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Obscuro

A horror history
– Por Zakiel
Sinopse

O Paranormal não vem ao nosso


mundo de maneira fácil, e muito menos
convencional. Existe uma espécie de
“barreira” invisível que separa este tal
Paranormal da nossa sociedade, tão
“inocente” e incapaz de compreender
quaisquer riscos ou coisas que o paranormal
pode trazer até este mundo, e essa
“barreira” é chamada de “Membrana”.
Recentemente fora encontrado uma
construção abandonada, aparentemente á
algum tempo, era para ser um manicômio...
Mas, de certa forma, está afetando a
membrana de um jeito tão macabro e
amedrontoso. Uma equipe, chamada de
Equipe Acácia, foi enviada para averiguar a
situação daquele local, alocados como uma
“equipe de reconhecimento”, mas além de
averiguar, estão lá para saber o status de
uma antiga operação esquecida, chamada de
“Operação Obscuro” que contava com uma
equipe de 8 agentes, designados para a
mesma tarefa que a equipe atual foi alocada.

Capítulos
__________________________

— Prefácio... 0 — 5
— Equipe Acácia...
— A Reunião...

— Investigação...

— Devoção...
— Amor...

— Miséria...

— Lembrar...

— Oblito...
O Prefácio
31 de Outubro de 2010
18:50 pm

Onde estou?... Por que está tudo tão


quieto e escuro deste jeito? Estou tão confuso
quanto qualquer homem numa situação
horrível. Eu não sei o “porquê”, mas sinto
algo que me observa ao longe, mesmo tão
fechado. Não só este algo, eu sinto Alguma
coisa se mexendo em cima de meu corpo, tão
imóvel e fragilizado neste ponto da vida.
Parece que estão passando uma fina agulha
na minha pele, perto do meu ventre e na
minha garganta, sabe aquela sensação de
que a sua hora está tão perto de chegar e de
que você vai ‘bater às botas em alguns
míseros segundos? Sem se debater, sem
lutar... O que lhe resta é aceitar o seu
silencioso o trágico fim que está perto de lhe
prender em um looping de sentimentos como
a culpa, a tristeza, o ódio de não poder fazer
nada, a tristeza de ir sem ninguém por
perto.

Foi neste início de noite, que o homem


acordava apavorado, seu olhar demonstrava
todo o pavor e terror que ele sentia após uma
sensação de sufoco, ele estava suando muito,
tanto que sua “cama” — um relevo de
concreto com um fino acolchoado e um
travesseiro — já estava úmida até demais.
Ele se levantava, sua porta de grade já
estava aberta, todo o local não emitia um
barulho sequer, já era de se estranhar pois
nem no horário de dormir estava, era o único
que dormia a este horário. No chão logo a
sua frente, tinha uma trilha de um líquido
vermelho, não estava muito seco e nem tão
úmido, era até que recente de toda forma.
O homem mesmo apavorado
estranhou todo o silêncio e aquele líquido,
que aparentemente formava uma trilha para
os corredores fechados. Estava ainda tonto
pelos remédios que teve de tomar após um
surto, na penumbra do seu quarto. Decidiu
por si só caminhar para fora de seu cômodo,
colocando sua face fora da porta de grade,
olhando para os dois lados, de relance pôde
sentir uma brisa fria. Igual a que sentia
quando mulheres vinham dar-lhe
anestésicos e remédios controlados para sua
cabeça “funcionar” ‘de vez. Ele apenas viu
aquela trilha seguindo mais a fundo nos
corredores fechados, parecia ser enorme,
fácil de se perder. Tem alguém aí?! Gritou o
homem não só uma, nem duas, mas sim
quatro vezes. Não queria olhar para outros
lugares senão ao líquido no chão, que não
sabia discernir se era algum suco ou o que
era, mas chamava sua atenção como nada
mais antes o fez. Mas, quando ouviu sua voz
ecoando em todas essas quatro vezes, sem
sequer uma resposta, olhou para sua frente
onde havia um mesmo cômodo igual ao que
estava antes, lá dentro? Tinha uma poça de
sangue e um cadáver, sem cabeça. Sentia
vontade de gritar, era uma necessidade...
Mas, sua voz falhava, parecia balbuciar por
toda aquela cena que lhe vinha em sua
mente. Mas que merda?! Apenas
conseguiu pensar, pensou segundos depois
que ainda era efeito da droga que aplicaram
nele à horas atrás.
Tics começavam em sua cabeça,
parecia ativar algum “instinto”, não tinha
nada de bom ali e se quisesse explorar, nada
de bom lhe seria recompensado. Deu um
tapa na nuca, fechou seus olhos e fechou sua
boca para que parasse de balbuciar, não
estava contente, não estava curioso, mas
uma sensação de atração lhe consumia pelo
líquido ao chão, era diferente de sangue por
ser algo viscoso. Bem, lá se foi o homem,
escorando-se pelas paredes por estar
atordoado, sua visão estava turva e era
capaz de cair ao cambalear ali mesmo, seus
passos se mesclaram ao líquido e sua
enorme camisola se sujava com aquele
mesmo vermelho, com sua mão destra em
um olho, suspira de nervosismo, e continuou
a seguir o rastro pelo corredor, os passos
ecoavam mesmo tão baixos, o silêncio
definitivamente tomava conta de todo o
lugar. Era estranho, era esquisito, e causava
calafrios, pois contudo, mais uma coisa
estava destacada em todo aquele
amedrontoso clima, uma neblina? Olhou
para baixo e viu uma pequena fumaça
extremamente fina que chegava na altura
dos pés, lhe causava frio mesmo sendo em
seus pés. Os tics retornam, ele começava a
ver uma cena Sanguinária.
De um lado, tics começavam a mostrar
seres sem massa, negros, de olhos roxos e
que não mostravam vida ou sequer
humanidade. De outro. Uma carnificina,
cadáveres ainda recentes estirados ou
pendurados, muitos estavam com a falta da
pele que compusera seu rosto, carne viva
ainda pulsando, outros estavam sem sua
cabeça, nem o pescoço se encontrava ali, o
comum de todos os cadáveres eram que:
Ambos estavam com seu rosto, sua cabeça,
ou um membro do corpo faltando. Parou, se
desesperou, queria gritar, mas nem um som
sequer. Os olhos quase saltavam de sua face
pelo desespero, sua voz nem mais
balbuciava, simplesmente não queria sair.
Sentia que não tinha mais volta, sua
respiração já estava ofegante e seu
nervosismo começava. Ele quis olhar, a
culpa não era nem dele e nem minha
olhando para aquela carne pulsante, seu
coração pulsava na mesma frequência,
chamando-se para perto, como uma atração
irracional. “Eu quero!” “MAS NÃO!”, era seu
conflito interno. Mas tudo era em vão. Após
de ouvir passos distintos e metálicos perto
de si. Se assustou, quis ver a carne, mas
decidiu correr, não queria pagar para ver o
que quer que estivesse ali. Cambaleou, nem
mais se importava com seu equilíbrio, queria
sair dali pois os passos o seguiam de forma
frenética, não queria olhar para trás...
Você já sentiu aquela sensação de que o fim estava
próximo? Mais próximo doque você consegue
imaginar? É uma situação sufocante, você não quer
aceitar que você vai bater às botas de uma forma tão
deplorável e ridícula assim, sem ninguém por perto,
sem pessoas que se importem... Aqueles passos,
aqueles passos de um amalgamado devorador de
carne, aquele som de metal, o mau–presságio que
acompanhava o homem e sua terrível história. Ele o
seguiu até aqui? Não se sabia mais. O calafrio tornou-
se conta do corpo em movimento, suas pernas estavam
travando, ele ia parar, ele iria o ceifar, mas não queria
deixar uma possibilidade tão grande ser a sua única
possibilidade! Queria correr, queria escapar! A porta
estava tão perto, suas lâminas também estavam.

