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Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos


descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas
e acontecimentos reais é mera coincidência. Esta obra segue as regras da Nova Ortografia
da Língua Portuguesa.

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É proibido o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra,


através de quaisquer meios (tangível ou intangível) sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo
184 do Código Penal. 2018.

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA +16


DEDICATÓRIA
SINOPSE
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
LANÇAMENTOS
AGRADECIMENTOS
REDES SOCIAIS
Dedico essa obra aos meus leitores, mas principalmente a
todos aqueles autores que tem talento e muitas histórias para
escrever e nos encantar que por algum motivo não tem coragem de
mostrar sua arte a outras pessoas.
Essa obra foi escrita originalmente aos meus 17 anos, passou
por modificações até chegar ao texto atual, porém essa como outras
escritas por mim são o meu orgulho, independente do tempo que lei
para escrever ou apresentar ao publico cada uma delas.
Se eu pudesse dar um conselho a esses autores seria:
“Arisque mais e tema menos”. Não tenha medo de mostrar o seu
talento, talvez nem todas as pessoas irão saber apreciar sua arte da
maneira correta, porém se você tem o dom da escrita, simplesmente
escreva! Espalhe amor através das palavras essa é a sua missão.
Saiba separar o joio do trigo, saiba separar criticas construtivas
daquelas que são destrutivas, mas nunca deixe de acreditar na sua
arte e jamais duvide do seu talento!
Rafaella estava disposta a dar uma guinada em sua vida
após o termino de um relacionamento e foi assim que ela resolveu
arrumar suas malas e mudar-se para o outro estado em busca de
uma vida nova. Robson seu irmão a acolhe em sua casa, ele é o
seu suporte emocional nessa nova empreitada.
Aventureira, adora praticar esportes radicais e é na
companhia do irmão no aeroclube da cidade enquanto eles se
preparam para saltar de paraquedas que ela conhece alguém que
será capaz de mudar seus planos e talvez reconsiderar a ideia de
ficar longe de relacionamentos.
Ricardo é um empresário bem-sucedido no ramo imobiliário,
porém em matéria de amor sua vida está estagnada e ele sequer
imagina o real motivo de suas ex-namoradas terem sumido de sua
vida sem um motivo plausível.
Fora de relacionamentos ele se entrega a uma paixão antiga:
o paraquedismo. A adrenalina que o esporte lhe proporciona é algo
incrível e no aeroclube que Rick se sente em casa.
Poderá o seu hobby preferido lhe rendar mais do que prazer?
Ao que tudo indica esse será o caminho para o amor...
Ricardo e Rafaella estão prestes a jogar a razão pelos ares e
embarcaram juntos numa história cheia de altos, baixos e muita
emoção.
Um conto de amor, onde os obstáculos serão muitos a
começar por uma mãe obsessiva e uma "amiga" bem falsiane. Onde
os protagonistas terão que provar se de fato estão prontos a viver
essa história de amor custe o que custar.
O que esperar de um cara de 30 anos, solteiro e que mora
com a mãe? Essa é uma pergunta bem relativa quando não se sabe
os detalhes da história.
E porque estou dizendo isso?
Prazer...
Sou Ricardo Almeida, 30 anos, empresário bem-sucedido do
ramo imobiliário do estado do Paraná. Sim, moro com minha mãe,
pois meu pai faleceu ainda na minha infância e infelizmente a vida
familiar se resume apenas a minha mãe, dona Sônia.
Quando nasci minha mãe tinha 20 anos, hoje ela já é uma
senhora de 50 e que adora controlar minha vida, principalmente
quando o assunto é minha vida amorosa. Mamãe é uma mulher
super protetora que acha que devo me casar com uma princesa da
Disney. Mas eu sei que na vida real não é tão simples quanto
parece. Confesso que nunca me apaixonei perdidamente por
nenhuma mulher, mas espero que a mulher que irá conquistar meu
coração esteja a caminho...
Desde muito cedo eu soube que não era filho biológico de Henrique
Almeida, mas foi ele quem deu a mamãe um sobrenome e
consequentemente deu a mim uma família, um lar quando ainda era
apenas um embrião no ventre de minha mãe.
É claro que eu só fiquei sabendo disso após a morte de
Henrique, pois a família dele quis questionar seus bens. Mas
acredito que meu pai já imaginasse que isso ocorreria então tratou
de deixar suas últimas vontades registradas em cartório. Em seu
testamento ele deixava seus bens exclusivamente para mim e para
mamãe, não podendo ser contestado por nenhum outro familiar.

Minha mãe me contou que ela era muito jovem quando se


apaixonou por meu pai biológico, um político influente da cidade.
Porém o homem era casado e quando descobriu sobre a gravidez
de minha mãe a humilhou. Foi então que logo em seguida ela
conheceu Henrique que se apaixonou por ela, e foi amor à primeira
vista.
Henrique era um homem de princípios, quando soube que
mamãe estava grávida lhe propôs casamento. Ele não queria que o
nome de sua mulher fosse falado com desdém na sociedade elitista
em quem vivenciavam.
Naquela época não era comum mulheres que serem mães
solteiras, e por isso sofriam muita descriminação. Mas minha mãe
era uma jovem bonita e atraente, e precisava trabalhar, pois como
iria se sustentar e sua responsabilidade só aumentaria com um filho
no colo, foi então que ela aceitou trabalhar como secretaria numa
rede de Imobiliárias na cidade de Curitiba, onde o dono era
Henrique Almeida, dez anos mais velho que minha mãe.
Ele se encantou com sua beleza e por ser um homem mais
velho não sua intenção não era ficar apenas namorando, mas sim
casar. Não demorou e o pedido de casamento foi feito, minha mãe
disse que não poderia aceitar, pois estava grávida de outro homem.
Inicialmente aquela noticia foi um choque para Henrique, porém ele
estava apaixonado por mamãe então após o impacto da noticia
Henrique não pensou duas vezes antes de propor mais uma vez a
união de ambos.
Ele havia prometido que seria como um pai para mim, e que
não deixaria minha mãe ser humilhada novamente, nem mesmo que
ficasse mal falada devido a ser uma jovem solteira e com um filho
nos braços. Meus pais ficaram casados por certa de 25 anos.
E antes mesmo que Henrique falecesse ele cumpriu o que
havia prometido a minha mãe quando a conheceu. Ele me criou
para ser para que eu fosse seu sucessor nos negócios. Comecei a
trabalhar com o meu pai desde que havia saído da faculdade e
quando Henrique faleceu tomei as rédeas dos negócios e não
descansei até tudo está exatamente como planejei.
Apesar de não ser meu pai biológico, desde o principio
Henrique dava lições de como ser um homem honrado e digno. Foi
assim que mamãe se casou com Henrique e meses depois eu nasci.
Os dois me criaram com muito amor e dedicação. Até o trágico
acidente que levou a vida de meu pai numa noite chuvosa quando o
carro que ele estava dirigindo colidiu com outro devido à estrada
escorregadia.

Sempre fui um perfeccionista nos negócios e só tinha tempo


para o trabalho. Mas de vez enquando arranjava um tempinho para
me distrair. Um de meus Hobbes era a pratica de esportes radicais
com os amigos. Robson Duarte além de ser instrutor de
paraquedismo era também meu parceiro de trabalho na imobiliária.
Foi numa dessas idas ao aeroclube para saltar de
paraquedas que conheci a mulher dos meus sonhos... Nossa ela é
simplesmente linda não teria como não me sentir encantado e
porque não dizer atraído por ela.
Robson me aguardava no aeroclube com duas lindas
mulheres ao seu lado, assim que cheguei ele fez as apresentações.
— Nossa cara que bom que você chegou. Já estava
pensando que você não viria. — Ele me cumprimentou.

— Tudo bom cara. Eu quase não conseguia chegar mesmo.


O transito dessa cidade está cada vez mais estressante e caótico.
— O respondi.
— Bom então já que chegou vamos mandar o estresse
embora. E hoje vamos estar em ótima companhia. — Ele sorriu e
continuou a falar. — Essa aqui é minha namorada Suzana. —
Apontava para a morena nos apresentando e em seguida se referiu
à loira finalizando as apresentações. — E essa outra linda aqui do
meu lado é minha irmã Rafaella. Meninas esse é meu chefe e amigo
Ricardo.
— Prazer em conhecê-las meninas. — Respondi cordial para
as duas lindas mulheres que acompanhavam Robson.
— Apresentações feitas borá lá vestir os macacões porque a
nossa brincadeira já vai começar. — Robson falava
descontraidamente.

Ele realmente estava bastante à vontade naquele ambiente o


que deixava a nossa pratica esportiva ainda mais relaxante.
Descobrir que ela era irmã de Robson foi uma grata surpresa
e espero que essa coincidência sirva para nos aproximar ainda
mais...
Os convidei para jantarmos juntos aquela noite, mas ela se
esquivou e não aceitou meu convite. Mesmo a contragosto acabei
relevando a desfeita. Entre um salto e outro acabamos conversando
um pouco mais, e assim descobrir que aquela beldade estava de
mudança para a cidade, o que me dava esperanças de encontrá-la
mais vezes.
Robson comentou então que a irmã estava hospedada em
seu apartamento, mas que procurava um local para si, eu sei que
talvez ela quisesse ir com o irmão conhecer alguns imóveis, porém
eu como dono da imobiliária não podia perder a oportunidade.
Sugeri mostrar alguns imóveis para Rafaella já na manhã seguinte,
ela parecia surpresa com minha proposta, claro que tentou
questionar o fato de que talvez eu fosse um homem muito ocupado
e blah blah blah, mas eu não estava disposto a deixar essa
oportunidade passar, então não tendo mais argumentos para recusa
Rafaella aceitou que fosse eu a mostrar a ela possíveis imóveis para
que a mesma se instalasse de vez na cidade.
Desde que encontrei Rafaella pela primeira vez eu já não era
mais o mesmo. Algumas vezes estava concentrado no trabalho que
nem via as horas passarem, mas de repente dava um branco e em
meus pensamentos me vinha à imagem dela, Rafaella.
Eu não conseguia entender como uma mulher poderia ser tão
encantadora a esse ponto. Claro que já me relacionei com outras
mulheres antes, mas jamais tinha sentido algo assim, e mesmo sem
querer acreditar eu já estava aos seus pés. Tudo o que precisava
fazer era arrumar uma maneira de me aproximar dela, conhecê-la
melhor. Passei os últimos três dias tentando marcar uma hora com
ela para lhes mostrar algumas opções de imóveis, porém parece
que sua agenda está sempre ocupada e ela não pode me atender.
Mas eu nunca fui homem de desistir do que quero e não será
dessa vez. Se Rafaella acha que vai me vencer pelo cansaço irei
mostrar para ela o quanto posso ser persistente para conseguir o
que quero.
Passei a semana inteira tentando vê-la com a desculpa de
visitarmos alguns imóveis, mas foi tudo incrivelmente por água
abaixo, eu já estava desistindo desse plano quando resolvi ir ao
aeroclube marcar novos saltos de paraquedas, talvez aquilo me
fizesse relaxar um pouco.
Acordei mais cedo que de costume, tomei banho, vesti algo
confortável, tomei café e peguei meu carro. Dirigi até o aeroclube da
cidade, eu sabia que Robson não estaria lá já que o mesmo havia
viajado para um evento imobiliário fora da cidade a minha surpresa
então foi encontrar Rafaella e Suzana no aeroclube aquela manhã.

— Olá meninas, que bom revê-las.


— Tudo bem Ricardo. Veio saltar? — Suzana perguntou.
— Sim, vim dar uma relaxada e umas doses de endorfina não
fazem mal a ninguém. — Respondi a Suzana e em seguida
direcionei minha atenção para Rafaella. — Você não concorda
comigo Rafaella?
— Você tem razão, endorfina faz bem. Ajuda a relaxar. — Ela
respondeu com um sorriso sem graça, como se estivesse pedindo
desculpas por algo.

— Já encontrou um imóvel novo Rafaella?


— Ainda não. — A frustração em sua voz era notável.
Nesse momento Suzana pediu licença para verificar as
escalas de saltos aquela manhã, pedi a ela que verificasse também
nossos nomes na lista de espera para os próximos saltos. Ela então
se dirigiu ao hangar deixando Rafaella e eu a sós.

— Então Rafaella o que aconteceu? Eu te liguei a semana


toda para marcarmos algo, mas você não respondeu. — Não queria
ser invasivo estava curioso para saber o porquê ela estava “fugindo”
de mim.
— Nossa me desculpe Ricardo, eu nem sei como me
desculpar. De verdade. Eu sei que você é um homem ocupado e
que nem precisava se preocupar comigo nesse quesito já que o
meu irmão trabalha na sua empresa e podia ele mesmo ver algo
para mim nesse sentido.
— Não é nenhum inconveniente para mim acompanhá-la
Rafaella, na verdade seria um prazer.

— Me desculpe. Me desculpe, eu nem sei o que dizer.


— Poderia começar me falando o motivo de não ter “estado
disponível” durante a semana?
— Passei a semana procurando emprego. É tão difícil
quando a gente se mudar para uma nova cidade, são tantas coisas
para organizar, eu me sinto envergonhada por não ter conseguido
retribuir sua atenção comigo.
Estava tão distraído, hipnotizado por Rafaella que acabei
levando um susto quando Suzana surgiu novamente ao nosso lado.
— Opa. Estão falando de trabalho? Porque eu também
preciso de um emprego urgente. Alias Ricardo se souber de algo
poderia nos falar não é mesmo cunhada? — Suzana fala e então
logo surge uma ideia em mente.
— Sim, claro, eu aviso. Mas antes preciso saber mais sobre
vocês meninas, que tal irmos almoçarmos juntos, os três assim
podemos conversar mais, talvez eu possa indicar algo, tenho muitos
conhecidos na região. — Respondo animado.
— Ah vamos sim não é cunhada. — Suzana responde pelas
duas em seguida Rafaella apenas acena positivamente.

O jeito tímido de Rafaella me deixa ainda mais intrigado.


Quero conhecer essa mulher e desvendar seus segredos. Não sei o
motivo mais esses são meus pensamentos mais frequentes desde
que a vi pela primeira vez.
Fomos chamados por um dos instrutores que estavam dando
as orientações àquela manhã. Então depois da escala de saltos
feitos Suzana e Rafaella foram ao vestiário tirar as roupas de salto
eu fiz o mesmo, em seguida nos encontramos no estacionamento
do aeroclube.
Estávamos os três no carro, fiz algumas perguntas sobre o
tipo de comida que elas gostavam em seguida escolhi um rodízio de
massas para o nosso almoço. Dirigia até o restaurante e durante o
trajeto ouvimos algumas músicas no som do carro. Rafaella parecia
um pouco mais descontraída e até mais confortável com minha
companhia.
Chegamos ao restaurante, estacionei e saímos do carro.
Entramos no estabelecimento e não estava tão lotado quanto
costuma ser neste horário. Depois de escolhermos o que iríamos
almoçar Rafaella pediu licença e foi ao toalete. Suzana parecia estar
bem à vontade na minha presença, alias percebi desde cedo que
ela estava sempre tomando a iniciativa quando eu questionava algo,
e não foi diferente quando Rafaella saiu da mesa por alguns
minutos.
— Então Ricardo como consigo uma entrevista no RH da sua
empresa? Você sabe eu namoro com Robson, mas ele não é muito
a favor de trabalhamos juntos, o que eu sinceramente acho uma
bobagem você não acha?
— Infelizmente não tenho como opinar nessa questão, já que
é algo do casal, só vocês podem resolver... mas quanto a conseguir
uma entrevista no RH posso resolver se você quiser. — Respondi
sucinto. Eu queria ver até onde ela queria chegar com aquela
conversa.
— Seria ótimo. Eu faço o que você quiser é só me falar que
eu faço. — Ela responde animada com a possibilidade do possível
emprego.
— Qualquer coisa mesmo Suzana?
— Sim, qualquer coisa. — Responde animada.
Nesse instante Rafaella retorna a mesa e o assunto muda.
Conversamos bastante durante o almoço e como já havia notado
Suzana costuma tomar a frente em quase todas as perguntas que
fazia mesmo quando a questão não era para ela. Percebi que num
certo momento Rafaella não parecia mais estar confortável com a
situação então sugeri as meninas que encerássemos o almoço. Elas
concordarão. Assim após ter pedido a conta às levei até em casa.
Primeiro deixei Rafaella em frente ao prédio que Robson morava e
em seguida levei Suzana até sua casa. Claro que eu queria ficar um
pouco mais com Rafaella, mas precisava conversar com Suzana, eu
precisava saber se ela estava realmente disposta a qualquer coisa
para conseguir o tal emprego.

Claro que eu jamais daria emprego a alguém como ela na


minha empresa, mas se ela fosse útil como imagino que pode ser
então dou a ela um empurrãozinho numa empresa qualquer de
algum conhecido, o que não falta nessa cidade são pessoas me
devendo favores, e às vezes é bom cobrar. Estava a caminho da
casa de Suzana quando chamei sua atenção.
— Então Suzana sobre aquela vaga de emprego, você está
disposta a qualquer coisa mesmo para conseguir?
— Sim. Qualquer coisa. — Ela respondeu com um sorriso
malicioso no rosto, o que eu não gostei. Antes mesmo dela fazer
interpretações equivocadas sobre o meu pedido a interrompi.
— Eu não costumo falar sobre trabalho fora do horário de
expediente ou fora do escritório, por isso peço que leve seu
currículo atualizado com foto segunda feira na imobiliária e para
evitar problemas com Robson que seja no horário da manhã, pois
ele só irá trabalhar no período da tarde. Tudo bem para você?

