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ELITE KING’S CLUB #6

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6

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PRÓLOGO
SAINT

Todos têm uma história, e quando você morre, suas


memórias ficam gravadas nas mentes das pessoas que você deixa
para trás, gravadas com tinta permanente. Eles podem voltar e
visitar seus capítulos favoritos quando precisam de conforto, ou
simplesmente pular as cenas que querem esquecer, mas o que não
conseguem fazer é eliminar. Mesmo se você rasgar uma página de
um livro bem escrito, sempre haverá sinais indicadores de que
algo estava lá. Então, em essência, você viverá para sempre, certo?
Eu não pensava muito sobre isso até conhecê-lo. Ou seja, no dia
em que eu morreria. Deixaria para trás um romance ou seria uma
série de nove livros que precisaria de sua atenção integral? Veja,
olhei nos olhos da morte duas vezes em minha vida, ambas as
vezes começaram na entrada de sua alma. Seu olhar sempre foi
pesado e malandro, mas ele acendeu um fósforo dentro do meu
corpo que queimaria uma vida inteira depois que eu partisse. Não
tinha certeza do que senti na primeira vez que sua pele fria e
cadavérica passou sobre a minha, mas me lembro que foi o dia
exato em que soube que nunca seria a mesma. Fui tocada pelo
Diabo; O céu nunca iria me querer agora. Não que o paraíso fosse
o meu lugar também, embora eu tenha certeza de que ele pensava
assim. Almas torturadas ainda choram; elas se despedaçam em
cantos escuros onde ninguém pode ver. Brantley é apenas isso -

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torturado - embora ele não esconda isso. Ele usa sua escuridão
como uma lembrança, orgulhoso e indiferente. Eu conhecia
Brantley de dentro para fora, digo isso literalmente. Estava
familiarizada com as notas que seu sangue deixava em minha
boca bem depois que o engoli.

E acho que isso vai me assombrar mais do que qualquer


coisa. Isso vai me assombrar muito mais do que este dia.

O dia em que meu livro chegou à página final.

BRANTLEY

Passado

Eu não conseguia tirar meus malditos olhos dela. Se papai


olhasse para a minha janela agora e me pegasse assistindo-o e tio
Hector tendo uma discussão que, claramente, parecia acalorada,
eu poderia muito bem ter dado a ele a chave do meu bloco de celas
e encerrado o dia. Não era que eu odiasse meu pai, era
porque odiava meu pai. Sim, havia uma diferença. Gostaria que
meus problemas com Lucan Vitiosis fossem tão simples quanto a
maioria das outras crianças quando diziam que odiavam seus
pais. Eles não eram. Enfim, de volta à garotinha. Ela parecia
estranha. Como se não pertencesse a este mundo, mais como um
extraterrestre. Seu cabelo era longo para sua idade, ao redor dos
ombros, devia ser do tom de branco mais branco que eu já
vi. Quase translúcido.

Afastei-me da vidraça e, antes que pudesse pensar ou mesmo


me conter, comecei a descer o corredor e as escadas. Eles

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rangeram sob meu peso, todos os retratos pintados da linhagem
Vitiosis estavam olhando para mim, provavelmente me dizendo
para ficar fora disso. — Desculpe, tia, seja qual for o seu
nome. Mas você a viu? — Ainda estou descendo as escadas
enquanto coloco o polegar por cima do ombro. — Ela é como
uma boneca. — Nunca fui fã de brincar de boneca, até que a
vi. Agora quero desmontar os pedaços dela só para ver como ela
funciona.

Pausei. Minha mão agarrou a maçaneta da porta. O


emblema do leão dourado marcando a palma da minha mão. Que
se lixe. Girando, descansei minha cabeça atrás da porta, fechando
meus olhos com força. Eu não precisava me envolver. Mas então
ela gritou, e cada nota que deixou sua boca se escondeu em todos
os cantos escuros da minha alma. Em vez de fugir de mim, ela
veio até mim. A raiva atravessou meu corpo instantaneamente e
me virei, abri a porta e congelei na soleira com meus ombros
travados e meus dentes à mostra. Meus olhos encontraram seu
corpo instantaneamente, nem percebi que estava checando seus
ferimentos até que meus olhos encontraram o aperto de Lucan em
seus braços.

Olhei para meu pai. — Deixe-a ir. — Ela usava uma blusa
roxa de gola alta e calça branca. Não estava suja ou com aparência
suja, sua pele era brilhante e de aparência fresca. Ela obviamente
tinha sido cuidada de onde quer que ela viesse. Um emblema
dourado em sua blusa brilhou quando o sol o atingiu, mas não
prestei muita atenção nele.

Lucan virou a cabeça por cima do ombro até encontrar meu


olhar. — O quê?

Hector agarrou a menina. — Vou lidar com isso de outra


maneira. Brantley, — Hector exigiu minha atenção, mas tudo que
eu conseguia fixar era o controle que ele tinha sobre a
menina. Nunca me importei com muita coisa na vida. Não porque
eu não quisesse, porque eu quis. Eu queria. Mas não

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consegui. Tudo era estático para mim. Gostaria de me preocupar
com as merdas mundanas com as quais meus irmãos se
importam. Meninas, sexo, drogas, carros velozes e todas essas
coisas. A minha atenção era frágil quando se tratava de tudo na
vida. Você tem cerca de três segundos para me dar um estalo na
cabeça ou estou fora.

Já haviam passado cerca de cinco minutos.

— O que você testemunhou não pode deixar este círculo,


filho. — Hector ainda falava, mas não prestei atenção nele, o que
em si é um desrespeito louco ao nosso Rei Master. Hector era o
padrinho não só das ruas, mas também dos malditos
engravatados.

— Quem é a garota? — Perguntei, desta vez me forçando a


me desconectar dela até que meus olhos pousaram em Hector.

Ele olhou para Lucan, que então chamou sua atenção para
mim. — Vá para dentro, filho. Isso não é da sua conta.

Dei seis passos na direção deles, ajoelhando-me na frente da


garota. Ela piscou para afastar as lágrimas e finalmente olhou
para mim pela primeira vez.

Silêncio. Sem vida. Silêncio.

O vento aumentou e pude ouvir algo ao fundo. Falando, eu


tinha certeza, mas não me importei. Tudo e qualquer coisa
sumiram ao meu redor, tudo o que existia neste momento era ela
e eu. Que porra é essa? Ela tinha minha atenção
completamente. Os olhos eram tão claros, se não fosse pelas
manchas verdes neles. Suas pestanas eram tão escuras que
podiam combinar com todos os segredos que eu escondia em meu
armário.

Ela fungou.

Meus olhos se estreitaram.

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— Qual o seu nome? — Perguntei a ela.

— Brantley, — Lucan estalou de cima. Não me importei. Iria


aguentar a ira que eu sabia que ele iria impor sobre mim esta
noite, faria qualquer merda que ele quisesse que eu fizesse, mas
não havia nenhuma maneira no inferno que essa garota iria sair
do meu lado.

Nunca.

Se alguém tentasse tirá-la de mim, só conseguiria andando


sobre meu cadáver frio e morto.

Sua cabecinha se inclinou, fazendo com que seu cabelo se


alongasse para um lado de seu corpo. Ela examinou meu rosto
como se estivesse intrigada. Dos meus olhos, ao meu nariz, à
minha boca, à minha clavícula. Ela estendeu a mão e pressionou
a palma sobre o meu peito, bem sobre o meu coração, senti a
eletricidade me atingir de fora para dentro. Era como se ela
literalmente alcançasse dentro do meu peito e se implantasse
profundamente em meus ossos.

— Porra. — Sim, ela não iria a lugar nenhum.

Ela mordeu o lábio, colocou o cabelo atrás da orelha e pegou


minha mão com confiança. A mesma mão que apertou para se
proteger era a mesma que os homens logo temeriam.

Levantei-me na minha altura máxima, o que era acima da


média para uma criança da minha idade, mas nem de longe tão
grande e assustador quanto meu pai e meu tio. Inclinei minha
cabeça para olhar os dois. — Ela é minha. Vocês dois podem
resolver isso, e tio? O segredo estará mais do que seguro.

Comecei a caminhar com a garota em direção à casa. Eu,


vestido de preto. Ela, vestida com cores. Sabia no fundo da minha
mente que a estava conduzindo para a escuridão, mas pelo menos
ela não estaria lá sozinha. Estaria comigo.

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— Sobrinho... — Hector gritou, parei timidamente perto da
porta. — Ninguém pode saber sobre ela. Nunca.

Concordei. — Entendido.

Não perguntei por que eles estavam aqui. Não fiz nenhuma
das perguntas que, aqui e agora, deveria ter feito.

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Capítulo 1
SAINT

Presente

O dia em que entrei na família Vitiosis queimou meu cérebro


como um ferro em brasa. Seu toque. A frieza do seu aperto em
volta da minha mão. Ele liderou e eu o segui. Ele falou e eu
ouvi. Acho que ao longo dos anos, seguramente me tornei a garota
que sou hoje porque o tinha ao meu lado. Nem sempre
fisicamente, mas espiritualmente. Havia um laço invisível que
uniu nossas almas desde o momento em que ele pegou minha
mão. Acho que ele odiou.

Ouço vozes lá embaixo. Nenhuma delas é familiar. Brantley


não recebe visitantes com frequência. Pelo menos ele não faz isso
há algum tempo. A mansão é sempre barulhenta, mas não é das
pessoas que vivem aqui, mais dos fantasmas daqueles que
partiram.

Flexiono meus dedos em torno da Medusa enquanto ela


envolve sua cauda preta e lustrosa em volta do meu
braço. Medusa foi o primeiro animal de estimação que Brantley

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me deu quando eu tinha dez anos. Subi para o meu quarto depois
da minha aula de inglês com minha tutora e ela já estava instalada
em seu gabinete. Brantley estava inclinado sobre o vidro,
acariciando suas costas. — Como você quer chamá-la? — ele
perguntou, nunca olhando para mim. Eu dei os passos em direção
a ele, envolvendo meus dedos ao redor da borda do vidro.

— Você pode dar um nome para ela, — disse, mordendo meu


lábio nervosamente. Não que ele me deixasse nervosa, porque ele
não deixava.

Seus olhos encontraram os meus no exato momento em que o


trovão estalou do lado de fora da minha janela. — Dei a você um
nome, Saint. Você pode nomear a cobra. — A chuva batia no vidro
das portas do meu pátio, mas eu estava muito focada em nomear
meu novo animal de estimação para apreciar a chuva como
normalmente fazia. Eu gostava de qualquer coisa dramática e
taciturna.

— Humm. — Estudei as curvas das feições de Brantley. Ele


havia crescido muito nos últimos dois anos, envelhecendo em seu
novo corpo graciosamente. Ele tinha quatorze anos, mas parecia
mais dezesseis. Lucan sempre o manteve ocupado fazendo
negócios de família. Nunca soube o que era porque nunca tive
permissão para sair desta casa a menos que estivesse
acompanhada por Brantley e somente Brantley. Nunca um guarda,
apenas Brantley. Ele também me escondeu. Nunca me deixou sair
do meu quarto quando seus amigos vinham. Não me importei.

— Medusa, — disse, sorrindo.

— Você está estudando mitologia grega ou alguma merda? —


ele perguntou, suas sobrancelhas grossas curvando-se para
dentro.

Balancei a cabeça, espiando no vidro. — Sim, é por isso.

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Não queria dizer a ele que era porque ele também me lembrava
uma das estátuas gregas. Frio, pálido e sem vida.

Trago Medusa até meu rosto, procurando seus pequenos


olhos redondos. Ela é um pouco estranha e sempre quer
comer. Se eu ficar muito tempo sem alimentá-la, ela tentará me
comer, e se isso não funcionar, ela tentará se comer sozinha.

Muito dramática.

Ela é minha melhor amiga. Bem, ela e Kore.

— Devo descer desta vez? — Sussurro. Fiquei muito


desapontada quando descobri que Parceltongue1 não era, de fato,
uma língua verdadeira. Observo Medusa de perto, como se
esperasse que ela respondesse enquanto permanecia longe o
suficiente do meu rosto para que ela não mordesse minha
bochecha.

Levantando-me da cama, atravesso o quarto e a coloco de


volta dentro de seu recinto. — Você acabou de comer. Pare de ser
gananciosa. — Seu corpo sedoso desliza sobre meu braço
enquanto ela escorrega em um dos pequenos galhos. Projetei o
interior dela assim como esta casa. Há uma pequena mansão de
aço que fica no meio. O projeto é na verdade a casa da Família
Addams. Achei que era parecido com a mansão e comprei na
Etsy2.

Viro-me e inclino contra o recinto, encontrando Kore


enrolada na minha cama, dormia com Hades ao lado dela. Hades
é o cachorro de Brantley e Kore é meu. Ambos os dobermans
geralmente dormem do lado de fora da minha porta, mas quando
pessoas estão lá, entram no meu quarto. Minha roupa de cama

1 Parceltongue (Ofidioglota) - era a língua das serpentes (assim como de outras criaturas serpentinas

mágicas, como o Runespoor e o Basilisco) e aqueles que podiam conversar com eles – Universo Harry
Potter;
2 Etsy é um site de comércio eletrônico;

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branca terá pelo preto espalhado sobre ela em algum
momento. Devo descer? Vou até o espelho que está embutido na
porta do meu armário. Eu poderia ir. Brantley provavelmente
ficaria chateado, mas não é nada que eu não possa controlar. Uma
grande parte de mim costumava se perguntar por que ele nunca
me deixou encontrar seus amigos, mas então me lembro que era
Brantley. Ele ainda hoje controla cada movimento meu.

E devo a ele.

Devo muito a ele.

Observo minha aparência.

Vestido de verão amarelo com alças finas. Não muito frouxo,


mas ajustado o suficiente para mostrar a curva de meus
quadris. Meu cabelo cai sobre os ombros em ondas suaves, como
uma avalanche caindo sobre as montanhas, enquanto meu rosto
parece muito pálido para o calor que se espalha por dentro de
mim. Chego para frente e toco o espelho. — Dane-se.

Pegando meus sapatos Converse brancos, eu os calço e me


encaminho para a porta do quarto. Meus dedos flexionam sobre a
maçaneta enquanto Kore e Hades se mexem na cama.

Eles sabem que eu não deveria estar fazendo isso tanto


quanto sei que não deveria.

Abro a porta e saio andando em direção à primeira escada


que depois leva à escada principal. Me arrasto enquanto desço,
meus olhos fixos no chão e meus dedos passando por cima dos
velhos corrimões de madeira.

O silêncio corta a conversa e sei que fui vista.

Levanto meus olhos para encarar a todos. — Oi. Eu sou


Saint.

Eles se olham; alguns confusos, outros nem tanto. Deve


haver cerca de dez pessoas aqui, junto com alguns adultos.

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— Ahh, acho que essa é a nossa deixa para sair, — diz um
homem mais velho. Seu cabelo está penteado para trás, com fios
grisalhos que grudam nas laterais raspadas. Tatuagens rastejam
pelas mãos e pescoço - tantas tatuagens. Ele pega a mão da
mulher ao seu lado e lentamente a acompanha para fora da
sala. Pouco antes de dobrarem o corredor, os dois lançam um
sorriso tenso para mim. Lábios franzidos e olhos
caídos. Estranho. No entanto, ambos estranhamente atraentes.

— Que porra você está fazendo aqui? — Brantley resmunga,


dando os primeiros passos em minha direção ao mesmo tempo em
que tira o silêncio constrangedor que se agarra no ar com um
punho de ferro.

— Bran Bran! — Uma garota, a mesma que vi no ginásio não


muito tempo atrás, o interrompe, seus longos cabelos rosa presos
atrás das orelhas. — Está na hora.

Ela sabia sobre mim? Minhas bochechas esquentam. Na


verdade, nenhum deles parece realmente surpreso ao me ver.

— Ela está certa, — outra voz diz, desta vez um homem. Eu


o encontro sentado em uma das cadeiras, um pé pressionado
contra a mesa de centro. Ele, como o homem mais velho, tem
algumas tatuagens borrifadas no braço e no pescoço, embora não
muitas. Não tanto quanto os outros caras que estão aqui com
eles. Um até as tem no rosto. — Você não pode mais escondê-la
nesta casa. Ela é parte disso e você sabe.

— Parte do quê? — Medito. Meu inglês é fluente, mas o final


de algumas sílabas ainda faz minha língua escorregar e
lutar. Disseram-me que eu tinha um problema de fala desde
criança, embora isso já tenha sido resolvido. Agora Brantley
provavelmente deseja que ele pudesse me calar.

Brantley se afasta de mim e se dirige ao armário de


bebidas. Seus longos dedos envolvem uma garrafa de uísque
envelhecida quando ele a fecha novamente e se vira para me

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encarar. Posso sentir o calor irradiando dele em ondas, com uma
maré que é direcionada para você. Encontro seu olhar
instantaneamente, oferecendo um pequeno sorriso. Ficarei bem,
digo a ele. Eu vou te matar, sua resposta. Nós dois sabemos que
não é verdade. Ele me tolera como um animal de estimação. Ele
me mantém por perto porque acha que tem a responsabilidade de
cuidar de mim, mas descobri a verdade. Sempre fui uma peste
para ele, nada mais, nada menos. A minha vinda até aqui foi,
espero, o primeiro passo para me afastar dele, para lembrá-lo de
que ele não está preso a mim. Ou no mínimo, ele não tem que
estar. Devo-lhe minha vida, mas ele não precisa estar nela para
sempre.

— Sou Tillie, — a garota de cabelo rosa diz suavemente. Ela


aponta para o cara ao lado dela. — Este é Nate, as duas pessoas
que acabaram de sair foram Scarlet e Hector Hayes, e esse...—
Seu dedo pousa no cara que está sentado na cadeira com a perna
apoiada na mesa de café. — Este é Bishop Hayes. Aquele é Eli,
mas você pode ignorá-lo. — Eli ri baixinho enquanto ela
continua. — Hunter e Chase são a geração mais velha, então você
provavelmente não verá muito deles, mas eles estão por aí... — ela
divaga, mas meus olhos estão presos em Bishop, que parece estar
me observando com atenção. Mantenho seu olhar
obstinadamente, ignorando o fato de que é como uma chama
aberta em um quarto escuro. Finalmente, afasto meu olhar para
longe dele, —...então esqueci alguma coisa? — Tillie pergunta,
alheia à diminuição da minha atenção. Não sei do que ela estava
falando porque minha mente estava presa em uma dimensão e
apenas uma dimensão.

— Ah, — murmuro, arrastando os pés. Minhas palmas


coçam. Talvez não tenha sido uma boa ideia vir aqui, afinal.

— Ela não sabe de nada, Pequena Terrorista, cale a boca, —


Brantley resmunga do outro lado da sala. Não foi áspero, alto ou
raivoso. Seu tom era desdenhoso e malandro. Talvez ele não

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precisasse gritar para ser ouvido, as pessoas apenas ouviam. Era
óbvio que era o que estava acontecendo agora.

Tillie inclina a cabeça para o lado até que seu cabelo rosa cai
sobre um ombro esguio. — Bem, isso tem que mudar, e você sabe
disso.

Estou confusa.

Todos dançaram ao meu redor ao som pesado de Korn. Eu


amava Korn. A música deles era atraente, estimulante e,
honestamente, meio exaustiva, mas pulsava dentro de mim
de qualquer maneira, implacável em sua missão. Eu só queria
sentir. Para me perder no mar de adolescentes suados e fingir que
era como eles. Assim como eles. Mesmo que eu soubesse, no fundo,
que não era, se eles não soubessem que eu não era, achariam que
algo estava errado pois cada um que se aproximava de mim,
sempre se assegurava de ficar longe o suficiente para não perder
seus dedos. Se alguém tivesse se esforçado para me perguntar,
teria dito a eles que estão perdendo seu tempo temendo por suas
vidas. Eles podem dançar a meu lado. Ninguém.

Levantei meus braços acima da cabeça e movi meu corpo no


tom ameaçador de Jonathan Davis. Queria transar com a voz dele.
Envolvê-lo entre minhas pernas e devorá-lo inteiro. Um sorriso
traçou meus lábios nesse pensamento, e lentamente abri meus
olhos. Esse sorriso só cresceu quando notei dois caras sentados em
um sofá, me observando. Eles vestiam roupas escuras, mas um
usava tênis brancos e o outro botas pretas. Um tinha tatuagens no
braço, enquanto o outro parecia não ter nenhuma. Eles tinham a
mesma estrutura, apesar de um ser mais alto, largo e aborrecido,
enquanto o outro parecia simplesmente indiferente. Ele poderia
fingir que não estava interessado o quanto quisesse, mas eu senti
as chamas de seus olhos me lamberem da cintura para baixo.

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Joguei meu cabelo por cima do ombro e lentamente fui em
direção a eles. Eu estava confiante, para dizer o mínimo, e isso
provavelmente - não, definitivamente - vinha de sempre conseguir
tudo que eu queria na vida. Isso entre outras coisas.

Assim que cheguei à beira do sofá, olhei para os dois


caras. — Bem? Vocês dois vão ficar sentados só olhando, ou vão
me mostrar se podem me foder como seus olhos acabaram de fazer?

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Capítulo 2
BRANTLEY

Segredos. Os Elite Kings eram notórios por mantê-los,


escondê-los onde as meninas não poderiam encontrá-los e, em
seguida, enfiá-los goela abaixo quando era conveniente. É como
verificamos se você segurava o tranco. Era o que
fazíamos. Derramamos o sangue de nossos inimigos no mesmo
piso em que todos aprendemos a andar. Essa era a nossa
vida. Alguns presumiam que éramos uma sociedade secreta, mas
tampouco é isso. Sociedades secretas têm limites, nós não
tínhamos nenhum. O Elite Kings foi criado há gerações e gerações
atrás pelos pais fundadores. O tataravô de Bishop foi o, fundador,
seja lá quem tiver sido, o maldito criador, juntamente com o meu,
o de Nate e de Eli. O mal não se desvaneceu através das gerações;
ele só se tornou mais forte a cada desova. Encontramos novas
maneiras de atormentar nossos inimigos. Quero dizer... pergunte
a Madison.

Tentei com Tillie, não funcionou.

Tillie, que acabou de anunciar a todos nós que está grávida.

Todo mundo está animado. Extasiado pra caralho. Os


braços de Nate estão ao redor dela, sua mão em sua barriga de
forma protetora. A próxima geração dos Elite Kings está prestes a

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começar, o que dá ao resto de nós cerca de um ano para
engravidar alguém se quisermos que nossa linhagem continue.

Provavelmente não. Sabia que estaria cortando a linhagem


dos Vitiosis muito antes de matarmos meu pai.

— Bran Bran... — Tillie brinca do outro lado da sala. Ela


acha que odeio o nome. Reconheço que não me importo. Ela pode
me chamar do que quiser. O pai de Bishop, a mãe e os pais de
Nate há muito partiram, deixando apenas Nate, eu, Bishop, Tillie
e - meus olhos caem em Saint. Ela. Meus malditos cinco minutos.

— Não vou parabenizar você, Tillie — respondo


categoricamente, afastando-me do fato de que Saint se meteu
nessa confusão que chamo de minha família. Tê-la na mesma
vizinhança que esses selvagens deixa os cabelos da minha nuca
em pé. Quando ela desceu as escadas, ninguém piscou. Mas a
gama de olhares que estou recebendo de Bishop e Nate é suficiente
para me dizer que a conversa ainda não acabou. Não vai acabar.
A razão pela qual nada pode ficar entre os Kings é porque nós
nunca convidamos ninguém a entrar.

Arranco a rolha da garrafa com os dentes e despejo o uísque


japonês de trinta anos direto no copo.

Estou observando todos ao meu redor, mas minha atenção


está exclusivamente em Saint.

Tillie se aproxima dela, seus tiques nervosos em plena ação.


O aconchego de seus cabelos atrás da orelha, o embaralhar dos
pés, e o olhar para o chão antes de olhar para cima. Tillie era um
livro aberto. Ela era sempre tão animada e feroz e não tinha
absolutamente nenhum problema em colocar as pessoas em seu
lugar. Era o que eu mais gostava nela. Manipulava as merdas, por
mais selvagens que fossem em suas mãos - ela sempre as
controlava. Quero dizer, Nate. Um exemplo. — Quem diria que
esse bastardo estava mantendo você como refém. — Tillie se

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apegaria a Saint, não só porque são irmãs, mas porque são duas
metades que sempre precisaram ser inteiras.

Saint move seu longo cabelo como a neve sobre um ombro


rígido, meus dedos flexionam em torno do copo. Ela olha para
Tillie com seus olhos de corça. Do cinza mais branco que você
poderia imaginar, eles quase pareciam irreais.

A primeira coisa que notei sobre Saint foi a cor dos olhos.

A segunda foi a facilidade com que ela pegou a raiva ardente


que fervia no meu interior e a guardou para usar como arma. Eu
era a arma dela; apenas escolhia seus alvos. Como, você
pergunta? Bem, para começar, era possível respirar nas
proximidades dela, e se eu achar que você está perto demais, será
a última vez que você tomou ar. Tocá-la? A última lembrança que
sua família terá de você será de suas mãos na porra de um caixão.
Ela pegou minha raiva e carimbou seu nome através dela em
letras maiúsculas.

— Há muita coisa que você não sabe. — Giro o líquido âmbar


em meu copo, com meus olhos em Tillie.

Ela bufa, cruzando os braços na frente dela. Seria fofo, se eu


desse a mínima. — Isso, eu não duvido.

Balanço minha cabeça lentamente para ela. Deixe pra lá.

— Tudo bem, — ela diz, enganchando seu braço no de


Saint. — Nós vamos ser amigas. — Tillie continua a caminhar com
Saint para fora da sala e para a área da cozinha, deixando Nate,
Bishop, Eli e eu. Porra, não sei para onde Cash e Hunter
foram. Perdi tudo enquanto contava até cem, porra.

Eli chuta minha perna enquanto sento no sofá ao lado de


Bishop. — Como diabos você conseguiu manter suas mãos longe
dela?

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— Porque não penso com meu pau. — Viro minha cabeça até
que meu foco esteja de volta nele.

Eli ri. — Fodido desperdício. De que adianta ter essa escada


se você não permite que as vadias a subam?

Fico olhando para Eli. Piranha de merda. Eli sempre foi o


mais estridente do grupo, e nosso grupo tem o Nate, então isso é
dizer alguma coisa. — Porque as putas raramente vivem para
chegar ao topo.

O silêncio cai ao meu redor até que meus olhos se fechem e


a fadiga se infiltre em meus músculos.

— Você vai dizer a ela que Tillie é sua irmã e que sua mãe
era uma vadia psicótica que tivemos que matar? Ou que Bishop é
seu meio-irmão e que seu pai é um verdadeiro bandido vestido de
Armani? — Ele tem razão. Ela deveria saber sua história, mas isso
abriria uma nova lata de 'Que porra é essa?' quando ela
perguntasse quem diabos nós somos e como ela passou a viver
com Lucan e eu.

— Sim, eu irei. Mas, não agora.

— Você está tão preocupado quanto eu com a amizade que


poderá se formar? — Nate resmunga, observando todos nós com
ceticismo do outro lado da sala.

Aperto minha mão em punho, minhas unhas cortando


minha palma. — Não. — Rio, balançando minha cabeça. — Tillie
cuida das pessoas que ama. Confio nela com Saint.

— Confia nela? — Bishop me encara inexpressivo. — Tão


profundo, hein?