Suas lágrimas estavam caindo no


chão, não queria aceitar seu trágico fim no
final de toda sua miserável vida de tortura.
Em um movimento automático, estendeu
sua mão até a porta dupla de vidro, e
finalmente conseguiu gritar. O fim tão
próximo se tornou tão distante em simples
segundos, pois ao empurrar aquela porta
dupla, ela se abriu, luzes em seus olhos
quase cegavam–o, e uma lâmina apontou a
si. Ele estava salvo.
São Paulo
31 de Outubro
12:01 am

A Reunião
Ao longe, um local meio que “se destacava”
em meio a tantas casas e construções por
perto, era meio que um bar. Este bar tinha
um letreiro que deixava na cara o seu
próprio nome: “Santo Neco”. As ruas
estavam vazias neste ponto do dia, a
vizinhança era quieta, tudo estava tão
quieto... E então, alguém abre a enorme
porta que o bar tinha, e assim, entravam
duas pessoas distintas. Um homem alto,
supostamente não muito musculoso que
tinha um cabelo loiro lambido para a direita,
tinha óculos de grau e vestia uma espécie de
jaleco por cima de um colete e uma veste
branca, além de uma calça esquisita, talvez
sendo de alfaiataria? Não se sabe. E, ao seu
lado, uma mulher não muito sorridente, seu
cabelo curto e porte médio, uns talvez 1.78
de altura. Ela vestia um palitó preto por
baixo de um enorme sobre–tudo preto, meio
aconchegante pelo o que dá para olhar. A
mulher jogava um cigarro que antes estava
em sua mão para fora, antes de entrar. O
clima dentre eles estava muito esquisito, ao
lado, o rapaz demonstrava nervosismo e
ansiedade, não tinha nem coragem de olhar
para a outra ao seu lado, e do outro, uma
pessoa intimidadora que aparenta estar
irritada. Eles adentraram mais a fundo,
olharam o redor, todo aquele aspecto do bar,
mesas de plástico com marca de cerveja
típicos do Brasil, uma mesa de sinuca ao
canto esquerdo; uma máquina de karaokê
mais encostada na parede; uma... máquina
de fliperama mais ao fundo do canto direito;
e por fim, o que era para ser o balcão de
atendimento do bar, surpreendente com
alguns 'docezinhos, que chamaram a atenção
do 'quatro–olhos, indo até eles e pegando
alguns pacotinhos. Contudo, o foco não era
este, e, indo até perto da geladeira mais a
direita do balcão, a mulher — que via um
painel — digitou alguns números ou letras, e
o eletrodoméstico mexeu um pouquinho,
fazendo um baixo barulho, pois parecia ter
se deslocado de certa forma, e agora, era
revelado uma fresta que levava a uma
escadaria.

— Hey, venha cá, vamos logo! —


Falava sem paciência — Não podemos
deixar–lo a nos esperar.
— Oh, calma, calma! Já vou, já vou!!
— Diz nervoso, ainda meio ansioso e curioso
pelo local.
E assim, a mulher acabou por
empurrar a geladeira para o lado, e revelar
aquela passagem que se tinha visão pela
fresta anteriormente. Ambos os dois,
começaram a entrar nas escadarias,
deixando exposta para quem quer que fosse
aparecer num “bar–de–fachada”, pois, ao
descerem totalmente os totais de 45 degraus,
eles se dão de cara inicialmente com um
enorme cômodo de paredes acinzentadas,
quase que metálicas; ao canto, uma porta
que leva a outro cômodo; mais a sua frente,
na direita, uma abertura sem portas que
leva a mais um cômodo; na frente logo de
cara, temos a visão de várias mesas de ferro
que parecem ser cravadas no chão, todas
meio sujas com farelos, gotas de bebidas e
com documentos alheios espalhados. Na
direita e esquerda perto destas mesas,
vemos duas entradas para corredores
diferentes, e plaquetas falando: Sala 3 –
Armas (Don Quixote) e/ou Corredor.

Estava bem vazio, quase não tinha


sinal de vida se não fosse possível ouvir
resmungos mais à direita, da tal “Sala de
Armas” , e sons de dígitos de um teclado,
igual aos de computadores, vindo da sala à
direita mais perto, que não tem
identificação. Os ‘rapazes sabem o que têm
que fazer, mas antes, decidem encontrar
alguns velhos rostos que lhe fazem falta no
cotidiano, e, tanto a mulher quanto o
homem, se separam, uma indo para os
corredores da esquerda e o outro indo para o
primeiro cômodo da direita. Primeiro, vamos
ver o caminho e os conhecidos do rapaz à
direita, que adentra naquele cômodo com
sons de “clicks” e teclas, se vendo em um
ambiente meio diferente do lado de fora, pois
o primeiro a se notar são suas paredes
brancas, pisos quadriculados de mesma cor,
e um enorme balcão de metal, cheio de
remédios; recipientes; agulhas; seringas e
dentre muitos outros objetos e/ou itens,
inclusive; Documentos de doenças
esquisitas. O homem então, perguntou com
uma voz de entonação baixa, com timidez e
nervosismo, com o balbuciar de sua voz:
— Heya! Madalena? ‘Zero?? Estão aí?!

— Ora! Meu ‘jovemzinho! — Falava


uma voz feminina, cansada mas alegre.
E, de trás de uma porta mais à direita
do balcão, branca, com uma pequena
janelinha quadriculada e com o símbolo de
uma “Cruz Vermelha”, saiu uma senhora até
que conservada, por sua aparência, era de se
deduzir pelo menos uns 30/25 anos de idade!
Cabelos que chegavam aos ombros, não
tinha um fio branco sequer, uma pele bem
cuidada e beje, olhos acinzentados com
“manchas cinzas” abaixo das pálpebras,
como se estivesse à um certo tempo sem
dormir. Ela era do mesmo tamanho que seu
“colega”.
— Quanto tempo não lhe vejo por
‘essas bandas Francisco!! Por onde andava?
— sua voz dava a impressão de que ela
queria saltitar de alegria, agarrar e esganar
o homem de tanta felicidade.
— Madalena! Finalmente. Bem, eu
acabei dando um atraso a mais nas minhas
passagens na ‘base. Fui resolver umas coisas
da minha vida muito “má resolvida”. Como
estão às coisas por aqui? Vim ver se o Zero
estava me esperando!

— Sabe como o Zero é, guri. Ele pode


até ser ansioso, mas não espera nem se
pagassem ele! Mas bem, talvez esteja te
esperando na sala do Veríssimo. Eu só não
conto das boas novas pois é muita coisa, eu
teria que listar! Quer alguma coisa pra
agora, meu jovem?
— HaHa! O Zero é complicado. Bem,
eu só estou de passagem, daqui a pouco volto
pegar umas coisinhas.
A Mulher saiu de trás do balcão, e, se
aproximou de Francisco, o encarando com
uma expressão de “voce está tão feio que dá
vontade de rir”, soltando um sorriso de canto
e cruzando os seus braços.
— Então Francisco... Já deu de
lamber o cabelo, né? Não caiu tão bem.
— Ah, não brinca!
— Cabelo lambido não é bonito.
— Poxa...
— Pelo menos não depois da ‘Crise dos
Trinta.~
Soltava risadas com certo carinho mas

Sempre fitando o homem que agora,


desesperado, bagunçava e arrumava seu
cabelo com as mãos, tudo após as palavras
soltas de ‘Mada.