— Tudo ótimo. Pode deixar que levo sim, e desculpa pela


insistência, mas é porque estou realmente desesperada você não
sabe o quanto está me ajudando.
— Calma garota, você ainda nem conseguiu o emprego.
— Mas vou conseguir, eu faço qualquer coisa. Juro! — Sua
voz firme não deixa duvidas que ela realmente é capaz de qualquer
ato para conseguir o que deseja.
Deixei Suzana na porta de sua casa e esperava que de fato
ela fizesse o que eu queria. Mesmo ainda não tendo nenhum plano
em mente iria usar a amizade de Suzana de Rafaella ao meu favor
para me aproximar daquela loirinha gostosa.
O fim de semana acabou e com uma nova semana iniciando
na segunda feira antes das 08:00 horas da manhã recebi a visita de
Suzana em meu escritório. Disse a ela o quadro de funcionários da
imobiliária estava fechado para novas contratações, mas que na
empresa de um amigo havia um cargo de secretaria vago caso ela
quisesse poderia ser dela, mas para isso ela precisaria passar por
alguns testes. Primeiro ela ficou um pouco desconfiada, mas
quando disse a ela de que empresa se tratava ela voltou a ficar
animada e questionou para saber que testes seriam esses.
Respondi que são testes de praxe, conhecimento geral,
psicológico, etc., mas que ela não precisaria se submeter a nenhum
desses casos me fizesse um pequeno favor.
— De que favor está falando Ricardo? Algo ilícito ou coisa
assim?

— Claro que não Suzana, não é nada demais. Eu só quero


que você me traga o maior numero de informações sobre Rafaella e
também claro que me ajude a encontrá-la “casualmente” por aí se é
que me entende.
— Ah, mas porque você não falou antes, isso é moleza para
mim.
— Então faça que hoje mesmo falo com o meu amigo Raul e
o emprego já é seu. Você só precisa acertar com ele horários,
salário e outras questões.
— Tudo bem, aceito sua proposta, afinal não tenho nada a
perder! — Sua resposta é firme e confesso que já estou ansioso
para saber tudo sobre minha loirinha.
Realmente não consigo entender o que Ricardo Almeida,
aquele pedaço de mau caminho, um empresário poderoso que
podia escolher qualquer mulher do mundo que ele quisesse foi se
interessar justamente pela sem sal da Rafaella, vulgo minha
cunhadinha querida. Ela é uma songa monga que se faz de santa,
ela não me engana com aquele jeitinho de menina tímida que veio
do interior.
Depois do encontro no aeroclube passei a observar o jeito
que Ricardo dava atenção a ela e a tonta sempre se esquivando. Tá
vendo que eu não tenho essa sorte, se fosse comigo eu já estava
nua na cama dele de pernas abertas e berrando aos quatro ventos...
“— Vem gostoso, vamos fazer um filho juntos.” Iria passar o resto
da vida vivendo de pensão.
Mas eu não tenho essa sorte, então o jeito é me contentar em
ajudar o bonitão com a minha cunhadinha, talvez esse meu esforço
possa render alguma recompensa interessante no futuro. Em todo
caso eu precisava agir para colocar meus planos em prática. A
primeira coisa que fiz foi me aproximar mais de Rafaella. Nossa ter
que fingir simpatia com ela era quase uma tortura, e só piorava
quando Robson estava conosco. Eu não queria perder meu
namorado afinal Robson é um forte candidato a vice-presidência da
Almeida Empreendimentos Imobiliários Ltda.
Como combinado na segunda feira pela manhã estava linda e
morena no escritório de Ricardo. Robson chegou da viagem que
fazia nessa madrugada e por isso não viria trabalhar durante o
horário da manhã.

— Bom dia Ricardo. Como vai? — O cumprimentei.


— Bom dia Suzana, estou bem obrigado por perguntar. — Ele
retribuiu.
— Então como combinamos aqui estou. — Digo animada.

— Certo. Então vamos ao que interessa. — Ele responde


sério.
— Como queira. — O respondo enquanto ele mostra com as
mãos uma poltrona a sua frente para que me acomode.
Passamos duas horas em reunião. Disse a ele tudo o que
sabia sobre Rafaella e ele como prometido me arrumou o emprego
na empresa do seu amigo. Antes de sair de sua sala disse a ele que
caso quisesse encontrar Rafaella aquela tarde estaríamos no
Shopping Palladium em seguida saiu de sua sala, mas não antes de
dar uma leve piscadela para o bonitão.
Assim que sai da empresa de Ricardo liguei pedi um carro
por aplicativo e fui até a empresa do amigo de Ricardo. Raul
Silveira, ninguém mesmo que o CEO da Engenharias Silveira uma
das empresas mais requisitadas nessa área da região. Durante o
caminho liguei para Rafaella, já eram quase 10:00 horas da manhã
e a convidei para almoçamos ela disse que não podia pois estava
entregando currículos nos escritórios de RH pela cidade. O que é
uma trouxa com um homem como Ricardo atrás dela quem precisa
trabalhar?
Com muito custo a convenci de irmos ao shopping na parte
da tarde, disse que queria comprar um presente para Robson e ela
precisava me ajudar, eu quase chorei para a tonta aceitar meu
convite. Nossa acho que as novelas estão me perdendo porque eu
mesma quase acreditei na minha atuação de cunhada do ano.
Depois de falar com a sonsa da minha cunhadinha desliguei o
celular e minutos depois o carro estacionava em frente à empresa
de Raul Silveira. Paguei a corrida e segui para a recepção. Como
esperado eu já era aguardada pelo próprio CEO da empresa.

Depois de ser recebido pelo próprio Raul Silveira fui


encaminhada para o RH, também fui informada que meu período de
experiência começaria na manhã seguinte. Sai da Engenharias
Silveira e fui direto para o shopping.
De lá liguei mais uma vez para Rafaella confirmando o nosso
encontro. Dessa vez ela foi menos chata e disse que em breve
chegaria ao shopping, aproveitei para dar umas voltas sem ela no
meu pé.
Meia hora depois eu já estava morrendo de fome esperando
minha Rafaella chegar então me sentei em uma das mesas da
praça de alimentação e fiz o meu pedido. Dez minutos depois ela
envia uma mensagem dizendo que já estava no shopping, então eu
disse a ela onde me encontrar, não demorou e estávamos as duas
como amigas de infância trocando confidencias.
Almoçamos juntas e em seguida pedi que ela me esperasse
enquanto eu iria ao toalete. De lá enviei uma mensagem para
Ricardo avisando que já estávamos no shopping. Ele visualizou a
mensagem e em seguida respondeu que em no máximo quinze
minutos chegaria ao shopping. Tudo o que eu precisava fazer era
enrolar Rafaella por esse período.

Enquanto aguardava a chegada de Ricardo voltei para a


mesa onde Rafaella estava e a convidei para darmos umas voltas
pelas lojas. Eu havia dito a ela que queria comprar algo para seu
irmão então precisava manter a mentira.

Já havíamos entrado em várias lojas e eu fingi não ter


gostado de nada. Minutos depois como combinado recebi uma
mensagem de Ricardo indicando que o mesmo havia chego.
— Ah Rafa não encontrei nada que o seu irmão possa gostar.
— Digo frustrada.
— Como assim não encontrou nada? Já andamos por quase
todas as lojas?
— Pois é. Eu não sei acho que estou muito indecisa hoje.
— Tenho que concordar... — ela responde sorrindo.
— Tá então vamos fazer uma última tentativa. Que tal irmos
aquela loja de calçados, eu vi um tênis maravilhoso por lá, acho que
ele vai gostar. — Digo empolgada.
— Que escolha eu tenho não é mesmo? Então vamos logo e
que seja a última loja porque eu já não aguento mais andar de lá
para cá e daqui para lá.
— Deixa de ser reclamona vai. Vamos logo! — A puxo em
direção à loja de calçados. O trajeto foi proposital já que passaria
próximo a uma das portas de entrada do shopping e que seria o
local ideia para encontrarmos com Ricardo.
Como previsto nem mesmo chegamos à loja e Ricardo já
havia nos visto, em seguida veio caminhando em nossa direção...
— Olá meninas. Vocês por aqui?
— Nossa que coincidência? Está a passeio? — O questiono.
— Na verdade vim comprar um presente para minha mãe,
mas ainda não sei o que levar. — Ele responde e em seguida nos
questiona. — Se bem que vocês poderiam me ajudar... Por favor?
— Parece que hoje todo mundo resolveu comprar presentes
para alguém... — Rafaella diz baixo. E dou uma cutucada nela que
olha para mim com uma cara espantada. Que se dane.
— Oi não entendi. — Ricardo diz.
— Não é nada demais não sabe Ricardo, é que nós também
viemos comprar um presente para o meu namorado, mas não
achamos nada ainda.
— Bom nesse caso... Que tal vocês me ajudam a encontrar
um presente para minha mãe e eu as ajudo a encontrar o presente
para o meu amigo.

— Por mim tudo bem. E você Rafa o que diz?


— Tudo bem então. — Ela responde desanimada e ele
percebe.
— Nossa Rafaella porque esse desanimo todo? Não precisa
me ajudar se não quiser. — O safado se faz de ofendido.

— Não, não. Tudo bem. Não tem problema nenhum não, é só


porque estou um pouco cansada de andar para lá e para cá. Mas
por favor, não me entenda mal, eu ajudo a escolher o presente com
o maior prazer. — Ela se apressa em responder.
Ricardo sorriu e fomos os três atrás do tal presente para a
mãe de Ricardo, e claro que ele não ia desperdiçar a oportunidade
de conversar com Rafaella. Eu apenas observava aquela interação.
— E aí Rafaella, você já encontrou um apartamento na
cidade? Pretende ficar por aqui por muito tempo ainda? — Ele a
questionava.
— Sim. Encontrei apartamento, meu irmão me ajudou. Me
desculpa por ter dado trabalho à toa. E sim, também pretendo ficar
um bom tempo pela cidade para estudar, também preciso arrumar
um emprego, o dinheiro que eu tenho não vai durar muito tempo e
eu não quero ter que ficar dando preocupação ao meu irmão...
Ricardo olhava para Rafaella quase babando, aquele
joguinho deles dois estava me dando embrulho no estomago. Ele
olhou para mim e eu entendi o recado.

— Rafa você se importa de ficar alguns instantes aqui com


Ricardo me esperando?
— Mas porque o que houve? — Ela pergunta assustada.
— Não é nada demais. Olha só você não falou que está
cansada de ficar andando para lá e para cá então. Eu vou lá na loja
de calçados e já volto. Prometo não demorar. — Tento explicar com
calma e ser o mais convincente possível.
— Tudo bem, mas não demora. Eu não quero me atrasar
para irmos para a aula de dança. — Ela responde. Sinto que ela não
fica muito confortável em ficar a sós com Ricardo e ele também
parece perceber...

— Calma Rafaella eu não vou te morder. O que acha de


conversarmos por alguns minutos, e alias não se preocupe com o
presente da minha mãe, outro dia eu volto para comprar. O que
acha de irmos até a praça de alimentação esperar Suzana então.
Podemos tomar um suco enquanto esperamos o que me diz?
— Certo. Eu aceito. — Rafaella o responde.
Eles seguiram em direção à praça de alimentação e eu fui na
direção contraria caminhando para a loja de calçados.

Realmente eu não sei o que ele viu nessa sonsa. Não


demora nem mesmo cinco minutos e recebo uma mensagem de
Ricardo pedindo que eu demore pelo menos vinte minutos para ir ao
encontro deles na praça de alimentação.
É um saco ficar esperando, mas pelo menos não estou lá
segurando vela. Dou mais algumas voltas pelo shopping do lado
contrario ao que eles estão. Quinze minutos se passam e eu já não
aguento mais tamanha enrolação. Entro na loja de calçados e
compro o primeiro tênis que vejo. Peço para embrulhar para
presente e em seguida vou em direção a praça de alimentação
encontrar os pombinhos.
— Voltei. — Falo assim que me aproximo dos dois.

— Demorou Suzana. — Rafaella diz.


— Ah menina foi o atendente da loja, uma lerdeza só para
fazer o atendimento. Nunca mais compro naquela loja. — Falo
indignada e quase acreditando na mentira que acabei de contar.
— Bom meninas preciso ir, mas se quiserem carona? —
Ricardo fala sugestivo.
Por mim eu até aceitaria, mas eu sei que Rafaella vai dar piti
então recuso a oferta do bonitão.

— Não precisa Ricardo, nós vamos ficar por aqui mais um


pouco, não precisa se preocupar conosco. — O respondo com meu
melhor sorriso.
— Tudo bem então. Mas eu tenho um outro convite para
fazer. E não aceito um não como resposta. — Ele fala prestando
atenção nas feições de Rafaella.
— Do que se trata? — O questiono.

— Quero convidar vocês duas e também ao Robson para


irmos à boate de um amigo que vai inaugurar esse final de semana.
— Boate. Balada. Adoro!!! Pode contar com a gente. —
Respondo animada ao convite.
— Tudo bem para você também Rafaella? — Ele pergunta
diretamente para ela aguardando uma resposta.
— Sim, por mim tudo bem. Nós vamos. — Ela responde
forçando um sorriso.
Então Ricardo se despede de nós e vai embora...

— Oh, Rafaella você ainda não viu que Ricardo está dando
em cima de você. — A questiono incrédula.
— É perceber eu percebi, mas não quero me envolver com
alguém com ele, sei que ele é um bom partido, mas não o conheço
direito e não quero mais sofrer por amor, meu último relacionamento
foi bem complicado e sofri muito sabe.
— Mas Rafaella você ainda nem deu oportunidade para
vocês se conhecerem melhor. Nem todo homem é cafajeste. Você
tem se permitir mulher, senão como vai descobrir se ele é ou não o
cara certo para você? — Digo calmamente tentando colocar algum
juízo na cabecinha dura da minha cunhadinha.
— É isso é bem verdade. Vou pensar sobre o assunto...

Aproveitei que estávamos na praça de alimentação e pedi um


lanche antes de ir embora, eu precisava comer alguma coisa, pelo
menos uma recompensa depois de gastar meu dinheiro com um
presente para o boy além de ter feito minha boa ação do dia
aproximando o casalzinho bonitão e sonsa sem sal.
Uma semana havia se passado desde que Suzana e eu
encontramos Ricardo no shopping. Não houve mais encontros
casuais desde então. Meu irmão havia me alertado sobre o
interesse do seu chefe em mim, mas eu não queria me envolver
com ninguém era uma opção minha, por mais que Suzana tivesse
ficado no meu pé para aceitar as investidas de Ricardo eu não
queria apenas não queria. E se fosse para acontecer seria algo
natural, nada planejado.

Era uma tarde de quarta feira quando meu celular tocou me


dando uma ótima noticia. Eu estava contratada. Iria dar aulas de
dança para uma turma da terceira idade que estava sendo iniciada
na academia DanceFit localizada na área nobre de Curitiba.
Tudo que eu precisava era pedi a Robson que me
emprestasse seu carro algumas vezes por semana para que eu
pudesse ir ao trabalho, embora eu não quisesse incomodá-lo essa
era a única maneira de não precisar usar carros de aplicativo. Então
convidei meu irmão para almoçarmos juntos e contar a ele a
novidade. Suzana estava com ele estendi o convite aos dois.
Durante o almoço Robson comentou que Ricardo havia os
convidado para irem todos a inauguração de uma certa boate.
Suzana então disse que Ricardo já havia feito o convite para nós
duas no dia em que nos encontrou no shopping. Suzana então
cobrou uma resposta minha e de Robson, que disse que por ele
tudo bem, afinal uma balada de vez enquando é bom para relaxar.

— Bom como eu sou voto vencido e também já havia dito a


Ricardo que aceitava o convite, não vejo problema. — Respondo
aos dois.
— Que bom minha irmã. Você tem que se divertir mais, sair,
curtir a vida. Não aguento mais ver você enfurnada nesse
apartamento. Se soubesse que ficaria aqui desse jeito não tinha
deixado você sair do meu apê.
— Ah Robson para de ser implicante, eu tô bem assim. Não
preciso ficar gastando o dinheiro que eu nem tenho para ficar saindo
todo final de semana, e também não vou ficar saindo com vocês
para segurar vela. Você sabe que não sou disso.
— Tudo bem maninha. Falei por falar. — Ele responde
derrotado.
Robson sabe que não adianta querer me dar lição de moral
ou querer que eu me transforme numa pessoa que eu não sou de
uma hora para outra. Eu gosto do meu canto, gosto de sossego. Ele
tenta a todo custo me tirar de casa sempre que vai fazer um
programa diferente com Suzana, mas nem sempre dá certo porque
eu não quero ficar atrapalhando o casal.
Terminamos nosso almoço e após a sobremesa Robson saiu
para o trabalho, ele precisava visitar alguns clientes. Suzana como
estava em seu dia de folga me convidou para irmos ao cinema.
Então pedimos um carro por aplicativo e fomos ao shopping.
Durante o trajeto Suzana não desviava os olhos de seu
celular, a questionei sobre aquele gesto, mas ele disse apenas que
eram mensagens da operadora chegando. Então deixei para lá.
Chegamos ao shopping e antes de irmos para as salas de exibição
passamos no supermercado e compramos várias guloseimas como
chocolates, amendoins, refrigerantes entre outras besteiras, no
caminho para o cinema compramos nossos ingressos pelo aplicativo
no meu celular.
Quando estávamos prestes a entrar para a sessão Suzana
chama minha atenção.

— Rafa olha discretamente para sua direita e vê quem


também resolveu vir ao cinema hoje. — Quando ela disse isso meu
coração quase parou imaginando quem seria a tal pessoa.
— Ricardo. — Eu disse quase num sussurro.
— Ele mesmo. — Ela responde empolgada.

