,


assustador. Parecia algo que você veria na capa de uma revista de caça
ou algo assim. Ele era enorme, com aquela barba, cabelos bagunçados e
roupas desgastadas. Eu não o aceitaria.

— Ele parece bom. — Ela suspira. — Mande-me uma foto.

— Oh, claro, eu vou passar lá e tirar uma foto dele.

Ela ri de novo, e eu percebo que já sinto falta desse som. — Então,


quando você começa a trabalhar?

— Dois dias. Eu estou indo para a cidade hoje, ter uma ideia do
lugar, comprar algumas coisas para a cabana. Você sabe, o habitual.

— Divirta-se, certifique-se de me enviar fotos!

Eu rolo meus olhos novamente, mesmo que ela não possa ver. —
Eu vou. Mais tarde.

Eu desligo o telefone e me forço a me levantar do confortável sofá.


Nossa, é ótimo. Muito bom mesmo. Termino meu café, e percorro o
Google enquanto me visto, encontro o café mais próximo e, em seguida,
a loja mais próxima. Primeiro, eu vou pegar meus mantimentos.

Quando eu passo para fora, está claro, o sol está alto e a paisagem
é de tirar o fôlego. Paro e entro por um momento, apenas admirando a
beleza absoluta que me rodeia. Sim, vendo isso, vale a pena. Olho para
a casa de Slade, mas não o vejo, nem Ryder em lugar algum. Olho mais
para baixo, me perguntando como meu outro vizinho é. Espero que seja
amigável. Faço uma nota mental para dizer olá quando voltar.

Entro no meu carro, fazendo o caminho para um café próximo. Só


me leva cinco minutos para chegar lá, e depois de estacionar, saio e
admiro o pequeno lugar. Está localizado entre árvores grossas com uma
vista deslumbrante da montanha. Ando até a entrada e empurro a
porta. Está movimentado, já há umas dez pessoas aqui.

~ 16 ~
Encontro uma mesa perto da janela e deslizo na cadeira, olhando
ao redor. Tudo o que estão cozinhando na cozinha tem cheiro incrível.
Há duas meninas trabalhando e um homem na cozinha. Uma das
meninas se aproxima logo que me sento, e já está tirando um bloco de
notas para pegar meu pedido.

Eu a reconheço imediatamente, e por um momento, apenas olho.


Leva-me um segundo para me lembrar, porque estou bastante surpresa
ao vê-la... aqui. A última vez que ouvi falar, ela morava em Denver.
Bem, não deveria falar sobre ela como se eu a conhecesse
pessoalmente, eu não, mas o mundo inteiro sabe quem ela é, por assim
dizer.

— Você é... você é Marlie Jacobson. — eu digo para a linda garota


de pé na minha frente.

Todo mundo conhece Marlie Jacobson. O livro escrito sobre sua


provação e escapar de um serial killer se tornou um sucesso. Eu me
lembro de Lara me contar sobre isso. Eu não posso acreditar que ela
está aqui, bem na minha frente. Eu li aquele livro, ouvi que sua mãe
escreveu e não ela. Ainda assim, foi aterrorizante. Uma menina tão
jovem passar pelo que aconteceu e sobreviver, é incrível.

— Sim. — a menina diz, abaixando o rosto.

É evidente que ela não gosta de ser reconhecida. Isso faz sentido, e
me sinto terrivelmente rude por dizer algo sem sequer perguntá-la como
está seu dia. Ela provavelmente entende isso. Não consigo imaginar
andando na rua depois disso, as pessoas teriam tantas perguntas. A
pobre menina provavelmente nunca tem paz.

— Me desculpe, você deve se cansar disso. É tão rude que nem


sequer me apresentei antes de saltar sobre você. Sou Rachel, sou nova
na cidade.

Marlie olha para mim, seus olhos varrendo meu rosto, e então ela
sorri. Ela é linda. Verdadeiramente. — Bem-vinda à cidade. Há quanto
tempo está aqui?

— Ontem à noite foi a minha primeira noite — digo, dando-lhe um


sorriso.— Só estou me ambientando. Pensei em começar com o café da
manhã aqui.

— Você fez uma boa escolha, dê uma olhada no menu. Posso lhe
trazer um café enquanto espera?

— Sim, obrigada. — eu digo. — E, Marlie?

~ 17 ~
Ela olha para mim. — Sim?

— Eu acho que você é incrivelmente corajosa.

Ela me dá um sorriso triste, quase quebrado, e diz. — Obrigada,


Rachel.

Eu levanto outro sorriso e aceno antes que ela desapareça. Eu a


vejo admirada. Como uma menina pode continuar depois do que ela
passou, está além de mim. Já era difícil ver Lara reajustar depois da
provação que ela e Noah passaram. Uma vez, eu não acreditaria que
havia muitas pessoas ruins lá fora, mas está ficando evidente que
assassinos, estupradores e todos os maus do mundo estão piorando.

Lara e Marlie são ambas exemplos disso.

Tiro o chapéu para elas.

Não há ninguém tão corajosa como elas.

Eu sei que não poderia aguentar.

Estremeço só de pensar nisso.

***

— Oi, eu sou Rachel, moro na cabana bem no final.

Eu sorrio para a jovem e atraente mulher que atendeu a porta na


última cabana. Depois que cheguei em casa, desempacotei meus
mantimentos e organizei um pouco minhas coisas, resolvi vir e me
apresentar, rezando para que a moça fosse um pouco melhor do que o
homem que mora entre nós.

— Oi! Sou Steph.

A menina loira, doce com grandes olhos azuis e esguia sorri e


estende sua mão. Eu quase exalo com alívio. Um amigo, graças a Deus.
Pego sua mão e agito-a levemente.

— Prazer em conhecê-la Steph.

— Entre. — ela diz, saindo do caminho da porta. — Vamos fazer


um café, conhecer uma a outra. Estou tão feliz por ter uma vizinha que
é tão jovem como eu!

~ 18 ~
Eu aceno e passo através da porta e em sua cabana, que é
basicamente idêntica a minha, apenas seus móveis são modernos e
elegantes. Muito estranho para as cabanas rústicas em que vivemos.
Ela fecha a porta e se move para a cozinha, pegando a jarra de café.

— Então, quanto tempo você vive em Colorado Springs? — ela


pergunta.

— Primeiro dia. — eu digo. — Eu vim da cidade, por isso é uma


boa mudança.

— Uau. — ela diz, as sobrancelhas levantando. — O que fez você


querer sair da cidade?

— Eu tenho um emprego aqui em um dos grandes escritórios de


advocacia. Não conseguia encontrar o que queria na cidade, então
quando o trabalho surgiu, aproveitei a chance e aqui estou.

— Fantástico. O que você está achando até agora?

Sento-me em um dos banquinhos. — É lindo, tão bonito.

Ela assente com a cabeça. — É, não é? Mesmo assim, não me


importaria de passar algum tempo na cidade.

— É superestimado.

Ela ri. — Então você está aqui sozinha?

— Apenas eu. — admito.

— Nenhum namorado?

Eu balanço a cabeça furiosamente. — De jeito nenhum. Quero


distância dos homens.

Ela ri. — Entendo você. Estou começando a pensar a mesma coisa.


Você conheceu Slade, então?

Eu bufo. — Eu tive esse prazer na noite passada. Você o conhece


bem?

Suas bochechas coram. — Slade é a razão que eu quero distância


dos homens. Tenho dormido com ele por mais de um ano e, no entanto,
ele se recusa a dar um passo em frente comigo. Ele apenas me mantém
como uma espécie de backup, e eu não posso deixar de ir, você sabe?
Ele é tão bonito e robusto. Acho que se ele realmente gostasse de mim,
eu provavelmente não deveria ser tão insistente.

~ 19 ~
Pobre garota. Eu estive em algumas situações como essa antes e
realmente dói quando você gosta de alguém, e eles estão basicamente
usando você até que achem algo melhor. E você sabe, você sabe que
deve ir embora, mas parece quase impossível de fazer.

— Oh, isso parece... interessante. Então, você consegue tirar três


palavras dele?

Ela revira os olhos. — Não. Vou até lá, durmo com ele e volto para
casa. Ele é tão difícil de abrir, mas eu estou determinada a conseguir
isso dele.

Boa sorte com isso, irmã.

— Bem, eu espero que isso funcione para você. Pelo menos o


homem é bonito.

Ela acena com a cabeça, entusiasmada. — Oh sim, ele certamente


é. Você deveria vê-lo nu. Meu Deus. E o homem sabe foder.

Eu rio alto. — Acho que gosto de você, Steph. Não é sempre que
você conhece garotas tão diretas.

Ela ri. — Eu sei, certo?

Eu sorrio — Bem, eu estou feliz por ter uma boa vizinha, estava
começando a ficar preocupada depois de conhecer Slade.

— Sim, eu sei o que você quer dizer. Quando me mudei para cá,
era ele e um velho casal em sua cabana. Tentei por muito tempo fazer
amizade com ele, mas não conseguia tirar três palavras dele. Demorou
um tempo para me ajustar.

Ela desliza-me uma xícara de café e depois empurra um pouco de


creme e açúcar em minha direção. Fiz como eu gosto, e depois agradeci
a ela.

— Então, onde você trabalha? — Eu pergunto a ela.

— Eu trabalho no banco local. Nada extravagante, mas paga as


contas.

— Você tem família por aqui?

Ela balança a cabeça. — Não, perdi minha família quando eu era


mais jovem. Sou só eu, eu e eu.

— Sinto muito ouvir isso. — digo suavemente.

~ 20 ~
Ela sorri. — Foi há muito tempo. Eu já estou acostumada. Não
tenho irmãos, mas tenho muitos amigos.

— Estou feliz em ouvir isso. — sorrio para ela.

— E agora eu tenho uma vizinha super legal.

Eu sorrio. Eu gosto muito dela. Ela é uma boa pessoa. Está escrito
nela.

— Bem, sinta-se livre para vir quando quiser. — digo a ela. —


Estou sempre à espera de companhia.

— Eu vou.

Converso com Steph por mais uma hora antes de deixar sua
cabana. Ela promete passar por lá e me ver logo. Enquanto ando pela
cabana de Slade, vejo-o no quintal, sem camisa, cortando madeira. Eu
não posso evitar, paro no caminho e olho fixamente enquanto ele
levanta o machado sobre sua cabeça, músculos traseiros ondulando,
bíceps tensos. O homem é... Deus, ele é deslumbrante. Não posso
evitar, mas olhar como ele parte a madeira sem esforço, seu corpo
grande movendo-se quase graciosamente.

Eu deveria ir e dizer olá, certo? Pelo menos tentar fazer a coisa


certa?

Depois de ontem à noite, eu não tenho certeza se ele realmente vai


querer ouvir meu Oi com entusiasmo.

Talvez eu vá embora.

Enquanto estou contemplando, ele abaixa o machado e se vira,


olhando diretamente para mim. Eu não me movo por um segundo,
porque ele só me pegou olhando para ele como uma espécie de
perseguidora. Minha boca se abre e meus olhos baixam para seu peito,
brilhando com um fino suor. Deus. Esse é o peito mais bonito que eu já
vi na minha vida. Rasgado, forte, pele perfeitamente limpa. Nem uma
gota de tinta à vista.

Olho para trás, para aqueles penetrantes olhos castanhos e engulo.


Ele está fixo em mim, a mandíbula apertada, os olhos estreitados,
apenas me observando. Então, faço a única coisa que eu posso pensar:
levanto minha mão e aceno, lentamente.

Ele não se move.

Ele só me olha mais um segundo e depois volta a cortar madeira.

~ 21 ~
Grosso.

Eu viro minha mão e imito um pássaro.

Ele olha para trás.

Minha boca se abre.

Minha mão cai para o meu lado.

E eu giro e corro.

Meu vizinho só me pegou imitando o pássaro.

Ótimo começo para a semana.

~ 22 ~
Três
— Olá Rachel, bem-vinda. Eu sou Sandra, vou mostrar-lhe todas
as engrenagens e ajudá-la no seu estágio.

Eu aceno com nervosismo a atraente mulher de cabelos escuros,


de meia idade. Sandra é a mulher que vai me guiar através do meu
estágio até que eu esteja qualificada para fazer isso sozinha. Ela parece
adorável, e tem trabalhado ao lado de advogados por um longo tempo.
Foi-me dito que quando eu conseguisse o emprego, eu estaria
trabalhando com ela.

— Encantador conhecê-la finalmente, Sandra. — eu digo, minha


garganta apertada.

— Não fique nervosa, você vai ficar bem. É para isso que eu estou
aqui.

Eu sorrio. — Sou tão óbvia?

Ela ri. — Sim, mas eu entendo. Eu estava nervosa quando comecei,


também. Mas prometo que não é tão assustador quanto parece.

— Bom saber.

— Vou mostrar-lhe o seu espaço do escritório, que foi criado ao


lado do meu, por isso você será capaz de fazer perguntas sempre que
precisar. Eu estarei bem aqui a cada passo do caminho. Você vai para o
treinamento duas vezes por semana. Temos nossas próprias instalações
aqui e uma sala de conferências, para que você não seja obrigada a
viajar. Depois de concluir cada passo, você estará apta e passará para o
próximo. Cada passo depende do seu progresso, de como você vai se
sair. Alguns passam muito rápido, outros levam alguns anos. De
qualquer maneira, você estará ocupada, prometo a você.

— Isso é perfeito, estou ansiosa para isso.

Ela sorri enquanto caminhamos pelos corredores. Há escritórios e


pessoas em todos os lugares, telefones tocando, vozes que filtram
através de portas fechadas. Está ocupado, com certeza. Exatamente o
que eu preciso e quero.

~ 23 ~
— Então, como você está curtindo Colorado Springs até agora? —
Sandra pergunta quando paramos em um grande escritório com janelas
de vidro e uma porta de madeira.

— Eu realmente estou gostando. É absolutamente lindo e uma


grande mudança da cidade.

— Absolutamente. — ela concorda. — Este é o meu escritório.

Passamos para dentro e o escritório é enorme, com uma grande


janela com vista sobre a cidade, uma grande mesa de pinho, um sofá e
algumas prateleiras de livros. Há uma divisória e atrás dela uma mesa
menor, computador e cadeira confortável. Eu acho que é onde vou ficar.

— Eu sei que não é muito por enquanto. — diz Sandra. — Tentei


deixar o mais agradável, então coloquei esta divisória para você ter a
sua privacidade, espero que você não se incomode?

— É ótimo. — eu digo, balançando a cabeça. — Estou emocionada.


Obrigada.

— Então, você tem um novo laptop que você pode levar para casa
com você para estudar a qualquer momento que precisar. Você também
tem um telefone, fornecido pela empresa. Todos os seus artigos de
papelaria e tudo que você precisa devem estar aqui.

Eu olho ao redor do espaço pequeno, mas bem-pensado, caro. Não


é muito, mas é meu. Meu espaço, algo que eu não tinha antes. Vou
apreciá-lo. A felicidade borbulha no meu peito, e eu sinto como
finalmente, minha vida está indo para onde eu preciso. Eu estou
flutuando.

— Tudo parece maravilhoso, obrigada.

— Então, hoje você só vai preencher um monte de formulários. Vou


dar-lhe todos os seus módulos de treinamento, você vai encontrar todos
os advogados e funcionários, e amanhã, vamos começar a trabalhar.

— Parece bom.

— Sente-se... — ela acena para a cadeira —...e eu vou pegar tudo o


que você precisa.

Eu tomo um assento, a emoção borbulhando em meu peito, e


assisto quando Sandra deixa o escritório. Passo os dedos por cima do
laptop, pelo telefone, e todos os novos artigos de papelaria na brilhante
mesa de madeira e dou um feliz grito de alegria. Tudo está dando certo,

~ 24 ~
e eu estou excitada. Nada poderia dar errado, não quando me sinto
bem.

Meu dia voa, passa tão rápido que já é hora de ir para casa, parece
que eu não estive aqui tanto tempo. Pego minhas coisa, digo adeus a
todos, e volto para casa. Chego assim que o sol está começando a se
pôr. Foi um dia longo. Estou feliz por agora, estou aqui por apenas três
dias, talvez quatro, uma semana. Eu estaria exausta de outra forma,
pelo menos até me acostumar com isso.

Quando puxo para cima na minha cabana, posso ver Steph de pé


na varanda de Slade. Os dois face a face, seus braços estão voando por
toda parte. Oh cara. Isso parece... não é bom. Eu saio do carro, e sua
voz bate em mim imediatamente, ecoando através do espaço aberto. Eu
deveria saber que o problema de se morar tão próximo em uma cidade
tão silenciosa é que as pessoas podem ouvir tudo.

— Foda-se, Slade. Eu não sou um maldito brinquedo sexual. Eu


não vou fazer isso para sempre!

— Nunca te pedi. — ele rosna.

— Eu sou uma pessoa! Você me ouve? Uma pessoa!

Oh cara. Amantes tendo uma DR. Eu não posso dizer que a culpo
— ela está com raiva, frustrada, confusa, e lá está ele, braços cruzados,
olhando para ela como se não fosse nada mais do que um espinho ao
seu lado. Eu também ficaria frustrada. Deus, eu gostaria de chutá-lo
bem no...

— Eles sempre têm essa discussão.

Eu giro ao redor e vejo Ryder olhando para mim, um galho grande


em sua mão que pela aparência da trilha atrás dele, ele tem arrastado.
Ele está sujo, mas feliz. Como as crianças devem ser. Ele obviamente
estava fora explorando por aí. Eu não tenho certeza se deixaria meu
filho lá sozinho, mas talvez eles conheçam bem a área. Eu não. Então,
acho que não posso julgar.

— Oi, Ryder. — eu digo depois de alguns minutos. — Onde você


esteve?

— Um pouco além das árvores. Eu fiz um pequeno forte lá com


paus e folhas. Você deve vir e vê-lo qualquer dia.

Ergo as sobrancelhas, impressionada. — Isso é inteligente, eu não


acho que poderia fazer isso.

~ 25 ~
Ele sorri para mim. — Você é muito bonita. Mais bonita que Steph.
Você deve conversar, ah, com Slade.

Interessante ele chamar seu pai de Slade. Talvez os dois não sejam
próximos? Curiosidade queima, mas eu não digo nada. Não é da minha
conta porque o garotinho não o chama de pai.

— Não, obrigada, querido. Slade está muito irritado comigo.

Ryder faz uma careta. — Ele nem sempre é assim. Steph está
sempre gritando com ele.

Posso ver por que.

Eu não digo isso para o menino.

— Bem, eu acho que as pessoas brigam quando estão, bem...

Ryder ri, e eu olho para ele. — Quando eles são amigos que
dormem e ela quer ser mais do que amigos?

Eu estreito meus olhos e sorrio. — Você é muito inteligente. Você


não deve saber essas coisas.

Ele encolhe os ombros. — Eu ouço tudo, não é difícil por aqui.

— Hmmm. — eu murmuro e olho para trás para ver Steph


voltando para sua cabana.

Bem, isso obviamente não terminou bem.

Slade olha nessa direção e ladra. — Ryder.

— Eu acho que é hora de eu entrar. Vê meu forte logo?

Eu aceno e sorrio para ele novamente. — Claro amigo.

Ele desaparece e eu mantenho o olhar furioso de Slade.

Levanto as sobrancelhas.

Ele não desvia o olhar.

Deus. Poderia ficar mais intenso?

***

~ 26 ~
— Eu pensei que você poderia ter escutado. — eu digo, segurando
um grande recipiente de muffins recém-assados que peguei no caminho
para casa do trabalho. Estava indo para sentar no sofá e comer alguns,
enquanto assistia meus programas de televisão favoritos, mas parecia
que Steph queria alguém para conversar — então eu vim aqui em vez
disso.

Steph olha para eles, depois para mim, e acena com a cabeça. —
Eu realmente poderia. Você ouviu essa briga mais cedo, hein?

— Acho que metade de Colorado Springs ouviu isso, então é seguro


dizer que sim, eu certamente ouvi.

Ela ri. — Obrigada por ter vindo, realmente. Eu ia fazer um pouco


de chocolate quente e te chamar pra vir aqui também.

— Bem, grandes mentes pensam da mesma maneira.

Eu ando dentro e coloco os muffins no balcão da cozinha enquanto


ela fica ocupada preparando chocolate quente.

— Como foi o seu primeiro dia de trabalho? — ela me pergunta.

— Vamos chegar a isso em breve. — eu digo, acenando-a com um


movimento de minhas sobrancelhas. — Primeiro... Slade?

Ela exala, apoiando os cotovelos contra o balcão da cozinha e


olhando para mim. — Ele é tão frustrante. Ele nem vai dormir comigo
no momento. Ele diz que eu estou muito ligada e eu sabia que não era o
que ele queria. O que diabos ele pensava que iria acontecer? Ele é
estúpido? Os homens são estúpidos? Todos sabem que dormir com uma
mulher vai acabar levando a um certo apego em algum momento, certo?

Eu concordo. — Acho que às vezes eles estão um pouco atrás no


tempo. Eles parecem pensar que podemos ficar separados, mas
honestamente, há muito poucos que podem.

Ela põe a cabeça entre as mãos. — Eu realmente gosto dele. O que


eu deveria fazer? Não quero parar de vê-lo. Quer dizer, vivemos ao lado.
Mas, obviamente, ele está deixando claro que não vai a lugar algum.
Estou apenas me prejudicando.

— Você o ama? — pergunto.

Ela balança a cabeça. — Meu Deus, não, mas eu gosto dele e


queria conhecê-lo melhor. Ele não me deu nada para amar nele. Se você
ver bem, eu deveria odiar esse homem.

~ 27 ~
Eu pondero sobre isso. — Então, talvez a melhor opção é fugir por
um tempo? Você nunca sabe, ele pode voltar correndo?

Ela balança a cabeça, encontrando meus olhos. — Confie em mim,


Slade não persegue ninguém. Ele não precisa. Ele costumava ter
mulheres o tempo todo. Ele vai me substituir em uma semana.

Idiota.

— Então ele não vale o seu tempo — digo, sentindo-me frustrada


por ela. Que babaca.

— Não, ele certamente não vale, mas eu estava gostando, você


sabe? Eu estava esperando... Eu não sei... que ele se abriria para mim.

Ah! Queria salvá-lo. Ser a mulher que mudou tudo. O problema com
isso é que é uma grande coisa que foi construída por filmes e livros,
mas raramente é real. A mulher que vem e muda um homem, que o faz
perceber que pode amar e ser gentil. Não. Homens como Slade estão por
aí, e não há muita esperança que isso mude.

— Eu sinto muito. — eu ofereço, porque é tudo que eu posso


pensar.

Ela encolhe os ombros. — Foda-se. Vou mostrar-lhe o que ele está


perdendo. Ele tem que viver ao meu lado por um tempo ainda, depois
de tudo.

Eu ri. — Esse é o espírito, irmã.

— Você... — Ela olha para longe, então olha para mim. — Você
acha que eu sou o suficiente?

Minhas sobrancelhas sobem. — Você não pode estar falando sério?


Você é linda Steph. E eu não te conheço bem, mas você é linda e gentil.
Não deixe que ele seja um idiota que faz você se sentir menos. Não leve
em consideração. Nunca deixe outra pessoa ditar o seu valor.

Ela sorri, mas eu sei que ela está duvidando de si mesma, duvida
se ela é o suficiente. Isso é o que esses tipos de situações fazem para
uma pessoa, eles fazem-lhes perguntar por que eles não são bons o
suficiente. Faço uma nota mental para ter uma palavra com Slade. Ele
não pode passar o resto de sua vida fazendo isso com as mulheres. Se
ele quer dormir com elas, tudo bem, faça e faça uma vez, então acabe
com isso.

Não faça isso repetidamente.

~ 28 ~
Pobre Steph.

Eu falo com ela por mais algumas horas e, em seguida, desejo-lhe


boa noite e saio. Enquanto ando pela casa de Slade, vejo-o na varanda
da frente, falando ao telefone. Eu hesito, e então penso melhor, e viro,
caminhando em direção a sua cabana. Ele me vê chegando, termina seu
telefonema e observa enquanto subo os degraus da frente, parando bem
em sua frente. Eu tenho que inclinar minha cabeça para trás para vê-lo.

Levanto uma mão e enfio meu dedo em seu peito. Eu nunca fui
tímida sobre deixar o povo saber o que penso deles. Meu pai costumava
dizer que era um problema, mas me trouxe respeito pela vida, porque
não costumo manter os perdedores por aí, é uma boa maneira de
eliminá-los e trazer apenas pessoas boas para dentro do meu mundo.

— As meninas não são brinquedos. São pessoas. Elas têm


sentimentos. Você não pode pegá-las, desparafusar seus cérebros para
fora, e depois continuar fazendo isso. Elas vão ficar ligadas a você.
Qualquer homem sabe disso, a menos que o cara seja completamente
estúpido. Agora, a menos que você seja estúpido, então você sabe que
Steph gosta de você. Você não devia ter pedido pra ela voltar. Isso faz de
você um idiota. Um grande, grande, grande idiota.

Ele olha para mim, e então levanta lentamente uma mão,


enrolando-a em torno de meu pulso e removendo meu dedo de seu
peito. Então murmura, em um tom baixo e rouco. — Você terminou?

Na verdade, Não.

— Não. Você deve um pedido de desculpas a ela. Ela não merecia


ser tratada como uma espécie de... boneca.

Ele resmunga, e sob a luz em sua varanda, eu vejo o músculo da


sua mandíbula saltado. Seus olhos castanhos, que parecem negros
agora, focam os meus e ele se inclina um pouco mais para perto.

— Ela voltou. Ela escolheu continuar trazendo seu traseiro bonito


aqui. Eu disse a ela para partir na segunda vez que ela apareceu, e eu
nunca, nem por uma vez única fodida vez, lhe dei esperança. Se ela se
apegou... — ele se inclina ainda mais até que eu possa sentir seu hálito
quente contra a minha boca. — então isso é problema ela.

Oh cara.

Joelhos, parem de balançar. Acalme-se.

~ 29 ~
— Bem, — eu digo, minha voz muito trêmula e ofegante. — no
segundo que você viu que ela queria mais, você deveria ter mandado ela
seguir seu caminho.

— Eu só fodi com ela.

— Oh, vamos lá. — eu digo, encontrando minha voz novamente e


dando um pequeno passo para trás. — Você não pode ser tão idiota.

— Me chame de idiota novamente e veja o que acontece com você.


— adverte ele em um tom áspero. — Você não está aqui nem por uma
semana e está jogando pesado. Tenha muito cuidado garotinha.

Oh não, ele não disse isso. — Eu não tenho medo de você, só


porque você é maior do que Hércules e tem uma atitude muito, muito
ruim.

Ele ergueu as sobrancelhas. — Essa boca vai te meter em um


monte de problemas um dia.

Eu aceno uma mão. — Eu não estou aqui para discutir sobre


minha boca, estou aqui para discutir sobre minha amiga. Pare de tratar
as mulheres dessa forma, não é elegante.

Ele olha para mim.

Olho para ele.

— Só isso? — ele murmura.

— Só isso. Boa noite.

Eu me viro e, em seguida, desço as escadas, sentindo muito bem


comigo mesma.

Esperançosamente, o idiota vai seguir meu conselho.