Finalmente, cortamos para a mulher


que havia se dirigido para o corredor à
esquerda. Ela se via num corredor reto,
atrás dela havia uma porta, com uma
espécie de desenho ritualístico. Esta porta
preta tem uma janela também quadriculada,
e lá dentro, se vê uma enorme neblina, e
uma estante com itens que não temos visão.
Ao seu lado, tem outra porta, parece
resistente, mais atual e “chique”, com uma
plaquinha pendurada, escrita: “Sala —
Veríssimo”.
Suspirou e olhou reto para o corredor,
haviam mais três portas ali, e uma
curvatura que leva para outra corredor, que
não se têm visão.
Começou sua caminhada curta, com os
passos de sua botina fazendo barulhos que
ecoavam até o próximo corredor, e, por fim,
parou em uma porta que tinha uma
plaqueta de identificação: “Sala 6 —
Computadores.”, dando três batidas leves e

entrando logo em seguida, com um “Com


licença!” meio sem empolgação. Ao pisar no
piso, percebeu que era mais escuro, o clima
naquele lugar era meio abafado mas de certa
forma frio, com muitos cabos ao redor de
toda a sala. Uma luz esverdeada iluminava o
lugar inteiro enquanto uma música agitada
e estrangeira tocava, não estava muito alta,
mas se ouvia por toda a sala. Ao fechar a
porta e andar mais alguns passos enquanto
observou os cantos e um criado–mudo ao
canto, ouviu uma voz... E fazia tempo que
não ouvia essa grossa e bela voz, aguda e
boa de se ouvir.
— “Mas bah piá!” que saudades,
Violeta! Minha colega mais preciosa de
trabalho!! — Falava imitando o sotaque de
sua colega, querendo brincar com a mesma.
— Animada para nosso décimo trabalho
juntos?!
Mesmo querendo entrar na
brincadeira, querendo rir e zoar o outro, sua
seriedade tomou conta, e Violeta respondia
quase que sem ânimo algum.
— Anthony! Ha... Você ainda tenta
imitar o sotaque da minha cidade?? Já devia
ter parado. Me acostumei com seu sotaque, e
com os Paulistas.

— Ah mas! — Pareceu triste, e mudou


sua entonação junto ao sotaque. — Pensei
que ainda fosse Sulista! Poxa.
— Eu sou sulista, nascer no Rio
Grande do Sul não é pra menos. Eu só... Não
sei como falar com esse tipo de sotaque, eu
desaprendi.
— Hum... Bem, veio me chamar?
— Eu nem imaginava que você estaria
aqui, mas decidi dar uma passada. De
qualquer forma, vamos então, temos que
falar sobre a missão.
Falava a Violeta enquanto se retirava
da sala, com Anthony seguindo logo atrás, e
então, ao alcançar a porta do tal destino, a
mulher finalmente da de cara com
Francisco, seu colega que havia se separado
antes, e, surpresos, ambos recuam para trás.
— Ai Credo!! — Falou assustado.
— Fran...... Deixa quieto... —
suspirava, não queria continuar aquela sua
frase.
— Quatro–Olhos!
—Ah... Oi Anthony....

A expressão de Francisco mudava,


pareciam bufar e franzir suas sobrancelhas
olhando para a cara do maior.
— Qual é! Cadê a empolgação?
— Vamos entrando.
Então, o homem batia cerca de três
vezes na porta, até ouvir um “Entre.” Mais
abafado do outro lado, foi neste momento
que abriu a porta e entrou rapidamente,
finalmente tendo a visão de um enorme
escritório, com papéis de parede mais
“antigos”, como se fosse o quarto de um mais
antigo nobre, decorações como um criado–
mudo logo na direita da porta, vasos de
plantas, cadeiras e uma enorme mesa de
escritório, feita de madeira. Em cima da
mesa, havia vários e vários documentos
espalhados. Olhando mais por quem estava
ali, descartando as decorações, víamos cerca
de mais três pessoas, quatro se fosse contar
o que estava atrás, escorado na peça de
madeira.
— Vamos, entrem logo, não temos
muito tempo para perder aqui.
Falava um voz grossa, meio rouca.
Veio do homem ali atrás, de cabelos curtos e
coloração branca, como se já fosse de idade.

Parecia ter cerca de 1.85 de altura, olhos


escarlates e uma barba branca junto a um
bigode, ambos bem feitos. Vestia uma
espécie de colete de alfaiataria listrado, de
cor marrom, e por baixo, uma roupa superior
branca, além de calças de alfaiataria da
mesma cor do colete. Isso era o visível.
— Chegaram mais atrasados que os
“novatos”, algum incidente?
— Veríssimo! — Fala Anthony. —
Meu patrão do coração! Qual é as boas
novas?
— Hm?
A mulher havia se alertado ao ouvir
“—Chegaram mais atrasados que os
novatos.” e então olhou mais atentamente, e,
nas cadeiras, tinham duas pessoas sentadas
olhando para ela e os outros dois, além de
um outro homem mais próximo da mesa.
— Bem, sentem–se, desta vez fiz
questão de ter cadeiras para todos.— Falou
Veríssimo enquanto arregaçou suas mangas.
Com a fala do mais velho, os que
estavam de pé acabaram se sentando sem
questionar, apenas aguardando as falas do
outro. Violeta encarava os documentos,
tentando ler alguma coisa mesmo longe.
E então, Veríssimo saiu de trás da
mesa e foi até a porta de entrada, a
trancando enquanto ajeitava suas
vestimentas e retornava ao seu posto
anterior, colocando suas mãos sobre os
documentos e encarando cada um que estava
ali, soltando uma pequena tosse rouca.
— Como ambos que estão aqui muito
bem sabem, temos um caso de extrema
urgência, e pode não parecer, mas é
preocupante o estado desta missão. Foi
recentemente encontrado um manicômio
antigo, e reportaram para nós. Antigamente
enviaram cerca de oito agentes para lá, sem
nem meu consentimento, e nenhum está de
volta. O que sabemos era que essa
construção foi construída com a ajuda
financeira de uma família rica que estava
morando em São Paulo à anos atrás. Tudo
está muito vago pois, não temos informações
de fora, mas, felizmente conseguimos
contato com um ex psiquiatra que
trabalhava por lá, e... Parece que os
pacientes sempre enterraram coisas, não
deixavam ninguém a não ser eles chegarem
próximos desta tal “coisa” e, agiam de forma
mais agressiva doque era “esperado”, de
pessoas mentalmente instáveis. Com
algumas fotos do lado de fora, podemos
perceber que a membrana está muito fina ao
redor, e lá dentro deve estar na mesma
situação. É muito preocupante.
— Eita! Quer dizer que finalmente vai
nos dar uma missão de verdade, é? —
Brincava Anthony, mesmo em um clima não
muito favorável para tal comportamento.
— Continuando... o caso que lhes
estou alocando é de alto risco, vocês foram os
únicos mais competentes que estavam livres
no momento, espero que entendam a nossa
situação...
Violeta apenas se levantou e deu um
aceno para o mais velho em sua frente, com
uma expressão meio preocupada, mas
mantendo sua postura, e então perguntou.
— Você sabe que se aceitamos entrar
para esta organização, nós aceitamos ambos
os termos. Não precisa se preocupar Sr.
Veríssimo, nós vamos averiguar toda a
situação que está ocorrendo lá. Disse que
não tem muitas informações, mas há algum
documento ou algo para nos auxiliar no
momento?
— Documento? Ahh... Acho que eu
tenho algum sobre este manicômio em
algum lugar. Um momento, por favor.