Minha mandíbula cerra. — Você não tem ideia.

~~~

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Nate construiu The Den nesta casa, mas depois mudamos o
nome para Buckingham. Ela está repleta de móveis pretos com
madeira vermelha de mogno e vidro moderno. Há um bar, uma
mesa retangular com dez assentos, tapetes de pelúcia pretos, uma
mesa de pôquer, uma mesa de bilhar e um cofre que está integrado
à parede, cheio de pilhas de barras de ouro e passaportes falsos.
Tudo isso fazia parte do plano de Bishop de fazer algumas
mudanças dentro do mundo dos Kings quando ele assumiu o
controle. Nossos pais governaram vigorosamente, assim como
seus pais, mas era hora de modernizar o mundo dos The Elite
Kings. Para estar um passo à frente, temos que nos certificar de
que estamos dez passos à frente.

Caindo em um dos sofás de couro, pego o umidificador e um


charuto cubano. Eu o corro debaixo do meu nariz, inalando todas
as notas exóticas que são enroladas enquanto observo
Bishop. Dizer que ele está tenso desde que Madison partiu é um
eufemismo completo. Bishop estava com raiva. Agora ele está
apenas sofrendo.

Suas mãos mergulham em seu cabelo enquanto Nate, Eli,


Hunter e Chase se encaminham para a área de estar e encontram
um lugar para se sentar. Bishop pigarreou. — Precisamos falar
sobre Saint. — Agito o charuto em meus dedos, ignorando seu
pedido. A sala está silenciosa e sei que todos estão esperando que
eu responda.

Jogo o charuto sobre a mesa e me inclino para frente,


pegando o baseado que está enfiado atrás da orelha de Nate,
mordendo-o na boca e abrindo o Zippo que está sobre a
mesa. Acendo, dando uma forte tragada. Seguro a fumaça e me
inclino para trás na cadeira antes de lentamente liberar a nuvem
entre meus lábios em uma linha de anéis de fumaça. A tensão em
meus músculos e minha mente se liberta instantaneamente.

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Rolo a ponta entre o polegar e o indicador. — O que você quer
saber? — Mantive-a em segredo deles o máximo de tempo que
pude. Lucan não falou merda nenhuma sobre nada. Mesmo
quando tudo aconteceu, ainda assim não revelou nenhum detalhe
sobre Saint. E poderia ter dito. A trégua entre ele e Hector tinha
rachado. Ele não precisava manter Saint em segredo, mas ele o
fez. Mesmo durante seus últimos minutos nesta terra. Nunca
pensei muito sobre isso até agora. — Que tal começarmos com
como você sabe e o que você sabe?

Bishop troca olhares com Nate. Bishop e eu não temos nos


visto muito ultimamente, mas isso não significa que eu não levaria
um tiro pelo idiota. Ele exala e se inclina para frente. — Papai nos
contou. Disse que tínhamos que mantê-la segura.

Minhas sobrancelhas franzem enquanto dou outra


tragada. — Ela está sempre segura, porra.

— Nós sabemos disso agora, — Nate murmura, recostando-


se na cadeira. — Não sabíamos quando descobrimos. Então,
conte-nos a história dela.

Meu sangue esquenta. — Eu tinha sete ou seis anos. Sete,


acho, quando chegou. Mal tinha idade para segurar uma faca e
um garfo, mas foda-se se você colocasse uma 93 na minha mão,
eu teria atirado em qualquer filho da puta que se aproximasse
dela.

Bishop dá uma risadinha. — Então ela é sua Madison?

— Porra, não, — eu o dispenso. — Nunca cheguei perto dela


com essa intenção. Ela só - eu não sei. Eu precisava protegê-
la. Sempre senti essa porra de necessidade de protegê-la.

O silêncio era alto o suficiente para dançar pela sala com a


porra de um par de fodidas sapatilhas de ponta.

3 Pistola 9 milímetros;

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Tudo bem, bem, não vou fazer perguntas sobre o que quer
que esteja acontecendo entre vocês dois. Obviamente, tem alguma
história nisso.

Cerro meus dentes. Pode-se dizer isso, porra.

— Há um problema com isso... — Cash murmura, seu dedo


trabalhando em seu lábio superior. Ele deixou o cabelo crescer, e
agora precisa ser amarrado em um belo coque.

— E o que é? — Corro minha língua sobre meus dentes antes


de mostrá-los como a porra de um lobo.

— Bem, há uma cor que temos que designar, você sabe, para
que os outros saibam que ela está fora dos limites. Portanto, vou
perguntar, já que ninguém mais tem coragem de fazer isso. Você
vai impregná-la com seu sangue para que o resto dos lobos saibam
que ela está reivindicada? — Ele chegou a explicar por que as
chamamos de “vermelho”.

Uma risada ameaçadora balançou através de mim enquanto


me recostava na cadeira e mantinha meus olhos nos dele. Preso
em seus azuis, não vacilo até que os meus pretos afoguem os
dele. — Não estou chamando-a de vermelho porque não é assim.

— Então ela estará disponível se começar a andar por aí


como temo que ela esteja. Quero dizer, todos nós sabemos o que
aconteceu com... — Cash faz uma pausa quando
um clique alto estala no ar.

Meus olhos vão direto para a cabeceira da mesa, onde Bishop


tem sua Desert Eagle4 pressionada contra a têmpora de Cash.

Cash não tira seus olhos dos meus, embora seu sorriso seja
arrogante o suficiente para Bishop ver.

4 Desert Eagle - Deagle é uma pistola semiautomática;

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Meu lábio se curva para cima, porque eu já sei por que ele
caiu na merda.

—... diga a porra do nome dela, filho da puta, e King ou não


King, seu cérebro será pulverizado sobre as paredes. — Bishop
está blefando, ele não mataria um King. Isso nunca aconteceu,
com exceção de Lucan.

Não consigo segurar minha risada, e minha cabeça bate no


encosto da cadeira enquanto lanço um sorriso franco e autêntico
para Cash. — Ahhh, você estava dizendo?

Cash revira os olhos. — Você sabe o que aconteceu com


aquela que não deve ser mencionada e Tillie. Durante um tempo,
ninguém as reivindicou. Houve quase dois 'throuples' 5
acontecendo. Está em nosso histórico esse fato.

Há um outro longo momento de silêncio antes de eu começar


a passar aquele mesmo Zippo por entre meus dedos. — Ninguém
vai tocar em Saint, — digo com calma afirmação.

— Você sabe disso? — Cash dispara de volta, e tenho que me


impedir de estender a mão sobre a mesa, agarrar sua garganta e
arrancá-la de sua coluna.

— Fato, eu sei disso.

— Como assim?

Meu lábio enrola. — Porque foder com uma garota que é


minha é muito mais assustador do que foder com alguém que foi
afogado no sangue de seu amante. — Paro, inclinando minha
cabeça enquanto mantenho meus olhos fixos nos dele. — Gostaria
de testar essa teoria?

5 Throuple - é uma combinação das palavras "three" e "couple". O termo se refere a três pessoas que

estão ligadas de alguma forma por um relacionamento romântico ou sexual, ou ambos.

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ELITE KING’S CLUB #6
Cash solta uma respiração ruidosa, caindo de costas na
cadeira e balançando a cabeça. — Juro que vocês são todos
loucos.

— E você, não é? — Levanto uma sobrancelha.

Cash pisca. — Não tão louco assim. Tenho certeza de que


você está certo... — Todos nós relaxamos um pouco quando
Bishop guardou sua arma. Bishop, o gatilho feliz. É como o velho
Bishop, só que mais magoado.

— Isso ainda deixa uma coisa, — Bishop diz da cabeceira da


mesa. — Ela precisa saber sobre mim e Tillie. Sobre Hector,
Brantley. É mais seguro para ela saber e, além disso, temos
ameaças externas que provavelmente estarão atrás dela se
souberem que, depois de todo esse tempo, Hector mudou em
relação a... — ele respira fundo e então solta lentamente entre os
dentes cerrados, —... Swan.

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ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 3
BRANTLEY

Quatorze anos de idade

Dea foi como eu a chamei quando ela entrou em nossa casa


pela primeira vez. Ela era uma criança. De um a três anos. Mas
diferente. Sua voz tinha um tom que eu nunca tinha ouvido. Às
vezes eu me perguntava se era por causa de seus primeiros anos
em algum orfanato fodido.

— Brantley? Você está em casa? — Houve uma batida na


minha porta, mas minha boca se fechou, meus dedos flexionando
na palma da minha mão. Eu não a odiava, mas deveria.

Porra, eu deveria odiá-la. Ela é uma Swan.

A porta se abriu, espalhando a luz do corredor em meu


quarto.

Não respondi. Não queria. Meu corpo estava doendo, sangue


escorrendo do meu nariz, deixando o gosto tóxico de metal
grudado no fundo da minha garganta.

Que porra ela queria?

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ELITE KING’S CLUB #6
Se eu não responder, ela obviamente irá embora.

Mas ela não foi. Ela deu alguns passos para dentro do meu
quarto e fechou a porta com um chute, cortando a luz que entrava.

Prendi minha respiração. Ela sabia que eu estava


aqui? Provavelmente não. Que porra ela está fazendo.

O colchão afundou ao meu lado. — Posso dormir aqui?

Ok, então eu estava errado.

Eu não respondi. Não pude. Cada vez que movia minha boca,
a dor percorria minhas gengivas. O filho da puta quase arrancou
a porra dos meus dentes, agora vou mandar os dele em um
pacotinho fofo para sua mãe usar em volta do pescoço. Aqui está
o seu colar de pérolas, vadia. Assinado, Elite Kings Club. Tudo
doía. Dor. E ainda, isso não era nada comparado ao que vivi esta
noite, mas a dor me lembrava que sobrevivi.

Ela obviamente se deitou ao meu lado porque podia sentir


seu peso corporal afundar no colchão, seu cabelo espalhado sobre
o meu braço.

— Por que cheira assim aqui? — ela perguntou suavemente,


e prendi a respiração novamente.

Queria dizer, por que diabos você está na minha


cama? Ninguém entra no meu quarto, muito menos na minha
maldita cama, mas não disse. Fiquei em silêncio porque tinha
medo de que se dissesse alguma coisa, ela veria através das
palavras que usei e arrebataria as que eu estava tentando
esconder.

Flexionei meus dedos, mas a eletricidade subiu pelo meu


braço, espalhando-se por minhas veias. Valeu a pena.

O problema com Saint é que ela fala. Um monte de


merda. Você esperaria que ela ficasse quieta, porque ela parece
recatada e se comporta com um tipo raro de graça que geralmente

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ELITE KING’S CLUB #6
só é capturado por algo celestial como um serafim. Ela não é. Ela
é ousada o suficiente para ser curiosa sobre todas as merdas deste
mundo, e acho que sou parcialmente culpado por isso. Sempre
pairei sobre ela como um monstro, pronto para destruir qualquer
um que se aproximasse.

— Brantley? — ela sussurrou. Sua voz tinha uma linha


direta para cada interruptor dentro do meu corpo.

Eu odiava isso.

— Você está sangrando de novo?

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ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 4
SAINT

Presente

Estava escuro demais para ser de manhã. Soube disso


quando abri meus olhos. Minhas cortinas de renda balançavam
com o vento que soprava pelo meu quarto, frio, mas
estranhamente sereno. O tecido branco se movia com as rendas.
Esfreguei meus olhos e os abri novamente, mas assim que minhas
pestanas se levantaram da bochecha, uma sombra escura passou
por mim, abaixando-se atrás da cortina. Salto da cama em estado
de choque, o medo rasteja através de mim, suas unhas afiadas se
movendo pela minha coluna.

— Quem está aí?

Esfrego meus olhos de novo, de repente mais acordada do


que um segundo atrás. Abrindo-os novamente, alcanço a cortina
para empurrá-la para fora do caminho. — Quem... — Está
vazio. Meu antigo conjunto de poltronas de três peças que fica no
canto, com minha mini planta Monstera6 no centro da mesa. —

6 Costela-de-adão.

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ELITE KING’S CLUB #6
Estou ficando louca. — Caminho em direção ao banheiro onde
minha banheira de mármore branco está montada no centro ao
lado do meu chuveiro independente. Amo meu banheiro, as
janelas dão para a frente da casa, mas todas as minhas diferentes
espécies de samambaias estão penduradas em vários
lugares. Brantley chama meu quarto e banheiro de “porra de
selva”, mas acho que é simplesmente perfeito.

Abro a torneira perto da pia, jogo água no rosto, enxugando


a umidade com minha toalha de algodão egípcio. O quarto é
silencioso. Isolado. Mas estou acostumada. Sinto-me mais
confortável no silêncio do que em torno do barulho.

Movendo-me pelo meu quarto, rodeada por minhas plantas,


me troco para o dia, mudando para algo confortável o suficiente
para trabalhar no jardim. Desde que eu era criança, a jardinagem
tem sido minha válvula de escape. Era um hobby, mas agora é
mais um estilo de vida. Ser capaz de cultivar e nutrir algo que está
vivo me dá um sentido de propósito.

Estou descendo a escada correndo, prendendo meu cabelo


em um coque alto quando detenho meus passos. Brantley está
encostado na parede oposta a mim, as mãos nos bolsos e os
ombros eretos. Nunca o vi fora dessas paredes, nunca o vi
interagir com seus colegas ou em ambientes sociais. Brantley
sempre foi reservado, frio e completamente inacessível, mas vendo
como ele interagiu com seus amigos noite passada, acho que há
muita coisa nele que não sei.

Às vezes, não se trata das palavras que as pessoas


sussurram em seu ouvido no escuro; na maioria das vezes é sobre
o que eles dizem na frente de uma plateia.

Estou começando a sentir como se o Brantley que conheço


fosse um mero esboço de todo o quadro artístico que é Brantley
Vitiosis. Quero estudá-lo como um todo, aprender as curvas e as
pinceladas, mas não posso fazer isso até que ele me mostre tudo.

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ELITE KING’S CLUB #6
— Está tudo bem? — Pergunto, brincando com a pulseira de
couro que está em volta do meu pulso.

— Sobre o que Tillie falou com você ontem à noite? — Ele se


afasta da parede e vai até a cozinha. Sigo atrás dele lentamente,
observando enquanto os músculos de suas costas flexionam
conforme ele reúne os ingredientes que precisa para um shake de
proteína.

— Ela perguntou sobre alguns detalhes da minha presença


aqui, — digo baixinho, puxando uma banqueta enquanto
permaneço focada nele.

— E o que você disse? — ele pergunta, pegando o pó e


despejando no copo do liquidificador.

— O básico, — respondo, observando-o de perto. Ele liga o


liquidificador e, por alguns segundos, somos abafados pelo
barulho. Ele o desliga, arranca a tampa e joga na pia, antes de se
virar para mim e se inclinar no balcão.

— Que é?

Apreensiva com a confiança vocal que ele está soltando,


minha boca se fecha levemente. Você presumiria que porque
vivemos juntos e convivemos sempre juntos, que nos veríamos
com frequência. Mas não. Brantley nunca está em casa. Pelo
menos desde que Lucan morreu de qualquer maneira. Até aquele
momento, eu teria tido confiança suficiente para dizer que ele e eu
convivíamos um com o outro. Pode não ser uma amizade
convencional, mas eu sabia que ele me tolerava. Desde a morte de
Lucan, no entanto, a raiva de Brantley apenas atingiu seu auge, e
mal o vejo agora. Eu o vejo ao redor da casa talvez uma vez a cada
três meses - se isso - e quando o vejo, é de passagem. Também
não é porque vivemos em alas separadas nesta mansão
gigantesca, porque sempre ficamos na mesma ala. No mesmo
corredor. Havia dois quartos no terceiro andar desta casa. Uma
porta levava ao seu quarto, enquanto a outra levava ao meu.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Quando não respondo, ele interrompe. — Eu não contratei
tutores particulares para você durante toda a sua vida escolar em
casa para que você não falasse quando eu lhe perguntasse
algo. Responda à pergunta.

Minhas bochechas queimam e vejo quando seus olhos caem


para o rubor rosa agora exposto sobre minha pele. Essa foi
provavelmente a coisa mais longa que ele já me disse. Brantley se
comunica através de seus olhos, sua linguagem corporal, a
maneira como ele anda e se move pela sala antes de usar suas
palavras. Pelo menos, é assim que sempre foi comigo. — Disse a
ela que estou aqui desde criança. Isso é tudo. — Seu punho aperta
em torno da borda do mármore, enquanto meus olhos seguem
seus braços grossos, onde veias roxas e verdes pulsam sob sua
pele pálida e intocada. — Você saiu para correr?

Seu dedo bate contra o balcão. Toque. Toque. Toque.

— Há algo que ela deveria ter me dito?

Ele balança a cabeça, levando o shake à boca e tomando um


gole. — Humm, — é tudo o que ele diz. Seus olhos se movem de
cima a baixo no meu corpo. — O que você vai fazer hoje?

— Os jardins.

— Pagamos às pessoas para isso. — Ele se vira para despejar


o conteúdo, enxágua e deixa-o na lateral do escorredor.

— Você sabe que gosto de fazer isso. — Com essas palavras,


as costas de Brantley congelam, os músculos sob sua pele
endurecem instantaneamente.

Ele se vira, dando os passos necessários para chegar à minha


cadeira e me girando até que eu esteja de frente para ele. Paro de
respirar, porque ele está muito perto. Eu nunca o vi tão perto
antes, pelo menos não desde a última vez que limpei o sangue seco
de seu rosto quando ele adormeceu depois que entrei em seu

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
quarto quando eu tinha dez anos. Ele nunca gostou de falar sobre
o que estava acontecendo com ele, e nunca o forcei a falar.

Acho que falava o suficiente por nós dois.

Acho que ele me odiava por isso.

Ele está tão perto que podia sentir o calor de sua respiração
caindo sobre meus lábios, e faço tudo ao meu alcance para não
permitir que meus olhos caiam sobre os seus, ou Deus me livre,
seus braços. Eles caem, porque não sou muito boa
nisso. Interação humana, claro. Ele sabe disso.

Então, quando sua boca se contrai levemente, fico sem


equilíbrio.

— O quê? — Sussurro, hipnotizada pela reverência em seu


lábio. Como ele aumenta, diminui e curva nos lugares certos.

— Sim, — diz ele, afastando-se da mesa enquanto me


mantém presa ao local com seu olhar ofuscante. — Vá se trocar e
me encontre aqui em trinta minutos.

Ainda estou sentada, tentando entender as palavras que ele


disse quando desaparece escada acima. O que ele Quer dizer com
“vá se trocar”? Algumas vezes ele me tirou de casa, e todas essas
vezes foram antes de Lucan morrer.

Subo para o meu quarto, fechando a porta atrás de


mim. Meu quarto é um total contraste com o quarto de Brantley e
a estética geral desta mansão mal-assombrada. Tudo é branco e
bege. Dos meus lençóis à minha cama de dossel, à cômoda e ao
espelho de corpo inteiro. As cortinas que cobrem as portas
francesas abrem para o meu pequeno pátio que dá para a parte
de trás da casa e o cemitério é o bege mais suave que pude
encontrar. Não é bem branco, mas não é bem nude. Durmo com
minhas portas abertas todas as noites, mesmo no inverno. Gosto
de sentir o frio enquanto estou quente em minha cama.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Movendo-me para o meu closet, acendo a luz e examino
minhas roupas.

Ele disse para me trocar.

Ele não disse em quê.

Eu podia fazer compras online e adorava fazer compras. Amo


moda. Acho que poder vestir seus sentimentos, escondê-los ou
expô-los, é uma arte. A moda é uma arte.

Pego meu tênis Van branco e cinza de cano médio, um par


de jeans rasgados de cintura alta e uma regata branca que é
cortada logo acima do meu umbigo. Encontro a maior parte da
minha inspiração no Pinterest, e depois faço compras a partir
daí. Dinheiro nunca foi algo em que pensei muito. Brantley me
deu um cartão preto quando tinha treze anos e, desde então, não
acabou. Obviamente, com o tempo, percebi que este cartão preto,
pelo seu limite, contém muito dinheiro. O nome Saint Dea Vitiosis
está inscrito no plástico.

Depois de me vestir, escovo meu cabelo até que ele caia em


ondas brancas naturais antes de deslizar o protetor labial sobre
meus lábios. Pêssego. Sutil o suficiente para não sentir gosto, mas
doce o suficiente para cheirar.

Kore cutuca a parte de trás das minhas pernas com o nariz


e me inclino para esfregar a parte de trás de suas orelhas. — Não
vou demorar. Você tem Hades aqui.

Brantley limpa a garganta na minha porta e olho para ele de


onde estou. — Ela se sente solitária quando não pode me ver.

— É principalmente porque eles estão tão acostumados com


você em casa. — Ele se inclina para trás e rola os dedos na boca,
assobiando. Hades vem caminhando para o meu quarto com
facilidade, jogando-se no tapete fofo ao pé da minha cama.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Brantley olha para minha penteadeira, onde minha
maquiagem, produtos de beleza e joias estão todos dispostos. —
Use seu colar.

— Pensei que você tinha dito que eu não precisava começar


a usá-lo até que fosse mais velha?

Ele entra no meu quarto, o tamanho dele ocupando o espaço


avidamente enquanto seus dedos pastam sobre a corrente de ouro
branco. Como o dele, só que com elos menores, até o pingente que
fica na parte inferior. Um pingente simples. Coroa em ouro branco
com diamantes em forma de gelo, derretendo nas pontas.

Ele o tira do suporte e se aproxima até que seu corpo está se


elevando sobre o meu como um gigante contra um humano
inferior. David e Golias. Seu 1,80 metro contra o meu 1,50. Ele
tem trinta centímetros e um pouco a mais do que eu. Parecemos
ridículos um ao lado do outro em qualquer cômodo, e ele poderia
envolver os dedos em volta da circunferência da minha cabeça e
me pegar com apenas um movimento.

Inclinando-se para frente, sua colônia flui por minhas


narinas quando ele aperta o colar em volta do meu pescoço. Fecho
meus olhos quando o tecido de sua camisa branca simples roça a
ponta do meu nariz. — Você tem dezessete anos, mas precisa
começar a usar isso a partir de agora.

— Por quê? — Pergunto com a garganta apertada. — Tudo


que faço é ficar em casa. É muito bonito para usar em casa.

Ele dá um passo para trás e, assim que termino de ser


distraída pelo peso do colar ao meu redor, inclino a cabeça para
cima até ficar cara a cara com ele.

— Não mais.

— Ok, — digo, segurando a coroa na palma da minha mão. —


Não vou tirar.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Eu o sigo para fora do meu quarto e desço a escada em
direção ao seu carro esporte.

Pesquisei no Google quando ele dirigiu o carro novo e


reluzente em nossa garagem alguns meses atrás. O Bugatti La
Voiture Noire. Dezoito. Milhões. De. Dólares. Havia uma mulher,
suponho que fosse da concessionária, que apertou sua mão e lhe
deu as chaves antes de sair. Não consegui ver muito da janela da
cozinha, mas peguei seu crachá quando ela saiu. Nikki. Deslizo
para o assento de couro, fechando a porta atrás de mim enquanto
ele liga o carro e sai da garagem.

Não pergunto a ele o que está acontecendo.

Não pergunto por que estamos saindo de casa.

O que parecia um pouco mais assustador dos dois foi o


primeiro, e quando o fez, eu quase - quase - me arrependi de ter
atraído os dois. Eles não podiam ser tão ruins. Ninguém
era. Bem, isso era uma mentira. Uma pessoa era muito má, mas
não estava aqui, nem seus capangas. “Twisted Transistor” estava
tocando agora, e no fundo do meu cérebro embriagado, pensei que
talvez o DJ não tivesse mais nada para tocar além de Korn.

Me encolhi um pouco, mas não o suficiente para o grande e


assustador perceber.

Seu olho estremeceu. Ou talvez ele tenha.

Os olhos dele. Eles eram escuros. Muito escuro. Me senti


presa em uma névoa confusa de pecado e não tinha tanta certeza
se queria encontrar a saída. Desviando meu olhar, encontrei o
menino indiferente no sofá, que observava nós dois.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ele sorriu, inclinou-se até ficar de pé e, de repente, eu estava
entre os dois. Imprensada entre uma tempestade de neve e um
ciclone tropical.

Engoli meus nervos, sorri presunçosamente para os dois,


limpei a garrafa de uísque que eles haviam deixado generosamente
no chão e levei-a aos meus lábios. Tomei um gole do líquido,
mostrando a ambos um dos meus famosos sorrisos. — Querem
sair daqui?

O mais alto se inclinou na minha orelha. — O que há de


errado aqui? Hmm? — Sua voz era profunda e quase tão
hipnotizante quanto seus olhos. Tudo no sul o queria. O outro
atrás de mim estava com a mão na minha barriga, me puxando
para o seu corpo. — Quero dizer... só se você estiver disposta.

Sua voz era sexy e suave também, como a dose de uísque que
acabei de tomar. Eu não tinha dúvidas de que eles deixariam um
fogo na minha barriga da mesma forma.

Meus olhos voaram ao redor da sala, frenéticos, com todos os


adolescentes que estavam nesta festa. Eu conhecia apenas alguns
deles, mas todos sabiam quem eu era. O fato deles não estarem
olhando para mim era apenas porque gostavam de ter seus
membros conectados a seus corpos.

Nunca tinha visto esses dois meninos antes, e definitivamente


os teria reconhecido se tivesse passado por eles antes. Eles eram
diferentes, no entanto. Eles faziam toda a sala parecer mais
sombria e sinistra.

A música mudou para heavy metal, The Ocean, eu acho, e


antes que pudesse me questionar, fiquei na ponta dos pés, coloquei
minha mão na nuca do menor e pressionei meus lábios nos dele.

Ele não me beijou de volta, mas também não me


afastou. Todo mundo me beijava de volta. Todo mundo, porra. Eu
beijei as meninas que me beijaram de volta. Isso é quem eu era e

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
o tipo de efeito que tinha nas pessoas. Exceto nesse cara,
aparentemente. Eu recuei. Quando me virei para o zangado e
mais alto, ele simplesmente balançou a cabeça, mas antes que eu
pudesse dizer qualquer coisa, sua mão estava na minha garganta,
me puxando para perto o suficiente para ouvir as próximas
palavras que saíram de sua boca. — Nem pense nisso. O único
lugar onde você plantará esses lábios de merda é no meu pau.

Então ele não apenas parecia mau, ele era mau. Perfeito.

O cara atrás de mim trouxe a mão para a frente, deslizando


por baixo do cós da minha saia. Que bom que eu não estava
usando calcinha. A iluminação estava fraca, mas as luzes
estroboscópicas piscaram rápido o suficiente para causar um
ataque em qualquer um. Ele encontrou minha entrada
escorregadia instantaneamente depois de esfregar meu clitóris. Me
pressionei contra seu pau e gemi com a maneira como ele inchou
contra a fenda da minha bunda. O mais alto na minha frente
lentamente caiu de volta no sofá. Observei quando seus joelhos se
espalharam, seus olhos nos meus, sem se mover. “Headup” de
Deftones sacudiu as paredes, as luzes acendendo e apagando com
a batida. Ele sorriu para mim e foi a primeira vez que pensei que
realmente poderia ter fodido tudo, mas então suas mãos estavam
na fivela do cinto, abrindo o zíper e, finalmente, ele abaixou as
calças apenas o suficiente para ele entrar e puxar - eu engasguei.

Piedade. Porra.

O cara atrás de mim, que agora me tinha virada


completamente para encarar o que estava no sofá, trouxe seus
lábios ao meu ouvido. — Curve-se. — Eu fiz, levando minha mão
às coxas do cara no sofá. Seus músculos se contraíram sob meu
aperto, como se dissesse como ouso sequer tocá-lo. Talvez ele não
gostasse de ser tocado. Ele tinha toda aquela coisa de bad boy
torturado no ar.

O cara atrás de mim passou a palma da mão na minha bunda,


deu um tapa e me empurrou para baixo até que meus lábios

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
tocaram o piercing na ponta do pau do cara do sofá. Meus lábios
se separaram como a porra do Mar Vermelho enquanto o que estava
atrás de mim dirigia em minha boceta escorregadia. Relaxei com
eles. Sim. Isso era o que eu queria. Foda-se todo mundo nesta
sala. Isso era o que eu queria.

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ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 5
BRANTLEY

Parando na garagem de Nate, posso sentir a inquietação de


Saint ao meu lado. Isso exala dela como um spray de Chanel.
Tenho voltado e voltado sobre o que fazer e o que dizer quando se
trata dela. Vi em primeira mão como os segredos podem destruir
pessoas e, ao contrário da minha reputação - risadinhas - ela é a
única pessoa que nunca quero destruir.

Não posso explicar por que isso acontece. Tudo o que posso
dizer é que houve um motivo pelo qual ela entrou na minha vida,
e nenhum dos motivos é o que ela pensa. Cinco minutos, porra.

Nós dois saímos do carro e a porta da frente de Nate se abre,


com Tillie parada na soleira.

— Pequena Terrorista, hoje não, — rosno em sua


direção. Posso farejar suas travessuras a um quilômetro de
distância.

Tillie me dispensa, toda sua atenção em Saint. Figura. É sua


última irmã viva. Tillie é uma mulher feminina antes de qualquer
outra coisa. — Nate está em Buckingham. Saint e eu podemos
bater um papo.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Cuidadosamente e naturalmente empurro Saint atrás de
mim. Confio em Tillie, e confio nela com Saint. Vi como Tillie trata
seus amigos, e ela morreria e mataria por eles. Confio em alguém
assim com ela, mas isso não significa que meus hábitos naturais
morram facilmente.

— Bran Bran, você está pensando demais.

Minha mandíbula aperta quando Saint dá um passo para


fora atrás de mim. Meus músculos se contraem quando sinto sua
mão fria em meu braço. — Vou ficar bem. Você me trouxe aqui,
deve ser seguro. — Antes que eu possa dizer a ela que a trouxe
aqui para vir para Buckingham e não para falar merda com Tillie,
ela já está subindo as escadas e Tillie está me soprando um beijo.

— Porra, — respiro bem quando ouço o Maserati do Bishop


estacionar atrás de mim, sua porta fechando ruidosamente.

— O beijo da morte é o que é, — diz ele, apontando para a


frente da casa.

Viro-me para encará-lo enquanto ele enfia as chaves no


bolso. — Você tomou banho hoje?

— Vá se foder.

Ninguém perguntou ao Bishop o que diabos ele vai fazer com


Madison. Não sei o que está acontecendo dentro da cabeça dele,
mas Bishop está calculando. Ele é um valentão ambulante e
falador. Entrou no coração de Madison, tudo para deixá-la ir
embora com ele ainda enjaulado dentro. O filho da puta mais
burro quando se trata dela, o filho da puta mais inteligente com
todo o resto.

Todos estão muito assustados para falar dela, mas não sou
uma cadela. — Vamos conversar sobre Madison ou o quê? — Digo,
passando minha língua sobre meu lábio inferior. Foda-se se acha
que vou deixar morrer o assunto quando ele fez chover sangue

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
apenas para conquistá-la, e tudo para deixá-la ir embora. Todos
nós lutamos pelo relacionamento deles, não apenas ele.

Ele fica imóvel, virando-se para mim. Seus olhos estão em


chamas, seus punhos cerrados ao seu lado. Ele e eu temos estado
um pouco nervosos ultimamente, e sei que estou dizendo que isso
vai acabar de uma maneira, com os punhos em soco, mas o
problema com Bishop é que ele tem que ficar com raiva antes de
alcançar a merda. Então, estou contando com ele dando socos.

E não fico desapontado quando seu punho está voando em


meu rosto. Me esquivo e rio, me afastando dele, mas perco meu
passo assim que seu outro punho balança e acerta minha
mandíbula. Nós dois caímos com Bishop acertando meu
rosto. Aceito os golpes, rindo enquanto o sangue escorre do meu
nariz pelo meu queixo.

— Sente-se melhor, filho da puta? — Pergunto em meio ao


meu riso.

— Porra! Você está brincando comigo? Não sujem minha


entrada de carros, seus idiotas! — Posso ouvir Tillie gritando,
assim que o peso de Bishop está sendo puxado de mim e Nate está
olhando para baixo, balançando a cabeça.

— Deixe-me adivinhar, você disse a palavra com M.

Rolando minha língua em torno do líquido metálico, cuspo


tudo e limpo minha boca com as costas da minha mão, incapaz
de esconder meu sorriso. — Nenhuma de vocês, vadias, ia fazer
isso.

Bishop cai no chão, seus dedos enterrados em seu cabelo. —


Isso não é sobre mim e ela. — Ele me encara por baixo de seus
cílios. — Isso deve ser sobre Saint.

— Mas não é, — digo, me levantando e estendendo a mão


para ajudá-lo a se levantar.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ele pega.

E continuo, — Nunca será sobre outra coisa até que falemos


sobre Mads, e você sabe disso. Você está distraído. Você não pode
ver nada além dela.

Seus olhos voam para a frente da casa onde Tillie e Saint


estão observando todos nós. Saint está focada em mim, seu foco
se movendo para cima e para baixo no meu corpo freneticamente.

— Então podemos falar de Saint depois de falarmos de


Madison. — Empurro passando por ele e Nate, seguindo pelo
caminho que leva a Buckingham, que fica atrás da casa
principal. Buckingham está diretamente atrás de uma linha de
árvores ao lado da casa, escondido da vista de todos. Se você não
soubesse que ele estava lá, você não o veria. Arbustos grossos
escondem-no perfeitamente, sendo a piscina a principal
distração. As merdas chiques de Nate e Tillie. Há um bar inteiro
no meio da piscina também.

Empurrando a porta da frente, eu a chuto para fechá-la e


deixo cair meu celular na tigela de metal na entrada, pegando um
baseado enrolado que está sobre uma mesa e pegando um Zippo,
acendendo-o enquanto me movo para a mesa de negociação.

Eli e Hunter estão no sofá, assistindo às últimas notícias


quando estou afundando em uma das cadeiras, respirando fundo
antes de soprar uma nuvem de fumaça.

— Você mencionou Madship? — Eli ri, balançando a


cabeça. — Tinha que ser você.

Eu o ignoro enquanto a porta abre e fecha novamente, e


Bishop entra em seu telefone antes de desligar e despejá-lo na
tigela com o resto.

— Papai está vindo. Mesa, agora.

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ELITE KING’S CLUB #6
Solto mais fumaça e entrego a Nate enquanto ele se senta do
meu lado oposto, a mão direita de Bishop. Eli e Hunter entram
também, até que não haja nada além de silêncio.

— Não estou lidando bem com isso, merda. — Ele passa as


mãos pelo cabelo novamente. — Mas todos vocês têm que
respeitar minha decisão de que não vou persegui-la. Ela pode ficar
lá, e se ela voltar para mim, o que eu acho que ela vai, então estarei
aqui. Mas por agora, e no futuro, não a estou perseguindo de
novo. Não sou um maldito cachorrinho. Engane-me uma vez... —
Ele olha para todos nós e meu queixo aperta. Sua lógica não faz
sentido para mim. Ele sabe que ela não trapaceou. Ele sabe que
ela foi estuprada. Conheço Madison, porra. Mais do que ele a
conhece. Não apenas conheço seus demônios, eu estava lá
quando aqueles demônios eram criados.

Nós compartilhamos os mesmos.

Posso não ter sido fã dela quando a conheci. Inferno, mal a


tolerava. Cada vez que olhava nos olhos dela, via a criança que ela
não era mais. Vi tudo o que Lucan nos obrigou a fazer um ao
outro. Não tinha nada a ver com ela como pessoa, ela era apenas
um gatilho para mim. Quando você passa anos e anos
aprendendo a controlar seus demônios, fica um pouco bravo
quando um velho volta e se reintroduz. Além disso, e não vi o apelo
que ela tinha para Nate e Bishop, mas isso não é nada
novo. Ambos nunca tiveram problemas para mergulhar seu pau
em qualquer buraco molhado que quisessem. Eu, por outro lado,
escolhia minhas vítimas de forma um pouco diferente. Montar
meu pau não era uma tarefa fácil, e sobreviver também não era,
por isso...

Passado

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ELITE KING’S CLUB #6
— Onde diabos você está indo? — Nate empurrou meu braço
enquanto caminhávamos pelo corredor barulhento desse inferno
de escola. O último ano apenas começou, e eu estava pronto para
encerrar a merda. Não precisávamos da porra de um diploma. Eu
tinha dinheiro suficiente para comprar a porra do presidente.

Eu precisava de algo.

Me afastei dele e continuei pelo corredor.

— Tudo bem, filho da puta mal-humorado! Mas vamos


festejar neste fim de semana! Sua casa!

Eu o deixei indiferente porque tudo o que parecíamos fazer


ultimamente era uma festa.

Quando abri a porta da última sala de aula, na lateral que


conduzia ao ginásio, fechei-a e virei a fechadura.

O corpo dela permaneceu imóvel, seus longos cabelos loiros


se movendo por cima de um ombro. Observei como o canto da
boca dela se transformava em um sorriso.

— Você está perseguindo meu pau desde que chegou a esta


escola. — Chutei a porta e fui mais para dentro da sala.

Ela não se mexeu. Não respondeu.

Quando alcancei suas costas, minha mão serpenteou por


trás até que eu a tinha enrolada na frente da garganta dela,
puxando sua cabeça para trás enquanto chutava suas pernas
amplamente. — Sra. Kilpatrick, do caralho. — Sua aliança de
casamento brilhava em seu dedo enquanto ela batia as mãos na
mesa. Inclinando a cabeça até olhar para mim por cima do ombro.

— O que me denunciou? — ela disse em um tom que nunca


tinha ouvido falar, definitivamente não quando ela gritaria
conosco para pular obstáculos durante a pista.

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ELITE KING’S CLUB #6
Girei minha cabeça, enquanto passava minha mão sobre sua
parte inferior das costas, por cima de sua bunda apertada e
engatei meu dedo sob a borda de suas calças de ioga. Lancei a
cabeça dela em sua mesa enquanto me debruçava em sua
orelha. — Além do fato de que você não conseguir tirar os olhos
do meu pau sempre que estou por perto?

Enfiei a mão nas calças assim que uma porta atrás de mim
se abriu. Porra. Havia duas portas. Ela congelou embaixo de mim,
mas não permiti que se movesse.

Lentamente me virei para olhar por cima do ombro para


encontrar Nate parado na soleira, seus olhos em nós, o punho em
sua boca. — Bem, merda. Devo dizer...

—... diga, vai se juntar? — Gritei com ele.

Seus olhos voaram para a Sra. Kilpatrick. Não era o fato de


ela ser feia. Ela não era feia. Ela era uma mulher de quarenta e
tantos anos, que, suponho, sabia exatamente o que estava
fazendo. Era o que eu precisava. Jamais toquei em garotas da
escola. O mais próximo da minha idade que eu já fui foram garotas
universitárias, e mesmo assim, o sexo era muito básico para mim.
Muito baunilha. Muito simples. Literalmente.

Nate deu os passos necessários enquanto finalmente


trancava a segunda porta atrás de si. — Sim, foda-se, estou no
jogo.

Ela se contorceu sob o meu alcance. — Brantley. Se você


quebrar, você tem que comprar, querido.

— Eu não estou aqui para comprar merda nenhuma, estou


aqui para arruiná-la, para que da próxima vez que seu marido
enfiar o pau em sua boceta. — Afundei meus dentes na carne de
seu pescoço antes de finalmente sussurrar: — Ele vai se perguntar
por que sua esposa foi dividida.

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Presente

É verdade. Sobre isso. Mantive isso acontecendo durante a


maior parte do ano. Nunca quis isso das garotas da minha idade.
Algo nelas me lembrava muito da minha infância.

Muito. Muito próximo. Muito familiar. Por isso, guardei isso


para as mulheres mais velhas. Mulheres casadas. Ter uma mulher
casada chupando meu pau antes de ir para casa beijar seu marido
me divertia. Sabendo que ele estaria se perguntando por que havia
marcas de mordidas em todo o seu corpo...

— Eu entendo isso, — digo, já que ninguém mais vai


entender. Eli, até tudo bem. Ele é o mais jovem de todos nós e,
além disso, não está interessado no drama entre Madison e
Bishop. Seu cérebro não funciona com o mesmo relógio que o da
maioria das pessoas. — Mas é fora do seu perfil. Alguém que a
perseguiu até os confins do mundo, para apenas a deixar ir.

Bishop encolhe os ombros. — Esse foi o tolo em mim, que


falei uma vez. Não posso ter uma fraqueza. Portanto, se ela
realmente me quer, precisa mostrar que pode lidar com as coisas.
— Ele olha ao redor da mesa. — Qualquer outra pessoa tem algo
que queira acrescentar, porque fale agora ou cale-se para sempre.

Silêncio.

— Acho que Tillie está falando com ela. — Todos nós nos
voltamos para Nate.

Ele se remexe em seu assento.

— Que porra você disse? — Bishop rosna, e posso ver seu


comportamento leve mudar lentamente.

— Quero dizer, eu a peguei no telefone algumas vezes, e toda


vez que ela me vê, desliga o telefone, e quando pergunto a ela com

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quem ela está falando, ela diz Bran Bran... — Seus olhos
encontram os meus.

Porra.

Porra da Tillie. Eu sei que estarei quebrando nosso código


silencioso de lealdade se disser a eles que não era eu, mas sou um
King antes de qualquer outra coisa.

Balancei minha cabeça. — Eu não, cara.

— É, o que eu suspeitava. — Nate dá de ombros, recostando-


se na cadeira.

— Mas você está realmente surpreso? — Digo para Nate e


olho entre os dois. A compreensão de tudo me ocorre e começo a
rir. — Droga. O amor realmente deixou vocês dois lentos pra
caralho. — Reviro os olhos quando a porta se abre e Hector
entra. — Tillie é uma garota de garotas. Ela cuida de suas amigas.
Como você está surpreso que ela esteja conversando com
Madison? Ao menos, você sabe que ela não está morta.

Lanço minhas pernas para fora enquanto Hector se senta na


extremidade oposta de seu filho. A mesa é longa, com dez
assentos, mas ambas as extremidades são para ele e para Bishop.

Quando Hector limpa a garganta, o clima fica tenso, e não


sei se há algo mais acontecendo entre os dois, ou se é todo o
fantasma de Madison pairando sobre tudo.

— Você acha que ela está conversando com ela há um tempo?


— Nate pergunta, e eu tenho toda a sua atenção.

Encolho os ombros. — É Tillie.

Hector tira um charuto do umidificador e prende a ponta. —


Temos outra coisa que precisamos discutir, onde está o Cash?

— Fora com Benny.

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A mesa fica quieta. Reviro meus olhos novamente. — Ele é
meu primo, não um Diabo de merda.

— Então ele está correndo? — Hector ainda diz, com uma


sobrancelha arqueada.

Bishop encolhe os ombros. — Alguém tem que manter isso.

— Em minha defesa, eu queria, — diz Eli, levantando o


braço.

Todos nós o ignoramos.

— O que é? — Bishop diz a seu pai.

Ele tira a cinza do charuto. — O velho Riverside está


reabrindo.

— Como acontece na velha escola? — Eu amava a porra da


velha escola. Fiquei chateado quando tivemos que ser transferidos
para o novo prédio.

Hector acena com a cabeça. — O mesmo. Estamos fechando


aquele em Hamptons e as aulas começam depois das férias de
verão.

— Achei que era velho demais para ter filhos, por isso
mudaram a escola para Hamptons? — Bishop questiona Hector.

Hector balança a cabeça. — Não é totalmente verdade. Não


contamos tudo de imediato porque você estava apenas entrando
em seus papéis. Não queríamos sobrecarregá-lo.

Eu ri. Com certeza saber que nossa escola estava se


mudando para um local diferente seria a mentira menos chocante
que descobriríamos.

— Então, qual é a história? — Nate pergunta.

— Já que você está pegando o martelo este ano, filho, você


vai precisar conhecer todas as fissuras que escondemos de você e,

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ELITE KING’S CLUB #6
com o tempo, saberá de tudo. Mas, por enquanto, precisamos
conversar sobre isso. — Seus olhos se voltam para Nate. — A
propósito, seu pai também pressionou isto. Sacana de merda. Ele
está ficando pior com a idade.

— Por que importa se as escolas antigas estão reabrindo? —


Faço a pergunta que ninguém mais parece querer saber, irritado
com a lenga-lenga.

— Bem, algumas razões, — responde Hector, e todos nós


esperamos em silêncio que ele diga o que precisa dizer. — E todas
elas impactam cada um de vocês de uma forma ou de outra.

Isso tem minha atenção.

— Você. — Ele aponta para Bishop. — Porque estará na linha


de frente de uma guerra territorial de uma década. Você. — Ele
aponta para mim. — Porque tem algo ou alguém em sua posse que
é muito mais valioso do que imagina, e você, — ele finalmente diz
para Nate, e tenho que puxar todos os meus instintos que estão
gritando para perguntar a ele que porra isso significa. — Porque
prometi a Stuprum que protegeria seu filho dos inimigos e sou um
homem de palavra. — Finalmente, ele se inclina para frente,
desabotoando o botão do paletó e apoiando os cotovelos na
mesa. — Todos vocês deveriam, eu, nós, todos os Kings, estar em
alerta máximo agora. As coisas estão acontecendo nas
sombras. Há movimentos acontecendo com os quais não nos
sentimos confortáveis.

— Somos a porra do Elite Kings Club. — Nate acena para


Hector. — Desafie qualquer idiota a se aproximar de nós e viver
para falar sobre isso.

— Bem, é exatamente isso. — Hector se ajeita na cadeira e,


pela primeira vez na vida, vejo algo estranho em seu rosto. — É
verdade. — Medo.

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ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 6
SAINT

Ela é tão bonita que dói. Ela tem cabelo longo tingido de rosa
escondendo seu loiro natural. Não tão loira quanto eu, mas
loira. Ninguém é tão loiro quanto eu naturalmente.

Sua boca está se movendo enquanto ela fala e anda pela


cozinha, confusa, seu cabelo voando ao redor do lugar. Mal
consegui dizer uma palavra. Espero que ela não me ache rude.

— ... agora estou grávida e minha melhor amiga não está


aqui, a melhor amiga dela se mudou com o namorado que, aliás,
não seríamos amigas de qualquer maneira. Eu não tenho
nenhuma amiga, exceto aqueles selvagens lá fora... — Sua boca
para de se mover. Percebo que ela parou de falar e está olhando
diretamente para mim. — Desculpe, estou desesperada agora.

Balancei minha cabeça, correndo minhas palmas das mãos


suadas sobre minhas coxas. — Está bem. Mesmo. — É meio que
não. Não sei como falar com alguém assim. A maioria das garotas
é assim? Eu gosto dela. Não me interpretem mal. Ela é
obviamente feroz com as coisas que ela ama e eu não gostaria de
nunca a incomodar, mas ela fala em velocidades que não consigo

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ELITE KING’S CLUB #6
entender. Talvez isso venha de sua confiança. Ela tem muito
disso. Ela também é tão bonita.

Ela dá dois passos para perto de mim e eu finalmente


percebo o que ela está vestindo. Jeans skinny e uma camiseta que
fica solta em seu corpo. Sua maquiagem está impecável, suas
sobrancelhas perfeitas. Você está sendo estranha.

— Quantos anos você tem? — ela pergunta simplesmente.

— Tenho dezessete anos.

— Quando você fez dezessete anos? — Ela me examina de


perto. Quando me olha de cima a baixo, não é de uma forma que
me deixe desconfortável. Na verdade, prefiro, porque agora posso
ficar boquiaberta com ela sem me sentir uma estranha.

— Três semanas atrás.

— Jesus, — ela sussurra. — Você é tão jovem.

— Quantos anos você tem? — Me pego perguntando, porque


não acho que ela seja muito mais velha do que eu.

— Tenho vinte.

Hã. Ela não parece.

— Você parece mais jovem, no entanto.

Meu estômago se revira. Tenho que lutar contra o desejo de


estender a mão e tocar seu cabelo.

— De qualquer forma. — Ela ignora nossa conversa. — Você


fica sentada enquanto eu cozinho.

— Cozinhar? — Meus ombros se endireitam, minha atenção


desperta com sucesso. — Posso ajudar?

Tillie se vira e sorri pela primeira vez desde que


conversamos. — Claro. Está bem.

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ELITE KING’S CLUB #6
Saio da minha cadeira e ela aponta para um laptop onde um
navegador de internet está aberto no Pinterest. — Quero fazer
coreano. É a comida favorita de Bishop, e acho que ele poderia
comer algo bom neste momento.

Me pego sorrindo enquanto prendo meu cabelo comprido no


topo da minha cabeça. — É o meu favorito também.

Tillie morde o lábio inferior e, quando ela está prestes a abrir


a boca, interrompo. — Eu conheço algumas receitas. Posso fazer
Japchae e Bulgogi. Podemos assar Hoeddeok para a sobremesa
também.

Tillie não responde, e quando finalmente olho para ela, sua


boca está ligeiramente aberta, seus olhos arregalados. — Não sei
o que é tudo isso, mas tudo bem! Você me diz o que fazer.

Caminhamos pela cozinha em silêncio e, quando falamos, é


sobre coisas simples. Pergunto a ela sobre sua melhor amiga, e
ela me diz que ela está viajando agora e está namorando Bishop,
um dos caras de quem Brantley é amigo. Estou pensando que foi
o cara que notei ontem. Não sei por que me sinto atraída por ele,
mas sinto. Eu quero falar com ele. Não sei o que diria, mas estou
fascinada por ele. Ela me disse que ela e Nate tiveram um
relacionamento maluco, palavras dela, não minhas. Eles
quebraram o coração um do outro e voltaram a ficar juntos, então
disse que o mesmo acontecerá com Bishop e Madison.

— Não acho que gosto de cozinhar comida coreana. — Tillie


enxuga o suor da testa com as costas das mãos.

Rio. — Não é nada fácil de preparar.

— Então, quando você começou a cozinhar? — ela pergunta,


e sei que é uma faca de dois gumes. Ela provavelmente quer saber
sobre Brantley e eu mais do que se importa sobre como comecei a
cozinhar.

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ELITE KING’S CLUB #6
— Quando era criança, não falava inglês nem entendia a
língua. Só entendia o latim, mas depois fui diagnosticada com um
leve problema na fala. Então, sempre me encontrava na cozinha,
querendo fazer alguma coisa com as mãos, já que não era muito
boa com a vocalização. Sentia que estava ajudando se cozinhasse
comida para Lucan e Brantley. Deixava as refeições na
geladeira. No começo nunca era comido e eu acabava jogando
tudo fora. Mas então, conforme envelhecia, Brantley finalmente
comia. As vezes que ele estava em casa, pelo menos.

Começamos a servir as refeições em tigelas de vidro e tiro os


pães do forno. As especiarias sufocam você assim que entra na
cozinha, com o toque sutil de pão recém-assado.

— Estou interrompendo? — Brantley murmura da soleira


entre a cozinha e a sala de jantar. Na sala de jantar, há uma
grande mesa circular com um lustre de cristal pendurado no
centro. O vermelho vibrante cobre a mesa com talheres de prata
elegantemente colocados ao redor dos assentos. Parece formal,
mas não.

Brantley está em plena forma. Frio, impassível, mas seus


olhos permanecem nos meus.

Sorrio para ele, mostrando meus dentes. Sua mandíbula fica


tensa. — Não. Com fome?

— Oh, maldito! Isso é coreano? — Bishop desvia de Brantley


e entra na cozinha, espiando nas tigelas em que servimos a
comida. Ele mergulha o dedo no molho do Japchae e chupa-o do
dedo enquanto olha para mim. — Você faz isso? Eu com certeza
sei que Tillie não sabe cozinhar.

Tillie o empurra. — Não deveria cozinhar para todos vocês,


animais. Ou você esqueceu que estou carregando a primeira
geração de King... — Ela faz uma pausa. — Que geração ele será?

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Ele? — Nate pergunta, deslizando os braços em volta dela
por trás e colocando um beijo suave no topo de sua cabeça. — Já
está adivinhando, hein? — Todas as suas conversas morrem
quando pratos e talheres batem na cozinha, mas meus olhos
continuam em Brantley. Ele está vestindo jeans preto - Givenchy
- eu sei disso porque conheço moda - e uma camiseta preta lisa
com algumas marcas de rasgo cortadas. Kanye, se eu tiver que
supor.

— Você vai comer? — Pergunto em desafio. Ele não se move,


e aproveito para analisar seus traços, como se já não os
conhecesse de cor. Uma mandíbula tão afiada que você pensaria
que foi cortada com um bisturi cirúrgico, linhas tão precisas que
perfeição nem seria uma palavra adequada para descrevê-
las. Maçãs do rosto ligeiramente afundadas, apenas o suficiente
para sombrear sua estrutura facial em cada iluminação, e então
há seus lábios. A maneira como eles ondulam um pouco, com
depressões e curvas em todos os lugares que você deseja que
estejam. Eles provavelmente são um pouco maiores, mas apenas
o complementam. Pele tão pálida, mas com cílios tão negros
quanto os olhos que se escondem atrás. Seu cabelo sempre parece
que ele nunca vai se incomodar em escová-lo, um pouco comprido
na parte superior, enquanto as laterais se desvanecem até a
barba. Além de sua aparência, ele tem 1,98 de altura e poderia
erguer um maldito carro com os músculos que estão escondidos
sob suas roupas. Quem quer que tenha criado Brantley o fez
intencionalmente. Intenção de dirigir o Inferno ou vigiá-lo. Ainda
não descobri qual.

Empurrando-se da parede, ele finalmente vai mais longe na


cozinha, pegando dois pratos e colocando uma variedade de
comida em ambos. Observo enquanto ele carrega um prato até a
borda, mas mantém o outro uma porção menor. Ele pega alguns
pães e, em seguida, com os olhos de volta nos meus, ele empurra
a cabeça em direção à mesa na sala de jantar onde todos estão
sentados. Eu o sigo atrás em silêncio, caindo no assento ao lado

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
enquanto ele coloca meu prato na minha frente. A porção
menor. Estou com vontade de comer? Quase quero pegar o prato
dele e deixá-lo com o meu, mas não posso. Principalmente porque
não posso culpá-lo. Não é como se tivéssemos feito uma refeição
juntos.

A sala de jantar de Tillie e Nate é algo que posso apreciar. Os


pilares são alinhados em círculo, com a mesa bem no
centro. Quem projetou esta casa deve se orgulhar. É calorosa,
convidativa, embora ainda permaneça um tanto clássica. Tillie me
disse quantos anos ela tinha. Será que todas as pessoas desta
idade têm essa quantia de dinheiro? Dinheiro jamais foi um
problema para Brantley e para mim também. Não que eu não
tenha um conceito geral sobre isso. Ou talvez não tenha. Não
tenho certeza. Deram-me um cartão e me disseram para usá-lo
sempre que quisesse comprar coisas. Brantley também disse que
não havia limite e, até agora, ele estava certo. Me ocupo em mexer
na minha comida quando todos ao redor da mesa começam a
conversar entre si sobre assuntos que não entendo. De vez em
quando, Tillie provoca Brantley, que provoca de volta. Ele é
diferente com ela. Percebi isso instantaneamente, como ele me
trata e até mesmo a seus outros amigos. Meu peito aperta e deslizo
as palmas das mãos pelas coxas para enxugar o suor delas. Mas
que diabos. Algo se agita no meu estômago e pego o copo de suco
que está na minha frente, tomando um gole generoso. Nunca o vi
com outras pessoas que não são os funcionários que trabalham
para nós ou para seu pai. Tudo parece diferente.

— Você está bem? — Bishop me pergunta, rompendo minha


linha ridícula de pensamento. Ele está sentado à minha frente ao
lado de Nate. Os olhos de Bishop são da cor de musgo, com anéis
escuros ao redor do verde. Ele tem um rosto de formato
semelhante ao de Brantley, mas não tão masculino. Mais
bonito. Embora não tenha certeza se eu o chamaria de bonito
também. Na verdade, mudo meu foco para Nate, e então para
Brantley, e para Bishop novamente. Também conheci o outro cara

LIVRO 1
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que esteve aqui antes, Eli, acho que era o nome dele. Ele também
era bonito. Todos eles são. Apenas de estilos diferentes.

Aceno para Bishop quando percebo que demorei um pouco


para responder. — Claro.

Ele inclina a cabeça e é como se ninguém mais estivesse


aqui. Todos sentados ao nosso redor se dissolvem no ar. —
Quando você descobriu que gostava de comida coreana?

Pego meu garfo novamente e o jogo com o molho e a carne. —


Quando senti o cheiro pela primeira vez.

—... que foi? — Ele ainda pergunta, e meus olhos se erguem


para encontrar os dele.

Brantley fica tenso ao meu lado. — Faça a porra da pergunta


que você quer fazer, idiota. Continue.

Fico instantaneamente confusa. A dinâmica do grupo é


confusa. Primeiro, eles estão se batendo e ameaçando matar um
ao outro, e depois eles estão sentando para comer. Mas, além
desses dois fatores, há algo mais que está sempre em torno
deles. É forte e indestrutível.

Algo que não consigo entender.

— Tudo bem, irei. — Bishop sorriu antes de se inclinar para


frente e apoiar os cotovelos em cima da mesa. — Esse cara alguma
vez deixou você sair de casa?

Instantaneamente. — Não.

Os olhos de Bishop estreitam em Brantley. — Percebo. Você


é fodido, mas uau.

Brantley ri, e é tão estranho que me vejo olhando para cima


na direção dele. Quando digo "para cima", quero mesmo dizer
"para cima". Eu poderia caber na palma da mão de Brantley. —

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Olha quem fala. Perseguir Madison pelas florestas com nossas
máscaras foi melhor?

— Tudo bem. — Nate balança a cabeça, interrompendo a


conversa. — Nada de discussão enquanto comemos.

Brantley pega seu copo e leva a borda à boca, engolindo o


que quer que esteja dentro dele. Os músculos de sua mandíbula
saltam conforme ele fica tenso. Quando ele coloca o copo de volta
na mesa, seus dentes se arrastam sobre a protuberância de seu
lábio inferior antes que ele finalmente diga: — Ela nunca viu o
mundo exterior por causa do nosso mundo, entendeu?

Quando todos ficam em silêncio, torço meu garfo no


prato. Não sou de deixar comida no prato, mas a tensão está