“Ah não de novo não. Parece até que esse cara está me
seguindo.” — Pensei.
Ricardo cumprimentou Suzana e depois a mim, fiquei meio
sem jeito e também o cumprimentei. Ricardo comentou sobre o
convite a boate novamente. Respondi apenas que iríamos sem falta.
O horário para o inicio do filme estava se aproximando,
entramos na fila e para minha surpresa Ricardo também nos
acompanhou. Eu não achava que ele fosse mesmo ficar ainda mais
para assistir um filme no cinema do shopping do nada no meio de
uma tarde qualquer.
Após o final do filme já estávamos saindo da sala de exibição
quando de repente Ricardo diz.
— Bom meninas o filme foi ótimo e a companhia de vocês
melhor ainda. — Ele dizia sorrindo. — Então que tal aproveitarmos a
oportunidade para marcarmos um jantar essa noite? — Ele se vira
para Suzana e a questiona. — O que acha Suzana?
— Jantar? Essa noite? Não sei preciso falar com Robson.

— Não se preocupe, ele já aceitou. Agora falta a resposta de


vocês duas.
— Já aceitou? Como assim, que horas? — O questionei
curiosa.
— Na hora que encontrei vocês aqui na fila, falei com ele
sobre irmos jantar e ele aceitou. Agora estou esperando a resposta
de vocês. — Ele respondeu baixo como se estivesse temendo uma
resposta negativa.
— Por mim tudo bem. — Suzana o respondeu.

— Então por mim também está tudo bem. Que horas será o
jantar? — Estavam todos concordando com esse tal jantar não seria
eu a fazer a estraga prazeres.
— Às 21:00 horas estarei esperando vocês no Chalet Suisse.
— Ok. Estaremos lá no horário marcado não é mesmo Rafa?
— Suzana responde por mim e eu apenas concordo mais uma vez.
— Sim, estaremos lá.
— Bom meninas então até mais tarde. Agora eu preciso
resolver um assunto particular. — Assim ele se despediu e foi
embora.
— Amiga você não vai acreditar... — Suzana diz bastante
empolgada e eu não faço ideia o porquê de tanta animação.
— O que eu não vou acreditar Suzy?
— Ricardo escolheu um dos melhores e mais caros
restaurantes de Curitiba. É um restaurante de comida francesa.
Nossa sempre foi meu sonho ir jantar lá. Eu nem sei se tenho roupa
adequada para ir... Meu Deus eu preciso de uma roupa a altura
urgente.
A cada palavra de Suzana meu desespero só aumentava. O
que esse homem quer com todos esses convites? Será que ele
realmente está interessado em mim?

— Nossa Suzy se você não tem roupa para ir nesse jantar


então imagina eu, que meu closet é praticamente jeans e camiseta e
roupas de academia... Estamos na mesma situação. — Digo
desaminada.
— Não espera. Calma. Tive uma ideia. — Suzana diz então
me arrasta para uma das inúmeras butiques que existem nesse
shopping.
— Olha só está vendo essa loja. Eu sei que aqui eles alugam
looks completos para ocasiões especiais, então vai ser a nossa
salvação. — Ela suspira aliviada, e eu não vejo outra opção que não
seja acompanha-la nessa loucura.

Suzana e eu alugamos dois lindos vestidos, além de sapatos


e outros acessórios para compor o look. A noite foi um sucesso, a
comida estava maravilhosa, realmente valia cada centavo pago e
claro que Ricardo não nos deixou dividir a conta, ele fez questão de
pagar tudo sozinho com o seu cartão de crédito Platinnium
Diamante Express Duplo sei lá das quantas... Não sei se pela
bebida, mas depois de duas taças de vinho já estava me sentindo
mais leve, e até mais confortável com aquele vestido. No geral a
noite foi bastante agradável. Todos conversarmos, rimos, bebemos
e comemos à vontade.
No final da noite Robson estava bastante animado, e eu não
queria que ele dirigisse até sua casa, então Ricardo percebendo
meu desconforto em relação ao meu irmão instrui seu motorista a
dirigir o carro de Robson, deixando-o junto a Suzana em seu
apartamento.
Enquanto aguardávamos o motorista retornar ficamos os dois
mais uma vez sozinhos conversando. Eu estava me sentindo mais
relaxada ao lado dele, que parece ter percebido minha mudança de
comportamento e me surpreendeu com suas declarações.

— Rafaella eu nem sei se é a melhor hora para te dizer isso e


talvez esse não seja o lugar, mas desde a primeira vez que te vi
fiquei encantado com você, com a sua beleza, seu olhar, seu jeito e
eu sinceramente gostaria de te conhecer melhor.

— Bem Ricardo eu fico lisonjeada com as suas palavras, mas


também já sei que você não é o tipo de homem com quem quero me
relacionar pelo que sei sobre você, você não é o tipo de cara que
costuma ter relações duradouras com as mulheres.
— Sim, não posso negar que nos últimos tempos tenho vivido
relacionamentos passageiros, é bem verdade que o trabalho me
toma muito tempo e que não tenho muito tempo para me dedicar a
alguém.
— Trabalho! Não é desculpa, sim, e aí se eu te der uma
chance você então não vai ter tempo para mim.
— Calma, eu acho que me expressei mal. Eu ainda não havia
encontrado você. — Ele então continuou e disse. — Rafaella desde
o dia que te vi pela primeira vez não consigo, mas pensar em outra
coisa, nada na minha vida é a mesma coisa e para tudo voltar a
fazer um certo sentido eu preciso de você do meu lado.
— Está e você acha que só com essas palavras você vai
conseguir me convencer?
— Então me diz como? Eu faço qualquer coisa para você
ficar comigo. — Ele praticamente suplicava por uma resposta
positiva.
— Qualquer Coisa? — O desafio.
— Sim, qualquer coisa. — Ele responde sem questionar.
— Para começar, eu gosto de ser conquistada, então me
conquiste Ricardo Almeida.
— Me diz como? — Ele questiona.
— Descubra! — O respondo como uma menina má.
Nem sei de onde estou tirando essa coragem de ser tão
ousada com ele.

— Rafaella Duarte pode demorar o tempo que for, mas eu


vou consegui te conquistar.
— Ok! — Risos. — Eu acredito em você. — Após minhas
últimas palavras ele acaricia meu rosto e por um momento acho que
vamos nos beijar quando somos interrompidos pela chegada de seu
motorista.
— Já podemos ir senhor. — O motorista se pronuncia.
— Obrigado Daniel. Nos aguarde no carro, nós já estamos
indo. Só vou acertar a conta e já vamos. — Ricardo o responde
calmamente, mas a frustração em sua voz é perceptível.
Na mesma hora percebo o que iríamos fazer e me afasto um
pouco constrangida pela situação. Ricardo então chama o garçom e
pedi para trazer a conta. Depois de pagar então ele chama minha
atenção.
— Pronto Rafaella tudo acertado. Podemos ir embora.
— Ah, tudo bem, então vamos. — O respondo timidamente.
— Por favor, Rafaella, a nossa conversa estava tão boa, você
já parecia à vontade com a minha companhia. Me dá uma chance
de te mostrar quem eu sou. Se não como você vai poder me
conhecer melhor se nem mesmo me dá essa oportunidade?
— Tá certo então Ricardo, me desculpe. Deve ter sido
apenas efeito do álcool, eu não costumo beber tanto assim como fiz
essa noite...
Ele apenas meneou a cabeça como se compreendesse o que
eu dizia. Ao me levantar fui surpreendida pela mão de Ricardo sob a
minha. Não o afastei dessa vez e fomos os dois até seu carro.

Ricardo deu instruções ao motorista sobre o caminho a


seguir, depois abriu a porta para que eu entrasse e entrou no carro
logo em seguida. Fomos os dois no banco de trás, e no caminho até
o meu apartamento Ricardo aproveitou para contar um pouco mais
sobre sua vida, nós dois conversamos um pouco mais e por fim nos
despedimos ao chegar em frente ao condomínio onde estou
morando.
Saímos do carro e mais uma vez nos despedimos. Adentrei
no prédio e pude ver quando o carro dele se afastava. Cheguei em
casa, tirei toda a roupa e fui para o banho. Após um banho
quentinho vesti meu pijama e me joguei na cama. Um pouco antes
de ir dormir fiquei pensando em tudo o que Ricardo havia me dito e
fiquei tentando adivinhar o que ele faria para me conquistar. Acabei
adormecendo com aqueles pensamentos.
Na manhã seguinte acordei com o interfone tocando e o
porteiro dizia que tinha chegado uma encomenda para mim. Fiquei
confusa já que não tinha pedido nada, mas a curiosidade foi maior
então pedi que entregassem no apartamento. Minutos depois
recebo uma cesta de café da manhã e um buquê de flores
acompanhados de um lindo cartão que dizia:

Confesso que fiquei surpresa com tal atitude de Ricardo. E


mais ainda eu precisava encontrar uma maneira de agradecer pela
gentileza. Mas claro antes disso eu iria curtir o meu presente que
estava divino. A cesta estava bastante sortida com itens como
sucos, iorgutes, barras de cereais, chocolates e pão quentinho e
outras delicias.
Bom se essa era a tática de conquista de Ricardo eu só
posso dizer que ele começou bem, muito bem...
Quando Rafaella me ligou perguntando se poderia mudar pra
Curitiba e passar um tempo em meu apartamento comigo fiquei
muito feliz.
Estava com saudades da minha irmãzinha, e tê-la junto a
mim novamente estava sendo uma delícia. Nossa diferença de
idade não é tão grande e acabamos compartilhando os mesmos
gostos muitas das vezes. Adoramos praticar esportes radicais
dentre eles o salto de paraquedas. A sensação de liberdade quando
estamos no ar em queda livre é algo indescritível.
Logo que chegou a Curitiba a levei ao aeroclube da cidade
para praticarmos saltos juntos. Rafaella não havia me contato o real
motivo pela sua mudança repentina para Curitiba, mas eu sei que
tem algo haver com o seu ex-namorado. Rafinha sempre foi
reservada quando o assunto são seus relacionamentos amorosos,
mas esse caso era diferente. Ela parecia triste, introspectiva e
quando questionada dava um jeito de desviar o assunto.
No mesmo dia em que fomos ao aeroclube aproveitei a
ocasião para apresentá-la a minha namorada Suzana. Não demorou
e as duas já estavam trocando segredinhos. Talvez fosse bom pra
Rafinha se distrair um pouco, conhecer pessoas novas, enfim se
divertir.
Rafaella havia me dito que iria tentar um trabalho aqui
mesmo na cidade como professora de dança e claro eu super apoio
suas escolhas, assim sei também que ela irá ficar um pouco mais
perto de mim.

Estávamos nos preparando para os primeiros saltos do dia


quando meu chefe e amigo Ricardo chegou ao aeroclube. Confesso
que não gostei dos olhares dele para minha irmã. Rick e eu somos
amigos desde os tempos da faculdade e eu sei bem que ele não
para com mulher alguma. Não o quero brincando com os
sentimentos da minha irmãzinha. Isso não irei permitir.

Após uma semana intensa de trabalho precisei me ausentar


da cidade, Rafinha ainda estava em meu apartamento, na verdade
seriam os últimos dias dela por lá e eu já estava sentindo saudades
antecipadas, apesar de saber que ela não iria para muito longe.

Consegui um apartamento funcional, já mobiliado para ela


por um valor que ela poderia pagar. E eu iria ajudar com o
condomínio, gás e outras coisas que ela precisa-se. O que
confortava meu coração era saber que ela estava feliz, e seus
sorrisos voltavam aos poucos a serem sinceros.
Desde que chegou a cidade Rafinha não sossegou até
reorganizar a sua vida. Era como um recomeço que ela queria.
Ainda faltavam algumas questões pendentes como o emprego que
ela ainda buscava, mas eu sabia que era só questão de tempo para
ela conseguir afinal ela era muito competente e talentosa como
professora de dança.
Naquele final de semana eu não pude ir ao aeroclube, mas
sugeri que Rafaella fosse com Suzana, e assim elas o fizeram. E
não deixei de alertar Suzana sobre a aproximação de Ricardo. Eu
realmente estava intrigado com aquele interesse repentino de Rick
pela minha irmã.

Como já imaginava Ricardo também foi ao aeroclube com a


desculpa de praticar saltos de paraquedas, soube até que ele
convidou as meninas para um almoço e depois as deixou em casa.
Suzana me disse que foi através dele que ela conseguiu uma
indicação de emprego com Raul Silveira. Eu nunca fui com a cara
daquele cara, tão esnobe e prepotente. Também não gostei de
saber que Suzana pediu favores a Ricardo, mas o que estava feito
estava feito e pronto. Suzana precisava arrumar um trabalho de
qualquer modo então ela acabou me convencendo que não tinha
nada de mais ela ter conseguido o emprego por indicação de
Ricardo. Eu acabei deixando o assunto morrer.
Suzana tinha um grande poder de persuasão sobre mim, ela
sabia como me enrolar direitinho e fazia isso perfeitamente com seu
charme e sedução. Aquela morena sabia exatamente como me
enlouquecer.

Dias depois recebi um convite de Ricardo me convidando


para jantarmos no Chalet Suisse. Segundo ele era apenas um
simples jantar entre amigos, e para que eu não recusasse o convite
ele já havia convidado pessoalmente Suzana e Rafaella
pessoalmente. O que me deixou ainda mais com a pulga atrás da
orelha como ele havia convidado pessoalmente Suzana e Rafaella e
porque nos convidar para um jantarmos em um dos melhores e mais
caros restaurantes da cidade? Só espero que ele saiba o que está
fazendo. Envio uma mensagem dizendo que aceito o convite, mas
que ele fique ciente que quem convida paga.
A noite chegou e eu já estava pronto para o tal jantar, então
liguei para minha irmã para saber se ela e Suzana também estavam
prontas já que as duas foram se arrumar juntas no novo apê de
Rafaella. Depois da confirmação das meninas dirigi até o prédio
para buscá-la e em seguida fomos ao encontro Ricardo que já no
aguardava no restaurante.

O jantar estava maravilhoso, comemos, bebemos,


conversarmos bastante, e foi um encontro bastante divertido. É claro
que não deixei de reparar nas investidas de Ricardo em relação à
Rafaella. Depois que Suzana me disse que ele parecia estar
gostando da minha irmã eu fiquei mais atento, porém as doses a
mais de álcool me tiraram o foco.
No fim da noite Ricardo pediu que Daniel seu motorista
guiasse o meu carro, assim fomos embora Suzana e eu enquanto
Rick e Rafinha continuaram no restaurante até que o motorista
retornasse para buscá-los.

Já era segunda-feira quando retornei a empresa, e Ricardo


estava contente, distribuindo sorrisos para todos. Um pouco antes o
horário do almoço ele me convidou para almoçarmos juntos. E foi
durante o almoço Ricardo então resolveu abrir o jogo comigo e falar
abertamente sobre o seu interesse por Rafaella.
— Robson você sabe que você é meu amigo e por isso
mesmo demorei tanto tempo para te dizer isso, mas desejo
sinceramente que você possa me ajudar a conquistar sua irmã
Rafaella. Estou apaixonado por ela cara. Já tentei falar com ela,
mas Rafaella parece que não acredita muito em mim e eu realmente
estou disposto a ter uma relação seria com sua irmã. Gostaria que
você me ajudasse.
— Ah cara não sei não. A minha irmã não é mulher para ficar
brincando com os sentimentos dela. E outra você nunca foi um cara
de “relacionamentos duradouros”, se é que me entende. — O
respondi.

— Calma Robson. Primeiro que eu não quero brincar com os


sentimentos de ninguém, eu realmente estou encantado pela sua
irmã e sabe você a conhece mais do que eu poderia me ajudar, sei
lá... Dá umas dicas sobre coisas que ela goste, qualquer coisa.
— Tudo bem, eu te ajudo. Mas se você fizer a minha irmã
chorar eu esqueço que você é meu amigo e arrebento sua cara.
— Ok. Aceito!
— Rafaella é costuma ser uma mulher prática, e não costuma
se impressionar com qualquer coisa. Eu não sei o que você pode
fazer, mas sei lá a convide para um cinema, um sorvete, se
interesse pelos assuntos dela. Como as aulas de dança que ela está
iniciando essa semana?
— É vou pensar em algo para impressioná-la. — Ele
responde.
Depois daquela conversa sobre Ricardo e minha irmã
almoçamos e retornamos a empresa. Eu iria dar um jeito de falar
com Rafaella sobre Ricardo, afinal queria saber o que minha irmã
estava achando dessa história toda.
Assim que cheguei ao escritório liguei para minha irmã
marcando de encontrá-la após sua última aula na academia, ela
aceitou e disse que também precisava muito falar comigo.
Depois do expediente fui para casa, tomei banho, preparei o
jantar, liguei para Suzana para dizer que não iria vê-la essa noite,
pois precisava conversar com minha irmã e não dava para a gente
se encontrar. Ela não aceitou muito bem o meu pedido e acabamos
brigando.
Acabei nem jantando de tanta raiva, peguei meu carro e sai
dirigindo pela cidade, ainda faltava umas duas horas para que
Rafaella saísse da academia então fiquei dirigindo sem rumo
durante esse tempo até que desse a hora de ir buscá-la na
DanceFit.

Já eram quase 22:00 horas quando Rafaella finalizou suas


atividades na academia. Fomos então direto ao meu apartamento,
afinal eu fiz o jantar para nós dois, fazia tempo que eu não mimava
minha irmãzinha desse jeito, e já estava com saudades.
Estávamos a caminho para o meu apartamento quando
Rafaella me contou então sobre a cesta de café da manhã que
havia recebido de Ricardo na manhã seguinte ao nosso jantar.
Confesso que fiquei surpreso, pois ele agiu antes mesmo da nossa
conversa.
— Então maninha, o Rick parece que está mesmo
interessado em você. Não posso dizer que ele esteja apaixonado,
mas que está interessado com certeza ele está.
— Eu não sei não Robson, talvez seja muito cedo para me
envolver.