Veríssimo começava a revirar e


bagunçar sua mesa com tantos papéis,
ambos com diversas informações, seja de
casos passados ou dentre outros, até que
finalmente, puxou um papel de jornal bem
velho, talvez fosse das décadas de 70/80, é
impressionante como ainda estava em um
estado conservado. Lá tinha uma
reportagem que falava sobre um “surto” que
ocorreu, e levou alguns pacientes e
trabalhadores à óbito, não era uma doença e
nem nada, os doentes pareciam ter entrado
em contato com algo, e isso os fez
enlouquecer e atacar um aos outros, até
mesmo com objetos cortantes. Sempre
repetiam “O Demônio, O Demônio está aqui!
Aqui em todos!! TODOS!”. Também fora
encontrado uma passagem subterrânea, mas
ninguém se forçou a entrar, e apenas
abandonaram o lugar por um bom tempo.
Veríssimo entregava o jornal com todo o
cuidado para Violeta, que estava lendo tudo
aquilo.
— Hum... O quê mais posso dizer a
vocês? O manicômio sofreu reforma no início
dos anos 2000, e foi reaberta até 2005, onde
misteriosamente fechou, e não deu sinal da
maioria dos pacientes e psiquiatras lá
dentro. E bem! Antes de enviar vocês
oficialmente para lá, falta apresentar os
novos participantes da equipe de vocês.
Apresento–lhes: Messias e Jonathan.
Ambos sentados nas cadeiras da
esquerda, estavam apenas em silêncio
observando, um deles tinha pele mais
esbranquiçada, olhos castanhos e cabelos
também castanhos, porém mais claros. Ele
veste uma roupa social preta, com palito,
calça de alfaiataria, cinto de couro e gravata
preta. Não parece ter muito físico comparado
aos outros homens, porém tem cerca de 1.75
Ao lado, um rapaz menor, com cerca
de 1.68 de altura, cabelos longos que chegam
até os ombros e de coloração ruiva, com olhos
azulados, bem claros... Parece que a falta de
melanina era enorme. Sua pele é beje. Tanto
ele quanto o outro levantam sua destra,
acenando.
— Prazer, Messias, ou Veríssimo... É o
meu sobrenome. — Falou meio perdido na
situação.
—...
Era muito aparente o jeito tímido e
nervoso do menor dentre eles, que olhava
para baixo logo em seguida.
— Bem, vocês têm tempo para se
preparar, fiquem à vontade para se
conhecerem e se equiparem. Se me dão
licença, estão dispensados no momento,
afinal, tenho muitos afazeres ainda.
Após as últimas falas do mais velho,
Violeta e Anthony se levantaram, um outro
homem também se levantava, era o tal do
Zero — Sendo visível um crachá com seu
codinome em sua roupa —, apenas
acompanhou os dois para fora, enquanto
Francisco ficou ali para conversar com os
dois “novatos”.
A Investigação

Veríssimo percebeu que os últimos


três ainda não haviam saído de sua sala,
apenas começando a olhar para os novatos
esperando que algum deles falasse algo, pois
era o esperado. Até que, Francisco, decidiu
fazer uma pergunta para o Senhor de Idade.
— Eh.... Senhor Veríssimo, o senhor
realmente só tem essas informações sobre
aquele local? Não há mais nada, nenhum
documento ou algo assim?
— Infelizmente isso é tudo, eu queria
poder ajudar com mais informações, mas
infelizmente não tenho como. Se puderem
me dar licença, saiam da minha sala, por
gentileza.
— Tudo bem. — Falavam os três ali.
Que se retiram lentamente, fechando
a porta e dando de cara com os corredores,
aquela mesma porta preta à esquerda, um
enorme caminho para a direita, e reto a
saída para a parte principal da base, já
dando visão para uma das mesas de metal
que sentavam-se Violeta; Anthony; e Zero,
aparentemente discutindo e analisando
aquele tal jornal que fora entregado ao
grupo. O Quatro–olhos começou a andar em
direção a eles, junto ao tal do “Veríssimo”
novato. Durante os passos, o castanho
percebeu a falta do som dos passos de outra
pessoa, e parou olhando para trás. Jhonatan
estava parado no corredor, meio “fora do
mundo real”.
— Ps! Jhonatan, venha. — Falava em
um tom alto.
— .... Ah? Ah! Eu... Eu já vou. Tenho
que arrumar uma coisinha.
O mais baixo apenas coçou sua nuca
meio nervoso, abrindo um pequeno sorriso
de canto enquanto se virou. Já o castanho,
Suspirou e voltou a andar, seguindo os
passos do Quatro–olhos até aquela mesa. E
enquanto isso...
— Pra ser sincero, acho que esse
pedaço de papel velho não vai nos ajudar em
nada, afinal... O que é para fazermos
naquele lugar? Ele só falou para irmos lá e
tudo mais.
— Zero, nosso trabalho é descobrir o
motivo da membrana estar tão afinada!
Então nós vamos lá, vamos entrar, e por fim,
vamos procurar a causa da finura, talvez
seja uma criatura, um artefato paranormal,
talvez até pior!
— Pessoal, Pessoal. Talvez o que
esteja lá, seja uma influência pior doque
imaginamos, afinal, foi escrito aqui que, os
pacientes entraram em contato com alguma
coisa e de repente ficaram loucos, tiveram
surtos e por isso o manicômio fechou pela
primeira vez. Mesmo tendo sido ocorrido
pelos anos 80 ou 70, aquilo pode ainda estar
lá, entendeu? — Violeta exclamava.
— Ah sim, e como planejam enviar
dois novatos junto com todos nós, para uma
missão que o Veríssimo diz ser de extrema
preocupação?
— Você ouviu o quê ele disse lá
dentro, Zero... Nós somos os únicos agentes
competentes o bastante disponíveis no
momento, de certo ele deixou os novatos nas
nossas mãos pois confia no nosso trabalho, e
vai que, eles não sejam tão novatos assim.
— Tanto faz, onde é que eles estão,
aliás? Não chegaram até agora.
Resmungava Zero, até olhar para trás
e ver Francisco junto a Messias se
aproximando, e se sentando ao lado dos
outros.
— Desculpa a demora. — Francisco
falava ofegante, cruzando os braços na mesa,
ouvindo o falatório.
— Nós perdemos um pouco o horário,
mas nada que vá... Ter um resultado
negativo, eu acho.
Veríssimo se sentava ao lado de Zero,
olhando para o jornal que estava na sua
frente, ele tinha sua pequena leitura com os
olhos.
— E o ruivo? Ele não estava com a
gente??
— Ele disse que já iria voltar, não se
estresse. Acho que foi em alguma sala do
corredor.
— Hum, fazer o quê, né? Enfim,
Anthony, como vamos fazer pra preparar
tudo?
— O Patrão disse que temos um
tempo para nos arrumar, acho que umas seis
da noite podemos sair. Assim vai dar um
bom tempo pra vocês se ajeitarem e para
conhecermos nossos novos integrantes, que
tal?
— É, pode ser, não vai ser tão ruim
ter um bom preparamento pra um caso
assim, mesmo sendo uma equipe de
reconhecimento.... Temos que estar
preparados para o que quer que esteja
causando essa tal finura, não é?
Falou Violeta, vindo a se levantar e
alongar seus membros enquanto bocejava,
ela aparentemente queria tirar um pequeno
sono, pois não havia conseguido dormir
anteriormente.
— Por mim, tudo bem, se vai ser bom
para a galera. — Resmungou Zero.
E finalmente, após alguns minutos de
conversa entre eles, acabam ouvindo passos
acelerados vindo de trás, era o tal do
Jhonatan andando ‘rapidinho até eles,
carregando algumas coisas em uma
mochilinha.
— Finalmente cheguei! Desculpa
demorar...
— Chegou bem quando terminamos
de conversar, estava fazendo o quê, afinal?
— Fui pegar umas coisas... Nada
demais! Haha, nem se preocupe! E então? A
gente já vai?
— Nós vamos nos preparar agora, não
precisa se apressar. Assim que todos
estiverem prontos, nos encontramos lá em
cima, não é isso, Anthony?
— Claro, pode ser também.
— Ah... Tudo bem então!
Então, o ruivo se sentou em uma das
cadeiras restantes e aguardou ali, enquanto
o resto das pessoas que estavam ali, se
levantaram e foram preparar suas coisas.
Dois foram para a sala de armas, um para
aquela porta preta, e outros dois foram para
a sala médica, onde Madalena aguardava.