inchando o ar.

— Brantley está certo, — sussurro. — Nunca foi um... —


Faço uma pausa, não que esteja lutando para encontrar as
palavras certas para dizer o que quero dizer, mas porque nunca
falei sobre minha vida antes com ninguém. Era sagrado. Brantley
nunca me disse que eu não devia dizer nada a ninguém; sempre
foi uma decisão minha não querer falar sobre ele. Nunca quis falar
sobre ele com medo de que outras pessoas dissessem algo ruim
sobre ele. Não que eu não pudesse lidar com isso. Estive sofrendo
suas oscilações de humor mais vezes do que posso contar
enquanto crescia, mas isso nunca me impediu de ser protetora
com ele. Então talvez seja por isso que estou falando agora. —
Nunca foi um lugar carcerário.

— Você simplesmente não tinha permissão para sair de


casa? Você foi para a escola? — Bishop pergunta.

Levo meus olhos para os dele. — Não fui, mas o que eu tinha
eram três dos melhores professores dos Estados Unidos da
América, que me deram aulas cinco dias por semana. Matemática,
Inglês e Ciências. — Ninguém está falando, então continuo. — Eu
não precisava de mais nada. Fiz amizade com a empregada e a

LIVRO 1
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cozinheira, e me senti feliz com isso. — Olho de volta para
Brantley. — Estou feliz com isso.

Ele está me ignorando. Estou acostumada a essa conduta


dele. Mas seu foco está em Bishop.

Bishop exala, passando as mãos pelos cabelos.

— Certo, olha, nós entendemos. Você está no limite, B. Mas


você não pode descarregar em ninguém... — Nate é interrompido
mais uma vez por Bishop.

—... há quanto tempo você está falando com ela? — Bishop


atira, agora em Tillie.

Estou sendo chicoteada por todas as direções que estes


argumentos estão indo.

Tillie cruza seus braços diante de si mesma. — Não sei do


que você está falando.

— Corta essa merda, Tills. Quanto tempo?

Tillie vira Bishop e se levanta de sua cadeira, pegando seu


prato e indo para a cozinha.

— Legal, idiota. Jogue-me na casa do cachorro. — Nate olha


para Bishop antes de seguir Tillie na cozinha.

Brantley se levanta, uma mão deslizando por baixo do meu


braço, e brevemente observo como seus dedos se sobrepõem
quando eles vão ao redor do meu membro inteiro. — Bishop.

Bishop o ignora, seus olhos treinados em um ponto da mesa.

Brantley se vira para mim. — Vá esperar lá fora. Sairei em


um segundo.

Quero dizer algo ao Bishop. Ele parece quebrado. Em vez


disso, deixei meus pés me levarem para o foyer. Ele está sofrendo,
e é óbvio que é sobre essa garota Madison. Fiz o teste de

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
personalidade Myers-Briggs7 online uma vez. Ele dizia que eu era
um empática. Não sabia o que isso era até hoje à noite. Até que
estava cercada por um grupo de pessoas. Eu senti a dor de Bishop,
a traição de Tillie, e a ansiedade de Nate. Quando se tratava de
Brantley, porém, tudo o que senti era frieza.

Saímos depois disso. Por nós, quero dizer que eles realmente
não me deram escolha. Não que eu fosse dizer não. Quando eles
me direcionaram para um Maserati preto fosco, eu sabia que esses
meninos definitivamente não eram daqui porque eu teria notado
seus carros.

Ele nos levou para a rodovia e depois para a ponte. Eu


deveria ter perguntado para onde estávamos indo, mas não
perguntei. Muito perdida em meus pensamentos bêbados e muito
sedenta por mais.

— Vamos para outro lugar? — Perguntei, e os dois se


entreolharam, então o que estava dirigindo - o indiferente –
encontrou meus olhos no espelho retrovisor.

— Sim, a noite ainda é uma criança, você não acha? — Sempre


que algum deles falava, eu tinha a sensação de que eles queriam
dizer outra coisa. Como se suas palavras fossem apenas um
prenúncio do que eles realmente queriam dizer.

— Certo. — Corri minha língua sobre meu lábio inferior. A


música estava mais alta, o carro andava mais rápido e antes que
eu pudesse registrar onde estávamos, notei a placa dos Hamptons.

Merda. Disseram-me para ficar longe deste lugar. Mas


também me disseram para ficar longe dos meninos e nunca dei
ouvidos a esse conselho. Claramente, é por isso que eu estava
nessa situação para começar. Nós dirigimos através do município,

7 A tipologia de Myers-Briggs, indicador tipológico ou ainda classificação tipológica de Myers-Briggs é

um instrumento utilizado para identificar características e preferências pessoais.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
até que o irritado levou o telefone ao ouvido, desligando o som. Foi
um momento perfeito, na verdade, porque eu acabei de captar a
primeira coisa que quem quer que estivesse do outro lado disse.

— Brantley, dê a volta.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 7
SAINT

O céu é hoje a cor da tristeza. É como se alguém mergulhasse


a ponta de um pincel em cinzento suave e fizesse pinceladas de
raiva através de um azul plácido.

Eu gosto disso.

Desbloqueio meu telefone e verifico a previsão rapidamente


depois de colocar algumas roupas confortáveis, esperando ter
tempo para plantar minha nova rosa do deserto quando uma
mensagem chega.

Desconhecido: Seu nome é Saint?

Me sento, confusa. Nunca recebi uma mensagem de texto de


ninguém antes. Bem, a menos que seja Brantley quem envia
alguma frase básica como certifique-se de trancar o portão ou um
de seus tutores está cancelando uma sessão - o que nunca
aconteceu.

Meus dedos voam sobre o teclado.

Saint: Sim.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Jogo meu telefone na minha cama e começo a fazer uma
trança francesa no meu cabelo para o lado. Não muito tempo
depois de terminar, meu telefone apita.

Desconhecido: Você pode guardar um segredo?

Sinto minhas sobrancelhas franzirem no meio enquanto


disparo minha resposta.

Eu: Quem é?

Agora que estou envolvida, meu telefone continua na palma


da minha mão enquanto espero pela resposta.

Desconhecido: Seu novo segredo. Mude a senha do seu


telefone e não conte a ninguém sobre isso.

Meu polegar paira sobre a tela por alguns segundos


enquanto penso sobre o que acabei de ler. Quando compreendo
por todos os motivos por que esta pessoa está me mandando
mensagens de texto, fico aquém das expectativas. Não tenho
experiência em situações sociais ou dinâmicas. Talvez seja Tillie.
Talvez seja isto que as meninas fazem e como elas mandam
mensagens.

Abro minhas configurações e defino uma nova senha,


salvando o número como um ?. Pegando meus AirPods, coloco-os
nos ouvidos enquanto desço as escadas. Me movo pela grande
sala de estar, abrindo as velhas portas de madeira que dão para o
pátio. Esta casa é como um labirinto escuro. Tem a forma de um
U e o meio está repleto de jardins tão ricos e vibrantes que
parecem maravilhosos demais para a casa. Também há uma
piscina no meio, que nunca é usada, mas sempre mantida. Atrás
da piscina há um arco de concreto com as letras EKC estampadas
na parte superior. Musgo e hera sobem pelas laterais da pedra,
alcançando tudo o que pode para crescer e subir. Atrás desse arco
fica o cemitério de Vitiosis. Eu não entro lá com frequência.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Percorrendo meu telefone, aperto play em um velho clássico
que estou tentando aprender. Jardinar ajuda minha mente a
respirar.

Respirar...

Passado

— Respire, — Brantley sussurrou, fechando a porta atrás


dele.

Balancei minha cabeça. — Não sei o que ele quer que eu faça.

O cabelo escuro de Brantley caiu sobre sua testa, me


distraindo momentaneamente. Ele precisava cortá-lo, pensei
comigo mesma. Ou talvez ele quisesse que ficasse assim. Ele tinha
treze anos e eu nove.

A mandíbula de Brantley ficou tensa, seus dedos


mergulhando em seu cabelo enquanto ele deslizava pela porta do
meu quarto.

Dei dois passos em direção a ele, ajoelhando-me em sua


frente. — Ele faz isso com todo mundo?

Brantley balançou a cabeça. — Não. Não com meus irmãos.

Achei estranho, mas não disse nada. Ele trouxe seus olhos
até os meus. Sombrio. Seus olhos eram tão escuros, um contraste
com sua pele pálida. — Ele vai fazer você fazer merda.

— O quê? — Sussurrei, e mesmo que ele não elaborasse,


poderia dizer pelo tom que ele usou que eu não gostaria. De modo
nenhum.

— Ele vai fazer coisas que você não vai gostar. E não posso
pará-lo. — Sua cabeça pendurada entre os ombros.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Estendi a mão para ele, meus dedos magros envolvendo em
torno de seus braços já desenvolvidos. Bem, a menos que todos
os meninos tivessem alguns músculos aos treze. Eu não
saberia. — O que você quer dizer?

Houve uma batida na porta. Brantley ficou de pé, me


empurrando para trás de seu corpo e me escondendo atrás de sua
estatura. Virando-se, ele estudou minhas feições. — Eu não posso
pará-lo ainda. Não sou forte o suficiente. E prometo que um dia,
no entanto. Prometo que ele não vai te machucar nunca mais.

Eu podia ver em seus olhos a dor que ele tentava esconder. O


que quer que Lucan estivesse prestes a fazer comigo, devia ser
ruim.

Eu não sabia que tipo de ruim.

— Foda-se, — Brantley amaldiçoou. — Que se dane isto. —


Ele endireitou os ombros e eu observei com fascinação como sua
mandíbula apertou e suas pupilas dilataram. — Ele não vai tocar
em você. — Sua mão estava na minha nuca enquanto ele puxava
meu rosto para o dele. — Olhe para mim, Saint. — Eu fiz. Olhei
para a maneira como sua boca se movia também. Também
observei como seus olhos escureceram. Como eu sabia que ele
deveria me assustar, mas não assustava. Ele nunca me
assustou. — Ele não irá tocar em você. Confia em mim? — Ele
falou com determinação, como se tivesse tomado uma decisão
absoluta.

— Eu... — pausei. Não entendia bem a palavra confiança,


mas sentia no fundo do meu instinto que se eu estivesse em
perigo, Brantley provavelmente me tiraria dele. Ele sempre tinha
sido assim comigo. Ele sempre havia sido a sombra silenciosa que
me protegia nos bastidores. Nunca precisou se expressar alto
sobre isso, porque sua energia era suficiente para advertir alguém.
— Balancei minha cabeça. — Sim.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Está bem. Você não vai gostar disto, mas aquele seria pior.
Confia nisso?

Balancei a cabeça novamente. Houve outra batida na porta.

— Filho da puta, estou indo!

Antes que eu pudesse dizer outra palavra, Brantley deu a


volta, abriu a porta e pisou na frente de Lucan. — Você não vai
tocá-la. Nunca.

Presente

O suor escorre na minha nuca enquanto imagens piscam


atrás dos meus olhos.

— Saint! — A voz de Brantley me tira do meu torpor e seguro


o regador na mão.

— O que aconteceu? — Pergunto, apertando o metal na


minha mão e olhando da esquerda para a direita para ver quem
mais está aqui. Minha cabeça lateja de dor, e só quando tudo
entra em foco é que percebo que ou caí no canto de um dos
canteiros do jardim.

Sua mandíbula aperta, seus olhos nos meus. Seu olhar me


penetra como um fósforo aceso em um quarto escuro. — Eu não
sei, porra. Você faz isso com frequência?

— Hum. — Fico de pé, meus joelhos balançando como


geleia. — Sim. Eu acho. Mas geralmente são pesadelos.

Ele exala, agarrando minhas mãos e me ajudando a


levantar. — Você não vai ficar aqui sozinha sem alguém de agora
em diante. Se não for eu, vou deixá-la na casa de Tillie.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Começo a balançar a cabeça porque ele não precisa ir a tal
extremo. — Você não precisa fazer isso. Ficarei bem.

Seus olhos se fecham, suas narinas dilatam antes de seus


olhos se abrirem novamente. Não gosto quando ele me olha
assim. Isso faz meu estômago rolar e meu coração vacilar. Ele me
deixa desconfortável de uma forma que faz meu estômago doer,
mas sua presença também me acalma. Como um golpe suave de
eletricidade incendiando minhas veias. — Inegociável. — Ele se
vira para se afastar de mim, então removo minhas luvas de jardim,
jogando-as para o lado. — Vá se trocar.

— Por quê? — Grito, seguindo atrás dele.

— Porque estou dando uma porra de uma festa esta noite.

Ele tinha virado o carro após o telefonema, e nós percorremos


lentamente uma rua com iluminações que revestiam a estrada. Era
claramente privado e exclusivo. Nada como de onde eu vim.

Ele parou o carro em uma longa estrada de paralelepípedos


até que estacionamos do lado de fora de uma mansão
enorme. Sinceramente, era apenas uma demonstração de quanto
dinheiro os proprietários claramente tinham.

Brantley - agora que eu sabia seu nome - se virou para


mim. — Saia.

Ambos pularam de seus assentos, e ele moveu o assento do


passageiro para eu sair. Quando ouvi a música estridente e as
pessoas ao fundo, relaxei um pouco, imaginando que eles
obviamente me levaram para outra festa.

Endireitei minha saia e joguei meu cabelo por cima do ombro,


olhando para a casa. — Bela casa. É sua?

Brantley olhou entre mim e o outro cara. — Não, de um amigo.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Começamos a caminhar para a frente da casa, quando
Brantley abriu a porta e entrou, deixando o outro perto de mim.
Assim que entrei, parei de respirar. Era como um museu, não uma
casa. Com janelas de vidro, escadas, e sem fotos de família, apenas
arte. Era o oposto daquilo a que eu estava acostumada. Eu não
percebi que havia parado de andar até sentir um clique de metal no
pescoço.

Minhas mãos ergueram-se na frente. — O quê?

O cara que estava atrás de mim puxou a coleira. — Você disse


que queria jogar um jogo, então adivinhe? — Ele rodeou meu corpo
até que eu estivesse na sua frente, e meus olhos voaram entre ele
e Brantley, que agora estava parado onde paredes de vidro se
abriam para a área de jantar externa.

— Vamos jogar, porra.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 8
SAINT

Uma festa. Ele as teve aqui algumas vezes no passado, mas


naquelas vezes me disseram para ficar no meu quarto. Nos
últimos dias, conheci seus amigos, fui a uma nova casa, vi-os
brigar e ainda não entendi a dinâmica entre todos eles.

Kore lambe meus dedos depois que eu fecho o cercado da


Medusa. — Eu sei. Tenho passado um tempo longe, mas você tem
Hades e Medusa.

Fico olhando para a porta de madeira maciça tingida quando


há uma batida forte. Se você olhar suficientemente perto da
estampa que naturalmente se espalha sobre a madeira, poderá ver
faces do mal. Brantley não bate, então eu sei imediatamente que
não é ele.

Dando passos para o outro lado do quarto, aperto a


maçaneta e abro. Bishop está na soleira, com as mãos enterradas
nos bolsos da calça jeans com um casaco com capuz em volta do
pescoço. Minha boca seca e minhas palmas coçam. Tenho que
esfregá-las nas minhas coxas apenas para parar de me inquietar.

— Oi?

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Posso entrar? — Ele aponta para o meu quarto e me
afasto, permitindo que ele entre. Ele não é tão alto quanto
Brantley, mas muitas pessoas não são. Ele é forte, obviamente,
gastando tanto tempo levantando pesos quanto Brantley. Seu
cabelo é loiro mais escuro ou castanho claro, sua pele é beijada
por mil sóis. Fecho a porta atrás de mim e paro. Deveria fechar a
porta?

— Está tudo bem, — Bishop responde a minha pergunta


silenciosa, caminhando para o outro lado do meu quarto até que
ele alcança as cortinas de seda italiana que protegem o sol de
entrar. Não respondo enquanto adentro, de volta ao meu balcão
de maquiagem e espelho.

— Está tudo bem? — Ele se abaixa na minha cama,


encostando na cabeceira de mármore. Seus olhos permanecem
passivos nos meus, mas ele não fala uma palavra.

Minha boca se abre, e quando estou prestes a dizer algo, giro


para que minhas pernas fiquem sob a penteadeira e pego meu
delineador.

— Você é diferente, — é tudo o que ele diz, e minha mão paira


sobre minha bochecha esquerda.

— Isso sempre tem que ser uma coisa ruim? — Pergunto,


mas no fundo da minha mente, já posso me sentir querendo
perguntar por que ele está no meu quarto. Ou talvez isso seja
normal?

Quando não responde, olho para ele pelo espelho,


encontrando-o ainda me olhando, seu capuz agora sobre sua
cabeça. Ele engole asperamente, sua garganta se contraindo com
o movimento. — Não. Não é. Bem, — acrescenta, inclinando a
cabeça para o lado. A forma como a luz do meu quarto atinge seu
queixo o faz parecer tão nítido quanto o de Brantley. Sempre
adorei meninos com um queixo bonito. Pelo que vi nos filmes, pelo
menos...

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Bem? — Insisto para que continue, enquanto acaricio o
forro do meu assento. Procuro ser reservada. Talvez, se eu parecer
desinteressada em sua resposta, ele me responda.

— Brantley lhe contou alguma coisa sobre a família dele?

Depois de terminar os dois olhos, balanço minha cabeça e


me viro para encará-lo, segurando o laço de seda que está
segurando meu roupão de banho fechado. — Não. — Minha voz é
suave, mas a verdade é cruel. Retorno meu foco de volta para
ele. — Ele não precisa. Acho que sei o suficiente.

Bishop se levanta da minha cama e se move ao redor do meu


quarto com familiaridade e confiança até que ele esteja
diretamente na minha frente. Seu dedo indicador vem abaixo da
minha orelha, onde ele aplica uma pressão suave. Prendo minha
respiração e fecho meus olhos enquanto ele arrasta a ponta do
dedo diretamente de trás da minha orelha até a minha
clavícula. — Humm, é por isso que ele marcou seu nome em seu
pescoço?

Minha língua passa rapidamente por meu lábio inferior


enquanto meus olhos reabrem, e estou olhando para Bishop de
baixo. Ele se eleva sobre mim, mas não estou desconfortável. Ele
não me faz sentir como Brantley. Ele não suga o oxigênio
diretamente dos meus pulmões quando está por perto.

Com o Bishop, é leve.

Calmo.

Amigável?

— Não, — sussurro, descansando minha cabeça em seu


braço. Deve pegá-lo desprevenido porque seus olhos se voltam
para a ação. E me endireito. — Vitiosis é meu nome também.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Touché. — Bishop ri, finalmente removendo o dedo do meu
pescoço. Ele está caminhando em direção à porta quando eu o
paro.

— Madison... — Tento a palavra simples que ninguém vai


falar.

Seus ombros ficam visivelmente imóveis, seus dedos


flexionando sobre a maçaneta de ouro. Ele não se move, mas já
posso sentir a energia no quarto mudar. Talvez não devesse ter
dito isso, mas vou mesmo assim. Tillie me contou um pouco sobre
ele e ela. Se eles se amam tanto, por que não estão juntos?

Ele ainda não se mexeu, então disparo o tiro que estou


querendo atirar. Só que agora eu não sei o que dizer. — Não vou
falar sobre ela. Mas quero que saiba que, se quiser, pode falar
sobre ela comigo. Se você quiser. — Seus ombros sobem e
descem. — Quero dizer, você pode...

—... Porra. — Ele abre a porta e bate atrás de sua partida,


chocando-me com sua retirada severa. Talvez eu tenha
ultrapassado os limites. Eu não sei. Mas há uma razão pela qual
acho que me senti conectada a Bishop, espero que talvez essa
conexão possa ser uma amizade.

Exalando uma respiração instável, fico na frente do meu


espelho vitoriano, pegando os olhos de Kore e Hades no reflexo. —
Demais?

Kore quase me dispensa, colocando a cabeça para trás em


sua cama, mas Hades ainda está olhando. Ele inclina a cabeça.

— Talvez?

Ele pula para o outro lado. Às vezes me pergunto se ele vê os


fantasmas que andam por esta propriedade.

Opto por uma roupa mais simples esta noite. Jeans preto de
cintura alta que fica acima dos meus tornozelos e uma blusa de

LIVRO 1
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gola alta justa. Coloco meu tênis Givenchy enquanto pego meu
telefone da minha cama assim que uma mensagem chega.

?: Vou vê-la hoje à noite.

Paro, não exatamente alcançando a maçaneta, e puxo minha


mão para responder.

Saint: Você vem para a festa?

Guardando meu telefone no bolso de trás, abro a porta e


desço as escadas, passando pelas pinturas de retratos da família
de Brantley no caminho.

Assim que chego ao pé da escada, a música fica mais


alta. Ninguém está dentro de casa; estão todos lá fora, perto da
piscina - e do meu jardim. O pensamento me deixa ansiosa.

Viro o corredor da cozinha quando esbarro em Tillie, com a


cabeça afundada no freezer. — Ah, você está bem?

Ela grita, pulando para trás enquanto bate a cabeça no


caminho, esfregando-a suavemente. — Merda, Saint, você me
assustou. Sim, estou bem. Vocês não têm sorvete nesta casa?

Seguro minha risada. Ela parece confusa. Seu cabelo rosa


está em ondas naturais e seu rosto está, pelo que posso dizer, sem
maquiagem. — Sim, mas está no freezer da garagem.

Ela me olha de cima a baixo. — Sem vestido de verão esta


noite?

— Bem. — Sorrio. — Não há sol, então não.

Seus olhos se estreitam. — Ha. Você tem senso de humor. —


Virando-se, ela murmura: — Herdou isso de mim.

— Desculpe?

— Humm? — Ela olha para mim como se tivesse dito algo


que não deveria. — Nada. Eu só... — Ela sacode as mãos para

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
cima e para baixo no meu corpo. — Realmente amo o seu
estilo. Não é convencional. Gosto que um dia você esteja usando
um vestidinho lindo e no outro você possa estar usando jeans e -
esses são os novos Givenchy?

Minhas bochechas ficam vermelhas. — Eu amo fazer


compras tanto quanto amo moda. Tornei-me dependente disso
para me manter ocupada ao longo dos anos. Bem como minhas
plantas.

— Ahhh, então você cultiva maconha para os meninos?

— O quê? — Pergunto, confusa.

— Merda, — gagueja Tillie. — Vou ter tantos problemas com


Bran. — Ela estende a mão. — Passe-me seu telefone, vou colocar
meu número nele.

Deslizo para fora do meu bolso de trás, destrancando e


entregando a ela. Seus dedos disparam sobre a minha tela
rapidamente antes que ela me devolva, assim que uma notificação
chega.

— Antes de você sair, vamos fazer uma selfie para o


Instagram.

— Para quê? — É a milionésima vez desde que conheci os


amigos de Brantley que me sinto um pária.

— Claro que o bruto não permitiu que você tivesse


Instagram. Vamos marcar o seu mais tarde e me deixar lidar com
a ira dele. — Ela vira a câmera do telefone e se contorce na minha
frente. — Sorria!

Sorrio. Exibindo um sorriso amplo. Tillie abaixa o telefone e


verifica a foto. Eu gosto disso. — Jesus. Você é tão bonita.

— Você também, — digo, apontando para ela. — Quase


temos o mesmo sorriso.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Tillie congela antes de digitar uma legenda.

A pecadora e a santa... ou será que ela é?

Levanto uma sobrancelha para sua legenda. Sei o que isso


significa. Rio de qualquer maneira, e depois abro rapidamente
minha loja de aplicativos para baixar o Instagram. — Você vai ter
que me mostrar como usá-lo. Nunca tive nenhum aplicativo no
meu telefone, apenas no meu computador.

— Eu vou. — Ela engancha o braço no meu e começa a nos


conduzir para fora da cozinha. Pegamos um par de sorvetes do
congelador na garagem antes de voltar pelo saguão principal, pela
sala de estar e pelas portas de correr para o pátio externo.

A música transborda de gargalhadas enquanto as pessoas


brincam na piscina. — Ignore todos os olhares, — sussurra Tillie
em meu ouvido sobre a atmosfera vociferante. — Vai se acostumar
com isso. Espere até que descubram que você está com Bran.

Não respondo a ela, principalmente porque não acho que


posso verbalmente. Nós passamos por garotas usando biquínis e
algumas vestindo nada - literalmente nada. Estão
completamente nuas. Ainda estou olhando para o grupo de
pessoas se beijando no spa quando Tillie nos para.

Lentamente me viro, meu cabelo caindo sobre meu ombro


quando vejo todos sentados ao redor de uma fogueira entre a
piscina e a entrada do cemitério. É longe o suficiente da música
para não ser opressor, mas perto o suficiente para ainda ser capaz
de desfrutar das melodias. Música é algo que também vivi. Filmes,
música e livros. As três maneiras de viver mais de uma vida.

Encontro Brantley instantaneamente. Ele está sentado em


uma das cadeiras do lado oposto do fogo. Está vestindo um
moletom com capuz escuro, jeans preto com rasgos nos joelhos,
Chuck Taylors e - perco minha linha de pensamento porque seus
olhos estão se movendo para cima e para baixo no meu corpo.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Bem, se não é o novo dueto, — Eli ronrona do outro lado
de Tillie.

Tillie bate na parte de trás de sua cabeça enquanto toma um


assento ao lado de Nate, e me encontro ao lado de Bishop porque
ele está mais próximo de mim em uma poltrona de dois
lugares. Também não sei onde mais devo sentar.

Bishop permanece em silêncio, levando a borda do copo à


boca.

Viro minha cabeça para observá-lo enquanto ele toma longos


goles. Se afogando em bebida alcoólica. Adoraria conhecer a
garota que deixou este homem de joelhos, enquanto segurava seu
coração partido.

— Então, você acha que isso vai funcionar? — Eli pergunta,


olhando para Brantley. Eli deve ter mais ou menos a mesma idade
que o resto deles, mas ele está mais na escala bonita. Suas maçãs
do rosto encovadas e as poucas marcas de beleza em seu rosto
são tão femininos, mas tenho a sensação de que ele é tudo menos
isso.

— Não sei, — Brantley diz, e quando olho para ele, seus olhos
ainda estão nos meus. Sua mandíbula está tensa, as sombras ao
redor de seu rosto mais obscuras. Os nervos em minha barriga
voltam à superfície. Sinto que estou fazendo algo errado, como se
estivesse sendo repreendida por um pai, mas não tenho ideia do
motivo.

— Você precisa relaxar, cara. — Bishop ri alto de Brantley ao


meu lado.

Estou perdida. Novamente.

Bishop sorri afetadamente em torno da borda de sua garrafa,


e levanto minha mão mais longe em direção às chamas para
aquecer minhas palmas. — Você e eu sabemos que não é isso. —
Ele murmura outra coisa baixinho também, mas não entendo.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Saint! — Tillie chama de algumas cadeiras adiante. — Já
bebeu álcool?

—... Não, — Bishop e Brantley gritaram para ela.

— Jesus. — Ela revira os olhos. — Eu vejo que o todo... —


ela acena —... está em pleno vigor.

— Faça melhor, Tillie... — Bishop rosna para ela.

Posso ver Brantley chutar suas pernas do canto do olho,


inclinando-se para trás em sua cadeira. Quando finalmente olho
para ele, ele ainda está me observando. Os tons alaranjados que
ricocheteiam as chamas lhe dão uma estampada no rosto,
deixando um brilho estridente de sombras sobre suas feições.

— Você sabe, eu dou a Brit Robinson vinte minutos antes


que ela rasteje no colo de Bishop novamente, — Tillie reflete. Eli
está quieto, observando o que está acontecendo na banheira de
hidromassagem. Ele sempre parece entediado. Como se
precisasse de algo para brincar o tempo todo.

— Tentando... — Nate corrige, massageando sua barriga.

— Tentando, — diz Tillie, colocando um pedaço de Ben &


Jerry's na boca. Me pergunto se Bran é o mesmo. Sem dúvida ele
estaria, mas notei que as pessoas olham para Brantley, mas não
se aproximam. É como se eles estivessem quase... com muito
medo.

— Apenas fique ao lado de Bishop, Saint. Assuste todas elas.


— Eli dá uma risadinha acendendo um cigarro.

— Não preciso dela para assustá-las. Elas sabem quem


comanda essa merda. — Bishop se inclina sobre os cotovelos,
pendurando a cabeça entre os ombros. Meu telefone vibra no
bolso de trás, então me inclino para pegá-lo.

— Oh, você tem permissão para ter um telefone? — Bishop


zomba. — Estou chocado. Mesmo.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Cale a boca. — Brantley chuta poeira em direção a Bishop,
rindo.

Desbloqueio meu telefone, mas não atendo a mensagem.

— Coloque meu número, então se você precisar de alguém


para salvá-la, você me liga... — Bishop fala seu número enquanto
digito no meu telefone, enviando a ele uma tela em branco para
que ele fique com o meu.

— Te enviei uma mensagem.

— Por que você pegou seu telefone? — Brantley interrompe e


todos ficam em silêncio. Abro o Instagram, virando a tela na
direção dele.

— Tillie me contou sobre este aplicativo de fotos.

— Ela fez simplesmente... — Brantley olha para Tillie na


frente dele.

— De nada. — Ela manda um beijo para


Brantley. Novamente, estou confusa com a dinâmica. Olho por
cima do ombro para o grupo de pessoas todos se beijando na
banheira de hidromassagem, trocando de parceiros e se
beijando. Entre outras coisas. Talvez seja isso que todos eles
fazem?

— O que você pensa sobre isso? — Eli pergunta de frente


para mim.

Não tiro meus olhos do que está acontecendo. — Só estou me


perguntando se vocês também fazem isso? — Aponto para a
banheira de hidromassagem.

Eli solta uma risada e não demora muito até que Nate se
junte a ele.

— Quem me dera, porra, — Eli murmura. — Bem,


tradicionalmente falando, é sabido que trocamos, mas vejo um...

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Eli! — Brantley se encaixa. — Enfie um pau na boca ou
coloque uma boceta nesses lábios.

Eli não vacila, seu sorriso permanece em mim. — Bran


apenas desejava que fosse seu pau. — Em seguida, ele se inclina
para trás, levando a cerveja à boca e dispensando Brantley.

Bishop se levanta, e todos nós observamos enquanto ele


cambaleia pelo gramado e vai para o pátio. — Ele vai ficar bem?
— Me pego perguntando em voz alta.

— Ele ficará bem, desde que não haja coca na casa.

Viro-me e meus olhos se conectam com Brantley, que está


com a cerveja na boca. Suas pernas estão abertas, um joelho
quicando, enquanto seus olhos escuros estão completamente e
totalmente focados em mim. Ele está fazendo aquela coisa em que
eu não sei o que ele está fazendo mais uma vez.

Ele abaixa a garrafa de cerveja e diz: — Venha aqui.

Me levanto da minha cadeira e dou três passos em direção a


ele, olhando para o pouco espaço que há ao seu lado. Consigo me
espremer, enrolando minhas pernas abaixo do meu bumbum.

— Então, isso é tudo que vocês fazem nas festas? — Pergunto


a Brantley, virando-me para encará-lo. — Odeio admitir, mas não
acho que estou perdendo muito.

Bem quando acho que ele não vai me responder, o canto de


sua boca se curva. Não muito, mas o suficiente para saber que eu
disse algo para apaziguá-lo.

Ele passa o braço nas costas da minha cadeira, inclinando a


cabeça para o lado para me analisar. — Tenho certeza de que isso
mudará quanto mais tempo você ficar conosco.

— E quanto tempo vai demorar? — Pergunto, tocando onde


seus joelhos estão rasgados.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ele começa a rir, e é exatamente quando percebo que o estou
tocando. — O que é engraçado?

Ele balança a cabeça. — Só que você acha que teria uma vida
sem mim nela.

Meu coração afunda um pouco. — Oh. — A culpa com a qual


vivi é inebriante. Muito mais mortal do que qualquer uma das
bebidas que estão consumindo esta noite. — Posso te fazer uma
pergunta?

Ele não responde, mas seus olhos permanecem nos meus, o


que considero um sinal verde para continuar.

— Por que você parou de voltar para casa?

Observo como todo o seu comportamento se altera. Sua


mandíbula fica tensa, seus olhos ficam mais cautelosos e os
músculos de suas coxas flexionam. Já sei por quê. Só quero que
ele diga as palavras. Quero que ele finalmente admita que me
despreza. Que toda vez que ele me vê, ele vê seu pesadelo em carne
e osso. Ele não vai, no entanto. Isso é o que Brantley sempre
fez. Ele nunca lidou com suas emoções, porque não as
tem. Conforme ele envelhecia, eu o observei se
transformar. Ficava mal-humorado. Parava de falar. Ele se
afastou do garoto que eu conhecia e se prendeu a um cadáver. Não
pude testemunhar por muito tempo, porque ele finalmente parou
de voltar para casa, ou quando o fazia, nunca nos vimos.

Mas ele esquece que eu o conheço. Não apenas seu cadáver,


mas a alma que ele esconde debaixo dele. Eu o conheço
completamente, e não me refiro apenas às suas partes sombrias,
porque tudo de Brantley é sombrio. Com algumas pessoas, elas se
tornam assim por causa de algum acontecimento infeliz que as
tornou assim. Esse não é o Brantley. Ele nasceu assim. A natureza
superou a criação, embora a criação não tenha ajudado.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Eu tinha outras coisas para fazer, — é tudo o que ele
diz. Ficamos sentados em silêncio por um tempo e ouvimos Eli e
Tillie irem e voltarem nos nomes de bebês. Nate acrescenta sua
opinião de vez em quando. Relaxo levemente quando percebo que
estou me adaptando ao ambiente. Brantley puxa seu telefone por
alguns minutos antes que as pessoas que estavam aqui festejando
estejam sendo escoltadas por homens de terno. Reconheço alguns
deles por estarem em casa às vezes, ao longo dos anos. Não o
tempo todo, mas às vezes.

Então somos só nós. Mas Hunter e Cash vêm e pegam Eli, e


Nate e Tillie dão boa noite, deixando apenas Brantley e eu.
Sozinhos. Pela primeira vez no que parece ser a única vez.

Ele se levanta, jogando a garrafa no lixo ao seu lado. — Você


se lembra muito sobre sua vida antes de Lucan te pegar? — A
música ainda está tocando ao fundo. Acho que é uma música do
Eminem.

Sua pergunta me deixa fora de foco, porque de tudo que eu


estava imaginando, não era um deles. — Não, nada. Por quê? —
Fico ao lado dele quando ele não responde, minha mão em seu
braço. — Brantley...

Seus lábios se curvam entre os dentes quando ele finalmente


me encara. — Há todo um mundo que você não conhece e espero
que ele não saiba sobre você.

— O que você quer dizer?

Ele se recosta na cadeira, balançando a cabeça. — Disse que


eu não queria essa coisa de segredos, já que Bishop atuou
teatralmente com suas besteiras com Madison e isso acabou
arruinando os dois. — Posso sentir que ele não terminou, então
não interrompo.

Um segundo.

Dois.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Três.

Após alguns segundos de silêncio, ele abre a boca. — Vou


começar explicando The Elite Kings Club.

— Ok, — Digo, sentando ao seu lado.

Ele começa a falar e permaneço em silêncio. Absorvo todas


as informações que ele me diz, mesmo as partes que são difíceis
de acompanhar.

— Vocês têm mandamentos? — Pergunto, e não sei por que


essa é a primeira coisa que quero saber, mas eu quero.

Ele concorda. — Sim. Eles estão gravados na lápide de


Vitiosis no cemitério. E nós os levamos a sério.

— Diga-me um deles. — Estou fascinada pela história que


ele me contou. Como de geração em geração cada sobrenome tem
um legado e um significado. Bishop Hayes, Diabo. Eli
Rebelis, Rebelde. Nate Malum, Maligno. Brantley
Vitiosis, Cruel ou Vicious. Ele continuou explicando os outros
sobrenomes, como se aparentemente o sobrenome verdadeiro de
Madison fosse Venari, Caçador. Todos os seus sobrenomes vêm
do latim, a língua morta, que é a língua original de seus
ancestrais. É tudo confuso e difícil de acompanhar, mas acho que
é o que torna tudo ainda mais mágico. Sempre adorei fantasia e
ficção. Ele abre a mente humana, transforma o mundano e o
básico em mundos que só poderíamos visualizar em nossos
sonhos.

Harry Potter, por exemplo. Como colega de Ravenclaw8, revi


os filmes e releio os livros sempre que preciso ser lembrada de que
estou em casa.

8 É uma das quatro casas da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Uma casa conhecida pela

inteligência de seus membros. Ela valoriza a aprendizagem, sagacidade, sabedoria e intelecto.

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ELITE KING’S CLUB #6
Olho para o sonserino9.

O sonserino ri. — Tudo bem, mas a primeira coisa que você


precisa saber é que nada em nosso mundo faz sentido para as
pessoas comuns. — Seu dedo está provocando seu lábio superior,
seus olhos permanecem passivos nos meus. — Quarto
mandamento. O que é seu é de seus irmãos, a menos que um King
reivindique o vermelho. — Brantley faz uma pausa, apoiando os
cotovelos nos joelhos, sem nunca desconectar. As chamas estão
morrendo agora, mas a música ainda está tocando. A noite está
tão morta quanto os cadáveres que não estão a três metros de
nós. — Você sabe por que chamam de 'vermelho'?

Balancei minha cabeça. Não tenho certeza se quero saber, o


que é ridículo porque fui eu quem queria saber tudo para
começar. — Mas eu não entendo o quê, é de seus irmãos?

— Isso significa que se um de nós gosta da namorada,


esposa, noiva do outro, qualquer vadia que tenhamos aquecendo
nosso pau naquele momento, então pela lei Elite Kings Club, ela
está disponível.

— Significa que ela pode dormir com todos vocês? —


Pergunto, inclinando minha cabeça.

Seus olhos se estreitam. — Sim.

— Mas, muitas meninas não gostariam disso, certo?

Ele não responde, e quando mordo meu lábio inferior em


uma tentativa de acalmar meus nervos, ele estende a mão e o pega
com o polegar. Eletricidade vibra por mim, seguida de perto por
um líquido quente que transforma meus ossos em mingau. —
Você ficaria surpresa com o quão fácil é para algumas meninas.

9 Referência a outra casa de Hogwarts - Sonserina. Seus membros compartilham vários traços em

comum: ambição, astúcia, inteligência e determinação. São também alunos com “um certo desprezo pelas
regras”.

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ELITE KING’S CLUB #6
— Você já? — Não sei por que estou perguntando. Não tenho
certeza se quero saber. — Compartilhou, quero dizer. — Parece
que ainda estou perguntando...

Ele libera meu lábio e estende a mão para pegar outra cerveja
da geladeira, tirando a tampa e jogando-a no lixo. — Não estou
interessado em ter uma namorada. Nunca. Mas sim, isso
acontece com frequência.

— Quem foi sua última? — Sério, Saint.

Ele faz uma pausa, com a garrafa nos lábios. — Tillie.

Minha cabeça gira em torno dele, meus olhos arregalados. —


Tillie e Nate? Essa Tillie?

Brantley encolhe os ombros. — Nunca fui até o fim porque


Nate é um maldito maricas, mas sim.

— Humph, — bufo em voz alta.

— O quê? — Brantley pergunta, apoiando a garrafa no joelho.

Coloco meu cabelo atrás da orelha. — Não sei, só estava


pensando...

— O quê? — ele responde, seu tom nervoso. Sílabas saem de


seus lábios e deslizam em minhas veias como um jato de fluido
por uma intravenosa. — Que porra você está pensando?

— Bem, eu não sei. Quero dizer. — Limpo minha garganta e


baixo minha voz. Sempre me senti confortável perto de Brantley,
mesmo quando ele transformava minhas entranhas em
purê. Estou relaxada perto dele. — Nunca tive ninguém, você
sabe...

Ele joga a garrafa agora vazia no lixo, esmagando as que já


estão dentro dela. Não foi um lance zangado, mas foi claramente
enérgico. — Não vai acontecer.

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ELITE KING’S CLUB #6
— Bem, sim, eu percebi. Mas estou apenas dizendo. — Aceno
minha mão no ar.

Seus olhos se conectam com os meus e fico paralisada do


pescoço para baixo. Suas órbitas escuras deslizam sobre meu
pescoço enquanto minha pulsação se intensifica. A língua dele se
estende e atravessa seus dentes. — E se você fizesse, você deixaria
outro cara te foder?

Encolho os ombros, porque sinceramente não sei a resposta


para isso. — Eu li em um livro uma vez que seu apetite sexual não
é despertado até que você tenha relações sexuais. Então, eu não
sei.

Sua boca se fecha. — De qualquer forma. Temos seis


mandamentos. Hayes é sempre o alfa do bando, ou como Bishop
gosta de dizer, Deus do bando. Nate, seu braço direito eleito, sou
o terceiro na linha. Existem apenas três no topo. Os demais caem
depois no ranking, mas a lealdade é a mesma.

— Ok. — Aceno minha cabeça. — Então, Hayes, Malum e


Vitiosis são as linhagens principais do The Elite Kings Club? E o
que todos vocês fazem, qual é o seu dever?

Os lábios carnudos de Brantley se curvam no canto. — E isso


é algo que nunca sai do nosso círculo, mas em suma... — Ele faz
uma pausa, seus olhos fixos nas brasas ardentes na fogueira. —
Nós possuímos essa porra de cidade.

— Brantley? — Ele não responde, então eu alcanço até meus


dedos estarem em seu anel. É preto, prateado e pesado. — Como
é que não me lembro de todas as minhas memórias quando era
mais jovem?

Ele se levanta da cadeira. — Isso é normal, e no seu caso,


provavelmente é melhor que não aconteça. Vamos, isso é tudo o
que estou dizendo hoje à noite. — E embora ele diga as palavras,

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
sei que o que ele me disse não está nem arranhando a superfície
do que este mundo acarreta.

Nós dois subimos a escada e depois nos separamos em


nossos quartos. Fechei a porta do meu atrás de mim com um
clique suave, fechando meus olhos e descansando minha cabeça
contra a madeira. Senti muitas coisas esta noite, e todas elas
começaram e terminaram com Brantley.

A brisa das portas abertas do pátio roça minha pele,


enquanto finalmente me afasto da porta e vou para dentro do meu
quarto, acendendo a lâmpada de cabeceira.

Virando-me com lenços de maquiagem na minha mão, pulo


em choque quando vejo Bishop roncando em cima das cobertas
da minha cama. Bem, isso não é justo, ele não está roncando, mas
sua boca está entreaberta, um braço cobrindo os olhos e ele tem
uma perna pendurada para fora da cama. Seu peito sobe e desce
lentamente. Penso sobre minhas opções enquanto olho para meus
dois cães de guarda em suas camas no canto. Não posso ficar com
raiva deles. Eles claramente conhecem Bishop, e os cães são um
bom juiz de caráter. Ainda assim, fico chateada com os dois
porque que diabos?

Movendo-me silenciosamente pelo meu quarto, abro a gaveta


de cima e pego uma boxer e uma camiseta solta, antes de levar
tudo comigo para o banheiro. Demoro quinze minutos para me
trocar, limpar minha maquiagem, escovar meu cabelo e dentes e
aplicar minha rotina de sete passos de tratamento facial. Me
certifico de desligar a luz do meu banheiro antes de abrir a porta
para não o acordar, jogando minhas roupas no meu cesto sujo e
soprando minhas ondas recém-escovadas. Antes de subir na
minha cama, ligo a lâmpada da Medusa, ligo meu telefone para
carregar na minha mesa de cabeceira e pego minhas proteções
oculares na gaveta da minha cama. Removendo meus cobertores
enquanto deslizava a máscara na testa, escorrego para dentro dos

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ELITE KING’S CLUB #6
lençóis de algodão frescos, mergulhando profundamente nos
cobertores limpos.

Não posso evitar. Eu sei que deveria ir dormir, mas estou


muito intrigada com Bishop. Acho que sempre fui, desde o minuto
em que o vi pela primeira vez. A maneira como ele se comporta
não é charmosa como Nate, ou fria e distante como Brantley, é
pesada. Meu coração incha no meu peito. Acho que nunca senti
tanta dor como quando penso em Bishop.

— Você pode parar de me analisar, — ele murmura, sua voz


pesada de sono. Lentamente, ele levanta o braço acima da cabeça,
deslizando o moletom enquanto faz isso. Seu rosto inteiro está à
vista agora. Seu perfil afiado e lábios carnudos. As duas covinhas
bonitas que ele tem em sua bochecha e seu cabelo castanho
desgrenhado. — Eu devo ter pego no sono. Desculpe. — Ele vai se
levantar da minha cama, mas estremece, caindo de volta. — Odeio
cerveja, porra.

— Não posso me identificar.

— Você é estranha, — ele murmura, mas descansa em cima


da cama.

— Isso não é um insulto para mim. — Eu deslizo minhas


mãos sob minha bochecha no travesseiro. — Pode ficar.

Ele tira os sapatos, tirando o capuz até que fica em uma


camiseta branca com rasgos nela. Posso ver todas as suas
tatuagens agora. Tantas tatuagens. Realmente gosto
delas. Enquanto ele pega a manta que fica como decoração no
final da cama, tento focar meus olhos na arte que está habilmente
pintada em sua pele, graças à luz da Medusa que me permite fazê-
lo. Amo qualquer forma de arte. As tatuagens não são exceção.

Ele está deitado no outro travesseiro quando rola para o lado,


seus olhos colidindo com os meus. — Ela não deveria partir de
novo.

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ELITE KING’S CLUB #6
Minhas sobrancelhas franzem e levo um segundo para
entender o significado por trás de suas palavras. Madison. —
Novamente?

Bishop ri, balançando a cabeça. — Nem mesmo sei por que


estou falando com você sobre isso. Não falo com ninguém sobre
ela. — Ele faz uma pausa, recupera o fôlego antes de sussurrar:
— Ou talvez eu saiba.

— Ela sempre deixa você? — Me intrometo ainda mais, me


aconchegando em minhas cobertas quentes.

— Ela é uma fugitiva. — Ele boceja, apertando a


mandíbula. — Cada vez que a merda fica difícil, ela foge, porra.

— E você não gosta disso?

— Eu não preciso disso, porra. Vou pegar o martelo em dois


meses. Preciso que fique forte, ou vulnerável, ou o que quer que
seja, mas precisa estar ao meu lado.

— Só porque ela foge, não significa que ela não seja forte,
Bishop.

Ele me analisa de perto. Muito perto. Examina meu rosto


como se estivesse tentando resolver um crime. — Como assim?

— Vocês estão obviamente apaixonados um pelo outro.

— É, eu chamaria isso de obsessão...

Olho para ele.

Ele revira os olhos. — Sim, somos, mas é tóxico.

Um bocejo suave escapa da minha boca. — Não importa. O


amor não se importa com quem destrói para conseguir o que
deseja.

— De volta ao que você estava dizendo.

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ELITE KING’S CLUB #6
Bocejo, meus olhos parecem pesados. — Bem, poucas
pessoas têm força para fugir de alguém que ama.

— Você não conhece a história completa. — Sua voz está


distante, tão distante que quase acho que imaginei.

— Sorte que temos uma vida inteira para você me contar.

Havia cocaína alinhada em uma mesa de centro de


vidro. Deftones “Changes” explodiu durante a noite, enquanto uma
fogueira lambeu o calor por toda a minha pele. Eu estava
atordoada, pegando a nota de cem dólares do cara que dirigia, que
agora eu sei que é Bishop, e trouxe-a ao meu nariz, cheirando a
linha de uma vez. Caí para trás no sofá de três lugares que estava
atrás de mim, Brantley agora com a coleira.

Me virei para encará-lo, mas ele prendeu o moletom na cabeça


e se recostou no sofá, os olhos voltando-se para o céu.

Entreguei a ele a nota enrolada. — Quer um trago?

Ele não prestou atenção em mim, nem mesmo um olhar, ou um


simples reconhecimento. Como se eu não fosse digna dele. O que,
admito, cheguei a sentir que não era. Na minha cidade, me sentia
no topo do mundo. Eu comandava essa merda. Esses meninos
estavam muito além de tudo isso.

— Não brinco com drogas.

Outro cara passou por mim, arrancando o funil de mim e


levando-o ao nariz. — Brantley não curte isso...

Me virei para encará-lo mais, apoiando meu punho na minha


bochecha. Fiquei intrigada com ele. Achei que isso era
dolorosamente óbvio. Bishop estava do meu outro lado, fumando
um cigarro. — Do que você gosta?

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ELITE KING’S CLUB #6
Finalmente, Brantley virou seu rosto para mim e de repente eu
senti que não deveria ter perguntado. — Você vai descobrir logo. A
noite ainda é uma criança. — Risada, e palmas ao meu redor, mas
não veio de Brantley ou Bishop, foi do resto dos caras que se
juntaram ao nosso círculo. De repente, percebi o quão fodida eu
poderia estar. Estava sozinha em uma festa que não conhecia com
pessoas que não conhecia.

Meus olhos voaram para o resto da festa que havia derramado


sobre uma quadra de basquete. — Eu posso ir pegar uma bebida.
— Assim que me pus de pé, Brantley puxou a coleira e eu estava
caindo de volta no sofá.

Ele enrolou a corrente em seu pulso até que não houvesse


mais nada e puxou, trazendo meu rosto para mais perto do dele. —
Só para ficar claro, você não deveria ter colocado meu pau na sua
boca esta noite, mas você realmente, realmente não deveria ter
pulado no carro de Bishop.

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ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 9
BRANTLEY

Passado

— Filho, você sabe o que fazer, — disse Lucan de algum lugar


atrás da câmera que estava presa a um tripé. O quarto era o
mesmo de sempre. No mesmo lugar. Eu sabia que Lucan não
comandava isso, que alguém maior estava por trás. Alguém
doente e demente e alguém que precisava ser sacrificado.

Balancei minha cabeça. — Não. Não ela, — resmunguei,


meus dentes rangendo sob a pressão. — Você não vai tocá-la.

Saint se sentou no canto. Ela tinha nove anos e esta era a


primeira vez que vinha com Lucan. Ele estava distraído antes, por
causa da pequena Swan, mas agora ele queria Saint, e ele a queria
muito.

— Isso não pode ser feito.

Meus punhos cerraram em minhas mãos até que luas


crescentes estavam abrindo minha pele. — Não. Ela.

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ELITE KING’S CLUB #6
Lucan saiu de trás da câmera, com um charuto na boca. Ele
caiu ao meu nível e a bile subiu pela minha garganta. Eu deveria
contar ao tio Hector sobre ele, mas Lucan deixou claro que
ninguém acreditaria em mim. Ninguém. Nem Hector, nem meus
irmãos, nem uma única pessoa, porque ele era Lucan Vitiosis, e
nem uma única pessoa jamais iria se cruzar com ele.

Mas eu faria.

Por ela.

Eu tinha certeza disso

Ela me irritava. Eu a odiava. Não a suportava. Mas eu estava


bem com esses sentimentos, porque estava no controle deles. Eu
não gostava de não estar no controle de nada haver com Saint. Ela
era minha, não de Lucan. Eu não sabia onde ela se encaixava no
meu mundo, tudo que sabia era que ela me
pertencia. Aqui. Comigo. Devo protegê-la.

— Por quê? — Lucan perguntou, e odiei olhar para ele. Não


porque ele se parecia comigo, porque ele não se parecia. Pelo
menos eu não pensei assim, mas porque toda vez que olhava em
seus olhos, via minhas memórias sendo reproduzidas. Não
aguentava. Isso me deixava fraco. Tive que controlar minha dor
para me tornar mais forte.

— Por quê. Ela não. Qualquer outra pessoa, menos ela.

— O que você vai me dar se eu concordar com isso? — Sabia


que Lucan não concordava que eu mantivesse Saint com o único
propósito de filmar. Ele poderia pegar qualquer menina ou menino
e jogá-los comigo. Eu poderia oferecer-lhe algo, no entanto.

É algo que ele queria desde que começou a filmar comigo.

— Você terá meu consenso.

Ele riu, ficando de pé em toda a sua altura. —


Combinado. Limpe-a e levaremos sua preciosa garota para casa.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Não, — rugi, e o tom selvagem que saiu do meu corpo não
combinava com a minha idade. — Preciso do seu acordo de que
você nunca a tocará. Nunca.

Ele fechou a câmera e acendeu a luz. — Você tem minha


palavra.

Presente

Carregando mais peso em cada lado da barra, me deito de


volta no banco e flexiono meus dedos ao redor. “Say10” de Marilyn
Manson abafa o barulho dentro da minha cabeça enquanto o suor
escorre pela minha têmpora e cai no chão. Levanto a barra acima
da minha cabeça antes de baixá-la para o meu peito e arquear
minhas costas para empurrá-la novamente.

Mostrei a ela a ponta do iceberg ontem à noite, e tudo o que


ela queria fazer era mergulhar e ver o resto. Saint sempre foi um
personagem incomum. Ela fala quando não deve e não fala
quando deve. Ela se veste como se tivesse num desfile de moda a
vida inteira alguns dias, e outros ela poderia parecer uma sem-
teto, mas com todos os estilos, ela está sempre confiante. Seus
malditos olhos. Eles são cinza-lobo com anéis escuros nas bordas.
Ela pode não ser a primeira garota que você olha na sala, mas isso
não é porque não é obviamente atraente, porque ela é. É porque
ela é do tipo que se senta no canto e faz algumas merdas
estranhas, depois se embebeda e grita como Tillie e Madison.
Depois que matamos Lucan, quase nunca voltei. Talvez a tenha
visto três vezes em todo esse tempo; senão menos, eu tinha
funcionários que preenchiam as lacunas para mim. Naquele
tempo, ela praticamente tomou posse do Hades, também. Porque

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ELITE KING’S CLUB #6
essa é a feitiçaria que ela possui. Ela é capaz de arrancar a alma
de você sem que sequer perceba. Cães incluídos.

Ela e eu sempre funcionamos porque não tenho alma.

A cabeça de Bishop surge sobre o meu bar e arranco meus


fones das orelhas, levantando do banco. — Pensei que você tivesse
ido para casa ontem à noite.

— Dormi no quarto de Saint, — ele anuncia facilmente,


bocejando enquanto se move ao redor do banco.

— O quê?

Ele está sem camisa com a calça jeans desabotoada


enquanto esfrega o sono dos olhos.

Ele bufa. — Relaxa, porra. Você não precisa chamá-la de


vermelho só para me afastar, ou já esqueceu? Incesto não é o meu
forte.

Passo meus dedos por meu cabelo úmido, caindo no banco


enquanto enxugo o suor do meu peito. Posso literalmente sentir
minha frequência cardíaca descer conforme a compreensão se
infiltra. — Ela não sabe disso.

Bishop se move para a minha frente, pegando um haltere. —


Não podemos contar a ela ainda.

— Por quê? — Pergunto, embora tenha certeza de que já sei


a resposta.

— Porque Hector não quer que ela saiba, ainda. — Ele joga o
peso no chão. — Acho que tem algo a ver com a reabertura da
velha universidade e com a volta da Riverside Prep para o antigo
prédio. Ele está no limite, está até me mantendo fora do circuito
com algumas merdas.

— Provavelmente está mantendo você fora do circuito por


causa de outra merda, não essa.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Bishop ignora minha jogada Madship, descansando sua
cabeça sobre a parede. — Você não terá que se preocupar com
nada acontecendo com ela, Brantley. Eu vejo em seus olhos
sempre que ela está por perto ou seu nome é mencionado. Ela te
transformará num monstro.

Errado. Sou um monstro e ele sabe muito bem disso. Ela só


fez dele o seu animal de estimação.

— Eu não confio em ninguém com ela, Bishop.

Ele levanta os olhos para mim. — Certo, e você não


deveria. Se não fosse eu e ela não fosse minha meia-irmã, eu
concordaria. Mas falo sério quando digo que vou protegê-la tanto
quanto você.

— Confio em você, — digo as palavras que sei que ele quer


muito ouvir de mim há meses. — Esse nunca foi o meu problema
com você. Sabe que eu levaria uma bala por você. Apenas
descarreguei em você e em nossa amizade coisas que não deveria
ter descarregado. — Pela primeira vez, sinto uma paz se
estabelecer entre mim e Bishop. Algo que não sentia entre nós há
muito tempo.

— Vai fazer o café da manhã para mim, já que está abrindo


seu coração? — Ele sorri, e é a primeira vez que o vejo chegar
mesmo perto de um sorriso desde que ela partiu.

Jogo minha garrafa de água em sua cabeça e me levanto do


banco. — Idiota.

Assim que chegamos ao saguão principal e entramos na


cozinha, Saint já está lá, virando as panquecas. Ela está vestindo
shorts de pijama e uma camiseta grande, com o cabelo em um
coque alto e uma bandana branca amarrada na frente.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Bishop e eu inclinamos a cabeça ao pousar meus olhos nos
chinelos de Gandalf10 que ela está usando.

— Eu nem tenho palavras... — Bishop interrompe e ela


estremece em estado de choque, girando para nos encarar.

Sua pele é pálida, da mesma cor que a minha, e suas


bochechas estão rosadas. Seus cílios são tão escuros quanto meu
cabelo. — Você me assustou!

Reviro meus olhos, indo em direção a ela enquanto Bishop


atende seu celular, nos deixando sozinhos.

— Você gosta de panquecas? Quero dizer, eu sei que quando


éramos crianças você gostava de waffles, mas eu não me incomodo
em bater umas claras e...

—... panquecas está bem.

Ela quebra um pedaço do que parece ter pedaços de


chocolate e o traz até os meus lábios. A diferença de altura entre
nós é cômica, então ela tem que esticar o braço para fora e subir
os dedos dos pés só para poder alcançar minha boca. —
Experimente, são holandeses.

Algumas das merdas que Saint faz podem soar como flerte
ou provocação. As pessoas podem facilmente ter uma ideia errada,
mas essa é apenas sua personalidade. Qualquer pessoa que a
levar pelo caminho errado vai precisar de sua massa cerebral
raspada da ponta de minhas botas de bico de aço.

Afundo meus dentes na massa cozida fofa, lutando contra


um gemido quando a manteiga cobre minhas papilas
gustativas. Mastigo e engulo, e quando ela está prestes a se virar,
minha mão já está sobre sua barriga enquanto minha outra está
sobre o balcão, enjaulando-a. Se eu a puxasse contra meu peito,

10 Gandalf - é um personagem fictício das obras O Senhor dos Anéis, do autor, professor e filólogo

britânico J. R. R. Tolkien.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
ficaria claro o que está acontecendo em minha mente neste
momento. Claro pra caralho.

Ela não vacila, ocupando-se com a assadeira. Sempre tão


indiferente. Passo os lábios sobre a parte de trás da orelha dela. —