Pelo menos, eu o cutuquei no peito.

Isso me fez sentir melhor, pela Steph.

~ 30 ~
Quatro
— Você pode se mexer?

Eu olho para o homem, que é aparentemente meu chefe, e tento


manter o meu rosto reto. Ele está olhando para mim, como se eu tivesse
feito algo errado com ele, mas isso é impossível, porque este é o
primeiro dia em que ele esteve no escritório e literalmente apenas entrei
em contato com ele. Nem sei se ele sabe quem eu sou. Tudo o que sei,
sem sequer ter uma conversa com ele, é que ele é um idiota.

Ele é de meia-idade, talvez só tenha seus quarenta e poucos anos,


com um cabelo escuro alisado em sua cabeça. Seus olhos são azuis,
colocados entre a pele verde-oliva. Ele é musculoso, e, sem dúvida,
bonito. Mas a arrogância irradia dele. O jeito que ele está me
encarando, como se eu fosse nada mais que um fardo que tem que
carregar, parece demais pra ele.

Eu forço um sorriso.

Causar boa impressão nunca é demais.

— Desculpe, eu não percebi que estava no seu caminho senhor. —


eu digo, minha voz calma e uniforme. Passo para fora do caminho, e ele
se move para o arquivo no gabinete do meu escritório que eu estava
parada na frente.

— Onde está Sandra? — Ele resmunga.

— Ela saiu para almoçar, eu estava fazendo uma tarefa a pedido


dela. Eu sou a nova estagiária, Rachel...

— Eu sei quem você é. — ele murmura, olhando para mim.

Sério, o que eu fiz a este homem?

— Certo, bem, se você precisar de alguma coisa...

— Café. Preto. Se apresse.

Com isso, ele se vira e se afasta. O impulso de lhe mostrar o dedo


do meio é forte, mas eu mantenho meu dedo parado. Em vez disso,
tomo uma respiração trêmula, endireito meus ombros, e entro na sala
de almoço e faço-lhe um café. Eu resisto ainda um outro desejo de

~ 31 ~
cuspir nele, e em vez disso coloco um grande sorriso no meu rosto e
ando para o seu escritório, bem no final do corredor.

Terrence Smith.

Eu gosto do seu nome. Que vergonha dele.

Bato com cuidado, e, depois de um momento, ninguém responde,


então eu cuidadosamente empurro a porta. Ele está sentado em sua
mesa, e a recepcionista Cat, que eu só conheci uma vez, está sentada
na quina da mesa, sorrindo para ele. Embaraçoso. Qualquer pessoa
com dois olhos pode descobrir exatamente o que está acontecendo aqui.
Não é problema meu. Não é da minha conta.

— Ah, eu só trouxe o seu café. — eu digo, dando um passo para o


escritório que cheira como perfume barato e colônia.

— Se você bater, e eu não responder, — ele rosna, — então você


não entra.

Eu pisco. — Você me pediu para fazer um café. Onde você iria me


pedir para deixá-lo, então?

— Você espera.

Eu espero. Lado de fora. Com um café quente.

Ele não pode estar falando sério? A raiva borbulha no meu peito,
mas eu a corto. Calma. Fique calma.

— Eu sinto muito. Vou apenas colocar isso na mesa.

Coloco o café em sua mesa.

— Há uma montanha-russa lá. — ele se encaixa, empurrando o


dedo para uma montanha-russa.

Não dê um soco no seu chefe, Rachel. Não é aceitável.

Não faça isso.

Não.

— Certo, claro, desculpe.

Coloco o café em sua maldita bancada, pisco o sorriso mais falso


que já dei em minha vida, e depois me viro, saindo tão calmamente
quanto posso. É preciso todo o meu poder para não bater a porta.
Tomando algumas respirações calmantes, ando pelo corredor em

~ 32 ~
direção ao meu escritório, entrando na hora de ver Sandra sentada. Ela
olha para mim.

— Aí está você. Você já almoçou?

— Eu não estou com tanta fome. — digo, minha voz apertada. —


Eu vou terminar o arquivamento.

— Está tudo bem?

— Certo. Acabei de fazer um café para Terrence.

Ela sorri. — Ah, que bom que você o conheceu. Adorável, não é?

Eu pisco. Perdoe-me? Adorável? Ela tem que estar brincando. Isso


é algum tipo de teste para ver o quão bem eu posso lidar com situações
diferentes? Tem que ser. Não há nenhuma maneira que ela poderia
pensar que... o idiota lá dentro é adorável. Eu poderia pensar em mil
outras palavras, mas adorável certamente não é uma delas.

— Ele parece bom. — eu digo. — Voltarei ao arquivamento.

— É claro. — Ela sorri, voltando ao trabalho.

Não. Ela não está brincando.

Então, o que diabos eu fiz para esse mega idiota, para fazê-lo me
detestar tanto? Considerando que ele nem me conhece, posso dizer com
segurança. E isso só me deixa com raiva.

O resto do dia parece que leva uma eternidade, e meu mau humor
piora. Quando saio do escritório à tarde, estou pronta para uma garrafa
de vinho e algum tempo sozinha. Terrence brinca com minha mente
toda a tarde e todo caminho para casa. Sério, qual diabos é o problema
dele? Será que ele é assim com todas as pessoas novas, para ver o quão
difícil ele pode testá-los? Se assim for, essa é uma maneira muito ruim
de conduzir os negócios. Ele precisa aprender alguma classe.

Chego em casa apenas enquanto o sol está se pondo.

Cansada, saio do carro com a minha garrafa de vinho barato que


peguei com pressa, juntamente com uma comida chinesa. É exatamente
o que preciso para a noite. Só eu, um monte de comida deliciosa, e
quantidades copiosas de vinho, talvez um telefonema para a minha
melhor amiga, porque sei que ela vai me colocar de volta no caminho
certo. Eu vou até a varanda da frente e paro. Minha boca se abre, a
garrafa de vinho cai de minha mão, e um grito não intencional sai de
minha garganta.

~ 33 ~
Um coiote na minha varanda, que esta remexendo um saco de lixo
que esqueci, levanta a cabeça e olha para mim. Oh. Deus. Eu li
histórias sobre essas coisas avançando selvagemente sobre as pessoas.
Agora está olhando para mim. E um pequeno rosnado escapa de sua
garganta. Eu não penso. Eu corro para fora, para trás. Eu aterro com
um baque no chão.

Um suspiro deixa minha garganta, minha espinha queima, minhas


costelas doem, e eu tenho certeza que bati minha cabeça. Fiquei ali por
alguns minutos, ofegando e fazendo um estranho ruído de dor na
minha garganta. Uma arma dispara, e outro grito escapa da minha
garganta. A fuga do animal que corre de minha varanda pode ser
ouvido, antes de uma forma maciça aparece por cima de mim,
alcançando e enganchando um braço em torno de mim, alisando-me.
Eu ofego, tossindo e gemendo de dor. Acho que tive arranhões em meus
joelhos e meus cotovelos.

Eu odeio o dia de hoje.

Eu odeio isso.

— Ok? — Pergunta Hércules.

Eu estremeço enquanto tento dar um passo para longe de seu


corpo maciço. — Acho que torci o tornozelo.

— Vamos.

Ele não hesita. Ele se inclina e me pega em seus braços como se eu


não pesasse nada. Se não estivesse com tanta dor, provavelmente eu
protestaria. Mas havia apenas um animal selvagem na minha varanda,
comendo meu lixo, e eu poderia ter morrido. OK, isso é um pouco
dramático, mas mesmo assim, poderia ter sido uma possibilidade muito
real.

Ainda muito dramática.

Depois de um pouco de mexer, nós entramos na cabana e Slade


acende as luzes, colocando-me para baixo no sofá. Posso ver sangue em
meus joelhos, e posso sentir uma picada em meus cotovelos. Minha
cabeça dói, não tanto, e minhas costelas estão doendo bastante. Olho
para o homem agachado na minha frente, estudando-me. Ele o matou?
Eu me sentiria horrível se ele fizesse. Quero dizer, deixei o lixo ali afinal
e é apenas um animal inocente. E se ele o feriu e agora está morrendo
lentamente em algum lugar?

Oh Deus.

~ 34 ~
— Matou aquele pobre coiote?

Ele pisca.

— Volte novamente?

— Você não... você não atirou, não é?

Outro piscar. — Essas coisas podem causar muitos danos. Eles


são selvagens. Eles são uma praga. E você está preocupada que eu o
matei?

— É um animal. — eu guincho, apertando meus olhos juntos. —


Eu odeio matar animais.

Ele murmura alguma coisa sobre estranha mulher de merda em


sua respiração e então olha para meus joelhos. — Você está sangrando.
Tem um kit de primeiros socorros aqui?

— Você não respondeu à minha pergunta. Oh Deus, você matou o


pobre, não foi?

Seus olhos se voltam para mim e ele balança a cabeça. — Eu não


posso acreditar que estou ouvindo essa porcaria. Aquela coisa poderia
ter te machucado, muito.

— Bastava assustá-lo. — eu digo, apertando meus olhos fechados


novamente e tomando algumas respirações profundas.

— Você se jogou de uma varanda para salvar-se dele... — ele


murmura.

— Porque. Eu. Me. Assustei.

— Foda-me. — ele murmura. — Não, eu não matei a maldita coisa.


Eu dei um tiro para assustá-lo. Ele fugiu. Fim.

— Oh, graças a Deus, graças a Deus. Ele pode voltar para sua
família agora.

Slade olha para mim, um olhar horrorizado em seu rosto. — Você


está maluca garota.

Minhas sobrancelhas se arremessam.— Como?

— Eu não gaguejei. Você é maluca. Aquilo poderia ter causado


sérios danos.

~ 35 ~
Eu pisco, e aperto meus lábios. — Assim. É só... é só fazer o que
sabe melhor.

Ele faz um som frustrado e sacode a cabeça. — Kit de primeiros


socorros.

— Sob a pia da cozinha.

Ele se levanta e sai em passos grandes e longos. Temperamental.


Olho para baixo, para a bagunça que eu fiz de meus joelhos e a sujeira
em toda a minha roupa. Ótimo, apenas ótimo. Como se hoje não
estivesse ruim o suficiente, agora arruinei o meu novo uniforme de
trabalho, tenho joelhos ralados que não vai parecer nem um pouco
atraente em uma saia, e quase fui atacada por um coiote.

Vinho.

— Vinho. — eu murmuro quando Slade retorna. — Quebrou?

Ele olha para mim, aqueles olhos castanhos penetrando os meus,


fazendo-me me contorcer. Eu murmuro, olhando para as minhas mãos.
— Confie em mim, depois do dia que eu tive, eu preciso disso.

— Exausta. — ele murmura, andando fora e voltando um momento


depois com minha comida chinesa e meu vinho. Ambos salvos.

Graças a Deus.

Ele empurra-os para mim e depois abaixa, enrolando uma mão ao


redor de meu tornozelo e levantando meu pé em seu colo. Ele está
sentado na mesa de café em frente ao sofá. Isso me pega desprevenida,
e por um momento, eu apenas olho boquiaberta. Ele tem o meu pé. Em
seu colo. Meu pé. Seu colo. Eu engulo e evito o contato visual enquanto
eu tento não fazer um grande negócio disso e pego meu vinho, abrindo-
o e tomando um gole direito da garrafa.

Slade finge não notar, mas seu comentário me diz que ele
percebeu. — Sempre bebe como se você tivesse nascido um homem e
não uma mulher?

Eu não vou dar ouvidos. Hoje não. Nunca. Se eu quiser beber da


maldita garrafa, eu vou. E não me envergonharei disso. — Escute
amigo, eu tive um dia ruim. Um dia muito ruim. E não preciso me
explicar a ninguém, especialmente a você.

Ele usa uma gaze e limpa meu joelho. Eu bebo com gosto.

— Que tipo de dia poderia fazer você querer beber da garrafa?

~ 36 ~
Ele não olha para cima quando ele faz a pergunta, ele
simplesmente limpa meu joelho.

— Meu chefe é um idiota.

Ele ergue os olhos e as sobrancelhas. Deus. É assustador. Boa


aparência e amedrontador. Eu lamberia seu rosto.

Merda.

O vinho já subiu.

— Bem-vindo à vida princesa. Isso não é anormal.

Minha boca se abre. — Desculpe-me senhor. — eu estalo. — Eu


não sou fraca, ou patética, ou estou chateada porque meu chefe me deu
um trabalho que eu não gostei. Já trabalhei antes. Eu não sou idiota.
Este homem, ele está sendo um porco arrogante. Além do normal. E ele
só está fazendo isso comigo.

— Provavelmente quer foder você.

Minha boca fecha. Em seguida, abre. Então fecha novamente. —


Eu, eu... Ele não quer! Pare de ser tão... tão... vulgar!

Ele olha para mim por um segundo e depois abaixa a cabeça


novamente e continua a limpar o meu joelho. Eu tento não notar o quão
bom meu calcanhar se encaixa em seu colo. Pare. Pare. Gah.

— Eu não estou sendo vulgar, estou só lhe dizendo. Os homens


que querem foder as mulheres ou são agradáveis ou são mega idiotas.

— Ele nem me conhecia! Ele foi um mega idiota no segundo em


que eu fiz contato visual com ele! — eu protesto.

Ele encolhe os ombros. — Ele quer foder você.

— Meu Deus. Você é impossível! Honestamente! Não sei por que


me incomodo.

Ele continua limpando meu joelho. — Um obrigada por me salvar


do pobre inocente coiote provavelmente seria uma boa maneira de
melhorar seu humor.

Eu fico boquiaberta com ele. — Você tem coragem.

— De nada, Rachel.

— Como você sabe meu nome?

~ 37 ~
— Ryder me contou.

Eu cruzo meus braços. — Certo, vou adicionar stalker à lista.

— Eu preciso saber quem são meus vizinhos. — ele diz, movendo


seus dedos sobre minha pele enquanto ele vira minha perna de um lado
para o outro para que ele possa estudá-la. — E pelo que pude ver essa
noite, eu tenho uma acrobata em minhas mãos.

Mordendo meu lábio para me conter da observação sarcástica. — O


que você queria que eu fizesse? Ele estava na minha varanda. Eu não
tinha para onde ir.

— Lentamente, você poderia se retirar da varanda.

— Ele poderia ter me matado. — sussurro-sibilo.

Ele me dá uma expressão que me faz bater a boca fechada.

— Vou acrescentar a rainha do drama à lista.

— Palhaço. — eu murmuro.

Ele fica em silêncio, terminando meu joelho enquanto eu bebo


mais vinho. Meu estômago resmunga no silêncio, e Hércules está de pé,
olhando para mim. Ele se aproxima, pegando a garrafa de minha mão,
então ele levanta o saco com comida chinesa e empurra para mim. —
Chega disso. Coma.

E então, exatamente assim, ele passa pela minha porta da frente,


ainda segurando minha garrafa de vinho.

Bem, então.

Eu vou fingir que nunca aconteceu.

***

— Então, você saltou da varanda? — Lara ri quando eu entro no


carro depois do trabalho no dia seguinte.

— Sim, saltei da varanda. Eu assustei, eu não sabia o que fazer.

— Você está na cidade há muito tempo, Rach.

~ 38 ~
Eu rolo os olhos mesmo que ela não possa ouvir. — Bem, isso é
provavelmente verdade, mas ainda assim, eu estava com medo. Acabei
reagindo mal.

— Bem, boa reação.

— Como você está afinal?

— Bom, tenho me mantido ocupada com o trabalho. Noah e eu


ainda estamos tentando outro bebê, nada até agora.

Meu coração quebra por ela. Eles suportaram o suficiente, o


mínimo que poderia dar certo para eles é ser capaz de ter a grande
família que ambos querem. — Ah Lara, isso vai acontecer. Eu sei que
sim.

Ela suspira. — Sim, eu só não quero que isso se torne uma


obrigação, você sabe? Eu não quero que ele sinta que isso seja o único
motivo para dormimos juntos.

— Eu não acho que ele vai se sentir assim. Vocês dois ainda não
estão preocupados com isso, não é?

Ela suspira, mas depois alivia o tom. — Não, não. Se tivermos


apenas um, ambos seremos felizes.

Eu sorrio. — Bem, isto totalmente vale a pena de qualquer


maneira.

— Absolutamente. Ouça, eu tenho que ir. Te ligo mais tarde. Amo


vocês.

— Amo você também.

Desligo o telefone e dirijo para casa. Quando chego, está claro


ainda. Eu terminei cedo hoje, sendo uma sexta-feira. Graças a Deus.
Depois de outro dia com Terrence, eu mais do que precisava do fim de
semana para me recompor. Slade está errado. — o homem é apenas um
porco e por qualquer motivo me enche o saco. Hoje, ele abusou de mim
na frente de todos porque eu coloquei o tom errado de papel branco na
impressora.

O inferno?

Branco é branco.

~ 39 ~
Acontece que não é. Ele gosta do branco opaco com a ligeira
coloração amarelada porque é reciclado. Não o papel branco — falso —
que ele não gosta de usar.

Tanto faz.

Saio do carro e já estou pensando em levar uma garrafa de vinho


para a casa de Steph quando ouço uma pequena voz à minha esquerda.
Olho para ver Ryder de pé ao lado da minha cabana, sorrindo para
mim. Poxa. Ele é fofo. Não como seu pai.

— Ei, amigo. — Eu sorrio. — Eu não te vi por aí.

— Quer vir ver o forte que construí?

A esperança em seus olhos faz meu coração derreter. Eu não


poderia dizer não a ele. Nunca. — Claro! Deixe-me colocar minha bolsa
lá dentro.

Caminho até a varanda e coloco minha bolsa para baixo, e então


tiro meus saltos e encolho os ombros fora do meu casaco e coloco as
mãos para fora. — Pronto. Onde estamos indo?

Ele sorri grande e levanta a mão pegando minha e me conduzindo


para as árvores. Nós vamos por um caminho pequeno, bem gasto, e me
pergunto se ele mesmo fez isso. Ao longo de algumas árvores caídas e
em torno de algumas rochas, chegamos a um pequeno forte feito de
coisas que saíram da floresta. Casca entrelaçada, varas amarradas,
troncos de árvores, rochas.

E juntos, parece uma caverna, meio forte.

É lindo. E inteligente.

— Você fez isso sozinho? — pergunto, impressionada.

— Sim. — ele diz, puxando minha mão. — Eu amo construir


coisas. Entre.

Ele rasteja primeiro, então eu caio de joelhos, puxando minha saia


para cima para não me atrapalhar, e entro no pequeno forte. Está
escuro, mas ele tem um velho cobertor, uma pequena lâmpada e um
livro. É fofo. Deus, eu viria para ler e ficar sozinha. Por que eu nunca
pensei em construir meu próprio forte?

— Isso é super legal amigo. Eu não posso acreditar que você fez
isso por conta própria.

~ 40 ~
— Slade me ajudou.

Ainda acho interessante que ele chame seu pai de Slade. Talvez,
quando eu conhecer Slade melhor, vou perguntar por que isso.

— Bem, você fez um ótimo trabalho. Você não está preocupado que
algum animal venha fazer uma visita?

Ele sorri para mim, acenando em sua pequena lâmpada. — Isso é o


que eu espero. Seria muito legal ver um animal aqui.

— Você acha? — eu sorrio.

— Sim, só se for um animal-mãe, talvez ela possa manter seus


bebês seguros aqui.

Deus. Esse garoto. Fofo.

Uma garganta pigarreia do lado de fora, e eu preciso de um


momento para perceber que estou de joelhos, com a saia levantada, a
bunda no ar, a meio caminho no forte de Ryder. Eu dou ré
rapidamente, puxo minha saia de volta para baixo, e olho para cima
para ver Slade olhando para mim, as sobrancelhas levantadas. Oh
Deus. Ele viu minha bunda. Minha calcinha. Tudo isso.

Minhas bochechas queimam.

— Ah, Ryder estava me mostrando seu forte.

— Posso ver isso — murmura Slade.

Oh. Meu. Senhor.

Empurro para os meus pés e Ryder sobe, sorrindo para Slade. —


Você trouxe?

— Trouxe, camarada.

Slade lhe dá uma pequena faca. Ryder grita alegremente e corre


para encontrar um tronco para esculpir. Olho para Slade e ajusto
minha saia novamente, só para ter certeza. — Bem. — digo, passando
por ele. — prazer em vê-lo, Slade.

— Como estão seus joelhos?

Paro e olho por cima do meu ombro. — Muito bem, obrigado pela
sua ajuda.

Ele balança a cabeça, segurando meus olhos. — Bom.

~ 41 ~
— Certo. — eu sussurro. — Bem, então é melhor eu ir.

Corro de volta pelo caminho e subo até minha cabana, deslizando e


fechando a porta.

Deus.

Por que todo encontro que eu tenho com esse homem é intenso?

E por que eu gosto disso?

~ 42 ~
Cinco
— Então, você não o viu novamente? — Eu pergunto a Steph,
tomando outro gole do meu vinho mais tarde naquela noite, enquanto
nos sentamos em sua varanda da frente.

Ela sacode a cabeça bonita e suspira. — Não. Ele não ligou. Nem
me reconheceu. Faz-me pensar como uma pessoa pode se tornar tão...
fria. Quando você para de se importar, sobre qualquer um ou qualquer
coisa, então algo saiu seriamente errado em sua vida.

Penso nisso e percebo que ela está certa. O que poderia ter
acontecido com ele para torná-lo tão amargo? Ninguém nasce com esse
tipo de atitude, certo? Quer dizer, alguma coisa tinha que acontecer
para deixa-lo dessa forma. É a mãe do Ryder? Algo aconteceu com ela?
Talvez ela tenha morrido? Isso explicaria por que ele está tão... vazio.

— Você acha que tem a ver com a mãe de Ryder? — pergunto a


Steph.

Ela olha para mim e fecha os lábios. — Essa situação toda é


estranha. Eu não consigo entender. Ele nunca falou sobre nenhuma
outra mulher, Ryder nunca falou sobre nenhuma outra mulher, e ele
chama Slade pelo nome dele.

— Você notou isso também, hein?

Ela assente com a cabeça. — Sim, é tudo muito estranho. Ele


também realmente é responsável por Ryder. Como super protetor. Você
não pode dizer uma palavra errada a esse menino e ele vira uma fera.

Eu franzo o cenho. — Mas, ao mesmo tempo, ele o deixa vagar pela


floresta.

— Ele só tem permissão para ir apenas aqui perto, no entanto. —


Steph me diz.

— É estranho. Gostaria de saber o que aconteceu com sua mãe.

Steph encolhe os ombros. — Eu perguntei sobre isso uma vez e ele


literalmente agiu como se ele não pudesse me ouvir. Eu tenho o ponto
alto e claro. Ele não queria falar sobre isso.

~ 43 ~
— Você acha que ela ainda está viva? — pergunto.

Steph encolhe os ombros novamente. — Eu não sei. Acho que ela


está, apenas de conversas que eu ouvi.

— Talvez ela quebrou o coração dele...

Steph exala lentamente. — Acho que sim. Seja o que for, isso o fez
tão amargo e fechado.

— Você está bem com tudo o que aconteceu agora? — pergunto a


ela, bebendo mais vinho.

Isso é exatamente o que eu precisava. Tempo a toa e conversa


feminina.

— Sim, eu realmente não tinha nenhum sentimento por ele,


simplesmente gostava da companhia. Há outro cara com quem tenho
conversado no trabalho.

Eu agito minhas sobrancelhas e me inclino para frente. — Conte!

— Ele é super fofo. Seu nome é Tim. Devo admitir, ele parece um
cara muito bom.

— Ele te convidou para sair?

Ela enrubesce e acena com a cabeça. — Ele me perguntou se eu


queria ir para o café.

— E?

— Eu desconversei e não disse nada, eu apenas acenei com a


cabeça e saí correndo. Eu nunca costumo ser tímida, mas ele faz isso
comigo. Agora ele provavelmente acha que algo está errado comigo.

Eu ri. — Não, acho que não. Basta ir até ele quando você voltar ao
trabalho e dizer-lhe que você adoraria. Tenho certeza que ele ficará feliz
em ouvir isso.

Ela sorri. — Sim, acho que sim. Estou feliz que você tenha se
mudado. Era horrível aqui.

Eu concordo. — Eu também. Estou começando a pensar que eu fiz


a escolha certa vindo pra cá.

— Você deve sair comigo e alguns amigos amanhã à noite. Vamos


para o bar local, talvez você possa encontrar um cara bonito.

~ 44 ~
Ela balança as sobrancelhas agora, e eu ri.

— Eu não estou realmente empolgada para encontrar qualquer


homem, mas vou definitivamente!

— Impressionante, eles vêm me pegar às seis. Apenas venha para


minha casa e iremos juntas.

— Parece maravilhoso.

Tomo mais alguns copos de vinho e, em seguida, desejo a Steph


uma boa noite e vou em direção a minha cabine. Ryder sai correndo
pela porta da frente enquanto passo pela cabana de Slade e para de
repente na minha frente. — Olá, Rachel! Adivinha?

Eu ri. — O quê, amigo?

— Eu estou jogando um jogo novo hoje, Pokémon. É muito


divertido. Você deveria ver.

Olho para cima e vejo Slade de pé na varanda, cerveja na mão, sem


camisa. Minha boca seca. Maldição! Eu poderia jurar toda vez que eu o
olho, ele fica melhor.

— Ah, provavelmente é tarde demais e...

— Slade não se importa, não é? — Ryder pergunta, olhando para o


homem grande em pé, olhando tão intensamente para mim que me faz
me contorcer.

— Não. — murmura Slade.

— Bem, ok, eu vou entrar por um segundo.

Sigo Ryder até a varanda e passo por Slade, tentando não


encontrar seu olhar penetrante. Uma vez que estamos dentro, eu olho
ao redor. Eu nunca estive em sua cabana. Conforme previsto, porém, é
semelhante a minha e Steph, apenas esta cabana é uma caverna
masculina total. Do estilo de mobiliário, para as imagens nas paredes,
para o esquema de cores. É definitivamente uma casa de solteiro. Mas
uma boa casa.

— Vamos. — Ryder agarra minha mão, puxando-a para a sala


onde o jogo está piscando na tela da televisão.

Eu me sento no sofá ao lado dele e ouço quando ele me diz tudo


sobre o jogo, em seguida, continua a mostrar-me como ele funciona. Eu
ri, seu entusiasmo é viciante. Ele é um ótimo garoto. O tempo todo,

~ 45 ~
Slade está na cozinha, bebendo sua cerveja, apenas me observando. Ele
é tão intenso, é difícil saber que a maneira de olhar ou o que pensar
quando ele está apenas de pé ali... olhando.

Depois de cerca de meia hora, eu aperto o ombro de Ryder


cuidadosamente e digo que tenho que ir. Ele me dá um high five e volta
ao seu jogo. Eu me viro para Slade. — Obrigada por deixá-lo me
mostrar. Vou sair do seu caminho.

— Quer uma cerveja? — ele pergunta, não se movendo de seu


lugar na cozinha.

Penso sobre isso. Parte de mim quer dizer para não fugir, porque a
forma como ele me faz sentir é... estranho. Mas sei que preciso estar de
bem com ele, porque, bem, ele é meu vizinho e eu não posso passar os
próximos meses brigando com ele. Então eu faço a coisa certa. Eu
sorrio e digo: — Sim, obrigada.