18:20 PM

Já estava anoitecendo, ou até de noite,


a lua cobria os céus junto às suas nuvens, e
novamente, em frente ao tal bar Santo Neco,
começavam a subir duas pessoas, Veríssimo
e Violeta finalmente chegavam a pisar no
chão de madeira, conseguindo ouvir uma
música agitada e estrangeira, as luzes
acesas e gritaria, será que estavam brigando
ou algo assim? A real era que Zero e
Anthony estavam disputando num jogo de
sinuca enquanto o Quatro–Olhos e o ruivo
ficavam ali observando toda a palhaçada.
Era um xingando o outro, depois quase
‘caindo no soco e etcetera. A porta do
estabelecimento estava aberta, então deu
para ver uma Van preta estacionada ali na
frente, era o quê levaria eles até seu destino,
finalmente.
— Ou! Piazada! O que é que tá
acontecendo entre vocês aí? Da pra ouvir lá
de baixo, cruzes.
— E....
Anthony ao escutar Violeta, fez sua
última tacada na bola que restava, a “bola
8”, e acertava no buraco da mesa, saltando
enquanto deu um grito de alegria.
— ‘CHUPA ESSA, ZERO!
Analisando melhor o “Gigante”, ele
parece ser uma pessoa mais vulgar, mais
extrovertido e brincalhão do que os outros.
Até que é gente boa para eles, mas
ultrapassa o limite em algumas vezes, não
da pra deixá-lo irritado.
— Pff, ganhou por sorte! Era para ter
sido minha vez de tacar. — Reclamou Zero,
escorando seu taco na parede.
Ao lado, Jhonatan aplaudia, já não
sabia como reagir, então essa foi a forma
mais “natural” que encontrou.
— Uhu! Aí sim!!
— Não aconselho ser 'baba–ovo desse
aí não, é triste.— Sussurrou Francisco.
O Gigante se virou para a mulher que
antes havia perguntado, acenando para
ambos com um sorriso alegre e
“espertalhão”.
— Finalmente! Demoraram lá
embaixo ein?! Estávamos fazendo uma
aposta rápida enquanto isso. Estão prontos?
Olhando mais ao redor, mais
exatamente nos corpos de todos ali, ambos
pareciam ter enchimentos na parte superior,
como se estivessem com algum colete, além
de que Anthony, Zero e Veríssimo estavam
com armas de lâmina, o castanho com um
florete; Zero com uma espada; e Anthony
com uma Katana ornamentada. Já
Francisco, Violeta e Jhonatan, estavam com
armas de fogo, como Revólver, Fuzil de
Assalto e coisas parecidas. Claro, ainda com
muitos outros detalhes.
— É, acho que sim. Vocês trouxeram
algum rádio? — Perguntou Violeta
encarando os que estavam na sinuca.
— Eh, talvez? Alguém aqui trouxe
rádio lá de baixo?
— Eu peguei seis mini-rádios, eu não
iria ser burro de não trazer enquanto vocês
provavelmente iriam esquecer.
Zero puxou alguns em sua mão,
guardando em uma bolsa logo depois de
mostrar. Ele Suspirou e se alongou.
— Ahh, enfim, vamos logo? Eu
calculei a rota até o endereço que foi
passado, chegaremos em cerca de meia–hora
— É por isso que eu gosto deste
garoto! Ele é muito adiantado, ha ha.
— Tá tá, já deu de mentir, Anthony.
Os seis que estavam ali saíram do
estabelecimento, antes fechando a entrada
atrás da geladeira, e assim, embarcaram na
Van preta, com Francisco, Anthony, Violeta
e Jhonatan atrás, e Zero e Veríssimo na
frente. O castanho ligava o veículo enquanto
seu ‘ajudante colocava o GPS para
funcionar, e, finalmente, eles partiram para
seu destino, demoraria um pouco então eles
teriam tempo para trocar ideias, e,
finalmente, passaram–se a tão aguardada
meia–hora, que nem foi totalmente meia
hora. Talvez apenas uns 20 minutos. Eles
acabaram de chegar em frente à uma trilha
de terra, que levava mais para fundo de um
local sem luz, que não dava para ver direito.