— Olha Rafa eu vou ser bem sincero com você, não me


agrada nenhum pouco essa ideia de ver vocês dois juntos, mas eu
quero muito que você seja feliz e também por isso acredito que você
deva pelo menos arriscar. E eu já falei para ele caso a faço chorar
eu acabo com a raça dele.
— Uau! Que irmão mais ciumento que eu tenho. Mas pode
deixar que eu sei me cuidar tá. Não precisa sair brigando por aí com
ninguém por minha causa.
— Tudo bem, se você está falando eu acredito. Mesmo assim
o recado já foi dado!
— Obrigado Robson. Eu estou pensando em tentar para
saber se pode dar certo. Meu último relacionamento foi meio
conturbado e não deu certo por causa do maldito ciúmes. Não quero
que isso se repita novamente. Prefiro ir com calma, sabe.

— Eu entendo. Você está certa, cautela nunca é demais.


Falando nisso você precisa tomar cuidado com a mãe dele. Vai por
mim.
— Por quê? — Ela questiona.
— Ah Rafa a dona Sônia é osso duro de roer e morre de
ciúmes daquele filho. Cuidado com ela.
— Está bem, vou tomar cuidado e me lembrar da sua dica
quando a conhecê-la...
Chegamos ao meu prédio e fomos jantar. Rafaella estava
realmente faminta, e aquela nossa interação me fazia muito bem.
Estar junto com ela me deixava mais relaxado e até me fazia
esquecer dos problemas, fosse com Ricardo ou mesmo com
Suzana minha namorada esquentadinha.
Ricardo não parava de me surpreender. Depois do presente
enviado pós jantar ele falou com meu irmão sobre mim. Eu
realmente não esperava essa atitude dele. Recebi uma ligação de
um número até então desconhecido por mim quando atendi era
ninguém mesmo que Ricardo me convidando para um cinema a
dois.
— Oi Rafaella, tudo bom. Tem um minuto para conversar
comigo?
— Ricardo? É você? Como conseguiu meu número? — O
questionei espantada com aquela ligação.

— Sim princesa, sou eu. Me desculpe a ousadia de te ligar de


repente, mas eu já não aguentava mais de ansiedade de falar com
você então pedi ao seu irmão para me dar, espero que não se
incomode. — Ele respondeu.
— Ah sim, tudo bem. Não tem problema não. O que gostaria
de falar comigo?
— Bom, te liguei para te fazer um convite.
— Convite? — Questionei curiosa
— Sim, que tal um cinema. Nós dois?
— Cineminha é sempre bom, mas não vai dar.
— Não aceito não como resposta.
E de tanto insistir no convite acabei aceitando sair com
Ricardo. Hoje não teria aulas durante a noite na academia então
resolvi que precisava me divertir um pouco então porque não aceitar
o convite dele. E assim no horário combinado ele estava me
aguardando para o nosso encontro.
— Boa noite Ricardo. Como foi o seu dia?
— O dia não foi ruim sabe Rafaella, mas confesso que na
verdade melhor do que o dia só minha noite com a sua companhia.
— Não fala assim que eu acredito. — Solto um riso nervoso
após sua resposta.
— Mas é para você acreditar, pois estou falando a verdade.
— Ele responde sério.
— Hum, Ok! Se você está dizendo acredito. — Tento
amenizar o clima tenso para o qual essa conversa estava nos
levando.

Chegamos ao shopping e fomos direto para as salas de


exibição, após escolhermos o filme ao qual assistiríamos Ricardo
comprou os ingressos e em seguida dois combos de pipocas e
refrigerantes.
No escurinho da sala de cinema o clima entre nós dois estava
esquentando. Ele colocou sua mão sobre a minha e sempre que
possível se aproximava do meu ouvido para dizer algo e me deixar
totalmente arrepiada com sua aproximação. O clima estava propicio
então acabamos nos beijando. No inicio foi um beijo delicado, o
encontro de nossos lábios aconteceu de forma inesperada e
carinhosa. Aos poucos aumentamos a intensidade do beijo. Em
poucos minutos já me sentia entregue ao beijo e a ele...
Após a sessão acabar saímos da sala de exibição do filme e
Ricardo disse que tinha um pedido a me fazer. Confesso que ele me
pegou de surpresa quando me pediu em namoro. Eu nem sequer
sabia o que responder...
Pedi a ele então alguns dias para pensar em sua resposta. Vi
em seu semblante que ele não gostou muito de não ter recebido um
sim imediatamente, porém se o fizesse apenas por impulso talvez
me arrependesse futuramente e eu não quero brincar com os
sentimentos dele, e tão pouco quero que ele brinque com os meus,
por isso preciso de um tempo para pensar sobre sua proposta.
— Tudo bem Rafaella, eu lhe dou o tempo que precisar para
responder sobre o meu pedido.
— Obrigada Ricardo. Prometo não demorar muito para lhe
dar uma resposta.
— Rafaella, eu sei que você ainda tem suas duvidas sobre
mim, mas eu vou te provar que você é a mulher da minha vida e é
com você que quero passar o resto dos meus dias. — Ele me
deixou sem palavras após sua declaração.

Demos mais algumas voltas pelo shopping, jantamos e por


fim Ricardo me levou até em casa. Nos despedimos com um beijo
carinhoso e em seguida fui em direção ao meu apartamento.
Eu precisava pensar em tudo o que aconteceu essa noite,
não queria ser precipitada para responder Ricardo sobre o pedido
de namoro, tão pouco queria que ele se afastasse de mim. Me sinto
tão confusa em relação a nos dois que tudo que preciso essa noite é
de um bom banho e uma bela noite de sono para descansar e
colocar os pensamentos em ordem.

Algumas semanas se passaram e Ricardo e eu estamos


saindo juntos, sem rótulos, sem cobranças. Ainda não o respondi
sobre o seu pedido, afinal achei que seria mais prudente nos
conhecermos melhor antes de dar a ele qualquer resposta.
Ricardo não parava de me surpreender. Ele havia me
convidado para saltarmos juntos, e fazia tempo que eu não
praticava saltos de paraquedas já que minha vida estava uma
imensa loucura e eu ainda estava tentando ajustar melhor uma
rotina para mim. Resolvi aceitar o seu convite e ele mais uma vez
conseguiu me deixar sem palavras quando nós dois saltamos e em
plena queda livre ele refez o pedido de namoro. Confesso que não
sabia se ria ou se chorava aquele momento.
Era emoção misturado com adrenalina, e eu já me sentia tão
envolvida por ele que sentia que já hora de tomar uma decisão
sobre o nosso relacionamento.
Então resolvi aceitar o seu pedido, estava decidida a dar uma
chance a ele, não iria ficar brincando com os sentimentos dele e tão
pouco com os meus em relação a nós dois. E embora já
estivéssemos saindo juntos foi daquele momento em diante que
começamos a namorar. Agora era hora de conhecer a família dele e
assumir de vez nossa relação para todos.
Quando conversei com Robson sobre ter aceitado namorar
Ricardo senti que ele ficou com um pé atrás com essa relação, mas
ele não deu nenhum palpite ou opinião contraria, apenas me deixou
felicidades. Segundo palavras dele se eu estivesse feliz ele também
ficaria. Quanto a minha sogra eu não havia a conhecido
pessoalmente e lá no fundo estava temendo esse momento.
Ricardo me disse que sua mãe estava organizando um jantar
em sua casa para me conhecer e aquele encontro só ficava cada
vez mais tenso para mim. E se ela não gostasse de mim? E se eu
fizesse algo errado no tal jantar? Aquela tensão toda estava me
deixando louca... Na noite marcada eu coloquei o meu melhor
vestido, fiz uma maquiagem não muito marcada, calcei meus saltos,
deixei os cabelos soltos, estava me sentindo bonita.
Resolvi que nada me abalaria àquela noite nem mesmo se a
mãe de Ricardo fosse uma megera que achasse que eu não era
suficientemente boa para o seu filho. Estava me sentindo poderosa
e era assim que eu agiria essa noite. Poderosa e pleníssima!
Rick chegou ao meu apartamento e eu já estava pronta
apenas o aguardando, ele como um cavalheiro teceu alguns elogios
a mim. Apesar de não querer transparecer eu estava nervosa com
aquele primeiro encontro com a minha sogra. Ricardo disse que sua
mãe já nos aguardava e aquelas palavras só me deixou ainda mais
nervosa...
Chegando ao local do jantar minhas mãos estavam suando e
meu nervosismo já estava sem controle. Tentei focar em algo que
não fosse o tal encontro com a sogra como a casa linda em que
Ricardo morava, ou mesmo a decoração do lugar. Mas nada parecia
prender minha atenção.
— Calma meu amor, não precisa ficar nervosa. Eu estou aqui
com você. — A voz de Ricardo era como um mantra que me
acalmava.
— Tá tudo bem. Eu só estou um pouco nervosa é só isso.
Mas Rick e se a sua mãe não gostar de mim?

— Impossível não gostar de você princesa. Tenho certeza


que vocês duas vão se dar muito bem. — Ele sorria tentando me
tranquilizar.
Respirei fundo, Ricardo entrelaçou suas mãos nas minhas e
seguimos até a entrada da casa. Não demorou e dona Sônia veio ao
nosso encontro.
Ela era uma mulher bonita e elegante. Sônia cumprimentou o
filho e em seguida voltou sua atenção para mim. Ela me olhava de
cima a baixo, por um instante me senti nua em sua frente. Sônia e
eu trocamos poucas palavras, mas logo ela desviou a atenção para
Ricardo.
— Mamãe essa é Rafaella, minha namorada. — Ele nos
apresentava.
— Prazer em conhecê-la dona Sônia. — Falei cordialmente
para ela.
— O prazer é meu querida Rafaella. Confesso que eu estava
bastante curiosa para saber quem era a mulher que havia roubado o
coração do meu filho. — Ela respondeu calmamente, mas percebi
um leve tom de deboche em sua voz.
— Bom, apresentações feitas, podemos ir ao jantar mamãe?
Estou morrendo de fome. — Ricardo diz travesso.
— Foi essa a educação que eu te dei Ricardo Almeida?
Parece um esfomeado, mal chegou e só quer saber da comida filho
ingrato. — Dona Sônia fala dramaticamente enquanto Ricardo
apenas ri.
— Ah mamãe, é brincadeira. — Ele diz, mas em seguida a
provoca novamente. — Mas o que temos para o jantar?
— Eu fiz o seu prato favorito meu filho. Lagosta!
Quando ela disse isso tu quase sais fugindo de lá. Como vou
comer isso sem passar vergonha meu Deus? Meus pensamentos
estavam a mil.
— Ah não mamãe. Lagosta? Meu prato preferido é Lasanha.
— Mas lasanha é tão simplesinho né meu filho. O que sua
namorada ia pensar de nós se fizemos algo tão simplório?
— Que gostamos de comer comida boa e gostosa sem
frescura mamãe. — Ele retrucava seu questionamento. Enquanto eu
apenas me mantinha calada em relação àquela discussão culinária.
Sônia parecia ser uma mulher cordial, ela me tratou bem no
inicio, mas toda aquela cordialidade ia apenas até a página dois.
Estamos os três na sala quando um dos empregados anunciou o
jantar e assim seguimos para a mesa.
É claro que estava morrendo de medo da tal lagosta, mas ao
que parece os céus ouviram minhas preces e no lugar da lagosta foi
servido uma deliciosa lasanha.
— O que é isso Judith? Eu pedi lagosta e você me serve
lasanha? Quer perder o emprego? — Dona Sônia esbravejava com
uma de suas empregadas.
— Acalme-se mamãe fui eu que pedi a Judith que fizesse
uma lasanha para nós. — Ricardo respondia tentando acalmar a
mãe que pareceu não gostar do que ele havia feito.
— Como assim Ricardo você passa por cima das minhas
ordens? Eu planejei esse jantar para que fosse servido lagosta que
é algo muito mais sofisticado que uma simples lasanha e você
estraga tudo?
— Judith por essa afronta não te mandarei para a rua, mas
escute bem não haverá uma próxima oportunidade. — Dona Sônia
fuzilava a empregada com os olhos enquanto a mesma tentava
segurar as lágrimas para não piorar ainda mais a situação.
Eu me mantinha calada apenas observando toda a confusão,
então Ricardo mais uma vez se pronunciou a favor da mulher.
— Não se preocupe Judith pode voltar aos seus afazeres, e
caso minha mãe a demita eu mesmo me encarregarei de conseguir
um novo emprego para você. — Em seguida a mulher se retirou da
sala de jantar, provavelmente foi chorar longe dos olhos da patroa.
Ricardo como um cavalheiro começou uma conversa amena
para distrair e acalmar os ânimos. Após o jantar retornamos os três
para a sala. Alguns minutos depois Ricardo pediu licença para ir
buscar algo em seu quarto deixando assim sua mãe e eu a sós na
sala. Foi então que eu pude mais uma vez ter o desprazer de
descobrir do que aquela megera era capaz.
— Então Rafaella não precisei de muito tempo observando-a
para saber que você não é mulher para o meu filho. — Ela falava
baixo apenas para que eu pudesse ouvi-la. — Quero que acabe
com esse namorinho o quanto antes. — Ela dizia como se eu fosse
uma qualquer e o absurdo maior ainda estava por vir. — Me diga
Gabriela quanto você quer para se afastar do meu Ricardo? —
Responde menina. Ficou muda por acaso?

— Com todo respeito Dona Sônia meu nome é Rafaella. E eu


não estou com o seu filho por interesse por tanto nenhuma quantia
seria suficiente para que eu aceitasse me afastar dele.
— Vamos lá todo mundo tem o seu preço. Diga o seu que eu
faço o cheque agora mesmo.
— Quer saber Sônia a senhora pode enfiar o seu dinheiro e o
seu cheque no... — Ouço a voz de Ricardo me chamando e me
calo.
— Rafaella meu amor achei o que estava procurando. — Ele
fala se aproximando de mim.

— Ah, fico feliz... Mas Rick você pode me levar para casa
agora?
— Agora princesa. Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa
que não gostou?
— Não meu amor, eu só estou um pouco cansada e preciso
acordar cedo para trabalhar.

— Tudo bem princesa, então vamos. — Ele se aproxima de


mim e toca delicadamente seus lábios nos meus com um selinho
enquanto sua mãe está visivelmente incomodada ao nosso lado
observando nossa interação.
Nos despedimos da mãe de Ricardo e ele foi me levar até em
casa. Claro que eu não queria demonstrar a ele o quanto esse jantar
havia me afetado e nem mesmo dizer a ele o que houve nos
minutos em que sua mãe e eu ficamos sozinhas na sala.

Eu precisava realmente descansar e pensar no que fazer a


respeito disso. Eu não deixaria que essa mulher se metesse no meu
relacionamento com Ricardo, mas também não iria ficar criando
conflitos com ele por causa dela.
Ao chegarmos ao prédio que morava Ricardo estacionou e
passamos alguns minutos nos despedindo em seguida fui em
direção ao meu apê, chegando lá apesar do horário liguei para
Suzana para que ele viesse tomar seu café da manhã comigo eu
precisava conversar com alguém e ela é a amiga mais próxima que
eu tenho no momento, então talvez ela me ajude a encontrar uma
saída para esse dilema entre estar apaixonada por Ricardo e ter
simplesmente odiado conhecer a mãe dele...
Noite passada eu estava nos braços de Ricardo e foi uma
noite linda. Rick propôs uma viagem a dois para nós e eu fiquei
empolgada no inicio, mas acabei lembrando da mãe dele e fiquei
pensando se aquela seria uma boa ideia.
Conversando com Rick ele me tranquilizou dizendo que ainda
teríamos um tempo para planejar tudo, e quando foi me deixar em
casa ele me presenteou com uma joia que fiquei simplesmente sem
palavras diante daquele gesto. Depois de quase brigarmos porque
eu não queria aceitar seu presente acabamos nos entendendo e por
fim nos despedimos com muitos beijos e carinhos.
Rick foi embora do meu apartamento e fiquei pensando no
que fazer em relação a nós dois. Já havia conversado com Suzana,
mas ela disse que eu não precisava me preocupar com a mãe dele,
pois provavelmente ela estava agindo apenas por ciúmes do filho.
Eu tentei aceitar aquela sugestão.

Mas hoje não queria voltar a perturbar minha amiga com


aquele assunto então liguei para o meu irmão. Eu queria saber o
que ele achava de toda essa situação, se eu estava preocupada à
toa ou não.
Robson havia me dito que só poderia me encontrar a noite,
pois seu dia estava bastante atribulado, então combinei com ele de
ir me buscar na academia e de lá sairmos para tomarmos uns drinks
e conversarmos, claro que ele aceitou na hora e então ficamos
acertados.
Depois de ter dado minhas aulas na academia mesmo tomei
um banho e me troquei, fiquei à espera de Robson para
conversarmos. Meia hora depois ele apareceu e decidimos ir a uma
baladinha que estava rolando na cidade. Decidi desligar meu celular,
não queria ser incomodada enquanto passava um tempo com meu
irmão.
Então contei a Robson o que estava acontecendo e porque
eu precisava tanto conversar com ele. Meu irmão ficou abismado
com a cara de pau da mãe de Ricardo, mas ele já havia me dito
para tomar cuidado com ela então provavelmente já sabia do que a
megera era capaz. Contei a ele também sobre a proposta de viagem
que Ricardo havia feito, e que a viagem aconteceria em breve.
— Ah Rafinha eu te falei para tomar cuidado com aquela
mulher. Ela é capaz de qualquer coisa para manter o filho por perto.
— Mano eu não sei mais o que fazer em relação a isso, fico
com medo de contar a Ricardo o que aconteceu e ele não acreditar
em mim. — Digo triste e continuo. — Conversa com ele Robson,
mas, por favor, seja discreto. Não quero que pareça que estou
tentando fazer fofoquinhas sobre a mãe dele.