Quando você ia me dizer que tinha um menino em sua cama
ontem à noite, Dea, — sussurro seu nome do meio, enterrando
meu nariz em seu cabelo para perseguir o cheiro que está saindo
dela.

Que merda é essa? Talco de bebê? Chiclete? Porra, o quê?


Preciso dela.

Ela ri, jogando as panquecas recém-cozidas no prato. — Você


ficaria surpreso com o que não vê se nunca está aqui...

A declaração me confunde.

Em primeiro lugar, o que diabos ela quer dizer?

Abro minha boca enquanto o aperto que tenho em sua


cintura fina fica tenso, mas assim que estou prestes a atacá-la,
Bishop está de volta na cozinha.

— Era papai. Ele nos quer no meu apartamento às três da


tarde.

Me afasto de Saint, meus olhos estreitos na parte de trás de


sua cabeça. — Isso não acabou. — Pegando uma faca e um garfo
da gaveta, volto para Bishop. — Alguma pista do que possa ser?

A porta da frente abre e fecha. — Bom dia, vadias!

— Porra. Gostava mais da minha vida quando esta não era


uma casa de passagem.

Bishop desliza ao lado de Saint enquanto morde uma


panqueca. — Era inevitável. Nada mais que justo, iremos nos
revezar. Veja desta forma, — diz ele, seus olhos brilhando com

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
ideias. — Podemos ficar de olho nela enquanto estamos todos
aqui. É mais fácil.

Ele está assumindo o papel de irmão com bastante suavidade


para um pirralho mimado e filho único. Com exceção de Abel.

— Sei que todos vocês estão partindo esta tarde para a casa
de Heitor, então vim para roubá-la por um dia. — Tillie bate os
longos cílios para mim enquanto coloca sua bolsa Balenciaga
sobre a mesa.

— Vai ter que trocar essas bolsas chiques por uma sacola de
fraldas em breve... — Provoco, minha boca se contraindo. Não
pude evitar.

Ela me mostra o dedo do meio. — Na verdade, tenho certeza


de que a Prada tem uma linha materna...

— Eles não têm, mas Louis sim. — Saint dá de ombros,


empilhando panquecas em seu prato antes de pegar a calda de
chocolate. Isso é ruim. Eu basicamente dei a ela o vício de
compras que ela tão abertamente utiliza.

— Onde está Nate?

— Ele está vindo, — Eli diz, entrando na cozinha com Cash


e Hunter logo atrás dele. — Mmmm, panquecas.

— Preciso de todos fora da porra da minha casa.

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ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 10
SAINT

Nunca entendi porque Brantley era do jeito que era. Porque


ele estava cheio de tanta raiva e ódio. Não que eu o visse com
frequência, porque não o via. Uma ou duas vezes. Havia
momentos em que ele ficava louco comigo quando eu era criança,
mas não era de uma maneira que me fizesse temer pela minha
vida. Confio nele até certo ponto, o que me faz perguntar a mim
mesma desde que lhe dei uma panqueca na cozinha esta manhã
- bem antes que seus dedos estivessem contra minha pele e seus
sussurros na minha nuca.

Por que não contei a ele sobre as mensagens que recebi?

— Então, pensei que poderíamos fazer algumas compras,


talvez? Ir comprar alguma comida? Oh! Eu sei! — Tillie sorri,
esfregando as palmas das mãos enquanto se balança na
banqueta. — Vamos embebedar você!

— Ahhh. — Minhas sobrancelhas franzem. — Eu não sei.


Nunca bebi álcool antes...

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ELITE KING’S CLUB #6
— Garota, você tem um desejo de morte... — Verônica
interrompe, carregando incontáveis sacolas com novos
mantimentos.

— V! — Pulo da minha cadeira e envolvo meus braços em


volta do seu pescoço.

— Como você está, Snow. Ele está de volta agora e


permitindo outros visitantes? — Veronica, ou como gosto de
chamá-la, V, tem sido a governanta desde, bem, desde que Lucan
morreu e Brantley começou a sumir. Ela e eu nos unimos em um
debate sobre os julgamentos das bruxas em Salem. Argumentei
que as bruxas não são reais e queimam pessoas por medo.

V não concorda. Ela é originalmente de Danvers,


anteriormente conhecida como Salem Village. V é firme em suas
crenças no que diz respeito à história da Vila de Salem.

Ela provavelmente estava certa, eu simplesmente gostei de


finalmente conversar com alguém.

— Ele... sim. Ele está por aí com muito mais frequência


agora. Tillie, esta é V. V, esta é Tillie. Ela é namorada do amigo de
Brantley.

V enganchou seu dedo no aro de seus óculos e os deslizou


pela ponta de seu nariz. — Humm.

Tillie permanece passiva. Ela acena educadamente para V,


mas está longe de ser a garota amigável que estou começando a
conhecer.

— Ahhh, ela vai amansar. — Bato no braço de Tillie antes de


olhar para trás para V, que agora está esvaziando toda a comida
nos recipientes Tupperware. Brantley gosta que as coisas estejam
em ordem - em todos os lugares - por isso faz parte de seus deveres
garantir que tudo esteja etiquetado e no lugar certo.

Ele é, qual é a palavra? Controlador.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Então, bebidas? — Tillie balança as sobrancelhas. —
Vamos!

Cutuco meus ombros evasivamente. — Só se você concordar


em não ir a festas ou bares.

Ela cruza os braços.

— Ah, e nós ficamos em casa assistindo filmes.

Tillie revira os olhos e engancha o braço no meu. — Sim, sim,


tudo bem.

Nós dirigimos para o 7-Eleven11 mais próximo na Ferrari de


Tillie. Me ofereci para levar meu Tesla, mas ela disse que já estava
com problemas suficientes com Brantley.

Assim que estacionamos em frente, ela tira o cinto e coloca a


mão sobre a barriga. Sempre esqueço que ela está grávida, porque
está tão pequena. — Entrando e saindo. Nada de confusão.

— Combinado. — Nós duas saímos para fora e passamos


pelas portas de correr eletrônicas. Indo direto para a seção de junk
food - porque V nunca compraria essa comida - começamos a
empilhar lanches nas cestas.

— Sabe, os chocolates favoritos da minha melhor amiga são


os bombons de Sulpice Debauve. Costumávamos ficar no quarto
dela, bêbadas, comendo chocolate e, naquela época, eu costumava
ter que aturar uma outra amiga transando com Nate.

Me detenho, com meu dedo pairando sobre os copos de


Reese12. Peguei sete. — Espere, você quer dizer que ele fez sexo
com sua amiga? — Assim que me lembro da discussão com
Brantley noite passada, jogo as barras de chocolate na cesta. —

11 7 Eleven – Lojas de conveniência americana;


12 Reese - Copos de manteiga de amendoim com chocolate, são um doce americano comercializado
pela Hershey Company;

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Deixa pra lá. Brantley meio que me explicou ontem à noite sobre
chamar as garotas de vermelho.

Tillie ignora meu comentário, ficando quieta. — Mmmm. É


um pouco estranho para a maioria das pessoas, mas a dinâmica
dos Kings sempre foi assim. Com cada mulher por quem um King
se apaixona, King rei também tem, bem, uma espécie de vínculo
com ela. Normalmente não é platônico e sempre sexual.

Jogo um saco de Cheetos. — E ninguém fica com ciúme que


outra pessoa está tocando essa pessoa?

Tillie dá de ombros enquanto caminhamos até o balcão. —


Quero dizer, sim e não. Para mim, foram Nate e Brantley. Para
Madison, era Bishop e Nate. Para você... não tenho certeza.

Isso chama minha atenção. — O que você quer dizer, para


mim? Não estou com nenhum deles.

Os olhos de Tillie encontram os meus enquanto ela empilha


cegamente nossas escolhas alimentares ruins na esteira. — Oh,
mas você está...

Voltamos para casa em segurança e rapidamente subo as


escadas correndo e entro no meu quarto enquanto V aspira a área
de estar. Assim que Tillie chuta a porta para fechá-la, ela chega
atrás de mim, olhando pelas cortinas para os três homens que
estão parados do lado de fora da casa. Eles estão todos vestidos
com ternos, usando óculos pretos e coldres de arma fora de suas
roupas. Um está até carregando um AK13.

— Ele nunca foi tão exagerado com a segurança, — digo,


fechando a cortina.

13 AK - Rifle Automático;

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Tillie tira os tênis e sobe na minha cama, empurrando
Kore. — Já encontrei estes cães antes, mas eles não vão me
morder?

Balanço minha cabeça, tiro os sapatos e encontro meu


moletom Givenchy, fechando o zíper. — Não, não a menos que eu
me sinta ameaçada.

Aperto um botão na minha gaveta ao lado da cama e a TV


lentamente sobe do chão na frente da minha cama até que todas
as suas oitenta e quatro polegadas ocupam o espaço aos pés.

— Puta merda! — Tillie engasga, abrindo o Cheetos. — Eu


preciso de uma dessas.

Caio na cama com meu telefone na mão. — Tudo o que faço


para passar o tempo é jardinar, ler, estudar sozinha, ver
programas de TV e filmes, e fazer compras on-line.

Tillie abre uma garrafa de champanhe e coloca um pouco em


uma taça, entregando-a para mim. — Estou um pouco irritada por
não poder compartilhar isso com você, mas pelo menos posso
cuidar de você se isso for direto para sua cabeça. O que vai
acontecer.

Tomo o primeiro gole e estremeço quando as bolhas


evaporam em meus lábios. — Tem um gosto melhor do que cheira.

Tillie pisca para mim. — Exatamente.

Nós nos aconchegamos nas cobertas enquanto bebo meu


champanhe e mordisco o Cheetos quando seu telefone começa a
tocar.

Ela o tira da bolsa e vejo seu rosto empalidecer. — Desculpe,


tenho que atender.

— Está tudo bem, — digo, balançando minha cabeça. — Você


quer que eu saia do quarto?

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Não. — Os olhos de Tillie encontram os meus. — Não rola
segredos conosco como os rapazes fazem.

Minha mastigação fica mais lenta quando ela desbloqueia o


telefone. O que ela quis dizer com isso?

— Tudo certo? — Instantaneamente seu tom é diferente. Ela


está cautelosa, inquieta e, ao invés de se soltar, seus ombros estão
alinhados, como se ela estivesse pronta para a batalha.

— Sim, desculpe, eu tive que fazer FaceTime para


você. Espero que você esteja sozinha?

Não reconheço a voz do outro lado da linha, mas acho que


deve ser uma das amigas de Tillie.

Os olhos de Tillie voam para mim antes de voltarem para o


telefone. Ela vira a tela e a garota do outro lado estreita os olhos.

— Quem é essa? — Ela tem cabelo castanho comprido, um


rosto em forma de coração aguçado, e uma estrutura magra. Pelo
que eu posso ver. Ela é linda. Nem precisa tentar ficar.

Tillie vira a tela de volta. — Esta é Saint. — Ela olha para


mim e sorri suavemente. — Saint, é Madison.

Oh!

— O que eu perdi? Eu sei que você não me arriscaria se não


confiasse nela, mas eu deveria estar preocupada que você esteja
ficando mole?

Tillie mostra o dedo do meio para ela. — Foda-se. Você não


teria que se preocupar se estivesse em casa. — O silêncio é
penetrante. Tenho a impressão de que se preocupam uma com a
outra, mas também há tensão entre as duas. — Enfim, então... —
Tillie mordisca o lábio inferior. Não sei se seu nervosismo óbvio é
por Madison estar no telefone ou por mim. De qualquer forma,
isso rouba meu apetite.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Tillie apoia o telefone em um travesseiro na cama à minha
frente, de modo que somos colocadas em um círculo. Madison me
olha de perto. — O que estou perdendo aqui?

— Ok. — Tillie se vira para mim, com as mãos nos meus


joelhos. — Tome outra bebida.

— Oh, não, ela está deixando você bêbada. Isso é ruim, —


brinca Madison.

— Bem, nunca estive bêbada antes, então isso pode acabar


mal.

— Espere, o quê? Tillie, o que diabos está acontecendo?

Tillie nos ignora, e assim que tomo meu segundo gole, sua
boca se abre. — Eu prometi a mim mesma que não haverá
segredos entre as garotas.

— As garotas? Quem é ela? — Madison está quase gritando


agora.

Tillie a silencia com um movimento do pulso. Ela obviamente


conhece bem Madison como amiga. — Saint, vou te dizer algo que
tenho quase certeza de que Brantley ainda não te disse... — Não
perco o suspiro alto do telefone. —... Por Deus sabe por que, por
que os meninos sempre escondem segredos de nós? — Tillie revira
os olhos. — Tudo o que faz é machucar as pessoas, e não vou
deixar acontecer de novo, então um pacto... — Ela aponta para
nós três.

— Não sei se você notou isso, mas não posso tirar sangue
pelo telefone... — Madison murmura. Acho que ela está brincando.

Tillie a ignora e mantém os olhos em mim. — Nós não


precisamos de um maldito juramento de sangue. Este não é The
Craft14.

14 The Craft - (no Brasil: Jovens Bruxas) é um filme de 1996;

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Tomo outro gole do champanhe azedo. — Eu não ficaria
brava se pudesse ser Bonnie.

Não tinha certeza do que estava acontecendo. Não estou


surpresa com o comentário do segredo. Brantley sempre viveu
uma vida separada de mim e desta casa, mas se isto for metade
da importância que tenho, então talvez eu precise de mais
champanhe. Eles bebem muito nos filmes que assisto.
Obviamente, isso ajuda.

Bebo mais.

— Saint. — Tillie aperta minha perna. — Você é minha meia-


irmã.

Champanhe jorra entre meus lábios.

Cubro minha boca com a mão. — O quê!? — Tanto Madison


como eu gritamos. Sinto calafrios na minha pele. Não sei o que é
que preenche meu corpo, mas a sensação é estranha, não é algo
que eu já tenha sentido antes.

— E a meia-irmã de Bishop.

Minhas sobrancelhas se unem e minha boca fecha


involuntariamente. Eu não posso. Não tenho palavras que estão
dispostas a sair.

— Eu... humm...

— Espere! O que você disse? Como? — Madison está latindo


ao fundo.

Tillie joga um travesseiro na frente do telefone, silenciando


seu gemido antes de se virar para mim. Ela obviamente percebe o
pânico que se manifesta em meu rosto. — Escute, eu não sei
quando eles planejavam contar sobre isso, mas não queria que
você ficasse mais no escuro e odeio segredos.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Minha mente está girando tão rápido que estrelas picam
atrás dos meus olhos. — Não entendo como isso pôde
acontecer. Antes de ser Vitiosis, eu morava na Suíça.

— Bem, — Tillie diz, puxando o travesseiro do telefone,


trazendo Madison de volta à conversa. — Qualquer coisa que você
ouviu sobre sua vida pré-Vitiosis, eu ficaria com um pé atrás.

Minhas sobrancelhas franziram, puxadas pela minha


confusão óbvia. — Isso não faz sentido.

— Escute, não sei por que, e também não quero


especular. Resumindo, minha mãe e o pai do Bishop, Hector,
tiveram um caso e você foi o produto disso.

Enrolo minhas pernas sob minha bunda, inclinando-me


para frente para colocar minha bebida em uma das minhas
mesinhas de cabeceira. Minha mente está buscando clareza, e
misturar isso com álcool não é o ideal. — Eu preciso falar com
Brantley.

— Não. — Tillie balança a cabeça. — Não é uma boa ideia.

Passei a gostar de Tillie. Ela é claramente leal quando se


trata de seus amigos, ou por que ela estaria falando com Madison
pelas costas de Bishop. A única coisa que me preocupa é porque
ela quer que mantenhamos isso longe dos caras.

Madison exala. — Ok, Tillie está certa. Precisamos descobrir


por que eles ainda não lhe contaram. Falando por experiência,
eles fazem tudo por um motivo. Você não sabe ainda por que eles
ainda não querem que você saiba. Esta é a primeira vez que
estamos um passo à frente deles.

— Você precisa voltar para casa, Mads — sussurra Tillie, a


tristeza que escorre de cada sílaba é o suficiente para fazer meu
coração doer. — Precisa voltar.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Eu não posso, — Madison se encaixa. — Ele... eu não
posso.

— Nunca mais? — Tillie pergunta, e prendo minha respiração


enquanto espero Madison responder. Como se estivesse
esperando pela resposta há tanto tempo quanto Tillie.

Ela balança a cabeça. — Por enquanto.

Meu telefone vibra no bolso e eu o alcanço sem rumo,


observando o ponto de interrogação piscar na tela. Tillie e
Madison ainda estão conversando enquanto meu polegar paira
sobre o botão de deslizar para atender. Poderia ser Eli? Ou
Bishop? Ou qualquer um dos outros caras que vi rondando
Brantley?

Não tenho certeza.

Assim que faço contato com a tela para atender, meu toque
é cortado e a chamada desaparece.

— Quem era? — Tillie pergunta, desligando na cara de


Madison e colocando o telefone no bolso.

— Ah, na verdade não sei. — Não é mentira, porque não sei


quem é.

Tillie coloca um Cheeto na boca e mastiga. — Os operadores


de telemarketing são implacáveis nesta época do ano.

— Outubro? — Pergunto, confusa. Acho que minha confusão


é mais com as notícias que ela me deu momentos atrás e menos
com a temporada atual.

— MmmmHumm, isso leva ao Halloween, Ação de Graças,


Natal, etc.

Não penso muito sobre o que ela começa a falar a seguir,


porque minha mente se apega a uma palavra.

Halloween.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Passado

Havia um frio no ar que feria cada parte da minha pele


exposta e deixou hematomas bem depois de sua partida. Meus
dentes batiam tão alto que eu tinha certeza de que iriam
rachar. Estava escuro. Tão escuro. A lama enrolou em volta dos
meus dedos enquanto eu os afundava mais e mais fundo no solo
mole. Meu cabelo estava caído, cobrindo os cantos dos olhos. O
som de um galho estalando me fez girar enquanto o pânico subia
pela minha garganta. O que estava acontecendo? A lápide que
levava à caverna The Elite Kings Club era a única coisa que pude
ver que me permitiu saber que estava no cemitério Vitiosis. As
fortes letras maiúsculas gravadas na pedra antiga de alguma
forma pareciam mais brilhantes esta noite. Tão vívidas,
implorando para serem vistas.

Uma mão envolveu meu braço e um grito saiu da minha


garganta pouco antes de a mesma mão cobrir meus lábios.

— Que porra você está fazendo aqui? — Sua voz havia


mudado ao longo dos anos. Não foi o mundo que o endureceu; era
simplesmente muito suave para ele. Muito modesto. Sua alma
estava assombrada, ele andava por esta terra como um
receptáculo vazio. Seus olhos eram a entrada para o inferno, e
cada vez que ele olhava para você, ele o atraía para mais perto dos
portões de ferro em chamas. Às vezes me perguntava quando
chegaria o dia em que ele me fecharia completamente dentro. Ele
não seria mais um recipiente vazio; ele me carregaria.

Me virei em seu aperto, minhas mãos colidindo com seu


peito. Ele está maior. Mais forte. Mais duro. E tão, tão alto.

— Se eu soltar sua boca, vai ficar quieta?

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Eu não tinha certeza de porque ele me fez essa pergunta,
mas assenti.

Seu toque se foi e imediatamente os arrepios começaram


novamente. Os dentes batendo. A frieza que grudou em mim como
gelo contra o calor. Foi então que percebi que estava me
destacando com meu pijama de seda. Um top simples de alças
finas, enfeitado com renda, com shorts combinando. Eles eram
brancos, então eu acho que foi fácil para ele me ver, mas ele estava
de preto, então não pude ver nada dele. Só tive seu toque. E foi
cegante.

— O que você está fazendo aqui fora? Por que está fora de
casa?

— Eu... — não conseguia tirar uma palavra da minha boca


porque meus dentes batiam muito.

— Porra, — ele amaldiçoou, e moveu minha mão para longe


de seu corpo antes que algo quente fosse empurrado em meu
peito. — Braços para cima.

Fiz o que me foi dito, embora meu corpo não parasse de ter
convulsões. Segundos depois, eu estava cercada por um calor
difuso e o cheiro de colônia que picava o fundo da minha garganta
como um veneno mortal. Notas fortes de couro, com um toque
sutil de pinho fresco, uma pitada de sabonete e a delicada fumaça
de um cigarro já fumado. Ele fumava agora? Ele tinha apenas
dezessete anos.

— Obrigada, — eu disse, esquecendo que deveria ficar


quieta. Sua mão estava de volta na minha boca, enquanto a outra
estava atrás da minha cabeça, me segurando no lugar.

— Fique. Quieta. — Seu rosnado sussurro reverberou ao


meu redor. Se eu não me sentisse tão segura, seria horrível. Eu
podia ver a pele de seus braços agora, e quando finalmente levei

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
meus olhos até seu rosto que agora estava nu por causa do
moletom, congelei.

Minhas sobrancelhas se curvaram.

— Sim, Saint, fique quieta. E sim, meu rosto parece uma


caveira. — As linhas do crânio pintadas em seu rosto eram
hipnotizantes. Fiquei pasma, incapaz de falar ou me mover sob
seu domínio. Cores preto e branco perfeitamente trabalhadas em
suas maçãs do rosto salientes e olhos. Seus olhos agora estavam
escondidos atrás das lentes de contato brancas mais brilhantes.

Ele soltou minha boca novamente.

— O que você está fazendo? — Perguntei, envolvendo meus


braços em volta do meu estômago protetoramente. Brantley mal
ficava em casa, mas recentemente, ele passava por aqui com mais
frequência. Mais frequentemente do que Lucan, pelo menos. Senti
que algo estava acontecendo na casa, mas nunca disse uma
palavra. A casa era sempre silenciosa, mas com Lucan e Brantley
vivendo sob o mesmo teto, era barulhenta. Ruidosa de raiva,
tensão, ódio.

Ele agarrou minha mão e começou a me arrastar de volta


pela floresta. — Não se preocupe com o que estou fazendo,
porra. Porra. Por que você está aqui?

Não falei até que pudesse ver os arcos altos da entrada e


saída do cemitério, com a mansão olhando para nós dois à
distância.

— Fale, Saint. Você pode falar agora...

Ainda estávamos caminhando em direção a casa quando


finalmente abri minha boca.

— Não sei como cheguei aqui. Eu tenho...

Ele fez uma pausa, virando-se para me encarar. Me segurei


no silêncio, esperando suas próximas palavras. Mas em vez de

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
palavras, ele me levantou das minhas pernas e me jogou por cima
do ombro.

— Brantley! — Sibilei.

— Suas pernas são muito pequenas e eu preciso de você de


volta ao seu quarto agora, não em uma hora. — Ele continuou a
me carregar pelos degraus do pátio e pelas portas de vidro,
fechando-as com o pé.

Ele me colocou no chão quando estávamos de volta à sala de


estar da casa. Sem TV. Apenas três sofás, uma lareira, velhos
retratos de família de anos e anos atrás, e velas. Tantas velas.

A luz fraca da lareira e as velas me deram agora a visão


perfeita de seu rosto. Minha garganta inchou. Eu não tinha
palavras. Fazia três meses que não o via. Lucan nunca estava em
casa, sempre fora em seu escritório. Mas não me importava que
ele estivesse longe. Lucan sempre estivera um pouco distante de
mim. Ele me evitava como se estivesse, eu não sei. Receoso.

— Saint... — A voz de Brantley bateu em meus pensamentos


perdidos.

— Por que seu rosto está pintado assim? — Senti que quanto
mais longe ficava, mais envelhecia. Quase tinha que dobrar meu
pescoço para olhar para ele agora.

— É Halloween... — Ele se joga no sofá atrás dele.

— E? — Não entendi a declaração.

Ele se recusou a responder agora. Aborrecido com minhas


perguntas, como de costume. E, como de costume, ele
simplesmente não respondeu. — Quando você começou a ter
sonambulismo? — Seus olhos viajaram por meu corpo de forma
explícita. Mas levou seu tempo com isso, com uma sensualidade
lenta, quase gritante. Eu reconheci o olhar. Já o tinha visto em

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
filmes. Só sabia que não era isso que ele estava tentando fazer.
Isto era apenas Brantley.

— Eu não sei. — Coloquei meu cabelo atrás da orelha. — Isso


não acontece todas as noites.

Sua mão envolveu a parte de trás das minhas coxas, embora


elas estivessem cobertas por seu enorme moletom, antes de me
puxar para mais perto dele. — Com que frequência isso acontece?

Ele tinha a cabeça inclinada para mim, os joelhos bem


abertos. Se me aproximasse, estaria entre eles.

Eu não fiz. Permaneci congelada no lugar.

Ele não se importou, porque me puxou para mais perto,


colocando os dedos em volta do meu queixo e inclinou minha
cabeça para que meus olhos colidissem com os dele. Como
cometas correndo pelo céu.

O trovão açoitou no fundo e pulei para trás, apenas o


suficiente para escapar de suas garras. — Eu não sei. Uma vez
por semana?

Ele parecia me estudar ainda mais de perto. Me perguntei o


que ele estava pensando neste momento. Porque eu senti que ele
estava gritando comigo enquanto simplesmente falava comigo.

— Por que você faz isso? — Finalmente perguntou, seus


dedos flexionando na palma da sua mão.

— Faço o quê? — Sussurrei, ainda impressionada com a arte


que cobria seu rosto.

— Afasta-se de mim quando você fica assustada.

— Você não é assustador? — Perguntei, mesmo sabendo que


estava sendo ridícula. Sempre me senti segura perto de
Brantley. Achei que queria saber sua resposta.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ele se levantou e de repente encolhi. — Assustador? — Ele
sorriu quando olhei para ele. — Não, essa não é a palavra certa.

— Então o que é? — Eu disse assim que ele passou por


mim. Ele parou no limiar entre a sala de estar e o foyer principal.

Virando o rosto por cima do ombro apenas ligeiramente, ele


sorriu. — Eu sou alguma coisa. Mas não é isso. Um dia vou te
contar.

E saiu, a porta da frente fechando em sua partida. Então era


só eu nesta casa. Esta casa fria e vazia. Um recipiente vazio sem
alma.

Afastei-me para trás, alcançando a coleira ao redor do meu


pescoço. — Você precisa me levar para casa...

— Mmmm, — Brantley murmurou. — Eu não acho que preciso


fazer merda nenhuma.

Dei um passo para trás novamente, puxando a guia. — Me


solta, porra!

Ele olhou para mim, sem graça. — Fofa. B, esta luta...

Bishop riu com o cigarro na boca. — As melhores sempre


lutam.

O outro cara, que agora eu sabia que era Nate, passou uma
faca entre os dedos, seus olhos nos meus. Eles eram perversos e
brilhantes. Ele era tão bonito que doía. — Nós gostamos mais das
lutadoras.

— Verdade, — Brantley murmurou, traçando a ponta de um


pequeno canivete até a parte interna da minha coxa. — Porque
deixam cicatrizes de batalha em todos os lugares.

Puxei a guia novamente, o medo subindo pela minha espinha


e agarrando a minha nuca. Gritei, puxei, mas ninguém ouviu, ou

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
simplesmente optaram por não ouvir. A música ficou mais alta, os
tons ousados de “Killpop” do Slipknot tocando.

Brantley riu, recostando-se na cadeira. Ele largou a guia,


sorriu para mim e murmurou: — Corra.

Então eu corri. Girei e me afastei, indo direto para a clareira


do prado atrás da casa. Minhas pernas se moviam rápido, graças
a toda a cocaína que cheirei. A adrenalina bombeava em minhas
veias, mas a música não desaparecia. Na verdade, estava ficando
mais chapada. Meu coração batia forte no meu peito, o suor
escorrendo pelo meu corpo. Eu precisava apenas correr para uma
área segura onde pudesse ligar para meu pai. Ele iria consertar
isso. Ele sempre consertava as coisas, e esses idiotas são
assim. Fodidos. Loucos. Eles não sabiam com quem diabos eles
mexeram. Minha raiva aumentou cada vez mais até eu cair para
frente. Lama manchava meus lábios, sujeira estava em minha
boca e minha cabeça estava latejando. Eu podia sentir o gosto de
metal na parte de trás da minha garganta, mas não era forte no
início, não até o calor derramar dos meus lábios. Me inclinei para
trás, mas não peguei nada, até que os braços estivessem sob os
meus, me puxando para cima.

— Esta é dramática. Vamos aproveitar a porra do nosso


tempo com ela. — Bishop sorriu, seus dedos envolvendo meu queixo
para inclinar meu rosto para o dele. — Você sabe quem nós somos?

Abri minha boca, mas sangue derramou em vez de


palavras. A risada nadou ao meu redor nas sombras da noite,
entre as rachaduras das árvores. A música ainda estava muito
alta, e então percebi que não havia corrido muito.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 11
SAINT

Amarrei as coleiras em volta deles e coloquei um boné de


beisebol antes do nascer do sol na manhã seguinte. Gosto de
começar meu dia antes que o resto do mundo acorde. O ar está
sempre limpo, intocado e sem vida. Pego meus AirPods e meu
telefone antes de fechar a porta do meu quarto. Só quando estou
passando pelo quarto de Brantley é que noto que sua porta está
entreaberta.

Faço uma pausa, puxando Kore e Hades para impedi-los de


puxar a guia. Eles adoram correr tanto quanto eu.

Dando um pequeno passo para trás, abro mais a


porta. Principalmente para ter certeza de que nada está fora do
comum, não que alguém ou alguma coisa possa passar por nossos
guardas, mas seu quarto nunca fica aberto. Eu só vi lá dentro
uma vez na minha vida, e foi quando eu tinha oito anos.

Prendo a respiração enquanto observo a decoração,


ignorando completamente o fato de que ele está meio nu em cima
das cobertas. As paredes são do tom mais escuro de preto que eu
já vi, com tons de azul salpicados, e todos os móveis são simplistas
no mesmo tom. Seu teto é da mesma cor de suas paredes, e sua

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
grande cama king-size parece maior contra o vasto tamanho de
seu quarto. As mesas de cabeceira são um sonho minimalista,
com entradas sem mãos e acabamentos em preto mate. A cor do
tapete é um carvão preto assustador, o tapete na ponta da cama,
mais uma vez, do mesmo tom ameaçador. Tudo é preto. Suas
cortinas, sua roupa de cama - tudo é um tom de preto. Suas
cortinas estão fechadas, ventilação silenciosa é o único som que
se move através do quarto. Está muito frio aqui dentro.

Tão frio em comparação com o resto da casa.

Quando Hades começa a se mover para seu quarto, sou


chacoalhada de volta ao presente. Puxando sua guia para
continuar com o que estávamos fazendo.

— Estou surpreso pra caralho que ele ainda me reconheça,


— murmura Brantley, sua voz gotejando no sono.

— Desculpe, só precisava verificar por que sua porta estava


aberta.

Ele move o braço acima da cabeça e olha para mim. — Isso


é incomum para você?

— Sim. — Digo, dando dois passos para trás. — Volte a


dormir. Não queria te acordar.

Ele se levanta e dá um tapinha na cama, assobiando para


Hades. Libero sua guia para que ele possa correr para Brantley, o
que ele faz. Rápido. Brantley está sorrindo, esfregando atrás da
orelha enquanto Hades se enrosca ao lado dele.

—Acho que ele não tem visto você muito ultimamente, —


Digo distraidamente. E por ultimamente, quero dizer talvez
apenas um punhado de vezes nos últimos dois anos.

— Isso é um problema? — Ele pergunta, chamando minha


atenção de volta para seu rosto.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Limpo minha garganta. — Para os cães e
Medusa? Provavelmente.

— Medusa é a porra de uma cobra. Sua cobra. Ela me


comeria antes de lembrar quem diabos eu sou. — Ele continua a
esfregar Hades e observo em silêncio enquanto ele e seu cachorro
coexistem. Eu só vi Brantley sorrir do jeito que está sorrindo na
presença de Hades. Ele ama aquele cachorro mais do que
qualquer pessoa. Se ele alguma vez argumentasse que não era
capaz de amar, eu mostraria a ele Hades.

— Nossa cobra, Brantley.

— Falso, eu a comprei para você. — Ele me ignora, seu foco


apenas em seu cachorro.

Me pergunto distraidamente se devo confrontá-lo sobre o que


Tillie me disse ontem à noite. Isso está mexendo bem fundo em
minhas entranhas desde que ela me contou a novidade, e não sei
como digeri-la sem perguntar a ele. Não sou boa com segredos.

— Saint... — ele grita, e levo meus olhos nos dele.

Ele está na minha frente agora, me entregando a guia de


Hades. Inclino minha cabeça para ele, encostando-a no batente
da porta. Seu cabelo está desalinhado, seus lábios inchados ainda
mais do que naturalmente, sua pele pálida levemente
avermelhada ao redor de suas maçãs do rosto salientes de
sono. Ele pisca, e seus cílios escuros se espalham sobre seu rosto,
um contraste completo com a cor de sua pele.

— Você apagou. Novamente.

— Só pensando. — Testei as palavras na ponta da língua.


Experimentando-as, provando as sílabas que se escondem ali.
Ainda serei capaz de engoli-las bem depois de tê-las dito? Ou será
que eu arriscaria a chance de engasgar?

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ele fica em silêncio por alguns minutos antes que eu veja
seus lábios se enrolarem em torno de suas próximas palavras. —
Sobre?

Prendo a respiração, o formigamento percorre minhas


bochechas enquanto meus dedos flexionam na palma da minha
mão. Ele está me observando muito de perto. Suas órbitas
escuras estão circulando em torno do meu cinza. Como uma luta
pelo poder entre o bem e o mal. Inclinando minha cabeça, eu perco
minha linha de pensamento conforme me aproximo dele. Ele está
se aproximando ou sou só eu?

Kore puxa a guia, me tirando da minha névoa. Recuo,


balançando a cabeça. — É melhor eu levá-los para a corrida ou
eles não se comportarão.

Brantley encolhe os ombros descuidadamente, dando um


passo para trás enquanto mantém sua atenção fixa apenas em
mim. Seus olhos caem por meu corpo - a segunda vez que o notei
fazer isso - antes de voltar para o meu rosto. — Tinha me
esquecido desse moletom...

Pego a bainha do moletom enorme que ele colocou em mim


todos aqueles Halloweens atrás. Encolho os ombros, sem
vergonha. — Prefiro com minhas collants.

Ele faz uma pausa, lambe o lábio inferior e, então, se não me


engano, o canto de sua boca se contorce em diversão. Só um
pouco. Se eu tivesse piscado naquele momento, teria perdido.

Ele dá um tapinha nas costas de Hades e aponta para


mim. — Vá com a mamãe. Papai tem coisas para fazer.

Me inclino e aperto a guia na minha mão. Quero dizer algo,


então faço. Nunca tive problemas para fazer perguntas. — Você
vai ficar por perto o dia todo?

Ele ri, virando-se para me encarar de lado. Vejo sua mão


mergulhar sob o cós da calça. Realmente tento ignorar a forma

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
como suas veias pulsam sobre seus músculos ao flexioná-los, mas
sou humana, não que importaria se não fosse. Tenho certeza de
que Brantley poderia até mesmo se meter na cama de uma
vampira. — Estou tentando descobrir algo...

Meus olhos se fixam nos dele. — O que é isso?

Ele se vira para mim e agora, de alguma forma, estou ainda


mais ciente de seus músculos abundantes e abdômen tenso. —
Estou tentando descobrir se você sempre me olhou desse jeito.

Levanto uma sobrancelha. — De que maneira?

Ele dá um meio sorriso bonito. — Como se você quisesse me


comer...

Minha boca fica seca, minha língua presa no topo. Eu o


liberto. — Eu o quê?

Seu sorriso se transforma em uma risada, mas não uma


risada alta. Ele sufoca seu óbvio desespero por isso curvando os
lábios entre os dentes, mas seus ombros denunciam porque não
conseguem parar de balançar. — Vá correr, mamãe.

Viro-me para sair, agarrando a maçaneta da porta sem olhar


para trás.

— Oh, e Dea?

Detenho-me, apertando a maçaneta com uma mão enquanto


seguro os dois terminais com a outra. Brantley continua: — Você
pode olhar para mim assim o quanto quiser, mas não serei eu
quem acabarei sendo o banquete.

Fecho a porta atrás de mim e continuo pelo corredor,


empurrando meus fones em meus ouvidos e puxando meu
telefone. Depois de bater na porta da frente ao abrir o Spotify, já
há um guarda de pé do outro lado.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ele gesticula para que eu passe, e eu o faço, bem
familiarizada com esse processo.

Clicando em “Freak on a Leash” de Korn, começo minha


corrida instantaneamente enquanto o carro me segue pela
garagem. Eles me seguem em minha corrida habitual de nove
quilômetros, porque conhecem a rotina. Corro a cada dois
dias. Tudo ainda está fresco em minha mente.

E se eu não puder confiar em Tillie? Eu mal a conheço ou


Madison. Gostaria de dizer que conheço Brantley. Gostaria até de
dizer que conheço Bishop até certo ponto, ou, pelo menos, sinto
que sim. O que ela está dizendo pode ser verdade? Nunca imaginei
ter irmãos, e a coisa mais próxima que cheguei de um foi com o
menino que tinha uma alma vazia e carregava os olhos da morte.

Estou tirando meu moletom depois da corrida e dando água


aos cachorros na frente da casa quando ouço um carro
estacionar. Jogando o moletom, meu telefone e fones no chão, me
viro para ver quem é. Nunca tinha visto um Maserati aqui antes.

A porta se abre e Bishop sai, vestindo uma jaqueta de couro,


jeans, botas e uma bandana pendurada na parte de trás de suas
calças.

— Isso é meu? — Aponto para o lenço branco que está saindo


do bolso de trás.

Ele sorri, agarrando o material fino e jogando-o para mim. —


É. Aqui.

Eu pego, incapaz de evitar a risada que está borbulhando na


minha garganta. — Fica bem em você. — Devolvo a ele e ele o pega,
colocando-o de volta em seu jeans. — Está procurando por
Brantley?

— Ele está em casa? — Bishop pergunta, seus olhos indo


para a casa.

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ELITE KING’S CLUB #6
— Ele estava quando eu saí, mas isso foi há cerca de uma
hora. — Mordo meu lábio inferior, novamente aquelas mesmas
palavras querendo sair. Eu sei que deveria estar falando com
Brantley sobre isso antes de qualquer outra pessoa - mas Bishop
sabe? E novamente, isso é verdade?

— Você está meio aérea, — ele diz, e solto os cachorros de


sua coleira, observando-os correr para os fundos da casa.

— Você e Brantley se conhecem há muito tempo? —


Pergunto, e vejo enquanto ele se inclina contra o carro. Sento-me
no primeiro degrau da casa. É estúpido, porque deveríamos estar
lá dentro, mas não quero distraí-lo de me dizer algo.

— Toda minha vida.

Sua resposta me choca, mas não deveria. É óbvio o quão


próximos Brantley e Bishop são, assim como Nate e até Eli. Eles
se movimentam como um bando sincronizado. Eles ocupam toda
e qualquer área do ambiente em que se encontram.

— É o mesmo com todos vocês?

— O que há de errado? — Ele pergunta, e olho para ele,


protegendo o sol dos meus olhos colocando minha mão contra a
minha testa.

— Apenas curiosa.

Bishop se afasta do seu carro e depois senta ao meu


lado. Sua colônia é diferente da de Brantley. Mais forte. Ele pega
um cigarro e acende a ponta. Observo de perto enquanto ele sopra
a fumaça cinza por entre os lábios antes de arrastar a língua sobre
eles. Eu pareço com ele? — Todos nós nos conhecemos desde
sempre. Nossas famílias estão... — Ele faz uma pausa, sacudindo
a cinza da ponta do cigarro antes de continuar, —... entrelaçadas.

— São todos parentes?

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ELITE KING’S CLUB #6
— Porra, não. — Sua risada luta com a nuvem de fumaça.
Quero estender a mão e pegá-la dele.

— Você sabe que isso vai te matar.

— Será? — ele pergunta com o cigarro entre os lábios.

Olho para ele.

Sua mandíbula fica tensa algumas vezes antes de ele apertar


o cigarro com o indicador e o polegar. — Não dou a mínima neste
momento. — Seus olhos caem no chão.

— Bishop, — digo, virando-me para encará-lo


completamente. Meu coração balança no meu peito por ele.

Sua cabeça mergulha atrás de seu braço estendido, seus


olhos nos meus. Não consigo ver a metade inferior de seu rosto,
mas não importa porque estou distraída com o vazio em seus
olhos.

— O que aconteceu?

Por momentos, ele não diz nada. Nem uma única coisa.
Simplesmente me olha fixamente, sem piscar. Ele testa todas as
restrições do meu corpo para me conter de colocar meus braços
ao seu redor. Pode não ter lágrimas, mas juro que posso ouvir sua
alma chorando.

Só quando ele se aproxima e usa o polegar para enxugar as


lágrimas do meu rosto que percebo que sou eu quem está
chorando.

Fungo. — Desculpe.

Seu braço se enrosca na minha nuca e ele me puxa para


perto, rindo. — Tenho que te deixar durona, Pequeno Angelus.

— Latim? — Digo, inclinando minha cabeça para ele.

— Sim, merda, como você sabia disso?

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ELITE KING’S CLUB #6
— Tenho muito tempo disponível.

Ele ri, levantando-se. — Vamos. É melhor você entrar antes


que a Fera perceba que a Bela se foi. — Entramos na casa e mais
uma vez fico insatisfeita com Bishop e seus sentimentos. Gosto de
consertar coisas. É um hábito meu. Quando tinha nove anos,
tentei “consertar” as velhas lápides do cemitério com lama e
água. Brantley riu de mim por dias. Mas não acho que Bishop está
quebrado. Acho que ele está apenas - perdido. Existe uma
diferença. Estar perdido ainda pode ficar inteiro novamente, uma
vez que tenha sido encontrado.

Brantley está descendo as escadas quando entramos, seus


olhos se movendo de cima a baixo do meu corpo. — Acabou de
voltar? — Seu tom de voz é o mesmo de toda vez quando ele se
sente irritado.

Encolho os ombros, não afetada. Estou bem condicionada a


lidar com Brantley Vitiosis, não importa quanto tempo tenha
passado sem nos vermos. — Sim. Levei uma hora, então isso os
cansa, e a mim também.

Ele faz uma pausa e limpa a garganta. — Vá tomar um banho


e esteja pronta em trinta minutos.

— Quem, eu? — Pergunto, olhando entre ele e Bishop.

Brantley me encara.

— Ok, — digo, me esquivando dele e subindo as escadas,


como ordenado.

Eles me arrastaram pela floresta, usando a coleira. Eu não


queria jogar mais nada, e quanto mais a noite avançava, mais me
dava conta da merda em que poderia estar me metendo. Estes
garotos não brincavam; eles eram perigosos. Nunca me assustei

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ELITE KING’S CLUB #6
pela minha vida, mas a cada minuto que passava, perdia a
esperança de ser libertada.

Fomos cada vez mais para dentro até que fui empurrada por
uma clareira. Havia um pequeno poço no meio, com cadeiras
espalhadas, um pequeno bar e outros artigos de festa. Eles
obviamente usavam esta área para festas, não sei por que não hoje
à noite. Talvez porque eles tenham planejado tudo isso. Eles
sabiam quem eu era desde o início.

Brantley me empurrou para baixo até meus joelhos escavarem


na areia, causando-me feridas. — Nós vamos jogar um jogo. — Ele
se inclinou para frente. — Você perde, você morre. Você
ganha? Bem... — Seus olhos voaram para Bishop, que estava
atrás de mim. A lua cheia brilhava atrás de nós, lançando sombras
sobre o rosto de Brantley. — Bem, temo que você provavelmente
ainda vá morrer. — Ele parou de novo, inclinando-se mais para
frente até estar perto do meu rosto. — Você sabe quem somos, ou
melhor, quem eu sou?

Balancei minha cabeça. — Não! Eu deveria?

Brantley sorriu, mostrando seus dentes retos e covinhas. —


Resposta errada.

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Capítulo 12
BRANTLEY

— Você precisa gritar com ela assim, seu bastardo mal-


humorado, — Bishop resmunga, indo para a cozinha e puxando
uma garrafa de uísque de um dos muitos armários de álcool.

— Madison está fazendo você beber antes das nove agora? —


Me aproximo e pego a garrafa de seus dedos.

Ele aperta a bancada de mármore enquanto sua cabeça


pende entre os ombros. É um breve momento, antes que fique em
toda sua estatura e me encara. — Não importa.

Coloco a garrafa de volta no armário e abro uma das gavetas,


puxando um cadeado. — Essa merda fica trancada até as cinco
da tarde

— Você não bebe? — Bishop pergunta, passando os dedos


pelo cabelo. — Você de todos nós...

Me inclino no balcão, finalmente colocando minha


camisa. Sei por que ele está dizendo isso, mas não sei por que está
trazendo isso agora. — Por quê? Por causa de tudo que passei? —
Reviro meus olhos para o jeito clichê de como alguém deve se

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ELITE KING’S CLUB #6
curar se passou por um trauma. Nem todo mundo se volta para o
álcool e as drogas. Alguns precisam de algo pior...

Bishop estreita os olhos para mim. — Sim, seu


merda. Porque ninguém, exceto eu, sabe nem metade do que você
passou.

Encolho os ombros. — Demônios são bons animais de


estimação.

Bishop balança a cabeça lentamente antes de finalmente


mudar de assunto. — O que você acha de tudo o que Hector falou
conosco ontem à noite?

— É o que é. Quero dizer, lembra das lendas que nos


contaram sobre as fogueiras?

— Sim. — Bishop me encara. — Mas agora eles estão


voltando, e voltarão no ano em que eu levar o martelo.

Lambo meus lábios. — Não importa.

— Como isso não importa? Temos a reabertura da REU, bem


como a mudança da Riverside Prep de volta para o prédio antigo,
isso vai explodir. Não ficarei surpreso se uma guerra estourar e,
além disso, ainda temos que voar de volta para Perdita para
verificar o brinquedinho de Nate para ter certeza de que ela está
fazendo as coisas certas.

Pisco lentamente, com minha boca aberta. — Em primeiro


lugar, um, eu não a chamaria de seu brinquedinho de foda ao
redor de Tillie, a menos que você queira ter o fígado cortado, e em
segundo lugar, bom. Deixe-os vir. Tragam a porra de uma guerra.

— Seu fodido esquisito, nem todos nós gostamos do gosto de


sangue.

Separo meu dedo indicador e o dedo médio e levo minha mão


aos lábios, lambendo o meio. — Não desdenhe antes de
experimentar.

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ELITE KING’S CLUB #6
Bishop balança a cabeça. — Bastardo doente. E pensando...

— Há quanto tempo ela está lá em cima? —Atravesso a


cozinha em direção à escadaria. — Saint! Apresse-se, porra!

Ela desce a ala direita da escada, chegando ao meio e me


encarando antes de chegar ao primeiro degrau na escada
principal. — Levei vinte minutos, Brantley. Jesus Cristo.

Ela desce as escadas - ainda mais devagar - os dedos


flexionando em torno da grade de madeira queimada. — Não se
pode dizer esse nome nesta casa, — digo, assim que ela pousa no
degrau acima de mim. Ela ainda não está no nível dos olhos, mas
perto o suficiente. — Pode explodir em chamas, e não queremos
isso. — Percebo o que ela está vestindo. Cropped branco Gucci
que fica solto em seu corpo pequeno, jeans skinny que abraça
suas coxas e tênis Givenchy. — Para alguém que esteve trancado
em uma casa a vida inteira, seu senso de moda certamente acerta
o alvo.

Ela sorri, revirando os olhos ligeiramente enquanto dá o


último passo para baixo. — Foi você quem me deu muito dinheiro
e nada para fazer...

— Sim, bem, experimente-me hoje, porque eu posso pensar


em algumas coisas... — Falo, assim que Bishop aparece.

— Então, para onde estamos indo? — Ela pergunta, seu


sorriso brilhante demais para estar tão perto de mim.

Bishop põe um cigarro na boca. — Para Riverside.

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ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 13
SAINT

Gosto de carros velozes. Acho que descobri isso sobre mim


na primeira vez que Lucan nos levou para casa em seu
Porsche. Também expressei isso a Brantley, provavelmente por
isso que ele optou por me comprar o lindo Tesla branco que fica
na garagem. Dirigi duas vezes, e ambas as vezes foram apenas ao
redor da nossa garagem.

Corro minha palma sobre o couro macio. — Eu gosto do


Aston Martin, mas quando posso dirigir o Tesla?

Brantley me ignora, pisando fundo até que estou sendo


pressionada contra o encosto do meu assento. Imaginando que ele
não vai falar, pressiono o play em uma música.

Ele vira a cabeça em minha direção e meus olhos se movem


para a minha frente. — Poderia ter um acidente.

— O que há com você e Bishop? — Sua atenção está de volta


à estrada, mas sei que sou eu que ele está esperando para ouvir
falar.

— Eu não sei. — Tento as palavras. — Por quê?

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ELITE KING’S CLUB #6
Seus longos dedos começam a correr em seu lábio superior
e fico momentaneamente distraída com o movimento. Me
embaralhei em meu assento. — Por quê?

— Você gosta dele? — ele pergunta, e seus dedos ficam


tensos ao redor do volante. — E me responda honestamente, ou
você esqueceu, eu sei quando as pessoas mentem. — Ele não se
vira para mim quando termina, o que é bom, porque não tenho
certeza se ele gostaria de ver a expressão no meu rosto agora.

— O que você quer dizer com gostar? — Meu sangue fica


quente quando atinge meu coração mais rápido e tudo dentro de
mim está se movendo a velocidades que não consigo
acompanhar. Thump. Thump. Thump. O que está
acontecendo? Minhas mãos se contraem e as corro pelas minhas
coxas para enxugar o suor. Posso ouvir meu coração pulsando em
meus ouvidos. — Você quer dizer, se gosto dele? — Viro-me para
encarar Brantley quando ele não me responde. — Você está
louco? Isso é... não.

— Por que não? — ele pergunta, e tenho que respirar fundo


algumas vezes para me acalmar. Talvez Tillie esteja mal
informada? Seu rosto está inexpressivo, mas o lado de sua
mandíbula está tenso. Ahhh, ele está irritado. Bem, estou
começando a pensar, eu também. A música Tech N9ne tocando
ao fundo também não está ajudando. Ele está falando sobre
arrancar seu coração, e agora, tudo que quero fazer é arrancar
meu cabelo. Minha frequência cardíaca acelera, meus poros
liberam bolhas de suor enquanto tudo na minha visão fica
vermelho. Minha boca se abre, e quando as palavras estão prestes
a sair, o canto de seus lábios se curva em um sorriso malicioso,
mas seus olhos permanecem na estrada.

— Que tal essa raiva, minha pequena deusa... — Sua voz é


baixa, rouca, mas o tom parece ameaçador. Ele finalmente se vira
para me encarar enquanto sai. — Posso dar-lhe algumas dicas

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ELITE KING’S CLUB #6
sobre como canalizar isso. — Seus olhos caem pelo meu corpo. —
Estou quase certo de que você não conseguiria lidar com isso.

Meu cérebro parece inchado, como se pressionasse a parte


de trás dos meus olhos e estivesse prestes a sair da minha
cabeça. Eu quero xingá-lo. Vomitar todos os palavrões que
aprendi enquanto assistia filmes como The Wash, Baby
Boy e Friday, mas quando minha boca se abre novamente, tudo
o que escapa é uma forte exalação de ar. Meus ombros caem. —
Talvez você devesse me mostrar como identificar mentirosos. —
Eu o imobilizo com um olhar. — Posso precisar mais dessa
habilidade.

Antes que possamos entrar em outra discussão, meio sem


argumento, estamos passando por uma estátua feita de
paralelepípedos, com a palavra Riverside esculpida na
frente. Videiras verdes se retorcem e formam nós sobre o
monumento cinza e a névoa nebulosa se espalha sobre o
pavimento da estrada pelas árvores de cada lado. Brantley desliga
a música e de repente tudo parece muito quieto. Árvores mais
além, com neblina tão espessa que parece que estamos nadando
debaixo d'água.

— Neblina em Nova York? Isso é comum?

— Não é muito comum em geral, mas não. São apenas os


lagos que ficam na floresta e a temperatura lá fora.

Pego minha jaqueta com capuz forrado de pele quando as


luzes rompem a névoa e ela se dissipa lentamente. Segundos
depois, estamos em uma pequena cidade. Isso me lembra da
cidade em Gilmore Girls. Há flores desabrochando do lado de fora
de cada loja, algumas pessoas na calçada. Passamos pelo centro,
onde a grama é tão verde que parece sintética. Há também um
altar no centro, com tinta preta. A cidade parece como se estivesse
assombrada pelos moradores anteriores, mas o ar cheira a
dinheiro.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Brantley continua nos conduzindo pela cidade, até que ele
vira à direita e depois à esquerda. As lojas se transformam em
campos e há pequenas árvores que se parecem estranhamente
com rosas do deserto.

Ou talvez eu só queira enxergá-las assim porque me sinto tão


distante do meu jardim. Minhas plantas.

Finalmente, estamos na frente de uma longa entrada de


automóveis com altos portões de ferro fechando o acesso ao
público.

— Nunca fui à escola. Talvez eu pudesse ir para a faculdade


aqui, — pondero em voz alta, observando a laje de concreto do
lado de fora dos portões onde se lê Riverside Elite University e
Preparatory Academy.

— Como se você estivesse vindo para cá. A frente é a


universidade, e a parte de trás é a escola secundária. — Ele abre
a porta, e só quando estou saindo é que posso realmente apreciar
a arquitetura do prédio.

Me inclino na porta para fechá-la suavemente. — Uau.

A frente da escola é feita de paralelepípedos antigos com


musgo crescendo entre as fendas e ao redor das janelas que dão
para a entrada. Existem estátuas pré-históricas alinhadas na
frente. Nove, para ser mais exata. Não penso muito nelas, mas me
sinto atraída, como um campo magnético. Aproximo-me daquela
que está mais perto de mim: um homem vestido de terno,
segurando um charuto com uma longa barba. Eu li as palavras
que estão na base da estátua. Humphrey Hector Hayes
1687. Reconheço como sobrenome do Bishop. Olhando para a
estátua à sua esquerda, esta é diferente. Ele tem um meio sorriso,
mas o outro lado de seu rosto parece
maligno. Ameaçador. Semicerrando os olhos, li o nome na base,
como fiz com Hector. Gabriel Nathanial Malum. Ele também está
de terno. Eles estão todos de terno, na verdade. Carros param

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
atrás de mim, mas estou muito absorta nas estátuas para me
importar. Vou para o outro lado de Malum e leio. Maximillian Eli
Rebelis. Essa é a estátua final daquele lado, então eu mudo para
o outro lado de Hayes, o cascalho solto esmagando sob as solas
dos meus pés. Lucan Vitiosis. Eu faço uma pausa. Dou um passo
para trás e levanto minha cabeça. Esse não é o Lucan que eu
conhecia. Este, como os outros, está vestindo um terno, mas seus
olhos são esculpidos. Calafrios explodem em mim, como cubos de
gelo escorregando pela base da minha espinha. Mudo para aquele
ao lado dele. Johan Hunter Venari. Antes que eu possa avançar
pelas estátuas, Bishop interfere. — Eles são os primeiros Nove
Pais. — Viro-me rapidamente, surpresa por ver tantas pessoas
aqui. Bishop, Nate, Tillie, Eli, Hunter. Estão todos aqui.

— Os Nove Pais de quê? — Pergunto a Bishop, e só Bishop.


Não estou perguntando a mais ninguém. Não percebo que isto
pode ser um teste da minha parte até que me dê conta de que ele
falhou.

Suas características permanecem congeladas. O primeiro


indício de que ele está mentindo. O rosto de Bishop parece ser
energizado. Ele vai mentir. Instantaneamente eu quero discutir
com ele.

— The Elite Kings... — Ele passa por mim, entrando pela


porta da frente quando meus olhos encontram os de Tillie. Ela
está esfregando a barriga - embora você não saiba que ela está
grávida - enquanto mantém os olhos nos meus. Suas
sobrancelhas estão franzidas para dentro, seus lábios
ligeiramente apertados. Ela parece chateada, e quando eu
finalmente vejo Nate, sua mandíbula está rígida, e um leve
grunhido escapa de sua boca.

— Nate! — Tillie agarra seu braço, mas ele passa por ela e
vai para a frente das portas. Girando, ele a encara e me viro
ligeiramente para ver os dois.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Foda-se não, Tillie! Você fez isso sem sequer falar comigo!
Foda-se! Não!

Eli acende um cigarro, me cutucando com o ombro enquanto


sopra uma nuvem de fumaça. — Não se preocupe. Estas são as
preliminares deles.

Meu coração bate alto em meu peito. Me encontro lentamente


caminhando na direção de Tillie, não tenho certeza do motivo. Só
quando estou ao lado dela é que percebo o quanto percorri. Os
olhos dela vêm para os meus, cobertos de umidade. Ela tira uma
lágrima de sua bochecha. — Não se preocupe. Ele só está bravo
porque eu disse a você.

— Disse a ela o que, Pequena Terrorista... — Brantley grunhe


atrás de mim. Eu sabia que ele estava lá. Não porque estava com
a mão em mim, ou porque eu o vi se mover, mas porque sempre
que Brantley está perto de mim, eu o sinto. Sua sombra. A
escuridão que paira ao redor dele é forte, e sempre que ela está
aqui, sinto isso. Minha alma reconhece isso.

Tillie passa a língua pelo lábio inferior. — Ah, posso ter dito
a ela, e a Madison, que Saint era minha irmã e de Bishop...

Silêncio.

Se você quisesse ouvir um alfinete cair, provavelmente


conseguiria. O vento sopra através das árvores que alinham os
lados da escola de tamanho monstruoso, mas além disso, tudo o
que existe é silêncio.

— Porra, porra! — Bishop grita, correndo escada acima até a


porta que Nate desapareceu.

Eli ri, seguindo Bishop antes que Hunter e Tillie sigam atrás
deles. Então somos apenas Brantley e eu. Não me virei para
encará-lo, principalmente porque ainda posso sentir a raiva
fervendo dentro de mim, ameaçando transbordar.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Saint... — ele diz, eu não sei o que essa palavra simples
faz comigo. Não posso explicar.

Virando ligeiramente, eu o encontro mais perto do que


imaginava inicialmente. Ele dá mais um passo e minha mão chega
ao peito dele. Levanto meus olhos, passando pelas veias que
incham sobre a pele pálida de seu pescoço, sua linha da
mandíbula que foi esculpida com um bisturi afiado o suficiente
para cortar pedra, lábios inchados ligeiramente rosados e,