18:45
Ambos descem do veículo, já com seus
equipamentos prontos, suas armas,
munições, mini–rádios e dentre outros
equipamentos essenciais para a missão,
inclusive, lanternas. E então, se vêem com a
única opção de: seguir em frente. Haviam
dito que era por aqui, eles resmungavam, e,
ligando as lanternas, iluminaram a estrada
de terra, mesmo sendo visível muito pouco lá
do fundo, deu para ver enormes arbustos,
como se não tivessem sido cortados faz muito
tempo. Violeta e Francisco foram na frente,
pois suas armas estavam com lanternas,
Anthony foi o último, planejando guardar as
costas de seus aliados, e o resto foi no meio.
A trilha continuou por cerca de dois minutos,
até finalmente encontrarem uma construção,
não estava quebrada, mas estava bem mal
esteticamente por fora, raízes crescendo
pelas paredes e tetos, a tinta se corroendo e
mostrando os tijolos por baixo, e, eles
tinham certeza que agora sim era o local que
queriam encontrar desde o começo. Na
entrada, além daquelas raízes crescendo,
eles vêem duas pilastras que sustentam uma
espécie de cobertura, e uma plataforma com
três degraus, logo ao lado da porta tinha
uma cadeira de madeira, daquelas que as
‘senhoras de idade usavam para se balançar;
no chão jogados, alguns objetos de vidros e
outros de metal; em ambas às direções
tinham caminhos para se seguir; e por fim,
duas janelas pequenas, mas largas, em
ambos os lados da porta. Essas janelas
estavam barricadas, mas a porta era de
vidro, dava pra ver o mínimo por estar
escuro. — O vidro utilizado na porta era
diferente, parecia que embaçava a visão
tento por dentro quanto por fora.—
O som dos arbustos se mexendo
graças ao clima, o vento passando e
entregando um ar gélido, era tudo estranho
pois momentos antes, o ar estava fresco, o
vento estava calmo, e finalmente prestando
mais atenção aos pés, é visto uma névoa
expeça, que apenas chegava aos pés
daquelas seis pessoas, que, mesmo estando
agasalhadas e protegidos, sentem um frio,
mas não aquele frio comum que todos
sentimos, mas sim, o frio que o medo te trás,
quando está prestes a te congelar num
pequeno momento de reação contra o perigo.
Enfim, eles estranham, mesmo sabendo que
ali era o local que sabiam ter uma
membrana quase totalmente exposta, estava
fina até demais para seus gostos. Por um
momento, eles até acharam que ouviram
alguma coisa, passos que correm pelos
arbustos, um mal pressentimento que vinha
a atazanar o menor do grupo, que falava
balbuciando muitas vezes.
— G... Gente...
— Talvez tenha algo na mata, não?
— Ah?!
— É isso que você iria dizer. — Falou
Violeta, virando para o menor.— Deve ter
sido algum bicho do mato. O pior que pode
acontecer é você dar de cara com alguma
criatura lá dentro. Relaxa aí, “novato”.
—Okay, okay.
Jhonatan nunca sequer disfarçou seu
medo, mesmo sabendo dos riscos e doque ele
iria encontrar, sempre demonstrou ter medo.
Por que entrei nesta vida desde e o começo?
Por quê?! Ele sempre pensou assim. E agora,
não era mais nenhum barulho de fora que
chamava atenção, não era nenhum objeto ou
caminho, a porta, ela parecia chamar pelos
agentes, aqueles que tinham lanternas nas
armas apontaram para a porta e se
aproximaram, Anthony sacou sua arma de
lâmina e ficou no meio, até eles finalmente
ouvirem:
— AAAAAH!
Era desconhecido, mas sem dúvidas, é
um grito de agonia e total desespero,
abafado por dentro da portas, e parecia estar
próximo, passos começavam a ser ouvidos de
forma totalmente frenética correndo na
direção do vidro e uma silhueta de “face
branca com beje” se amostrou no vidro
embaçado, e empurrou aquela porta com
força.
Um homem, desnutrido; sujo;
fedorento, com um cabelo espetado e
estatura média, faixas que sobrepuseram o
olho esquerdo e boa parte da face, menos sua
boca e suas orelhas, acabava de cair diante
aos pés do mais alto, que como uma reação
desprevenida e rápida, apontou a lâmina
para seu pescoço, quase chegando perto o
bastante para cortar. No fundo, Francisco
forçou seu olhar, mas tinha certeza, na
penumbra do corredor agora que foi aberta,
uma silhueta passou, e passou muito rápida.
— O que diabos?! Tinha gente lá
dentro?!
— Tinha algo lá dentro...
Olhando para o homem, Anthony
percebeu a face de desespero dele, as veias
saltando dos olhos quase enlouquecidos, e a
sua boca que tremia, sem conseguir falar
mais nada, além de sons que não se
completavam. O maior guardou sua arma e
se abaixou, ficando na mesma altura que o
outro, segurando suas bochechas com os
palmares, firmando o olhar apenas nele.
— Ei! Ei! Olha pra cá!
O homem segurou firme os pulsos de
Anthony que mal sentia ser apertado graças
a falta de força que era exercida contra ele
mesmo.
— Fica calmo, homem! Estamos com
você, não vamos fazer mal! Não vamos fazer
nada! Calma! — Falava alto, tentando
estabilizar o rapaz.
— N..... N.... Não.... NÃO! NÃO!! ME
SOLTE! ME SOLTE ABERRAÇÃO!
— Eu não sou nada do que você viu lá
dentro! Se acalma, homem!
E, a respiração ofegante, a sensação
que dominava o pobre desnutrido, ia
passando, ele voltava a respirar fundo e a se
acalmar, mas, as lágrimas tomavam total
conta de sua face aterrorizada, molhando até
mesmo suas faixas. Com certeza está
assustado, assustado com tudo o que deve
ter visto e pelas pessoas que acabara de ver.
Pensou, até perceber que os pulsos eram
soltos, e o outro parava de tremer, soltando
sua face, que ainda encarava sua face.
— Hey, fique calmo...
— Mas que merda ele estava fazendo
lá dentro?! — Exclamou Zero.
— Não importa, Zero!
Anthony olhou para o homem e
estendeu sua mão, segurando na dele para
segurar e levantar o próprio, apoiando–o
nele mesmo encarando os demais.
— Eu vou tirar ele daqui, vou levar
ele pro carro, alguém vem comigo? Quem
ficar pode ver mais o lugar por mim.
— Pff...
— Err.... Eu vou com você! — Falou
Jhonatan, sem pensar duas vezes no que
responder, seu medo falava mais alto que a
sua consciência.
— Muito bem, venha então. Zero,
averigua o local pra gente? Por favor.
— Argh... Tá bom! Eu vou cobrir essa,
‘vamo lá gente.
Zero se virou, e Anthony apenas foi
caminhando junto ao ruivo para fora dos
arbustos e daquele lugar, chegando até o
carro enquanto sentava o homem ali, ligando
o farol para ter uma melhor iluminação.
Assim, se sentou ao lado do enfaixado
enquanto Jhonatan aguardou perto do carro.
— Então, como está agora? Aqui está
melhor?
— N.... Não entrem lá.... Não entrem,
não, entrem, lá.... Não, não não... Não não...
— O quê tem lá dentro? O que você
viu, senhor? Preciso que me fale,
imediatamente. — Perguntou Aflito.
— Coisas horríveis, não tem nada de
bom lá, não tem nada lá! Só tem morte,
APENAS MORTE!
Ele parecia enlouquecer novamente, e,
como um movimento automático, o maior
abraçou aquele homem que mesmo longe,
estava traumatizado e desesperado, suas
lágrimas encharcaram as bandagens e ele
não conseguia pensar em outra coisa a não
ser toda aquela cena, e naqueles passos que
estavam atrás dele. Chorava e chorava, até
voltar a sua consciência, pois era inútil
chorar, o pior já passou, a vida insignificante