Ele se vira, abrindo a geladeira. Puxa mais duas cervejas e acena


para a porta da frente. — Vamos sentar na varanda.

Eu aceno, saindo e sentando-me no degrau superior. Ele vem,


hesita, e depois se senta ao meu lado, me entregando uma cerveja. —
Obrigada.

— Você e Steph estão se dando bem, né? — ele pergunta, tirando


a lacre de sua cerveja e tomando um gole.

— Sim, ela é uma garota legal.

— Ela é. — ele murmura, olhando para frente.

— Mas não o suficiente para você querer um relacionamento? —


eu ouso perguntar, olhando para ele rapidamente antes de olhar para
frente também.

— Eu gosto dela, mas não estou procurando um relacionamento.

Eu realmente não posso discutir com ele sobre isso, pelo menos ele
é honesto, mesmo que ele deveria ter terminado com ela no momento
em que a viu se aproximando. Ainda assim, eu não estou aqui para
discutir com ele.

— E você? — ele pergunta, sua voz tão baixa e rouca, faz minha
pele sentir cócegas. — Qualquer namorado?

Eu balanço a cabeça e embaraçosamente solto um pequeno


suspiro. — Deus não. Eu quero distância dos homens.

~ 46 ~
Ele grunhiu. — Por que isso?

— Eu simplesmente não consigo encontrar um bom. Eles são


todos...

— Idiotas?

Eu concordo.

— Justo.

— Só vim aqui pelo meu trabalho, e é isso. Eu precisava ficar longe


da cidade. Eu apenas... não estava feliz. — eu admito.

— Você tem família ou amigos aqui?

Eu balanço a cabeça. — Não, eu não. Sou só eu.

— Ótimo, começar por conta própria novamente.

— Sim. — eu digo suavemente. — Sim, isso, mas vale a pena.

— Tem que ter muita coragem, bom para você.

— E você? Você trabalha? — eu pergunto, olhando para ele.

Deus. Seu perfil. Perfeição. Ele cheira incrível também. O desejo de


chegar mais perto, apenas para sentir mais da cabeça incrível
irradiando dele é intenso. Eu fico onde estou, porém, e tento não olhar
muito.

— Sim, eu conserto carros.

— Um mecânico. Muito bom. Na cidade?

— Sim.

Certo.

Embaraçoso.

— E quanto a Ryder? Ele visita sua mãe ou algo assim enquanto


você trabalha?

O olhar que Slade me dá, faz minha boca fechar. É um olhar que
diz, não pergunte mais nada. Steph está certa, ele não gosta de falar
sobre isso, e do olhar penetrante que eu estou recebendo agora, não
está prestes a mudar.

— Desculpe, isso foi rude.

~ 47 ~
Ele olha para a distância, mas a maneira como ele está segurando
o topo de sua garrafa de cerveja, a maneira como seus dedos estão
ficando brancos ao redor, me diz que eu o chateei. Isso não era o que
queria fazer, droga. Agora me sinto terrível.

— Desculpe Slade. Eu realmente não queria meter meu nariz em


seus negócios.

Ele ainda não diz nada.

Acho que é a minha sugestão para sair. Eu fico de pé, colocando a


garrafa de cerveja para baixo.

— Obrigada pela cerveja.

Eu ando baixo me sentindo tão estúpida e meu corpo inteiro


formigando.

— Rachel. — Slade diz quando eu chegar ao fundo.

Eu olho para ele.

— Boa noite.

Com isso, ele fica de pé e desaparece para dentro.

Quero me afastar.

Eu sou uma idiota.

***

Café da manhã.

Preciso de café da manhã.

O sol está alto, é um lindo sábado de manhã, e eu decidi que vou


para o restaurante local e tomar café da manhã em vez de ficar em
casa. Depois de tomar banho e me vestir, vou para o meu carro. Ryder
está a caminho da minha cabana, bastão de beisebol na mão, chapéu
para trás em sua cabeça. Eu levanto uma mão e aceno. — Ei amigo.

— Bom dia Rachel.

— O que está rolando?

~ 48 ~
—Eu estava esperando que Slade voltasse para que pudéssemos
jogar bola, mas ele está atrasado.

Ele deixou seu filho sozinho?

Eu franzi o cenho.

— Onde ele foi?

— Para a loja. Ele me disse para não sair.

— Então você provavelmente deveria entrar. — eu assinalo.

— Eu queria dizer bom dia. Ele não se importa. Ele sabe que não
vou me meter em encrenca quando estiver fora.

Hmmm.

— Bem, eu estou indo para o café da manhã, mas talvez nós


possamos nos encontrar mais tarde?

— Posso ir? — ele pergunta, os olhos se iluminando.

— Eu não acho que Slade gostaria disso.

Ryder balança a cabeça. — Ele não se importa.

Eu olho para o garotinho.

— Você tem seu número de telefone para eu poder perguntar a ele?

Ryder sacode a cabeça novamente. — Não, mas posso escrever-lhe


um bilhete?

Qual é o problema? Se Ryder lhe deixar um bilhete, tenho certeza


que ele não vai se importar de eu levar o garotinho para o café da
manhã. Contanto que ele saiba onde ele está, certo? Poxa. Eu não tenho
filhos. Ele também não me conhece. Eu pondero, mas se eu deixar um
bilhete, e meu número, ele vai ficar bem com isso.

— Ok, bem, se apresse e escreva uma nota dizendo-lhe que


estamos indo comer e não vamos demorar. Além disso, escreva meu
número de telefone.

Pego um pedaço de papel da minha bolsa e uma caneta, e eu


escrevo o meu número, então dou ao pequeno.

— Eu não vou demorar! — ele grita feliz, correndo de volta para a


cabana.

~ 49 ~
Dez minutos depois, ele volta pronto para ir. — Entre. — digo a ele,
e abro a porta do carro.

Ele entra e nós saímos.

— Você deixou a nota em algum lugar que ele poderia encontrá-la?


— eu pergunto.

— Sim, bem na mesa, e ele não vai se importar.

Espero que não.

Chegamos ao restaurante, e nós dois achamos uma mesa. Marlie


está trabalhando novamente hoje. Ela está muito exausta, como se
estivesse doente, pobre menina provavelmente precisa de uma pausa.

— Oi Marlie! — Ryder chama, acenando para ela.

— Você conhece Marlie? — eu pergunto a ele.

— Todo mundo conhece Marlie. Ela é famosa, você sabe. Ela fugiu
de um assassino!

Pobre garota. Literalmente todos sabem sua história, mesmo


crianças.

— Ei campeão. — Marlie diz, parando em nossa mesa. — O que te


trás aqui?

— Vou tomar café da manhã com minha nova vizinha Rachel.

Eu aceno e Marlie sorri.

— Rachel, prazer em vê-la aqui novamente. Como você está se


ajustando?

— Estou chegando lá. Como você está?

— Bem obrigada. O que eu posso ajudar vocês dois?

Pedimos nossa comida e depois conversamos sobre o jogo de


Pokémon de Ryder o tempo todo. É divertido, e quanto mais passo
tempo com Ryder, mais gosto dele. Eu nunca fui muito boa com
crianças, mas estou começando a ver que não é tão ruim. Eu realmente
gosto do garotinho, e ele certamente me faz rir.

Quando terminamos, e Ryder comeu várias panquecas, voltamos


para a cabana. Eu vejo a caminhonete de Slade na frente quando eu
puxo para cima. — A casa de Slade — digo a Ryder.

~ 50 ~
Ryder pula do carro quando chegamos lá e eu sigo atrás. Estamos
a meio caminho da cabana de Slade quando ele vem para cima
ferozmente. No segundo que o vejo, eu sei, eu sei, mesmo antes de dele
abrir a boca que nós cometemos um erro enorme. A raiva em seu rosto
é aterrorizante. Mas há algo mais lá, também. Medo. Puro, cru, medo.

— Quem diabos você acha que é? — ele ruge para mim.

Paro de repente e Ryder para ao meu lado. Meu coração bate,


minhas mãos começam a tremer, e minha mente gira. Ninguém jamais
falou comigo assim antes. Nunca.

— Perdoe-me? — eu sussurro.

— Que diabos você estava pensando em tirar meu garoto sem


permissão?

Eu pisco.

— Slade. — diz Ryder. — Eu pedi a ela para me levar e...

— Eu não sabia onde ele estava. — Slade grita, ignorando o


garotinho. — Eu não sabia onde ele estava.

Oh Deus.

Eu fodi. Eu fodi tudo de uma maneira enorme.

— Nós deixamos um bilhete. — Ryder grita.

Os olhos de Slade balançam para o garotinho. — Dentro. Agora.

— Mas, não é culpa dela...

— Agora Ryder.

Ryder baixa a cabeça e entra. Sinto-me tão terrível. Não só ele está
em apuros, mas eu cometi um grande erro. Eu não devia tê-lo tirado de
casa. Eu não percebi que seria uma coisa tão grande. Do jeito que Slade
me olha, dói. Ele estava com medo. Ele estava com medo de que algo
tivesse acontecido com seu garotinho. A culpa é minha.

— Sinto muito Slade. Ele perguntou se poderia vir. Certifiquei-me


de escrever uma nota para você e deixei o meu número de telefone. Eu
não achei...

— Você nunca pegue o filho de outra pessoa sem permissão. O que


diabos há de errado com você? — Ele late, os punhos apertados ao seu
lado, o peito subindo e descendo enquanto ele avisa.

~ 51 ~
— Eu...

— Você fique longe dele. Você entendeu?

Eu me recolho enquanto ele ruge as palavras para mim.

Ele se vira e entra em sua cabana, batendo a porta tão alto que
ecoa através das árvores. Meus joelhos tremem, e as lágrimas se
acumulam e caem sobre minhas bochechas enquanto eu permaneço ali,
sentindo e parecendo patética. Minhas mãos tremem e viro lentamente,
andando para minha cabana. No segundo em que a porta está fechada,
eu aperto minhas costas contra a porta e deslizo para baixo, chorando.

Eu não queria deixar ninguém chateado, e certamente não queria


colocar Ryder em tantos problemas. Apoio minha cabeça em minhas
mãos e dou algumas respirações trêmulas.

Alguém bate à minha porta.

— Rachel?

É Steph.

Empurro para meus pés, e com dedos trêmulos abro a porta. No


segundo em que me vê, ela me abraça. Eu deixo. Eu preciso disso.

— Eu vi o que aconteceu, você está bem? — ela pergunta.

Eu passo para trás, limpando as lágrimas de minhas bochechas. —


Sim. — eu sussurro.

— Ele não tinha o direito de tratá-la assim!

— Ele disse. — eu digo, minha voz tremida. — Eu levei seu filho e


ele não sabia onde ele estava.

— Mesmo assim, ele não tinha o direito de reagir assim.

Engulo o caroço grosso em minha garganta e tento acenar, mas


nada acontece.

— Vai ficar bem, ele vai esfriar a cabeça. — Steph me assegura. —


Nós vamos tirar você daqui esta noite, esqueça tudo sobre isso. Esse
homem precisa controlar seu temperamento.

— Pobre Ryder. — eu digo, sentindo tão terrível sobre o garotinho.

— Sim, eu me sinto mal por ele. Mas ele ficará bem querida. Ele
vai.

~ 52 ~
— Se eu soubesse que ele ficaria tão chateado, nunca teria tirado
Ryder de casa. Honestamente não acho que seria um problema.

Ela aperta meu ombro. — Tudo ficará bem, quando ele acalmar
você poderá se explicar.

Mas isso fará algum bem? Eu vi várias pessoas ficarem com raiva
na minha vida, mas eu nunca, nunca vi alguém ficar tão chateado.
Nunca vi tanto medo no rosto de uma pessoa. Ele estava com medo, e
tinha medo por causa de mim.

Eu me sinto horrível.

Droga.

Eu só não estou causando uma boa impressão para as pessoas por


aqui.

~ 53 ~
Seis
Eu ajusto o vestido apertado preto e olho para o espelho, está um
pouco curto, mas é exatamente como eu gosto. Eu não saio muito. Eu
costumava sair com Lara muitas vezes, mas depois que ela teve Bethy,
as coisas ficaram mais difíceis, o que é compreensível. Tem sido um
tempo desde que saí da última vez e deixei o meu cabelo solto. E depois
dos eventos de hoje, eu preciso disso.

Passo os dedos cuidadosamente pelo meu cabelo escuro escovado e


verifico minha maquiagem no espelho. Sim, está tudo no ponto. Antes de
ir para a Steph, quero passar no Slade e pedir desculpas pelo que
aconteceu a Ryder hoje. Eu tenho evitado o dia todo, dando-lhe tempo
para esfriar a cabeça, mas sei que não posso evitá-lo para sempre. Eu
preciso ir e deixá-lo saber que sinto muito pelo que aconteceu.

Pego minha bolsa, espirro um pouco de perfume e me certifico de


que tenho tudo o que preciso, então saio e começo a caminhada lenta —
porque estou de salto — para a casa de Slade. Há alguns carros na
frente, e eu me pergunto se ele tem alguns convidados. Eu hesito, me
perguntando se deveria deixar para amanhã, mas sei que deveria
esclarecer tudo ainda hoje.

Subo os degraus da frente e levanto uma mão, batendo


suavemente. Eu posso ouvir a música que vem de dentro, assim que eu
duvido que qualquer um ouviu, então tento outra vez, muito mais forte.
Um minuto depois, a porta se abre e Slade aparece, vestindo uma
camiseta preta apertada, um par de calças desbotadas e uma camisa
vermelha e branca, jogada sobre os ombros, desabotoada. Ele parece
que estava cortando madeira de novo.

Eu tomo uma respiração trêmula e encontro seus olhos.

Ainda com raiva. Eu posso ver isso. Droga.

— Escute, eu sei que o que fiz hoje estava errado. Eu


honestamente não queria causar problemas. Ryder perguntou se ele
poderia vir comigo, e pedi-lhe que lhe deixasse uma nota. Eu não
pensei, e por causa disso, eu te assustei. Então, desculpe. Peço
desculpas, e isso não acontecerá novamente.

— Slade?

~ 54 ~
Uma linda mulher, muito linda mesmo aparece atrás de Slade,
deslizando os braços ao redor de sua cintura, ela enfia a cabeça e olha
para mim. — Ela está aqui para a festa?

Festa.

Hã.

Ótimo.

— Não. — murmura, virando-se e olhando para a mulher. —


Voltarei em breve.

A mulher olha para ele, com os olhos cheios de dentes, e então


olha para mim, franzindo o cenho. Ótimo. Exatamente o que eu preciso
— ela ficando com a impressão errada. Ela faz o que ele pediu, no
entanto, e desaparece dentro da cabana. Slade olha para mim, e em voz
baixa, ele pergunta: — Nós terminamos?

Eu pisco.

Ele não pode estar falando sério. Demorou muito para eu vir aqui e
pedir desculpas pro seu traseiro arrogante, e ele ainda vai falar comigo
como se eu fosse um lixo.

— Eu estava pedindo desculpa, não há necessidade de...

— Nós. Terminamos. Por. Aqui?

Você sabe o que? Foda-se isso. Foda-se.

Esse idiota não vai ser um idiota por mais tempo. A raiva borbulha
no meu peito e eu subo na ponta dos pés, sentindo a minha raiva
explodir, até que ela derrame e eu esmago um dedo em seu peito duro
como uma rocha, ficando tão perto de seu rosto quanto eu posso.
Então, eu deixo sair.

— Você sabe o que? Eu não sei quem diabos você acha que é, mas
quando alguém sinceramente se desculpa por perturbar você ou faz a
coisa errada, e você continua a falar com ela como elas fossem
estúpidas, ou muda, ou uma dor no seu rabo. Você aceita isso como um
ser humano decente.

Eu movo meu dedo fora de seu peito, puxo-o de volta e, em


seguida, bato de volta para baixo sobre a parede do músculo.

— E você sabe o que mais? Você é um homem rude e grosseiro. Eu


não sei o que aconteceu com você em sua vida, mas você não deveria

~ 55 ~
descontar em outras pessoas. Especialmente pessoas que você não
conhece. O que eu lhe fiz para merecer esse tipo de tratamento? Oh,
isso mesmo, nada!

Eu bato meu dedo sobre ele novamente.

— Agora, vou sair. Eu vim aqui para fazer a coisa certa, mas
considerando que você não quer aceitar isso, então eu tenho duas
palavras para você, seu imbecil. Foda-se.

Com isso, eu giro e desço as escadas. Maldito idiota, quem ele


pensa que é? Eu estava tentando fazer a coisa certa, mas essa será a
última vez. Caminho o mais rápido que posso até a cabana de Steph e
vejo três cabeças femininas espreitando por cima do lado do corrimão
esquerdo, observando. Quando eu alcanço os degraus da frente, todos
eles giram meu caminho, Steph é a que está no meio.

— Oh. Meu. Deus! — Ela grita. — Isso foi épico!

— Eu não te conheço, — diz uma atraente ruiva — mas você se


tornou minha nova melhor amiga.

— E minha também! — uma morena encantadora concorda,


levantando sua mão.

Eu ri. — Obrigada. Eu não queria ficar tão irritada. Ele só... me


deixa louca. Eu fui até lá para pedir desculpas e ele foi tão rude.

— Eu podia assistir isso uma e outra vez, — suspira Steph — e


nunca ficar entediada. Enfim, Rachel, essas são minhas duas amigas,
Chloe e Patricia. Meninas, esta é minha vizinha impressionante, Rachel.

Eu aceno. — Prazer em conhecê-las, lamento que vocês tivessem


que ver o meu pior lado.

Ambas riem.

— Totalmente valeu a pena. — Chloe acena, sorrindo.

— Absolutamente. — Patricia concorda.

— Bem, — Steph diz, balançando suas chaves — quem está pronta


para a festa?

— Eu! — digo rapidamente e com entusiasmo. Definitivamente eu.

— Então vamos.

Olho de relance para a cabana de Slade.

~ 56 ~
Eu não sinto muito. Nem um pouco.

Ele merecia isso.

***

— Este é um ótimo bar! — eu grito através da música.

Nós quatro, meninas estamos sentadas em uma cabine curvada


em um bar na cidade. Não é enorme, mas está cheio. Há pessoas em
todos os lugares, misturando-se, jogando bilhar, dançando. É um
antigo bar, mas bem cuidado. O estilo de madeira torna quase ocidental
em aparência, mas tem uma excelente atmosfera.

Eu estou no meu terceiro Cosmopolitan, e ele não pode bater meu


corpo rápido o suficiente. Eu já estava ferida o suficiente após os
poucos encontros com Terrence, adicionado Slade na mistura só me
derrubou ainda mais. Honestamente, o álcool parece a única explicação
razoável agora, e está funcionando um maldito deleite. Já me sinto
tonta e feliz.

— Essas bebidas vieram dos três homens no bar. — diz uma


garçonete, colocando quatro Cosmos em nossa mesa.

Todas nós olhamos para o bar onde três homens estão olhando. O
que está no meio, um cara bonito, de cabelos louros, acena. Eu aceno
de volta sem pensar e ele me pisca um sorriso maravilhoso.

— Oh, meu Deus, Rach. — diz Steph, inclinando-se para perto. —


Você deveria ir e dizer olá.

— De jeito nenhum. — eu rio, olhando para ela.

— Oh, vamos lá! — Chloe encoraja. — Você pelo menos tem que
agradecer a ele pelas bebidas.

— Por que você não agradece a ele? — eu digo, e ela sorri para
mim.

— Eu sou uma moça comprometida.

Eu suspiro, olhando para Patrícia. Ela levanta um dedo me


mostrando uma aliança de casamento. Droga. Termino meu Cosmo e
me levanto, endireitando meu vestido, alisando meu cabelo, e então eu
ando em direção aos três homens, todos olhando fixamente ainda. Eu

~ 57 ~
paro quando eu chego até eles, concentrando no loiro. Ele é melhor
olhando de perto, com olhos verdes deslumbrantes, características tipo
modelo e um corpo alto, musculoso e magro.

— Eu só queria dizer obrigada pelas bebidas. — eu sorrio,


segurando o Cosmo que eu trouxe junto. — Todas nós realmente
apreciamos isso.

— Não há problema querida. — disse o loiro, e ele tem um sotaque


sexy. — Qual seu nome?

— Rachel, e o seu?

Eu me inclino contra o bar e seus amigos começam a falar entre si,


claramente tendo percebido que eles não irão receber qualquer atenção
por agora.

— Roy.

Roy. Masculino. Quente.

— Bem, é um prazer conhecê-lo Roy. Obrigada novamente pela


bebida.

— O que traz uma garota bonita como você aqui hoje à noite? —
ele pergunta, tomando um longo e vagaroso gole de sua cerveja.

— Só uma noite de meninas. Sou nova na cidade.

— Só isso?

Eu aceno, sorvendo minha bebida novamente.

— Eu estou por aqui por alguns anos, mas eu sei de alguns ótimos
lugares para comer e alguns ótimos pontos para ver, se você estiver
procurando um guia de turismo.

Eu hesito, não porque Roy não é lindo e doce, mas porque eu jurei
que não queria saber de homens, e depois desta noite, eu estou ainda
mais certa sobre isso, mas ele está sendo muito gentil e eu poderia fazer
um amigo... certo?

— Sem pressão. — ele diz, percebendo minha hesitação. — Não


estou aqui para colocar qualquer pressão em tudo querida, escolha é
sua.

Droga. Bem, eu só vivo uma vez, certo?

— Você sabe, eu adoraria ir e explorar alguns lugares.

~ 58 ~
Ele abre um grande e largo sorriso. — Bem, você tem um telefone?
Vou dar-lhe o meu número.

— Eu vou buscá-lo. — eu sorrio, terminando minha bebida e


virando, voltando para a mesa.

— Oh, meu Deus! — diz Steph. — Ele é super bonito!

— Ele me pediu para ir conhecer a cidade com ele. — eu digo,


sorrindo. — Ele vai me dar seu número. Ele é tão quente de perto!

— Aeeee! — Chloe aplaude. — Bom pra você garota.

Levanto meu telefone e me viro, voltando para Roy. Ele dita o seu
número para mim, e eu envio um texto para que ele tenha o meu. — Eu
adoraria continuar conversando, — eu digo — mas eu realmente deveria
voltar para minhas amigas.

— Não há problema querida. Vou ligar para você.

— Foi um prazer conhecê-lo Roy.

— Você também querida.

Eu aceno e volto para a mesa, sentindo-me muito melhor sobre


mim e tudo o que deu errado hoje à noite. Passo as próximas horas
bebendo e dançando com as garotas, e me sinto bem. É exatamente o
que eu precisava. Chloe nos oferece para nos levar por volta da meia-
noite, e todas concordamos. Saindo para o ar fresco, o álcool percorre
minhas veias ainda mais rápido e eu percebo que estou bastante
bêbada.

No passeio de carro para casa, nós rimos e cantamos, falando


sobre a noite. Eu me sinto bem, livre até. Todos que eu conheci esta
noite foram tão bons, o que é uma grande mudança considerando como
as coisas foram até agora. Quando chegamos em casa, há carros em
todos os lugares. Eu estava certa, Slade está dando uma festa. A
música pode ser ouvida de sua cabana e há pessoas espalhadas por
toda a varanda.

— Uau, ele geralmente não dá qualquer tipo de festas. — diz Steph


quando chegamos à cabana dela.

— Acho que ele mudou de ideia esta noite. Eu me pergunto o que


ele fez com Ryder? — eu penso em voz alta.

~ 59 ~
— Ele o teria deixado com um de seus bons amigos de trabalho e
sua esposa, eles moram ao virar da esquina. — Steph me diz. — Eles
são como as únicas pessoas em quem ele confia.

Interessante.

— Devemos ir até lá? — Chloe pergunta.

— Não, — Steph diz, balançando a cabeça. — Eu não tenho


vontade de lidar com ele e sua merda hoje à noite.

— E eu tenho que chegar em casa. — Patrícia diz.

— Se eu for lá, — eu digo — eu provavelmente o apunhalarei com


alguma coisa e provavelmente não será bom.

Todas riem.

— Bem, então senhoras, acho que essa é a minha sugestão para ir


a cama. — Steph boceja. — Eu tive uma noite incrível, obrigada por
terem vindo.

Todos nós a agradecemos, e dou a ela e às outras garotas um


abraço, antes de tropeçar sutilmente de volta para minha cabana.
Estou exausta, meu corpo inteiro está cansado e dolorido. Eu tiro meus
saltos e me troco em um par de shorts de algodão e um top, puxando
um suéter por cima. E então eu rastejo na cama, sonhando antes da
minha cabeça bater no travesseiro.

~ 60 ~
Sete
Boom Boom Boom.

Boom.

Boom.

Boom.

Filtros de música entram através da minha cabana, um pulso


constante que eu não posso ignorar, não importa o quanto eu estava
bêbada, ou o quanto eu tento empurrar meu travesseiro sobre a minha
cabeça. São três da manhã. Três. Da. Manhã. E ele ainda continua
batendo. Ele ainda está lá, festejando como se tivesse vinte e um anos.
Eu posso ouvir as vozes das pessoas, gritando, rindo, e aquela batida
horrível de música.

Eu não aguento mais.

Por uma hora inteira eu tentei, eu realmente tentei. Eu fiz tudo


para simplesmente ignorá-lo, mas cada segundo que passa me deixa
mais furiosa e irritada e ainda mais sonolenta. Agora estou chateada.
Eu não me importo com uma festa, assim como o resto de nós, mas
quando você tem vizinhos por perto, você tem que desligar a música em
um determinado momento.

Não Slade.

Não.

Eu tiro os lençóis e saio do meu quarto para a janela da frente. Eu


grito e pulo para trás quando vejo um casal, sentado na minha varanda,
do lado de fora. Na minha varanda! Na minha varanda! É isso aí. Isso é
fodido. Marcho para a porta da frente, abrindo a porta. O casal
assustado se separa, e eu aponto para eles. — Esta é a minha maldita
casa, não é um lugar pra se pegar. Vá lá para trás e faça em algum
outro lugar!

— Desculpe senhora. — o homem diz, sua voz pastosa de álcool.

Meu Deus.

O que é isso.

~ 61 ~
Eu puxo meu casaco em torno de mim e desço os degraus da
frente, passado o casal, e vou direito para a cabana de Slade. Há
pessoas em toda parte, a maioria das quais param e olhar para mim
quando eu passo tempestivamente entre eles, o cabelo uma bagunça,
shorts, e rosto selvagem com raiva. — Onde está Slade? — exijo para
uma jovem atraente.

— Dentro, na cozinha.

Subo os degraus da frente e entro na cabana onde a música está


tocando. Eu ando furiosa e puxo a tomada fora da parede. Tudo fica em
silêncio.

— Porra.

A voz de Slade me faz girar ao redor e olhando para a cozinha,


ainda segurando o fio em minha mão. Eu o agito enquanto grito: — São
três da manhã. Três da porra da manhã. Você não é a única pessoa
neste pequeno bloco de cabanas. Sua música está tão alta, é impossível
dormir. Não só isso, alguns de seus convidados estavam lá na minha
varanda se pegando.