finalmente, para cima, passando por suas bochechas encovadas.
Olhos escuros e tempestuosos me olham de volta, com pestanas
que se espalham sempre que ele pisca.

— Agora não. — Vou passar por ele para seguir o resto do


grupo para dentro, mas seus dedos se conectam com os meus e
faíscas de eletricidade percorrem meu sangue, correndo direto
para a minha cabeça.

Ele me puxa para trás de forma grosseira, e me encontro


novamente de frente para seu peito, sua camisa com os punhos
em minhas mãos.

Ele flexiona o maxilar algumas vezes, porque os músculos de


ambos os lados incham. — Não questione a merda que eu faço.

— Eu não disse isso, — sussurro suavemente. Não consigo


tirar meus olhos de seus lábios. Eles parecem tão macios. Curvo
em todos os lugares certos, com um arco de Cupido perfeito no
meio.

— Você confia em mim? — Ele pergunta, sua boca movendo-


se em torno das palavras perfeitamente. Ele me fez essa mesma
pergunta inúmeras vezes ao longo da vida, e todas as vezes disse
um simples sim. Porque eu confiava. Confiei nele. Mas agora que
tenho essa informação, algo que ele não pensou em me dizer,
deixou um resíduo ameaçador sobre aquela simples palavra.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Bran! — Eli chama da porta. Mas não nos
desconectamos. Não me afasto de seu peito, ou olho para longe de
seus lábios, e ele não para de olhar para mim.

— Vai se foder, Eli. — Seus dedos percorrem o lado do meu


pescoço e é a primeira vez que realmente sinto o poder que seu
toque contém. Pele com pele. Morte acariciando a vida. Céu
invadido pelo Inferno. Frio. Tão frio. — Você confia? — Ele
pergunta, e meus dedos sobem em sua camisa, para a veia que
pulsa sob a pele de seu pescoço. Passo meu dedo sobre ele,
fechando meus olhos enquanto meu coração afunda no meu peito.

Os dedos estão em volta do meu queixo, seu nariz tocando a


ponta do meu. — Abra. A. Porra. Dos. Seus. Olhos.

— Eu não quero.

— Por quê? — Ele grunhe, suas palavras quentes caindo em


meus lábios. Ele está perto. Muito. Perto.

— Porque eu não consigo mentir para você. — Finalmente,


me afasto, prendendo a respiração. A traição não é uma emoção
que posso controlar, mas também não sou mentirosa. A verdade
é que não confio nele como confiei. Talvez a mentira seja pequena,
não tenho certeza ainda. Não tive tempo suficiente para realmente
pensar sobre isso, mas traição é traição e, agora, é a única coisa
que sinto.

Ele pragueja baixinho, e sei que perdi o lado que ele mostrou
para mim segundos atrás. Desde que o conheço, ele só me
mostrou três vezes. Três vezes. Todos os outros minutos e horas,
ele foi cruel, mas não de uma forma que me fizesse sentir abusada.

Ele agarra minha mão de qualquer maneira e me puxa para


trás de seu corpo rígido. — Não dou a mínima se você não confia
em mim, Dea. Você fará o que eu digo, goste ou não.

Sigo atrás dele de qualquer maneira. Mesmo se ele não


tivesse meu pulso em suas mãos, ainda teria. Pouco antes de ele

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
abrir as portas principais, ele se vira para me encarar, se eu fosse
qualquer outra pessoa, o olhar que ele está me lançando me faria
contorcer. Mas eu não. Brantley pode ser o Diabo encarnado, mas
ele protege aqueles que ele escolhe com a mesma ferocidade que é
necessária para governar o Inferno.

— E se você não gostar? — O canto de sua boca se curva


quando ele puxa minha mão e sua boca se move para o meu
ouvido. Prendo minha respiração, ignorando a forma como o fogo
explode dentro de mim. — Certifique-se de gritar, porra. Prefiro
dessa maneira. — Ele se vira e empurra as portas com tanta força
que elas batem contra as paredes internas, me fazendo pular. —
Entra. Agora.

Sigo atrás, agarrando a maçaneta e fechando-a


suavemente. Um escritório fica bem na frente, com escadas
gêmeas atrás que levam a três alas separadas. Atrás do escritório
há um grande foyer, que se abre para os fundos do prédio. À
direita há um longo corredor e à esquerda o mesmo. Na parede
atrás da recepção estão anos e anos de troféus, certificados,
prêmios.

Continuo a seguir Brantley até os fundos da área do


escritório, o cheiro é forte. Livros velhos empoeirados que não são
folheados há anos, madeira queimada e cantos mofados enchem
minhas narinas.

Assim que chegamos aos fundos, Brantley vira à esquerda e


nos conduz por duas portas de madeira, onde fica uma sala de
conferências. Talvez fosse a sala dos professores? Parece mais
uma sala de conferências. Todos estão sentados ao redor da mesa
com Nate à frente desta vez, não Bishop. Suas mãos estão
enterradas em seu cabelo, seu capuz sobre o rosto.

Tillie está revirando os olhos, as lágrimas há muito secas, e


Bishop olha para o meu corpo rapidamente, antes de ir para
Brantley. — Tudo bem?

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ELITE KING’S CLUB #6
Brantley puxa uma cadeira, senta-se nela e estica a
perna. Agarro a borda da que está ao seu lado, mas sua mão chega
ao meu braço, impedindo-me. Alcanço seus olhos bem a tempo
dele me agarrar ao redor de meus quadris e me puxar para baixo
em seu colo.

Todo mundo está em silêncio. Outra pausa silenciosa. Por


que todo mundo está sempre quieto sempre que Brantley faz algo?

Viro-me em seu aperto, mas seus dedos não afrouxam o


suficiente para que eu faça isso confortavelmente. Finalmente,
estou virada o suficiente para pegar seu olhar. — Posso sentar no
assento ao lado do seu.

Ele não presta atenção em mim, momentaneamente


desconsiderando meu comentário. — Prefiro onde você está.

Viro-me para encarar todos os outros, encolhendo os


ombros. Espero que ele mova os dedos, mas ele não o faz. Na
verdade, eles ficam tensos.

Bishop ainda está olhando para Brantley. —


Terminou? Porque temos coisas para discutir, já que ela agora
sabe sobre o maior caso de família da história, podemos
continuar?

Brantley chuta a outra perna, e por causa do meu corpo


pequeno, posso me equilibrar em uma de suas coxas.

Brantley aperta meu osso do quadril. — Apenas começando.


— E por alguma razão, as palavras ressoam em meu cérebro muito
depois que ele as diz.

Bishop ri, balançando a cabeça quase em descrença. — Bem,


merda. — Ele olha para Nate, mas o foco de Nate está em Brantley
e eu.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Vejo quando um sorriso rasteja no canto dos lábios de Nate,
escondido atrás de seu moletom. — Saint, acredito que somos os
únicos que não somos parentes...

O som de uma arma engatilhada penetra o ar e, de repente,


um cano de prata brilhante está sob o queixo de Nate, pressionado
com força contra sua pele. Seu sorriso não muda, se algo, torna-
se mais amplo.

Tillie o encara. — Diga isso de novo. Sabe, porque acho que


não ouvi direito...

Brantley está rindo ao meu lado, com tanta força que tem
que enganchar o braço em volta da minha barriga para me puxar
para mais perto, mais para cima em seu colo. — Pequena
Terrorista, comporte-se. Ele não poderia, mesmo que tentasse.

— Isso é um desafio? — Nate mostra seus dentes brancos


perolados. — Porque estou no jogo.

— Nada de jogos, porra! — Bishop se encaixa e todos olham


para ele.

— Bem, essa é a primeira vez — murmura Tillie.

Bishop mostra o dedo a ela. — Tenho certeza de que podemos


pelo menos concordar nisso, Tills.

— Na verdade, sim.

— Ótimo, então quer guardar a arma, baby, humm? — Nate


diz preguiçosamente. Eli começa a rir e Hunter está balançando a
cabeça como se isso fosse uma ocorrência comum.

Tillie remove lentamente a arma do queixo de Nate. —


Desculpe. São os hormônios da gravidez.

— Sim, é isso... — Brantley ri. Ela traz à tona um lado de


Brantley que eu não conheço. A energia entre eles é estranha. Ver
Brantley com qualquer outra pessoa é estranho, no entanto.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Estamos aqui porque a escola reabrirá em uma semana
pelo restante do ano e indefinidamente. Isso significa que todos da
escola nos Hamptons voltarão aqui. Para o prédio velho. — Bishop
faz uma pausa. Sem mais piadas. — O local dos Hamptons será
devolvido a Hector e aos Kings mais velhos. Os alunos e
funcionários estão atentos e preparados para o deslocamento.
Aqueles que não estão, somos nós. — Bishop corre o dedo sobre o
lábio. Seus olhos se conectam a Tillie. — Você quer mostrá-la a
Saint para que possamos conversar?

Tillie se levanta, caminhando em minha direção enquanto


joga seu longo cabelo rosa por cima do ombro. — Venha. Talvez
um dos velhos idiotas que ensinava aqui tenha um estoque de
álcool. Deus sabe que eles precisariam...

Vou empurrar Brantley e seus dedos lentamente - tão, tão


lentamente - se desconectam de meus quadris. Viro-me para
encará-lo enquanto estou de pé, sua mão cobrindo a metade
inferior de seu rosto, seus olhos nos meus.

— O quê? — Pergunta ele, mas não perco quando seus olhos


seguem ao longo do meu corpo. Ele faz uma pausa em minhas
pernas, volta para cima e paralisa no meu peito, antes de
finalmente encontrar meus olhos novamente.

— Nada... — murmuro, agarrando a mão de Tillie e


desviando-me de suas pernas estendidas. A mudança entre nós é
angustiante, mas deixa minhas palmas das mãos suando e meu
ritmo cardíaco acelerado sempre que ele está por perto. No fundo
da minha mente, sei que ele tem sido mais óbvio com seus desejos
ultimamente. O contato dos olhos, os toques, as palavras caindo
que mancham minha mente por mais tempo do que levou para
que ele as dissesse. Em vez de tudo isso ser assustador, acho
provocante e tentador. Quero pressioná-lo, mas que coisa
estúpida seria para eu fazer. Flertar com Brantley seria como
realizar uma sessão espírita. Você não sabe o que vai invocar, mas
está ferrado uma vez que o liberte.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Uma vez que estamos longe o suficiente dos meninos para
que eles não possam ouvir, e quase de volta ao escritório da frente,
Tillie ri. — Sempre foi assim entre vocês dois? Porque estou lhe
dizendo agora, isso não é algo que já vimos em Brantley.

— Você quer dizer as mãos? — Pergunto, meu interesse em


sua pergunta é genuíno.

Ela agarra o corrimão da escada, suas unhas vermelho-


escuras quase combinando com a madeira antiga brilhante de
cerejeira. — Quero dizer, ele não... não é assim.

Encolho meus ombros e a sigo escada acima. — Ele sempre


foi apenas Brantley comigo, por isso não conheço nada diferente,
mas não. Ele nem sempre tem sido tão atencioso.

Tillie bufa, esfregando a barriga. — Confie em mim. É muito


melhor o jeito que ele é com você.

Já sei que Brantley guarda segredos obscuros. Alguns eu


conheço, a maioria não. Pensei que com o tempo, ele iria
eventualmente compartilhá-los comigo, mas aqui está o problema
com Brantley. Ele nunca vai compartilhar os detalhes de seu
inferno, não porque ele não queira revivê-lo, porque é mais do que
capaz de fazê-lo, mas porque simplesmente não quer convidar
ninguém a entrar...

Passado

Passos foram dados ao fundo do corredor. A luz estava


apagada em meu quarto, mas havia luz suficiente do corredor que
deslizava sob a fenda da minha porta. Para frente e para trás, os
passos passavam. Uma e outra vez.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Eu tinha dezesseis anos agora. Brantley nunca mais
apareceu em casa desde a morte de Lucan e, com relação a isso,
ele nunca explicou por que ele morreu ou como. Ou porque
quando colocaram seu corpo na tumba de Vitiosis, Brantley não
fez um funeral para ele. Qualquer coisa por ele. A tensão entre os
dois homens sempre existiu como chamas ardentes, mas isso,
para mim, ainda era estranho.

Quando os passos pararam, presumi que ele estava de volta


ao seu quarto, então joguei as cobertas para longe quando meus
pés atingiram o tapete macio. Eu usava uma roupa de dormir
felpuda quente, um moletom de cashmere rosa com capuz e
shorts. Deslizando meus pés em meus chinelos, fui até a porta do
meu quarto, apertando a maçaneta e abrindo-a.

Fiz uma pausa quando vi Brantley sentado em frente ao meu


quarto com os joelhos encostados no peito e um braço deslizando
sobre ele. Eu deveria ter fechado a porta assim que o vi. Ele estava
bem. Vivo. Isso é tudo que eu realmente precisava saber.

Mas então comecei a notar coisas. Tipo, como ele estava sem
camisa e seus jeans estavam desabotoados. Como seu cinto foi
desamarrado e suas botas mal amarradas aos pés. Essa não foi a
coisa óbvia que notei, no entanto. Era o sangue espalhado por
todo seu corpo. Um corpo que malhava sete dias por
semana. Onde seu abdômen mergulhou, curvou e estourou, havia
gotas de sangue e manchas escuras, até o pescoço. Meus olhos
colidiram com os dele, e antes que pudesse me conter, estava de
joelhos na sua frente, minha mão em sua bochecha onde o sangue
escorria até sua clavícula.

— O que aconteceu? — Perguntei, puxando sua cabeça para


a esquerda e para a direita e puxando-o para dentro de mim para
que eu pudesse inspecioná-lo em busca de ferimentos. — Você
está machucado?

Ele não respondeu.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Um cheiro bem definido de especiarias amadeiradas e forte
suor de corpo me atingiu, assim que encontrei seus olhos nos
meus. Inclinei-me para cheirá-lo. — Que cheiro é esse?

Ele riu tanto que sua cabeça se inclinou para trás e seus
dentes estavam brilhando. Presas sérias. Brantley tem dentes que
agradariam a qualquer dentista, mas seus caninos são
naturalmente pontiagudos. Não é algo ruim. Apenas acrescenta
ao seu rosto excentricamente bonito.

— Por que você está rindo? Brantley, você tem sangue por
toda parte, está sem camisa, cheira estranho e agora está rindo.

Seus lábios se contraíram, mas ele manteve a cabeça


inclinada para o teto. — Eu não sei. — Quando as palavras
deixaram sua boca, vi sua cabeça voltar ao nível dos meus olhos,
todos os sorrisos se foram.

Ele levou o dedo ao meu rosto e congelei. — Não fale.

Eu não fiz. Mal respirei.

— Você lê. Já leu Hunter S. Thompson? — Ele perguntou, e


a pergunta era simples, mas eu ainda lutava para construir as
palavras certas para responder.

— Estou familiarizada com o trabalho dele, sim, — sussurrei


suavemente, embora mal estivesse respirando porque a ponta de
seu dedo estava traçando o contorno do meu lábio. Por que ele
estava me tocando do jeito que estava?

— Já se deparou com ele dizendo: 'Muito estranho para


viver. Muito raro para morrer'?

Engoli, sugando um gole de ar enquanto fazia isso, e assenti.

Sua língua estalou sobre seu lábio inferior, seus olhos


passivos nos meus. — Bem, eu tenho uma nova para
você. Humm, quer ouvir?

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Você está bêbado, — disse, agarrando seu braço, mas foi
inútil. Eu quebraria meus dedos mesmo tentando colocá-lo de pé.

— Não. — Ele se afastou de mim, sorrindo. — Quer ouvir?

Não respondi. Um, porque tudo o que ele fez esta noite foi
ruim. Havia muito sangue nele que quem quer que fosse não teria
sobrevivido, e dois, eu não tinha certeza se queria ouvir. Hunter
S. Thompson foi um escritor brilhante, mas controverso. Ele
escreveu do outro lado da literatura. O lado sem regras. Claro que
Brantley estaria familiarizado com seu trabalho.

— Estou te contando de qualquer maneira. — Ele se deitou


no chão, seus olhos se fechando enquanto seu braço protegia seus
olhos. Tudo o que pude ver foi sua boca, que se curvou em um
meio sorriso. — Raro demais para a terra, condenado demais para
o céu.

— É você? — Perguntei, em transe no momento e não me


importando que eu não deveria mostrar interesse.

Ele começou a rir. — Porra, não. Você nunca encontrará a


palavra céu em nenhum lugar perto do meu nome. — Ele virou a
cabeça agora, levantando o braço apenas o suficiente para eu
ver. — É você. Mas você está ferrada agora de qualquer maneira.

— Por quê? — Eu disse, e novamente, não sei por que


continuei me envolvendo com ele.

Ele sorriu. — Simples, realmente. Porque você é minha


propriedade.

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ELITE KING’S CLUB #6
Presente

Ainda não sei o que foi que ele fez naquela noite e, quando
Tillie e eu chegamos ao topo da escada, me vejo virando-me para
encará-la. — Será que eles fazem coisas ruins?

Tillie faz uma pausa. Existem outras duas escadas que


sobem. Levanto a cabeça e vejo que elas sobem por pelo menos
mais quatro andares. — O que você quer dizer com ruim?

Mexo com o botão do meu jeans. — Quero dizer, você acha...


eu não sei. Eu não sei nada sobre eles ou este círculo.

— Sim, bem, você está prestes a descobrir muito. — Não


subimos ao próximo andar. Em vez disso, Tillie nos leva pelo longo
corredor, passando pelos armários e portas que provavelmente
levam às salas de aula, até que estamos fora de uma sala no final
do corredor.

— O que será que tem aqui? — Ela murmura. — Embora,


honestamente, a porra de um lobisomem poderia pular em mim
neste ponto e acredito totalmente nisso. Alerta de spoiler, ele
também seria um King.

Não consigo parar a risada que sai da minha boca enquanto


ela torce a maçaneta e a abre. A sala é escura, então procuro um
interruptor na parede e o ligo assim que o sinto. As luzes piscam
após alguns segundos. As cadeiras conduzem até a parede
traseira de forma inclinada, com um grande quadro branco na
frente.

Tillie entra na sala. — Você nunca foi à escola ou algo assim,


certo?

Balancei minha cabeça. — Não. Eu tinha três tutores que


tinham uma escala rotativa todos os dias da semana. No terceiro
dia, eu teria todos os três e no quarto, eu... — Paro.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Você o quê? — Tillie pergunta, mas estou muito focada no
violão que está no canto da sala, completamente intocado. Ela
segue minha linha de visão enquanto me movo em direção a ele.

— Bem, eu faria música. Piano, principalmente, mas


também violão. Suas teclas são semelhantes, apenas um
instrumento diferente. — Não consigo tirar meus olhos disso. Não
sei por quê.

Tillie se aproxima e envolve os dedos em volta do pescoço,


entregando-o para mim. — Toque alguma coisa!

Balancei minha cabeça. — Eu não posso. Não sei quem é o


dono. Os instrumentos são sagrados para seus proprietários.

Tillie acena para mim. — Bem, não se preocupe com nada


assombrando você. Você não é apenas uma Vitiosis, mas é de
Bran. Você é intocável. E além disso, seu irmão é um lobo mau e,
bem, sua irmã também é muito durona. Então, toque alguma
coisa! — Ela empurra o violão para mim novamente e eu
finalmente o alcanço.

— Tudo bem, mas apenas uma.

Tillie abre um sorriso cheio de dentes e se inclina sobre a


mesa do professor.

Sento-me em uma cadeira na primeira fila e passo os dedos


pelas cordas. — Está ajustado. Esquisito.

— Literalmente a coisa menos estranha sobre este


mundo. Confie em mim.

Minha boca se abre e eu canto suavemente a abertura de “I


See Fire”, a versão do filme Hobbit. Acertar as notas de Ed sempre
foi fácil para mim. Meus dedos se movem pelas cordas quando
começo, influenciando o som em um padrão ao qual eles estão tão
acostumados a se mover. Enquanto continuo a tocar, um sorriso
permanece passivo em meus lábios esticados. Mesmo quando a

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
guitarra pega na música original, eu a empurro. Minha voz fica
um pouco mais alta quando tenho que atingir as notas mais altas
que Ed faz neste verso específico da música, mas continuo, os
olhos no chão para não perder o foco. Quando os levo para Tillie,
sua boca está aberta em choque, mas seus olhos estão vidrados.
Rio um pouco por causa do meu canto enquanto canto a música
fluentemente.

Gosto tanto desta música. Foi um dos primeiros covers que


toquei depois daquela noite com Brantley aparecendo com sangue
no corpo. Ouvi no rádio e as palavras me atingiram em lugares
onde apenas Brantley havia carimbado seu nome. No dia
seguinte, encontrei um canal no YouTube que detalhava as notas
da música. Nesse mesmo dia, aprendi a tocá-la. Desde então,
sempre foi a primeira coisa que meu corpo gravita em qualquer
momento em que estou perto de um violão.

— Fiiiireeeee... — Canto ao som do final da música. Tillie


solta um guincho alto, cobrindo sua boca rapidamente depois,
como se tivesse vergonha de expor um lado tão feminino.

— Oh, meu Deus do caralho! — Ela enxuga as lágrimas em


seu rosto. — Juro que geralmente não sou tão emocional. Os
hormônios...

Colocando o violão no chão, meu sorriso se divide em um


sorriso aberto. — Essa música na verdade...

Os olhos de Tillie passam por cima do meu ombro. — Você


ouviu isso?

Viro-me e pego Brantley, Bishop e Eli na porta.

Os lábios de Eli estão curvados entre os dentes como se ele


estivesse lutando para não dizer algo espertinho, e a boca de
Bishop está curvada para cima.

É Brantley que está me deixando inquieta. Novamente. Suas


mudanças de humor deixam meu cérebro confuso. Seus olhos

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
estão nos meus. — Que gracinha. — Ele cutuca sua cabeça. —
Vamos, estamos indo.

— Bran Bran! — Tillie o repreende. — Rude? Eli, o que você


achou, garoto?

— Eu acho... — Eli diz ousadamente, com um sorriso no


rosto. Seus olhos vão para Bran e aquele sorriso desaparece
instantaneamente. — Acho que gosto muito do meu rosto bonito,
então não vou dizer merda nenhuma.

— Você também é muito fofa, Pequena Terrorista. Nate! —


Brantley chama por cima do ombro. — Venha buscar sua mulher
antes que ela se perca novamente...

Tillie mostra o dedo do meio para ele. — Ai, idiota. Você sabe
que sou uma bagunça hormonal.

— Não é problema meu, porra. — Ele encolhe os ombros. O


ombro de Tillie bate nele quando ela passa. Brantley aponta para
o violão. — Pegue.

Balancei minha cabeça. — Não posso! Pertence a esta escola!

Sua mandíbula flexiona. — Nate é dono dessa porra de


escola. Pegue o maldito violão.

Eu faço, envolvendo meus dedos em volta do violão. Quando


estou quase cara a cara com ele, inclino minha cabeça. — O que
você quer dizer com ele é o dono desta escola?

Ele cruza os braços na frente do peito, passando a mão pelo


queixo. É um gesto estranho. Digo estranho porque Brantley não
costuma ficar inquieto. Ele não tem hábitos ou traços nervosos. —
É da família da mãe dele. Será sua assim que Bishop pegar o
martelo. Ele e Tillie assumirão o controle quando ela for reaberta.

Que estranho que essas pessoas que não podem ser mais do
que alguns anos mais velhas do que eu possuírem coisas
extravagantes. Coisas grandes. Como uma maldita escola.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Estamos voltando pelo corredor e descendo as escadas
quando Brantley vira à direita, indo para a grande sala que fica
atrás da área de recepção. — Não vamos embora?

Ele balança a cabeça. — Infelizmente não.

Estamos perto das portas de vidro quando noto chamas


laranja queimando rugindo maliciosamente na escuridão da
noite. A música se espalha por baixo das fendas das portas
enquanto ele alcança a maçaneta.

Ele faz uma pausa antes de suas botas pesadas atingirem o


exterior. — Para ficar claro, eu não a queria aqui. O plano é de
Bishop para que você faça parte disto.

— Parte do quê? — Pergunto, mantendo meus olhos fixos nos


dele enquanto passo, meu ombro encostado ao seu peito. O pátio
é longo e largo, estendendo-se o suficiente para segurar várias
mesas e cadeiras.

— A lanchonete da Riverside Prep — diz Brantley.

As cadeiras e mesas são feitas de mármore branco, todas


cuidadosamente colocadas ao redor da sala. Algo me diz que há
um certo motivo pelo qual elas são colocadas do jeito que estão.
Há emblemas em cada mesa, mas não consigo ver o desenho ou o
que é. As pessoas estão espalhadas no campo que está atrás do
pátio, ao redor de uma fogueira crepitante que parece estar
pairando perigosamente perto de ser ilegal. A música está tocando
de algum lugar, um bar temporário foi montado ao lado. Como eles
conseguiram montar tudo isso enquanto eu e Tillie estávamos na
sala de aula?

Brantley segue minha linha de visão para uma das


mesas. Sua boca levanta, seu dedo traçando o desenho. — Isto?
É assim que todos na escola conhecem a linhagem de sua família.
Todos sabem. — Brantley se apoia em uma cadeira. — Então,
ninguém fode com o primo nem nada.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— O que é esta escola? — Indago, meus olhos finalmente
voltando para os dele. Estou presa nele. Ele se recusa a me deixar
ir, seu aperto é tão forte que estou disposta a ser esmagada. Me
pergunto se sempre houve uma intensidade proibida entre ele e
eu e simplesmente nunca percebi isso. A agitação na minha
barriga começa sempre que ele olha para mim, e essa sensação
não acontece quando estou simplesmente olhando para outra
pessoa.

Por que Brantley?

Por que alguém tão sombrio e ilícito? Tocá-lo de outra forma


que não seja considerada platônica seria uma traição completa da
minha própria alma. Brantley Vitiosis não foi colocado neste
mundo por nada suave, e isso inclui a mim.

Ele não tem chance de responder, porque Bishop está


correndo escada acima, com seu foco em mim. — Você está bem?

Viro-me quando ele me oferece uma bebida. — É suco.

Meus dedos envolvem o copo. — Não me importo com


champanhe.

A cabeça de Brantley salta para trás, sua boca em um


rosnado. — E como diabos você saberia o gosto do champanhe?

— Tillie me deu. — Encolho os ombros, bebendo o suco frio


e lambendo o resíduo da borda dos meus lábios.

— Claro que ela fez, porra, — Brantley resmunga,


balançando a cabeça.

Bishop ri, puxando uma das cadeiras enfiadas embaixo da


mesa e lentamente se abaixando, enquanto seu foco nunca
diminui. — Você quer me perguntar alguma coisa?

— Humm. — Meus lábios se enrolam em torno dos dentes,


como se tivesse medo de que, se eles estivessem livres, minhas
palavras também estivessem.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ele parece à vontade. Suas pernas estão bem abertas, os
ombros soltos. Aproveito para sentar em uma das outras cadeiras
ao redor da mesa, descansando meu copo no topo das minhas
coxas com as duas mãos em volta do plástico frio.

— Como?

Brantley está entre nós, recostado na mesa. Seus braços me


distraem momentaneamente toda vez que as veias saltam dele
apertando a mesa. O ar entre nós três está tenso, a angústia
potente o suficiente para envenenar nossos corações se não
tomarmos cuidado.

Bishop se inclina para trás em sua cadeira, girando um


líquido cor de mel em seu copo. — Meu pai, Hector, é seu pai. Sua
mãe é a mãe de Tillie.

Aprofundar-se em informações que você não conhece é um


pouco como entrar em uma sala desprovida de iluminação, e
quando as pessoas guardam segredos de você, é um pouco como
descobrir que as luzes não funcionam. Então você está nesta sala
escura, sem visão, e não sabe como encontrar o caminho de volta
para onde havia luz. Eu não quero estar em uma sala escura sem
luz.

— Você aprenderá muito sobre Hector e Katsia, mas acho


que você não gostará de nenhuma dessas coisas. — Ele balança a
cabeça, tirando um maço de cigarros do bolso e colocando um
entre os lábios. Ele olha para Brantley. — Vá pegar uma garrafa
de champanhe para ela para esta conversa.

Brantley inclina a cabeça para trás, os músculos de seu


pescoço se contraem. — Porra, não.

— Ela está aqui conosco, que porra você acha que vai
acontecer, e você sabe muito bem que tudo o que eu disser a ela
vai ser pesado.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Brantley pressiona o polegar e o indicador na boca,
assobiando alto.

Bishop ri, balançando a cabeça enquanto tira a cinza da


ponta do cigarro. Um menino da minha idade corre alguns
degraus até nós. — Você precisa de algo?

Bishop sorri. — Sim. Abel, esta é a Saint. Saint, Abel.


— Bishop vira a cabeça para encarar Abel. — Minha meia-irmã, o
que a torna sua meia-irmã.

Abel fica imóvel. — O quê? Como?

Espere o quê!

— Vou precisar do champanhe. — Pressiono meus dedos em


minhas têmporas e as esfrego em círculos.

— Não era para você saber agora, Pup 15 ! Vá buscar uma


garrafa de Moët e volte logo.

O jovem rapaz, Abel, vira e se apressa em direção ao bar. Ele


também é bonito, com feições ainda frescas o suficiente para ser
considerado inocente, apesar de estar no limite da balança de
endurecimento. Há uma semelhança com Bishop, também.
Obviamente, os genes de Hector são fortes. Meu pai é
problemático. Quantos filhos ele teve?

Bishop inclina a cabeça para Brantley. — Você vai ficar de


pé aí durante toda esta conversa, ou vai se sentar como um
humano civilizado?

Brantley finalmente se afasta, contornando a mesa. O som


da borracha raspando na madeira vibra ao meu lado quando ele
cai na cadeira. Eu o ignoro porque Abel está de volta com um
balde de metal cheio de gelo e a ponta de uma garrafa de
champanhe saindo dele. Ele o coloca na mesa com uma taça de

15 Pup - Filhote;

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
vinho fosca. Tiro a garrafa do balde, despejo o champanhe e vejo
as bolhas se transformarem em espuma antes de despejar mais.

— Obrigada, — digo a Abel, que sorri para mim antes de


sair. Coloco a garrafa de volta no balde e tomo o primeiro gole.

— Brantley contou a você um pouco sobre o Elite Kings Club,


não é?

Aceno com a cabeça, meu dedo raspando o líquido dos meus


lábios enquanto meus olhos encontram os de Brantley. Ele me fixa
no local. Intenso. Enlouquecido. Possuído. Viciado. — Ele falou.

Bishop permanece imóvel, seus ombros tensos e seus olhos


passivos em mim. — Hector, nosso pai, e seu pai, e o pai de seu
pai têm estado presentes desde o início dos tempos. Foi nosso
tataravô que fundou The Elite Kings. Eu poderia pedir que você
lesse Tacet a Mortuis... — Bishop faz uma pausa, o canto de sua
boca se curvando em um meio sorriso. — Mas eu não acho que
seja necessário.

— Então vocês são uma seita?

Silêncio entre os dois. Bishop se inclina para frente e apoia


os cotovelos nos joelhos. Estou momentaneamente distraída pelos
rasgados em sua calça jeans. — Não, não exatamente. Mais como
uma... sociedade.

— Como uma sociedade secreta? — Bebo meu champanhe


entre as respostas.

Bishop balança a cabeça. — É, na verdade, é mais um estilo


de vida. Tradições. Algo em que todos nós fomos criados. — Ele
enfia um cigarro entre os lábios, acende-o e dá uma longa tragada
antes de soprar a raivosa nuvem de fumaça.

— E este estilo de vida, o que ele implica? — Olho ao redor


da área. — Além de possuir escolas.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Muito, — Brantley interrompe, olhando para Bishop. —
Resumindo, cada família tem um trabalho a fazer para manter a
dinâmica dos The Elite Kings. Temos gente na Casa Branca, na
CIA, na Máfia, MCs. Onde houver poder, você encontrará um
King.

— O que você faz? — Pergunto a Brantley.

Finalmente, sua cabeça vira até que ele está de frente para
mim. — O que eu faço o quê?

A risada de Bishop é alta o suficiente para eu olhar para


ele. — O quê?

— Por favor, diga. — Bishop sorri. — Diga a ela o que a


família Vitiosis oferece...

Brantley mostra o dedo do meio, seus dedos envolvendo o


balde de metal que abriga minhas bolhas, puxando-o para longe
de mim. — Chega dessa merda para você.

— Então, minha mãe e seu pai? — Digo ao Bishop. — Onde


eles estão?

— Bem, sua mãe está morta, mas seu pai não. — Há um


silêncio assustador que se estende entre todos nós.

— Não entendo por que você não me contou desde o início.

— Com o poder vêm os inimigos. Quando você tem poder,


sempre haverá pessoas que querem tirá-lo de você, mas aqueles
que precisam tirá-lo, serão eliminados rapidamente. Se descobrir
que Hector guarda uma Swan, não vai acabar bem e, fora isso, vai
te colocar em uma situação perigosa. Basicamente, estamos
dizendo a você que acaba de colocar um alvo em suas costas, e é
por isso que deve ter percebido que um de nós está sempre com
você e a segurança foi reforçada.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Soube rapidamente o que acontecia depois de dar as
respostas erradas. Que eram as respostas certas, mas não as que
eles queriam ouvir. Havia uma luz, uma gravação de telefone e uma
faca.

Sangue. Muito sangue.

Brantley se inclinou e passou a língua pelo lado cego da


lâmina. — Cada vez que você dá uma resposta errada, meu pau
endurece. Continue.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 14
BRANTLEY

O alicerce desta casa foi construído sobre as carcaças de


nossos inimigos. Era por isso que era assombrada. Se você
descascar o papel de parede, o sangue vai derramar. Foi, e
continua sendo, a casa que nunca dorme.

Nove anos de idade

Lucan manteve sua promessa. Ele nunca encostou um dedo


em Saint. Nunca, nem uma vez. Ela era o troféu que tínhamos em
nossa lareira, bonita de se olhar, mas nunca para ser tocada. Ele
gostava assim também, eu tinha certeza. Mas isso significava uma
coisa... ele precisava mais de mim. Passaram duas semanas da
noite em que ele colocou Silver e eu juntos na cama. Duas
semanas desde que a última fenda dentro da minha já condenada
alma se despedaçou completamente. Nunca quis reviver aquela
noite. A noite em que tomei sua virgindade, tudo para quê? Para
que alguns velhos doentes se divertissem com um vídeo. Eu estava

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
perigosamente perto de arrebentar meu pai. Tão perto, porra. Mas
eu tinha que ser paciente.

Nós andamos pelo mesmo corredor. Porta após porta.


Vermelho tão forte que eu podia ouvi-lo pulsando através das
veias da casa. Paramos do lado de fora daquele que
dizia Vitiosis na frente. A mesma placa de ouro sobre a mesma
porta carmesim.

Eu odiava esse lugar. Não me importava com mais


nada. Quando você se alimenta de raiva a vida toda, se recusa a
sentir o gosto da paz, então eu precisava dela. A sensação de raiva
não diluída fluindo através de mim. Necessitava dela para
sobreviver. Que se lixe a paz.

Meus lábios estavam planos. Eu me perguntava se meus tios


sabiam disso, já que nunca vi nenhum deles por aqui. Isto não
parecia ser assunto dos Elite Kings. Os Kings eram criminosos
venenosos, mas isto era outra coisa. Eles matavam, se metiam em
negócios ilegais em toda parte, mas estupro? Nunca.

Lucan abriu a porta, colocando o pé na frente para impedi-


la de fechar. — Entre, Brantley.

Entrei. Dei os três passos necessários para entrar no quarto


familiar. Uma única câmera. A cama feita de lençóis brancos
simples.

Lençóis. Brancos.

Meus olhos examinaram as duas garotas que estavam sobre


a cama. Elas tinham que estar por volta da minha idade, talvez
mais velhas. A bile subiu na minha garganta. Me virei para
enfrentar meu pai. — Não quero mais fazer isso.

Lucan se inclinou, fechando a porta atrás de nós. O clique


dele travando me assombraria por muitos anos. Aquele
som. Clique. O único som de clique que gostaria de ouvir depois

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
disso seria da minha arma. — Se não forem elas, será Saint. Você
decide isto, Brantley.

Cerrei meus dentes. — Quero dizer, não quero fazer isso


nunca mais. Com ninguém.

Lucan não falou. Seus olhos seguraram os meus. — Você


não tem escolha. — Ele me empurrou em direção à cama. —
Então, o que vai ser, Brantley? Serão elas ou Saint?

Virei-me para encará-lo por cima do ombro. — Nunca será


ela.

Presente

Aperto meus olhos fechados quando volto, esfregando o sono


deles. Meus lençóis estão no chão, meu corpo escorregadio de
suor. Rolando para fora da cama, me inclino, agarrando uma das
colunas da minha cama. As memórias passam pela minha cabeça
com clareza. Sugo o ar em meus pulmões, então seguro, antes de
expirar. Minha mente é uma contorção de imagens
sombrias. Cenas e cenários.

Trinta e sete meninas e meninos. Às vezes mais velhos, às


vezes mais jovens, outras vezes da mesma idade.

Trinta e sete e me lembro de cada um deles.

Viro-me para ir para a academia, mas congelo quando vejo


Saint na minha porta. Meus olhos vão para o relógio na minha
mesa de cabeceira. Três da manhã.

— O que você está fazendo acordada? — Esfrego o suor do


meu peito, pego de surpresa pelo que ela está vestindo. Shorts
brancos que, honestamente, são curtos demais para serem

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ELITE KING’S CLUB #6
considerados qualquer coisa além de calcinha e uma camisola
branca simples que sobe para mostrar um pedaço de sua barriga.

Ela dá um passo à frente, seu cabelo platinado caindo sobre


os ombros em ondas naturais. — Tive um sonho estranho.

Dou um passo para trás. — Este não é o lugar para se


confortar depois de um pesadelo, Saint. — Porque diabos ela ainda
está se movendo em minha direção.

— Ouvi você gritar, — ela diz ainda mais, e agora ela está
muito perto. Seu pequeno corpo diretamente na frente do meu.

— Como se você não tivesse ouvido antes.

— Essa é a coisa, — ela diz, e sua cabeça se inclina para que


ela possa olhar para mim. Está escuro no quarto, com a única luz
vindo do corredor que se derrama pela fresta da porta. — Faz um
tempo que não, desta vez foi diferente...

— Como? — Resmungo, procurando seu rosto. Porra, mas


ela é linda. Tudo proibido, pura demais para este mundo.

A ponta do dedo dela roça meu abdômen e fico tenso. O


sangue corre direto para o meu pau na conexão. — Você gritou
meu nome desta vez.

Porra.

— O que você está fazendo? — Pego seu dedo na palma da


minha mão.

— Não sei, — ela sussurra, seus olhos na tatuagem sobre


meu peito. A única tatuagem que tenho. O crânio raivoso do Elite
Kings esculpido em minha pele com a palavra Vitiosis por
cima. — Mas é o que vou fazer. — Ela se inclina na ponta dos pés,
seus dedos pequenos em volta do meu pescoço.

Gemo. — Saint... — Muitas vezes eu pensei em tê-la


exatamente assim. Na minha frente. À minha merda de

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misericórdia. Mas a verdade é que não a mereço. O que preciso,
ela nunca será capaz de me dar.

— Brantley? — Ela me puxa para baixo e permaneço, a ponta


do meu nariz tocando o dela. — Me beija.

Minha mandíbula fica tensa. Que se lixe. Envolvo meus


dedos na parte de trás do pescoço dela, meu outro braço na sua
pequena cintura. Poderia quebrá-la com um simples movimento
do meu pulso. Ter algo tão delicado na palma de minhas mãos
desajeitadas envia uma onda de poder através de mim. Tsk, tsk.
É por isso que eu sou mau com ela. Meus lábios esfregam os seus.

— Uma vez que colocar minha boca em você, estará ferrada.


— Seu cheiro é intoxicante. Uma mistura potente de doce e ilícito,
o tipo de cheiro que você quer na ponta da língua. O tipo de cheiro
que se pode provar.

— Não importa para mim. — A curva de seus lábios macios


roça os meus.

Isso basta. Ela se afasta, mas é tarde demais, minha boca


está na dela. Faz uma pausa por um momento antes que seus
lábios macios comecem a me beijar de volta. Eu a puxo na minha
direção até voltar para a cama, e ela pousa no meu colo, enquanto
espalha seus joelhos largamente para me abraçar. Sua boca
nunca se solta da minha, sua língua se enrolando ao redor a cada
poucos segundos como se já tivesse feito isso inúmeras vezes
antes. Tenho certeza de que ela nunca fez isso. Eu sei que ela
nunca fez isso, porra. Afasto-me, me apoiando no colchão com um
cotovelo, meus olhos nos dela. Movendo minha língua sobre meus
lábios, mergulho em cada pedacinho do que ela deixou para
trás. Ela se senta aqui no meu colo, aberta para mim. Sem dizer
uma palavra.

— Você não quer isso... — Murmuro, por mais que me dói


dizer. Meu pau está duro como uma rocha, e inclino meus quadris
para cima, esfregando-o contra o centro de suas coxas.

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Seus olhos se fecham, rolando para a parte de trás de sua
cabeça. Jesus, porra. Minha mão voa antes que eu possa impedir,
agarrada ao redor de sua garganta. Seus olhos se abrem
lentamente, agarrando-se aos meus como uma armadilha. Ela não
salta. Não há nenhum flash de pânico em seu rosto. Ela está
completamente imóvel, trancada no transe que começamos. Um
transe que pode acabar conosco. Poderíamos fazer isto, ter isto,
mas para quê? Não posso oferecer-lhe nada mais do que aquilo
que ela já recebe de mim, basta dizer que isso já é muito.

— Você não quer isso, — repito, minha mão segura em torno


de sua garganta. Parece bom lá. As veias pulsam sob minha pele,
sua jugular latejando contra minha palma.

— Como você pode ter tanta certeza? — Ela pergunta, e então


vejo vermelho quando ela puxa o lábio inferior entre os dentes e
os afunda nele.

Apertando meu punho ao redor de sua garganta, eu a puxo


para baixo sobre mim, com minhas mãos em cima da bunda dela
quando sua boca está de volta à minha. Eu sei que tenho que levar
isto com cuidado, e não sou cuidadoso, foda-se, mas é Saint.

Porra.

Com a batalha estrondosa dentro de mim, não faço nada


para afastá-la. Minhas mãos encontram suas curvas, sua bunda,
suas coxas. Mergulhando sob seu short, aperto as bochechas de
sua bunda com força, mordendo seu lábio inferior enquanto
esfrego meu pau dentro dela. Ela se esfrega em mim e sei do que
ela precisa. Porque ela veio aqui. Ela não queria me beijar ou
envolver suas pernas pecaminosas em volta da minha cintura
enquanto sussurrava palavras doces e fodidas diretamente em
minha boca.

Ela precisava de liberação.

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Aprofundo o beijo, seus dedos no meu pescoço, no meu
cabelo, descendo pelo meu peito já úmido. Ela rola seus quadris
sobre mim com controle, mas eu os aperto e retiro, direcionando-
a sobre minha cintura com golpes lentos e fortes.

— Porra. — Preciso morder algo para me impedir de me


concentrar na sensação dos meus piercings em sua boceta. Ela
deixa cair sua boca na minha novamente, me alimentando com
seus pequenos gemidos sensuais, e eu os devoro como se estivesse
em jejum e ela é o banquete que sempre quis. O que ela é.

— Brantley...

Meu aperto fica tenso, e por completo impulso de merda,


mordo seu lábio, arrastando-o em minha boca até que a primeira
gota de sangue derrame na ponta da minha língua. Seus gemidos
aprofundam na minha boca, e nem tenho tempo para perceber
que a machuquei. Não me importo, e mais importante, ela
também não...

Tenho duas opções aqui, agora mesmo.

Poderia levá-la a seco e ficar de mau humor. Descontando


minha agonia na academia, ou poderia dar a ela exatamente o que
ela e eu queremos: eu enterrado dentro dela tão profundamente
que sentiria o recuo do meu pau toda vez que respirasse nas
próximas semanas.

Vou com o último. Minhas mãos voltam para sua bunda


enquanto levanto nós dois da cama, giro e a jogo de costas
enquanto desabotoo o botão do meu jeans.

— Você tem camisinha? — Ela pergunta, com o cabelo


desgrenhado, as bochechas coradas e os lábios inchados de todos
os beijos que acabei de roubar.

— O que você acabou de dizer? — Mordo asperamente, as


palavras deixando seus lábios como um balde de água gelada.

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— Não temos que usar camisinha? — Ela sussurra
novamente, não percebendo minha mudança óbvia de humor.

Meus dedos pairam sobre a faixa do meu jeans, mas me


liberto, permitindo que meus braços caiam para os lados do meu
corpo. — Presumiu que eu iria te foder? — Rugindo com raiva,
meu lábio frisou. Agora em retrospectiva, eu sei que estou sendo
irracional, mas não quero saber. Me incomoda que a palavra
camisinha tenha saído da boca dela. Incomoda-me que tudo o que
era preciso era que eu a beijasse e ela abrisse suas pernas para
mim, mesmo que fosse isso que eu quisesse. Eu tinha todos os
planos para rasgá-la ao meio e pegar o que sei que quero.

— O quê? — Ela estremece com as palavras, seus ombros


caindo e seus olhos se enchendo de lágrimas não
derramadas. Porra. — Eu pensei...

— Saia, — digo, balançando minha cabeça. Ela não hesita,


rastejando para fora da minha cama e indo até a porta. Caio no
colchão, minha mão no meu cabelo e meus pensamentos correndo
descontroladamente. Me sinto selvagem. Como uma fera
enjaulada sendo provocada com algo, qualquer coisa, talvez até a
única coisa que sempre quis, mas nunca poderia ter.

— Brantley, — diz suavemente, e sinto a raiva ferver quando


a culpa começa a tomar conta.

Flexionando meu pescoço para o lado, fico de pé e dou os


passos necessários para alcançá-la. Ela se encolhe quanto mais
perto chego, a confusão evidentemente espalhada sobre suas
feições. Não a censuro. Estou sendo inconsistente. A batalha que
estou travando está criando sua cabeça feia e tentando se expor.

Abrindo a porta suavemente, levo minha mão para cima e a


fecho com força. Ela se vira, apoiando as costas contra a porta
enquanto enfia as mãos atrás de si.

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— Pensei que você tivesse dito para sair... — ela murmura,
mesmo quando as palavras a deixam e penetram na distância
entre nós, eu as afasto.

— Sim? — Levo minha outra mão para o outro lado de sua


cabeça. — Eu também disse que uma vez que colocasse minha
boca em você, estaria ferrada. — Mantenho meus olhos
nela. Quero testar os limites que acho que tem e ver até onde ela
irá. — Tire o short.

Com seus olhos de iceberg nos meus, enfia os polegares sob


o cós do short, empurrando-o para baixo. Eu a solto, inclinando
minha cabeça para baixo para observar enquanto a seda se
acumula em torno de seus pés em uma piscina de inocência. A
inocência perdida é um pecado ganho.

Meus lábios se curvam em um sorriso enquanto subo


lentamente meus olhos por seu corpo, passando por seus seios e
voltando para os olhos. Empurro uma mão da porta e ponho meus
dedos sob seu queixo. Ela não é como as outras. Jamais, jamais
será como qualquer coisa ou alguém que eu tivesse tocado -
nunca. O que torna o toque ainda mais ilícito. — Mostre-me o que
você faz quando está sozinha.

— O quê? — Suas bochechas brilham com um toque rosa,


mas sei que ela sabe o que estou perguntando.

Minha respiração é superficial, meu peito subindo e


descendo enquanto ela lentamente traz sua mão para
frente. Afasto-me da porta, dando dois passos para longe dela. —
Tire a camisola também.

Antes que seus dedos encontrem seu centro, ela os envolve


ao redor da bainha e a puxa sobre sua cabeça, seu cabelo desce
em cascata pelas costas lentamente, à medida que ela se inclina
para trás contra minha porta.

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Mordo minha bochecha para parar de gemer alto, sentando
na beirada da cama. Aperto os lençóis em minhas mãos enquanto
seu peito incha e esvazia em cada respiração que ela toma. — O
que você quer que eu faça?

Tomo um segundo. Um. Dois. Três. Porra, recomponha-se,


Brantley. Espalhando minhas pernas, inclino minha cabeça
contra a lateral de um dos pilares da minha cama. — Acho que
você sabe o que quero que faça.

Ela se inclina contra a porta preguiçosamente, não afetada


pela minha presença, como se tivesse estado nua perto de mim
centenas de vezes. Exalando confiança, inalo cada pedaço
dela. Seu corpo foi criado por uma deusa, moldado com um bisturi
e beijado por anjos. Nada além do brilho de seu colar de diamantes
de um milhão de dólares toca sua pele, tenho que lutar com cada
porra de coisa dentro de mim para não me mover pelo quarto e
chupar cada pedaço de sua pele exposta.

Seus dedos se movem para frente. Não estou surpreso que


ela se depile. Não há uma mancha de defeito em seu corpo, tão
limpo. Limpo demais. Preciso esfregar minha sujeira sobre ela e
foder até ela sangrar.

Gemo com o pensamento, meus olhos rolando para trás


enquanto me sento ligeiramente para ajustar meu pau furioso de
abrir as costuras do meu jeans. Os puxo um pouco para baixo,
para pendurar um pouco acima de onde minha pélvica afunda,
antes de voltar a me distrair. Apertando os lençóis, talvez salve
sua vida.

Um gemido deixa sua boca quando ela arqueia as costas para


fora da porta. Seus dedos estão sobre sua boceta, seu polegar
esfregando pequenos círculos lentos sobre seu clitóris enquanto
seus outros dedos beliscam seus mamilos.

— Que se foda isto.

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Afasto-me da cama e volto para a frente dela, e quando ela
abre os olhos, fico um pouco surpreso com o fogo ardente que se
expõe. Não de uma forma desesperada, porém mais controlada.
Como um gato ronronando, sabendo que ela vai ter seu afago.
Pego a mesma mão com que ela se esfrega e a levo aos meus lábios.
Arrasto-a entre meus dentes, lambo seu gosto dos seus dedos e
mordo na ponta do seu dedo indicador.

— Não irei te foder, Dea, mas você com certeza vai desejar
que eu o faça. — Eu a pego na parte de trás de suas coxas e a giro,
deitando-a de costas no chão. Queria derrubá-la, mas,
novamente, tenho que controlar minhas explosões. Ela está
deitada no meu chão, ambas as mãos segurando seus seios
enquanto seus joelhos estão colados. Descanso minhas mãos
sobre elas e a abro, lentamente me abaixando em seu corpo.

— Espere! — Suas mãos voam para o meu peito e tenho que


lutar contra meu rosnado.

— O quê?

Ela morde o lábio nervosamente. — Eu... uh... estou


tomando pílula, mas estou menstruada agora, e se você está
prestes a fazer o que acho que vai...

Sorrio, correndo meu dedo indicador sobre sua pequena


fenda. — Simplesmente atirou a porra de uma isca para mim. —
Esfrego seu clitóris lentamente até que suas costas estão
levantando do chão em um arco.

— Mais rápido, — ela sussurra.

— Cale-se, — zombo antes de parar e continuar descendo em


direção a sua entrada. — Confia em mim?

— O quê? Eu... — Ela faz uma pausa. — Sim. Merda.

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Sorrio para ela, enrolando meu dedo na calcinha fio dental e
puxo-a. Atirando-a para o lado, subo em seu corpo, arrancando
sua mão de um seio e sugo seu mamilo na minha boca.

— Oh, meu... — Ela se interrompe quando minha outra mão


chega a sua boca, silenciando-a enquanto minha língua gira em
torno de seu cerne em golpes rápidos. Ela inclina seus quadris
para cima para esfregar contra mim e me perco, pressionando
meu pau nela enquanto sua outra perna envolve minha cintura.

Movendo-me para o outro lado, eu libero sua boca e repito


minhas ministrações em seu outro seio. Ela está se esfregando no
meu pau e ele lateja, o líquido escorrendo da minha ponta toda
vez que ela rola sobre meus piercings. Foda-se isso. Preciso
acabar com isso ou vou machucá-la, foder e provavelmente não
me arrependerei. Arrastando minha língua para baixo em seu
esterno, passo seu umbigo e bato em suas coxas. Espalhando
suas pernas, empurro para baixo em suas coxas enquanto lambo
o interior de uma delas, alcançando aquela conexão
novamente. Olho para cima conforme ela se inclina sobre seus
cotovelos, com as sobrancelhas curvadas à medida que me
observa atentamente, a barriga subindo e descendo e o abdômen
tenso. Afundo meus dentes na pele lisa e vejo como sua cabeça se
inclina para trás, seus membros sob a pele do seu pescoço se
esticando. Caralho. Minha boca rega ao lamber e sugar as
pequenas gotículas de sangue da minha mordida, antes de mover-
me lentamente para seu centro.

— Brantley, você tem certeza disso... — Suas palavras são


cortadas quando minha língua atinge seu clitóris.

Círculo lentamente no início, antes de cobri-la com minha


boca. E chupo seu clitóris enquanto pressiono minha língua
contra ela rudemente e ela cai no chão com um tapa. Sorrio com
os golpes, meu pau tão perto de explodir que não estou tão certo
de que isso foi uma boa ideia. O calor corre por todo o meu
sangue, minhas bolas apertando a cada segundo que

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passa. Pressiono minha mão em sua pélvis, inclinando-me e
mergulhando minha língua em sua entrada. Ela é tão
apertada. Suas paredes ficam tensas em torno da minha intrusão
quando a forte mordida do metal atinge a ponta da minha
língua. Gemo contra sua boceta, empurrando mais contra ela até
que sua perna esteja por cima do meu ombro com uma mão
agarrada em sua coxa. Não percebo o quão forte a estou apertando
até que solto sua perna, e meus dedos pulsam com a pressão
liberada. Isso vai machucar. É bom pra caralho. Ela ofega, vira-se
e se contorce em minhas mãos enquanto continuo a chupar e
lamber cada grama que ela me dá. O suor desliza por suas coxas
quando volto em seu clitóris, agarrando-a e virando-me de costas,
seus joelhos pousando em cada lado da minha cabeça. Seu cabelo
cai sobre os ombros enquanto ela olha para mim entre suas coxas.

— Brantley... — ela sussurra, com as mãos no meu cabelo.

— Cale a boca e monte na minha cara até você gozar.

Ela morde o lábio para abafar o sorriso, mas então começa a


balançar para frente e para trás na minha boca. Sua cabeça se
inclina para trás e minha mão sobe por sua espinha, encontrando
as pontas e envolvendo seu cabelo em volta do meu punho. Puxo
com força até que sua cabeça vira mais para trás e ela tem que se
apoiar na minha coxa para se manter de pé enquanto seus quadris
aceleram no ritmo.

— Eu vou... vou...

Cubro seu clitóris e o chupo enquanto ela convulsiona, seu


corpo se espalha ao meu redor. Quando volta para a terra dos
vivos, ela rasteja lentamente para fora de mim e corro minha
língua sobre meus lábios, saboreando cada pedaço dela. Doce,
mas com uma picada afiada de metal. Exatamente como eu a
queria.

Permaneço de costas por segundos depois, mentalmente


falando comigo mesmo por causa do mau humor que sei que vou

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ficar. Preciso foder alguma coisa. Quando puxo meus cotovelos e
fico de pé, meu pau inchado latejando na palma da minha mão
através do meu jeans, caio de volta na minha cama. — Fora, Saint.

— O quê? Eu posso, você sabe...

Olho para cima para encontrá-la olhando para meu pau. Isso
não ajuda, porra.

— Apenas saia.

Eu estava errado, iria me arrepender, mas não pelos motivos


que pensei que fosse. Ela não responde, e o som da minha porta
se fechando desencadeia o resto dos pesadelos que tenho naquela
noite.

Clique.

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Capítulo 15
SAINT

Meio que pensei em deixar os cachorros em casa hoje. Eu


precisava de espaço e tempo. É hora de descobrir o que deu errado
na noite passada. A vergonha encobre minha visão enquanto viro
à esquerda na trilha na floresta. “C'MON” de Amy Shark e Travis
Barker toca alto em meus ouvidos, o som de seus vocais quase o
suficiente para me fazer esquecer tudo de ontem à noite. Mas
assim como eu esqueço, eu o provo. Meu sangue em sua
boca. Sinto suas mãos no meu corpo, tão ásperas e dominantes,
sua boca em outros lugares..., mas o gosto venenoso das palavras
que ele disse depois deixou um cheiro forte. — Apenas saia, — e
depois o olhar que veio com ele. Meu coração ardia tanto que
quase achei que a dor era física. Nunca havia experimentado essa
emoção antes. A ferida estava em meu coração, mas a dor
sangrava até meu intestino e girava como uma máquina de lavar
roupa.

Meus pés ganham velocidade, o suor escorrendo de mim


enquanto o sol da manhã lentamente se revela por trás da cortina
de nuvens. Tons de laranja brilhantes inflamam o céu escuro
quando outro dia chega. Estou passando pelo cemitério e
entrando na propriedade pelos fundos quando finalmente paro,

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arrancando meus fones de ouvido e me inclinando com as mãos
nos joelhos. A verdade é que entrei naquele quarto para uma coisa
e apenas uma coisa. E foi tudo por causa daquele sonho
maldito. E não gostei disso.

Ele não usava nada além de um gorro escuro e um lenço ao


redor do rosto. Ou isso ou eu não conseguia ver. Alcancei o rosto
dele, mas nada tocou meus dedos.

Esquisito.

Eu sabia que estava sonhando. Quase sempre sabia quando


estava sonhando conforme os tinha. Seu corpo estava sobre o meu,
pesado. Tão pesado que ele empurrou o meu contra o colchão. Meu
estômago embrulhou. Algo não estava certo.

Ele alcançou entre minhas pernas, seus dedos pastando sobre


minha área mais privada, e justamente quando pensei que ele iria
se afastar, seus dedos mergulharam dentro de mim com
força. Gritei tão alto que o fogo queimou do meu peito, mas isso não
o impediu. Eu latejei abaixo. Doeu. Isso machuca. Ele fez algo
com os dedos antes que eu sentisse minha pele rasgar e o líquido
escorrer pelas minhas coxas. Arrancando minha virgindade do
meu corpo como se fosse dele.

Acordei depois disso. Meu pulso estava acelerado tão rápido


que pensei que realmente poderia morrer. Mais forte do que agora,
depois de correr duas horas seguidas. Depois de acordar,
verifiquei sob os cobertores, segurando-me e estremecendo
enquanto a sensação e o som daquela lágrima vibravam em meus