— Tudo bem, vou fazer o possível para resolver esse


problema para você, assim você pode viajar tranquila e se divertir
por aí com seu namorado. Mas vamos mudar de assunto que não
gosto de ficar imaginando você se divertindo por aí com o meu
amigo. — Ele respondeu e eu apenas gargalhei com sua resposta,
mas também com a careta que ele fazia enquanto respondia.
— Sendo assim vamos nos divertir aqui e agora. — Sem
pensar muito puxei Robson para a pista de dança.
Minha noite com o meu irmão não poderia ter sido melhor. Foi
bastante divertida passar esses momentos com ele, fazia tempo que
não fazíamos nenhum programa de irmãos apenas eu e ele. Depois
de nos esbaldarmos na pista de dança era hora de ir para casa.
Robson então me levou para casa e em seguida foi para o seu apê.

Na manhã seguinte acordei ainda meio atordoada com a


campainha tocando e fui caminhando ainda meio zonza para abrir a
porta e mal pude acreditar vendo Ricardo muito zangado querendo
saber por onde ela havia andado a noite que ainda por cima havia
desligado o celular.
Pedi que ele se acalmasse, pois ele não tinha o direito de
falar daquele jeito comigo sem contar que era muito cedo para já
querer brigar. Então pedi que ele esperasse na sala, pois eu
precisava acordar direito para falar com ele. Fui tomar banho e
depois troquei de roupa e fui em direção à cozinha para prepara o
café, mas para minha surpresa já estava tudo pronto. Ricardo havia
montado uma linda mesa de café da manhã.
— O que é isso Ricardo?
— Desculpa amor, preparei esse café para você para me
redimir com você, eu sei que agi como um idiota com você quando
cheguei.

— Tudo bem Rick, vamos conversar... — O respondo


desanimada.
Rick me pediu mil desculpas, disse que tentou me ligar varias
vezes mais meu celular só dava caixa postal.
— Eu estava com meu irmão Rick, não queria atender o
celular só isso.

— Rafa... — O interrompi antes que ele disse algo.


— Rick não é porque desligo o celular que estou fazendo
“algo errado” às vezes eu só preciso de um tempo para mim.
— Você está certo minha princesa, eu só fiquei inseguro. Não
quero te perder meu amor. Só fiquei preocupado com você.

— Tudo bem Rick aceito suas desculpas, mas espero que


isso não se repita. Não é porque estou apaixonada por você que
vou me submeter a ficar com alguém tão ciumento ao ponto de
querer criar uma confusão só porque deixei o celular desligado
durante algum tempo.
— Rafaella amor, minha princesa, me desculpa isso não vai
acontecer de novo. Te prometo.
Passamos mais um tempinho nos curtindo, mas logo o celular
dele tocou e Rick saiu para trabalhar e aproveitei para organizar o
meu dia de trabalho também.

Mamãe parecia estar ansiosa para conhecer minha


namorada e preparou um jantar para que eu a apresentasse.
Rafaella estava nervosa, mas tratei de acalmá-la afinal era apenas
um jantar com a minha mãe nada demais. O problema foi o clima
pesou durante o jantar e eu não queria afrontar dona Sônia, mas
perdeu um pouco o bom senso ao questionar Judith sobre a troca
de cardápio para o jantar.
Percebi que Rafaella não ficou à vontade quando minha mãe
mencionou que teríamos lagosta então fui até a cozinha
rapidamente sem que elas sequer percebessem e pedi a Judith que
fizesse uma rápida lasanha e assim o servisse no jantar. Ela não
questionou minhas ordens e fez como eu pedi.
O fato de ver minha mãe se exaltando com a empregada por
causa daquilo me deixou assustado, eu não imaginava que ela
fosse agir daquela maneira.
Durante o jantar tentei amenizar a situação inserindo
assuntos aleatórios a mesa, o que acho que deu certo e ao fim do
jantar retornarmos todos a sala, pedi licença e fui ao meu quarto
buscar uma joia que havia comprado para Rafaella quando retornei
à sala o clima parecia novamente tenso.
Rafaella então pediu que a levasse para casa e assim o fiz.
As coisas aconteceram de tal maneira que até esqueci de entregar o
presente que havia comprado para minha namorada.
Depois de deixar Rafaella em casa retornei para minha casa
e ao que parecia mamãe já havia se recolhido ao seu quarto então
fiz o mesmo indo direto para o meu quarto. Tomei um banho, vesti
algo confortável e fui para a cama.
Acabei tendo um pesadelo com Rafaella me abandonando e
acordei perturbado com aquela possibilidade. Passei o dia inquieto e
só conseguir relaxar depois de encontrar, minha princesa.
Rafaella e eu já estávamos namorando há algum tempo e me
sentia feliz ao lado dela, estava apaixonado só queria poder passar
mais tempo com ela, então depois de muito pensar sobre isso
resolvi propor a ela uma viagem a dois. Era possível que ela usasse
o trabalho como desculpa para não aceitar minha proposta então
comecei a procurar no calendário qual seria o próximo feriado
prolongado que teríamos aquele ano.
Ah noite fiz questão de ir buscar Rafaella na academia.
Estava ansioso para lhe falar sobre a viagem que eu planejava para
nós dois.
Ela pareceu ficar animada com a ideia, mas em seguida
desanimou por alguma razão que ela não quis me contar. Disse
apenas que precisava planejar melhor pois tinha acabado de iniciar
novas turmas de dança e não queria deixar seus alunos na mão.
Eu sabia que ela viria com tal desculpa então disse a ela que
sim, iríamos planejar tudo com calma, pois nossa viagem seria feita
apenas no próximo feriado prolongado e ainda faltavam duas
semanas para que acontecesse. Ela apenas acenou positivamente
concordando com meus argumentos.
Aquela noite foi especial para nós dois, a levei para jantar e
por fim acabamos nossa noite num motel. E tê-la em meus braços
era algo maravilhoso. Pensei novamente no pesadelo que tive, mas
tão rápido quanto os pensamentos vieram os expulsei da minha
mente na mesma velocidade.
Acordamos os juntos e tratei de providenciar um belo café da
manhã para nós dois. Após tomarmos café a deixei em seu
apartamento e dessa vez eu não esqueci de lhe entregar o presente
que havia comprado especialmente para ela.
No inicio ela não quis aceitar e nós quase brigamos por isso,
mas por fim ela aceitou a joia e agradeceu da melhor forma possível
com muitos beijos e carinho...
As horas estavam passando rapidamente e eu precisava ir
trabalhar por isso tivemos que nos despedir e fui para casa tomar
um banho e me trocar antes de começar o meu expediente na
empresa. Precisava deixar tudo organizado para ir viajar tranquilo
com Rafaella, não queria ter que ficar tratando de assuntos de
trabalho durante a nossa viagem.

Dois dias se passaram e eu não havia conseguido encontrar


com Rafaella desde que a deixei em seu apartamento. Parece que
de repente o mundo resolveu cair nas minhas costas, era problema
em cima de problema e por isso já faziam dois dias que eu não
encontrava com a minha princesa, o que parecia realmente ser uma
eternidade.
Ao chegar à empresa para trabalhar pedi a minha secretaria
que chamasse Robson a minha sala. Robson então logo atendeu
meu chamado.
— E aí Rick me chamou? Algum problema?
— Entra aí cara você não acredita na besteira que eu fiz. —
Disse envergonhado pela minha atitude.
— Então me conta o que você pode ter feito de tão grave
Ricardo? Você sempre foi um cara tão certinho... — Robson
questionou curioso.

— Hoje cedo fui ao apartamento da sua irmã a cobrando o


motivo do celular dela estar desligado ontem à noite. Eu sei cara foi
pura insegurança minha e de repente tive uma crise de ciúmes.
— Ricardo você é idiota por um acaso? Minha irmã já te deu
algum motivo para você desconfiar dela durante esse tempo que
vocês estão juntos por um acaso? Só me responde, por favor. — O
tom impaciente da sua voz não passou despercebido.
— Você está certo eu fui um perfeito idiota com ela. Mas sei
lá cara só tive medo de perdê-la. — O respondo colocando as mãos
na cabeça demonstrando o meu desespero. — Ontem eu recebi um
telefonema anônimo dizendo que a minha namorada estava numa
boate com outro dançando e bebendo com outro cara. Que ela
estava me traindo eu fiquei louco.
— Eu não acredito que você deu confiança para um
telefonema anônimo? — Ele questiona atônito.
— Quando liguei para ela simplesmente o celular só dava
caixa postal.
— Ricardo mesmo estando com uma imensa vontade de
quebrar a sua cara nesse instante eu não vou fazer. Então vamos
aos fatos...
Tive que respirar fundo pra tentar explicar a Ricardo que 2+2
(dois mais dois) é igual a 4 (quatro) e não quebrar sua cara ali no
meio do escritório mesmo.
— Em primeiro lugar você e a minha irmã já estão
namorando há meses e se ela tivesse traindo você o que não é o
caso você acha que seria com um telefonema anônimo que você ia
descobrir tal traição? — Ele ergue as sobrancelhas e então conclui.
— Tá na cara que esse “informante anônimo” conhece você e sabe
o quanto pode ser ciumento e inseguro. O objetivo dessa pessoa
seria justamente separá-lo da minha irmã você não concorda?
— É verdade Robson. Eu não deveria ter acreditado naquela
ligação. — Respondo frustrado.
— Bom eu quero aproveitar e falar sobre outro assunto. Na
verdade, é sobre a conversa que tive ontem com Rafaella.
— Do que se trata Robson?

— Rafaella estava comigo ontem justamente para me contar


sobre a proposta de viagem que você havia feito a ela e também
para me contar outra coisa que está atormentando-a. — pela
maneira que Robson fala e move em minha frente sinto que vem
bomba por aí. — Mas me diz você? Você imagina o que poderia
ser?
— Sinceramente não. — O respondo.
— Tem Certeza? — Ele questiona.

— Eu realmente não sei do que se trata Robson. Porque eu


mentiria para você?
— Você lembra da Alice aquela sua ex-namorada? E da
Maria, da Lívia? E das outras? Você sabe o motivo que fez com que
nenhum desses relacionamentos fossem para frente?
— Sim eu lembro das minhas ex namoradas, mas o que isso
tem haver com Rafaella?
— Você também dizia que as amava e com a Alice você
quase casou com ela. E volto a repetir a última pergunta que te fiz.
Você sabe o motivo que fez com que nenhum desses
relacionamentos fossem para frente??
— Na verdade nem sei direito, der repente ela chegou a mim
e disse que não queria, mas me ver, que estava tudo acabado, eu
até tentei voltar, procura-las algumas vezes, mas não sei por que
nunca dava certo. — Respondo
— Pois eu vou te dizer por quê. E cada uma dessas meninas
pularam fora da sua vida.
— Nossa cara como você sabe essa resposta agora eu
realmente fiquei curioso para descobrir.
— A senhora sua mãe ameaçava essas meninas para que
elas terminassem com você e sumissem da sua vida. E você pode
não acreditar porque eu não tenho como provar, mas eu acredito na
palavra da minha irmã.
— Como assim Robson? A minha mãe. Impossível. Ela
jamais faria uma coisa dessas... Ela sempre tratou as minhas ex-
namoradas tão bem.
— Ok, se você não quiser acreditar, e está no seu direito,
investigue.

— Você disse acredita na palavra de Rafaella? Como assim,


ela te falou alguma coisa a esse respeito. Mas porque ela não me
contou?
— Dona Sônia fez o mesmo com a minha irmã, e ela não te
contou porque não queria que você ficasse mal com a sua mãe e
muito menos que pensasse que ela estava fazendo fofoca para
você.
Aquelas revelações me deixaram sem palavras e com a
pulga atrás da orelha, mas apesar disso eu tinha que tirar essa
história a limpo. E estava decidido a fazer isso...

Ao chegar em casa procurei por minha mãe, mas não a


encontrei então resolvi ligar para Rafaella para saber se ela já havia
decidido sobre a nossa viagem. Rafaella tentou se esquivar da
pergunta então dei a cartada final a questionando sobre os
sentimentos dela por mim.
— Rafa você me ama?
— Que pergunta é essa Rick?
— Responde, por favor. Você me ama?

— Sim Ricardo eu te amo.


— E se eu te pedir para a gente adiantar nossa viagem você
aceita?
— Como assim Rick nós não tínhamos combinados que
iríamos só daqui a duas semanas no feriado?
— Eu sei meu amor. É que aconteceram umas coisas, eu só
queria poder viajar logo, estou me sentindo sufocado pelos
problemas. Estressado.
— Nossa Rick eu nem sei o que dizer.
— Só diz que vai dar um jeitinho de irmos viajar juntinhos
meu amor.
— Ah Ricardo você tá muito dengoso... O que tá acontecendo
porque você não é assim...
— Sou sim amor. Só estou com saudades, com vontade de
ficar agarradinho com você.
— Tudo bem, eu aceito viajar quando você quiser. Eu só
preciso falar com o meu chefe para quando voltarmos eu não perder
meu emprego.
— Se essa for à questão então tudo bem, eu aceito suas
condições. Amor só mais uma coisa...

— O que Rick?
— Eu quero dormir com você essa noite na sua cama.
Posso?
— Nossa Rick, mas você tá muito carente hoje hem... — ela
ri enquanto responde e o sorriso dela aquece o meu peito.
— Isso é um sim?

— Sim Ricardo Almeida, você pode vim dormir na minha


cama hoje. Passa na academia às 22:00 horas para me buscar, e a
gente vem aqui para casa assistir filme, comer pipoca e ficar
agarradinhos debaixo do edredom.
— Adorei a parte do edredom amor. Está combinado então,
às 22:00 horas passo na academia para te buscar.
Rafaella e eu nos despedimos e logo em seguida ouvi
quando a porta principal se abriu e minha mãe havia chegado em
casa finalmente então sem meias palavras fui logo a questionando
se ela tinha algo contra Rafaella.
— Mãe que bom que a senhora chegou, eu estava mesmo
querendo conversar com a senhora.
— Fale meu filho, do que se trata?
— A senhora tem algo contra Rafaella minha namorada?

— Claro que não meu filho. Que pergunta é essa? Aquela


moça parece ser adorável.
— Eu vou me casar com ela.
— Casar. Como assim casar Ricardo? Você mal conhece
essa tal de Gabriela meu filho?
— É Rafaella mãe. O nome dela é Rafaella.

— Que seja. Mas você ainda não a conhece direito. Talvez


ela seja uma golpista, oportunista, interesseira. Talvez ela nem
goste de você e só esteja interessada no seu dinheiro.
— Mãe mesmo que ela fosse tudo isso eu a amo e vou casar
com ela.
Iniciamos uma calorosa discussão e quando já não havia
mais argumentos para um dialogo apenas avisei a minha mãe que
iria viajar com a minha namorada e que era bom ela ir se
acostumando, pois provavelmente já retornaríamos casados dessa
viagem.
Minha mãe quase teve um infarto quando eu disse isso então
ela acabou falando demais...

— Escuta aqui Ricardo você não vai casar com essa mulher.
Eu não irei permitir que uma qualquer entre em nossa família para
nos tirar tudo o que conquistamos por todos esses anos de suor e
trabalho... Não vou permitir que nenhuma biscate coloque a mão na
nossa fortuna.
Eu não conseguia acreditar nas palavras que havia acabado
de escutar. Aquela não era a minha mãe.
Então de repente tudo começou a fazer sentido em minha
mente. As palavras de Robson, o termino repentino com todas as
minhas ex-namoradas.

A vida é realmente uma caixinha de surpresas, pois muitas


vezes as pessoas mais próximas são aquelas que nos apunhalam
pelas costas.
Subi para o meu quarto e fiz uma pequena mala com objetos
pessoais, roupas, documentos, tudo que achei necessário de
imediato.
Desci as escadas e coloquei as coisas no meu carro. Passei
no escritório de casa e peguei uma certa quantia em dinheiro do
cofre. Eu não sabia o que iria fazer da minha vida dali para a frente,
mas eu precisava de um tempo longe de tudo isso para pensar.

E a única pessoa que eu quero do meu lado era Rafaella


Duarte, a minha mulher...
Após a briga com minha mãe não pensava em mais nada
além de fugir daquela situação toda, eu estava decidido a ficar com
Rafaella mesmo a contragosto de dona Sônia.
Ela sempre foi uma ótima mãe, algumas vezes me
incomodou o fato de ser tão super protetora ao ponto de dar palpites
nas minhas amizades, mas nunca levei muito a sério.
Conheci Robson na universidade, juntos construímos uma
amizade de longa data. Quando tive que assumir a imobiliária fiz
questão de trazer ele para trabalhar diretamente comigo, pois ele
sempre se mostrou um cara esforçado e responsável.
Mamãe nunca aceitou muito bem a nossa amizade e
costumava fazer comentários desnecessários sobre a nossa relação
profissional o que em nenhum momento achei relevante o suficiente
para dar um fim em nosso relacionamento pessoal ou profissional.
Depois que ele me alertou sobre a mamãe havia feito com
Rafaella na minha ausência parei para pensar e me dei conta que
talvez ela tenha feito o mesmo com ele ou outros amigos, e até
mesmo com minhas ex-namoradas como Robson me contou.
Talvez eu estivesse cego ou ocupado demais para prestar
atenção em certas atitudes de dona Sônia, e mesmo não querendo
acreditar em tudo que me foi dito se isso tudo for verdade eu nem
sei como lidar com toda essa situação, por isso preciso realmente
de um tempo distante. Talvez seja bom para pensar e colocar os
pensamentos em ordem.
Como já estava com as malas prontas no carro e já havia
combinado de dormir com Rafaella passeio o resto do dia no
escritório resolvendo assuntos pendentes e agendando outros para
quando voltasse da viagem com minha mulher. Até eu decidiria se
continuaria morando nessa casa ou se procuraria um imóvel para
mim ou quem sabe faria uma proposta de casamento para Rafaella.