Slade olha para mim, eu seguro seus olhos e não recuo. Não vou
recuar. Não importa que haja cerca de trinta pessoas olhando para
mim, alguns deles sussurrando, alguns deles rindo, outros apenas
assistindo a ação se desdobrar.

— Se eu tiver que levar este maldito rádio e passar por cima dele
com o meu carro, acredite, eu vou.

Slade, que ainda não disse uma única palavra, coloca sua cerveja
para baixo e anda em volta do balcão da cozinha. Por um momento, eu
não sei o que ele vai fazer. Provavelmente gritar comigo, que é o cenário
mais provável. Ele anda em minha direção, seus olhos vidrados, o que
me diz que está bêbado, muito, muito bêbado. Eu engulo, mas não
coloco o fio de volta, nem rompo o contato visual.

Quando ele chega a mim, eu espero um monte de coisas, o que eu


não espero é que ele se abaixe, jogando seu ombro em minha barriga e
içando-me para o ar. Um guincho sai da minha garganta, minha bunda
está acenando para que todos possam ver, e eu estou sobre seu ombro.
Hércules está me carregando, como se eu não pesasse nada, e estamos
nos movendo em direção à porta da frente.

— Me solta seu gigante... gigante... idiota! — eu choro, batendo


meus punhos em suas costas.

~ 62 ~
Ele desce os degraus da frente, passando por todas as pessoas, e
para a minha cabine. Ele sobe meus degraus de dois em dois e empurra
minha porta da frente aberta. Ele caminha pelo corredor, para o meu
quarto e lá ele literalmente me joga na cama. Eu salto, minhas pernas
voam por toda parte, e eu empurro meus cotovelos, movendo-me até
que eu estou sentado na borda, olhando para ele.

— Quem você acha que é? — eu estalo. — Eu não sou um...

Ele dá um passo ameaçador para a frente, inclina-se para baixo de


modo que suas mãos estejam de cada lado de meus quadris na cama, e
ele se inclina para perto, então eu posso praticamente provar a cerveja
em sua respiração. — Essa sua boca vai te meter em um monte de
problemas, muito em breve. — ele rosna.

— Isso é para me assustar? — eu digo, se aproximando e olhando


de volta para ele. — Porque eu posso te dizer agora, Hercules, não está
funcionando. Estou cansada da sua atitude, e eu...

Ele me beija.

Levo um segundo para registrar que ele fechou o espaço entre nós,
e seus lábios estão nos meus, mas lá estão eles. No meu. Sua boca
capta a minha em um beijo de fome, com fome que eu não posso evitar,
mas responder. Ele me atrai, arrastando um suspiro para fora de mim,
e então nossas bocas estão se movendo juntas, rapidamente, com raiva,
línguas e lábios chocando. Não é um beijo suave, é um beijo frustrado,
desesperado mesmo. E é tão incrível.

Ele puxa para trás depois de alguns segundos, ofegante, sua


respiração em meu rosto. — Boa noite Rachel.

Com isso, ele se vira e desaparece do meu quarto, e da minha


cabana, deixando-me sem fôlego, olhando para a porta vazia.

Santo Jesus.

Eu não sei o que aconteceu, mas agora estou ainda mais confusa
do que antes.

E depois de tudo isso, a música não volta.

Ele me ouviu.

Ele me beijou.

E então ele saiu.

~ 63 ~
***

Eu acordo de manhã e minha cabeça está latejando. Com um


gemido, eu rolo para o meu lado e estico o meu pescoço de um lado
para o outro, mas nada. Eu me sinto tão dura que dói. Eu me sento e
estremeço enquanto o quarto parece girar. Eu acho que bebi muito mais
do que pensava. Esfrego minhas têmporas e tento lembrar da noite.
Quando me lembro, a vergonha inunda minhas bochechas.

Fui até a casa de Slade, no meio de uma festa, e gritei com ele. E
então ele...

Me beijou.

Ele me beijou.

Puta merda.

Eu esfrego meus lábios e tento lembrar como foi. Bom, me senti


bem. Tão incrivelmente bem. Que diabos isso significa? Ele estava
apenas bêbado? Ele estava apenas tentando me calar? Deus, o homem
mal me diz duas palavras em um bom dia e então ele vai em frente e me
beija. E ele fez isso como se quisesse dizer. Realmente significava isso.

Eu tremo e esfrego meus braços.

Eu preciso de um banho. E aspirina. E café.

Talvez eu possa processar o que está acontecendo.

Eu forço meu corpo fora da cama e abro o chuveiro, tiro a roupa


pisando debaixo da água morna. Lavo meu cabelo, gastando mais
tempo esfregando minha cabeça, então eu saio e visto um par de shorts
casuais e uma camiseta, jogando um casaco antes de entrar na cozinha
e ligar a máquina de café.

Meu telefone está no balcão, eu rapidamente o pego, vendo


algumas mensagens de um número desconhecido.

U - Ei, é Roy. Nos conhecemos no bar ontem à noite. Se você


não estiver fazendo nada hoje, posso lhe mostrar um par de ótimos
pontos, talvez almoçar? Avise-me.

Roy.

~ 64 ~
Merda.

Esqueci completamente de Roy. Eu coloco o telefone para baixo,


ainda sem decidir o que fazer sobre essa situação. Estou mais focada na
outra situação. Slade me beijou. Que diabos isso significa? Eu nem
pensei que ele gostava de mim e agora ele está me beijando,
aleatoriamente. Minha pele se arrepia quando me lembro. Ele foi
incrível. Algo estranho mexe dentro de mim. Poderia ser afeto?

Não.

Não.

Nem sequer gosto dele.

Faço um café e passo para a varanda, respirando o ar frio e fresco.


Isso me faz sentir um pouco melhor. Olho para a cabana de Slade. Há
ainda alguns carros ao redor, algumas pessoas na varanda, mas eu não
posso vê-lo. Eu me pergunto se devo falar com ele sobre o que aconteceu
na noite passada? Ele vai se lembrar disso? Deus, e se ele não se
lembrar? Então vou parecer uma idiota.

Por que eu estou pensando tanto sobre isso?

Eu sento em minha velha cadeira, sorvendo meu café e de vez em


quando olhando para a cabana de Slade. Decidi que irei falar com ele
hoje. Provavelmente não mencionarei o beijo, mas no mínimo,
precisamos ter algum tipo de paz entre nós. As repetições da noite
passada simplesmente não podem continuar acontecendo. Espero que
ele esteja mais disposto a ter uma conversa decente comigo.

Talvez ele irá mencionar o beijo?

Eu olho de novo e paro, café a meio caminho da minha boca,


quando vejo Slade sair com a mulher loira atraente que estava com ele
ontem. Ele caminha pelos degraus da frente, e então ela se vira,
levantando nas pontas dos pés e beijando-o tão fundo. Minhas
bochechas queimam e eu tenho que desviar o olhar. Algo desconhecido
pica no meu peito. Ciúmes? Raiva? Confusão?

Não tenho certeza.

Tudo o que sei é que minha pele está formigando, meu coração
está batendo forte, e eu me sinto tão malditamente estúpida. Ele me
beijou, mas ele provavelmente nem se lembra. Ele provavelmente nem
sabe que me trouxe para casa ontem à noite. Deus. Que idiota. Ele

~ 65 ~
passou a noite com outra mulher, depois de me beijar. Isso me faz
sentir... tão incrivelmente muda.

Olho para minha caneca de café por tanto tempo que não ouço ele
se aproximar. É só quando ele limpa a garganta que minha cabeça
chicoteia para cima e eu olho para baixo para vê-lo de pé olhando para
mim, olhos intensos nos meus. Eu engulo o nó na garganta e tento não
me deixar capturar pelas profundidades marrons que sentem que
podem ler meus pensamentos.

— Posso ajudá-lo? — murmuro, evitando seu olhar e tomando


outro gole do meu café.

— Só vim ver como está.

Oh. Como se você realmente se importasse. Você só fodeu outra


mulher depois de me beijar. Idiota. Cara de pau. Dupla cara do pau.

— Vou bem obrigada.

— Como está sua cabeça?

Por que ele está agindo como se importasse? Quando ambos


sabemos que ele absolutamente não está nem aí.

— Bem, obrigada.

Posso sentir seu olhar escaneando sobre mim, mas não olho para
cima.

— Ei, — ele diz.

Eu ainda não olho para cima. Me sinto tão idiota. Se olhá-lo, ele
vai perceber e eu não vou dar-lhe essa satisfação. Não, absolutamente
não.

— Ouça. — digo de pé. — Eu adoraria conversar, mas vou sair com


um amigo. Ele estará aqui em breve.

— Ele?

Não olho enquanto me viro e ando em direção à porta da frente. —


Bom dia Slade.

Entro e fecho a porta.

Eu me sinto uma idiota. Droga.

~ 66 ~
Engolindo o último gole de café e tentando parar o tremor de
minhas mãos, caminho até meu telefone e encontro o número de Roy,
respondendo ao texto dele.

R - Sim, eu adoraria sair com você hoje. Que horas?

Ele responde um segundo depois.

Roy - A hora que você estiver pronta.

R - Dê-me meia hora e eu vou estar preparada. O que devo


vestir?

Roy - Você vai estar bonita em qualquer coisa. O que faça você
se sentir confortável.

Eu sorrio. Isso é bom.

R - Ok, bem, nos vemos em breve.

Roy - Qual é seu endereço?

Eu mando meu endereço e depois vou para o meu quarto


encontrar algo para vestir. Acho um par de jeans e uma blusa casual. É
um conjunto agradável. Puxo um par de sandálias, ajeito meu cabelo
em um rabo de cavalo e pego meus óculos escuros. Termino de me
preparar quando ouço uma batida na porta. Olho no espelho e corro
para a porta, abrindo-a para ver Roy de pé, sorrindo para mim.

Ele está ainda melhor hoje do que na noite passada.

Seu cabelo loiro está bagunçado em sua cabeça, ele está vestindo
uma daquelas camisas de cowboy enfiadas em um par de jeans bem
ajustados e um par de botas. É diferente. Eu nunca fui muito para o
tipo cowboy, mas ele faz justiça em grande forma. Está quente.
Totalmente quente. Derrete minha calcinha. Ele sorri, mostrando-me
um conjunto de dentes brancos perfeitamente retos e duas covinhas
lindas, e eu me sinto melhor imediatamente.

— Ei, olá querida. — ele diz.

Deus. Esse sotaque está ainda melhor hoje do que ontem à noite.

— Olá Roy. — eu sorrio. — Como você está?

— Bem melhor agora. Você está bonita. Está pronta para ir?

Eu aceno. — Absolutamente.

~ 67 ~
Fecho a porta e o sigo até sua grande caminhonete preta. É
impressionante e combina com ele. Vou até a porta do passageiro e ele
já está lá, esperando com ela aberta. Um cavalheiro. Você não tem
muitos desses mais. — Obrigada. — eu sorrio entrando. Ele pisca para
mim, fechando a porta.

Olho para a cabana de Slade e o vejo de pé na varanda da frente


olhando para mim. O impulso de virar e mostrar meu dedo do meio é
grande, mas deixo pra lá e olho para longe, concentrando no cowboy
bonito que sobe dentro da caminhonete e sorri para mim. — Pronta
para ir?

— Claro que sim. Onde vamos?

Ele pisca para mim. — Você vai ter que esperar para ver.

— Eu não sou uma grande fã de surpresas, mas confio em você. —


Eu rio.

— Você vai gostar. Prometo.

Não tenho dúvidas de que vou.

Roy não parece ser o tipo de decepcionar.

~ 68 ~
Oito
— Isso é incrível Roy. — eu respiro, olhando para as formações
rochosas que temos andado pelas últimas quatro horas.

— Eu gostava de vir visitar este lugar quando éramos crianças com


Mamãe e Papai, vínhamos de férias.

— Qual o nome mesmo? — eu pergunto, tirando outra foto no meu


telefone.

— Jardim dos Deuses.

— É lindo, eu nunca vi nada parecido. — eu digo, admirando,


ainda não acreditando que algo tão bonito exista.

— Não, eu não imagino que você veria muito disso na cidade. É por
isso que viver aqui vale a pena.

Eu sorrio para ele. — Você tem razão.

— Aqui, vamos tirar uma foto na frente desta.

Eu olho para cima nas pedras e olho fixamente com medo do seu
tamanho. É de tirar o fôlego. Roy para um casal andando e pergunta se
eles podem tirar uma foto. Nós dois ficamos na frente da pedra e
sorrimos, a garota bonita tira a foto e nos entrega de volta o telefone.
Nós dois agradecemos e olho para a foto.

É fofo.

Nós dois estamos sorrindo, o sol está brilhando, e nós ficamos bem
juntos.

Talvez ele seja bom para mim.

— Você está com fome? — Roy pergunta.

— Morrendo de fome! — eu sorrio para ele.

— Então vamos te alimentar querida.

Nós saímos do jardim e entramos em sua caminhonete, indo para


um restaurante na cidade. É italiano, e o cheiro saindo das portas da
frente faz minha boca se encher de água.

~ 69 ~
— Este lugar faz a melhor pizza da cidade. Você gosta de pizza?

Eu aceno com a cabeça com entusiasmo. — Eu como qualquer


coisa.

Ele ri. — Então prepare-se querida.

Encontramos uma cabine no restaurante e uma garçonete muito


morena aparece, piscando-nos um sorriso e puxando um bloco de
notas. — Bem vindos! Meu nome é Missy e eu estarei lhes servindo
hoje. Você já comeu conosco antes?

— Eu sim, mas é a primeira vez de Rachel. — Roy diz.

— Bem, você vai gostar da sua experiência, disso eu tenho certeza.


A especial de hoje é nossa pizza de frango cremoso, bacon e cogumelos.
É muito popular.

— Oh! — eu digo, meu estômago resmungando. — Isso parece


incrível.

— Quer dar uma chance? — Roy me pergunta, sorrindo.

Eu concordo.

— Vamos dessa. — ele diz a Missy. — E vamos tomar duas Coca-


colas, por favor.

Ela anota, nos pisca um sorriso e desaparece.

— Então, me diga Rachel, o que você faz para ganhar a vida? —


Roy pergunta, colocando as mãos sobre a mesa e inclinando-se para a
frente apenas um pouco para possa me ouvir.

Ele é realmente fofo.

— Atualmente, estou treinando para ser assistente de advogado em


tempo integral.

— Uau, essa é uma grande e gratificante carreira. O que fez você


querer fazer isso?

Eu encolho os ombros. — Eu sempre gostei do lado legal das


coisas, mas nunca tive a determinação de ir no caminho certo e me
tornar uma advogada real.

— Bem, parece que você está em uma boa posição então.

Eu concordo. — E você? O que você faz?

~ 70 ~
— Eu trabalho e crio cavalos em uma fazenda ao sul daqui.

Uau. Isso é surpreendentemente quente.

— Uau, isso é realmente incrível. Você gosta disso?

Ele balança a cabeça. — Fui criado em um rancho, vivi nele toda a


minha vida e os cavalos são a minha paixão. Foi uma vitória para mim,
eu sempre soube que era o que eu faria.

— Isso é incrível, você ser tão dedicado e saber exatamente o que


você quer na vida, muitas pessoas não têm esse tipo chance.

— Não, você tem razão sobre isso, eles nem sempre tem. Eu fui
criado direito, eu não posso negar isso. Eu sempre soube o que eu quis
ser, eu soube sempre que eu queria uma família e uma vida boa em um
rancho.

— Isso é admirável. — Eu sorrio. — Então, você não teve


namoradas a longo prazo que queriam o mesmo?

Ele balança a cabeça. — Não, infelizmente a vida assusta a maioria


delas. Elas têm muito medo de sujar as mãos, ou arruinar os cabelos,
não há muitas garotas dispostas a suportar esse tipo de coisa.

— Isso é uma vergonha, porque a maioria das meninas deveriam


saber que não há muitos homens por aí dispostos a querer um
compromisso como você.

Ele sorri. — Então eu acho que foi seu dia de sorte quando se
aproximou de mim no bar.

Eu ri. — Eu não me aproximei de você, tecnicamente você se


aproximou de mim e eu estava simplesmente sendo educada.

Ele ri. — De qualquer maneira, estou contente.

— Sim, eu estou começando a pensar que eu poderia estar


também.

A garçonete volta com a nossa pizza depois de cerca de meia hora


de conversa fluindo fácil. Ela coloca a pizza na nossa frente, e me dá
água na boca. Meu Deus, parece incrível. Massa grossa com algum tipo
de molho cremoso como base, em seguida, pedaços de frango, bacon e
cogumelos, revestidos com queijo e algum tipo de cream cheese no topo.
Parece tão bom, meu estômago resmunga em protesto.

— Isso parece incrível. — eu digo. — Eu nunca vi nada parecido.

~ 71 ~
— Parece incrível. Vamos atacar. — Roy diz, entregando-me um
prato e colocando um pedaço de pizza sobre ele para mim.

Eu aceito, sem hesitação. Eu nunca fui uma daquelas garotas que


mordiscavam comida na frente de um homem, preocupada com a
aparência. Eu amo comida. Eu nem estou perto de me envergonhar
disso. Se um homem não gosta de mulheres que comem bem, então ele
pode desistir, por que eu não vou mudar tão cedo.

— É bom ver uma garota que não tem medo de comida. — Roy ri
quando eu dou uma mordida e gemo em voz alta.

— Adoro comida demais para fingir que não vivo para isso. — digo
depois de engolir. — Isso é tão bom.

— Você está certa, está incrível.

Comemos em silêncio, porque a comida é muito boa para falar.


Uma vez que terminamos e estou tão cheia que mal posso me mover,
Roy paga e saímos. Ele me leva para casa e conversamos por todo o
caminho. É legal. Ele é um cara bom. E eu tive um grande dia. Eu me
viro para ele quando ele para em frente à minha cabana.

— Muito obrigada, tive um ótimo dia.

— Eu também, obrigado por me deixar mostrar a você. Talvez


possamos fazer isso de novo?

— Claro.

Ele pisca para mim. — Aproveite o resto do seu dia querida.

Eu sorrio e depois saio da caminhonete, acenando enquanto ele


desaparece na estrada.

— Um vaqueiro. Não parece seu tipo.

Eu bufo e giro ao redor da voz atrás de mim para ver Slade de pé,
braços cruzados, assistindo a caminhonete de Roy desaparecer.

— O que você sabe sobre meu tipo? Você nem me conhece.

— Eu sei como você me beijou na noite passada, isso foi resposta


suficiente.

Eu fico boquiaberta com ele. — Você tem muita coragem, depois de


dormir com outra mulher após me beijar. Eu não jogo esse tipo de jogo.
Você deve saber agora que há muitas outras mulheres que fazem, mas

~ 72 ~
eu nunca fui uma delas, e eu não tenho a intenção de começar tão
cedo.

Ele estuda-me. — Não foi o que seu beijo disse. Você queria isso
tanto quanto eu, porra.

Idiota arrogante.

Ele parece irritado.

— Sabe de uma coisa Slade? Eu estava bêbada. Nem me lembro


disso. Entretanto, de uma coisa eu sei, eu não gosto de você. De modo
nenhum. Agora, se você não se importa.

Eu me viro e subo as escadas da minha cabana.

Aquele homem.

Ele tem que arruinar todo o meu bom humor.

Gah!

***

Eu ainda estou tão cheia algumas horas depois, então decido fazer
uma caminhada. Realmente não explorei a área da floresta ao redor da
cabana e acho que é hora de ir dar uma olhada. Além disso, preciso
eliminar aquela pizza. Vai escurecer em pouco mais de uma hora, então
vou vagar pelo caminho de Ryder e verificar as coisas. Calço um par de
tênis, um jeans e uma jaqueta, e enrolo meu cabelo em um rabo de
cavalo.

Pego uma garrafa de água da minha geladeira e vou para fora. O ar


está fresco. Vai ser uma noite fria. Olho para a cabana de Slade e o vejo
de pé na varanda, me observando, falando ao telefone. Eu não aceno,
eu apenas salto meus passos e ando na floresta. É lindo aqui, a área
cheia de arbustos, árvores, troncos e rochas. É uma descoberta nova
onde quer que eu vire.

Um vento frio escorre pelas árvores, e os pássaros cantam alto.


Posso ver por que Ryder vem aqui - é pacífico, o tipo de paz que você
simplesmente não consegue encontrar com as pessoas ao redor.
Caminho sem pensar, movendo-me mais e mais fundo na floresta,
correndo os dedos sobre as flores, pegando pedras de formas diferentes

~ 73 ~
e apenas desfrutando o que de tão maravilhoso é apresentado para
mim.

Um barulho alto atrás de mim me assusta e eu giro ao redor muito


rapidamente, tropeçando para trás sobre uma rocha. Eu tento evitar de
cair, mas não há esperança, bato no chão duro, torcendo meu
tornozelo. Uma dor enche o ar. Estremeço, e minhas costelas já
doloridas da noite passada reclamam. Droga. Só eu poderia arruinar
um momento perfeitamente pacífico ao cair.

Eu tento me levantar, e uma dor aguda sobe através de meu


tornozelo. É tão grave, eu caio para frente novamente, o suor minando
da minha testa. Eu torci mais forte do que pensava. Olho para baixo e
vejo que já está inchando. Eu tento mais uma vez ficar de pé, mas não
posso colocar nenhum peso. Só pode ser brincadeira! Bolhas de
frustração enchem meu peito e eu solto um grunhido dolorido.

Maldição esta semana. Droga.

O sol está apenas começando a se pôr no horizonte, o que significa


que se eu não sair daqui em breve, vou ficar sozinha no escuro. Eu não
sei muito sobre os animais selvagens que vagueiam nestas matas, mas
não quero descobrir quando o sol se for. Eu não trouxe meu telefone,
tampouco, o que foi completamente estúpido. Quem não traz seu
telefone quando vai para uma caminhada na floresta sozinha?

Eu sou uma idiota.

Será minha culpa se eu for comida por alguma criatura louca aqui.
Ninguém saberá até que eu não apareça no trabalho amanhã, e mesmo
assim, serão dias antes de encontrarem meus restos mastigados. Eu
sacudo a cabeça com meus pensamentos loucos e penso. Talvez eu
possa usar um pedaço de pau? Um que me deixa tirar o peso do meu
pé. Sim, isso parece uma ideia lógica.

Eu olho em volta para ver se eu acho um pau grande o suficiente


para me segurar, mas nas proximidades não há nada. Nem um galho,
nem um pau, nada. Existem alguns troncos caídos, mas isso
dificilmente vai me ajudar. Eu vou ter que saltar, ou pelo menos tentar
pular. Esperançosamente, talvez haja uma vara perto, e eu não terei
que pular tanto tempo procurando um galho para me apoiar. Tomando
uma respiração profunda, trêmula, eu empurro para cima, mantendo
meu tornozelo fora do chão. Eu engulo a dor que dispara na minha
perna. Eu fiz um bom trabalho. Espero ter apenas torcido.

~ 74 ~
Eu salto uma vez, usando as árvores perto de mim para me
estabilizar. Faço isso por uns dez minutos sólidos, mas ainda não
consigo encontrar uma vara. O sol está começando a se pôr ainda mais
rápido e está ficando frio. Congelante mesmo. Eu tremo enquanto tento
recuperar o fôlego. Tento não entrar em pânico, mas o fato é que estou
na floresta, está prestes a escurecer e estou machucada.

Eu não quero passar uma noite sozinha aqui.

Luto contra as lágrimas que se acumulam na minha garganta e


tento recuperar o fôlego. Posso ficar aqui e chorar por isso, ou posso
continuar até encontrar algo para me tirar daqui. Eu estabilizo minha
respiração, em seguida, começo a procurar novamente. Meu pé bom
está começando a doer por causa da pressão de segurar o peso do meu
corpo inteiro através de uma floresta. Eu não paro, entretanto.

Enquanto o sol abaixa horizonte, me vejo cada vez mais em pânico.


Uma vez que o sol está para baixo, não vou ser capaz de enxergar nada.
E se eu for na direção errada? Oh Deus, se o sol se pôr e a noite cair,
terei que parar para não me perder, se isso acontecer, eu poderia morrer
muito facilmente aqui. As lágrimas finalmente caem, e eu não as impeço.
Também não paro de pular me apoiando nas árvores até que meus
pulmões queimam e meu corpo dói.

Eu vim mais longe do que pensava.

Estava tão perdida em meus próprios pensamentos e devo ter


andado muito mais longe do que pensei. Acho que o saltar,
provavelmente fez parecer uma distância maior, mas o fato é que nem
consigo ver o forte de Ryder, e não tenho como saber se estou próxima.
Poderia estar por perto, poderia estar outra meia hora de distância, de
qualquer forma, o sol está caindo rapidamente e está escurecendo.

Meu peito está apertado com pânico, e eu preciso lidar com isso
para me acalmar. Mas não tira o sentimento horrível em meu peito,
espalhado até meu coração, meu estômago está girando. Eu li histórias
como esta, em que alguém desaparece e nunca mais é encontrado.

Estou sendo dramática.

Acalme-se.

Eu não estou tão longe da civilização - o pior cenário é eu passar


uma noite aqui. Uma coisa é certa: vou congelar e provavelmente ser
comida por alguma coisa, mas tenho certeza que eu vou ficar ok. Certo?
Um soluço escapa e nem percebi que estava chorando muito. Estou

~ 75 ~
com medo. Não adianta negar isso. Estou com medo, estou congelando
e meu tornozelo está me matando.

Cada pulo está ficando cada vez mais difícil, todos meus músculos
doem e meu pé está latejando e inchado. Eu sei que tenho que me
sentar. Se eu não fizer isso, eu nunca vou fazer este último trecho. O
sol está caindo mais baixo no horizonte, e a cada minuto que passa, fica
mais e mais escuro. Abaixo a cabeça em minhas mãos, tentando
recuperar o fôlego.

Meus pulmões parecem que estão em chamas.

Outro soluço escapa e meus dentes começam a bater juntos. Até


mesmo todo o exercício não é bastante para me manter aquecida da
noite que vem caindo. O frio vem com força na noite e eu não estou
preparada o bastante para me manter aquecida quando o sol
desaparecer completamente. A dor em meu pé é ruim, agora que a
própria ideia de ficar de pé e pulando novamente me faz chorar mais.

Maldição, eu vim aqui para começar uma nova vida, para ser
melhor, e tudo está dando errado pra mim.

Outro soluço.

Alguém está chamando meu nome. Minha cabeça empurra para


cima e eu pisco através de minhas lágrimas, tentando espreitar através
das árvores para ver se estou imaginando. Uma lanterna balança abaixo
o trajeto e eu grito de felicidade enquanto meu nome é chamado outra
vez. Slade. Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Meus
soluços ficam mais fortes quando o alívio inunda meu corpo. Eu não
vou morrer aqui. Eu não vou passar a noite aqui.

— Porra.

Slade aparece e mira a lanterna em mim. Eu soluço e passo a mão


em minhas bochechas, muito aliviada. Slade olha para mim e abaixa a
lanterna, andando até que ele chegue a mim. Ele a enfia no bolso e
depois se inclina para me segurar em seus braços com um rápido
movimento. Ele me levanta no ar, e com um hálito quente em minha
orelha, ele diz: — Você está bem, eu estou com você. Você está bem.