ouvidos. Lágrimas se espalharam pelo meu rosto, e não sabia por
quê. Eu precisava de algo - qualquer coisa para tirar a memória
que o sonho deixou na minha pele. Odiava que fosse a última

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
coisa que eu sentia. Então ouvi Brantley gritar, e foi meu nome
que saiu.

Agora gostaria de não ter entrado lá. Deveria ter voltado a


dormir, ou pelo menos tentado. Fui até ele sem saber, em busca
de conforto, e parti com mais dor no coração do que poderia
suportar.

Solto os cães de suas coleiras para que eles possam ir ao


bebedouro, olhando para a academia que fica no último
andar. Encontro Brantley instantaneamente, de costas para
mim. Ele está encostado no vidro, com o telefone no ouvido.

Sempre me senti assim em relação a ele? Estou começando


a pensar que talvez sim. Não importava, porém, porque ele deixou
bem claro na noite passada que não pensava isso sobre mim. Ou
talvez simplesmente não estivesse atraído por mim daquele jeito,
e foi por isso que me afastou.

Essa emoção deve ser rejeição.

Depois que os cães se alimentam e bebem, vou para a


cozinha e pego os ingredientes para o bacon e os ovos. Essa
corrida era o que minha mente precisava, mas agora meu corpo
está carente e faminto. Aqueço a frigideira pesada, despejando
óleo de coco e esperando que esquente antes de quebrar meus
ovos. Enquanto isso, forro a bandeja com tiras de bacon e deslizo
para baixo da grelha. Estou jogando bagels na torradeira quando
a porta da frente ecoa fechada e passos descem para a
cozinha. Prendo minha respiração, esperando que não seja
Brantley.

Cabelo rosa vem ao virar do corredor, com Nate bem atrás


dele.

Ele beija Tillie na cabeça antes de desaparecer escada acima.

— Humm! O que você está fazendo? — Ela pergunta,


espiando a panela antes de se levantar para se sentar no

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balcão. Tillie é o tipo óbvio de beleza. Ela é o tipo de garota que
entra em uma sala cheia de pessoas e, sem saber, rouba a atenção
de todos. Ela definia características que podem ser comparadas a
garotas como Megan Fox. Madison é a mesma, porém, e eu só a vi
através das lentes de uma câmera. Juntas, devem ser letais.

— Você está bem? — Pergunta, chutando as pernas


enquanto pego dois pratos. Já sei que ela vai querer um pouco, e
quanto mais estou perdida em meus pensamentos, menos fome
sinto.

— Eu não sei, — respondo honestamente, tirando os bagels


e colocando-os em nossos pratos antes de servi-los. Pego o
abacate. — Fiz algo ontem à noite e agora não consigo tirar a
sensação do meu íntimo que parece que cometi um erro.

Tillie rouba uma tira de bacon e a mastiga lentamente. —


Isso é arrependimento. O que você fez?

Corto o abacate, alguns tomates, cebola roxa e jogo tudo


sobre o bacon e os ovos em nosso prato, antes de colocar -
generosamente - um pouco de molho de pimenta no meu, mas
nenhum no de Tillie quando ela impede minha mão de tocar em
seu prato.

Dou a ela um prato antes de deslizar para o banco oposto,


descansando meu prato no colo. Pego um pedaço de bacon e
mastigo lentamente. Expiro assim que engulo a carne salgada. —
Beijei Brantley noite passada.

— E? — Tillie diz, esperando que eu continue.

— E talvez eu tenha tentado fazer sexo com ele.

Ela me encara como se esperasse por mais.

— E ele me disse que não me queria, mas não até depois que
ele me fez - você sabe. Com a língua dele.

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Ela faz uma pausa, abrindo e fechando a boca, antes de
finalmente revirar os olhos enquanto desliza o prato no balcão ao
lado dela e se inclina para frente, chupando a gordura do bacon
de seus dedos. — Deixe-me falar sobre os homens e como eles
respondem às coisas que acham que não querem ou, no caso de
Brantley, merecem. — Inclino minha cabeça, mastigando
lentamente. Tirando minha blusa suada para ficar com nada além
de meu sutiã esportivo e calça de ioga de cintura alta, eu a jogo
do outro lado da cozinha. — Não entendo.

Tillie se inclina para trás, enfia a comida na boca e fala. — É


Brantley. Ele não vai tocar em você porque vai pensar que você é
boa demais para ele. Vai pensar que todas as coisas sujas que fez
no passado vão contaminar sua bonequinha perfeita.

— Como você pode ter tanta certeza? — Pergunto, dando


uma mordida no meu bagel e quase revirando os olhos para a
parte de trás da minha cabeça quando a manteiga salgada desliza
pela minha garganta. Comida. Carboidratos.

— Porque conheço Brantley. — Tillie dá de ombros. — E


deixe-me dizer, aquele filho da puta é tão sortudo que eu estou
grávida agora, ou estaria levando você para sair hoje à noite
apenas por ele ser um idiota.

— É por isso que ele te chama de Pequena Terrorista? —


sorrio, balançando minha cabeça.

Ela concorda. — Sim!

Há um silêncio que se arrasta entre nós, e quando sei que


ela não vai enchê-lo de conversa fiada, eu o faço. — Nossa mãe...

Tillie fica imóvel, a mão em volta do bagel. Ela o coloca de


volta no prato e tira as migalhas das mãos. — Eu não a conhecia
bem. Acabei de descobrir que ela era minha mãe recentemente. —
Ela pega seu bagel novamente e o morde. — Mas ela era uma
cadela, então não perdemos muito.

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Nós limpamos depois disso, estou correndo escada acima
para me trocar quando viro o corredor e bato em algo - ou alguém
- duro, alto e construído de puro músculo. Meu coração dá um
curto-circuito no meu peito enquanto eu salto para trás, evitando
Brantley sem dizer nada.

— Ei! — ele estala para mim assim que minha mão está na
maçaneta da porta. O metal dourado em contraste com minha
pele pálida.

Viro-me por cima do ombro. Não sou boa nisso. Isso parece
estranho. — Sim?

Seus olhos vagam pelo meu corpo. — Você correu assim,


porra? — Suas sobrancelhas estão franzidas, sua mão balançando
para cima e para baixo.

— O quê?

— O quê? — Ele imita meu tom. — Não me venha com 'o quê',
Saint. Você correu vestida dessa maneira? — Ele começa a
caminhar em minha direção e abro minha porta e entro. Estou
prestes a fechá-la quando ele a abre com tanta força que ela sai
voando e atinge a parede.

— O que você está fazendo? — Grito com ele. Nunca levanto


minha voz para ele, e para ser justa, não é tão alto. Provavelmente
pareço mais um chihuahua latindo para um rottweiler.

— Responda-me! — Seu tom está alguns níveis acima de


qualquer temperatura do inferno.

— Eu não fui, mas a pergunta foi esquisita! — Agora minhas


mãos estão no ar.

Seus olhos permanecem nos meus, juro que suas pupilas


dilatam e se dissolvem algumas vezes. — Isso é tudo que você tem
a dizer. Vista-se e traga roupas sobressalentes. — Ele se vira e

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ELITE KING’S CLUB #6
sai. O quê. Foi. Isso. Mordo minha língua enquanto pego roupas
para vestir. Tillie e Nate provavelmente ouviram isso também.

Meu telefone apita e o puxo para fora da alça que está no


meu braço, puxando-o para fora da caixa e abrindo, vejo que
tenho três novas mensagens. Abro a última.

Tillie: Ouvi isso. Agora você tem que usar algo sexy que
mostre seus peitos. #mamasparafora

Folheio a mensagem dela e abro a próxima enquanto vou


para o banheiro.

Desconhecido: Ei, Saint. É Madison. Por favor, não


compartilhe este número. Podemos conversar?

Faço uma pausa nisso. O número começou com um +64,


então já sei que ela não está na América, no Canadá ou no México.
Antes de ir para a próxima mensagem, lhe envio uma resposta.

Saint: Claro. Acho que estamos indo para algum lugar


hoje, mas posso te ligar quando não tiver ninguém por perto.

Os balões de fala aparecem instantaneamente.

Madison: Ok. Obrigada.

Ligando o chuveiro, removo minhas roupas enquanto abro a


mensagem restante.

?: Ele não mordeu, hein? Eu conheço alguém que não


diria não...

Saio da mensagem e me ocupo em lavar o suor e a decepção


do meu corpo. Como meu cabelo está suado, começo a me lavar
rápido e uma vez terminado, saio do chuveiro, secando-me e
enrolando uma toalha em torno de mim mesma. Escovo meu
cabelo até que esteja em mechas macias, quando minha porta se
abre e Brantley está do outro lado.

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Seus olhos se conectam com os meus no espelho. — Quanto
tempo você vai demorar? — Ele está sempre mal-humorado. Estou
familiarizada com isso, mas depois de ontem à noite e seu pequeno
episódio anterior, agora me sinto um pouco irritada.

Irritada com sua rejeição.

Levanto-me do meu banquinho de maquiagem e aperto a


toalha que está amassada onde meus seios mergulham. Viro-me
para encará-lo completamente e vejo como seus olhos lutam para
permanecer no meu rosto. ‘Presumiu que eu iria te foder?’ Essas
palavras ressoam em meus ouvidos, apenas alimentando o
aborrecimento que já rola em meu peito. Minhas coxas se
contraem. Sinto uma fome na barriga que a comida não sacia.

Ele me fixa com seu olhar, os músculos de cada lado de sua


mandíbula se contraem enquanto ele cerra. — Não ouse...

Abano meu pulso e a toalha cai ao redor de meus tornozelos.

— Porra! — Brantley fecha a porta com um chute, nos


trancando lá dentro conforme me movo para minha cama e pego
minha calcinha. Sua mão está no meu pulso, puxando-me para
seu peito. Meu cabelo comprido passa por cima do cóccix quando
sua mão está no meu queixo, puxando meu rosto para ele. — Não
sou a melhor pessoa para fazer joguinhos, Dea, porque não jogo
com elas. — Ele se inclina em meu ouvido. — Eu acabo com elas.

Examino seus olhos. — Eu estava me trocando. Isso é tudo,


e de qualquer maneira. — Puxo meu queixo de seu aperto e coloco
minha calcinha. — Você não me foderia de qualquer maneira...
— Não consigo terminar essa frase porque, assim que estou
pegando meu sutiã, sua mão está atrás do meu pescoço, me
empurrando de bruços na minha cama, seu peito nas minhas
costas enquanto suas pernas separam as minhas. Ele gentilmente
desliza meu cabelo para longe do meu rosto, correndo a ponta do
dedo sobre as curvas de onde meu seio cai para fora.

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— Você entendeu mal. — Ele se inclina até que seus lábios
estejam tocando levemente meu pescoço, sobre minha
tatuagem. — Não quero você porque sei que vou quebrá-la.

Assopro o resto do meu cabelo do rosto, embora esteja


parcialmente espremida nas cobertas. — Eu entendo.

Ele se levanta de mim e saio da cama, colocando meu sutiã,


tentando ignorar sua presença pesada atrás de mim. Acredito
quando ele diz que não quer fazer sexo comigo, mas não acredito
quando ele diz que não quer me quebrar. Vejo em seus olhos que
essas são suas coisas favoritas. Garotas quebradas. Só tenho que
descobrir se é ele quem está quebrando.

Coloco jeans skinny branco com pequenos zíperes nas


laterais perto dos meus tornozelos. Seus olhos caem para os meus
dedos, onde estou abotoando o botão.

— O quê? Também não posso usar isso?

Seu foco se volta para mim instantaneamente. — Estou


cortando sua amizade com Tillie.

— Você poderia, mas ela é minha irmã. — Escolho uma


cropped Yeezy verde exército, enfiando os pés nos meus Vans e
meu telefone no bolso.

— Estou pronta. — Mas quando me viro, ele já se foi.

Não sei para onde vamos, nem perguntei. Vejo pelo espelho
lateral enquanto a frente da Lambo de Nate rola atrás de nós. Na
frente está o Maserati de Bishop, e atrás de Nate está a Ferrari de
Eli com Hunter atrás dele em um F150. Não nos falamos desde
meu quarto, o que não é fora do comum. Brantley e eu dominamos
um silêncio confortável há muito tempo. “Rags2Riches” está
tocando no rádio, e quando Brantley coloca a segunda marcha,
seus olhos se voltam para o espelho retrovisor, com um sorriso

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malicioso no rosto. É a primeira vez que estou no Bugatti. Ele
quase não o dirige, sempre optando por seu velho Demon ou seu
Aston. Todos os carros dos meninos são pretos, mas o Mercedes
AMG GTS Pro de Brantley e seu Bugatti são foscos. O Bugatti é
tão rebaixado que tenho quase certeza de que se atropelarmos
uma pedra, arrancaria o para-choque. Bato no banco enquanto
nos movemos para o outro lado da estrada e passamos por Bishop,
que tem seu dedo médio pressionado contra a janela.

Uma ligação é feita pelo Bluetooth e Brantley atende,


apertando o botão verde no volante.

— Idiota. Você tem sorte de Tillie estar grávida.

Brantley ri, assim que a voz de Eli chega. É então que


percebo que todos os seus carros estão conectados de alguma
forma, ou eles estão em uma chamada em grupo.

— Não quero saber, você não tem mais nada, — Bishop disse,
rindo ao fundo.

— Você sabe! — Tillie grita e meu olhar dispara para


Brantley, que vira os olhos enquanto um sorriso fácil é gravado
em seu rosto. Não sei por que, mas algo pesado cai em meu
instinto na forma como ele responde a ela. Tão leve. Aposto que se
ela deixasse cair sua toalha ou o esfregasse todo, ele teria tido
relações sexuais com ela.

Arrasto minha atenção para longe dele e volto para a janela,


chafurdando na minha autopiedade. Tenho uma irritação em
minha mente que precisa ser arrancada. O que aconteceu na hora
em que ele disse que quase dormiu com ela? Será que ele a tocou?
Ela o tocou? Eles foram mais longe do que nós?

Provavelmente. Posso ser virgem, mas não sou


puritana. Assisti pornografia nos cantos escuros do meu quarto
quando não havia ninguém em casa e me masturbei quando
precisei. Sabia o que era sentir um orgasmo sozinha, mas mesmo

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assim, o maior orgasmo que já me dei não chega perto de como
me senti sob a palma da mão de Brantley, e ainda mais, em sua
língua.

— Saint? — Brantley interrompe meus pensamentos e me


viro para encará-lo.

— Sim?

Há música tocando novamente agora, então a chamada deve


ter sido desconectada. — Sobre o que você está pensando tanto
agora? — Breaking Benjamin cantando “The Dark of You” está
tocando suavemente no fundo.

Poderia ser honesta. Poderia também perguntar-lhe o que


rolou entre ele e Tillie e arriscar expor o meu, o que estou
deduzindo, é ciúme. Mas não quero. — Só estou tentando lembrar
se regei as plantas. — Antes que ele pudesse ler a mentira que
escapou da minha língua com muita facilidade, volto para a
janela. — Onde estamos indo?

— É Halloween neste fim de semana. Temos uma última


festa para dar na cabana. Estamos chegando um dia antes para
nos certificarmos de que tudo está pronto.

— Uma festa? Para o seu aniversário? — Pergunto, sabendo


que ele nasceu no Halloween. Não é algo que ele já tenha
celebrado. Pelo menos não que eu soubesse.

— Sim, mais ou menos, mas não para o meu aniversário. É


apenas nossa festa de Halloween. Rola todo o final de semana.

— Parece... divertido.

Ele não responde enquanto continua a nos levar pela estrada


principal, até que pegamos uma curva antes de outra, e outra, até
que todos nós estamos rolando por uma longa estrada de
cascalho.

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— História engraçada... — Brantley sorri. — Vê isso? — Ele
aponta para uma área logo fora da estrada. Parece um
acostamento pequeno. Nada rodeia a estrada a não ser a floresta
e os prados.

— Sim?

— Nós tiramos Madison do carro dela bem ali. A primeira vez


que todos nós a encurralamos e começamos o jogo dela. Era tudo
enigmas e truques e trotes mentais. Tivemos que foder com ela
para ver se ela quebraria... — Não digo nada, descansando minha
testa na janela e permitindo que a condensação goteje sobre
minha pele.

— Parece horrível...

— Foi, mas foi divertido.

— É disso que você gosta? — Estalo levemente, e antes que


possa retirar as palavras, ele já está olhando para
mim. Estremeço. Puxa, estou sendo hormonal.

— Certo, é isso aí. Você ainda está menstruada ou algo


assim?

Meus dentes cerram. Espere. Que dia é hoje? Faço as contas


na minha cabeça. — Não. Terminei esta manhã.

— Falando nisso. Você está tomando a pílula. Por quê?

— Sim, porque sofria de dores menstruais crônicas, então o


médico receitou a pílula para que eu pudesse controlar. Você sabe
disso, você assinou.

Seus dedos mergulham em seu cabelo, seu moletom em volta


de seu pescoço grosso. — Por que você tem menos tatuagens que
os outros?

Ele não perde tempo. — Porque tenho mais piercings.

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Enrolo minha perna sob minha bunda para que possa virar
mais. — Seus mamilos, uma orelha, língua... — Faço uma
pausa. — Cinco?

Ele sorri. — Onze.

O carro rola até uma parada e me viro para ver onde estamos.
As luzes iluminando a cabana em estilo tradicional seduzem você,
a varanda envolvendo toda a estrutura. Nada nos cerca além de
árvores, uma entrada para carros em forma de ferradura e, pelo
que posso ver atrás da casa, alguém está limpando o paddock.

— Eles fizeram um circuito de corrida na parte de trás, sabe,


para todos os vagabundos que estavam se formando.

— Como você? — Levanto uma sobrancelha, abrindo minha


porta e saindo. O ar frio pica sobre a minha pele exposta e alcanço
o carro, agarrando o moletom de Brantley que está no banco de
trás, colocando-o.

Fecho minha porta e espero que ele dê a volta no carro.

Ele para na minha frente, seus olhos caindo no meu


corpo. — Você e essa porra de moletom.

— Eu gosto dele.

— Por quê? — ele pergunta, mas seu tom não tem o tom
usual.

Umedeço meus lábios com minha língua e abro minha boca.

—...os fornecedores e organizadores estiveram aqui a


semana toda para organizar tudo. — Bishop vem até nós, enfiando
as chaves no bolso. — Temos cerca de cinquenta pessoas este ano,
porque Spyder está trazendo sua equipe também.

Brantley joga seu capuz sobre a cabeça enquanto se apoia


na lateral de seu carro. — Spyder está vindo? Você contou a Tillie?

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Bishop tira um cigarro, colocando-o na boca. Seus olhos vêm
aos meus e levanto minha sobrancelha. — Não olhe para mim
assim, cara de anjo. Se você soubesse a merda pela qual tive que
passar, entenderia por que chupo uma vara de câncer para salvar
a vida de alguém.

— Bem, talvez você possa me dizer...

— Não é provável. — Ele revira os olhos, voltando para Bran


depois de exalar uma espessa nuvem de fumaça. — Não disse a
ela ainda. Nate disse que vai.

Agora me encosto no carro, pensando que devemos estar


esperando Nate, Tillie, Eli e Hunter aparecerem. E o outro, acho
que o nome dele é Cash. — Por que é um grande negócio? Tillie
não gosta do Spyder?

Bishop me encara. — Spyder não é o problema, é a garota


dele. Ela era a melhor amiga - é - a melhor amiga da minha... —
Ele faz uma pausa, mostra os dentes e sibila. — Ex.

Brantley balança a cabeça. — Você está cheio de merda se


acha que ela é sua ex.

— Ela está aqui? — Bishop levanta os braços para gesticular


ao redor do lugar, e vejo como toda a sua raiva rola lentamente
para a superfície de suas feições. — Exatamente. Então, ela é uma
ex.

— Você está aqui? — Brantley responde honestamente, e


meus olhos voam entre os dois, observando-os darem golpes
líricos um no outro. — Porque se ela pertencesse a mim, de jeito
nenhum eu permitiria essa merda, e irmão, você é exatamente o
mesmo, então pare de brincar.

Bishop não teve a chance de responder porque Nate, Eli e


Hunter estão rolando pela calçada, e vejo quando Bishop invade a
casa, jogando o cigarro no chão.

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— Eu, hum...

— Foda-se, — murmura Brantley. — Vou pegar suas coisas


e colocá-la em nosso quarto.

Eu o ignoro e corro atrás de Bishop enquanto as portas do


carro batem atrás de mim. Vagamente ouço Tillie perguntar o que
aconteceu, assim que abro a porta da frente. Paro na soleira
porque é lindo.

Uma lareira exposta está acesa no centro da sala de estar,


com uma TV pendurada acima dela. Há um sofá circular que
poderia caber pelo menos vinte pessoas nele com almofadas creme
que parecem macias o suficiente para afundar. Tão convidativo e
quente para meninos tão frios e sombrios. Janelas do chão ao teto
encontram-se na cozinha, construídas com madeira polida que
brilha contra a tremulação das chamas do fogo. Há uma grande
porta de vidro que parece se abrir para a área do pátio na parte de
trás, mas isso não vem ao caso. Viro-me em direção às escadas
que estão bem em frente à porta e subo dois degraus de cada vez
até chegar a um corredor com mais algumas portas. No final, há
ainda outra rodada de escadas, que muito provavelmente leva ao
andar de cima para outro quarto. Todas essas portas estão
abertas, então acho que Bishop deve ter subido para o terceiro
andar. Atravesso o tapete vermelho que se espalha pelo corredor
estreito, levando-me ao próximo lance de escadas. Subo devagar,
porque sei que ele está aqui. Não sei o que vou dizer, ou se mesmo
vou dizer alguma coisa. Tudo que sei é que preciso saber se ele
está bem. O quarto passo geme sob meu peso e vacilo, antes de
subir rapidamente os próximos degraus. Aproximo-me da porta e
bato.

— Saint, agora não, — Bishop resmunga suavemente da


cama. Sua cabeça está curvada entre os ombros, com os dedos
enterrados em seus espessos cabelos. Joelhos espalhados, seu
peito subindo e descendo. A energia dentro do quarto é tensa,
quente e tênue.

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Fecho a porta atrás de mim, mas não digo uma palavra. O
ambiente é vasto, obviamente o quarto principal da cabana, com
janelas panorâmicas com vista para toda a propriedade e uma
cama king-size no meio. Há um banheiro atrás da cama, privado,
e uma pia e um armário independente em frente.

Afundo-me na cama ao seu lado, prendendo a respiração.


Não quero falar. Não quero preencher o silêncio com palavras que
ele já conhece.

Então fico quieta. E ainda.

Por isso, fico calada. E imóvel.

Finalmente, depois de cinco minutos sem falar, tiro os


sapatos e passo os dedos pelo cabelo até que tudo saia do meu
rosto enquanto subia na cama dele e deito-me de costas na
montanha de travesseiros. O ar sopra ao meu redor, cheio de
sabão e lavanda.

— Quando eu tinha doze anos, me apaixonei. — As palavras


saem, e pego Bishop se virando rapidamente para me encarar. E
tenho sua atenção. Ótimo. — O nome dele era Heath Ledger.

Bishop começa a rir, balançando a cabeça quando olho para


ele. — Estou falando sério!

— Ouça, não tenho nada contra Heath, mas o homem é o


oposto de Bran.

Me apoio em um cotovelo, descansando minha cabeça na


palma da minha mão enquanto estou deitada de lado. — Por que
tudo tem que ser comparado a Brantley? Nós somos apenas... —
Paro. O que somos nós? Amigos? Família? —...família? Eu
acho. Ele é a única família que já tive. Meu guardião.

As pálpebras de Bishop ficam pesadas. — Você não é


estúpida, Saint.

— Mmm, mas sou! — Levanto meu dedo.

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— Como assim? Você não pode ser pior do que eu. Foda-se,
por favor, não seja. Só há lugar para um filho da puta burro
quando se trata de relacionamentos nesta família. — Ele passa os
dedos pelos cabelos. — Se meu pai... — Ele faz uma pausa. —
...nosso pai soubesse como eu estava lidando com tudo, ele
provavelmente daria o martelo a você.

Lambo meu lábio inferior. — Quer mudar de história?

Ele inclina a cabeça.

— Sem pressão. Provavelmente vou lhe contar a minha de


qualquer maneira porque preciso de alguém para conversar, e eu
amo Tillie, mas ela não foi de grande ajuda esta manhã.

O rosto de Bishop está estoico, congelado. Lentamente, vejo


como sua boca se curva em um sorriso aberto.

Aponto. — Você precisa sorrir assim com mais


frequência. Acho que temos a mesma dentição.

Ele ri. — Nós temos. Você tem os dentes do papai. — Então


ele se mexe na cama, virando-se para mim para que eu tenha toda
a sua atenção. — Então, diga ao irmão mais velho o que está te
incomodando, já que a outra irmã pisou na bola.

Começo a mexer no fofo cobertor, mordendo meu lábio


inferior. — Então, beijei Brantley noite passada e tentei dormir
com ele, mas não consegui. Bem, meio que falhei. Ele ainda, você
sabe, me fez gozar.

— Uau... — As mãos de Bishop estão na frente de seu rosto


protetoramente.

— O quê? — Rebato. — Você disse que eu poderia falar com


você!

— Sim, e você pode, mas não é comigo que deve falar sobre
essas coisas...

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— Você vai me deixar terminar? — Fico olhando para ele,
fazendo a coisa de morder os lábios novamente. — Então eu o
beijei. Ele me beijou de volta. Me jogou em sua cama...

Bishop geme, caindo de cara na cama. — Escute, eu sei como


Brantley fode. Isso não vai acabar bem, então, pule os detalhes.

— Nós não! — Digo, nervosa o suficiente para jogar meus


braços para cima. — Essa é a coisa.

— Ele não fez? — Bishop inclina a cabeça. — O quê? — Então


ele murmura: — Essa é a primeira vez.

— Não está ajudando... — brado, caindo de costas. — Agora


não consigo parar de pensar nisso. Então, esta manhã, eu ainda
estava tão chateada com ele, mesmo depois de correr por duas
horas, que deixei cair minha toalha diante dele. — Viro-me para
ver Bishop e seu rosto está vermelho de tanto segurar a risada. —
Pare de rir de mim!

— Não estou! — Ele solta a risada e é tão alta que as notas


saltam nas paredes.

— Você é um idiota.

— Oh, para dizer o mínimo, mas esse não é um lado que você
viu. Ainda. Continue... — Ele revira as mãos.

— Ele simplesmente não fez nada. Fiquei lá nua e ele não se


importou. Novamente. — Meu coração afunda.

— Saint. — Bishop ri, sua risada finalmente morrendo. —


Ok, vou te dizer o que você precisa fazer. Eu conheço Bran e olhe
para mim...

Faço, trazendo meus olhos para os dele.

— Você o quer?

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Penso sobre aquela pergunta de três palavras. Tão simples,
mas poderosa o suficiente para virar meu mundo de cabeça para
baixo.

— Sim. Nunca estive com outro homem antes. Prefiro que


seja ele, pelo menos na minha primeira vez.

Bishop faz uma pausa, sua boca aberta. — Ahhh, não. Este
é Brantley. E não apenas o Brantley que conhecemos, mas esta é
toda parte da alma fodida daquele homem. Ou você está toda
dentro ou toda fora, porque não há meio termo com ele.

— E quanto a Tillie? — Finalmente, aquele monstro verde


feio apareceu. — Eu a amo, e não tenho nada contra ela, mas o
jeito que ele é com ela. Isso me faz...

—...ciúme, — Bishop termina. — Normal. Afinal, você é


minha irmã. Você é boa em guardar segredos?

Muito boa.

Ele ri. — Sempre há um terceiro quando um King encontra


sua mulher. Não leve isso muito a sério.

— Quem era o seu? — Pergunto, intrigada.

— O maldito Nate. — Bishop flexiona os dedos. — E ele é seu


meio-irmão. Foi muito frustrante.

Sorrio, suspiro e rolo de volta para o meu lado. — Ok. O que


eu preciso fazer?

Depois que Bishop fala o que vou precisar fazer para chamar
a atenção de Brantley, ele está de costas ao meu lado, minha
cabeça em seu peito com os olhos no teto. Estamos aqui há pelo
menos duas horas, o sol há muito tempo que se pôs no céu.

— É tão lindo aqui em cima, — digo, olhando para ele de


baixo. Ele olha para mim, seus olhos vidrados e vermelhos. —

LIVRO 1
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Bishop, — sussurro, com minha mão em sua bochecha. — O que
foi?

Ele limpa a garganta e, quando abre a boca, as próximas


palavras que ele murmura roubam uma parte da minha alma. —
Ela foi estuprada por minha causa. Pensei que ela me traiu, mas
foi planejado dessa forma por nossos inimigos. Achei que ela
tivesse me traído. Ela não traiu. Ela foi estuprada.

Prendo a respiração, a dor vibrando em meu peito até muito


depois que ele disse a última palavra.

— Mas eu estava cansado, porra. Ela ainda fugiu de mim.


Fugiu para longe, porra. Ela sempre foge. Ela não confia em mim.
Não confia que eu a manteria segura, e não a culpo.

Meu nariz funga.

Ele continua. — Porque eu falhei com ela. Deixei-os


chegarem até ela, então agora estou deixando ela ir. E é isso. A
propósito, isso é o máximo que eu já disse a alguém.

— Bishop, — respiro. — Olhe para mim.

Ele o faz, seus olhos encontrando os meus como melhores


amigos que estiveram separados por toda a vida. — Isso não é
culpa sua, e também não é culpa dela. Vocês não podem deixar
vencer as forças que estão lutando contra vocês dois.

Ele sorri, mas não é o que estou acostumada. É falso. —


Tenho que fazer isso, porque não vou deixar que este mundo a
toque novamente. Eu sei onde ela está. Sei que ela está a salvo.

Faço uma pausa. — Você sabe onde ela está?

Ele concorda. — Sim. Ela sabe que eu saberia onde ela


está. Este é um jogo que ambos estamos jogando. Ela sabe que sei
onde ela está e poderia buscá-la quando quisesse, e eu sei que ela
sabe onde estou sempre que ela quiser trazer sua bunda para
casa.

LIVRO 1
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— Você a aceitaria de volta? — Preciso ter certeza.

Ele olha para mim e sorri genuíno dessa vez. — Com certeza,
porra.

Depois que Bishop me mostrou o quarto em que eu ficaria,


rapidamente passei uma escova no cabelo e calcei os chinelos que
trouxe comigo. Acho que Brantley disse que a festa começaria
amanhã à noite e que cinquenta pessoas estariam
chegando. Cinquenta. Onde todos eles dormiriam?

Estou descendo as escadas correndo enquanto prendo meu


cabelo em um coque alto quando Tillie me chama para a cozinha.

— Aí está você. Bailey acabou de chegar. Você vai amá-la. —


Ela pega algumas garrafas de vinho e copos. — Venha. Estamos
todos lá fora.

Não sei quem é Bailey ou quem está lá fora, mas sigo atrás
dela para o pátio dos fundos. Luzes de fadas iluminam os painéis,
as chamas das velas tremeluzindo no centro da grande mesa
redonda. Há uma garota sentada do outro lado, ao lado de
Brantley, com outra garota ao seu lado.

Por instinto, procuro Bishop. Minhas mãos começam a suar,


enviando arrepios nos pés. Meus joelhos vacilam de nervosismo e
a mesma pedra pesada está de volta na minha
barriga. Silenciosamente começo a respirar fundo, e quando estou
prestes a me virar e voltar para dentro, seus dedos se conectam
aos meus, puxando-me para baixo na cadeira na minha frente.

— Saint, esta é Bailey, a priminha de Brantley, e a garota ao


lado dela é... — Bishop inclina a cabeça. — Porra, não sei e não
me importo. — Ele olha de volta para Bailey. — Esta é Saint.

LIVRO 1
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Os olhos de Bailey encontram os meus com interesse, mas
não o suficiente para prender sua atenção. Ela já está de volta ao
Bishop.

Bishop continua: — Minha irmã, a irmã de Tillie, e digamos


que seu sobrenome é Vitiosis, mas ela não é sangue, você me
entende?

Bailey se vira para enfrentar Brantley. — O que você fez?

Ele mostra o dedo do meio para ela. — Cai fora, Bailey.

Ela o ignora. — O que ele fez?

— Oh, você sabe, — Tillie interrompe, colocando uma uva em


sua boca enquanto se senta no colo de Nate. — Roubou um bebê,
criou-a em seu grande e assustador castelo, trancou-a longe da
humanidade, nunca a deixou sair e - estou esquecendo alguma
coisa? Oh, sim, manteve isso em segredo de todos.

Essa foi uma descrição assustadoramente precisa de


tudo. Embora olhando de fora, percebi que pode parecer...
estranho para eles. Para mim, era tudo menos isso. Eles falam
sobre isso como se fosse uma coisa ruim, quando não é. Nunca
me faltou nada, nunca passei fome, sempre soube que tinha um
lar.

Bailey engasga, sua mão cobrindo sua pequena boca


carnuda. Seus pulsos estão cheios de faixas de couro, seu cabelo
escuro liso e brilhante, caindo em torno de sua clavícula. — Por
que você é do jeito que é?

Ele a ignora.

Viro-me para enfrentar Bishop, desinteressada em ser o tema


da conversa. Será que um dia é possível nos encontrarmos todos,
de modo que não me olhem estranhamente e ofeguem em choque?
Estou cansada disso. — Acho que preciso de vinho.

LIVRO 1
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Bishop estende a mão sobre a mesa, despejando as bolhas
em uma pequena taça. Ele o desliza pela mesa. — Você vai ficar
bem. — Bishop arrastou sua cadeira para mais longe,
protetoramente, deixando-me um pouco atrás dele. Meus olhos
encontram Brantley enquanto inclino a taça até minha boca,
engolindo o doce sabor de champanhe.

— Você está adquirindo o gosto do suco de mamãe, Saint...


— Eli murmura ao meu lado, chutando a perna enquanto passa o
dedo indicador sobre o lábio superior. Eli me lembra o
personagem Stiles de Teen Wolf. Muito bonito e fofo. — Mmmm,
eu teria cuidado com esses olhos em mim.

Saio do que estava pensando, endireitando minhas


costas. Em questão de dias, fui atirada de um extremo a
outro. Passei de não ver ninguém, para conversar com mais de
algumas pessoas, e estar perto de alguns dos personagens mais
interessantes que já vi.

— Só acho que tem um gosto bom, — digo, enquanto


cuidadosamente coloco a taça de volta na mesa. Meus músculos
começam a doer, meus olhos pesados. O cansaço da viagem ou
todo o pensamento que tem ocorrido em relação a Brantley e eu,
Bishop e eu, Tillie e eu, cobrando seu preço.

Meus olhos pousam em Brantley, mas me inclino para


Bishop. — Estou indo para a cama.

Bishop acena com a cabeça, beijando-me na bochecha


enquanto ri e sussurra. — Não se esqueça de amanhã...

Sorrio, mas não atinge meus olhos. É um esforço fraco.

Fecho a porta atrás de mim e vejo o quarto que Brantley e eu


estamos compartilhando. Não é como se nunca tivéssemos
compartilhado uma cama antes; já aconteceu várias vezes, mas
nunca nos beijamos ou fizemos sexo oral antes de dividir a

LIVRO 1
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cama. Então agora, tenho que lutar contra essa ansiedade
mesquinha que está subindo pela minha espinha.

Ele está bravo porque eu o beijei? Ele se arrepende de ter me


beijado? Brantley sempre foi tão difícil de ler, mas sempre
encontrei conforto no fato de que confiava nele. Agora não tenho
tanta certeza.

O quarto é bom, não tão bom quanto o de Bishop, mas não


acho que nenhum cômodo nesta cabana deveria ser do calibre do
quarto de Bishop, o que me diz que está cabana é provavelmente
parte de sua árvore genealógica. Há uma grande cama king-size
no centro do quarto, com duas grandes janelas de cada lado, com
vista para os dois lados da casa. Atrás da cama há um banheiro
com banheira com pés e balcões de madeira. Acendo a luz do
closet e vejo que minhas malas estão lá, com uma fantasia
pendurada em um cabide. Pego a nota que está fixada nela, lendo
as palavras. Vista isso amanhã à noite. Com amor,
Tills. Abrindo o zíper da bolsa, meus dedos tocam o tecido. Volto
para a nota. Hades e Kore.

— O que ela escolheu? — Sua voz interrompe meus


pensamentos e tenho que contar até dez para acalmar os nervos
na minha barriga.

Inclino minha cabeça sobre meu ombro, sorrindo por trás


dele. — Kore.

Brantley ri, dando um passo mais para dentro do closet,


tornando-o menor. — Tenho que admitir as semelhanças
misteriosas entre nós quatro.

Viro-me, não é até que estou totalmente de frente para ele


que percebo o quão perto ele está de mim. Intencional? Não tenho
certeza. — Como assim? — Estou familiarizada com a história e a
mitologia grega de Perséfone e Hades, mas quero saber como ele a
interpreta.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Deixe-me ver... — Ele se aproxima e me vejo dando um
passo para trás até que minhas costas colidam com algo duro. —
Vocês duas gostam muito de flores e plantas. — Sua mão vem
descansar contra o que quer que minhas costas estejam
apoiadas. Ele está mais perto. Muito mais perto. — Eu
basicamente te carreguei para os abismos do Inferno, onde você
poderia reinar, e por último... — Dedos deslizam sobre os meus e
faíscas voam entre nós. — Hector poderia basicamente se passar
por Zeus.

— Humm, — murmuro distraidamente, sem saber como


interpretar sua descrição muito rápida e breve da
situação. Escolhi o nome Kore porque Brantley escolheu
Hades. Inicialmente queria Perséfone, mas Brantley disse que era
muito longo, então optamos pelo outro nome dela. — Então esse
era o seu plano o tempo todo?

Seus olhos escuros analisam os meus. Olhos tão azuis que


podiam passar por brancos contra olhos tão escuros que podiam
espelhar o Inferno. — Qual parte? — Sua boca se move sobre as
palavras e minha respiração para. Meu estômago aperta e torce
em nós enquanto memorizo cada mergulho das linhas finas que
curvam seus lábios. Tão afiado e preciso, como as palavras que
saem deles. Meus olhos se cruzam e meu cérebro fica embaçado
de olhar para o mesmo local por muito tempo. Seu dedo pressiona
contra a parte inferior do meu queixo, inclinando minha cabeça
para cima. Meus olhos colidem com os dele, e é como se tudo ao
nosso redor deixasse de existir. As roupas penduradas no armário
se dissipam, e tudo o que resta neste quarto é ele e eu.

— Pare de me olhar assim. — Seus cílios se espalham sobre


suas maçãs do rosto salientes enquanto suas pupilas focalizam e
se fixam em meus lábios.

— Assim como? — Sussurro, observando seus lábios. Sua


mandíbula me distrai momentaneamente, esculpida em pedra e
criada para uma estátua que nunca desaparecerá.

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ELITE KING’S CLUB #6
— Como se você fosse burra o suficiente para abrir as pernas
e me deixar fazer todas as coisas perversas que sempre quis fazer
com você.

Meus olhos se voltam para os dele, e descanso minha cabeça


contra a parede. — Talvez eu seja.

Seu polegar pressiona contra meu lábio inferior. —


Não. Você não é. E sabe como eu sei? — O dedo desliza entre meus
lábios e passo minha língua sobre a ponta.

Seus lábios se levantam enquanto ele range seus dentes,


escapando um assobio feroz. Não deveria ser atraente, algo tão
animalesco e violento, mas me vejo atraída por ele. Cada
pedacinho de mim é atraído por ele, precisando de seu toque como
uma criança precisa de seu pai.

— Como, Brantley? Como você sabe?

Seus dedos se enrolam na minha nuca enquanto ele força


meu rosto até o dele. Agora estou na ponta dos pés. Não importa
o quanto ele seja bruto comigo, me sinto segura. Ele é cruel e
impiedoso, mas são seus toques relaxantes que ganham minha
confiança. Sua cabeça baixa, seus lábios raspando os meus. —
Porque é por isso que eu tolero você. — Então ele me solta, se
virando e voltando para o quarto. De repente, o ar está de volta
em meus pulmões, as roupas estão nos cabides e há música
tocando bem alto de algum lugar lá fora. Percebo tudo com força
total, como se tudo o que aconteceu entre nós fosse tão feroz
quanto Brantley. Ele não apenas comanda a energia, ele a pega,
seja para ele tomar ou não.

Meus ombros caem em derrota enquanto busco um pijama


do closet - uma camisola branca e shorts, antes de entrar no
quarto que compartilhamos. Brantley está tirando as botas e
deitando na cama quando passo para ir ao banheiro. Sem portas
ou cortinas para privacidade e nada além da parede independente
que divide o espaço do quarto e do banheiro, me dispo, deixando

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ELITE KING’S CLUB #6
minhas roupas acumularem em volta dos meus pés. Ele deve ter
apagado as luzes porque o ambiente está escuro, tendo a parede
de vidro com vista para a floresta do lado de fora. Deslizo para o
chuveiro escaldante e esfrego a espuma de sabão sobre minha
pele, girando meu pescoço enquanto olho para as estrelas através
do vidro da claraboia. Lágrimas picam o canto dos meus olhos e
não sei por quê. Meu coração está pesado quando termino de
tomar banho, enrolando uma toalha em volta do meu corpo. Saio
quando vejo uma sombra escura que passa pela entrada. Dou um
passo à frente, inclinando-me no canto para ver quem era quando
vejo a perna de Brantley na cama.

Esquisito.

Vestindo-me rapidamente e indo para o meu lado da cama,


puxo as cobertas e Brantley olha para mim de seu telefone. Seu
peito está nu, expondo a tatuagem sobre seu peitoral esquerdo,
seu cabelo uma pilha bagunçada no topo de sua cabeça.

— O quê? — Seu tom é menos paciente, e já sei que ele está


de mau humor.

Pego minha escova da mesa de cabeceira e passo pelo meu


cabelo. — Conte-me sobre a primeira garota com quem você fez
sexo.

Sua boca abre, fecha e depois abre. — Não. — Então retorna


para seu telefone.

Deslizo para os lençóis frios, saboreando a sensação deles


contra a minha pele lisa e exposta. Virando de lado para encará-
lo, coloco minhas mãos sob minha bochecha. — Qual é a
sensação? — Sei que ele já está de mau humor, mas isso
literalmente nunca me incomodou.

Seus olhos se concentram na frente dele, como se estivesse


demorando alguns segundos para se recompor, antes de colidir
comigo. — Que porra você quer dizer? Vá dormir.

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— Quero dizer, qual é a sensação? — Corro minha língua
sobre meu lábio.

— É muito doloroso para você, então não tenha ideias. Vá


dormir.

— Mesmo? — Ignoro seus comandos para dormir. — Bem. —


Bocejo, fechando meus olhos. — Eu, por exemplo, mal posso
esperar para ver o que é todo esse alarido...

As palavras mal me deixam antes que dedos estejam ao redor


de minhas bochechas, apertando fortemente meus lábios.
Lentamente, volto a abrir os olhos preguiçosamente, e se pudesse
sorrir, eu o faria. Fico com a cabeça erguida de raiva. Olhos
selvagens, lábios rugindo, e veias pulsando através da pele macia
de seu pescoço.

— Em primeiro lugar, não brinque comigo, porra, porque


você sempre perderá e, em segundo lugar, ninguém e quero
dizer ninguém, jamais chegará perto o suficiente para ser capaz
de foder você.

Ele solta minhas bochechas, empurrando minha cabeça para


trás no travesseiro com força.

— Engano seu, — digo, de repente com a mesma raiva


borbulhando sob minha pele. A iluminação do quarto é a mesma,
tão baixa que é quase um borgonha escuro. — Você está sempre
muito perto.

Silêncio, seus olhos ainda nos meus, e apenas quando acho


que vai me atacar novamente, ele joga a cabeça para trás e ri tanto
que sua mão tem que ir para sua barriga. — Vá dormir, Dea. Não
irei te foder.

Distraidamente ouço meu telefone vibrar na mesa de


cabeceira, mas ignoro. Sei que não deveria prestar muita atenção
em suas palavras, mas não posso evitá-las. Já afundaram nas

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áreas do meu cérebro que não deixam passar nada e estão ficando
lá.

— Eli iria... — sussurro, rolando de costas. Nem mesmo


entendo o momento em que acontece, mas instantaneamente seu
corpo está cobrindo o meu, o peso dele me pressionando contra o
colchão, sua mão cobrindo minha boca com uma perna entre as
minhas.

— Diga isso mais uma vez. — Sua voz é baixa, caindo para
um nível que nunca ouvi. — Vá em frente, faça isso. — Ele libera
minha boca, seus lábios roçando os meus. — Eu te desafio, porra.

Prendi meus olhos nos dele, a vontade de não recuar muito


forte para me submeter agora, e com a rejeição ainda uma ferida
aberta, sinto-me brutalmente honesta. Não para chocá-lo, ou
porque estou sendo imprudente, mas porque é a verdade. Eu sei
disso, ele sabe disso, Eli sabe disso. Embora eu saiba que não é
algo do qual deva me orgulhar, pois tenho a sensação de que não
seria preciso muito para que Eli pulasse na cama com você, mas
digo de qualquer forma, porque novamente, é a verdade.

— Eli. Iria. Foder. Comigo.

Antes que possa me encolher com a palavra grosseira que sai


da minha boca, seus dentes afundam na lateral do meu pescoço
e grito de dor, com minhas unhas afundando em suas costas.

— Brantley! — Eu queria gritar com ele, mas isso deixa


minha língua desorientada.

Meus olhos se fecham e mexo minha outra perna. Quase


acho que ele vai lutar contra isso, mas não o faz, deslizando sua
perna sobre a minha para que ambas fiquem entre minhas coxas.
Eu as envolvo ao redor de sua cintura, a dor no pescoço há muito
tempo sendo substituída por sua língua girando lentamente. Ele
levanta a cabeça, empurrando seu nariz contra o meu. Pego a

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mancha vermelha no seu lábio superior, mas não penso
absolutamente nada sobre isso.

— Você é um pé no saco, — ele rosna, e antes que possa


deslizar de cima de mim novamente e voltar a ser o cadáver, ele
tem noventa e nove por cento do tempo, me inclino, envolvo meus
braços na sua nuca e pressiono meus lábios contra os dele.

Seu corpo enrijece, mas não o solto. Não é até que eu passe
cuidadosamente a ponta da língua pela abertura entre seus lábios
até que ele arrebente, abrindo e beijando-me de volta. A língua
dele está contra a minha, deslizando juntos à medida que nossos
lábios se movem em perfeita sincronia, como se eles já tivessem
feito isso antes. Como se estivessem famintos um do outro há
séculos e finalmente se reunissem. Ele incha entre minhas coxas
e minha cintura inclinada, um forte latejar penetrando em todas
as áreas sensíveis que já estão bem familiarizadas com o que ele
pode fazer.

Um murmúrio suave vibra de seus lábios, mas engulo os


sons. Luto com seu protesto e o instigo ainda mais em direção ao
limite. Quero que ele se solte. Preciso dele.

Nosso beijo não para. Deve ser o mais longo já registrado. Os


golpes lentos, sensuais o suficiente para carregar meu coração no
peito, mas cheios de paixão satisfatória para me
afogar. Finalmente, ele se afasta, descansando sua testa na minha
ao mesmo tempo em que envolve suas mãos em volta dos meus
pulsos e os prende acima da minha cabeça.

Ele rola seus quadris em mim. — Saint.

O meu nome. O nome que ele escolheu antes mesmo de eu


saber falar, ele falou antes que eu soubesse. Isso evoca cada
pedacinho da minha alma intocada, sei que faria qualquer coisa
que ele pedisse. Poderia usar minha submissão como um chicote
e me bater até eu perder os sentidos.

LIVRO 1
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Meus olhos rolam para a parte de trás da minha cabeça,
minhas unhas deslizando por suas costas, sobre todos os seus
músculos.

— Você não quer isso.

— Brantley... — Alcanço e o beijo suavemente. Só uma


vez. Não profundamente e sem língua, apenas um simples beijo. E
descanso contra o meu travesseiro, queimando meus olhos nos
dele. — Tenho dezessete anos. Velha o suficiente para saber o que
quero agora. Não quero que isso seja com mais ninguém.

Seus lábios dão um meio sorriso, exibindo uma lasca de seus


dentes brancos. — Mas é exatamente isso. — Sua cabeça
mergulha enquanto ele arrasta os dentes sobre meu lábio inferior
antes de voltar para olhar para mim. — Nunca haverá ninguém
mais.

Ignoro o que essas palavras significam. Sou um fardo para


ele nos melhores dias, tenho certeza de que ele só está dizendo
isso porque precisa. Porque ele sempre precisou me assegurar de
que tenho alguém, pois sabe que nunca tive ninguém.

— Estou bem com isso... — Engulo a excitação que está


subindo pela minha garganta. — Se você estiver.

Sua boca está de volta no meu pescoço, sua língua correndo


sobre ela enquanto ele afunda os dentes de volta onde lateja. Sua
outra mão vem para a minha perna, espalhando-a mais
amplamente conforme sua cabeça mergulha mais, sua língua
seguindo seu exemplo. Meu short e minha camiseta estão
rasgados, e estou deitada na cama nua, enquanto ele se apoia em
um cotovelo, seus músculos flexionando para segurar seu peso.

Olhando para mim por baixo de seus cílios como penas, seus
lábios inchados se curvando. — Não tem como voltar atrás.

Abro minhas pernas mais, acentuando minha decisão. —


Combinado.

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Sua cabeça desaparece sob a roupa de cama e o calor me
cobre entre as minhas pernas. Prendo minha respiração, mas
assim que sua língua circula meu clitóris, meus dedos voam para
seu cabelo e meus joelhos se alargam. Sua mão repousa na minha
barriga, pressionando-me na cama enquanto ele diminui o
ritmo. Cada movimento me empurra para mais perto do
limite. Quando ele envolve seus dedos em volta das minhas coxas
e me puxa mais para dentro de sua boca, meu núcleo explode e
minha mente gira com a pulsação que me consome. Estrelas
explodem, pequenos pontos coloridos dançam atrás dos meus
olhos. Meu orgasmo pulsa em ondas, me empurrando cada vez
mais perto da costa, mas em vez de correr até a areia, nado de
volta para o oceano, pescando meu próximo gole. Seus lábios se
desprendem de mim e, começando pelo meu quadril, ele
desencadeia um tortuoso movimento de lamber, chupar e beijar.
Seus dentes afundam no meu osso e grito, porém, moendo meus
quadris mais contra ele, precisando de mais. Sempre soube dar a
mim mesma um orgasmo, acho que aprendi em tenra idade. Mas
o que ele faz é diferente. Ter seu toque em mim, tão possessivo e
controlador, mas hábil e exigente, é o suficiente para empurrar
meu corpo frágil novamente sobre o limite.

Ele mordisca minha barriga, antes de seus lábios se


prenderem ao redor do meu mamilo, sugando-o rudemente e
acendendo um fogo que atinge o meu clitóris. Mordendo meu
pequeno cerne, ele o suga entre os dentes antes de se erguer e se
apoiar em um braço, olhando para mim. Seus lábios estão ainda
mais inchados agora.

— Você ainda quer fazer isso? — Sua boca se curva em um


sorriso, seus olhos com mais vida dentro deles do que eu já vi
antes.

— Sim? Você achou que se eu gozasse eu não iria?

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ele ri, passando a ponta do dedo sobre a ferida no meu
pescoço. — Eu vou te machucar. — Seus olhos vêm até os meus,
suas pupilas dilatando. — E vou gostar.

Coloco minha mão em volta de sua nuca, puxando-o para o


meu rosto. — Então me machuque.

Ele abaixa sua boca na minha e eu abro, permitindo que sua


língua entre em meus lábios. O sabor fraco da minha liberação na
ponta da sua língua. Ele se move sobre mim, desafivelando sua
calça jeans e puxando-a. Seus joelhos afundam no colchão
enquanto ele olha para baixo, inclinando a cabeça. Seus olhos
caem para meus seios e, em seguida, percorrem meu abdômen e
tudo o mais entre eles. Sua mão desaparece dentro da cueca e,
por um breve segundo, fico sem palavras. Este homem lindamente
assombrado vai realmente fazer sexo comigo. Não sei de sua
reputação, então não sei se isso é uma coisa nova para ele ou se
ele se deita com garotas com frequência, mas não importa porque
está na cama comigo.

— Olhos em mim, — ele exige, e imediatamente olho para


ele. — Não olhe para baixo até depois. Você ouviu?

A excitação formiga na minha barriga, mas então encontra


seu amigo, a ansiedade. Isso foi uma ameaça?

Me movo embaixo dele enquanto aceno. — Ok.

Onze piercings. Faço uma pausa.

Ele se abaixa em cima de mim, seus dedos envolvendo meu


queixo para erguer meu rosto para o dele. — Isto não é uma
ameaça. Não faço nenhuma porra de drama feminino, nem estou
interessado em uma namorada. Tem certeza de que ainda quer
meu pau dentro de você?

Levanto meus quadris para cima até sentir a ponta de seu


pau liso acariciar minha entrada escorregadia. — Tenho certeza.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ele abaixa sua boca para a minha. — Me beija. Isso a
distrairá da dor. Se precisar, rasgue minhas costas, mas você vai
lamber essas feridas assim que terminar. — Sua língua desliza
sobre meu lábio inferior e estou instantaneamente perdida na
névoa do nosso beijo novamente. Nossas línguas se entrelaçando
em uma fúria do caos, enquanto eu me esfrego contra ele.

Ele esfrega a ponta na minha fenda enquanto expira um


grunhido. Sinto a frieza de uma bola de metal, mas a ignoro,
minha respiração ofegante e meu beijo se tornam cada vez mais
exigentes ao mesmo tempo que me encontro tentando
escalar. Minhas pernas se alargam e meu beijo fica mais
lento. Estou prestes a inclinar meus quadris novamente quando
ele empurra dentro de mim com força.

Meus dentes afundam no seu lábio inferior quando grito de


dor, minhas unhas arranham suas costas. Ele empurra uma
última vez com mais força do que antes, até que a pressão que
estou sentindo explode com um clique profundo enquanto sua
pélvis pressiona contra meu clitóris. Tudo está em chamas, arde
quase insuportavelmente.

Ele interrompe o beijo, olhando para mim. — Diga-me


quando estiver pronta para continuar.

Lágrimas picam o canto dos meus olhos. Tudo dói. Não é


nada parecido com os filmes. Estou cheia até o fim, enquanto tudo
ao sul consegue gritar de dor. Parece que ele assassinou minha
boceta. Literalmente. As lágrimas não caem, porque assim que
sinto meu corpo liberar a dor, esfrego meu clitóris contra ele
novamente. Uma batalha interna começa dentro de mim. A luta
pelo prazer e a realidade da dor, mas quando se misturam...

Um gemido escapa da minha boca conforme me esfrego


contra ele novamente, a queimação lentamente se fundindo em
uma escalada que passei a amar. Meu clitóris lateja de fome,
perseguindo a emoção do grande golpe da minha
excitação. Precisa. Quer.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Foda-se, — ele rosna. — Porra. Estou me esforçando
muito para não perder minha cabeça e te despedaçar. Vou
precisar da sua ajuda. Quer tirar?

Balanço minha cabeça. — Não. Faz você.

Ele morde minha mandíbula e lentamente retira seu pau da


minha tensão.

— Porra! — Grito tão alto que estou surpresa que ninguém


entra correndo no quarto.

É como ser cortado ao meio e depois embebedar a ferida com


álcool. A dor é agonizante, mas o prazer, no entanto, mais uma
vez surge. É confuso. Mas gostoso. Ele golpeia em mim
novamente, e desta vez o grito se dissolve e se transforma mais em
um gemido. A dor ainda está fervendo na superfície, mas o prazer
é muito forte. Ele é bom demais. Muito bom. Ele empurra e puxa
para fora, seus dentes afundando no meu pescoço, irrompendo
picadas afiadas em todos os lugares. Seus dedos caem em minhas
coxas ao atingir o segundo orgasmo. Este aqui foi um pouco mais
bagunçado do que o primeiro. O suor está borbulhando do meu
corpo, meu cabelo emaranhado nas minhas bochechas. E ele
continua a moer dentro de mim até encontrar uma velocidade
para a qual nós dois nos movemos.

— Porra. — Seus lábios vêm aos meus, sua língua na


ponta. — Sente o gosto disso?

Eu faço. Meus lábios se movem mais rápido enquanto chupo


sua língua em minha boca.

— Cadela faminta. — Ele sai antes que eu possa pegar meu


terceiro orgasmo, sua cabeça desaparecendo e seus dentes
encontrando meu esterno. Ele segue para baixo... quando ele
atinge meu clitóris, ele o suga de volta em sua boca.

— Ah, Merda! — Minhas costas arqueiam para fora da cama


com minhas mãos em meus seios.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ele suga, lambe e bebe todos os meus gemidos, engolindo
meu prazer como se fosse uma dose de uísque. Movendo-me para
baixo, meus dedos encontram seu cabelo. Sinto o deslizar de sua
língua pela parte interna da minha coxa, antes de pousar de volta
no meu clitóris.

— Brantley, — choramingo. — Não.

— Cale-se. Não me diga que não. — Finalmente, ele se move


de volta para o meu corpo, e quando finalmente está acima de
mim, ele ri, suas presas saindo dos lados com sangue fresco em
torno de seus lábios. — Qual é o problema, baby? — Seu rosto cai
mais perto do meu. — Assustada?

Minha boca se fecha.

Ele abaixa o seu para o meu ao mesmo tempo penetra seu


pau de volta para dentro de mim. Estremeço de dor, mas estou
muito distraída com a intensa energia que ele está projetando em
mim para realmente me importar agora.

Ele lambe os lábios. — Me beija. — E empurra dentro de mim


lentamente, esfregando meu clitóris com seu osso pélvico. Sinto
as batidas de metal dentro de mim agora, como se a sensibilidade
estivesse se instalando.

Piercings! Meu Deus. Eu dei minha virgindade ao diabo.

— Eu... — Seus lábios pairam sobre os meus, minhas coxas


se fecham enquanto meus olhos rolam para a parte de trás da
minha cabeça quando pego a próxima formação. Levanto-me e o
beijo. O gosto pungente do metal reveste minha boca, mas não o
largo porque meu corpo está rodando, preso em um
arrebatamento de prazer que não quer me libertar. Sinto minha
alma deixar meu corpo quando minhas pernas tremem e os gritos
suaves escapam da minha boca e entram na dele.

Ele sibila, mordendo meu lábio enquanto sua mão chega à


minha garganta. — Da próxima vez que eu te foder. Não vai ser

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
assim. — Ele chupa meu lábio em sua boca, gemendo com seu
orgasmo. — Vai ser muito pior. — Então desaba em cima de mim,
seu pau latejando, expandindo minhas paredes e me enchendo de
um líquido quente.

Enterro meu nariz em seu cabelo e descanso meus olhos por


um segundo, mas antes que eu perceba, tudo fica preto.

