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No início, havia apenas uma fria e inquietadora escuridão sem fim, nenhuma sensação, nem

mesmo um pensamento ou emoção. Mas, de repente, havia uma luz, então surgiu também uma
leve sensação vacilante, junto a uma confusão e desejo. Havia então um calor e uma inquietação
vaga, criando o desejo de se perder. Se perder? Sim, esqueci de algo. Mas o que será? O que eu
poderia ter esquecido?

Antes que surgisse uma chance de encarar essas questões, tudo começou a tremer. Um momento
depois, sua mente reconheceu a dor. Um frio caloroso que adentrava por suas feridas.

Junto a aquele súbito ataque de sensações, já familiares, como uma pontada causada por uma
agulha, surgiu o pânico. Ao mesmo tempo, começou a se contorcer devido ao perigo, surgiu
uma luta desesperada para conseguir respirar. A dor era quase insuportável, enquanto os
pulmões — e também todo o corpo, célula por célula — gritavam por oxigênio. Incapaz de
permanecer calmo o suficiente para pensar de maneira racional, seu corpo começou a se
contorcer e soluçar por puro instinto.

Seus sentidos confusos e irrespondíveis foram devastados pela agonia... Não sobrava nenhuma
opção a não ser o sofrimento. Estrangulado por isso, perdeu a consciência com facilidade.

A consciência se desvaneceu e o conceito de si próprio ficou confuso. Quando finalmente


despertou, viu um cenário cinzento. O mundo estava embaçado... Ou era por causa da visão
embaçada? Tudo parecia distorcido, como se a imagem estivesse do outro lado de um óculos
cuja as lentes necessitavam de um grau correto.

Apesar de ter estado fora do contato com as emoções humanas por tanto tempo, ficou
perturbado por causa dessa visão turva. Era impossível discernir até mesmo as formas mais
grosseiras.

Depois de quase três horas, finalmente começou a recuperar o senso próprio, sendo atingido por
uma completa confusão e ansiedade. O que é isso? O que aconteceu comigo?

A próxima vez que uma sensação confusa de compreensão surgiu, ficou completamente
desnorteado, como era de se esperar. Se sua memória estivesse correta, deveria estar morto
devido a uma bala perdida durante uma troca de tiros entre policiais e alguns assaltantes de
bancos.

No entanto, após voltar a si, de algum modo estava em uma casa completamente revirada,
prateleiras quebradas, quadros rasgados e… um caminho de um líquido vermelho. Cada vez
mais desperto, seus olhos conseguiam ver tudo com mais clareza.

Quando completamente desperto, tomou consciência de coisas que não havia prestado atenção.
Incomodado pela sensação de uma picada constante por todo o corpo, percebeu o que causava
esse desconforto — pequenos cortes — cuja dor se intensificava a cada movimento que fazia.

Apesar de desconfortável, não baixou sua guarda, a falta de informações causavam uma
ansiedade crescente. Sua mente se questionava tentando entender como e porque acabou nesse
local estranho. Repentinamente, como flashs de imagens, informações começaram a permear
sua mente, memórias de uma vida, cujo não havia vivido, começaram a clarear algumas de suas
dúvidas.

Chamado de Gabriel Belmont, ele reencarnou em um mundo diferente após sua morte,
entretanto sua consciência permaneceu inativa durante os oito anos que viveu, despertada
apenas ao fim de sua vida. Sim… ele morreu, mas por algum motivo acabou retornando da
morte. Talvez o despertar de sua consciência, ou talvez seu sangue demoníaco tenha o salvado.
Nessa vida ele é filho de um demônio com uma bruxa caçadora de demônios. Algo bastante
anormal pra dizer o mínimo. Que tipo de caçadora de demônios tem um filho com um demônio?

Ainda estava desorientado e desconfortável com todos os acontecimentos dessa noite. Poderia
ter a consciência de um adulto, mas não estava se sentindo bem ao presenciar a morte de uma
pessoa em sua frente. Embora não sentisse o vazio de perde sua mãe, ainda não conseguia se
sentir bem com a morte de uma pessoa.

Sua memória dos acontecimentos dessa noite ainda estavam nubladas, não conseguia
reconhecer o rosto das pessoas que invadiram sua casa, entretanto, sabia que não era realmente
pessoas normais, um deles havia conseguido sobreviver a uma magia de uma bruxa que
arrancou seu braço.

Eles pareciam está procurando algo, e provavelmente encontraram. Um piso havia sido retirado
e nele havia apenas uma caixa mas sem nada dentro, o que tivesse ali, já havia sido tomado. Não
pareciam serem ladrões, não haviam levado mais nada além do objeto que havia na caixa.