Como combinado passei na academia para buscá-la e fomos


direto ao seu apartamento. Tivemos uma noite agradável, ela
escolheu um filme qualquer para assistimos e preparou aperitivos
para nos distrair.
Claro que a maior distração era tê-la em meus braços.
Namoramos, transamos, nossa troca de carinhos só demonstrava o
quanto estávamos apaixonados um pelo outro e minhas
expectativas para essa viagem juntos eram as melhores possíveis e
só aumentavam a cada minuto.

Passamos 15 dias num paraíso chamado Jurerê


Internacional. Pelo nome pode se pensar que se trata de uma
cidade, mas na verdade nada mais é do que um bairro nobre
situado na região Norte de Florianópolis, entre as praias de
canavieiras e do forte.
O bairro ganha destaque por possuir mansões luxuosas,
além de uma faixa litorânea belíssima atraindo assim turistas de
toda parte do Brasil e do mundo em alta temporada.
Eu só precisava descansar e achei que esse fosse o roteiro
ideal já que Jurerê fica apenas a 04 horas e meia de Curitiba.
Depois de todos esses dias eu já tinha em mente o que faria em
relação a minha vida pessoa e a minha mãe.
Eu não deixaria que ela atrapalhasse meu relacionamento
com Rafaella e falando na minha mulher confesso que a cada dia
que passava me sentia ainda mais apaixonado por ela se é que isso
seria possível. Era como se Rafaella fosse meu ponto de equilíbrio,
como se ela fosse à pessoa que com quem sempre sonhei
conhecer, aquela com quem me casaria e juntos teríamos vários
filhos.

Nossa viagem está chegando ao fim e sinto que estávamos


muito mais apaixonados um pelo outro do que quando iniciamos
essa jornada. Nossa relação é baseada em confiança e
cumplicidade e quando estamos a sós em nossa intimidade ela é
uma amante perfeita, não tem medo de ousar e sabe exatamente
como me enlouquecer na cama.
Estávamos aproveitando ao máximo aquela viagem, a hora
de voltar para casa se aproximava e eu já me sentia pronto para
enfrentar todos os possíveis problemas que estavam por vir pela
frente.
Em nosso último dia na praia Rafaella estava saindo da água
enquanto eu apenas a admirava, quando se aproximou de mim me
presenteou com um beijo, pedi a ela que sentasse ao meu lado em
seguida tirei uma aliança do bolso e ali em meio aquele paraíso a
pedi em casamento.
— Rafaella Duarte aceita ser minha noiva e também futura
esposa?

— Ricardo! — Ela responde espantada. — Eu não acredito


que você fez isso. Meu Deus. — Sua resposta ao meu pedido não
vinha e eu me sentia nervoso então a questionei novamente.
— Rafaella Duarte aceita ser minha noiva e também futura
esposa? Responde meu amor. — Sussurrei próximo ao seu ouvido.
Ela ainda me olhava espantada e parecia não acreditar no que eu
dizia.
— Você tá falando sério Ricardo? Está me pedindo em
casamento? Aqui? Agora? — Sua voz embargada sai quase
inaudível então a respondo.
— Sim meu amor, estou te pedindo em casamento. Aqui
nesse paraíso onde passamos os últimos e maravilhosos dias e
agora neste momento porque acredito que não teria ocasião melhor
do que essa para te dizer o quanto eu te amo e o quanto você me
faz o homem mais feliz do mundo por ter uma mulher como você ao
meu lado.
— Eu estou até sem palavras, eu nem sei o que dizer.
— Responde que aceita ser minha noiva e futura esposa.
Responda que sim enquanto coloco essa aliança em sua mão
direita.
— Aceito! Aceito! Sim eu aceito ser sua... — Ela respondia
com lágrimas nos olhos enquanto fazia o que havia dito
anteriormente.
À noite fomos comemorar em um belo restaurante nesse
lugar maravilhoso, após o jantar retornamos para o hotel e lá
tivemos uma noite de amor inesquecível.
Rafaella era minha, toda minha. Ela estava totalmente
entregue aos meus toques, meus beijos e quanto mais ela gemia de
prazer mais eu queria que ela se entregasse... Queria que todos
soubessem que aquela era a minha mulher. Minha, apenas minha e
eu era dela, todo dela, apenas dela!
Na manhã seguinte começamos a nos preparar para irmos
embora. Após o café da manhã oferecido pelo hotel fomos arrumar
as malas para retornamos a Curitiba, embora a viagem com
Rafaella estivesse sendo maravilhosa era hora de voltar a nossa
realidade e encarar os problemas de frente, sejam eles quais
fossem.
Tivemos um dia bastante agitado, depois de tudo organizado
resolvemos dar uma última volta pela cidade e por aquele lugar tão
aconchegante que era Jurerê Internacional.
Já era noite quando pegamos a estrada de volta a Curitiba.
Rafa questionou sobre viajarmos a noite, mas a tranquilizei
afirmando que não havia perigo e eu estava bem para dirigir. A ideia
era que em algumas horas já estaríamos em seu apartamento
novamente, tinha planos de dormir novamente sentindo-a em meus
braços quando chegássemos a Curitiba e apenas na manhã
seguinte retornaria para minha casa.
Talvez tendo passado esse tempo distante minha mãe tenha
percebido o quanto Rafaella era importante para mim e que nada
me faria desistir do meu amor por ela.

Faziam quase três horas que estava dirigindo praticamente


sem parar e o cansaço já se fazia presente mesmo assim continuei
a dirigir. Rafaella caiu no sono ao meu lado desconfortavelmente no
banco do passageiro e queria chegar logo ao nosso destino para
que ela pudesse descansar direito por isso que mesmo dirigindo
cansado resolvi seguir nossa viagem, restavam apenas mais alguns
quilômetros a nossa frente e chegaríamos a Curitiba. Porém algo
inesperado aconteceu durante o trajeto.
Uma tempestade torrencial começou a cair. A chuva era
intensa e rapidamente deixou a estrada molhada e escorregadia,
uma neblina espessa também dificultava a visibilidade, achei mais
seguro parar o carro e seguir viagem apenas depois que a forte
chuva fosse embora e decidi pararia o carro no próximo posto de
gasolina por ser um local que julgava ser o mais seguro naquele
momento.
Faltava um pouco menos de 02 km para chegarmos até lá
quando de repente o carro derrapou em uma curva e capotou. Por
sorte pouco tempo depois alguns outros carros que passavam pelo
local pararam para ver o que estava acontecendo e nos ajudaram
chamando o socorro para nos tirar daquela situação.

Não me recordo muitas coisas daquele momento, mas


lembro que fomos os dois resgatados e levados ao hospital mais
próximo. Na manhã seguinte acordei num quarto de hospital que
cheirava a éter, ao abrir os olhos levei um susto ao encontrar minha
mãe ao meu lado. Fiquei confuso e ao mesmo tempo curioso para
saber como ela havia chegado até aquele hospital e principalmente
como ela ficou sabendo sobre o acidente e como chegou até mim.
Meu corpo estava completamente dolorido, minha cabeça
latejava de dor, tentava levantar, mas não conseguia, sentia agulhas
me furando e uma tontura inexplicável me acometia. E foi com muito
esforço que consegui pronunciar algumas palavras, eu precisava
entender toda aquela confusão que estava acontecendo naquele
momento.
— Mãe?
— Sim meu filho sou eu querido. Estou aqui com você.
Acalme-se não se mexa tanto pode fazer mal para você. — Ela
falava mais eu não conseguia assimilar suas palavras, me sentia
totalmente confuso com aquilo.
— O que está fazendo aqui? Como soube do acidente?
Rafaella. Onde está minha mulher? — Questionava desesperado.
— Acalme-se Ricardo. A tal Gabriela está bem. O irmão já
está com ela, não se preocupe meu filho. Preocupe-se com você
meu filho. — Sua voz calma tentava transmitir tranquilidade, mas eu
apenas não era capaz de ficar tranquilo naquela hora.
— É Rafaella mamãe. O nome dela é Rafaella eu já disse. —
A respondo irritado por ela errar o nome da minha mulher e pior que
acredito ser de propósito para espezinhar.
— Tudo bem Ricardo não vamos brigar por bobagens. Você
não pode ficar agitado meu filho. Vou agora mesmo providenciar a
sua transferência para o melhor hospital de Curitiba lá certamente
será melhor cuidado do que nessa espelunca.
— Mamãe não quero saber de transferência agora. E não fui
maltratado em nenhum momento nesse hospital. Por favor, eu não
quero brigar só quero saber da minha mulher. Onde está Rafaella?
Eu quero falar com o médico. Chama o médico para mim, por favor,
eu quero ir ver Rafaella. Quero agora. E depois a senhora vai me
explicar como chegou até aqui. É só isso que eu quero agora. —
Digo impaciente e mais uma vez peço a ela que chame o médico
para mim e vendo que não iria mudar de ideia ela se rende e acata
o meu pedido.
Estava quase arrancando as agulhas que perfuravam meu
braço e indo eu mesmo atrás de Rafaella, mas antes de tentar
qualquer loucura um médico adentra o leito em que eu estava.
— Ricardo Almeida?
— Sim doutor. Sou eu mesmo. Foi o senhor que atendeu
quando eu e minha namorada demos entrada no hospital? — O
questiono curioso.

— Não meu rapaz, não fui eu que atendi o caso, mas sim um
colega que estava de plantão. Só estou aqui para acompanhar a
evolução do seu caso e decidir se irei lhe dar alta ou pedi a sua
transferência para outro hospital como sua mãe deseja. — Ele diz
tranquilamente e aquela calma toda já estava me irritando porque
ninguém me respondia sobre Rafaella, será que havia acontecido
algo grave com ela e não queriam me contar. Mas uma vez insisto
em perguntar.
— Onde está minha namorada Rafaella Duarte doutor? Ela
estava comigo na hora do acidente. Eu preciso saber noticias dela,
na verdade eu quero ir vê-la se possível.
— Vejo que está preocupado com a moça e não vou adiar a
resposta para sua pergunta.
— Sim doutor, por favor, me diga... Onde está Rafaella?
Nesse momento uma enfermeira aparece e chama a atenção
do médico...
— Doutor Murilo os exames que o senhor pediu para o
paciente já foram autorizados. Estão apenas aguardando o paciente
na tomografia. — A enfermeira dizia ao médico e ele respondeu
afirmando que já estaríamos nos encaminhando até o equipamento.
Então antes de saímos do quarto em direção à sala de exames o
médico dirigiu a palavra a minha mãe.
— Dona Sônia a senhora é a mãe do paciente correto? — Ela
acena com a cabeça para ele então o mesmo continua a falar. —
Não há necessidade que a senhora acompanhe o exame do seu
filho, eu pedi esse exame apenas para tirar qualquer dúvida sobre o
bem-estar do seu filho, pelo que vejo aqui no prontuário ele está
bem, apesar do impacto batida ter sido forte Ricardo sofreu apenas
escoriações leves que poderão ser tratados em casa com
medicação e repouso. A tomografia foi pedida apenas para
confirmar o diagnostico, sendo assim após o procedimento seu filho
poderá ser liberado para voltar para casa. Como exame poderá
demorar um pouco a ficar pronto então se quiser pode ir tomar um
café na lanchonete enquanto finalizamos o procedimento não há
problemas. Daqui a pouco retorno com o seu filho lhe trazendo o
meu parecer. — Eu ouvia tudo atentamente, queria muito ir para
casa, mas ao mesmo tempo queria saber noticias sobre Rafaella e o
médico parecia estar me enrolando para falar sobre ela.

— Tudo bem doutor se o senhor está garante que está tudo


bem com o meu Ricardinho eu os aguardo voltarem do exame para
saber se já podemos ir para casa. Tudo bem para você meu filho?
— Ela questionou e mesmo estando chateado com ela a respondi
sem alongar muito aquela situação.
— Sim mãe. Não tem problema, eu vou ficar bem. Pode ir
tomar o seu café que daqui a pouco voltamos não é doutor? —
Questionei.

Exatamente dona Sônia, pode ir tranquila tomar o seu café


que daqui a pouco estaremos de volta. — O médico então
respondeu afirmando e novamente a enfermeira chamou. — Doutor
Murilo a equipe aguarda o paciente. — Está bem Stela, já estamos
indo. — Ele respondeu e então minha mãe saiu do quarto.
— Bom doutor sendo assim vamos logo fazer esse exame
porque quero voltar para casa, mas antes me responda, por favor,
onde está minha mulher. Onde está Rafaella?
— Fique calmo meu rapaz. Eu não poderia liberá-lo se você
ficar agitado. Sua namorada está bem. Eu não quis dizer nada na
frente da sua mãe porque quando passei no leito para vê-la ela
estava acompanhada do irmão e ainda dormia devido ao efeito dos
medicamentos. O irmão dela questionou sobre você e lhe respondi
que segundo o prontuário você estava bem apenas com algumas
escoriações.
— Robson está aqui? E Rafaella? Eu posso vê-la doutor?

— Creio que não seja possível, pois talvez ela ainda esteja
dormindo. Mas eu preciso te falar algo importante sobre o acidente.
Eu só não queria ser indelicado e falar na frente da sua mãe, pois o
irmão da sua namorada me pediu que não o fizesse e ele mesmo
me autorizou a dar essa noticia. Confesso que não sou de me
envolver na vida pessoal dos meus pacientes mas pelo que o irmão
da moça disse sua mãe não é muito favorável ao relacionamento de
vocês, mas com a notícia que vou lhe dar talvez sua mãe mude de
ideia. — Doutor Murilo falava, falava e quanto mais ele falava mais
ansioso eu ficava.
— Notícia doutor? Que notícia? Rafaella está bem? O que
aconteceu com ela? Porque a demora em responder.
— Não se agite rapaz. A moça está bem. Só irá precisar de
alguns meses de cuidado assistido.

— Como assim doutor. Não estou entendendo nada. O que o


senhor quer dizer com ela está bem mais vai precisar de cuidados?
Ela está bem ou não está bem?
— Desculpe a confusão nas palavras Ricardo, eu me
expressei mal. Fique calmo que irei te dizer o que está acontecendo.
— O médico me pedia calma, mas eu já estava com vontade de
enfiar a mão na cara dele por não me dizer logo sobre o que estava
acontecendo.
— Apesar do impacto da batida os dois sairão do acidente
apenas com algumas escoriações e isso se deu principalmente pelo
fato dos dois estarem usando o cinto de segurança no momento do
acidente.
— Então ela está bem doutor? — O questionei aflito. — Se
Rafaella está bem porque ela vai precisar de acompanhamento
médico? — Minha mente fervilhava em possibilidades de resposta
para aquela questão, mas eu jamais esperava a resposta que
recebi.

— Sua namorada está grávida. Parabéns vocês vão ser


papais. A gestação está no inicio segundo o ultrassom realizado os
bebês estão bem. — O médico responde com um sorriso no rosto e
eu nem sei como reagir a essa noticia.
— Bebês o senhor falou? Minha mulher está grávida? É
verdade? — O médico apenas acenava positivamente com a
cabeça enquanto eu fazia uma infinidade de perguntas ao mesmo
tempo. — Eu vou ser pai? Puta que pariu eu vou ser pai.
— Sim Ricardo é verdade você será pai de gêmeos. Acredito
que esse seja um momento delicado para todos, mas você precisa
se acalmar. Vamos fazer o seu exame e depois eu prometo te levar
para ver a sua mulher. — Doutor Murilo disse me tranquilizando.
— Caralho eu vou ser pai. Eu não acredito. Vou ser pai. Pai
de gêmeos. Puta merda eu sou muito foda mesmo. — O respondi
completamente em êxtase.

Nesse momento até as dores que sentia diminuíram, não


estava conseguindo assimilar a novidade, eu ia ser pai. Pai dos
filhos da mulher da minha vida. Não acredito que haja felicidade
maior do que essa. Agora eu só precisava vê-la com meus próprios
olhos, precisava saber se ela estava bem...
Tínhamos que providenciar o quanto antes nosso casamento,
e não via a hora de dar a ela o meu sobrenome, assim como
também o meu coração e passar o resto da minha vida ao lado
dela...
Já havia passado da hora de Rafaella chegar a Curitiba e eu
estava preocupado com ela. Enviei varias mensagens, mas todas
foram ignoradas.
Andava de um lado para o outro do meu apartamento com
um pressentimento ruim no peito. Suzana dormia na tranquilamente
na minha cama, mas eu não conseguia relaxar era como se algo de
ruim estivesse prestes a acontecer e a qualquer momento a noticia
chegaria.
Passei a ligar direto para o numero da minha irmã, o telefone
tocou algumas vezes até que alguém atendeu e não era a voz da
minha irmã do outro lado da linha.
Fiquei aflito achando que talvez ela estivesse sido assaltada,
mas logo a pessoa se identificou dizendo que falava de um hospital.
Então aquela sensação ruim há qual eu estava sentindo
começava a fazer sentido, questionei a mulher do outro lado da
linha sobre o lugar de onde ela estava e sobre o que estava
acontecendo. A mulher explicou rapidamente e por fim deu o
endereço do hospital. Não pensei duas vezes antes de ir até lá em
busca de noticias sobre a minha irmã.
Antes de sair de casa deixei um bilhete na geladeira
contando rapidamente o que estava acontecendo dizendo que
retornaria em breve. Peguei meu carro e segui em direção ao
hospital que ficava cerca de uma hora e vinte da Curitiba.
Era madrugada quando cheguei ao hospital fui em busca de
informações sobre Rafaella me disseram que ela passava por
exames então só me restava aguardar para vê-la e ter certeza que
estava tudo bem com ela.

— Familiares de Rafaella Duarte... — Uma enfermeira chama


e a respondo imediatamente.
— Sou eu. Robson Duarte irmão de Rafaella. Onde ela está?
Ela está bem? Posso vê-la? — A questionei aflito.
— Calma rapaz está tudo bem. Você pode me seguir para
conversar com a assistente social do hospital? Ela poderá
responder a todas as suas perguntas. — A mulher dizia
calmamente.
— Sim onde ela está? Eu só quero saber noticias da minha
irmã.