~~~

Acordo, meus membros doem e meus olhos se


abrem. Levantando o lençol, espio por baixo para ver as manchas
de sangue entre minhas pernas. Minhas bochechas ficam
vermelhas. Ah, Merda. Eu mordo meu lábio inferior para parar de
sorrir.

Eu venci.

E nem mesmo tive que fazer o que Bishop disse que eu


deveria fazer; só tive que provocá-lo com algo tão imaturo como
dizer que outra pessoa faria sexo comigo. Movo minhas pernas
para sair da cama quando estremeço, a dor balançando meu corpo
com tanta força que quase giro.

Há uma batida na porta antes de ser aberta e o cabelo rosa


de Tillie está ocupando o espaço. Não posso dizer de quanto ela
está, porque sua barriga é tão pequena e fofa.

— Jesus... — Seu rosto empalidece quando ela fecha a porta


e se aproxima da cama. — O que ele fez com você!

— O quê? — Pergunto, me levantando da cama, mas gritando


quando a dor vibra através de mim ainda pior do que antes. Não
está apenas entre minhas pernas agora, está em toda parte.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Vou preparar um banho para você... — Tillie se abaixa
atrás da parede antes que eu ouça o jato de água espirrando na
banheira. — As pessoas vão começar a chegar hoje, preciso
prepará-la para esta noite.

— O que está acontecendo? — Pergunto, finalmente


superando a dor e ficando de pé. Abro a gaveta da cabeceira da
cama e encontro analgésicos, tirando-os do papel de alumínio e
atirando os outros de volta, agarro o lençol degradado ao redor do
meu corpo.

Encosto-me na parede do banheiro, as costas de Tillie


viradas para mim. Ela está despejando sais e aromas na banheira
que enchem o ambiente com notas doces de lavanda e notas
divertidas de chiclete. — Não sei, esse é o problema. Algo está
acontecendo, eu posso sentir isso em meus ossos. Eles só nos
trazem aqui quando algo está prestes a acontecer e não querem
chamar a atenção.

Suspirando, vou até a borda da banheira e ela olha para mim


do outro lado.

— Você dormiu com ele?

Concordo. — Sim.

Ela geme, fechando a torneira e girando as bolhas na


banheira. — Sua primeira vez não deveria ter envolvido todos
aqueles piercings. — Então seus olhos caem no meu pescoço. —
Jesus Cristo. Não me diga. Ele também é um vampiro... — Ela
revira os olhos, passando os dedos pelo meu corpo. — Entre. Vou
me virar.

Deixo cair o lençol antes que ela se vire, imperturbável pela


minha nudez. Mergulhando os dedos dos pés na água quente,
suspiro enquanto meus músculos começam a relaxar. — Não
tenho problemas em ficar nua perto das pessoas.

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ELITE KING’S CLUB #6
Tillie bufa, cobrindo a boca para abafar o riso. — Se eu não
achasse você tão adorável neste momento, estaria xingando sobre
todos os hematomas, marcas de mordidas e dedos ao redor de seu
pescoço e corpo.

Ignoro-a, respirando lenta e profundamente enquanto


deslizo vagarosamente sob a água.

Mordo meu lábio inferior para me impedir de gritar quando


a água toca todas as minhas feridas, causando uma erupção de
uma faixa inteira de ardência. Aperto meus olhos fechados,
lentamente me inclino para trás contra a banheira e solto uma
respiração estável conforme a dor começa a se dissipar e se
transformar em alívio. — Está tudo bem, — sussurro, pegando o
sabonete. Tillie vem atrás de mim e me puxa para baixo,
levantando um copo qualquer e derramando sobre meu cabelo.

— Você gostou? — ela pergunta, mas não de uma forma que


eu me sinta julgada, mais para ter certeza de que foi consensual.

Sim, gostei. Eu gostei muito. Havia algo nele que me


degustava em todos os lugares. Ele me fez coisas que
provavelmente não deveria. Coisas ruins. Minhas bochechas ficam
vermelhas. — Eu gostei.

Tillie ri. — Ouvi histórias sobre ele. Você sabe,


pelas duas garotas com quem sei que ele esteve, mas nunca
pensei que fossem verdadeiras. Sempre achei que elas estavam
exagerando, por que sério? Isso sequer é... higiênico?

Outras garotas com quem ele esteve. As palavras se agarram


a mim como um cheiro ruim, e nenhuma quantidade de perfume
pode disfarçar. Como se uma tempestade viesse em um dia
ensolarado, meu humor muda instantaneamente.

— O que vai acontecer esta noite? — Indago, na esperança


de me distrair. Acho que posso ter um problema de raiva
latente. Talvez. Não tenho certeza.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Tillie esfrega shampoo no meu couro cabeludo e fecho os
olhos quando um cheiro de algodão doce enche minhas
narinas. — Algo não está bom. Os Kings estão tramando algo nos
bastidores, algo grande, e Nate está fazendo de tudo para me
deixar fora disso.

— Por que ele deixaria você de fora? — Pergunto, confusa. —


Parece sempre querer incluir você em tudo.

— Mmmm, isso foi antes de eu engravidar. Agora, desde que


perdemos Micaela, ele está exagerando. Não vai me dizer nada que
ele ache que vai me estressar.

— Você vai me contar sobre ela um dia? Micaela? — Pergunto


gentilmente, esfregando meu braço com uma bucha. Ela nunca
mencionou Micaela antes, mas eu tinha ouvido Brantley falar
sobre a criança que eles perderam, embora não saiba os detalhes.

— Um dia, — promete Tillie. — Só não agora.

Continuo lavando enquanto mudo de assunto. — E você


acha que estão fazendo algo esta noite? — Falo, enxaguando meu
cabelo. Tillie se move pelo quarto para pegar uma toalha e estica-
a. Me levanto, envolvo-a em volta do meu corpo e saio da banheira
para drenar a água.

— Sim. Não sei o quê. Os garçons e projetistas já estão


montando tudo lá em baixo.

Enfio minha toalha entre meus seios e limpo a névoa do


espelho, pegando minha escova de dente na bolsa de
maquiagem. Quanto mais aprendo sobre The Elite Kings, mais
assustador eles parecem. Escovo meus dentes e coloco minha
escova de volta, virando-me para encará-la. — Nós temos outros
irmãos?

O rosto de Tillie fica pálido. — Nenhum que valha a pena


mencionar.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Vesti jeans skinny, um cardigan de tricô branco que rodeia
minha barriga e botas pretas de cano alto. Tillie saiu para
procurar Nate, então passei o resto do tempo limpando os lençóis,
trocando-os e me preparando para o dia. Mantive minha
maquiagem mínima, porque sei que vou fazer o máximo esta noite,
decidindo sem base e apenas um rímel. Pego meu telefone e vejo
uma nova mensagem. Deve ter sido a mensagem que recebi ontem
à noite.

?: Eu serei o único de preto.

Envio uma mensagem de volta.

Saint: Você vai me dizer quem é?

Segundos se passam até que outra chega.

?: Não é mais divertido assim?

Saint: Diversão para quem?

?: ... tudo para você.

Deixo isso de lado. Abrindo o Instagram e verificando meu


feed, sigo de volta Bishop, Tillie e Eli, ignorando o fato de que
Brantley ainda não me seguiu, mesmo sabendo que estou aqui. Já
que estamos aqui... meus dedos se movem para a barra de busca
antes que possa me deter e digito seu nome.

@brantleyvitiosis

2,2 M de Seguidores / Seguindo 10

2.378 postagens

Afundo no colchão, clicando em sua foto mais recente. É


Kore e Hades, sentados na beira da minha cama. Ele deve ter pego
enquanto estava no meu quarto. Sem legenda. Passo para a
próxima foto. É ele, Nate, Bishop, Eli e Cash. Eles estão todos sem

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ELITE KING’S CLUB #6
camisa, com Eli dando uma cambalhota no meio, tirada bem a
tempo. Percorro as próximas fotos - sem garotas - e me encontro
em uma que parece ter sido tirada em um prédio antigo. Há obras
de arte em ouro, marrom e tons pastéis pintados nas paredes e no
teto. Estou hipnotizada pela arte extravagante que é
delicadamente posta no interior desta sala. Um anjo, alcançando
os céus, mas um Deus se recusando a aceitá-lo de volta.

Sem legenda.

Imediatamente abro o navegador no meu telefone e digito as


imagens na foto. Itália, Roma, Paris. Todos os lugares da
Europa. Clico na arquitetura romana e meu coração para.

Ele esteve em Roma? Por quê...

O estilo é quase idêntico.

Guardo meu telefone de volta no bolso, me encaminho para


fora do quarto e desço o corredor até as escadas. Não vi Brantley
a manhã toda e estou começando a achar que é de
propósito. Assim que chego à cozinha, Bailey, sua amiga e Tillie
estão na mesa conversando.

— Ei! — Os olhos azuis de Bailey brilham quando pousam


em mim. — Lamento não termos conseguido conversar ontem à
noite. Sou Bailey Vitiosis.

Puxo a cadeira ao lado de Tillie. — Não sabia que Brantley


tinha família. Prazer em conhecê-la.

Ela me cumprimenta. — Bem, ele tem minha mãe, que


tecnicamente não é parente dele. Ela foi casada com meu pai, que
foi primo de Lucan em primeiro grau.

— E então Bailey era uma Swan, então ela foi enjaulada e...

Bailey olha para Tillie.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— O quê, vadia? — Tillie levanta uma sobrancelha. — Não
esconda o seu passado.

A amiga de Bailey esfrega as têmporas. — Bebi demais na


noite passada. — Ela ignora sua amiga enquanto seus olhos caem
para o meu pescoço. — Ah, então é assim, isso, entre vocês dois?

Minha mão está na marca da mordida de forma protetora. —


Não? — Não sei o que dizer e realmente gostaria que ela parasse
de se intrometer. Me sinto confortável com Bishop e Tillie ao
discutir detalhes particulares sobre Brantley, não com sua prima.

Observo enquanto os homens carregam itens pesados da


garagem para os fundos da casa, onde uma tenda branca já está
montada.

— Acabei de ver um lustre? — Pergunto, olhando para Tillie.

— Honestamente, eu não ficaria surpresa. Os Pais estão


vindo esta noite também, então eles irão com tudo.

Bailey e sua amiga desaparecem no andar de cima e, no


fundo da minha mente, sei que fui rude com ela, mas não foi
minha intenção. Simplesmente não a conheço.

— Onde estão todos? — Pergunto, roubando um pedaço da


torrada de Tillie.

Ela empurra o prato. — Hector queria falar com eles.

Limpo minha garganta, encolhendo os ombros


candidamente. — Você deu meu número para alguém?

Ela balança a cabeça. — Não. Por quê?

Sorrio. — Nada. Não importa. — Continuo mastigando o pão


crocante, engolindo e decidindo que já tive o suficiente após três
mordidas. Meu estômago ronca de fome, mas meu apetite é
suprimido de ansiedade. Não falei com Brantley desde ontem à
noite e alguém está me enviando uma mensagem que não

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ELITE KING’S CLUB #6
conheço, que também estará aqui esta noite. Calafrios passam
pela minha espinha, se espalhando pela parte inferior das minhas
costas e na minha pele até eu tremer.

— Você fica fofa com essa roupa. — Tillie acena de cima a


baixo em meu corpo com meia panqueca.

— Merda. — Me levanto da minha cadeira. — Volto logo. —


Tiro meu telefone do bolso enquanto viro no corredor do lado de
fora no pátio. Caio em um assento de balanço, rolando sobre o
nome de Madison. É seguro aqui porque posso ver quando os
carros passam pela garagem. Aperto o botão e prendo a
respiração.

Eu estava correndo novamente. Correndo tão rápido. Desta


vez, a cocaína estava fora do meu corpo e o álcool há muito tempo
queimou em suor. Corri pela floresta, pulando troncos e evitando
árvores. Eu precisava sair daqui. Fugir. Longe. Meus sapatos
estavam escorregando, minha camiseta rasgada com sangue
ensopado no tecido, mas tudo que eu queria fazer era correr.

Gritei quando alguém pulou do galho da árvore na minha


frente, sua maquiagem de crânio branco clara contra a lua
cheia. — Abençoado seja o Elite Kings Club.

Bang! Um tiro foi disparado.

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ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 16
BRANTLEY

Há muitas coisas que as pessoas sabem, ou presumem que


sabem, sobre The Elite Kings, e então há as coisas que realmente
nunca deixam o pacto. Coisas como Hector ter poder suficiente
para iniciar a maldita Purga16, se ele quisesse. Ele não quer, mas
já chegou perto. Muitas vezes, porra. Quando ele está no gatilho,
precisamos limpar a casa e garantir que ele não o faça. O que é
irônico, porque é a razão exata pela qual ele não entregou o
martelo para Bishop ainda, porque ele acha que Bishop é volátil. O
que ele é.

Levanto minha perna contra a mesa de conferência. A merda


da terceira reunião que ele convocou nos últimos três dias. —
Essas pessoas são perigosas. Nunca disse isso antes, mas essas
são.

— O que os torna tão perigosos? — Desafio, flexionando


minha mandíbula.

16 Eliminação de indivíduos considerados indesejáveis ou pouco seguros por seus dirigentes ou

superiores.

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ELITE KING’S CLUB #6
Sabia que Hector era o pai dela desde o segundo em que ela
entrou em minha casa. A raiva que sinto dentro de mim é dirigida
a ele por tê-la abandonado. Em retrospectiva, eu entendo. Naquela
época, nenhum Swan poderia existir. Mas agora, ele ainda não me
perguntou sobre ela, e isso me irrita muito. Esmago todo e
qualquer pensamento sobre Saint porque a simples menção dela
tem meus dedos flexionando e meus dentes latejando para
afundar de volta em sua pele macia. Foda-se. Meu pau incha
contra o zíper do meu jeans e me embaralho, virando para o lado
para ficar confortável. Ela reagiu melhor do que eu jamais teria
imaginado. Não só o sexo, mas a brincadeira com o sangue. Eu
tinha toda intenção de não a foder novamente, mas agora ela tem
meu interesse. Como se a tivesse perdido todos aqueles anos
atrás. Mas agora estou investindo nela em um nível sexual. Não
vou mentir, já houve momentos em que pensei naqueles olhos
inocentes olhando para mim com o punho em volta do meu pau,
mas eles nunca deixaram minha fantasia. Nunca. Houve outra
época em que eu tinha bolas no fundo de uma mulher três vezes
mais velha que eu, fodendo-a sobre a bancada de trabalho do
marido na garagem deles, enquanto eu pensava no pequeno corpo
de Saint debaixo de mim, também. Depois me senti ainda mais
como um maldito desgraçado por pensar assim, e continuei
batendo na porra da Sra. Robinson.

— O fato de serem nossos aliados mais antigos. Eles


estudaram como trabalhamos, o que fazemos. Não podemos
subestimá-los.

— Talvez, — diz Nate, acrescentando. — Mas eles não têm o


que temos, e isso é dinheiro e poder.

— Às vezes você não precisa dessas duas coisas para fazer o


que precisa. — Os olhos de Hector encontram os meus. — Às
vezes, tudo que você precisa é queimar para destruir alguma
coisa.

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ELITE KING’S CLUB #6
— Tão ruim assim, hein? — Eli pergunta, acendendo um
cigarro e soltando a fumaça. Chegamos à sede do Elite Kings Club
esta manhã, que fica a cerca de duas horas de carro da cabana. É
bem no meio da cidade de Nova York. Bishop está morando na
cobertura desde que Madison foi embora. O King Hotel. Apenas
uma das muitas construções imobiliárias que todos temos. Prefiro
os meus na Europa.

— E como está Perdita? — Faço a pergunta que ninguém


parece se importar. Principalmente Nate.

Raguel, o pai de Eli, apoia os cotovelos nos joelhos, onde está


sentado no parapeito da janela. — Está bem. O Pacificador está
fazendo seu trabalho de palco e a pequena Adamantem parece
natural com a liderança, embora ela esteja se tornando um pouco
distraída. Eles tiveram alguns desentendimentos com alguns dos
Lost Boys que não estão se familiarizando com seu estilo
particular de soberania, mas tenho certeza de que vai funcionar.

— Ótimo, — digo, trazendo meus olhos para Hector. — Não


quero colocar outra Stuprum naquela ilha, se você me entende.

Os olhos de Hector perfuraram os meus. Li as perguntas que


sei que ele quer fazer. — Ela é uma Hayes antes de ser uma
Vitiosis ou uma Stuprum.

— Ah, está enganado, — digo, esticando a perna na minha


frente. Bishop chuta meu pé na tentativa de me calar, mas não
funciona. — Ela é uma Vitiosis antes de qualquer outra coisa.

— Uma Hayes de sangue, — acrescenta Hector, e não consigo


evitar.

O canto da minha boca se curva, mostrando meus dentes


retos. — Tem certeza sobre isso? — Ele não vai entender o que
quero dizer porque não me conhece, mas não dou a mínima.

— Você transou com ela? — Bishop pula da cadeira, mas


meus olhos ainda estão em Hector. Bishop, por outro

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ELITE KING’S CLUB #6
lado, me conhece. — Idiota! — Bishop chuta minha perna e
finalmente liberto o controle que tenho sobre Hector e o levo para
o meu melhor amigo irritante.

— O que deu...

Nate ri. — Oh, merda...

Raguel suspira.

Sorrio para Bishop. — B, eu te protejo, mas se você não


recuar de Saint, então vamos ter problemas. Você está na vida
dela porque eu permiti. Ela tem estado sob minha proteção desde
os dois anos de idade. Não vou machucá-la. Matarei um filho da
puta que se aproximar dela antes.

Bishop se inclina para baixo, suas mãos em cada lado da


minha cadeira e seu rosnado tão profundo em sua boca que se eu
não fosse eu, provavelmente estaria tremendo em minhas botas. A
maioria dos homens mijaria nas calças com a forma como ele está
olhando para mim, mas permaneço passivo. Nada incomodado.

Agito minha língua para ele. — Quer me beijar? É por isso


que você está tão perto?

A mandíbula de Bishop flexiona, e fico distraído quando


percebo seus olhos afundados nas bordas. Isso me traz de volta
ao presente, trazendo minha mente de volta a um nível
uniforme. Ele está sempre no limite por um motivo, e não é meu
trabalho como melhor amigo criar mais problemas para ele e, além
disso, estou feliz que ele tenha aceitado Saint do jeito que ele
fez. Assim, podemos compartilhar a carga. Distribuir
uniformemente.

— Porra. — Balanço minha cabeça, esfregando meus olhos


com as costas das minhas mãos. — Vá se sentar, B. — Sua cabeça
pende entre os ombros em derrota, antes que ele se afaste e caia
de volta na cadeira, mas não antes de bater a garrafa de uísque

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
na mesa do escritório e abrir a tampa. Ele a leva à boca e vejo
como cada pessoa na sala o encara com olhos preocupados.

Estendo a mão e confisco a garrafa de suas mãos, apenas


para salvar a reunião de Hector. — Por que você convocou esta
reunião?

Hector se recosta na cadeira, balançando a cabeça para o


filho. — Eu sei que vocês estão todos ocupados esta noite e
pessoalmente mal posso esperar para ver o que planejaram, mas
vocês precisam ir à pista por algumas horas. Eu tenho duas... —
Hector faz uma pausa, seus olhos de volta em Bishop. — Filho,
preciso de toda a sua atenção.

Bishop acena com a mão. — Você sabe. Conheço minhas


prioridades. Portanto, algumas pessoas podem morrer durante a
minha transição, isso não importa.

— Jesus, porra. Alguém liga para Madison... — Hunter


resmunga baixinho. Acho que estamos todos contentes por
Bishop não ouvir.

Hector continua. — Preciso de você nos trilhos.

— Corri há poucas noites atrás. De novo? — Digo, embora


minha atenção nunca vacile de Bishop.

Hector acena com a cabeça. — Duas gangues não estão


brincando de casinha. Você precisa reforçar as regras que foram
estabelecidas com seus líderes. Marquei um encontro e enviarei o
endereço para você. Eles estarão armados e sem dúvida com
raiva. Seja cuidadoso.

— Sempre sou, — murmuro. Inclino minha cabeça para


Nate. — Pronto?

Nate sorri para mim. — Sim. Vamos.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ele era mais velho do que eu. Talvez em cinco anos. Sentou-
se na beira da cama, nu. Seus ombros subiam e desciam a cada
respiração. Seu cabelo era comprido, amarrado na nuca. Talvez
ele fosse ainda mais velho do que isso. Não entendi porque estava
aqui. Nunca houve ninguém longe da minha idade. Tinha que
pensar em Saint. Eu tinha que mantê-la segura. Eu faria o que
tivesse que fazer.

— Seu pai me enviou, — foi tudo o que ele disse, e soube


naquele momento que ele poderia ser ainda mais velho. Ele virou
a cabeça por cima do ombro e dei uma olhada em seu perfil. Suas
sobrancelhas eram loiras, sua barba também. Vinte e poucos anos,
talvez? Muito mais velho do que eu pensava que ele era.

Não falei. Nunca o fiz nessas noites. Preferiria Silver de volta


do que este cara. O que ele estava fazendo aqui?

Ele virou seu corpo para me encarar, ficando de pé em toda


sua altura. Seu pau estava duro, o que era estranho pra
caralho. Seus pelos púbicos eram grossos e loiros, assim como a
cor de sua barba, mas havia manchas escuras e secas em sua pele.

Engoli em seco.

Ele agarrou seu pênis. — Tudo o que eu mandar, e não


discuta comigo. — Ele se masturba. A raiva se agitou dentro de
mim enquanto meus olhos se fechavam. Não. De jeito nenhum vou
fazer isso.

— Não. Porra, não, — gritei, meus olhos se abrindo. Ele


estava mais perto agora, perto o suficiente para ver o contorno de
todos os seus músculos.

— Não tem voto no assunto. — Sua mão estava na minha


cabeça, me empurrando para o colchão enquanto seu corpo subia
sobre o meu. Ele abriu minhas pernas, me segurando com tanta
força que jurei que nunca seria fraco novamente.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Eu odiava Lucan Vitiosis. Eu iria matá-lo um dia. Essa foi
uma promessa maldita.

A Lambo de Nate estava rolando atrás de mim quando


coloquei a segunda marcha e pressionei meu pé no pedal. Ao
sorrir para o espelho retrovisor, ele mostra o dedo do meio para
mim e cola na minha traseira. Daqui posso ouvir suas risadas.
Seu nome pisca sobre meu telefone e bato em atender, sua voz
arrogante vindo através dos alto-falantes.

— Esta será nossa última corrida juntos, já que vou bancar


o diretor.

— Você diz isso como se eu não fizesse mais sem você


comigo... — Desvio para a segunda pista, ignorando o toque das
buzinas. É a porra de Nova York. Fique na fila se quiser buzinar
para mim.

Nate ri. — Bom argumento.

— E além disso, você não foi feito para fazer isso comigo. Isto
é um trabalho de Vitiosis, não um trabalho para Malum.

— Ahhh, porra, cara. Não quero dirigir aquela merda de


escola.

Faço uma pausa, batendo meu dedo sobre o meu lábio


enquanto descanso em uma velocidade normal. — Então não
faça. Contrate alguém para fazer isso e fique nos bastidores. Você
sabe que não precisa estar na linha de frente. Nenhum de seus
ancestrais o fez.

Nate fica em silêncio por um segundo antes de finalmente


dizer. — Não posso fazer isso. Meu filho irá para aquela escola, e
se você, Bishop, Eli e o resto de vocês se apressarem, seus filhos
também irão. Acho que a razão pela qual as gerações têm sido

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
abandonadas no passado é porque eles não tinham um King no
sistema com elas.