foi poupada, por pouco. Ergueu sua cabeça e
olhou para os dois, e, nesse ponto, Anthony
estava afastado esperando ele terminar seu
momento de choro.
— Não entrem lá dentro, vocês vão
morrer, vocês vão ficar loucos, loucos!
— Senhor, me fala o que você viu lá
dentro, nós precisamos saber disso senhor,
sem essa informação, não poderemos ajudar!
Estamos aqui para garantir sua segurança.
— Por favor, não, não, não...
O ruivo se aproxima, e se agacha,
olhando para a face do homem enquanto
encostou seu palmo na bochecha dele,
encarando olho a olho.
— Primeiro, qual o seu nome? Sabe
me dizer?
— E.... Erick, só Erick.
— Então, Erick. Tinha mais alguém lá
dentro? Era só você?
— Eles morreram... Todos morreram,
todos! Eu não... Eu não sei o motivo,
estavam todos mortos! Tinha sangue....
Pulsando.... Eram pulsações, eu me sentia
atraído por eles!
— Eles quem? Como assim, todo
mundo lá morreu?
Enquanto isso, após ouvir o que Erick
falava, Anthony se afastou um pouco dos
dois que estavam conversando e ligou o
mini-rádio, se comunicando com os outros
que estavam lá do outro lado da linha, na
estrutura.
— Alô, alguém na escuta? — Chiados
— Então, estávamos conversando com o
homem, ele se chama Erick. Não entrem lá
dentro ainda, até nós voltarmos, okay?!
Ambos recebem essa mensagem, e
Violeta é a primeira a responder, ligando seu
rádio e questionando o homem.
— Como assim não é para entrar? Nós
temos que entrar querendo ou não, tá tudo
lá dentro.
— Escuta, não entrem até nó
voltarmos, estamos entendidos?!
— Ah, tá bem, tá bem!
— Câmbio desligo.
Anthony desliga o mini-rádio, e volta
para mais perto dos dois, observando, até
que a conversa entre eles está melhor
pensava o maior, agora podendo ouvir o que
era dito.
— Tá bom, Tá bom. Sobre o que você
viu, tinha mais algo lá? Alguma... Coisa
derivada dessa visão perturbada?
— Não... Só tinha corpos.... Carne
pulsando, mas, eu ouvi um barulho. E depois
disso eu corri ouvindo alguma coisa metálica
se arrastando até mim. Foi aí que eu vi a
porta, e, e....
— Tá tudo bem, calma. Venha,
levante–se.
Jhonatan se levantou, segurando a
mão do homem que estava tremendo,
levantando ele junto. Então, apoiou–o em si,
e ficou servindo de apoio, enquanto olhava
para Anthony.
— Então, ele... Pode ficar no carro?
Ele não está nem um pouco bem, eu já
retirei tudo que eu pude dele. Pra pelo
menos ser útil.
— Você ainda pergunta? É claro né!
Não podemos levar ele pra nenhum lugar,
então me parece justo deixar ele no carro.
Daí você me conta tudo.
— Ah, okay. — Olha para o lado —
Você vai ficar descansando no carro, tudo
bem? Não vamos te levar lá de volta, e você
está seguro, fica tranquilo.
— T... Tá bom, tá bom... Não entrem
lá, em hipótese alguma! Não entrem lá! Por
favor.
— Tudo bem.
Ele levou Erick para o carro, o
trancando lá enquanto encarava Anthony de
forma medrosa.
— E então?
— Vamos com o pessoal.
Agora, após toda a mensagem de
rádio, Violeta se reúne com os outros, lá em
baixo da plataforma para falar sobre o que
fazer enquanto os outros dois não voltavam
até o lugar.
— Então, o Anthony disse para não
entrarmos ainda, temos que esperar às
informações do tal do Erick. Então, devemos
vasculhar os corredores da direita e
esquerda aqui fora. Vocês querem se dividir
já que estamos em quatro?
— Por mim nós iríamos lá pra dentro,
mas já que não temos lá tanta escolha!
Vamos fazer isso de se dividir.
— Você só sabe resmungar, Zero. —
Falou Francisco, encarando Zero. — Bem, se
for assim, eu posso ir com a Violeta.
— Hm... Nos separar em um lugar
como este não é a melhor opção, mas, como é
no lado de fora, por mim tudo bem. Onde me
encaixarem eu vou.
— Certo, então, Francisco vem comigo
e Zero com o Veríssimo vão juntos, é isso?
— É... Infelizmente.
— Para de ser assim, Zero!
— Me obriga!
Veríssimo arquea sua sobrancelha
direita e cruza os braços, não entendendo
muito bem o que era dito, e estava até que
sem paciência graças aos resmungos do tal
Zero. E, suspirou, questionando.
— Vamos ficar parados assim mesmo?
Não acham que quanto mais nós ficarmos
parados aqui, mais vamos demorar para
resolver esse caso?
— Ele tem razão, vamos lá então! Eu
e o Francisco vamos para a direita,
encontramos vocês lá atrás.
— Tudo bem.
Finalmente, eles deixaram de
conversar e se arrumaram, cada um subindo
e se dividindo para um lado. Zero com
Veríssimo foram para a esquerda e
Francisco com Violeta para a direita.
Primeiro, estamos na visão do grupo 2,
Veríssimo, está atento, sendo ardiloso a cada
passo, é claro que podia ter algo lá fora. E
não podia arriscar ficar de guarda–baixa
naquele momento. Já Zero, olhava para os
arredores com sua lanterna, e, virando a
lanterna para baixo, na parte dos arbustos,
onde, viu um objeto reluzindo mais que a
luz, como se estivesse “refletindo”. Ali em
cima, não iria conseguir ver mais doque isso,
teria que descer com seu colega.
— Ou, Novato.
— Sim?
— Vamos descer, tem algo lá embaixo
nos arbustos, pode ser algo útil.
— Uh... Se você diz, estou “a suas
ordens” por enquanto.
— Ótimo.
Com a lanterna apontada para o
mesmo lugar que antes estava o tal “item”, se
sentando na plataforma e se impulsionando
para frente, o que o fez cair — de pé, por sorte
— lá em baixo, em meio aos arbustos.
Veríssimo fez a mesma coisa, pulando e
seguindo o moreno.
— Onde que está?
— Por aqui, tá perto.
Fala Zero, abrindo caminho até alguns
passos para frente, abaixando a luz até
encontrar o objeto que mais refletia a luz. E,
caminhando mais alguns passos, bateu a luz
no lugar certo, rapidamente se abaixando e
analisando o objeto. Era de metal com um
cabo de madeira, a parte metálica tinha um
formato meio de concha, como se fosse uma
pá, ou uma colher grande.
— Aqui, Aqui.
Falou puxando com a mão livre aquele
objeto, finalmente tendo a noção do quê que
era, era aquelas pequenas pás usadas para
jardinagem, tirar terra e colocar as plantas e
tudo mais, estava suja, talvez tivessem
escavado ali à pouco? Era o que Zero
desconfiava. Se levantou e virou para
Veríssimo, mostrando a pá.
— Era isso aqui.
— Uma... Pá pequena?...
Era claro a expressão que estranhava
o objeto, mas que estava decepcionado por ter
tido que ir lá embaixo apenas para ver uma
pá.
— É, uma pá! Não tinham falado algo
como... Sei lá, que os frequentadores desse
lugar escondiam coisas na terra?
— Eu não me lembro... Mas se eu não
me engano sim, o Senhor falou sobre isso
com a gente.
— Então, talvez tenha alguma coisa
enterrada por aqui?
— Hm... É, não é um raciocínio tão
ruim assim.
Veríssimo se mostrou surpreso com a
resposta óbvia de seu colega, guardando seu
florete e cruzando os braços enquanto
aguardou uma próxima decisão doque fazer,
encarando Zero. Que, pensou mais um pouco
e apontou sua luz para o chão, caminhando
mais para dentro dos arbustos, ele
provavelmente estava procurando algum
sinal de algo escavado, ou parecido. O
castanho não fez nada além de acompanhar
e aguardar novidades. O homem, andou,
andou e andou, e nisso, chegou a um ponto
que chamou muita atenção, e que
provavelmente não seria facilmente