— Eu só fui dar uma volta. — gaguejo. — Eu não... Eu não...

— Está tudo bem, estou aqui agora. Você está congelando. Vou te
aquecer querida.

Querida.

~ 76 ~
Fecho meus olhos e viro meu rosto em seu peito, respirando um
cheiro que me traz conforto.

Agora, estou muito grata a ele.

Muito grata mesmo.

~ 77 ~
Nove
— Não posso...

— Não! — Slade diz, pegando um cobertor e algumas roupas


quentes e entregando-as para mim. — Não, você não pode tomar um
banho. Se você se aquecer muito rápido, ficará seriamente doente. Você
tem que fazê-lo lentamente. Você estava mais fria do que pensava.

Eu tremo, e posso ver a cor azulada em minhas mãos. Ele está


certo, eu estou mais fria do que penso. Minha cabeça está doendo, meu
corpo dói, e agora a única coisa que eu quero fazer é sentar no meu
chuveiro por horas, mas sei que ele está certo, sei que não posso.
Então, eu pego o cobertor, não querendo me mover do lugar no sofá que
ele me colocou, porque meu corpo inteiro dói.

— Se troque, eu não vou olhar. Vou fazer um pouco de chá.

Ele se vira e entra na cozinha. Eu o vejo ir, lentamente arrasto as


minhas roupas com um estremecimento, e coloco as calças quentes que
ele me deu, assim como a camisa. Minhas roupas estão um pouco
úmidas e elas estavam me deixando mais fria ainda. Puxar a roupa seca
me faz sentir mais quente imediatamente. Slade volta da cozinha com
uma xícara de chá na mão. Ele se senta ao meu lado me entregando.

— Obrigada. — eu digo em uma voz sussurrada enquanto tomo e


meu corpo estremece com felicidade quando calor irradia através de
minhas mãos e meus braços.

— Beba devagar. — ele ordena. — Não coloque seu corpo em


choque.

Eu assenti e tomo um gole do chá, fechando meus olhos e amando


como desliza pela minha garganta.

— O que você estava pensando quando foi para o bosque sozinha


tão perto de escurecer? — Slade me pergunta me repreendendo.

Tenho certeza de que pareço envergonhada, porque me sinto


envergonhada. Eu deveria saber que ir para o bosque sozinha,
especialmente quando não sei absolutamente nada sobre o que está lá
fora. É tão claro agora, mas eu estava tão frustrada mais cedo e só

~ 78 ~
precisava de algo para tirar minha mente de tudo isso. Isso quase me
causou mais dor de cabeça do que eu já tinha.

— Eu sei que foi estúpido. — digo a ele, olhando para minha


xícara, em vez dos penetrantes olhos castanhos que estão fixos em meu
rosto. — Eu só precisava limpar minha cabeça e antes que soubesse
que tinha andado tão longe quanto pensava, e então torci meu
tornozelo...

Eu desvio o olhar e olho para meu tornozelo. Slade colocou gelo


nele assim que me colocou no sofá, mas ele não me deixou segurá-lo
por muito tempo, porque meu corpo já estava congelado. Está inchado,
e ainda está doendo, mas os analgésicos que ele me deu fizeram efeito, e
não está latejando como antes.

— Você precisa ver isso de manhã. — ele me diz.

— Você acha que está quebrado?

Ele balança a cabeça. — Não, não está quebrado. Você estaria em


agonia se estivesse. Eu acho que você apenas torceu, mas você deve
verificar se há danos nos ligamentos, talvez até mesmo uma ruptura.

Coloquei minha cabeça em minhas mãos. — Acabei de começar o


meu novo emprego, esta semana é a pior da minha vida, o que vou dizer
a eles, que eu não posso andar por aí e fazer o trabalho que fui
contratada?

— Eu tenho certeza que eles vão entender, não é culpa sua. Eles
não podem ficar zangados com você por isso. — ele murmura,
estendendo a mão e colocando suas mãos grandes e quentes em torno
do meu tornozelo. Ele levanta e eu tenho que segurar o ar enquanto ele
gentilmente rola de lado a lado, olhando para ele. — Agora, — ele
continua, ainda segurando meu tornozelo em suas mãos. — nós vamos
terminar de falar sobre por que você estava naquele bosque.

— Não terminamos? — murmuro. — Já disse que precisava limpar


minha cabeça.

— Por quê? — ele exige.

— Por que você é tão mandão? — eu murmuro, empurrando meu


lábio inferior mais longe do que gostaria de admitir. Eu rapidamente
puxo de volta.

— Pare de desconversar e apenas me responda.

~ 79 ~
Eu exalo. — Eu só não sinto que estou me encaixando aqui. Estou
me divertindo, não me interprete mal, mas as coisas continuam
erradas.

— Como? — ele pergunta.

— Como se meu chefe fosse um idiota, meu vizinho um idiota, para


começar...

Ele olha para mim. — Eu não estou sendo um idiota com você. Se
me lembro, foi você que veio e jogou seu jeito, disse o que queria...

— Isso é porque... isso é porque... — eu fico sem palavras.

— Eu não sou o único a ser uma dor na bunda.

Abro a boca, fecho-a, penso e depois digo: — Eu era nova aqui, não
tinha ideia, você viu que eu estava sozinha e honestamente falar com
você ou receber ajuda sua era como falar com uma parede de tijolo.
Você mal me dizia duas palavras.

— Eu não te conhecia. — ele murmura, colocando meu tornozelo


para baixo. — Eu ainda não conheço. E você mal me deu cinco minutos
para tentar falar antes de começar a tagarelar e me acusar.

Eu franzi o cenho. — Eu não fui tão ruim, fui?

Ele levanta as sobrancelhas.

— Ok, bem, talvez eu tenha sido, mas você tem que admitir que
você é uma pessoa difícil de conversar também. — eu digo.

— Nunca disse que não era. Eu não gosto muito das pessoas.

— Engraçado. — eu digo em voz baixa. — Você tinha um monte de


gente na sua casa. Você parecia razoavelmente a vontade.

Sua mandíbula tiquetaqueia. — Estamos desviando o caminho


novamente.

— Não. — eu digo bebendo meu chá novamente. — Acho que


estamos resolvendo os problemas e passando de todas essas besteiras.

Seus olhos iluminam apenas um pouco e faz seu rosto inteiro


parecer menos áspero. Ele seria perfeito se sorrisse. Ele tem uma
vantagem, mas poderia suavizar um pouco. — Hmmm... — ele
murmura baixo em sua garganta.

~ 80 ~
— Talvez devêssemos começar de novo, com você sendo menos
idiota e eu sendo menos uma dor na bunda. O que você acha?

Ele olha para mim.

Então, eu tomo as rédeas estendendo a mão e dizendo: — Oi, eu


sou Rachel. Eu me mudei para cá da cidade, assim significa que eu não
sou realmente do interior e preciso me ambientar por aqui. Atualmente
estou solteira, porque os homens são difíceis e eu amo conhecer novos
amigos. Estou trabalhando como estagiária de assistente jurídico. Oh, e
eu tenho medo de insetos. Uma verdadeira fobia.

Os lábios de Slade se contraem, e aqueles olhos castanhos


seguram os meus. Então ele se aproxima, pegando minha mão. Alívio
me inunda, porque ele poderia ter me deixado com a mão pendurada e
me deixado ainda mais irritada com ele, mas, em vez disso, ele entrou
no jogo. Eu estou contente, porque não quero não gostar de Slade. Eu
acho que sob seu duro casco ele é um homem que viveu uma vida
bastante difícil.

— Slade. — ele responde, a voz baixa e profunda, e oh, tão sexy. —


Eu morei aqui a maior parte da minha vida. Tenho um filho para
cuidar. Odeio cidades. Gosto de bugs. Eu não gosto muito de pessoas,
mas tenho uma vizinha muito irritante que não parece sair do meu
caminho, não importa o que eu faço.

Eu não posso evitar, explodo em risos. Riso alto e feliz. Slade me


estuda, e ele sorri só um pouco. É tão discreto que você perderia se não
estivesse observando seu rosto, mas eu estou. Estou observando cada
movimento, cada expressão, tentando entender o que ele esconde atrás
desses olhos. E eu sei que uma coisa é certa, ele ficaria lindo se
sorrisse.

É uma pena que ele não sorri.

***

— Sua melhor amiga é a garota que esteve no noticiário anos


atrás? — diz ele, as sobrancelhas levantadas, olhar impressionado em
seu rosto.

— É ela. Ela e seu parceiro Noah foram levados por aquele


assassino em série louco e jogados na floresta para seu jogo doentio. Foi

~ 81 ~
terrível, eu honestamente não sei como ela está tão feliz agora. Ela não
parece ter dificuldade em tudo, ela e Noah realmente se recuperaram.

Slade balança a cabeça, bebendo cerveja. Ainda estou bebendo


chá. Nós dois estamos sentados no meu sofá. Finalmente tomei um
banho e Slade enfaixou meu tornozelo, então nós dois nos sentamos e
conversamos, e surpreendentemente, não paramos. Slade não é um
grande falador, mas ele responde a todas as minhas perguntas e escuta
minhas histórias. Eu posso ver que ele está interessado, e é bom ter
alguém apenas ouvindo.

— Vi essa história por todo o noticiário por um longo tempo. —


murmura Slade. — Não teria sido uma coisa agradável de suportar.
Parece que há mais e mais nesses dias, você certamente já ouviu falar
sobre Marlie.

Eu concordo. — Eu realmente a conheci e a reconheci. Pobre


menina, ela deve lutar para viver em qualquer lugar depois que o livro
foi lançado. Ela não teria escapatória.

— Eu tive algumas boas conversas com ela. Ela é uma boa mulher.
Forte. Mais forte do que a maioria. Mas ela tem uma sombra atrás de
seus olhos. Não como sua amiga Lara. Marlie ainda carrega seus
demônios com ela.

— Isso é provavelmente porque ela nunca foi capaz de deixá-los ir,


você sabe? Quer dizer, esse livro foi enorme. Diabos, todos leram.
Imagine viver com isso em suas costas, quando tudo o que você quer
fazer é sacudir o passado e seguir em frente.

Slade acena com a cabeça. — Eu pensei que ela tinha escrito, mas
ela me disse que sua mãe escreveu. Ela não disse muito mais, mas
tenho a impressão de que ela não concorda com isso.

Eu exalo e bebo meu chá novamente. — Bem, elas são ambas mais
fortes do que eu, posso te dizer. Eu não seria tão forte sobre algo assim.

Os olhos de Slade prendem os meus enquanto ele toma outra longa


golada de sua cerveja. Algo muda em minha barriga, no fundo de minha
barriga, e é um sentimento com o qual não estou familiarizada. Luxúria.
Tem que ser luxúria. Essa é a única coisa que faz sentido.
Considerando que eu nem conheço o cara.

— Eu acho que as pessoas acham uma força, mesmo que elas não
acreditem que tinham quando colocados em uma posição como essa.

~ 82 ~
Poucas pessoas pensam que poderiam passar por isso, mas quando
acontece, elas encontram forças.

— Sim, eu acho que você está certo. Ainda assim, é preciso muito
para reassumir a vida depois de algo assim.

— Porra, você tem razão sobre isso. — Slade concorda.

— E você? Você deve achar as coisas difíceis às vezes, sendo um


pai solteiro?

Os olhos de Slade piscam, e ele encontra meu olhar curioso. —


Ryder não é meu filho.

Eu pisco.

Então eu pisco novamente.

— Ele não é?

Ele balança a cabeça. — Não. Ele é meu sobrinho. Filho da minha


irmã.

Oh.

— Sua irmã se foi? — eu pergunto com cuidado.

Algo se depara com sua expressão, algo escuro, até mesmo


irritado. Eu tremo, porque tudo o que está por trás de seu olhar, o que
quer que causou esse olhar para cruzar seu rosto, não é bom. Gostaria
de saber o que poderia ter acontecido para que seu sobrinho fique com
ele em tempo integral, mas não só isso, para deixa-lo tão chateado com
a menção de sua irmã.

— Não, ela está viva.

— Oh! — eu digo, não querendo insistir, mas curiosa em saber o


que aconteceu.

— Olha, não é algo que eu goste de falar. Mas vou explicar algumas
coisas para você, porque você precisa estar ciente. Especialmente
porque Ryder gosta de você, e ele vai querer passar mais tempo com
você. Eu só posso pedir que você entenda o quanto eu preciso dele
protegido.

Isso não soa bem. Em absoluto.

~ 83 ~
— Ok. — eu digo, segurando seu olhar, esperançosamente
mostrando-lhe que estou ao seu lado e nunca faria nada para colocar
Ryder em perigo.

— Minha irmã não está bem... mentalmente. Ela teve mais de um


fracasso, foi internada quatro vezes, tentou se matar três e está
completamente fora do ar. Ela estava sempre fora quando criança, mas
ficou pior quando ela ficou mais velha. Ficou ainda pior quando ela se
voltou para as drogas.

Oh Deus.

Ter uma condição mental é difícil o suficiente, mas lutar com


drogas, lidar com os efeitos que são muito mais intensos, não é fácil.
Certamente não teria ajudado a sua condição. De modo nenhum.

— Ela conheceu um homem. — Slade continua, depois de tomar


um gole de sua cerveja. — Ele estava ajudando. Ele a ajudou a ficar
limpa, fez com que ela tomasse a medicação correta e, pela primeira
vez, parecia estar progredindo.

Eu aceno, para que ele saiba que estou ouvindo. Eu não quero
interrompê-lo agora, porque o fato de que ele está me dizendo isso,
quando ele realmente não me conhece, é uma coisa enorme. Ele nem
sequer contou a Steph e ele estava dormindo com ela.

— Ela ficou grávida de Ryder e tudo correu bem até que ela deu à
luz a ele. Depois de uma semana, algo mudou, ela começou a fazer
coisas estranhas como deixá-lo chorar até que o garoto mal conseguisse
respirar, ele ficava cansado, ou sentado em seu banho sozinho e ela
saía. Seu namorado, John, sabia que algo estava errado, e tentou falar
com ela, mas ela alegou que estava bem, apenas cansada.

Deus. Pobre Ryder. Ele é apenas um menino inocente.

— Ficou pior, até mesmo o próprio som de Ryder a deixava louca.


Ela disse a John que ela estava tendo pensamentos assassinos sobre
jogá-lo fora pelas janelas, ou sacudi-lo até que ele parasse de chorar.
John sabia que ela precisava de ajuda, então ele a levou e foi informada
de que ela tinha depressão pós-parto, grave. Provavelmente por causa
de problemas anteriores, foi pior do que o normal.

Eu ouvi falar de depressão pós-parto, não a esse extremo, mas eu


sei o quanto isso pode afetar uma pessoa. O quanto isso pode mudar a
maneira como elas pensam e sentem sobre seu filho. Eu sinto por

~ 84 ~
qualquer um que o teve, porque é uma condição que não pode ser
ajudada. Como qualquer condição mental, eu acho.

— John me chamou. — Slade continua, me sacudindo de meus


pensamentos e me trazendo de volta à história. — Ele me contou o que
estava acontecendo e que ele estava recebendo a ajuda de que ela
precisava. Eu lhe disse que a visitaria na semana seguinte, e dois dias
antes de eu chegar, ele estava em um acidente de carro. Ele morreu
instantaneamente.

Meu coração se divide em dois. Bem ali. Ele se abre. Não só esta
mulher sofria com seus próprios demônios, mas as complicações
mentais depois de ter um bebê que ela provavelmente não entendia, e
depois perder seu parceiro. Horrível. Absolutamente horrível.

— Sinto muito, isso é terrível. — digo a Slade, sentindo-me terrível


por todos, incluindo o pobre Ryder.

— Eu consegui o próximo voo que poderia, e voei para ela. Quando


eu cheguei, a casa estava quieta, mas eu tinha esse sentimento... Eu
não sei como explicar isso... Eu só sabia que algo estava errado. Subi e
não vou entrar em detalhes sobre o que vi, mas ela estava tentando
acabar com a vida de Ryder.

Eu suspiro. Não posso evitar. Isso é terrível.

— Eu consegui tirá-la e chamar uma ambulância, mas ela se


perdeu completamente. Eu tive que colocá-lo para baixo, ofegante,
apenas um bebê minúsculo e segurei minha irmã no chão para impedi-
la de chegar até ele. Ela estava gritando que era culpa dele, que se não
fosse por ele John estaria vivo. Ela enlouqueceu.

— Oh Deus, isso é horrível. Sinto muito por você ter passado por
isso.

— De qualquer forma, ela foi levada embora e colocada sob


cuidados, ela precisava disso. Como o pai de Ryder tinha falecido, ele
ficou sobre meus cuidados. Ele era minúsculo e com fome, e chorou
tanto, mas precisava ficar com ele. Ele era da família. Éramos uma
família. Eu fiz o que tinha que fazer.

— Isso é muito sério, você deve estar orgulhoso de si mesmo por


encontrar a força para fazer isso. — eu pauso, e depois pergunto. — O
que aconteceu com a sua irmã?

— Ela recebeu ajuda por um tempo, e então quando ela estava


melhorando, eles a deixaram sair. Eu a deixaria entrar e ver Ryder, mas

~ 85 ~
havia algo faltando em seus olhos, algo que me deixou desconfortável.
Ela queria que ele voltasse, mas ela não estava disposta a lutar por
isso. Ela se misturou com pessoas erradas e começou a usar drogas
novamente. Sua saúde mental afetada, ela me seguia em todos os
lugares, gritando que eu roubei seu filho. Ela tinha surtado
completamente.

— Isso é tão triste, pobre menina. Não pode ser fácil se perder
dessa forma.

Slade acena com a cabeça. — Ela tentou tirar Ryder de mim, mas
ela estava tão maluca com as drogas que nenhum tribunal a levaria a
sério. Começou a me perseguir, ameaçando-me, chegando mesmo a
vandalizar meu carro e minha casa. Já não era seguro para Ryder. O
tribunal me deu a guarda e eu o trouxe para cá.

Meu coração quebra por aquele menino bonito.

— Você já ouviu falar dela novamente?

— Uma vez, alguns anos atrás, quando eu estava em Denver. Ela


nos viu na rua, e estava completamente fora de si. Ela estava tão mal.
Tão perdida e danificada. Eu mal a reconheci. Ela fez algumas ameaças,
dizendo que iria encontrar alguém para vir e pegar seu filho de volta.

— Você acha que ela estava falando sério?

Seus olhos piscam. — Eu não, mas agora não tenho tanta certeza.
Recentemente, eu recebo algumas mensagens aleatórias no meu
telefone, algumas coisas estranhas acontecendo, e eu tenho a sensação
de que ela está procurando por ele. Eu não acho que ela realmente
tenha parado, mas eu acho que por algum motivo, ela está desesperada.
Poderia ser dinheiro a razão, poderia ser que ela está limpa, embora eu
duvide. De qualquer maneira, ela é perigosa. Pode não ser inteiramente
sua culpa, mas não muda os fatos. Ryder é como meu filho, eu não vou
deixar ninguém machucá-lo.

De repente tudo faz sentido para mim. Por que ele ficou tão
assustado quando Ryder veio para o café da manhã comigo naquele dia.
Ele pensou que algo tinha acontecido com ele, pensou que ela tinha
voltado e o levado.

— É o meu maior medo. — ele me diz, sua voz baixa. — Que ela
pode levá-lo e eu não saiba para onde, e eu não seria capaz de
encontrá-lo, e de alguma forma ela vai arruinar com ele ou pior. Ela não
está apta para ser mãe. Se ela ficasse limpa, eu a deixaria vê-lo, mas

~ 86 ~
não há nenhuma maneira que eu deixe meu garoto nesse mundo
perigoso e sombrio.

— Você tem todo o direito de protegê-lo. Ele é basicamente seu


filho e você é a única pessoa que ele tem.

Slade acena com a cabeça.

— Sinto muito, eu o levei para o café da manhã naquele dia. — eu


digo, segurando seu olhar. — Eu honestamente não percebi. Eu não
quis fazer nenhum mal, eu prometo a você, mas eu entendo agora por
que você se assustou tanto. Eu nunca quis causar qualquer pânico,
então eu realmente sinto muito por isso.

Slade acena com a cabeça. — Está bem. Eu não deveria ter sido
tão rude. Ele é apenas...

— Ele é seu filho.

Os olhos de Slade piscam para os meus, e ele acena com a cabeça.

— Eu prometo que vou ter mais cuidado.

— E se você vir algo suspeito, ou alguém andando por aí, me diga,


sim?

— Claro. — eu digo rapidamente. — Ryder é um ótimo garoto, eu


jamais gostaria de ver algum mal sendo feito a ele. Você fez um bom
trabalho com ele.

Slade se levanta e murmura: — Obrigado. E falando disso, eu


tenho que ir e me certificar que ele não está colocando fogo na minha
cabana. Você está bem aqui agora?

Eu aceno, olhando para ele, sentindo aquele calor em minha


barriga novamente. — Obrigada Slade. Por tudo que você fez para me
ajudar esta noite.

Ele balança a cabeça, e seus olhos me examinam mais uma vez. —


Boa noite, Rachel.

— Boa noite.

Eu o vejo sair pela porta e sorrio.

Talvez me mudar pra cá não seja uma coisa tão ruim depois de
tudo.

~ 87 ~
Dez
— Só porque seu tornozelo está dolorido não significa que você
precisa ser tão lenta. Eu pedi a você para arquivar esses papéis, quanto
tempo leva? — Terrence exige quando eu deslizo os papéis para o
gabinete do arquivo, quando realmente, eu quero empurrá-los lá e então
dizer-lhe para enfia-los em sua bunda.

Mas eu não posso fazer isso.

Eu tenho que concordar e fazer a coisa certa, porque eu quero este


trabalho, tenho trabalhado duro por isso e não vou desistir.

— Eu sinto muito, só queria ter certeza de que eles estavam na


ordem correta.

— Mas isso não leva duas horas, não é?

Cala a boca Rachel e faça teu trabalho. Faça seu trabalho e não
reclame. Não responda. Não discuta. Ele vai ficar entediado
eventualmente, e mesmo se ele não ficar, você apenas sorria, e continue
no seu trabalho.

— Desculpe por isso, eu vou me apressar. — eu digo a ele, mesmo


que eu queira pegar este arquivo inteiro e deixar cair em seu pé.

— Certifique-se de fazer. Eu estou com fome agora, tive que


esperar por você para pegar meu almoço. Quando você vai?

— Agora mesmo. — eu digo, colocando os papéis para baixo.

— E então você vai demorar ainda mais para acabar os arquivos.


Eu tinha outros trabalhos para você esta tarde. Obviamente, eles não
serão feitos.

Eu quero esfaqueá-lo bem no maldito globo ocular. Maldito.

— Vou terminar dentro de dez minutos, e então vou pegar o seu


almoço e fico livre para fazer o seu trabalho na parte da tarde.

— Dez minutos, isso é tudo que você tem. Se apresse.

Quando ele se vai, o desejo de mostrar o dedo do meio é enorme,


mas eu não faço, apenas no caso de haver câmeras. Em vez disso, eu

~ 88 ~
termino os arquivos em tempo recorde, e então eu vou até o centro da
cidade para uma delicatessen local e encomendar o seu almoço. A fila é
bastante substancial quando entro, o que sem dúvida deixará ele ainda
mais irritado porque estou demorando muito, mas eu também sei que
este é o único lugar onde ele gosta de comer.

Então, eu espero na fila, rezando que ela se mova rapidamente.

— Rachel.

Ouço uma voz familiar e me viro para ver Roy entrando. Eu sorrio e
lhe cumprimento, me sentindo terrível por realmente não ter pensado
muito nele desde o nosso encontro. Isso é terrível. Ele é um cara legal,
eu não tenho certeza se ele é o cara para mim, considerando a maneira
que Slade me faz sentir, é muito mais intenso. Isso não aconteceria se o
que Roy e eu estávamos criando fosse certo.

— Ei Roy. — eu sorrio, acenando para ele. — O que te trás aqui?

— Eu estou no meu horário de almoço e eu estou feliz por ter


decidido vir aqui porque acabei te encontrando. Como você está
querida?

Eu encolho os ombros. — Eu estou bem, longo dia de trabalho.


Estou apenas pegando o almoço para o meu chefe.

— O que aconteceu com seu tornozelo? — ele pergunta, acenando


para o meu tornozelo enfaixado que sou forçada a usar.

— Eu torci. Nada importante.

— Merda, isso é uma merda. Você não está com dor, está?

— Está ficando melhor. — eu rio fracamente.

— Eu ia ligar para você esta tarde, pra saber se você queria sair e
jantar.

Eu hesito. Roy é incrível. Honestamente, ele é. Ele é o tipo de


homem que você leva para casa da sua mãe, e eu realmente gosto dele,
e adoraria continuar a sair com ele, mas eu já sei, no fundo, eu não vou
sentir por ele como ele quer que eu me sinta. Eu sei que porque eu
penso em Slade o dia todo, não consigo tirá-lo da minha cabeça, e essa
é toda a resposta que eu preciso.

Eu não sou o tipo de garota que engana ninguém.

~ 89 ~
— Escute. — eu digo com cuidado, esperando que minha voz seja
amável. — Eu realmente aprecio seu convite, e eu tive um tempo
incrível com você no outro dia, mas eu tenho que ser honesta, eu não
estou realmente procurando nada agora E eu não quero desperdiçar
seu tempo.

Ele me estuda, e então acena com a cabeça. — Eu entendi aquilo.


Eu respeito isso. Podemos ser apenas amigos.

— Roy. — eu tento de novo. — Estou interessada em outra pessoa.

Ele pisca, e eu temo por um segundo que ele possa me chamar de


nomes desagradáveis, mas ele não faz. Como o verdadeiro cavalheiro
que ele é, ele acena com a cabeça e diz. — Está tudo bem querida. Eu
entendi aquilo.

— Eu realmente gosto de você, e, honestamente, essa outra coisa


provavelmente nunca irá a lugar algum, mas o fato é que eu sinto algo
sobre isso e por isso eu não quero mentir pra você. Eu realmente gostei
de sair com você, e eu adoraria ser sua amiga, mas isso é tudo que eu
posso ser.

— Então é isso que eu vou querer. — ele me diz com um sorriso


fácil. — Eu gosto de você Rachel, e está sem graça por seu sentimentos
serem de outra pessoa, mas isso não significa que eu não queira ser seu
amigo. Sua companhia é ótima, e não há muitas meninas que eu posso
falar livremente por aqui. Então, se você está bem em sermos amigos,
eu também estou bem.

— Sério?

— Claro que sim querida.

— Obrigada, e talvez possamos marcar um jantar, podemos


recuperar o atraso. Eu poderia ser uma boa amiga.

— Parece um excelente plano. — ele pisca. — Amanhã à noite?

Eu sorrio e dou-lhe dois polegares para cima. — Parece bom. Vejo


você então.

— Absolutamente.

Dizemos adeus e então eu peço a comida de Terrence antes de


lentamente fazer o meu caminho de volta ao trabalho. Com certeza, o
rei da idiotice está com raiva por eu ter levado muito tempo, e então fez
o resto da minha tarde terrível. Ele pegou no meu pé e me irritou até

~ 90 ~
que eu mal conseguia trabalhar. Quando cheguei ao meu carro, eu não
aguentava mais. Lágrimas brotam e caem pelo meu rosto.