Plim! Um pequena voz, mais parecida com um sino soou em meu ouvido. Uma esfera de luz…
não havia algo mais — mas ainda não conseguia compreender o que era — flutuava ao redor
de minha cabeça. Não sabia porque, mas conseguia entender o soar daquele sino, bem como
seus sentimentos. Tristeza e preocupação, era o que passava o pequeno globo de luz, perguntava
se estava bem, e por algum razão respondi sem me preocupar — Estou bem.

O globo de luz mostrou um brilho mais forte expressando sua alegria. Me levantei do chão sujo
de pequenas gotículas de sangue e segui o rastro de sangue que levava a outro cômodo. Lá o
corpo frio de minha mãe permaneceu imóvel na mesma posição que havia morrido. O pequeno
globo de luz tentava ficar em frente ao meu rosto para que não presenciasse a cena sangrenta em
minha frente.

O pequeno então chamou minha atenção pra outro local, outro cômodo, dizia para segui-lo, e
assim fiz. Entrei na garagem da casa, que também servia de depósito para algumas coisas,
estava tudo bagunçado, ferramentas pelo chão, o carro havia sido praticamente desmontado.

Plim! Voltei minha atenção ao pequeno globo de luz para velo parado acima de um carrinho de
compras vazio, parecia que ele queria que me organizasse para ir embora o quanto antes, talvez
por medo que os invasores retornassem.

Respirei fundo e tentei limpar minha mente. Não demorei para começar a organizar algumas
coisas para sair daquele local. Procurei uma caixa que pudesse cobrir as paredes do carrinho,
escondendo o que havia dentro de olhos alheios. Peguei várias coisas que acreditava que me
ajudariam ou que pareciam importantes ou caras, joias, comida, dinheiro, roupas. Peguei várias
coisas e entre eles três chamaram minha atenção — um colar prateado com a cabeça de um
lobo, uma pulseira preta com um cristal turquesa e um brinco negro em formato de cruz — os
três possuíam uma estranha luz em volta, se me recordo provavelmente eram itens mágicos,
embora não soubesse suas funções. Também encontrei vários livros, desde livros normais, até
livros que falavam sobre demônios ou outras espécies de seres sobrenaturais.

Quando estava pra sair, o globo de luz me parou novamente. Plim!

Acompanhei-o até o escritório que havia pego os livros e ele me levou até a mesa. Pedia que eu
abrisse a gaveta a direita, sem querer perde mais tempo, abrir e… não encontrei nada que
parecia importante.

Tentei investigar melhor, até retirei a gaveta e retirei tudo de dentro. Mas, o globo continuou
flutuando acima da gaveta, pensei um pouco e tentei retirar o fundo da gaveta. Incrivelmente
funcional, nela havia uma corrente prateada pequena, ela não parecia que ia no pescoço, nem
que era pra usar em qualquer outra parte. Também havia um livro do tamanho da palma de
minha mão. Tentei abri-lo, mas sem sucesso, então fui embora levando-os.

Finalmente havia saído da casa… Aonde eu vou agora?

Estava uma madrugada chuvosa, um cenário perfeito para os horrores que se escondiam nos
becos escuros de Gotham. Era perigoso viver nas ruas, mas seria ainda pior se seu agressor
retornasse a casa. A polícia de Gotham também não seria uma opção segura, muitos diziam que
era cheio de policiais corruptos. Só restava as ruas frias e imundas dessa cidade.

Pouco a pouco, passo a passo, foi caminhando para a escuridão como se o chamasse e logo
desapareceu em meio ao breu de um beco mal iluminado.

Telhado do Departamento de Polícia de Gotham City

O comissário James Gordon estava ao lado de um holofote gigante que iluminava o céu nublado
com o icônico símbolo do morcego. À sua frente um adolescente de aparência um tanto boba
olhava para o cartão sem expressar reação.

O adolescente vestia uma camisa vermelha de mangas curtas, luvas e calças verdes, capa
amarela e uma máscara preta que cobria metade do rosto. Parecia que ele havia acabado de
escapar de um circo e esquecido trocar de roupa.

Esse não era ninguém menos que o Robin, aluno, assistente e parceiro do Batman no combate
ao crime.

A última gota de água cai e da vida a dois peixes recém nascidos, o anjo preso chora em
tristeza, então, quando o “L” invertido aparecer no topo da torre, asas prateadas descerão dos
céus guiadas pelo luar e enxugarão as lágrimas do anjo — Ass. Arconte

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