perceptível para “pessoas” sem algum
treinamento investigativo ou algo parecido.
Zero se agachou e iluminou mais de
perto, mostrando um relevo de terra mal–
ajeitada, e com algumas gramas ao redor.
Para ele, era fácil desconfiar de algo assim,
poderia ou não ter algo ali, não é? Claro que
sim, tudo tinha sua possibilidade ali. Pegou
a pequena pá, entregou sua arma para que
Veríssimo iluminasse e após tudo isso,
começou enfincando a lâmina da pequena pá
na terra, e foi retirando o monte pouco por
pouco, jogando para frente, até revelar um
buraco um pouco “fundo”, que, quando
iluminado, só mostrou um bilhete, ou talvez
uma tira de folha velha que não tinha nada
escrito. Era simplesmente lixo.
— Ah! Que merda?! Tá em branco.
— Pff... — O castanho deu risada —
Vamos subir, cara. A gente tem que
terminar de ver o resto lá em cima. Depois
vemos isso com o grupo reunido.
— Tá bom..... — Demonstrava certo
ódio pela situação, mesmo sendo por nada.
Se levantou e pegou sua arma, e eles
finalmente saíram lá de baixo da
plataforma, subindo novamente lá em cima e
voltando pelo mesmo caminho de antes,
agora tendo aquela pá. Quem estava na
frente novamente era Zero, iluminando.
Aquela sensação.... Aquela maldita sensação
de que você está correndo perigo, que você
vai sumir ali mesmo em questões de
mínimos segundos. Isso amedrontava a
mente dos dois ali, que resistem e continuam
a caminhar lentamente, a madeira do piso
daquela plataforma rangia, em um barulho
insuportável e irritante, parecia que quanto
mais pesados os passos ficavam, mais o
barulho era alto. Levemente incomodados,
eles prosseguiram sem mais nada de
importante para vasculhar, ali estava vazio,
e o clima continuava naquele ar frio e
amedrontoso.
Agora, no outro lado dos corredores, a
direita, Violeta caminhava apontando sua
arma de fogo, iluminando o caminho graças
à lanterna que ela tinha. Sabe o instinto de
que você não está protegido em um lugar?
Que tem alguma coisa bem embaixo do seu
nariz, te observando tão de perto, e você não
consegue ver? Olhos que percorrem seu
corpo, lhe causam arrepios de desconforto e
te alerta, você deve voltar. Era isso que os
dois que caminhavam naquele corredor
sentiam, um arrepio, um desconforto;
Francisco olhou para baixo, teve a sensação
de que algo estava nos arbustos, como se
fosse um vulto, desaparecendo em um piscar
de olhos. A face gélida do Quatro–olhos já
denunciava o que ele sentia, se já não fosse
por isso, começou a suar, não só na face, seu
corpo inteiro estava assim, esquisito.
— V.... Violeta! — Exclamou
gaguejando — Me espera, não me deixa
sozinho! Por favor!!
Vendo melhor, Violeta já estava mais
fora de vista, o rapaz estava sozinho ali,
confuso e aflito, acelerou seus passos que
começavam a fazer sons altos graças à
madeira do piso, e foi desacelerando na
medida que se aproximava da curvatura que
levava para a parte de trás da construção.
Mas, antes, Francisco passou por uma
pequena rachadura, que dava a uma brecha
para ver o lado de dentro da construção. Ele
se sentiu atraído, era como se o “mundo” ao
redor parasse de lhe dar interesse, era
apenas ele e aquela pequena brecha. Toc...
Toc.... Toc. Era o barulho que a parede
emitiu, estava abafado, num intervalo médio
de um som do outro. — madeira rangendo —
ele se aproximou, curioso e medroso como
sempre, tocou na parede o primeiro sinal,
ouviu novamente: Toc.... Toc... Toc.
Aproximou seu rosto, parecia olhar para
dentro da parede, e... Tic, Tac. Tic, Tac. Era
o som de um velho relógio de pêndulo.
Parece relaxante, ouvir aquele som
enquanto balança, balança e balança, é algo
único para o homem.
— OU! VEM LOGO SEU ‘FROUXO!
NÃO TEMO TEMPO. — Gritou a mulher
retornando aflita, parecendo que se assustou
com aquela ausência. — O que você está
bobeando aí?!
—Ah!! V... Violeta?! — Tomou um
susto, quase que um choque que o acordou
daquele sentimento anestésico, e se viu na
plataforma.— Por que diabos você me deixou
sozinho?!
Foi em direção da mulher da forma
mais rápida possível, e a madeira, rangendo.
Ela apenas agarrou o pulso do rapaz com
força, e o levou com ela lá para trás daquele
lugar, sem perder nenhum contato com o
próprio.
Não havia mais nada de interessante
para ver naquele ambiente até então, a
menos que explorasse lá em baixo da
plataforma, vai que encontram mais sobre
isso tudo? Não foi isso que eles pensaram,
pelo menos, é isso que eles aparentam.
— Olha só... Você, nunca mais, me
deixa sozinho! Entendeu?! Você quase me
matou!!!
— Deixa de ser dramático! Você ficou
para trás porquê quis! Eu ainda fui te
buscar, tá legal?! Além do mais, você parece
ser muito lerdo também, cara.
— Só por favor, não me deixa mais
sozinho assim! — Falou com certa
tremedeira, que retornou a dominar seu
corpo.
Então, a mulher foi mais para frente,
lá atrás era até que mais “diferente” se fosse
olhar um por certo ângulo: tinham três
degraus que levavam para baixo da
plataforma, e mostravam um caminho de
terra até muitos arbustos altos, que se
forçasse o olhar, mostra bancos de concreto;
mesas abaixo de árvores, com vários bancos;
muitos insetos pelo chão; e dentre outros.
Parecia ser meio que uma pequena
praça para os pacientes e psiquiatras, ao ar
livre. Mas, como lá na frente, os matos e
arbustos não eram aparados a muito tempo.
Bem, olhando para outro lado, agora focando
na estrutura, viu uma porta de ferro, meio
enferrujada, mas ainda parecia resistente.
— Hey, vem cá.
— Ué? — Francisco teve uma
expressão de dúvida e curiosidade, e se
aproximou ao chamado da mulher. — Que
que foi agora?
— Vamos tentar abrir? — Apontou
para a porta à frente. — Vai que a gente dá
sorte!
— O que você pretende fazer pra
abrir? Muito provavelmente está trancada.
— Ah! Qualquer coisa a gente vai
chutar com tudo, entendeu?! — Falou
confiante e com certa impaciência, ela
finalmente encontrou motivo para
“danificar” uma porta que, por incrível que
pareça, era um objetivo desde sua
adolescência. — Tudo certo?
— Meu senhor.... Tá tá! Tenta aí.—
Suspiro. — Mas pode dar muito errado, e
você sabe.
Soltou um riso após a última frase de
seu amigo, e levou seus palmos até as barras
que ao lado diziam: “Puxe”, e, em um puxão.
— estava trancada —, apenas fazia altos
barulhos metálicos e enferrujados, já era
difícil fazer a porta se mover graças a tanta
ferrugem acumulada principalmente na
parte de baixo. E, um suspiro se ouviu vindo
do opositor.
— Eu disse que provavelmente estaria
trancado... — falou em um ar de desânimo, e
coçou a nuca.
— Ah mas! Então agora a gente vai
chutar até abrir!?
— O quê?! Não mesmo!
— Francisco, você vai me ajudar!
— Não conte comigo para isso, não
mesmo!!
Enquanto os dois falavam alto
naquele lugar, Zero e Veríssimo finalmente
chegavam até o lado de trás da estrutura,
meio confusos com o motivo do falatório tão
alto, e sabiam que deveriam ser mais baixos,
se não alguma coisa poderia sentir ou vir até
ambos.
— Ou! Fiquem quietos! O que é que
está rolando?!
— A Violeta quer arrombar essa
porta!

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