Quando chego em casa, ainda estou chorando. Eu não entendo o


que ele tem contra mim, mas seja o que for, estou cansada disso. Saio
do carro, enxugo os olhos com as costas da minha mão e subo os
degraus da frente, sentindo-me desalinhada e frustrada. Tento ligar
para Lara, mas ela não responde. Preciso de alguém para conversar, ou
talvez eu só precise desistir e encontrar um novo emprego.

Não.

Não.

Ele não vai ganhar.

— Ei.

Eu giro ao redor de meu ponto na cozinha quando eu ouço a voz de


Slade. Ele está andando pela minha porta da frente e seus olhos estão
estreitos.

— Pensei que estava vendo coisas. O que está errado?

Eu engulo minhas lágrimas, mas não consigo detê-las. Elas fluem


para fora e eu faço um som de soluço feio. Grande. Ótimo. Nós apenas
nos tornamos civilizados um com o outro e agora aqui estou soluçando
como uma criança na frente dele. Eu não consigo evitar. Eu não
entendo o que estou fazendo de errado, não entendo nada, e estou
cansada de me sentir como uma merda e ter que responder a um
homem que nem sequer tentou me conhecer.

— Meu chefe é um i-i-idiota, — eu gaguejo entre soluços. —


Desculpa. Eu sinto muito. Estou tentando parar de chorar.

Slade avança, vai até a minha geladeira e puxa duas cervejas,


abrindo-as. Ele me dá uma, e depois senta no banco do balcão da
cozinha e olha para mim. — Tome um gole, respire fundo algumas vezes
e me diga o que esse imbecil está fazendo.

Não é uma opção, é uma necessidade. Então, eu faço como ele


pede, eu tomo algumas respirações profundas antes de tentar engolir
qualquer cerveja. Depois de alguns minutos, eu me acalmo o suficiente
para falar sem soluçar. — Ele está pegando no meu pé. E eu sei que
você disse da última vez, mas eu não estou exagerando. Eu trabalhei
em lugares suficientes para saber o que é um chefe idiota, e o que é um
assédio extra, e eu estou dizendo, ele não gosta de mim e isso é claro.

~ 91 ~
Eu simplesmente não entendo o porquê. Eu honestamente não sei. Ele
nem mesmo, nem mesmo, tentou me conhecer.

— Você o confrontou sobre isso? — Slade pergunta.

Eu balanço a cabeça rapidamente. — Claro que não, não. Eu não


quero perder meu emprego.

— Se ele está te intimidando, Rachel, você precisa fazer algo sobre


isso.

— Eu sou apenas uma estagiária. Eu estou lá há apenas duas


semanas. Se eu fizer um barulho agora, em direção a alguém que
aparentemente todo mundo gosta, posso dizer que eu vou perder o meu
trabalho.

— Então, basta perguntar-lhe qual é o seu problema, de uma


maneira respeitosa.

Eu balanço a cabeça. — Eu acho que ele é o tipo de pessoa que vai


me insultar mais ainda. Eu só tenho que lidar com isso.

A mandíbula de Slade estala. — Não, você não vai. Eu não me


importo qual o cargo ele tem na empresa, ou quanto tempo ele está lá,
você não trata seus membros da equipe assim. Se você deixá-lo
continuar fazendo isso, então você vai continuar a deixar as pessoas
fazer esse tipo de coisas para você para o resto de sua vida. É seu
direito ser capaz de se defender Rachel.

Meu lábio inferior treme, porque eu sei que ele está certo. Eu sei
que ele está, mas eu não quero admitir porque então isso significa que
eu tenho que fazer algo sobre isso e ao fazer isso, eu me coloco em risco
de deixar as coisas piores, como perder o meu trabalho, ou uma
pequena chance de torná-lo melhor. De qualquer maneira, não vai ser
fácil. Eu alcanço e esfrego minha testa, porque eu honestamente não
mereço isso.

— Eu sei. — eu sussurro finalmente. — Eu sei Slade.

— Não seja grosseira, mas você não pode deixá-lo fazer isso com
você.

Inspiro através do meu nariz e encontro seus olhos.

Ele tem razão.

Mas estou aterrorizada de encará-lo.

~ 92 ~
Este trabalho é tudo que eu me esforcei para ter.

***

— Entre. — eu sorrio para Roy, abrindo a porta e deixando-o


entrar.

— Como você está hoje querida?

— Ótima, obrigada.

— Como está o trabalho? — ele pergunta, me entregando uma


garrafa de vinho. — Pensei que poderíamos compartilhar isso com o
jantar.

— Obrigada, e meu trabalho está ok, chegando lá.

Eu realmente não quero falar sobre mais um dia de merda, porque


isso é exatamente como foi, uma merda. Terrence montou-me como um
pônei quebrado, fazendo-me ir de um lado para outro, mesmo quando
ele sabia que eu ainda estava lutando com a dor de meu tornozelo. Ele
se certificou de manter-me de pé o dia todo, cortando a minha hora do
almoço, só me dando um intervalo de dez minutos para engoli-lo.

Então, eu definitivamente não quero falar sobre isso.

Eu só quero desfrutar da companhia do meu novo amigo e


esquecer que meu trabalho está afundando agora.

— Não parece que você está gostando muito. — diz Roy, entrando
em minha cozinha e abrindo os armários até encontrar dois copos de
vinho.

— Na verdade não. Você se importa se simplesmente não falarmos


sobre isso? Eu só quero aproveitar a noite com você.

Ele dá um sorriso. — Claro. O que você está cozinhando? Cheira


maravilhoso.

— Apenas espaguete, eu fiz minha própria massa e pão de alho.

— Uma garota que sabe cozinhar. — diz ele. — Não restam muitas.

Eu sorrio. — Eu não sou uma grande cozinheira, mas quando se


trata de comida italiana, eu sou ruim. Minha avó me ensinou a fazer

~ 93 ~
minhas próprias massas, e eu a amava tanto que eu nunca esqueci,
sabe?

— Parece que você tem uma boa família.

— Sim. E você, gosta de cozinhar?

— Sim. Não posso dizer que sou bom nisso, mas posso cozinhar o
suficiente para me manter feliz.

Eu rio. — Isso é tudo o que importa então, certo?

— Exatamente. — ele ri, sentando-se no banco do balcão da


cozinha enquanto eu vou até a panela checar meu molho.

— Então, me diga algo sobre você Roy?

— O que você quer saber querida? Sou um livro aberto.

— Bem, nesse caso... — eu esfrego minhas mãos juntas e sorrio. —


Me dê todos os detalhes suculentos. Comece com as namoradas.

Ele ri novamente. — Nada muito emocionante, eu realmente não


encontrei uma que corresponda ao que estou procurando ainda.

— Ah, exigente, não é?

Ele pisca para mim, então balança a cabeça. — Não, não. Eu só


preciso de alguém que tenha uma paixão semelhante a minha. O
rancho é um grande negócio. Vai precisar de duas pessoas dedicadas,
não apenas uma, você sabe?

— Eu entendo isso completamente.

— Olá Rachel!

Eu viro para ver Ryder entrando através de minha porta dianteira,


Gameboy em sua mão. O garoto é das antigas, eu gosto disso.

— Ei amigo. — eu aceno.

Ryder para quando vê Roy, e seus olhos ficam grandes. Ele é tão
adorável.

— Sinto muito. — ele diz instantaneamente. — Eu não sabia que


você tinha um amigo.

— Não se preocupe amigo. — Roy diz, tomando-o em suas próprias


mãos para se apresentar, o que eu realmente gosto. — Meu nome é Roy.
Qual é o seu?

~ 94 ~
— Ryder, eu moro na porta ao lado.

— Isso é super legal. Eu também gostaria de morar perto de


Rachel.

Eu sorrio e Ryder faz um sorriso. — Ela é muito legal. Você quer


ver o meu forte?

— Você tem um forte? — Roy diz, de pé e batendo as mãos dele em


suas coxas. — Deixe-me ver amigo.

Ryder começa a mastigar a orelha de Roy com sua conversa


frenética enquanto saem pela porta. Ele está contando tudo sobre o
forte. Eu me pergunto se Slade está em casa ainda? Eu não o vi mais
cedo quando eu passei na loja e cheguei em casa, achei que ele deveria
estar fora.

Volto para a cozinha e só paro quando ouço a voz baixa e rouca na


minha porta. Eu me viro e vejo Slade de pé, olhando para mim. Eu não
sei o que ele acabou de dizer, mas o que quer que seja, eu estou
pensando que não era dirigido a mim e era mais um murmúrio em sua
respiração.

— Ei. — eu digo, colocando a colher para baixo e enxugando


minhas mãos na toalha ao lado do fogão. — Eu não ouvi você entrar.

Os olhos de Slade me prendem, e oh Deus, ele está lindo hoje. Ele


obviamente estava cortando madeira, porque ele está sujo, do jeito mais
sexy. Jeans rasgados, camisa desabotoada, barba aparada mas
definindo seus traços perfeitamente ásperos. Parece comestível. Eu
tenho que engolir para evitar da minha boca cair aberta ao ver sua
perfeição.

— Para quem você está cozinhando? Aquele imbecil que você saiu o
outro dia?

— Slade. — eu digo, deixando minha boca se abrir agora. — Não


fale assim quando tenho amigos por perto, por favor. Ryder está
mostrando-lhe o forte, eles vão voltar a qualquer segundo.

— Você deixou um estranho sair com o meu filho agora?

Seus olhos estão estreitos, e sua mandíbula continua apertada.


Mas estou chateada com o comentário dele. Irritada. Ele sabe que eu
nunca iria ferir Ryder ou colocá-lo em perigo, então ele está apenas
sendo grande idiota.

~ 95 ~
— Desculpe. — digo, erguendo um dedo e acenando. — Não venha
aqui, com seu humor sujo e tire isso em mim. Você sabe muito bem que
eu nunca deixaria nada acontecer a Ryder. Roy apenas foi ver o forte
dele, eles estão ali mesmo se você estiver preocupado.

— Roy. — Slade bufou.

Eu estreito meus olhos e cruzo meus braços sobre meu peito. —


Não Slade.

— Pensei que você não estava interessada em homens. — ele


morde.

Eu não tenho a chance de responder, porque Roy e Ryder


retornam, entrando pela porta. Roy olha para Slade e os dois seguram
um olhar por um momento, antes de Roy dar um passo para a frente e
estender uma mão. — Você deve ser Slade. Ryder me contou tudo sobre
você. Prazer em conhecê-lo.

Slade olha para a mão de Roy, e por um momento, eu não acho


que ele vai retribuir, mas depois de um segundo ele estende e sacode a
mão de Roy, antes de soltar e olhar para Ryder. — Hora de ir garoto.

— Posso ficar e jantar com Roy e Rach? — Ryder suplica.

Slade sacode a cabeça. — Não, eu tenho certeza que eles querem


estar sozinhos para desfrutar de seu jantar e tudo o mais que eles
planejaram.

Eu mordo meu lábio inferior.

Porque, se não me engano, eu diria que Slade estava agindo... com


ciúmes.

Ciumento.

Interessante, e um pouco lisonjeiro.

~ 96 ~
Onze
Roy e eu temos um jantar incrível, e quando ele se vai, eu limpo e
depois despenco para baixo em meu sofá com o controle remoto e
sorvete, me sentindo melhor depois do dia que tive. A companhia de Roy
ajudou, ele é tão fácil e falar com ele não é um esforço. Acabei de
pressionar o filme que escolhi quando minha porta da frente se abre e
Slade entra.

Eu soltei um gritinho, porque ele me pega desprevenida. Eu


realmente preciso começar a trancar a porta quando estou em casa,
qualquer um poderia entrar. Como agora, por exemplo. Olho fixamente
para o homem grande que enche a minha sala e pisca algumas vezes,
perguntando o que diabos ele quer, porque é tarde e certamente por
agora ele estaria pronto para ir para a cama.

Então, por que ele está aqui?

— O que há de errado? — eu pergunto, não me movendo, porque


francamente eu estou confortável e estou realmente animada com o
sorvete que estou segurando em minhas mãos.

— Ryder disse que deixou um jogo Gameboy aqui. Não queria


incomodá-la até que seu namorado tivesse ido para casa. Você viu o
jogo por aí?

Resisto ao desejo de rir dele, porque ele poderia ter vindo atrás do
jogo amanhã e nós dois sabemos disso. Em vez disso, eu olho em volta
da sala de estar, observando o jogo na minha mesa perto da porta. Eu
aceno na direção. — Está lá, e para sua informação, Roy não é meu
namorado, somos apenas amigos.

Slade olha para mim, depois dá de ombros. — Não estava


perguntando. Vim apenas pelo jogo.

Eu bufo, e olho para minha tigela de sorvete.

— Para que isso? — ele diz, sua voz quase um rosnado.

— Nada. Você quer sorvete antes de ir?

Ele me olha por um segundo, depois na tigela, antes de caminhar e


sentar-se. Eu tomo isso como um sim, o que significa que eu tenho que

~ 97 ~
levantar, mas vale a pena o esforço, porque eu tenho que sentar ao lado
de Slade um pouco, e sentar ao lado dele me faz sentir bem por dentro,
um pouco engraçado, muito nervosa. Vou à cozinha e pego outra tigela,
e volto ao sofá para vê-lo já comendo a minha.

— Não, está tudo bem, pegue o meu. — eu digo sarcasticamente,


sentando e comendo a outra tigela.

— Onde você conheceu Roy? — ele pergunta, olhando para a TV


enquanto empurra outra colher de sorvete na boca.

— No bar.

Ele bufou.

É isso aí.

Eu me viro, colocando minha tigela sobre a mesa de café e de


frente para ele. Ele põe a última colher de sorvete em sua boca, e coloca
sua tigela para baixo também. Então olha para mim. — O que?

— Você tem algum tipo de problema agora?

Ele balança a cabeça. — Foda-se não. Por quê?

Mentiroso, mentiroso, suas calças estão em chamas.

— Porque você está agindo como um idiota, mais cedo e agora. Eu


não estou fazendo nada de errado, Roy é apenas meu amigo, se você
tiver um problema com isso então...

— Eu não tenho. — ele grunhiu, interrompendo-me.

— Sério? — eu digo, cruzando meus braços. — Qualquer um


pensaria que você tem...

— O quê? — ele exige, olhando para mim.

— Ciúme. — eu atiro nele.

Ele bufou novamente. — Nada de ciúmes por aqui querida.

Idiota.

Mega idiota

— Você sabe o que, foda-se. — eu digo, colocando minhas pernas


no chão e começando a me levantar.

~ 98 ~
Seu grande braço se enrola em torno de minha cintura e ele me
arrasta de volta para o sofá e direto em seu colo.

— Me solta seu gigante, porra!

— Sim, sim. — ele murmura, olhando para os meus lábios


enquanto eu me contorço tentando fugir dele. — Gigante. Eu sei.

E então ele esmaga seus lábios sobre os meus, beijando-me com


força e profundidade, língua e lábios, barba coçando a pele macia em
meu rosto. Eu não posso evitar, eu o beijo de volta, mesmo que esteja
tão frustrada com ele, porque ele sabe beijar tão bem. Ainda assim, ele
não pode falar comigo como um idiota e fugir, então depois disso, eu
aprofundo o beijo, e aí eu levanto e puxo sua barba tão forte que ele
assobia e puxa para trás.

— Isso é por ser um idiota. — murmuro, descendo do colo dele.

Ele olha para mim olhando para ele, e aqueles olhos são tão
intensos que eu quero me jogar de volta para o seu colo e beijá-lo mais
forte, mais profundo, talvez enfiar a mão na sua camisa e correr minhas
mãos sobre o peito... Sem! Nenhum auto-maldito-controle, Rachel. Vá
para a cama.

— Obrigada por ter vindo. — eu murmuro, tentando realmente não


parecer excitada. — Eu vou para a cama, tenho que trabalhar amanhã.

Slade está de pé, os olhos ainda prendendo os meus, e dá dois


grandes passos em minha direção. Eu não me movo, apenas ponho a
cabeça para trás e olho para ele. Ele enrola uma mão em volta da
minha nuca, e traz seus lábios para baixo e pressiona-os contra a
minha testa, murmurando contra a minha pele. — Boa noite baby.

Então, assim, ele se foi.

Maldito seja ele.

Ele é bom.

***

— Entããão, ele beijou você? — Steph pergunta, bebendo o vinho


que estamos compartilhando e olhando para mim. — Me diga mais.

~ 99 ~
— Eu só estou dizendo porque eu quero que você saiba que eu não
sou a menina que dá em cima do homem de outra garota e...

Steph acena uma mão. — Honestamente, eu estou com outra


pessoa. Slade foi apenas um passatempo para mim, e agora eu posso
ver isso com mais clareza, eu percebo que ele era apenas um desafio.
Sinceramente, não me importo querida. De modo nenhum. Estou feliz
por ele ter encontrado alguém que o desafia. Ele precisa de uma garota
como você.

Eu encolho os ombros. — Bem, talvez, foi apenas dois beijos e na


semana desde então, ele não disse muito para mim. Depois disso, ele foi
embora por três dias com Ryder, e tem trabalhado, mas depois disso eu
pensei... eu não sei...

— Um conselho, e não estou sendo ciumenta ou qualquer outra


coisa, eu juro. — Steph diz, levantando uma mão. — Mas tenha cuidado
com Slade. Ele gosta de você, o que é mais do que eu já vi dele antes,
porque ele nunca ficou com ciúmes de mim olhando para outros
homens. Mesmo assim, porém, ele luta com qualquer tipo de emoção,
isso é óbvio pelo fato de que ele não teve nenhum relacionamento real,
pelo menos que eu já tenha visto. Ele pode não ser o que você está
procurando Rach, eu não tenho certeza se ele é capaz de se
comprometer com nada sério. Não se machuque.

Eu sei o que ela está dizendo, e respeito isso.

Qualquer um pode ver Slade lutando com a intimidade, e ele se


distanciar por uma semana depois de me beijar mostra isso alto e claro.
Mas, não importa o quanto eu saiba, não consigo me convencer a
ignorá-lo e acabar com ele. Ele provoca faíscas dentro de mim, algo que
eu não senti com ninguém antes.

Droga.

— Eu vou ter cuidado, eu prometo. — eu digo, porque eu vou.

Não posso prometer que vou ficar longe, mas vou ter cuidado.

— Estou feliz por ele ter encontrado alguém como você, se alguém
tem o poder de penetrar naquele forte concreto que ele construiu em
torno de si mesmo, é você. Eu só odiaria ver você se machucar no
processo. Você é boa demais.

Eu estendo minha mão e aperto a sua. — Obrigada por dizer isso,


mas eu estou bem, eu juro. Tenho os olhos bem abertos com Slade.

~ 100 ~
— Sim, você tem isso, é óbvio.

— Espero que sim. E você, o que é esse cara novo por quem está
apaixonada?

— Ele é aquele de quem eu estava falando. — diz sonhadora. — Ele


está me perseguindo, o que é bom para variar. Estivemos fora algumas
vezes, e ele foi ótimo, ele abriu portas de carro, pagou o jantar, à moda
antiga. Você não vê mais isso. Eu realmente gosto dele, Rach.

Eu fico com ela. — Estou tão feliz por você, você merece. Você é
uma ótima garota.

— Obrigada.

Conversamos um pouco mais, e então meu telefone toca para me


alertar que Lara está ligando. Eu digo adeus a Steph e agradeço a ela
pelo bate-papo e depois atendo o telefone enquanto eu ando de volta
para minha cabana.

— Ei! — eu digo para o minha melhor amiga, no segundo que o


telefone bate na minha orelha.

— Ei! Desculpe eu não ter ligado, a vida tem sido agitada. Como
você está?

— Estou chegando lá, tenho tanto para contar.

— Oh meu Deus, diga tudo. O que aconteceu? Eu estou sentando


com uma xícara de chá, conta tudo amiga.

Eu ri. — Bem, primeiro, meu chefe é um maldito idiota.

— De jeito nenhum! — ela ofega. — Qual o nível de idiotice que


estamos falando?

— Maior idiotice que você já viu, tipo enorme. Ele está sendo um
porco para mim sem nenhuma boa razão, ele não tinha sequer me
conhecido antes de decidir que ele não gostava de mim.

Eu digo a Lara sobre o que ele tem feito, e ela ouve, apenas
bufando ou soltando um palavrão aqui e ali.

— Rach, você não deveria aceitar isso. Você tem direitos, estagiária
ou não.

Eu suspiro. — Você não é a única que disse isso, mas eu não


quero arriscar meu trabalho.

~ 101 ~
— Confronte o idiota.

— Tenho certeza de que isso vai me levar a mais problemas.

Ela faz um som reflexivo com a garganta, e então diz: — Você


precisa fazer alguma coisa. Honestamente. Você sabe disso, certo?

— Sim. — eu suspiro. — De qualquer forma, vamos passar para


outra coisa.

— Como está o vizinho?

Fico em silêncio por um momento, me perguntando o quanto devo


dizer a ela. Quero dizer, ela é a minha melhor amiga afinal, mas ainda...

— Oh meu Deus! — ela grita antes que eu tenha a chance de falar.


— Algo aconteceu, eu sei. Você não vai fica quieta por nenhuma razão,
eu conheço você muito bem.

Maldita seja.

— Ok, ok, ele me beijou. Duas vezes.

Ela grita mais alto. — Oh, oh, oh, eu sabia que você se interessaria
por um homem das montanhas.

Eu rolo os olhos mesmo que ela não possa vê-lo. — Eu não tinha
absolutamente nenhum plano de me aproximar de qualquer homem das
montanhas, isso... apenas aconteceu.

— É assim que eles trabalham, com toda essa energia


montanhosa. Conte-me tudo.

Chego à minha cabana e me sento na varanda, contando a ela


sobre Slade. Quando eu termino, eu espero por ela, e ela vem.

— Oh querida, tenha cuidado. Parece que ele poderia realmente te


machucar...

— Eu sei, acredite em mim, mas honestamente, eu não acho que


ele é uma pessoa ruim, ele me disse coisas sobre sua vida que eu tenho
a sensação de que ele não disse a ninguém mais. Mas não se preocupe,
não vou casar com o cara.

— Não o deixe jogar pequenos jogos com você. Se ele quer te beijar,
faça com que ele ganhe.

Eu ri. — Sim chefe.

~ 102 ~
Ela ri. — Sério, você é boa demais para brincar com ele.

Um carro entra no grande gramado à frente das três cabanas,


lentamente circulando uma vez, antes de finalmente voltar e parar na
minha cabana. Slade não está em casa novamente, nem Ryder, então
eu não tenho ideia de quem poderia ser. Uma mulher sai, vestida com
um par de calças e uma blusa, seu cabelo escuro está para solto e ela
está usando óculos.

— Alguém está aqui, eu te ligo mais tarde, Ok? — eu digo a Lara.

— Tudo bem, até depois.

Eu desligo e fico de pé, descendo e parando na frente da mulher.


Ela é mais alta do que eu, e muito graciosa. Alta e imponente.

— Oi, posso ajudá-la? — pergunto a ela.

— Sim, desculpe por entrar, eu só estava me perguntando se um


Slade Matherson vive aqui por acaso?

Eu hesito, porque honestamente, ele me disse sobre sua irmã. Esta


mulher é arrumada, bem vestida, e parece ser normal, mas eu não sei.
Eu não sei como ela é, ou o que eu deveria estar procurando. Ela deve
ver minha hesitação, e ela abre rapidamente sua bolsa e puxa para fora
um cartão de visita. — Desculpe, meu nome é Samantha. Estou apenas
aqui em relação a uma propriedade que ele tem para venda no outro
extremo da cidade. Eu estava interessada em anunciá-la para ele.

Uma agente imobiliário.

Eu exalo.

— Desculpe, ele não está aqui, mas posso lhe dar seu cartão se
quiser?

Ela assente com a cabeça. — Obrigada.

Com isso, ela volta para o carro.

Slade chega em casa cerca de quinze minutos depois, e eu uso o


cartão como uma desculpa para ir até ele e me aproximar pela primeira
vez desde o nosso beijo. Ryder acena alegremente para mim antes de
correr para a cabana. Chego a Slade, que está descarregando
mantimentos, e quando seus olhos se encontram com os meus, eu
tenho que parar, para meus joelhos não tremerem. Só um olhar me faz
derreter. Eu preciso me manter firme.

~ 103 ~
— Desculpe incomodá-lo. — eu digo a ele, estendendo minha mão
e apresentando o cartão. — Uma mulher da imobiliária veio e estava
procurando por você. Ela estava interessada em alguma propriedade
que você tem para a venda.

Ele olha para o cartão e então ordena: — Merda.

— Como?

— Jogue fora. Eu não estou interessado. Eles estão atrás de mim


para vender essas terras por anos, isso nunca vai acontecer. Esqueça
isso.

Temperamental.

— Ok, não há problema. — eu murmuro. — Vou jogá-lo então.

— Ótimo.

Ele começa a carregar os mantimentos para dentro.

Eu o observo por alguns segundos, e depois abaixo a cabeça e


resmungo uma maldição frustrada sobre homens ignorantes antes de
me virar e voltar para minha cabana.

Eu o ouço chamar meu nome.

Eu ignoro.

Porra.

~ 104 ~
Doze
Eu acordo com uma batida na minha porta.

É sábado de manhã, quem diabos quer algo de mim em um sábado


de manhã? Eu gemo e rolo para a esquerda, olhando para o relógio. São
oito horas da manhã. Não é tão cedo, mas certamente ainda não tive o
sono que eu esperava ter. A batida continua, e eu percebo que não vai
desaparecer. Xingando mentalmente, balanço minhas pernas da cama e
saio puxando uma jaqueta e andando até a porta da frente.

Abro-a para ver Slade e Ryder de pé, olhando para mim. Ambos
estão vestidos e prontos para o dia.

— Nós vamos sair hoje! — Ryder felizmente me informa.

Eu pisco, esfrego os olhos, e depois olho para Slade. — Não estou


entendendo.

— Nós estamos saindo, então se vista.

Eu pisco novamente. — Slade, são oito da manhã.

— Nós vamos sair. — ele continua. — Vamos. Vista-se.

— Não enquanto você achar que pode mandar em mim desse jeito,
— eu murmuro, olhos ainda turvos, corpo gritando por um café.

— Então eu vou levá-la para sair desse jeito mesmo. — ele dá um


passo para trás com os olhos firmes, a boca em uma linha dura. — Não
me teste.

Olho-o fixamente em uma tentativa ridícula de me impor. Eu não


tenho nada. Não tenho dúvidas de que ele literalmente arrastaria meu
traseiro para fora assim, então, com um suspiro, eu faço o que ele pede.
Eu me visto, escovo o meu cabelo, e faço um café para antes de sair,
então me juntar a eles na varanda.

— Para onde vamos? — eu bocejo, tomando meu café.

— Você disse que não andou muito por aqui, eu vou levar você
para ver coisas. — Slade diz, descendo os degraus da frente e abrindo a
porta do passageiro para mim.

~ 105 ~
Olho para Ryder, que me dá um polegar entusiasmado.