— Tudo bem entendo. Mas uma vez peço que se acalme e


que me siga. — Disse a enfermeira.
Fiz como ela pediu e a segui até uma sala onde uma outra
mulher aguardava, essa se apresentou como Joana Lima. A
enfermeira se retirou da sala me deixando sozinho com a assistente
social então ela não demorou e começou a falar...
— Fui informada que você é irmão da paciente Rafaella
Duarte correto?

— Sim sou eu. Robson Duarte, irmão de Rafaella. O que está


acontecendo com ela? É algo grave?
— A paciente sofreu escoriações devido ao impacto do
acidente, mas ela está bem, pois tanto ela quanto o motorista
usavam cinto de segurança na hora do ocorrido e talvez por isso e
só por isso ela esteja bem.
Assim que deu entrada no hospital fizemos os primeiros
procedimentos e isso inclui alguns exames para montarmos o
histórico do paciente caso ele precise de uma assistência maior no
futuro. Sua irmã irá necessitar dessa assistência estendida.
— O que está havendo o que Rafaella tem? Ela está bem ou
não? Podia ser mais clara? — A questiono com o coração ainda
mais aflito do que quando adentrei essa sala.
— Bom Robson sua irmã está grávida. — A tal Joana
responde direta.
— Grávida?
— Sim, grávida. E pelo que indica o ultrassom é uma
gestação gemelar. São gêmeos.

— Gêmeos? Vou ser tio de duas crianças? — Pergunto mais


para mim do que para ela que parece entender o tamanho do meu
choque.
— Sim, você será tio de gêmeos.
A enfermeira Joana diz com um sorriso. Logo seu sorriso vai
se apagando então ela diz... — Sua irmã quase sofreu um aborto
espontâneo devido ao impacto, porém a equipe médica conseguiu
reverter o quadro. No momento ela está sedada e dormindo.

— Mas ela está bem? Eu posso vê-la?


— Sim para as duas perguntas. Vou chamar a enfermeira
para que o acompanhe até o leito em que sua irmã está. Ela
receberá alta ainda hoje, mas precisará de repouso além de dar
inicio a um pré-natal o mais rápido possível. Sei que vocês moram
na região e por isso pedi que lhe chamassem para lhe passar todas
as informações necessárias sobre o caso da paciente Rafaella
Duarte. — A voz da enfermeira Joana era firme e não deixava
dúvidas sobre cada uma das afirmações que ela fazia.
— Ok. Obrigado pela atenção a minha irmã. Irei providenciar
para que ela siga à risca todas as recomendações e vamos procurar
um médico para começar a cuidar dos bebês. Posso fazer só mais
uma pergunta? — A questiono, e ela apenas acena positivamente.
— De quanto tempo Rafaella está grávida?
— A paciente está com apenas 03 semanas de gestação. —
A mulher olhou em ficha a sua frente e em seguida respondeu...
— Muito obrigado mais uma vez pela atenção. Agora eu
posso ver minha irmã? — A questiono impaciente.
— Imagine, não precisa agradecer, esse é o meu trabalho. E
sim vou chamar a enfermeira para acompanha-lo até a paciente,
vejo que parece inquieto.
— Realmente estou um pouco. Rafaella só temos um ao
outro, então...

— Não precisa explicar. Eu entendo. — Ela respondeu e em


seguida uma enfermeira se adentrou a sala e segui com ela até o
encontro de Rafaella.
No caminho vi dona Sônia a mãe de Ricardo andando pelos
corredores do hospital, fiquei com vontade de ir até ela perguntar
como estava meu amigo, mas achei melhor não fazer. Aquela
mulher era uma cobra não merecia sequer que eu dirigisse minha
palavra a ela depois do que ela fez a Rafaella, mas principalmente
pela maneira que sempre me tratou como se eu não fosse digno de
estar trabalhando em sua empresa ou ser amigo pessoal de seu
filho.
Depois iria atrás de noticias sobre Ricardo, mas por hora eu
só vou me preocupar com Rafaella.
Quando cheguei ao leito Rafinha ainda dormia, meia hora
depois ela acordou assustada, aos poucos foi se acalmando e então
contei a ela sobre a gravidez.
Claro que na hora ela ficou chocada e disse que não estava
preparada para ser mãe, mas dei a ela todo o carinho que podia lhe
dar aquele momento e disse que nós iríamos cuidar daqueles bebês
muito bem.

Ela não ficou contente ao saber que precisaria ficar de


repouso e começou a chorar quando lembrou de seu emprego na
academia de dança, mas era por uma boa causa.
Aos poucos Rafaella foi se acalmando, o médico veio avaliá-
la e disse que ela teria alta ainda naquele dia isso sim era um noticia
boa em meio a tudo que havia acontecido nas últimas horas.
Conversei com o médico e descobri que ele também iria ver
Ricardo pedi então que lhe dissesse sobre a gravidez de Rafaella,
eu tinha consciência que estava me metendo demais naquele
assunto e que talvez fosse melhor que ela mesma o revelasse,
porém, sabendo a mãe que ele tem eu temia que ela desse um jeito
de afastá-los por isso tomei essa atitude.
Doutor Murilo entendeu meus argumentos e disse que daria a
notícia.

Resaltei que precisaria ser longe da mãe dele, pois no fundo


também temia pela vida da minha irmã e dos meus sobrinhos se ela
soubesse sobre os gêmeos antes da hora, mas não cheguei a
verbalizar com o médico esses pensamentos.
Doutor Murilo se despediu de nós, mas não antes de dizer
que Rafaella dormiria ainda por algum tempo devido à medicação e
ela só seria liberada no fim do dia quando o efeito dos remédios
estivesse mais brando. Apenas concordei com a cabeça e ele saiu
do leito para atender outros pacientes.
Como o médico havia dito Rafaella adormeceu novamente
então aproveitei para buscar algo para comer. Eu já estava ficando
com dor no estomago por não ter comido nada desde o momento
que saí de casa para vir até o hospital.
Fui à lanchonete procurar algo para me alimentar, demorei
cerca de meia hora até retornar ao quarto onde Rafaella estava e
para minha surpresa encontrei dona Sônia saindo do quarto, ou
melhor, praticamente sendo expulsa pela segurança.
Rafaella estava agitada e eu não quis perturbá-la
questionando sobre o que havia acontecido e não toquei no
assunto, porém depois de Rafinha ter recebido alta já estávamos a
caminho de Curitiba quando ela então me contou sobre a visitinha
da sogra enquanto ela estava no hospital.
Rafaella contou que Sônia se aproximava do leito quando
uma das enfermeiras a cumprimentou pela gravidez então a velha
praticamente surtou e a ameaçou.
Minha irmã disse que Sônia havia lhe dito absurdos inclusive
que a velha havia lhe oferecido dinheiro sugerindo que ela fizesse
um aborto. Enquanto Rafa me contava aquela história escrota meu
ódio por Sônia só aumentava.
— Eu não acredito Rafa que aquela velha foi capaz de fazer
isso?
— Nem eu mesma consigo acreditar Robson. Imagina que
tipo de avó os meus filhos vão ter. Tenho medo que ela possa fazer
algo contra os meus filhos.
— Calma Rafa. Nós não vamos deixar ela chegar perto dos
bebês.
— Mas e se Ricardo insistir o que eu faço? — Ela questionou
aflita.

— Conta a verdade para ele. Não tem outro jeito.


— Mas mano e se ele não acreditar em mim? O que eu vou
fazer? — Sua voz chorosa não passou despercebida por mim.
— Olha Rafa você não tem como saber se não conversar
diretamente com Ricardo. E ele merece saber o que está
acontecendo. Se você não contar conto eu. — Digo firme.
— Você está certo. Ricardo e eu precisamos conversar sobre
tudo o que acontecendo. Principalmente sobre os bebês. Será que
ele já está sabendo? Será que a megera já contou?

— Duvido que ela tenha sequer comentado algo, mas eu


posso afirmar que ele já sabe, eu mesmo pedi para o médico avisá-
lo. Me desculpa não queria me meter na vida de vocês, mas ele é o
pai precisava saber.
— É uma situação bem complicada para todos nós. Não era
assim que eu queria que ele soubesse da notícia, mas você está
certo ele precisava saber. E eu preciso falar Ricardo, mas não
queria ligar para casa dele, nem mesmo sei se o celular dele está
funcionando, e para falar a verdade nem mesmo o meu eu sei por
onde anda.
— Não se preocupa com isso agora. Eu tenho certeza que
Ricardo é totalmente contra esses pensamentos absurdos da mãe
dele. Rick pode ter vários defeitos, mas ele é um homem integro
jamais aceitaria uma atrocidade dessas. — Falo o que eu realmente
penso por todos os anos em que conheço Ricardo e não deixo de
lembrá-la sobre o alerta que o médico deu a ela. — Você tem que
descansar. Lembra o que o médico falou. Menos estresses e mais
repouso. Agora você tem que cuidar dos meus sobrinhos e deixar
eles calminhos aí dentro da sua barriga. — Ela sorri com minhas
palavras e parece entender que esse é o melhor a fazer nesse
momento. Mas antes de encerramos o assunto Rafa me faz um
pedido.
— Eu preciso saber como Ricardo está e não vou conseguir
descansar como o médico pediu se eu não tiver notícias dele. Por
favor, liga, procura saber. Eu não tenho condições de fazer isso, sei
que talvez esteja agindo como uma covarde, mas agora eu não
tenho condições... Por favor, faz isso por mim... — Ela implorava.
— Mas é claro que eu faço. Olha não se preocupa com nada
agora que não sejam os gêmeos. Caralho Rafaella você tem noção
que você vai ser mãe de gêmeos? — A questionei quebrando
aquele clima tenso da nossa conversa.
— De jeito nenhum, eu nem sei como é ser mãe de um,
imagina de dois de uma vez. Acho que vou enlouquecer... — ela
responde sorrindo.

— Então pode ir preparando o look camisa de força da


maternidade porque esses meus sobrinhos vão vir ao mundo para
não deixar pedra sobre pedra... Fortes, saudáveis e vão trazer muita
felicidade para nossa família... Mas para isso você tem que se
cuidar e cuidar direitinho deles enquanto os dois estiverem no seu
ventre.
Ela apenas concorda com a cabeça e aos poucos a ficha vai
caindo...
Em breve a nossa família vai aumentar e eu vou curtir muito
esse momento e sonhar com os futuros filhos que Suzana vai gerar.
Eu tenho certeza que seriam crianças adoráveis e iriam se amarrar
em brincar com os priminhos que Rafinha espera.
Por recomendações médicas iniciei meu pré-natal há uma
semana atrás. Robson não queria que eu saísse de seu
apartamento, ele me mimou de todas as formas para que eu
desistisse da ideia, mas eu precisava do meu canto, precisava
colocar novamente a minha vida em ordem, precisava retornar ao
meu apê.
Talvez aquele lugar fosse pequeno para criar os meus filhos e
eu estava sem emprego já que por um bom tempo ficaria sem poder
voltar a dar aulas de dança eu precisaria arrumar uma nova fonte de
renda para me sustentar e arcar com as despesas dos bebês.
Ainda não sei se serão meninos, meninas ou um casal a
única coisa que eu realmente sei é que a cada dia que passa me
sinto mais ligada a eles. Meus filhos foram gerados com muito amor
e mesmo achando que não estava na hora de engravidar acredito
que Deus aquele cara lá de cima tem planos maiores para minha
vida, planos esses que eu sequer tenho a dimensão do que se
tratam, mesmo assim irei agradecer todos os dias por ele estar
comigo e não me abandonar nas horas mais difíceis.
Só pude retornar ao meu apartamento duas semanas depois
de ter saído do hospital e durante esse tempo não havia ainda
sequer conseguido um encontro com Ricardo. Confesso que estava
morrendo de saudades do meu loirão. Apesar do meu irmão ter sido
um fofo comigo nas ultimas semanas, sempre que ele saia para
trabalhar todas as manhãs uma enorme expectativa se instalava em
meu peito com a possibilidade de saber noticias sobre Ricardo e a
cada vez que ele retornava para casa sem noticias aquela
expectativa se transformava em angustia e aqueles sentimentos
estão me torturando.
Então resolvi que era melhor eu tentar ir colocando minha
vida em ordem enquanto não reencontrava Ricardo porque eu sabia
que uma hora ou outra o nosso reencontro iria acontecer, eu tinha fé
que sim.
Eu havia recuperado meu celular mas sempre que tentava
ligar para o número de Ricardo a ligação nunca completava então
fiquei pensando se a megera da mãe dele não estaria por trás dessa
falta de comunicação dele comigo, algo em meu coração dizia que
aquela megera tinha muito haver com o sumiço repentino dele foi
então que surgiu uma ideia em minha mente, talvez não fosse a
melhor ideia para que espera uma resposta imediata mas foi a única
ideia que pareceu realmente boa depois de ficar horas pensando em
como entrar em contato novamente com Ricardo.
Passei a escrever emails diários para ele, uma hora ou outra
as respostas chegariam, não importava o quando eu precisasse eu
esperar por respostas elas chegariam... Passei a escrever um, dois
as vezes até três emails por dia.
Em alguns eu relatava como estava sendo meus dias, como
estava lidando com os enjoos, em outros eu apenas dizia o quanto
sentia saudades dele e o quanto desejava que estivéssemos juntos
naquele momento.
Demorou três dias até que o primeiro email fosse respondido,
e assim sucessivamente todos os outros também foram
respondidos... Não cabia em felicidade ao saber que ele havia lido
meus emails e no último email respondido ele dizia se declarava e
dizia que quando eu menos esperasse ele estaria conosco.
Aquelas mensagens fizeram meu coração acelerar de tanta
alegria. Fiquei agitada e comecei a sentir fortes cólicas, então sentei
no sofá e fiquei quieta por um tempo para que aquela dor fosse
embora, eu sabia que não podia ficar agitada eu não queria fazer
mal para os meus bebês, mas foi muita emoção para mim receber
aqueles emails de Ricardo, apesar das poucas semanas que não
nos encontrávamos pra mim era como se anos tivesse passado...

Eu estava descansando um pouco no sofá quando de


repente o interfone tocou e o porteiro anunciou que havia chegado
uma encomenda para mim e eu fiquei tão feliz e tão eufórica ao
mesmo tempo achando que era algo que Ricardo havia enviado que
realmente não esperava pela surpresa de encontrá-lo assim que a
campainha tocou e eu vi aquele homem lindo com um buquê de
tulipas nas mãos.
O baque foi forte para mim, minhas pernas tremiam e não
aguentei a emoção. Acabei desmaiando e se não fosse ele ali para
segurar o meu corpo talvez tivesse até batido a cabeça. Mas ele
estava lá, era o meu amor, o meu herói... Ricardo me levou até o
sofá e minutos depois fui recobrando a consciência...
— Rick é você? É você mesmo aqui? Eu não estou
sonhando?
— Não está sonhando princesa, sou eu. Estou aqui com
você, e mal cheguei você já me deu um baita susto meu amor... —
ele respondeu aflito.