Tudo bem então.

— Bem, ok então. — eu digo, deslizando para dentro da


caminhonete.

Slade não fala muito enquanto andamos, e honestamente, eu não


estou inteiramente certa do que eu deveria conversar com ele. Eu
pergunto a ele para onde vamos? Por que ele teve essa ideia de repente
quando ele mal me disse duas palavras ontem? Quanto mais penso,
mais quieta eu fico. Finalmente, Ryder quebra o silêncio. — Vamos
subir para as montanhas. — ele me diz com uma voz feliz. — Há um
observatório lá em cima e é muito legal.

— Isso parece incrível. — eu sorrio para ele.

— Então vamos almoçar no restaurante favorito do Slade, ele tem a


melhor comida de todos!

— Bem, eu adoro comida, então isso é ótimo. — eu rio do


garotinho.

— Então podemos...

— Não dê todos os meus segredos camarada! — Slade interrompe.


— Ou ela não ficará surpresa.

Ryder põe a mão sobre a boca e ri. — Certo, é claro.

Eu pisco para ele, e depois olho para Slade. — O que o levou a


isso? Você nem queria falar comigo ontem.

— Eu falei com você. — ele aponta. — E você disse que queria sair,
então é isso que eu estou fazendo, eu vou levar você.

— Porque ele gosta de você. — Ryder joga no ar. — Muito.

Minhas bochechas queimam e evito olhar na direção de Slade,


porque me sinto ansiosa. Nós todos ficamos em silêncio por alguns
minutos, antes de Ryder finalmente quebrar o silêncio e falar na minha
orelha o resto do passeio. Chegamos ao observatório uma hora mais
tarde, puxando o meu casaco mais apertado, saio da caminhonete e
caminho até a grade, olhando para o que deve ser o cenário mais
deslumbrante que já vi em toda a minha existência.

Montanhas, árvores, rios, é como se as melhores partes do mundo


tivessem se juntado e formado esta visão perfeita. Eu suspiro, eu não

~ 106 ~
posso evitar, nada pode sequer chegar perto do que meus olhos estão
vendo agora. Uma brisa suave escorre pelas montanhas e sopra meu
cabelo em volta do meu rosto. Fecho meus olhos e inalo, levando-o para
os meus pulmões e apenas saboreando o momento.

— O que você acha? — Ryder me pergunta.

— Acho que este é o lugar mais incrível que já vi na minha vida.

Ele sorri para mim, e eu olho para ele. — Eu também adoro isso
aqui. Slade costumava me trazer aqui quando eu era pequeno, e
conversávamos por muito, muito tempo. É uma espécie de nosso lugar.

Eu enrosquei a mão no cabelo do garotinho. — Bem amigo, eu diria


que isso torna ainda mais especial, não é?

Ele balança a cabeça e sorri, virando-se e apressando-se para


outra parte do observatório para espiar a paisagem que se encontrava
diante dele. Slade aparece ao meu lado e eu olho para ele, meus olhos
segurando os dele. — Obrigada por me trazer aqui, é um lugar muito
bonito.

— Bem-vinda. — murmura baixo, como se não quisesse perturbar


o silêncio.

— Foi bom você trazer Ryder aqui, é especial para ele agora.

Slade assente e olha para o horizonte. — Ele era um garoto


inquieto, era a única coisa que acalmava sua mente hiperativa. Então,
eu o trouxe aqui, e isso trouxe-lhe paz.

Maldição!

Eu sinto meu nariz entupir com lágrimas não derramadas na


beleza absoluta de tudo isso. Perfeição. Ele não pode ver a si mesmo,
mas Slade é a perfeição.

— É lindo Slade. Obrigada.

Nós olhamos em silêncio por um tempo mais, e depois de alguns


minutos, ele dá um passo mais perto e estende a mão, removendo o
cabelo do meu rosto e enfiando-o atrás da minha orelha. Olho para ele e
juro que meu coração para de bater. O sentimento que está dentro de
mim agora é diferente de qualquer coisa que eu já senti antes, e isso me
aterroriza. Também me excita. Eu mantenho seus olhos castanhos
presos nos meus, e meu corpo inteiro se torna plenamente consciente
dele.

~ 107 ~
— Podemos ir comer alguma coisa agora? — Ryder pergunta,
saltando.

Slade deixa cair a mão, e a decepção se aloja em meu peito, mas eu


não deixo que isso apareça. Em vez disso, volto-me para Ryder e sorrio.
— Eu acho que parece uma ótima ideia! Estou faminta.

— Vamos! — diz Slade.

Todos nós entramos na caminhonete.

A tensão desta vez é completamente diferente.

***

Slade continua o passeio por mais algumas horas, e paramos e


pegar alguma coisa pra comer. Quando o almoço rola ao redor, ele nos
leva a um restaurante na borda das montanhas, de frente para elas. É
lindo, o tipo de lugar que você iria trazer alguém para pedir em
casamento, ou mesmo se casar. É de tirar o fôlego.

— Eles têm o melhor frango aqui! — Ryder me diz, puxando minha


mão enquanto caminhamos até o restaurante.

— É assim tão bom? — eu rio. — Eu acredito homenzinho.

Atravessamos as portas da frente e o ar aquecido faz cócegas no


meu rosto frio. Eu estremeço feliz e tiro meu casaco. Slade fala com a
garçonete, e nós somos levados a uma cabine ao lado de uma janela
maciça que tem uma vista absolutamente espetacular. Linda.
Absolutamente linda.

— Posso pegar alguma coisa para você beber? — a garçonete


pergunta, sorrindo para todos nós.

— Eu vou tomar um pouco de chá, se você não se importa. — eu


digo a ela. — Hoje está um pouco frio lá fora.

Ela ri. — Sim, algumas pessoas disseram isso. Chá. E você


senhor?

— Vou querer duas Coca-colas, por favor. — Slade pede a ela.

— Já trago as bebidas de vocês. Deem uma olhada no menu


enquanto eu estiver fora, e eu logo volto para anotar seus pedidos.

~ 108 ~
Ela desaparece e Slade me dá um cardápio, eu o pego e olho para
baixo. — Então, qual frango é o melhor? — eu pergunto a Ryder,
olhando os diferentes pratos com frango.

— O que tem molho cremoso de bacon. É muuuuito gostoso.

Coloco o menu para baixo. — Parece perfeito, eu vou acreditar em


sua palavra e pedir esse.

Ele sorri para mim. Caramba, ele é adorável.

A garçonete volta alguns minutos mais tarde com nossos drinques,


e todos nós pedimos o mesmo frango cremoso. Quando ela se foi, eu
olho para Slade. — Você vem muito aqui?

— Nós costumávamos vir pelo menos uma vez por mês, hey amigo?

Ryder acena com a cabeça, e pega seu Gameboy, jogando nele


enquanto ele espera o pedido chegar.

— Bem, parece que a comida é bastante impressionante.

Slade acena com a cabeça. — É. É por isso que eu volto. Pensei em


mostrar-lhe os melhores lugares para comer por aqui.

— Obrigada, eu aprecio isso. Eu só fui em um lugar italiano que


faz ótimas pizzas na cidade.

O rosto de Slade escurece um pouco. — O cowboy a levou até lá?

Eu aceno, mordendo meu lábio para parar o sorriso se libertando.


Slade é ainda mais lindo quando está com ciúmes.

— Bem, este lugar é excelente também, não se preocupe com isso.

— Eu não tenho dúvidas.

Conversamos casualmente até que a comida chega, e então todos


ficamos em silêncio enquanto comemos. Porque, honestamente, é sem
dúvida, o melhor frango degustação que eu já comi. Eu gemo mais de
uma vez e como toda a refeição porque é muito bom para deixar alguma
coisa no prato.

— Deus. — eu gemi quando terminamos. — Vocês dois estavam


certos, isso foi incrível.

— Estou tão cheio. — Ryder reclama, esfregando o estômago.

~ 109 ~
— Vamos para casa então, e descansamos, amigo, o que você diz?
— Slade pergunta a ele.

Todos nós saímos, agradecendo a garçonete e dando-lhe uma boa


gorjeta. A casa está quieta quando nós todos tentamos não explodir do
almoço incrível que compartilhamos juntos. Quando chegamos de volta
à cabana, Slade me convida para entrar. Eu hesito, apenas por um
segundo, puramente porque a ideia de rastejar em minha cama e
dormir isso está parecendo muito boa, mas em vez disso eu aceito a
oferta de Slade.

Ryder desaparece em seu quarto e Slade sai para a varanda com


duas cervejas, me entregando uma. Sentamo-nos nas cadeiras, e eu
bebo a cerveja muito, muito lentamente.

— Diga-me que essa comida toda vai desaparecer logo? — eu rio


suavemente. — Estou tão cheia.

— Valeu a pena, sim?

Eu sorrio e aceno com a cabeça. — Sim. Obrigada por me levar


para sair hoje, eu me diverti muito.

— Eu te devia, por ser tão idiota. Eu sinto muito. Eu não quero ser
assim, porra, às vezes eu nem sei que estou fazendo isso.

— Tudo bem. — eu digo, sentindo calor por dentro por ele mesmo
se desculpar. — Tudo está perdoado. Ou seja, se eu não ganhar dez
quilos depois de ter comido tanto.

Ele resmunga, mas seus olhos são claros com risadas. — Você
ainda seria linda querida. Não duvide disso.

Minhas bochechas esquentam e eu sorrio para ele.

Estou na merda.

Porque eu gosto dele.

Eu realmente, realmente gosto dele.

Droga.

~ 110 ~
Treze
Eu atiro minha cabeça para trás e rio. — Você está brincando, isso
é tão fofo.

Os lábios de Slade se contorcem. — Sim, ele era um garoto


engraçado quando era pequeno. Ele sempre teve uma personalidade tão
grande. Sempre brincando comigo.

— Você fez um grande trabalho com ele, é tão bom ver um menino
com uma visão tão grande sobre a vida. É um prazer ter ele por perto.

— Sim, ele é. Não sei o que faria sem ele.

Eu sorrio, me sentindo meio zonza depois de mais de oito cervejas


ao longo da tarde com Slade. Nós começamos a falar, e a cerveja fluiu, e
antes que nós o soubemos, era noite e nós estávamos sentados em seu
sofá, rindo sobre histórias sobre Ryder, e como adorável ele era quando
pequeno. O pobre garoto não queria jantar depois do nosso grande
almoço e adormeceu há meia hora, exausto do dia.

— E você, você nunca quis ter filhos? — Slade me pergunta.

Eu encolho os ombros. — Eu não estava muito focada em crianças,


eu tinha uma carreira que eu realmente queria me dedicar, e é por isso
que eu nunca pensei. Então o tempo começou a ficar longe de mim, e
eu pensei sobre isso, mas eu nunca conheci ninguém, você sabe?

— Vergonha, você daria uma ótima mãe. Você é boa com Ryder.

Eu coro. — Bem, ele é um ótimo garoto.

— Sim, ele é. — Slade murmura, olhando para mim de uma


maneira que me faz me contorcer.

— Por que você está me olhando assim? — eu digo, minha voz


suave.

Eu aperto minha cerveja perto, como se fosse me proteger do


homem sentado ao meu lado, olhando para mim como se ele quisesse
lentamente tirar minhas roupas.

— Eu só estou me perguntando se seu corpo sabe tão bem como


seus lábios.

~ 111 ~
Eu tremo, e aperto minhas pernas juntas. Deus.

— Eu, ah. — eu gaguejo, sorvendo minha cerveja para esconder


meu nervosismo.

— Eu gosto de você, Rachel. Você me deixa louco, mas é isso que


eu gosto em você. Faz um longo tempo desde que eu queria passar um
tempo com uma mulher, sair com ela. Você me intriga.

Deus.

Oh Deus.

Eu engulo e seguro seus olhos. — Bem, eu também. — eu


sussurro.

Ele se aproxima, enrolando sua grande mão ao redor da minha


garrafa de cerveja e tirando-a das minhas mãos. Meu coração bombeia
enquanto eu olho para sua forma grande como ele se impõe, e depois se
vira, estendendo a mão curvando em torno da minha nuca. — Vou
beijar você de novo. Não consigo passar mais um segundo olhando para
esses lábios sem prova-los.

Ele se inclina para frente e captura minha boca com a dele, me


beijando suavemente no início, pequenos bicados sobre meus lábios,
bochechas e meu pescoço. Meu corpo todo formiga e começa uma
queima lenta de dentro para fora quando sua boca se move de volta
para a minha e ele me beija realmente, profundo e longo, línguas e
lábios. É tão bom, tão incrivelmente bom.

Eu levanto, enrolando meus dedos em seu cabelo e puxando-o


para mais perto, choramingando enquanto ele me puxa para seu colo.
Meus joelhos caem de ambos os lados dele, meus braços vão ao redor
de seu pescoço, e eu o beijo tão profundamente quanto eu posso, não
consigo ter o bastante dele. Eu preciso de mais. Meus dedos
percorreram seus bíceps protuberantes e desceram até seu peito. Com
grande dificuldade, puxo meus lábios dos dele e me inclino para baixo,
pressionando minha boca para o pequeno mergulho na base de sua
garganta enquanto meus dedos massageiam seus músculos do peito.

Eu posso sentir seu pau rígido debaixo de mim, ficando cada vez
mais duro. O comprimento espesso esfrega-se contra o meu sexo, me
dando tesão em muito menos tempo do que eu gostaria de admitir.
Slade faz um gemido em sua garganta, e eu arquejo nele, desesperada
para me aproximar.

~ 112 ~
— Não posso continuar fazendo isso aqui. — ele murmura contra a
minha garganta.

Com um movimento rápido, ele me levanta em seus braços e me


leva para seu quarto, trancando a porta atrás de nós. O fogo já está
correndo, então Slade me leva até a cama e me coloca para baixo antes
de pegar um cobertor grande que ele coloca no chão em frente a lareira.
Meu coração vibra quando ele se vira, olhando para mim e me
chamando com um dedo em minha direção.

Eu me levanto e ando com as pernas trêmulas para o cobertor,


abaixando até eu estar sentada sobre ele. Slade pega a bainha de sua
camisa e levanta, puxando-a sobre a cabeça e revelando esse corpo
incrível. Então ele se ajoelha na minha frente, afastando uma mecha de
cabelo do meu rosto quando ele pega minha camisa. Segurando seus
olhos, eu levanto meus braços e ele desliza meu topo fora.

Não estou nervosa.

Eu estou sempre nervosa, mas com ele, eu não estou.

Ele me faz sentir... segura. Bonita.

Lentamente, o resto de nossas roupas sai, e então Slade me puxa


para o seu colo novamente. Seu pênis pressiona contra mim, mas ele
não faz nada para empurrá-lo mais perto. Em vez disso, suas mãos
descem pelo meu corpo, deslizando para cima e para baixo pelas
minhas costas, deslizando em minha bunda. Sua boca cai e encontra
meu mamilo, e ele chupa suavemente em sua boca. Gemendo, minha
cabeça cai para trás enquanto a devora, chupando e mordendo.

— Você é perfeita Rachel. — ele rosna, soltando meu mamilo e


passando uma mão pela minha espinha.

Eu corro meus dedos por cima dele, não me cansando dele, não
importa o quão perto eu esteja. Eu aninho meu rosto em seu pescoço, e
respiro, amando seu cheiro, amando como ele é. O fogo estala em nós,
criando uma cena que eu não conseguia imaginar em minhas fantasias
mais loucas.

— Slade. — eu chamo, quando sua mão cai entre minhas pernas, e


um dedo deslizando através do meu já molhado sexo.

— Tão molhada. — ele rosna em minha orelha antes de deslizar


um dedo dentro de mim.

~ 113 ~
Eu suspiro e me contorço, suas mãos são grandes, seus dedos
igualmente. Leva alguns momentos para se ajustar ao redor dele, mas
ele rola seu dedo dentro de mim, e depois empurra para dentro e para
fora lentamente. Eu gemo e encontro seus lábios, beijando-o com uma
ferocidade que nunca senti antes. Ele me beija de volta com igual
paixão, até que seus dedos estão acendendo um fogo dentro de mim.

— Slade. — eu ofego enquanto o meu orgasmo cresce mais e mais


até que eu não consigo segurar.

Eu gozo forte, longo e perfeito.

— Eu preciso te foder agora, querida. — ele raspa, estendendo a


mão para a esquerda dele e se arrastando ao redor. Ele volta com um
preservativo, rasgando o pacote com os dentes e puxando-o para fora,
alcançando entre nós e deslizando-o sobre seu pau.

Ele tem um pau impressionante também.

Longo, duro e grosso. Eu olho para o tamanho absoluto e engulo


seco.

Não me afastando de seu colo, Slade me levanta e então


suavemente começa a me abaixar sobre seu pênis, centímetro por
centímetro ele me enche, me alongando, me fazendo queimar do melhor
jeito. Eu gemo e agarro seus ombros, me equilibrando enquanto a dor
lentamente se transforma em prazer incrível.

Alcançando para baixo, Slade pega meu traseiro em sua mão e


começa a balançar-me para frente e para trás em seu pênis. Meus
suspiros se transformam em gemidos baixos, quando um prazer
diferente de qualquer coisa que eu já senti começou a construir
profundamente dentro de mim. Meus dedos passam abaixo de seus
bíceps, antes que eu levante e enrole meus braços ao redor de seu
pescoço, encontrando seus lábios e beijando-o um pouco mais
enquanto meu balanço se torna mais frenético.

Isso é tão bom.

Muito bom.

— Slade. — eu gemo contra sua boca. — Oh Deus.

— Você é uma delícia. — ele rosna, beliscando meu lábio inferior.


— Porra!

~ 114 ~
Suas palavras me dão mais prazer até que eu estou com o corpo
inteiro dolorido de prazer, minhas costas arqueadas, minha boca deixa
escapar pequenos gemidos de prazer. Eu vou gozar, e não há nada que
possa parar a intensidade disso. Eu já sei que vai explodir minha
mente.

— Slade! — eu grito quando uma explosão diferente de qualquer


explosão que eu já experimente toma meu corpo. Prazer, ao contrário de
qualquer coisa que eu já senti agarra meu corpo e Slade sufoca meus
gritos com um beijo profundo que me tira o fôlego.

— Vou gozar também, porra! — ele assobia contra a minha boca,


antes que seu corpo inteiro fique imóvel e ele exala contra a minha
bochecha, empurrando para cima apenas um pouco enquanto ele
aprecia em sua libertação.

Abaixo a cabeça em seu ombro, pegando minha respiração. Seus


braços grandes me rodeiam e ele me prende por alguns minutos, ambos
nos ligando de uma maneira que me assusta. Eu posso sentir isso
irradiando dele e para dentro de mim. Há algo aqui, um vínculo que eu
acho que nem sequer compreendemos.

— Isso foi incrível. — eu finalmente murmuro, afastando-me e


olhando em seus olhos.

— Você é incrível querida. — ele diz, apertando um beijo até o fim


do meu nariz.

Deus.

Não há como me afastar disso agora.

Ele está na minha pele.

***

Fechando a porta do carro, solto um grunhido frustrado assim que


eu sei que ninguém pode me ouvir. Já faz mais de um mês, e Terrence
não está desistindo. Não importa o que eu faça, ou o que eu digo, ele
simplesmente não gosta de mim. Hoje, ele fez do meu dia um pesadelo
vivo, sem nenhuma boa razão. O estresse está finalmente cobrando seu
preço, e eu não sei quanto mais eu espero. Honestamente.

~ 115 ~
No caminho de casa eu luto com minhas lágrimas, sabendo que
Slade vai perceber logo que eu passar por sua porta da frente para o
jantar mais tarde. Ele pode me ler de uma maneira que às vezes me
assusta, e outras vezes me lisonjeia. A menor mudança no meu humor
e ele percebe. As coisas entre nós nas últimas semanas foram incríveis.
Cada chance que ele tem, ele leva-me e a Ryder para explorar a área, e
sem hesitar, ele me fode até minha cabeça girar.

Nem sequer estou disposta a pensar em como estou ligada a esse


homem.

Quando chego em minha cabana, saio e olho ao lado. Eu combinei


de ir lá para o jantar, mas meu humor não está bom e eu sei que eu vou
estragar tudo. Pego meu telefone e passo uma mensagem a Slade,
dizendo que estou com uma grande dor de cabeça e vou dormir cedo,
então o verei amanhã antes do trabalho. Vou para dentro e fico em um
banho quente por meia hora, tentando me acalmar.

Quando saio, Slade está sentado na ponta da minha cama,


olhando. Eu recuo um pouco quando o vejo, mas não deveria me
surpreender. É claro que ele não cairia em uma mensagem de texto fácil
assim. Não, ele é muito inteligente e tem que vir e verificar para ter
certeza de que estou realmente dizendo a verdade. Nada passa por ele.
Nada mesmo.

— Você está chorando.

Não é uma pergunta, mas uma afirmação. Então, eu não respondo.

— O que está acontecendo Rach?

Eu sacudo a cabeça, apertando a toalha mais perto e evitando o


contato visual.

— Três segundos para me dizer querida, ou eu vou te fazer falar.

Eu corri e olho para ele. — Honestamente, eu tenho uma dor de


cabeça.

— Eu chamo de besteira, última chance.

— Slade...

Ele se move rapidamente, me pegando pela cintura e me puxando


para seu colo. Minha toalha cai e eu me abaixo para pegar, mas ele bate
as minhas mãos, enrolando seus grandes braços ao redor de meu corpo
nu e me segurando para ele.

~ 116 ~
— Agora, me diga o que está acontecendo.

— Slade, honestamente...

— Se eu tiver que dar um tapa na sua bunda Rachel, eu vou. Você


escolhe.

Eu mordo meu lábio inferior por um segundo, e depois sussurro,


— Terrence está sendo horrível novamente. Está ficando pior agora, eu
não sei quanto mais eu posso segurar, honestamente eu não sei. Eu
amo este trabalho, mas a alegria está lentamente sendo sugada fora de
mim. Está me desgastando Slade.

Slade faz um profundo som estridente em sua garganta, e então


diz: — Eu vou resolver isso.

— O quê? — eu grito. — Não! Slade!

— Vou resolver Rachel. Confie em mim.

— Não, eu vou perder meu emprego, eu vou...

— Shhh, — ele diz, segurando meu peito e rolando meu mamilo


entre seu polegar e indicador.

— Slade. — eu ronrono, odiando amar isso quando eu estou


tentando ser séria.

— Silêncio querida.

Ele aperta meu peito, antes que sua mão caia entre minhas pernas
e ele comece a acariciar.

— Droga Slade, escuta. — eu ofego.

— Depois disso, eu vou colocar minha boca em sua buceta e


relaxá-la. Então você virá para minha casa para jantar, como
planejamos. Mais tarde, vou fodê-la antes de dormir.

Eu tremo. — Você é um burro teimoso...

Ele se move rapidamente, jogando meu corpo para baixo na cama.


Eu salto um pouco, mas ele pega minhas coxas em suas mãos grandes
e empurra-me para o final da cama antes de cair de joelhos e bater-me
com aqueles olhos castanhos fumegantes. — Não brigue comigo
querida, estou com fome.

Eu tremo e minha boca se abre, mas nada sai, então eu


simplesmente aceno e engulo.

~ 117 ~
Então Slade deixa a cabeça cair.

E ele come a minha buceta até me fazer esquecer todos os meus


problemas.

***

Entrando no escritório mais tarde, na manhã seguinte, porque eu


tinha um curso de treinamento antes de começar, vejo Terrence
imediatamente de pé no final do corredor fora de seu escritório. No
momento em que ele me percebe, ele começa a andar para mim. Deus,
aqui vamos nós. Eu não preciso de mais merdas dele. Ele certamente
sabe que eu estava em treinamento esta manhã como parte do meu
trabalho. Se ele quiser brigar comigo esta manhã, eu posso muito bem
desistir. Já tive o suficiente.

— Rachel você pode entrar em meu escritório por um momento. —


diz ele, sua voz apertada, mas não no seu tom habitual.

— Claro. — eu digo e até mesmo eu posso ouvir a exaustão da


maneira que eu falo.

Entrei em seu escritório e caminhei, sentando-me e olhando para


ele enquanto ele se sentava diante de mim e segurava meus olhos.

— Eu chamei você aqui hoje, porque eu queria... — ele faz uma


pausa e desvia os olhos por um momento. — para pedir desculpas pela
maneira que eu tenho tratado você. É classificado como assédio, e você
não fez nada para justificar.

Eu pisco.

O que?

— Ah. — eu começo, mas eu não falo. Em absoluto.

— Eu tenho tratado você mais do que injustamente, e se você


quisesse, você teria todo o direito de fazer uma queixa contra mim. No
entanto, peço que você me dê uma segunda chance. Eu estive sob, ah,
alto estresse e estava descontando isso em você. Me desculpe por isso.

Estou ouvindo coisas.

Isto é um sonho.

~ 118 ~
Isto é...

Slade!

Oh Deus. Slade.

— Eu, ah, eu aprecio isso Terrence. Eu realmente gosto de


trabalhar aqui, e estou grata pela chance, então espero que possamos
começar a nos dar bem.

Eu realmente quero dizer a ele ir para o inferno, mas o que Slade


fez resolveu. Estou um pouco nervosa com o que ele pode ter dito para
esta mudança de atitude, mas não tenho escolha, senão jogar da
mesma maneira.

— Eu aprecio isso. — diz Terrence. — Obrigado pela compreensão,


e mais uma vez, peço desculpas. Você pode voltar a trabalhar agora.

Posso.

Eu posso voltar a trabalhar.

Sem exigências.

Eu me levanto e ofereço um sorriso amarelo antes de sair do


escritório e vou para minha sala. Então eu puxo meu telefone e escrevo
Slade.

R — O que você fez?

S — O que eu tinha que fazer.

R — Slade! Sério! Conte-me!

S — Acabei de lembrá-lo de regras da empresa, muito bem, e


disse-lhe que se continuasse, encontraríamos prova de assédio e
ferraríamos com ele.

Meu coração bate forte enquanto eu respondo.

R — Não sei se devo agradecer-lhe ou estrangulá-lo. Ele poderia


ter me despedido e me metido em problemas.

S — Confie em mim querida, ele não ia se meter com você. Eu


posso encontrar sujeira em qualquer um, e eu encontrei bastante
em Terrence para me certificar que ele a tratasse com o respeito de
agora em diante.

Deus.

~ 119 ~
Este homem.

R — Bem, obrigada. Ele pediu desculpas e foi muito bom.

S — Qualquer coisa querida. Te vejo esta tarde.

Deus.

Sim.

Este homem.

~ 120 ~
Catorze
— Você tem certeza? — Eu digo uma última vez a Slade enquanto
ele sobe no lado do motorista de sua caminhonete.

Ele estende a mão, segurando minha mandíbula em sua grande


mão e murmurando. — Tenho certeza querida, eu confio em você e ele
gosta de estar com você. É uma noite. Honestamente, tudo bem, eu
prometo. Ele estará em seu melhor comportamento, não vai garoto?

Ryder acena com a cabeça, segurando seu travesseiro contra seu


peito com um grande sorriso pateta. — Eu prometo!

— Venha aqui e me dê um beijo.