— Me desculpe amor. O doutor falou que eu não podia


passar por fortes emoções. Mas foi inevitável ver você na minha
frente depois de receber aqueles e-mails foi demais para mim. —
Respondi envergonhada.
— Tudo bem meu amor. Então você tem que ficar calma, nós
temos muitas coisas para conversar. Eu estava morrendo de
saudades de você princesa. — Ele dizia e me beijava ao mesmo
tempo.
Fomos conversando sobre tudo, como estavam os bebês, se
eu estava me alimentando direito, se eu ainda estava dando aulas...
Ricardo veio preparado para questionar cada detalhe da minha vida
nas últimas semanas. E confesso que estava adorando mesmo
tendo que responder todos os seus questionamentos...
Ricardo contou que quando retornou para casa ele sentiu
vontade de vir me vê, mas sempre que ele tentava fazer
simplesmente não conseguia, então a poucos dias atrás ele
descobriu que sua mãe estava o dopando para que ele não saísse
de casa ou ficasse longe dela.
Que ele só descobriu sobre o plano de lhe manter drogado
quando Judith foi limpar os quartos da mansão e estranhou o fato de
Ricardo estar sempre dormindo desde que havia retornado do
hospital. Judith havia encontrado alguns comprimidos por um acaso
no quarto de sua mãe então começou a desconfiar pois dona Sônia
fazia questão de cuidar pessoalmente da sua alimentação e
expulsava todos da cozinha enquanto preparava, mas Judith passou
a observá-la então foi assim que ela descobriu sobre o plano e
também passou a lhe ajudar.
Pois nos últimos dias Judith conseguiu trocar os pratos que
sua mãe preparava e lhe pediu para não tomar nada que a mãe
oferecesse. Segundo Ricardo não foi fácil entender o que estava
acontecendo. Confesso passei a temer a aproximação de sua mãe
depois de tudo o que ele havia me contado.
— Rafaella meu amor não precisa se preocupar. Não irei
permitir que minha mãe tente nos separar. Eu quero você meu amor.
Quero casar com você princesa. Quero que sejamos uma família.
Quero cuidar de você e dos nossos filhos.
— Rick eu te amo tanto... — eu dizia...
— Eu te amo muito mais... — ele respondia...
Entre beijos e declarações de amor Rick me surpreendeu
declarando que iria providenciar uma casa para nós e nossos filhos.
Eu não podia estar mais feliz e Ricardo estava com um sorriso de
orelha a orelha...
Naquela mesma semana Rick se mudou para o meu
apartamento e juntos passamos a procurar um imóvel onde iriamos
morar depois de casados.
Resolvemos que não faríamos festa nem nada, apenas uma
comemoração reservada após a assinatura dos papeis no cartório.
Demos inicio aos tramites burocráticos e daqui a um mês seremos
oficialmente marido e mulher.
Suzana ficou de me ajudar a escolher o vestido de
casamento que eu usaria no cartório, eu não queria nada
exageradamente elegante, mas também não queria um look simples
demais, então enquanto a esperava para escolhermos juntas tive
uma ingrata surpresa...
A campainha tocou, e quando abri a porta dei de cara com a
pessoa que menos esperava no mundo... Dona Sônia.
A megera chegou me pedindo mil desculpas pelo que havia
feito, e disse que o que ela realmente queria era ter o filho dela de
volta. A cobra foi astuta e apelou para chantagem emocional para
me comover. Eu só não imaginava era o que ela estava aprontando
por trás de todo aquele teatrinho.
Enquanto a cobra praticamente rastejava no meio da minha
sala Suzana chegou exultante para o nosso compromisso parecia
que a noiva era ela.
Claro que ela tinha que abrir a boca sobre o que iríamos fazer
e a velha digo a mãe de Ricardo quase teve um infarto no meio da
minha sala quando descobriu que eu e seu filho iríamos realmente
nos casar. De repente todo aquele discurso de pedido de desculpas
foi por água abaixo pois a mulher se transformou e xingava
barbaridades rogando praga contra o meu casamento.
O dia do meu casamento chegou e eu me sentia a mulher
mais feliz do mundo. Estavam presentes no cartório, escolhi Robson
e Suzana como padrinhos já Ricardo escolheu Judith e Daniel, a
cozinheira e o motorista da mansão dos Almeida, eles eram as
nossas testemunhas de casamento... Saímos do cartório direto para
nossa casa nova, assim como os nossos convidados e
comemoramos de um jeito bastante intimo o início da nossa nova
vida.
Após a festa todos já haviam ido embora e eu então comecei
a andar pela casa, fiquei imaginando Rick e eu daqui a alguns
anos... Nossos filhos correndo e brincando naquele lugar, estava tão
distraída que só percebi o quanto Rick estava próximo quando senti
suas mãos fazendo carinho em minha barriga...
— Está feliz meu amor? — Ele pergunta enquanto beija meu
pescoço.
— Muito feliz meu príncipe. Muito feliz... Estava aqui
imaginando como seria o nosso futuro daqui a alguns anos...
— Verdade princesa? Então me conta o que estava
imaginando? Me deixou curioso.
— Estava imaginando nossos filhos correndo pela casa... As
crianças se arrumando para ir para escolinha... Você e eu
envelhecendo juntos... Nossa amor tantas coisas que nem dá para
explicar.
— Há minha princesa, eu quero tudo isso com você... Quero
mais, muito mais... Mais amor, mais filhos... Talvez o nosso
casamento nem sempre sejam flores, ainda assim eu desejo estar
ao seu lado para vivermos todos os momentos sejam eles ruins ou
bons.
— Te amo príncipe...

— Eu te amo mais princesa...

Se existe um homem realmente feliz nesse mundo esse


homem sou eu... A barriga da minha princesa estava maior a cada
dia e eu me sentia ainda mais apaixonado.
O nascimento dos meus filhos estava se aproximando e eu
estava bastante ansioso. Descobrimos que teríamos um casal e
depois de muitas pesquisas e conversas sobre nomes e decidimos
que o menino se chamaria Bruno e a menina Lara.
Dois dias depois pude levar minha mulher e meus filhos para
casa. Aproveitei os últimos meses na empresa para programar
férias durante os primeiros meses das crianças então fiz algumas
mudanças na empresa enquanto ia me afastando aos poucos dos
assuntos das redes de imobiliárias por isso resolvi que já era hora
de promover Robson.

Ele era competente o suficiente para assumir o cargo, então


não pensei duas vezes antes de propor que a ele o cargo de vice-
presidente da empresa. Robson estava de casamento marcado com
Suzana e essa promoção viria em ótima hora na vida dele então aos
poucos fui instruindo-o para que pudesse resolver os possíveis
problemas que surgissem sem a minha interferência.
Nos últimos meses eu tentei ser o mais presente possível na
reta final da gravidez de Rafaella, acordava durante a madrugada
para realizar seus desejos de comer doces, entre outras loucuras
que ela inventou, mas também foi muito bom estar junto com ela no
projeto do quarto das crianças, nós planejamos e montamos cada
detalhe do quartinho de Bruno e Lara e o mais importante apesar
dos pepinos na empresa eu não deixei de estar presente em
nenhum momento durante a reta final da gravidez, mas com a chuva
de hormônios que abalaram o humor da minha mulher às vezes era
quase impossível segurar tanto ciúmes.
Houve um dia que cheguei em casa para jantar e Rafaella
estava virada no Jiraya porque havia chegado em nossa casa uma
carta com perfume de mulher endereçado a mim e aquele presente
de grego deixou a minha mulher bastante enciumada, depois de
uma calorosa discussão fizemos as pazes e prometemos que antes
de brigar iríamos conversar, mas Rafaella acaba agindo sem pensar
por conta do ciúmes, então comecei a ficar preocupado.

Deixei Robson cuidando da empresa e tirei férias integral da


empresa por três meses, eu costumava a ajudar nos cuidados com
os bebês apesar de muitas vezes ser bastante desajeitado fazia
questão de dar banho, trocar fraldas, levar para passear no jardim
de casa para tomarem banho de sol todo dia logo cedinho.
Daquela forma eu podia dar um pouco de descanso para
Rafa. Nossa rotina tem mudado bastante desde que as crianças
nasceram e estamos tentando nos adaptar a esse novo momento
em nossas vidas.
Fazia muito tempo que eu não ia ao aeroclube saltar de
paraquedas ou me aventurar em outra atividade então num sábado
pela manhã deixei minha mulher dormindo e resolvi sair com as
crianças.
Arrumei a malinha deles, peguei os bebês confortos, e prendi
no banco de trás do carro, eles já haviam mamado então só iriam
voltar a comer em três horas o que era tempo suficiente para mim ir
e voltar do aero clube, e era claro que a minha intenção era exibir os
meus filhotes para os meus amigos, e logo que estacionei no
aeroclube tirei os bebês confortos do carro, meus filhos dormiam
tranquilamente e eu me sentia bastante orgulhoso de poder voltar
aquele lugar com eles afinal foi ali que vi pela primeira vez minha
princesa, a mãe deles, minha Rafaella.
O passeio com as crianças foi incrível, e estava disposto a
repetir outras vezes, queria também poder voltar ao aeroclube não
apenas com as crianças, mas também com a minha mulher.
Estava conversando com o pessoal e vendo o quanto meus
filhos estavam fazendo sucesso com a turma quando meu celular
tocou e uma Rafaella irritadíssima berrava do outro lado da linha
para que eu voltasse para casa.
Na hora não entendi nada, mas disfarcei para os meus
amigos e em menos de cinco minutos eu já estava no carro com as
crianças saindo do aeroclube.
Foi quando cheguei em casa que pude ter dimensão da
“encrenca” em que eu estava metido. Rafaella pegou as crianças
como se nada tivesse acontecido e não trocou se quer uma palavra
comigo.
Levou as crianças para a babá, passou no quarto pegou um
envelope carmim e voltou à sala para me encontrar. Ela
simplesmente jogou o envelope em cima de mim e na mesma hora
o conteúdo do envelope se espalhou pelo chão revelando do que se
tratava.

Rafaella estava bastante alterada por causa daquelas fotos,


ela brigava, xingava e eu não conseguia sequer me defender.
Depois que ela cansou então pude começar a entender o que
estava acontecendo ali.
Aquelas fotos chegaram em minha casa através de um
motoboy e a pessoa que as enviou sabia o que queria causar, mas
ela não iria alcançar o seu objetivo. Não mesmo.
Comecei a pegar as fotos do chão uma a uma então
observando direito pude reconhecer aquelas imagens que me
revelavam em companhia de outra mulher, observei melhor e vi o
quanto aquele conteúdo era antigo.
Aquela era uma Vanessa uma mulher que eu já não via há
muito tempo. Demorei um bom tempo tentando mostrar a Rafaella
que aquelas fotos não tinham nada haver e aquele jantar tinha
acontecido muito antes de conhecê-la.

Então tive que contar a Rafaella de quem se tratava nas fotos


e que apesar de ter sido uma ex-namorada ela não teve sequer
decência de terminar o relacionamento que apenas sumiu sem
deixar recado ou dar um ponto final a relação. Após aquela
discussão com Rafaella fui para o meu escritório e de lá liguei para
um detetive particular, eu precisava descobrir de onde estavam
vindo esses conteúdos da discórdia e ao mesmo tempo temia em
descobrir, mas era preciso, pois o meu casamento era que estava
em jogo e eu não iria deixar que Rafaella fosse embora por causa
de crises de ciúmes e insegurança.
Eu também já fui assim, eu também já fiz o que ela fez hoje e
acredito que isso seja apenas uma fase e que vamos superar por
isso quero descobrir quem anda enviando esses conteúdos e se eu
descobrir que tem dedo da minha mãe nesse angu eu nem sei do
que sou capaz de fazer.
Dois meses depois o detetive Johnson já tinha as respostas
às quais eu procurava e como desconfiei minha mãe estava metida
nessa sujeira.
O detetive chegou a registrar encontros de dona Sônia com
Vanessa recebendo uma quantia qualquer em dinheiro. Fiquei
atônito com aquela revelação e não entendia porque que minha
própria mãe não aceitava minha felicidade ao lado da mulher que
escolhi viver.

Rafaella estava sugeriu que eu tivesse uma conversa séria


com minha mãe e lhe fizesse enxergar que nada do que ele faria
seria capaz de nos separar, o difícil era ter uma conversa civilizada
e sem brigas. No dia seguinte fui ao encontro de minha mãe e não
foi nada fácil, pois eu estava bastante chateado com toda aquela
situação.
Coloquei minha mãe contra a parede e ela acabou
confessando que estava sim tentando me separar da minha
princesa, segundo seus argumentos ela estava “apenas” tentando
me fazer voltar para casa para que pudéssemos ser mais próximos
novamente. Mas nenhuma das suas ações era justificável. Por fim
percebi que minha mãe tinha passado toda a sua vida dedicada a
mim e que talvez ela precisasse de uma nova motivação para viver.
Sugeri que ela fosse viajar que tentasse se tornar uma pessoa
melhor, que se preocupasse em conhecer os netos e quem sabe até
adotasse uma criança, existem tantas crianças em orfanatos por aí
precisando de uma família.

Se minha mãe encontrasse um novo sentido para viver que


não fosse querer que eu ficasse debaixo das suas “assas” era
possível que a vida tomasse um novo rumo e tivesse um novo
sentido para ela.
Talvez assim dona Sônia conseguisse preencher o vazio que
estava sentindo. Prometi não me afastar mais desde que ela
parasse com essas ideias absurdas de me separar a minha mulher.
Depois de muita conversa fui embora, deixando minha mãe sozinha
a refletir o que havia acabado de ouvir.
Meses depois minha mãe me pediu que eu a ajudasse a
adotar uma criança, então aquele dia eu soube que de fato dona
Sônia estava tentando mudar e se tornar uma pessoa melhor.
Convoquei uma reunião com os advogados da empresa e
pedi a eles que me dessem orientação, minha mãe também estava
na reunião e um dos advogados sugeriu que um profissional
especializado em direito familiar seria o ideal para cuidar daquele
caso, minha mãe não pensou duas vezes antes de aceitar
indicações. Alem da parte burocrática ela precisaria visitar
orfanatos, abrigos enfim... Lugares onde existem muitas crianças
precisando de amor e carinho.
Foi nesse processo que ela conheceu a casa de amparo
Menino Jesus. De cara ela se apaixonou pelo lugar e embora fosse
uma casa de acolhimento humilde minha mãe parecia enfim ter
encontrado uma nova motivação para sua vida. Se alguém me
contasse que um dia minha mãe faria trabalho voluntário em uma
casa de acolhimento para menores eu jamais acreditaria, mas hoje
posso ver com meus próprios olhos tamanha evolução e o quanto
ela está se dedicando de coração a essa causa.

Os meses foram passando e as coisas pareciam que estava


tomando um rumo certo, dona Sônia estava se esforçando para ser
uma pessoa melhor, ela começou a conviver mais com os netos e
seu trabalho com as crianças da casa de amparo estava indo de
vento em polpa, dias depois minha mãe recebeu uma grata
surpresa, uma certa noite uma mulher sem nome e sem rosto
abandonou um bebê na porta da mansão, minha mãe ficou sem
acreditar no que tinha acontecido, fomos atrás das câmeras de
segurança mas nada muito legível conseguia ser visto,
imediatamente minha mãe convocou o advogado de direito familiar
para lhe auxiliar ela não queria se afastar da criança que era do
sexo feminino e ganhou o nome de Cinthya Kelly Almeida.
Cinthya havia chegado aos braços de minha mãe como um
presente, ela havia encontrado na menina uma nova esperança de
viver, e de muitos novos dias felizes em sua vida. Com ajuda do
advogado minha mãe conseguiu adotar Cinthya como sua legitima
filha, e dona Sônia estava feliz, mas quem realmente estava mais
feliz era eu já que apesar de todos os obstáculos que tivemos que
passar no último ano hoje somos uma família feliz, sem intrigas,
sem brigas na medida do possível.
O aniversário dos gêmeos estava próximo e mesmo com
algumas implicâncias de ambas as partes minha mulher e minha
mãe se uniram para organizar uma superfesta. Percebi nos últimos
dias que não era apenas Cinthya que estava fazendo os olhos de
dona Sônia brilharem, ao que parecia um certo advogado estava
querendo entrar para a família. Apesar de nutrir um pequeno ciúmes
de filho, eu desejo do fundo do meu coração que minha mãe seja
feliz, seja com o advogado ou com qualquer outra pessoa que toque
o seu coração.

Quando as crianças fizeram 03 anos Rafaella resolveu que era hora


de voltar ao trabalho então ela teve a ideia de abrir o seu próprio
estúdio de dança, claro que dei o máximo de apoio possível a minha
esposa que abriu sociedade com a cunhada Suzana para dar inicio
ao seu empreendimento mais audacioso após o nascimento dos
nossos filhos.
Robson e Suzana casaram e tiveram três filhos, eles estão
sempre juntos conosco nas comemorações em família, viagens e
demais eventos.
Depois de anos minha mãe resolveu abrir o coração e aceitou
as investidas de Rogério, o advogado. Junto com minha irmãzinha
Cinthya eles formaram uma linda família.

Já se passaram quase 20 anos do dia em que conheci minha


Rafaella, nossos filhos já são adultos, ainda tenho esperanças que
Bruno siga o meu legado na empresa, mas confesso que estou
praticamente me conformando que isso não vai acontecer já que é
minha filha Lara e minha irmã Cinthya que parecem ser as maiores
interessadas em assumir a rede de Imobiliárias Almeida.
Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro, na regra
geral da vida dizem que todo mundo deviria fazer essas três coisas
durante sua passagem de vida terrena. Eu confesso que nunca
acreditei muito nessas coisas de espiritualidade ou encontrar a
pessoa certa para ser feliz, e fazendo um balanço da minha vida dos
últimos 20 anos percebi o quanto mudei, o quanto evolui o quanto
passei a dar valor realmente as coisas importantes da vida.
Eu já tive filhos, mas nunca plantei uma árvore ou escrevi um
livro então junto com minha linda esposa decidimos fazer essas
coisas juntos. E já estou me preparando para escrever um livro
contando a história da nossa vida, do nosso amor, das dificuldades
e obstáculos, mas principalmente exaltando a nossa linda história de
amor...

E hoje um dos meus maiores desejos na vida é que meus


filhos tenham aprendido tudo o que tentei lhes passar durante todos
esses anos, a serem pessoas integras, honestas, que vivam para
serem felizes sem passar por cima de ninguém, que a felicidade não
dependa da infelicidade do outro e que os dois tenham aprendido
que respeito e amor pelo próximo nunca é demais.
Se no dia que eu partir desse mundo Bruno e Lara tiverem
aprendido essa lição eu sei que poderei descansar em paz, pois
terei cumprido a minha missão nessa vida.
CASOS E ACASOS | CONTOS DE BANCAS | LIVRO II
Uma cidade de praia sempre tem uma boa história para contar... E
Julie está disposta a desvendar não só as belezas naturais, mas
também as pessoas e as desventuras desse novo lugar.

Amizades, amores, relacionamentos fofos, outros tóxicos,


expectativas e decepções, sonhos e alguns pesadelos.

Sim, a vida tem dessas coisas... e se não fosse assim, não seria a
vida. Será que o destino é mesmo algo imutável ou teremos nós o
poder de escrever a nossa própria história?

Os Casos e Acasos que conectam esse grupo de amigos vão


mostrar como a vida pode ser surpreendente.

Aquele romance clichê sobre amor e amizades capaz de


aquecer seu coração.
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado, força,
coragem e a capacidade de escrever as histórias descritas nessas
linhas.
Contos de Bancas é uma série de 03 livros que em breve
estarão todos publicados na plataforma Amazon. É um projeto que
me faz lembrar todos os dias de o porquê escrevo para que o meu
sonho de escritora jamais se apague de meu coração.
Muito obrigada a cada leitor que chegou até aqui, que
dedicou seu tempo para conhece à história destes personagens
incríveis e tão especiais para mim. E que essa pequena história
fique em seu coração como uma lição de força, amor e superação!
Agradeço também a todas as minhas amigas e parceiras
autoras que me incentivam todos os dias.

DANI NASCIMENTO, HELEN DOS SANTOS, NATHASHA


CHRYSTHIE, ALINE DINIZ, e tantas outras autoras e parcerias
maravilhosas que me trazem a grande felicidade de fazer parte da
minha vida.
E não deixem de me acompanhar nas redes sociais para ficar
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