Eu me inclino e escovo meus lábios contra os de Slade, meu


coração fazendo um looping feliz. — Você vai me ligar quando chegar lá?
— eu pergunto.

— Ligo para você, escrevo uma mensagem, penso em você querida.


Cuide do meu filho.

— É claro. — eu falei. — Nós vamos fazer umas doideiras por aqui.


Ficar bêbados, mulheres, vamos assistir umas lutas...

Ryder ri e Slade aperta o queixo um pouco.

— Nós vamos ficar bem querido. — eu sussurro.

Ele aperta um beijo na minha testa e eu passo para trás.

— Entrem aqui e me deem um abraço.

Ryder se lança para cima e abraça Slade antes de dar um passo


para trás e ficar tão perto seu travesseiro escorado contra mim.

— Seja bom. — diz Slade, fechando a porta da caminhonete e


desaparecendo na estrada.

Nós dois o vemos partir, meu coração um pouco dolorido, Ryder


também sem duvida. Mas, ao mesmo tempo, meu coração está cheio de
alegria por Slade confiar em mim para cuidar de Ryder. Eu sei como ele
é protetor, então eu sei que é um grande negócio para ele. Ele tinha que
sair a trabalho, e eu fiquei honrada quando ele me pediu para ajudar.

~ 121 ~
Claro, eu estou nervosa como o inferno, eu realmente não gasto muito
tempo com crianças, no entanto Ryder e eu nos damos muito bem,
então eu sei que vai ficar bem.

— O que vamos fazer primeiro, amigo? — pergunto ao garotinho. —


Filmes?

Ele pula. — Sim!

— Vamos fazer isso.

Nós entramos em minha cabana, e eu mostro a Ryder onde ele vai


dormir no quarto ao lado. Ele coloca suas coisas para baixo e eu coloco
uma pizza congelada no forno enquanto preparo pipocas. Já está no fim
da tarde, então só temos o resto da noite e Slade estará de volta
amanhã antes do almoço. Ele disse que tinha que ir ver um carro, e
poderia voltar esta noite, mas ele está cansado, então ele vai voltar de
manhã.

Ryder fica confortável no sofá e eu pego a pipoca, e um par de


refrigerantes da geladeira. Então eu me sento e me junto a ele enquanto
a pizza assa. Ele pega Big Hero 6, que é um filme que eu não vi, mas
Lara me falou muito sobre ele. Nós colocamos a tigela de pipoca entre
nós, e relaxamos.

O filme está na metade quando eu levanto para pegar a pizza do


forno. Eu a coloco no balcão e pego uma faca para cortá-la quando eu
vejo movimento fora da minha janela da frente. Intrigada, eu coloco a
faca para baixo, com certeza eu vi uma pessoa lá fora. Talvez Steph
tenha vindo para dizer oi? Oh não, espere, ela está fora da cidade por
alguns dias. Talvez seja um amigo de Slade.

Abro a porta da frente e vejo a mulher da imobiliária parada na


varanda. Samantha, acho que o nome dela era. Olho para ela por um
segundo, confusa. Que diabos ela está fazendo aqui à noite?

— Ah, eu posso te ajudar de novo? — eu pergunto a ela.

Ela se vira e me enfrenta, só que desta vez ela não está usando os
óculos escuros. Ela tem anéis escuros sob seus olhos, e seu rosto, sem
toda a maquiagem que usava pela última vez, parece esticado e magro.
Ela parece... terrível.

— Está tudo bem?

Eu não sei porque eu pergunto isso, mas o fato é que eu estou um


pouco preocupada com a mulher. O que diabos ela está fazendo na

~ 122 ~
minha varanda, depois de horas, parecendo que ela acabou de ter uma
overdose de drogas. Seus olhos balançam para os meus e ela pergunta,
— Eu estava procurando por Slade, ele está em casa?

Eu estreito meus olhos. Algo no fundo apenas não parece... certo.


Eu não posso colocar o meu dedo no que é, tudo que sei é que todo o
meu corpo está gritando comigo para mentir para esta mulher, porque
qualquer que seja a razão que ela está aqui, eu estou começando a
pensar que não tem nada a ver com imóveis.

— Não, desculpe, ele não está. Ele estará fora por um tempo.

Uma mentira, é apenas uma noite, mas até que eu possa avisá-lo
dessa mulher depois... o quê? Sua propriedade? Ela quer comprá-la
tanto assim? De qualquer maneira, até que eu possa avisá-lo, vou fazer
o meu melhor para mantê-la afastada e, em seguida, ele pode lidar com
isso quando ele retornar.

— Oh! — ela diz, estudando-me.

Sua mão esquerda se contorce. Ela está usando um casaco grande.


Não está tão frio lá fora. Embora não haja muito dela. Eu me pergunto
por que ela está tão mal agora? Ela estava bem arrumada da última vez
que esteve aqui, falou bem, o que aconteceu com ela no último mês?

— Sinto muito. — continuo, apenas querendo fechar a porta. —


Posso dizer a ele que você esteve aqui de novo, se quiser.

Ela começa a balançar a cabeça, mas depois para. Seus olhos se


fixam em algo atrás de mim, e a maneira que eles focalizam, faz meu
coração começar disparar. Eu sinto a presença do menino atrás de
mim, e sua mão aperta a parte de trás da minha camisa enquanto
sussurra: — Mamãe?

Mamãe.

Oh.

Deus.

Não.

Movo-me rapidamente, dando um passo para trás na casa e


empurrando Ryder para trás com uma mão enquanto eu alcanço a
porta com a outra, mas ela é mais rápida. Ela já entrou e com a mão em
sua jaqueta tira uma arma antes que eu possa mesmo fechar a porta.

~ 123 ~
Eu congelo. Eu não posso me mover. Ela aponta para mim e em um
tom baixo, trêmula diz: — Deixe-me entrar, e ninguém se machuca.

Oh Deus.

Isto é ruim. Isso é muito ruim.

Eu não penso apenas atirando-me para ela. Ela está alta,


obviamente, então quão bom seria seu tiro? Talvez eu tivesse uma
chance de tirar a arma da mão dela antes...

— Não pense em me atacar. — ela assobia em voz baixa. — Eu


atirei muitas armas durante a vida, eu não vou perder, eu prometo.

Eu engulo, e dou um passo para trás, alcançando atrás de mim e


puxando Ryder perto de minhas costas enquanto ela nos força a entrar
em casa antes de trancar a porta e manter a arma em mim.

— Ryder querido. — ela diz para o menino segurando firmemente a


parte de trás da minha camisa, tão apertada que ele está beliscando
parte da minha pele com ela. — Sou eu, mamãe. Venha aqui e me dê
um abraço.

Só por cima do meu cadáver.

Ryder não diz nada, ele apenas se aproxima de mim.

— Ryder. — ela tenta novamente. — Eu vim para te pegar, como eu


prometi. Você não precisa mais viver com esse monstro. Ele não vai
escondê-lo de mim por mais tempo. Vamos para algum lugar legal, em
algum lugar especial, e vamos nos divertir muito, querido?

— Não. — sua pequena voz vem atrás de mim. — Não. Quero ficar
aqui com Slade.

— Slade é um mentiroso! Slade é mentiroso querido, confie em


mim. Eu sou sua mãe, eu nunca machucaria você.

— Vá embora! — Ryder grita por trás de mim. — Vá embora. Eu


não quero ver você. Eu te odeio.

Eu suspiro, porque eu sei que tudo o que está passando por sua
pobre mente agora não é bom. Quanto mais cedo eu conseguir tirar
essa mulher daqui, melhor. O medo agarra meu coração, mas eu não
me entrego a ele. Eu disse a Slade que eu cuidaria de seu garoto e eu
vou, não importa o quê. Vou pegar uma bala antes de deixá-la sair
daqui com Ryder.

~ 124 ~
— Escute. — eu tento dizer para ela, mantendo a minha voz calma,
mas não muito calma para fazê-la pensar que estou falando com ela
como uma criança. — Talvez possamos tomar uma xícara de chá e
sentar, falar sobre isso...

— Cala a boca! — a mulher rosna para mim. — Quem diabos é


você de qualquer maneira? É algum tipo de relacionamento familiar?
Você está tentando tomar meu lugar e ser sua mãe? Sua putinha.

Ok, essa tática não vai funcionar.

— Eu não estou tentando tomar o lugar de ninguém, eu sou


apenas a babá de Ryder nessa noite.

Melhor não irritá-la mais.

— Então ele pode deixar meu filho com putas aleatórias, mas ele
não pode me deixar vê-lo? É isso que você está dizendo?

Sua mão está tremendo, uma contração errada e a bala vai sair,
diretamente em meu peito. Eu engulo, tentando manter a calma,
quando eu respondo: — Claro que não.

— Dê-me o menino e eu não vou te machucar. Ele é meu filho. É o


meu direito.

— Eu não posso fazer isso. — eu digo.

— Agora! — ela grita, agitando a arma e dando um passo em


minha direção.

Eu dou um passo para trás, empurrando Ryder de volta comigo.


Eu mantenho uma mão dobrada atrás de mim, pendurada em cima
dele. Eu não vou deixá-lo.

— Se você atirar em mim, ele nunca vai perdoá-la. Seu filho nunca
mais olhará para você de novo. Se você o quer de volta, então você
precisa se acalmar. Você não se importa com o que ele pensa de você?

Sua mão treme enquanto ela grita. — Não me diga como ser mãe.
Sente-se nesse sofá agora mesmo ou eu explodir seu joelho.

— Vamos lá camarada. — eu sussurro, levando Ryder para o sofá.


Ele se senta encostado no meu lado, cabeça enterrada de modo que ele
não pode olhar para a mulher que tem a coragem de se considerar sua
mãe.

~ 125 ~
Ela está na nossa frente, apontando a arma na minha direção. E só
então eu percebo que estou sentada no meu telefone. Se eu puder tirá-
lo de baixo de mim e deslizar para Ryder de alguma forma, ele pode
ligar para o 911. Até lá, eu tenho que distrair a mulher.

— Ryder querido, olhe para a mamãe. Deixe-me ver como você


cresceu.

— Não! — Ryder diz, sua voz abafada em minha camisa.

— Agora!

— Olha, se você se acalmar, ele pode falar com você. — eu tento de


novo.

— Cala a boca, sua cadela. Feche sua maldita boca. Você não sabe
nada sobre mim. Você não sabe nada sobre o que eu fiz para tentar
recuperar meu filho. Você não sabe nada sobre meu irmão que tem
mantido meu filho longe de mim.

— Ele o impediu te ver por essa mesma razão. Olhe para você, você
é uma bagunça! Você não está apta para ser mãe.

As palavras vomitam antes que eu possa pensar. A mulher dá um


passo à frente e me bate tão forte no rosto com a arma que um grito é
arrancado da minha garganta. Dor diferente de qualquer coisa que eu já
senti, e lágrimas atravessam meu corpo, e sangue escorre pelo meu
rosto. Minha visão se ofusca por alguns momentos, mas eu não largo
Ryder, que está choramingando em meu lado.

Eu não posso desmaiar.

Eu tenho que lutar.

Eu me viro e coloco a mão na cabeça dele, me inclinando para que


ele possa me ouvir. — Está tudo bem amigo. Estou bem.

— Pare de tocar meu filho! — a mulher grita. — Pare agora.

— Ryder querido, há um telefone embaixo da minha bunda. Se


você conseguir de alguma forma, eu preciso que você ligue para o 911
sem que ela veja. Você me ouve?

Ele acena para o meu lado.

— Pare de falar com ele! — a mulher grita novamente, e eu levanto


a cabeça.

~ 126 ~
— Eu estou vendo se ele está ok. — eu digo, minha voz apertada,
sangue escorrendo pelo meu rosto, aquecendo um caminho em seu
rastro.

— Bem, eu estou dizendo para você calar a boca, parar de falar


com ele, ou eu vou causar mais danos.

Olho para ela, mas não digo nada.

Sinto que a mãozinha de Ryder se move lentamente em direção ao


minha bunda e tusso para me mexer um pouco para que ele possa
pegar meu telefone.

— Isso não é o que você quer fazer. Você é a mãe dele. Não o deixe
vê-la assim.

— Cala a boca! — ela grita. — Cala a boca, cale a boca, cala a boca!

Ela lança as mãos para cima e a arma dispara para o teto. Eu me


encolho, Ryder choraminga, e seus olhos se arregalam enquanto ela
olha para cima, quase como se de repente percebendo que ela ainda
tem uma arma. No segundo que ela está olhando, eu me movo. Eu me
levanto e dou um soco em sua barriga, fazendo com que ela caia para
trás sobre a mesa de café.

Nós duas aterrissamos no chão com um baque, mas a arma não


deixa sua mão. Ela me agarra enquanto nós rolamos no chão. Eu enrolo
meus dedos em seu cabelo, tentando sacudir sua cabeça para trás
enquanto ela tenta me morder. Eu posso ouvir a voz de Ryder no fundo,
ele está chamando 911. Graças a Deus.

Mais alguns minutos.

Eu agarro seu pulso, tentando fazê-la soltar a arma quando ela


traz algo mais em sua outra mão. Uma luminária. Ela empurra tão forte
que se desconecta da parede com um estalo e então ela rola, batendo
com a luminária na minha cabeça. Eu perco a força, rolando para o
lado e gritando enquanto minha cabeça começa doer fortemente. Minha
visão fica borrada e meus olhos focalizam Ryder. Eu não posso
desmaiar.

Eu não posso...

Minha visão começa a ficar preta, quando a porta da frente se abre


e Slade entra.

Então tudo se apaga.

~ 127 ~
***

Eu acordei com luzes borrando minha visão.

Eu pisco uma vez. Em seguida, duas vezes.

E percebo que estou em um hospital.

Ryder.

Não.

Eu começo a chorar em agonia enquanto minha cabeça lateja. Um


par de mãos macias pousa no meu peito, empurrando-me de volta para
baixo, e uma calma voz feminina diz: — Está tudo bem, você está ok.
Você está no hospital.

— Ryder! — eu choro. — Oh Deus, Ryder!

— Rachel, acalme-se, você está bem. Eu sou a enfermeira Jenny.


Você está no hospital.

— Por favor. — eu choro, meus olhos correndo pela sala. — Ryder!


Onde ele está?

— Pode soltar ela, eu tenho isso.

Aquela voz profunda familiar penetra e uma onda calmante


derrama sobre mim por um segundo, antes do pânico se instalar
novamente. Slade está aqui. Mas e Ryder? E o menino? Ela o machucou?
Oh Deus! Ele esta ok?

— Ela precisa se acalmar, — eu ouço vagamente a enfermeira


dizer. — ou ela vai piorar.

— Eu entendi. — diz Slade.

Em seguida, duas mãos grandes passam em torno de mim e me


puxam para perto, pressionando minha bochecha contra seu peito
acolhedor.

— Slade. — eu choramingo, segurando em sua camisa, tentando


respirar através da dor latejante da minha cabeça e das batidas
frenéticas do meu coração. — Ryder... Ryder... Eu tentei...

~ 128 ~
— Ele está bem. — Slade murmura em meu ouvido. — Graças a
você, ele está bem. Você salvou meu garoto, você o protegeu.

Ele está bem?

Oh Deus. Ele está bem.

— Ele está bem? — eu sussurro.

— Ele está bem. Ele está com Steph no momento, dormindo. Ele
ficou abalado. Mas ele me disse o que você fez. Ele me contou como o
protegeu. Baby, eu não posso...

A voz de Slade racha e eu o aperto mais apertado. Ryder está ok.


Ele está bem.

— Eu desmaiei, eu não... Eu não sabia se ele ia ficar bem.

— Está tudo bem agora, silêncio. — Slade me diz, beijando minha


têmpora.

— Sua... sua irmã?

— Ela se foi.

Eu puxo para trás e olho em seus olhos. Eles estão injetados de


sangue, cansados e desgastados. — Slade. — eu sussurro. — O que
aconteceu?

— Ela pegou a arma quando eu cheguei e estava acenando-a como


uma louca. A polícia chegou e quando entraram na casa ela começou a
atirar neles, apontando para seus rostos. Um deles a matou. Ela não
conseguiu.

— Oh Deus, eu sinto muito. Slade, sinto muito.

Ele acaricia minha bochecha. — Ela viveu uma vida inteira de


demônios escuros e sombrios, querida. Ela está em paz agora. É o
melhor lugar que ela pode estar.

— Ela é sua irmã...

— Ela deixou de ser minha irmã há muito tempo.

— Ryder... ele... ele viu?

— Não, ele se enrolou ao seu lado e enterrou seu rosto em você e


ficou lá até que eu mandei ele se levantar.

~ 129 ~
Oh, aquele pobre, doce, lindo, garotinho. Mesmo se ele não viu
nada, levará algum tempo para ele se recuperar. Essa era sua mãe,
acima de tudo, e agora ela se foi. Isso vai afetá-lo, algum dia, de alguma
forma. Só estou feliz por ele ter Slade em sua vida para ter certeza de
que ele passe por isso da melhor forma.

— Ele esta ok?

— Ele vai ficar, eu vou ter certeza disso.

Eu passo a mão em sua a mandíbula. — Você está bem?

— Eu estarei, você vai se certificar disso.

Uma lágrima escorre pelo meu rosto. — Você está certo. Eu vou.
Eu juro.

E eu vou.

Não importa o que eu precise fazer.

~ 130 ~
Quinze
Seis meses depois

— Não abra seus olhos, Rachel! — Ryder chora, puxando minha


mão. — Se você fizer isso, vai estragar a surpresa.

— Eu não vou abrir meus olhos amigo, mas você precisa me dizer o
que está acontecendo?

— Não. É uma surpresa por uma boa razão boba.

Eu ri, e estendo a mão à frente, tentando encontrar a mão de


Slade. Sua mão grande enrola-se ao redor da minha, e aperta. — Você
vai me dizer? — eu sussurro.

— Absolutamente não, o garoto iria me matar e eu não posso dar


ao luxo de perder a sua reação.

— Não é justo. — eu murmuro. — Você não deve ter segredos pra


mim.

— Este vai valer a pena querida. Prometo.

Cuidadosamente os dois me guiam para baixo, o que eu posso


supor é um caminho de madeiras. Navegamos por alguns troncos, e
finalmente paramos. Eu mantenho meus olhos fechados, embora o
desejo de abri-los seja enorme. Prometi a Ryder que não o faria, então
não vou arruinar qualquer surpresa que ele tenha preparado.

— Você está pronta? — Ryder me pergunta.

— Sim, absolutamente sim.

— Então abra os olhos.

Abro os olhos e no início, só vejo algumas árvores maciças. Então


eu vejo uma escada no meio delas, e jogo minha cabeça para trás e eu
olho para cima para ver um forte maciço na árvore. Eu fecho uma mão
sobre a minha boca e grito de alegria com a bela criação de madeira que
foi tão perfeitamente trabalhada nas árvores. Eles fizeram isso. Para
mim. Oh Deus. Meu coração.

~ 131 ~
— É um forte! — eu choro, girando ao redor e olhando para Ryder.
— Você construiu um forte? Para mim?

Ele sorri. — Slade me ajudou. Nós construímos juntos. É para


você, então você tem um lugar para ler, e ficar sozinha, e se divertir.

As lágrimas queimam meus olhos, mas eu tento segurar. — Claro


que eu quero você lá dentro comigo, — eu digo a Ryder, me inclinando
para baixo e dando-lhe um grande abraço.

Ele me abraça com força, e então puxa para trás e me dá um


sorriso. — Você tem que ir lá em cima, porque há outra surpresa.

Ergo as sobrancelhas e olho para Slade, que está me estudando


com aqueles intensos olhos castanhos. Parece que ele quer me pegar e
me levar para o forte onde podemos estar sozinhos por horas. Minhas
bochechas esquentam e eu sorrio para ele. — Está perfeito. Muito
obrigada a ambos.

— Suba baby, veja o que está dentro.

Eu aceno, caminhando para a escada. Chego à abertura que é a


entrada para o forte e coloco minha cabeça dentro, e então, um grito
alto escapa minha garganta quando eu vejo Lara, Noah e Bethy todos
sentados dentro lá. — Oh meu Deus! — Eu grito. — Oh! Oh! Oh!

Lara já está chorando, e rapidamente rasteja e joga seus braços em


volta de mim assim que eu estou dentro. Eu a abraço apertado,
pressionando meu rosto em seu ombro. Há oito meses que não a vejo, e
senti tanto a falta dela. — Você está aqui, eu não posso acreditar que
você está aqui! — Eu choro, soltando ela para abraçar Noah, e então
puxando a pequena Bethy pra perto, mesmo que ela provavelmente mal
se lembrasse de mim. — Vocês estão todos aqui.

Lara passa os olhos. — Graças a esse homem incrível. Você


escolheu bem, querida.

— Ele fez isso? — eu sussurro.

Ela assente com a cabeça.

— E você está realmente aqui?

— Estamos aqui, e temos muito a lhe contar! — diz ela.

— Então vamos sair daqui.

~ 132 ~
A felicidade enche o meu peito enquanto desço do forte e me viro
imediatamente, jogando-me nos braços de Slade. Ele me pega e eu
enterro meu rosto em seu pescoço. Slade não diz muito, ele não
expressa como ele se sente, mas ele faz coisas assim, coisas que me
mostram o quanto ele se importa comigo.

Nosso relacionamento teve um início difícil, mas depois que sua


irmã foi morta, começamos a passar mais e mais tempo juntos,
apoiando Ryder e saindo, e naquela época algo muito incrível cresceu.
Eu acho que depois de suportar o que passamos, é impossível não ter
algo bom crescendo entre nós. Algo forte. Algo sólido e inquebrável.

— Você fez isso por mim? — eu sussurro em seu pescoço.

— Tudo por você querida. — ele murmura, pressionando um beijo


na minha têmpora.

— Obrigada. Muito obrigada mesmo.

— Sempre.

Deus.

Sim.

Este homem.

***

— Você está grávida! — eu grito, pulando fora do sofá e correndo


para jogar meus braços em torno de Lara, que deu a notícia a todos nós
depois do jantar.

— Eu ia contar a você no telefone, mas quando Slade organizou


essa surpresa, eu pensei por que não acrescentar isso á surpresa?

— Oh meu Deus, estou tão animada e tão, tão feliz por vocês dois.

Eu a abraço apertado, tão feliz que ela está finalmente tendo o que
ela merece. Ela e Noah, eles merecem toda a felicidade do mundo. Eu a
solto e vou abraçar Noah que está falando com Slade. Ele ri e me
abraça, apertando e forte. — Tia Rach novamente, hein?

Eu guincho e batendo palmas. — Estou tão emocionada!

~ 133 ~
Lara sorri, e nós duas nos sentamos no sofá. — Então me diga
todos os detalhes. Como está tudo?

Ela olha para os caras, que ainda estão falando sobre alguma
coisa. Caçando, eu acho.

— Venha para fora, para que possamos compartilhar todos os


detalhes sórdidos.

Eu sorrio e nós levantamos, desaparecendo para fora e nos


sentando no balanço da varanda. — Então? — eu digo, batendo palmas
alegremente. — De quanto tempo você está?

— Treze semanas, então estamos bem seguros agora. Nós tivemos


nosso primeiro ultrassom, foi ótimo. Nunca cansa ver seu bebê na tela.

— Estou tão feliz por você querida, tão feliz.

Ela sorri. — Eu também. E eu estou feliz por você, também. Você


parece tão leve, como se não houvesse peso em seus ombros. Não te
vejo assim há tanto tempo.

— Eu sou feliz. — eu admito, enfiando minhas pernas abaixo de


mim. — Meu trabalho está incrível, Slade e eu estamos demorando, mas
está funcionando incrível bem, e Ryder é uma criança excelente para ter
por perto.

— Não é bonito isso? — Lara suspira, sorrindo. — Deus, Slade fez


um ótimo trabalho com ele.

— Ele teve momentos difíceis. — eu digo. — Então é incrível que


ele seja um menino tão bom.

— Você é sortuda. Eles são ótimos.

Eu estendo a mão e aperto sua mão. — Estou tão feliz por você
estar aqui. Eu tenho saudades suas.

— Eu também. — ela sorri.

Falamos por mais algumas horas, antes de irmos todos para a


cama, pensando em levá-los pra passear amanhã. Slade e eu ainda
moramos em cabanas separadas, querendo levar as coisas lentamente
pelo bem de Ryder, mas dormimos um na casa do outro. Esta noite,
eles vão ficar aqui. Ryder adormeceu brincando com Bethy, então
parecia a melhor opção.

~ 134 ~
Depois de um banho, eu me arrasto na cama ao lado de Slade e
rolo em seu peito duro e quente. Ele puxa um braço em volta de mim e
puxa-me para perto, pressionando um beijo ao lado da minha cabeça.
Eu nunca pensei que ele era tão afetuoso, ou qualquer coisa menos
difícil. Eu estava errada. Ele é um bom homem. E quanto mais tempo
eu passo com ele, mais seus escudos se abaixam e ele me deixa entrar.

— Você está feliz? — ele me pergunta.

— Muito feliz. — eu sussurro, virando meu rosto e pressionando


um beijo em seu peito. — Obrigada, por tudo que você fez. O forte,
trazer Lara e Noah aqui. Tudo isso. Eu estou tão agradecida.

— Você merece. — ele murmura em meu cabelo. — Eu fui um


idiota para você por muito tempo, e você não fez nada além de me
mostrar o quão incrível você é desde então. O melhor dia da minha vida
foi quando você se mudou para esta cabana querida.

Meu coração pulsa e eu sussurro. — Eu também, meu amor.

— Ryder ama você. Você mudou tudo para ele. Dá-lhe algo que
nunca teve em uma mulher.

— Eu também o amo.

Slade vira a cabeça, e aqueles olhos castanhos seguram os meus.


— Não deixo que muitas pessoas entrem na minha vida querida, e
certamente não você... mas você... você mudou algo em mim. Todos os
dias eu gasto de estar com você, eu respiro um pouco mais fácil. Espero
que você saiba, eu não vou deixar você tão cedo.

— Isso é certo? — eu sorrio, estendendo a mão e beijando ele.

— É certo.

— Mesmo se eu continuar a deixá-lo louco?

Ele grunhiu. — Você vai me deixar louco pelo resto da porra da


minha vida, e eu não faria isso de outra maneira.

O resto da vida? Meu coração inchou, com um amor que nunca


senti por ninguém antes.

— O resto da sua vida?

Ele olha para mim novamente. — O resto da minha vida.

~ 135 ~
Eu sorrio. Meu coração explode de felicidade. — Slade, eu não
sabia que você gostava tanto de mim. Quero dizer, eu pensei que este
era apenas uma empolgação casual...

Ele sorri para mim. Nunca me cansarei de ver aquele sorriso lindo,
e aquelas duas covinhas perfeitas. — Você não vai a lugar nenhum,
minha Criança Selvagem. Eu pretendo aguentar sua tortura por um
tempo muito, muito longo.

— Tortura? — eu sorrio, cutucando suas costelas.

Ele grunhi. — Cuidado, você sabe que eu gosto de jogar duro.

Eu rolo ele para suas costas e monto nele, olhando para baixo.

— Oh baby. Eu também.

Então eu o beijo.

E o deixo jogar duro como ele quer.

FIM

~ 136 ~

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