— Pode ser. A propósito, foda-se. Não vou ter filhos.

— Oh, então você desistiu ontem à noite, huh?

Minha boca se fecha. — Vai se foder.

— Ela gostou disso?

Eu sei o que ele está perguntando.

— Um pouco. — Passo por edifícios desconhecidos enquanto


dou outra olhada no GPS, mostrando que estamos a cerca de três
quilômetros de nosso destino.

— Mesmo? — Ele parece surpreso. Eu não. — Porra. Não a


teria imaginado nisso.

Rolo para o estacionamento subterrâneo, desligando o


telefonema com Nate. Está vazio, nenhum carro à vista. Puxando
o freio de mão, giro meu volante até que a bunda do meu carro
vire antes de finalmente parar no centro. Nate me encara de seu
carro. Meu telefone toca e aperto o botão verde no volante,
atendendo a chamada de Nate.

— Algo está estranho.

— Sim, — murmuro, olhando ao redor do estacionamento. —


Eu sei. — Pressionando meu pé no pedal, eu acelero meu motor
ruidosamente, apertando o volante. — Você acha que isso tem o
dedo de Hector?

— Você e seus problemas com o papai... — Nate ri. —


Nah. Acho que não. Ele tem estado melhor ultimamente.

Minha cabeça voa para frente com o impacto repentino atrás


de mim e uma série de palavrões voam da minha boca. Pego meu
AK colocado no banco de trás, abro minha porta e miro bem no
carro que voou atrás de mim. Eles já estão com as armas erguidas,

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
com o homem no banco de trás apontando sua arma bem para
Nate. Levanto meu braço e puxo o gatilho. O sangue explode de
seu braço enquanto voa pelo concreto, com a arma ainda
conectado.

Sorrio.

Outro tiro é disparado do carro bem quando meu ombro


explode de dor. Puxando minha semi até o ombro, coloco todos
eles para fora com uma rodada inteira. Vidro se estilhaça, balas
espirram no metal de seu Rolls Royce e o ar dos pneus explode
embaixo deles.

— Bran! — Nate chama, correndo em minha direção. — Pare.

Eu faço, baixando a arma com os dentes cerrados. —


Reviste-os. Descubram quem são eles.

Nate me encara com as sobrancelhas erguidas. Ele dá um


tapinha no piercing do lábio. — Mano, você foi baleado.

Olho para o meu ombro e encolho os ombros. — Foi


superficial. — Vou até o carro atingido, inclino-me para dentro da
janela e alcanço seus bolsos, procurando por identificação. Três
homens em torno de nossa idade. Não tenho que pensar muito
nisso. Já sei quem eles são.

— Eu sei o que você está pensando, — Nate diz, discando um


número em seu telefone. Sem dúvida, nossa equipe de segurança
nos eliminará da filmagem. — Mas se fosse The Gentlemen, por
que eles estariam em um Rolls?

— Porque eles estão sendo espertos. Eles não têm os


recursos que nós temos, mas nós sabemos muito bem que eles
têm o poder intelectual. — Meus olhos vão para os dele. — E o
motivo.

Tudo vazio. Nem uma única licença ou identificação em


qualquer um deles. Pego meu telefone do bolso de trás e tiro fotos

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ELITE KING’S CLUB #6
de todos. Buracos de bala desfiguram seus rostos. Eles estão
quase imperceptíveis, mas as fotos ainda podem ser usadas.

— O que não entendo é porque Hector nos enviaria aqui para


manter a paz entre dois rivais se ele sabia que estávamos indo
para a isca dos Gentlemen. — Depois que ele terminou de falar ao
telefone com o segurança, nós dois voltamos para os nossos
carros.

— Você acha que deveria dirigir com esse braço? — Nate


pergunta, olhando para mim.

Viro meu dedo do meio e deslizo para o banco do motorista,


acelerando o motor da mesma forma que entramos. Todos confiam
em Hector, mas não em mim. Ele já fez muitas coisas no passado
para que eu confiasse nele. Comigo você tem uma chance, não
duas ou três. Sou menos indulgente do que meus irmãos. Na
verdade, não perdoo. Você quer perdão? Leve seu traseiro para a
igreja. Quanto mais cedo ele não estiver mais segurando aquele
martelo, melhor.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 17
SAINT

Os meninos não voltaram o dia todo, embora não seja bem


pôr do sol. Tomei três taças de champanhe, graças a Tillie e Bailey,
e os funcionários que haviam passado o dia inteiro preparando
tudo só agora estão saindo. Há algumas pessoas que já estão aqui,
mesmo que nada comece por mais três horas e ainda estou em
pânico com o que aconteceu ontem à noite.

Passo o delineador preto sobre minha pálpebra superior para


obter asas escuras e faço uma pausa.

— Respire, Saint. Vai ficar tudo bem. — Tillie coloca seus


saltos altos, endireitando seu traje.

— Ela está certa. Eles já voltam. — Bailey continua fazendo


ondas térmicas em seu cabelo, com Natasha, sua amiga, ao lado.
Ambas já estão bêbadas, e estou quase convencida de ter visto
Bailey deslizar um comprimido entre seus lábios.

— Não é isso. — Me levanto, passando minha mão pelas


minhas roupas. — Tillie, não acredito que você escolheu isto para
eu usar.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
O vestido de linho rosa claro fica solto no meu corpo, mas
aperta em volta da minha cintura fina. Há duas grandes fendas
em cada lado, do meu osso do quadril. Sim, osso do quadril, não
posso usar calcinha por baixo dessa coisa. O busto é simples, mas
Tillie ainda conseguiu encontrar a roupa mais reveladora de todos
os tempos. Ele desce em um coração, revelando meu
decote. Nunca pensei muito sobre meus seios. Eles não são
grandes, mas não são pequenos. Posso colocá-los na palma da
minha mão, mas essa roupa os faz parecer maiores. As curvas
incham contra o tecido. Ela tentou me convencer a tingir
temporariamente meu cabelo de rosa, eu disse a ela que não. O
vestido bastou. E os sapatos. Me inclinei para amarrar e prender
os saltos ao estilo gladiador nas minhas panturrilhas, que me
envolvem e atam até os joelhos.

— Meu primo vai matar você, — Bailey canta para Tillie


enquanto passa o gloss sobre seus lábios.

— Fui colocada nesta terra para atormentar Bran Bran. Ele


vai ficar bem.

Depois de ter terminado de amarrar meus sapatos, dou um


último e longo olhar no espelho. Isto é, de longe, o melhor que já
me arrumei. Tillie fez a maquiagem do Dia de Los Muertos17, e eu
disse que ela poderia fazer uma sombra clara de um crânio sobre
a metade do meu rosto. Não é tão detalhada quanto a dela, mas é
perceptível o suficiente. Meus cabelos estão em ondas luminosas
que se curvam para trás e param no meu cóccix, e minha
maquiagem está pesada, com lábios cor de borgonha e olhos
escuros e esfumaçados.

Desbloqueio meu telefone, ignorando a conversa de Tillie e


Bailey e o fato de que posso ouvir música tocando lá fora.

Saint: Por que você não me disse seu nome?

17 No México, o Dia dos Mortos é uma celebração de origem indígena comemorada no dia 2 de

novembro em honra aos falecidos e quando as almas são autorizadas a visitar os parentes vivos.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Minha garganta dilata. Sinto-me um pouco culpada por estar
trocando mensagens. Sei que não deveria, mas então não sei por
que não deveria enviar. Não sei por que me sinto culpada ou me
sinto assim.

?: Porque eu não te disse.

Penso sobre sua última mensagem.

Saint: Você vem hoje à noite?

Há um longo período de silêncio antes que as bolhas de texto


apareçam.

?: Você terá que descobrir.

Abro meu aplicativo de câmera depois disso e o coloco no


modo selfie. — Foto? — Pergunto a Tillie e Bailey.

Ambas lançam sorrisos por trás de mim enquanto mantenho


meu rosto neutro. Percorro as duas que tirei e escolho uma, abro
o Instagram e posto sem legenda.

Bailey me entrega minha taça de vinho por trás, apoiando o


queixo no meu ombro. — Desça as escadas. Tenho alguém que
você vai querer conhecer.

Seguimos Bailey pelo corredor e para fora do meu quarto e


de Brantley. Quando chegamos à cozinha, torna-se óbvio o quanto
eles mudaram tudo na casa para combinar com o Halloween. Há
luzes laranja, preta e cinza espalhadas por toda parte, com um
candelabro em estilo de abóbora de losangos. Contornando a
cozinha, estamos na área do pátio e paro imediatamente meus
passos. Uma grande tenda campestre está montada no gramado,
de onde a música sai à deriva. Homens e mulheres, pessoas de
nossa idade entram e saem, rindo e conversando entre si. Todos
eles vestem-se de diferentes maneiras, mas uma coisa que todos
eles têm em comum, é que estão todos com a cara de caveira.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Saint! Eu quero que você conheça Lena. — Bailey puxa
minha mão e me viro para encarar a quem ela está gesticulando à
mesa.

— Oi, — digo, sentando na cadeira ao lado dela. — Prazer em


conhecê-la.

Lena me examina de perto, seus olhos vagando de cima e


para baixo no meu corpo. Paro de respirar. Ela tem tatuagens
cobrindo sua pele, incluindo uma tatuagem de pescoço cheio que
se curva em torno da linha do maxilar, parecida com a de Nate.
Tem um piercing no nariz e nos lábios, está vestida de maneira
um pouco diferente de como o resto das meninas. Com jeans
escuro solto, tênis Nike, uma camiseta branca e um moletom
escuro. Quase lhe pergunto qual fantasia ela usa, mas depois
minha boca se fecha. Não me importo.

— Maldição. Então, quem é esta? Uma nova Swan? — Lena


lambe os lábios e é a primeira vez que vejo seu piercing na língua.

Antes que possa dizer qualquer coisa, ouço o barulho alto de


carros parando na garagem. — Os meninos estão em casa... — diz
Tillie, esfregando a barriga. Ela está vestida como uma mulher
grávida, disse ela, já que não está com uma roupa de verdade. As
portas do carro se fecham.

Meu coração bate forte no peito.

Os passos batem contra os degraus que levam ao pátio, e


minha respiração fica mais rasa.

Ouço as distintas vozes antes que elas se


aproximem. Rapidamente, desvio meus olhos para longe deles e
levo minha taça de vinho aos lábios. Meu coração está batendo
dolorosamente rápido, fazendo com que o suor goteje na minha
nuca. Não nos vimos desde ontem à noite e agora me sinto nervosa
e desconfortável. Mantenho meus olhos fixos na tenda ao nosso

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
lado, então não tenho que perder minha alma quando nossos
olhares se encontram.

— Jesus Cristo, Bran! — Tillie engasga, levantando-se da


cadeira com urgência. Instantaneamente sei que algo está errado,
então cedo e me viro para confrontá-lo.

Sua pele tem um aspecto mais pálido do que o normal, seus


olhos escuros ao redor das extremidades. Sua mão atinge a parte
de trás do pescoço de Lena antes que ela olhe para ele e eles se
socam com o punho.

— Bran, você não me disse que tinha uma nova garota no


grupo.

Brantley me ignora, mantendo os olhos em Lena e rindo. Ele


riu. Ele não ficou bravo, ou a corrigiu. Ele riu. Algo desconhecido
se instala dentro de mim e não gosto disso. Sinto o veneno
borbulhante da rejeição quente contra minha pele. Talvez eu
tenha dado a ele o que ele queria e ele volte a me ignorar
novamente. Não era isso que eu queria mesmo? Era. Então, por
que dói tanto? Sempre pensamos que sabemos o que queremos
até que nos deparamos com o que não conseguimos.

"Whoopty" de CJ está tocando alto da tenda quando ele


finalmente fixa os olhos em mim. O ar é arrancado de meus
pulmões e substituído pelo fogo, pois se espalha através de
minhas veias a cada respiração. De repente, não consigo ouvir
nada e todos à minha volta desaparecem no fundo da minha
mente. Mordo meu lábio inferior e levo minha taça aos lábios. É aí
que eu percebo.

A mancha úmida sobre o ombro da frente, o lado oposto de


sua tatuagem.

Minha boca fecha, mas minha cabeça se inclina


involuntariamente. O cheiro distinto de metal líquido sobe pelo

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
meu nariz. Antes que possa me conter, estou me levantando da
cadeira.

Seus olhos caem imediatamente em meu corpo, mas o


sorriso desaparece. Poof. Desapareceu e foi substituído por um
rosnado. Ignoro-o até que estou de pé junto a ele. Com estes saltos
altos, ainda não estou nem perto da sua altura. Agora me
aproximo de seu peito, ao invés de seus abdominais. Pressiono
minha palma da mão sobre a mancha molhada, mas ele arrebata
meu pulso e me puxa para mais perto.

— Que porra você está vestindo, Dea?

Oh, foi por isso o rosnado.

— Por que você está sangrando? —Pergunto, finalmente


levando meus olhos até os dele. Todos que estão ao nosso redor
silenciam. — Tire sua camisa. — Agarro a parte inferior da bainha,
mas ele não se move.

— Tillie, eu vou te matar.

Arranco sua camisa e jogo no chão. Minha mão voa para


minha boca, e por acaso é a que estava cobrindo seu peito, então
o estalo de sangue na ponta da minha língua bate com força. —
Brantley! — Estou prestes a dizer a Tillie para me ajudar a
encontrar um kit de primeiros socorros quando alguém me detém
no lugar.

Hector está de pé atrás de mim, com as mãos nos bolsos. Há


uma mulher ao seu lado, com um vestido vermelho justo e cabelos
castanhos sedosos.

Minha boca se fecha. É demais.

Viro-me para encarar Brantley. — Entre para que eu possa


limpar.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Lena se levanta de sua cadeira. — Vou pegar minha bolsa.
— Ela esbarra em Brantley e lhe dá um soco no abdômen. —
Idiota. Poderia ter me dito que ela estava com você.

Pego sua mão e o arrasto para dentro, para a cozinha. Minha


mente está se movendo a velocidades que não consigo
acompanhar. Hector está aqui. Meu pai. Tenho perguntas, tantas
perguntas, mas não tenho energia suficiente para fazer.

— Saint... — Brantley diz, encostando-se no balcão


casualmente. — É apenas um ferimento de bala. Não atingiu nada
de importante. Relaxa. Vai sarar.

— O quê? — Grito tão alto que tenho quase certeza de que


as janelas tremeram. — O que você quer dizer com ferimento a
bala! — Grito para ele, dando os últimos passos que eu precisava
para ficar cara a cara. Dou-lhe um tapa no peito - o lado bom - —
Como você pôde levar um tiro!

Ele ignora minha pergunta, mas mantém os olhos fixos nos


meus. O silêncio se espalha entre nós enquanto luto para manter
meus olhos para cima e não me distrair com seu corpo.

— Sente-se, mano — Lena interrompe nosso olhar fixo,


deixando cair uma grande mala de couro sobre a mesa e abrindo-
a. — Podem continuar sua briga depois que eu consertar você.

Brantley arrasta-se para uma das cadeiras da cozinha,


abrindo bem os joelhos e chutando um pé para fora. Seus olhos
ficam nos meus e tenho que me lembrar de respirar. Ele é
intimidante. Seu olhar incendeia o fogo dentro da minha barriga.
Não vou me distrair. Estou chateada com ele por várias razões,
mas o fato de ter levado um tiro supera todas elas. De repente,
esqueço que fizemos sexo ontem à noite e como tudo estava
constrangedor entre nós.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Você é médica? — Pergunto a Lena, finalmente arrastando
minha atenção para longe de Brantley e me dirigindo para a
cadeira ao seu lado.

Lena pega um pequeno frasco cheio de líquido, uma tigela de


metal, um rolo de barbante e uma caixa de vários tamanhos de
agulhas. Nunca desviando os olhos de sua tarefa. — Estudante de
medicina, mas uma boa. Surpresa?

— Não, — respondo honestamente. — Por que eu ficaria


surpresa?

Lena finalmente para por um segundo e olha diretamente


para mim. Suas tatuagens estão por toda parte. Alguns menores
em volta do rosto. — As tatuagens e o fato de não parecer alguém
que salvaria vidas.

— Eu não saberia como um médico deve ser.

Brantley limpa a garganta, batendo na minha perna com a


sua. — Você pode pegar uma garrafa de uísque?

Olho para ele, minha boca se fechando. — Não. — Afasto-me


da cadeira e fico de pé quando seus dedos se conectam aos meus.
Uma onda de eletricidade dispara através da conexão e vou
arrancar meus dedos do seu aperto, só que ele é mais forte. Ele
me puxa para baixo em seu colo, fazendo com que Lena pare o
que ela está fazendo por um instante. Ele não se importa de ter
incomodado duas pessoas.

— Qual é a porra do seu problema? — Sua respiração roça o


lado do meu pescoço, me atormentando. Não deveria. Mas
lembranças da noite passada brilham atrás dos meus olhos e não
posso detê-las, mesmo se tentasse. — Humm? Ah, vamos lá. Há
anos que espero que você fique em silêncio, não pare de falar
agora.

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ELITE KING’S CLUB #6
Volto-me para ele, finalmente. Estamos tão perto que meus
olhos precisam se cruzar só para manter contato. Falho e eles
caem em sua boca. — Você poderia ter morrido.

— É por isso que você está puta? — Ele sussurra, inclinando-


se para frente e puxando a pele do meu pescoço entre os dentes.

Eu o empurro para longe de mim, mas ele afunda seus


dentes em minha pele e a suga em sua boca. — Tudo bem, vou
pegar seu uísque.

Quando me solta, a mão dele cai na minha bunda com uma


bofetada. — Boa menina.

Eu o ignoro, indo em direção ao armário na cozinha e


pegando uma garrafa que tem a palavra uísque nela, colocando-
a sobre a mesa. Lena já está imersa no ferimento com um alicate.
Brantley está descansando a cabeça contra a cadeira. Seus olhos
estão fechados, mas fora isso, ele não parece estar com muita dor.
Parece até mesmo pacífico, completamente alheio ao fato de que
alguém está cavando com um alicate seu ferimento.

— Você deu a ele um anestésico? — Pergunto, abrindo a


tampa da garrafa de uísque. — Ele parece adormecido.

Lena bufa, finalmente arrancando a bala. — Não. Eu não


dei. É para isso que serve. — Ela aponta para a garrafa na minha
mão e salto para frente.

Levo a garrafa aos lábios e tomo um pequeno gole,


permitindo que a queimadura se assente na minha língua. Tomo
outro gole e lentamente abaixo meus lábios nos dele. Não sei se
ele vai aceitar, mas bebi um pouco demais esta noite e estou me
sentindo oprimida por minhas emoções agora, então estou agindo
de forma irregular. Seus lábios tocam os meus e, por um breve
segundo, acho que ele vai me afastar, mas não o faz. Sua boca se
abre e relaxo minha mandíbula para permitir que o líquido escorra

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ELITE KING’S CLUB #6
da minha boca para a dele. Depois que ele pega tudo, afundo
meus dentes no seu lábio inferior e lentamente o arrasto para trás.

— Não leve um tiro de novo. — Em seguida, entrego a garrafa


para ele e me viro, deixando-o com Lena por conta própria. Não
sei quem é Lena ou como ela passou a fazer parte deste mundo,
mas posso ver que são bons amigos. Estou quase no limiar do
pátio quando ouço os dois rirem. É tão estranho que me vejo me
virando apenas para ter um vislumbre do sorriso de Brantley. Eles
estão brincando um com o outro enquanto Brantley dá longos
goles de álcool entre cada suspiro.

— Ela é uma das Swans que foi libertada após toda a


provação de Madison. — Bishop entra no meu espaço e me viro
para encará-lo, cruzando os braços na minha frente. — Brantley
a salvou. Eles estão próximos desde então. — Bishop sorri. — E,
para que fique claro, se não for óbvio, ela gosta de meninas e é
mais um dos garotos do que uma delicada e pequena Swan.

Aceno minha cabeça, porque não consigo fazer as palavras


saírem. Todos entraram na tenda pelos fundos agora, então
Bishop estende o braço para mim. — Pronta para a festa?

Prendo o meu no dele. — Não.

O ambiente em lilás e o branco reluzente preenchem o


espaço, com luzes cintilantes em cada canto. Há uma estátua de
gelo esculpida no meio da sala, onde um líquido vermelho sai de
sua boca, em uma piscina abaixo dela.

Bishop aponta para a fonte. — Cosmo 18 ? Minha mãe é


chique pra caralho e irritante.

18 Cosmopolitan, ou simplesmente cosmo, é uma bebida alcoólica, feito com vodca, suco de cranberry,

e suco de limão espremido ou adoçado;

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ELITE KING’S CLUB #6
— Esta é uma festa para adultos? — Pergunto, confusa.
Fiquei supondo que seria uma festa com adolescentes rebeldes e
hormonais.

Bishop me segue atentamente, com um sorriso no canto de


sua boca. Agora ele tem um rosto pintado com um crânio como o
de Tillie, apenas ligeiramente diferente. — Só pela primeira
hora. Depois disso? É um jogo livre. — Ele me entrega um copo
com o líquido vermelho dentro. — Ouça, eu sei que você pode não
querer ouvi-lo, mas saiba que quando você estiver pronta para
conversar, ele também estará.

Ignoro as palavras de Bishop, tomando meu coquetel. Lambo


meus lábios, o açúcar correndo pela minha corrente sanguínea. —
Oh, isso é bom! — Bebo mais rápido.

Bishop impede o copo de ir mais longe. — Nem tanto assim.

O som disparou, mas não senti dor nenhuma.

— Corra, — o garoto na minha frente sussurrou, e pulei para


frente quando ele deu um passo para o lado para me deixar passar.

Continuei correndo. Até minhas pernas cederem e meus


pulmões queimarem. Então parei, me escondi atrás de um grande
tronco e tirei meu telefone. Um sorriso atingiu minha boca quando
a tela se iluminou, mas gritei quando um rosto apareceu.

O rosto de Brantley.

— O jogo está quase acabando e você nem de longe ganhou.


— Ele arrancou meu telefone da minha mão até que derrapou para
o lado, a outra mão em volta da minha garganta. — Estou
entediado. Deixe-me matá-la.

Bishop riu atrás dele. — Só espere. Você sabe como eu jogo.

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— Sim, bem, já jogamos o suficiente, agora estou entediado.
Preciso ir para casa e ter certeza de que Lucan não está lá.

Bishop amarrou uma corda em meu pulso. — Ainda


não. Primeiro, isso.

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Capítulo 18
BRANTLEY

Lena puxa o último ponto enquanto estico meu braço. Os


efeitos do álcool nadando através da minha corrente sanguínea.
Ela começa a arrumar seus instrumentos, com os olhos nos meus.
Eu já sei o que ela vai perguntar. Ela e eu não nos conhecemos há
muito tempo, mas clicamos. Lena nunca faz perguntas.
Simplesmente existe.

— Você vai me contar sobre ela? — Pergunta, fechando o


zíper de sua mala e caindo na cadeira à minha frente.

— Não. — Envolvo meus lábios em torno da ponta da garrafa


e inclino minha cabeça para trás até que o líquido esteja
acendendo um fogo na minha garganta.

Lena pega a garrafa de mim e bebe. — Não parece algo novo


de onde estou. — Jogo a camiseta que está no meu colo sobre a
mesa. Está muito frio lá fora, mas com toda a adrenalina de hoje
à noite, misturada com o álcool, meu sangue parece menos
humano e mais quente.

— Porque não é.

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— Ahhh, — diz Lena, inclinando-se para frente. — Ela
é a garota?

Meus olhos se fixam nos dela. — Que garota?

— Aquela de quem não falamos. Eu pensei que ela estava


morta?

Corri para fora da lateral da parte de trás da casa, batendo a


porta com força. O trovão bateu acima da minha cabeça, gotas de
chuva caindo pelo meu rosto. Eu precisava encontrá-la. Porra,
mas isso estava piorando. Muito pior do que no mês
passado. Meus pés descalços espremeram-se na lama, enrolando-
se nos dedos dos pés enquanto corria em direção à entrada do
cemitério. As árvores se curvavam sobre a entrada como sombras
da noite, guerreiras da lua.

Então eu a vi.

Seu corpo envolto em branco, seu cabelo longo e sedoso. Ela


era tudo que eu queria proteger, mas nunca me permiti manter. Eu
não pude. Não importava o quanto envelhecíamos; não poderia tê-
la.

Nunca.

— Saint! — Gritei, correndo até onde ela estava. A chuva


tinha vazado através do tecido branco que ela estava vestindo,
então se agarrou a cada curva dela. Podia ver que ela não estava
usando calcinha. Não ajudava a porra do meu caso.

Ela não se virou. Sua cabeça estava inclinada para cima,


como se ela estivesse lendo a tumba de Vitiosis.

Eu a alcancei, lentamente, minhas mãos em volta de seu


braço.

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Ela se virou tão rapidamente que seu cabelo chicoteou os
lados de seu rosto. Sua boca abriu quando um grito agudo
irrompeu ao nosso redor.

Caí no chão, cobrindo meus ouvidos. A lama respingou em


volta dos meus joelhos quando a agarrei pela mão e a puxei para
baixo comigo, onde era branco estava completamente imundo. Ela
parou de gritar, seus gemidos suaves agarrados ao meu
ombro. Envolvendo seus braços em volta da minha cintura, seu
choro instantaneamente se dissolveu na escuridão da
noite. Afastando-se de mim suavemente, procurando meus olhos
enquanto afundava os dentes em seu lábio inferior.

— Brantley? É você?

— Maldição, Saint! — Gritei, minha raiva alimentando um tom


que normalmente não usaria com ela.

— Sinto muito, estou. Eu não sei. — Ela fez uma pausa,


inclinando a cabeça da esquerda para a direita. — O que estou
fazendo aqui?

Eu a agarrei pela mão e a ajudei a se levantar. —


Entre. Agora.

Ela pegou minha mão, assim como fez todos aqueles anos
atrás. Tão pequena e delicada contra a minha. Era como ver um
anjo confiar num demônio. Tão ingênuo e puro. Quando estamos de
volta ao calor da casa, tranquei a porta do pátio atrás de nós e
sacudi a água do meu cabelo. Ela ficou no meio da sala de estar, o
tecido grudado em seu corpo frágil. Nos seus mamilos como se fosse
uma segunda pele. Tão rosa e perfeito.

— Porra. — Corri em direção ao armário de bebidas, abrindo-


o e pegando o uísque mais velho que pude encontrar.

— Brantley, eu... eu não sei o que aconteceu.

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Envolvendo meus lábios em torno da ponta, tomei alguns goles
antes de colocá-la na mesa de centro.

— Está bem. Apenas um pesadelo. — A mentira foi


fácil. Muito fácil.

— Não, acho que não.

Muito fácil se você não fosse Saint, que era muito observadora
em relação à mentira.

Empurrei minha cabeça escada acima. — Vá preparar um


banho e dormir.

Ela o fez, sem discutir. Uma vez que estava subindo as


escadas e fora do alcance da voz, tirei meu telefone do bolso e liguei
para Hector.

— Temos um problema, — eu disse, rangendo os dentes. —


Começou.

— O que te faz pensar que é a mesma garota que eu disse às


pessoas que estava morta? — Digo, saindo do meu lapso de
memória.

— Simples. — Lena me afasta, ficando de pé com a bolsa na


mão. — Seu coração só é capaz de amar uma pessoa.

— Ninguém disse merda nenhuma sobre o amor, Len. Que


porra.

Ela me encara como se eu tivesse crescido outra cabeça. —


Não sei dizer se você está brincando. — Seus olhos se
transformam em fendas. — Bem. — Ela cai de volta em sua
cadeira, gesticulando para o uísque em minha mão. — Fale-me
sobre ela.

A risada borbulha do meu peito e minha cabeça inclina para


trás antes de encontrar seus olhos novamente. — Que porra você

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pensa que é isso? Uma porra de episódio de Gossip Girl? — Lena
me mostra o dedo do meio e suspiro, pegando a garrafa novamente
enquanto meus olhos permanecem focados na mesa. — Essa é
Saint.

— Por que você disse que ela estava morta? — Lena diz,
franzindo as sobrancelhas.

— Porque então meus irmãos me deixariam em paz sobre


encontrar uma garota.

— Você é firme em nunca querer uma namorada?

É a minha vez de olhar para ela agora. — Vou fingir que você
não precisa de esclarecimentos sobre isso.

Lena ri, esfregando o rosto com a palma da mão. — Olha,


cara. Eu entendo. Mas aquela garota ali, não sei. Ela está
amaldiçoada e condenada sem você. Então, acho que esse é um
destino que você vai ter que escolher.

— Saint nunca será minha namorada.

— Por quê? — Seus braços voam.

Levo meus olhos para os dela. — Porque nada de bom sai


dessas mãos, Len. Nada. Nunca. Elas acabam com vidas, não são
suaves o suficiente para tê-la embaixo delas.

Seus olhos se arregalam. — Profundo, cara. O caralho? Foi


bem fundo.

— Lena, não sou nada superficial. — Tomo um gole do


uísque, mostrando os dentes e assobiando quando percebo que
engoli muito de uma vez.

— Eu sei, mas meu cara, aquela garota também não parece.


— Lena chuta o pé. — Há merda que você não está me contando
também, certo?

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Sempre. — O canto da minha boca se levanta em um
sorriso.

Ela ri, ficando de pé. Ela bate a tampa do uísque no meu


peito. — Então, talvez comece sendo honesto com ela.

Ela me mostra o dedo do meio, virando-se para sair. Fico


sentado por mais um tempo, pensando em todas as besteiras que
aconteceram esta noite. Desde a preparação até levar um tiro e
tudo o que Lena acabou de dizer. Posso andar em círculos com
tudo, mas isso só me deixa mais irritado. Quando finalmente
desço para a tenda, os adultos já se foram e a festa se transformou
em um festival de hormônios adolescentes. Pessoalmente, acho
que agora todo mundo está se mijando. Nem todo mundo aqui está
no Elite Kings Club, mas com certeza eles teriam ouvido falar de
nós.

Encontro Bishop e Saint instantaneamente. Minha


mandíbula flexiona. Não posso acreditar que Tillie a colocou nessa
maldita roupa. Saint parece pequena, mas ela tem pernas que
duram para sempre, e aquelas fendas de merda? Como ela ainda
consegue andar depois de ontem à noite?

Levo a garrafa de uísque aos lábios. Terei que retificar essa


merda. Prometi que não ficaria duas vezes com ela. Eu disse que
não o faria. Não poderia, porra. Não posso ficar com ela, e isso é o
que ela merece, já que estamos falando do que Saint merece, com
certeza não sou eu, porra. Ela precisa do marido mundano, dos
filhos, da cerca branca e do hábito de tomar remédios. Porém,
mesmo quando esses pensamentos entram na minha mente,
minha raiva borbulha na superfície como lava quente, pronta para
explodir. Jamais poderia permitir que ela tivesse essas coisas, e
eu sei disso, caralho.

Outro gole de uísque.

Sou muito egoísta para permitir que ela os tenha.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Outro.

Antes que possa me conter, estou caminhando em direção a


ela.

Ela é minha.

Paro na frente dos dois, ao mesmo tempo que Saint traz seus
olhos para os meus. — Oh, você está inteiro agora? — Ela não
tropeça nem gagueja, e pego sua bebida, levando-a ao nariz.

Olho para Bishop, que sorri. Esse filho da puta tem dado seu
Cosmos não alcoólico a ela.

Rindo, devolvo a bebida. — Sim. Sempre. — Ela está ferrada.


Ela não só me pegou, mas agora ela tem Bishop. Ela será a mulher
mais temida que já agraciou nosso mundo. Muito bem!

O foco de Bishop se concentra em alguém por cima do meu


ombro, e eu me viro para ver o que ele está olhando. Ou melhor,
para quem ele está olhando.

— Merda, — murmuro baixinho. — Tillie... — Quando me


viro para encarar Bishop, ele já desapareceu. As laterais da tenda
foram enroladas agora para oferecer um fluxo mais ambiental
entre o interior e o exterior. Tillie e Scarlet organizaram este
festival de merda. Se não fosse por elas, teria sido apenas uma
fogueira e a velha geração reclamando que estamos fodendo tudo
se não gastássemos pelo menos quinhentos mil dólares com isso.

— Quem é essa? — Saint pergunta, quebrando meus


pensamentos.

Estremeço quando mudo meu braço em um ângulo


estranho. — Tate. É amiga de Madison, já Tillie acha que: 'ela
deveria morrer'. — Saint balança desconfortavelmente seu outro
pé, com os lábios em seu copo.

Bufo. — Você não aguenta mais usar essas coisas. Tire-as.

LIVRO 1
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Risos e música se espalham ao nosso redor. Saint acena para
mim. — Estou bem.

— Quando você ficou tão temperamental? — Provoco, minha


boca em um meio sorriso. A verdade é, mais ou
menos. Encontrando a mesa atrás de mim, agarro sua cintura e a
puxo para mim, porra, finalmente, e ela descansa entre minhas
pernas esticadas. Uma grande parte de mim queria ver se ela iria
lutar contra isso. Seu corpo minúsculo relaxa contra o meu
enquanto casualmente toma um gole de sua bebida.

Reviro os olhos, pegando o copo dela e colocando-o na mesa


em que estou apoiado. — Não contém álcool.

Ela estende a mão para pegá-lo novamente, olhando para


mim por cima de seu ombro esguio. — Eu sei.

Virando-me para encarar a multidão enquanto “Dior” de Pop


Smoke toca bem alto atrás de nós. Ela murmura: — Seria tão
difícil para as pessoas acreditarem que eu realmente não gosto de
álcool?

— Você não gosta? — Minha garganta se aperta,


provavelmente por causa do choque. Toda garota que conheço
bebe, e se ela não bebe, é porque nunca experimentou. — E
quanto a champanhe?

— Humm. — Ela encolhe os ombros. — Não me incomoda,


mas apenas o suficiente para não me deixar bêbada. Não gosto de
me sentir fora de controle.

— Problemas de controle, hein? — sorrio, envolvendo meu


braço em sua cintura e apertando-a contra mim enquanto coloco
meus lábios atrás de sua orelha. — Pergunto-me de quem você
herdou isso...

Ela relaxa ainda mais ao meu alcance, e tudo o que disse a


mim mesmo antes voa pela janela do caralho. Ela se vira em
minhas mãos e eu a solto o suficiente para ela fazer isso.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Inclinando a cabeça para trás, descansa a mão no meu
peito. Não deveríamos estar tão perto. Porra, há um monte de
merda que não deveríamos ter feito, mas fizemos. Peguei a única
coisa que ela podia proporcionar a alguém e comi como uma
refeição... em mais de uma maneira. — Você pode me dizer o que
Lucan lhe fez?

Ainda assim. O aperto ao redor de seu corpo cai


completamente e me aproximo de suas pupilas. Completamente
desconectado. Longe. Se foi. Ela me perdeu. — Não.

— Eu só... — Ela traça a mão no meu peito e estou fora de


seu abraço instantaneamente, apertando sua palma na minha
mão.

Meus dentes se apertam, as veias em minhas têmporas


pulsando de raiva. — Não, Saint. — Empurro suas mãos para
baixo e me afasto. Toda a raiva que coloquei em espera quando
ela andou com sua bunda atrevida descendo as escadas começa
a transbordar as linhas de paciência que eu delineei.

Ela examina meus olhos, gelo contra fogo. Dois opostos


completos. — Brantley, me desculpe...

Cerro meus dentes, pegando a garrafa de uísque da mesa


próxima e levando-a aos lábios. Não quero ir embora e deixá-la
aqui. Eu não deveria. Mas se ficar e ela pressionar, vou atacá-
la. Ela nunca tocou nesse assunto antes. Nunca. Está ficando
ousada.

Acho o calor da fogueira relaxante. Versus a raiva que arde


dentro da minha alma. Levo a garrafa de uísque aos lábios, mas
está vazia. Tenho certeza de que passaram apenas alguns
minutos desde que eu estava conversando com Saint, mas aquela
garrafa estava cheia de uísque e essa já não existe. Meus olhos
ardem, minha visão fica embaçada por dentro e por fora. Eu bebi

LIVRO 1
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demais, porra. Nunca bebo demais. Nunca perderia o controle,
especialmente com ela aqui. Saint. Movo-me e me viro, esfregando
meus olhos para melhorar minha visão, mas meus braços estão
pesados pra caralho. Pesados demais.

— Bishop! — Rujo, ambas as palmas pressionadas em meus


olhos, mas ele não responde. Eu sabia que Nate e Tillie tinham
partido no segundo em que Tate chegou, mas Eli, Hunter e Cash
ainda estavam aqui.

Viro-me e encontro Eli no chão, com os joelhos encostados


no peito e a cabeça pendurada entre os cotovelos.

— Eli, porra. — Lentamente, ele levanta a cabeça até que


seus olhos estejam nos meus. Vítreo e fora de foco.

— Não consigo, foda-se... — Suas palavras se quebram. E eu


sei. Sei claramente, neste momento, que não estamos bêbados.

Fomos drogados.

Minhas pernas se transformam em geleia quando caio no


chão. Eli está congelado no lugar, mas seus olhos permanecem
nos meus. Seria preciso uma grande dose dessa merda em meu
sangue para me derrubar. Há pessoas falando ao fundo, mas não
me interesso. Aos poucos vou segurando meu telefone no bolso
quando aparece uma nuvem de cabelos loiros. Tate está o
segurando para mim ao invés disso.

— Qual é a sua senha? — ela pergunta com urgência.

A música ainda está tocando ao fundo, as pessoas dançando


distraidamente. Muitas fodidas pessoas.

— Sa... Saint, — forço, meus olhos nos dela. Ela não


está chapada, principalmente porque ela não é da linhagem Elite
Kings e não pode estar nela, mas também porque não consigo
imaginar Tate desejando isso, mesmo que fosse contra nossas leis,
a menos que você seja de sangue.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ela agarra minha palma e desliza meu telefone
desbloqueado, de frente para a tela na frente do meu rosto para o
reconhecimento. Spyder assobia para um de seus meninos, que
vem até nós. A geração de Kings de Spyder funciona de maneira
um pouco diferente. Eles não são necessariamente Kings porque
são o capítulo de primos, mas ainda assim são perigosos.

— A garota de cabelo branco e vestida de...

— Eu sei de quem você está falando, — o homem de Spyder


interrompe, e o enfrento de onde estou no chão, passando minha
língua sobre meus dentes.

Ele joga suas mãos para cima defensivamente. — Uau,


não. É... bem, sim...

— Cale a boca, Cooper! — Tate rebate. — Vá e encontre


Saint. — Seus dedos mexem no meu telefone antes que ela o
pressione no ouvido. — Bishop, volte aqui agora. Brantley, Eli e
estou assumindo que o resto de sua matilha foi drogada.

Meus dedos formigam, subindo por meus braços e através


do meu peito, descendo pelo meu torso e pelas minhas
pernas. Tão fraco pra caralho. A raiva estala dentro da minha
cabeça enquanto tento mover minha perna.

Permanece parada, o suor escorrendo pela lateral da minha


têmpora.

Ela desliga com Bishop. — Ele está voltando.

Meu telefone toca na mão de Tate e ela não hesita em


atender, colocando-o no viva-voz.

— O que foi? — ela fala, como se fosse dona disso.

Nunca pensei em merda nenhuma quando se trata de Tate.


Ela é mundana e simples. Não é meu tipo, ou de nenhum dos
Kings realmente, mas isso não é porque ela não é bonita, ou
gostosa, porque ela é. Mas é preciso muito mais do que uma cara

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bonita para prender nossa atenção. É preciso ser cru. Ela não tem
a fibra necessária para lidar com este mundo. Bem, ela costumava
ter.

— Adivinhe isto, Vitiosis...

Tudo dentro de mim morre. Minha respiração, meus


pensamentos, minha vontade de me mover. Não reconheço a voz,
porque o pedaço de merda a escondeu atrás de uma narração
robótica.

— Se a Bela matasse a Fera de fome, será que a Fera ainda


se banquetearia? — Ele ri então.

Minhas bochechas estão dormentes, meu corpo preso no


purgatório, mas a cólera e a raiva estão explodindo dentro de mim
sem nenhum outro lugar para ir.

— Não se preocupe com as drogas. Elas vão desaparecer em


algum momento. Agora eu aposto que você está se perguntando
onde sua pequena Dea, certo?

Aperto meus dedos, a vontade de chegar até ela muito mais


forte do que qualquer droga poderia fazer para me impedir. Minha
boca abre, fecha e depois abre novamente.

— Quem diabos é? — Tate zomba.

— Tate, seu pequeno e precioso ser humano. É tão fácil partir


esse pescoço delicado.

Tate levanta uma sobrancelha para o telefone. — Uau. Isso é


tudo que você tem? Tenho que dizer que estou muito
impressionada com a sua criatividade, ou a falta dela.

Ele ri. — Você disse a Bishop que visitou a pequena Madison?

Meus olhos se voltam para os dela, e ela estremece. —


Ok. Meio impressionada com isso.

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— Onde diabos está Saint! — Rujo, e quando o formigamento
se dissolve o suficiente em meus ossos para que eu mova meus
dedos das mãos e dos pés, tropeço em meus pés lentamente.

Faróis piscam atrás de mim e Bishop corre até nós, com a


porta do carro escancarada.

— Você a vê? — A voz abaixa, e meus olhos disparam ao redor


do lugar.

— Cadê Saint? — Bishop grita, mas quando ele me vê,


começa a procurar imediatamente, também.

Então eu a vejo. O rosa pastel de suas roupas na escuridão


da floresta. Nem sequer respondo o telefone ou me importo porque
estou correndo para onde vejo a lasca de cor entre as árvores.
Empurrando os galhos do caminho, Tate, Bishop, e Spyder estão
atrás de mim.

— Ahhh, você a encontrou.

Saint está parada no meio de uma pequena clareira, olhando


para a lua. Eu a agarro pelo braço, virando-a para me encarar.

— Brantley! — Ela me encara com olhos arregalados. — Ai,


sua mão.

Bishop exala, e coloco Saint debaixo do meu braço, pegando


o telefone de Tate. Agora que sei que ela está segura, todo o medo
se foi e tudo o que resta é a raiva.

— Vou matar você. Isso é uma maldita promessa.

Ele ri, e Bishop e eu ficamos cara a cara. — Oh, eu sei. Mas


tomem isto como um aprendizado, Kings. Isto foi para mostrar o que
podíamos fazer. Mantenha sua bruxinha a salvo. Agora todos nós
conhecemos seus segredos...

A linha é cortada e coloco meu telefone no bolso.

— Onde diabos você estava? — Grito com Saint.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ela examina meus olhos, linhas de preocupação gravadas em
sua testa. — Eu queria ver a lua!

— Então diga a alguém para te levar! — Estalo. — Ou você


não vai.

Ela olha para Bishop, mas seu braço se agarra a mim. — O


que aconteceu?

— Ele estava drogado, assim como Eli, Hunter e Cash.

— Oh, — ela sussurra, e eu poderia estrangulá-la. Ainda


posso. Estou indeciso.

Tate não consegue tirar os olhos de Saint, e se fosse qualquer


outra pessoa, eu ficaria desconfortável com isso, mas é Tate. Ela
é tão ameaçadora quanto um chihuahua faminto.

— Bishop, — ela exala, virando-se para ele enquanto todos


nós nos encaminhamos para fora da clareira e de volta para a
festa. — Há algo que preciso lhe dizer. — Sua boca abre e fecha.

Arrasto Saint de volta para perto da fogueira. Bishop fica ao


meu lado com Spyder do outro lado de Tate. Saint cai no chão na
minha frente, inclinando-se entre minhas pernas enquanto passa
as mãos para cima e para baixo em seu corpo.

Cutuco minha cabeça em Abel. — Vá pegar o moletom dela


na minha bolsa lá em cima.

Ele imediatamente deixa sua cerveja na cadeira,


desaparecendo.

Saint olha para mim de costas. — Eles são os novos Kings?

Balanço minha cabeça. — Sim e não. Eles não serão Kings


oficiais.

— Por quê? — ela pergunta, virando-se para me encarar. —


Ele é um Hayes, certo?

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Inclino minha cabeça para o lado, mantendo meus olhos nos
dela. O pensamento de quase perdê-la esta noite vai me
assombrar para sempre. — Sim, mas ele não é o Hayes mais
velho. Bishop é.

Saint suspira, voltando-se para a fogueira. — É confuso.

Envolvo meu braço em volta do seu peito e a puxo para mais


perto. Seus dedos chegam ao meu antebraço enquanto ela enfia o
nariz atrás dele. Seus dedos parecem minúsculos contra meus
braços.

— O quê? — Bishop murmura preguiçosamente, olhando


para o fogo. — Você tem visitado Madison na Nova Zelândia?

Tate se vira para encará-lo, com o rosto pálido. — Bishop,


eu...

Ele balança a cabeça. — Fico surpreso que mesmo depois da


última vez que tive que voar com meu jato particular até lá para
arrastar a bunda dela para casa, que vocês duas ainda achem que
não sei cada passo que ela está dando. — Seus olhos pousam nos
dela. — Ou que eu sei com quem ela está.

Tate estremece. — E isso é tudo que você sabe?

Os olhos de Bishop se transformam em fendas. — Que porra


você quer dizer?

Ela balança a cabeça. — Jessie é apenas um amigo. — Uma


boa desviada. Dou-lhe esse crédito. Mas ela apenas tornou óbvio
que está escondendo algo. Madison provavelmente fez uma nova
tatuagem, elevou o hábito da cocaína, ou, não sei, fodeu uma
garota. — Ela é minha melhor amiga, Bishop. Nós nos vimos no
nosso pior, e embora eu saiba que todos vocês têm uma família
agora e Tillie ainda me odeia.

— Ela não te odeia, — Saint sussurra, seus lábios se


movendo sobre o meu braço. Pressionando-o para baixo de forma

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
que agora esteja contra sua garganta, então, repete: — Ela não te
odeia. Simplesmente não sabe como consertar o que está
quebrado.

Os olhos de Tate passam rapidamente entre Saint e eu.

Saint termina. — Tillie é muitas coisas, mas sua lealdade


vem em primeiro lugar.

Os ombros de Tate cedem, assim que Abel volta com o


moletom.

Mais tarde naquela noite, quando todos saíram e Saint está


dormindo profundamente no andar de cima, e somos apenas eu,
Bishop, Eli, Hunter e Cash no andar de baixo na sala de estar,
chuto meu tornozelo para descansar no meu joelho. — Por pouco.

Bishop esfrega a palma da mão sobre a boca, o cansaço


protegendo seus olhos. — Concordo.

— Que novo inimigo poderia ter sido? — Eli pergunta,


recostado no sofá de três lugares que está contra a parede mais
próxima do fogo.

Balanço minha cabeça. — Foi limpo.

Os olhos de Bishop encontram os meus.

— Os Rebeldes? — Eli pergunta, fechando os olhos.

— Muito ousado para eles, — Bishop responde, seus olhos


nunca se movendo dos meus.

— Isso é outra coisa então? — Cash pergunta, acendendo um


cigarro.

Enrolo meus lábios entre meus dentes. — Sim, vingança.

Bishop acena com a cabeça, nossa conversa silenciosa em


alta. Concordo.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 19
SAINT

Adorei ficar na cabana, e provavelmente seria sempre


especial para mim agora, já que foi onde Brantley e eu transamos
pela primeira vez, mas de que adianta isso quando ele não me toca
mais de forma sexual. O que quer que tenha acontecido ontem à
noite, semeou algo dentro dele.

Depois que chegamos em casa, desempacoto minhas roupas


e separo o que precisa ser limpo, depois passo pela rotina de
alimentar Medusa, Kore, e Hades. Não recebi outra mensagem do
número desconhecido desde que deixei a cabana, e há uma parte
de mim que acha que preciso falar disso com Brantley. Pode ter
uma conexão com o fato de serem drogados. No final, minha
consciência ganha e vou em sua busca. Minhas pantufas Louis
Vuitton estão ajustadas nos meus pés, com calças de ioga e uma
camiseta solta que oferece o perfeito equilíbrio de conforto.

Indo para a cozinha, encontro-a vazia. Nem mesmo V está


aqui cozinhando. Corro meus dedos sobre o mármore preto
moderno, alcançando o pote de Twizzlers. E mastigo, encostada
no balcão. Açúcar atinge a ponta da minha língua, e engulo a
coisa toda antes de pegar outro. Virando-me, estou mordendo o

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
doce quando Brantley para na soleira. Ele está totalmente vestido
com jeans, uma camiseta preta lisa que só faz sua pele parecer
mais pálida e tênis branco.

— Eu estava procurando por você, — digo, lambendo meus


lábios para tirar o açúcar. Seus olhos seguem o movimento, sua
mandíbula fica tensa.

— O que há de errado? — Ele desvia o olhar e vai até a


geladeira, abrindo uma das portas de vidro e pegando uma lata de
energético. Fechando-a atrás de si, ele se inclina contra a porta,
seus olhos nunca se movendo dos meus enquanto seus lábios
envolvem a garrafa e sua cabeça se inclina para trás. As veias de
seu pescoço incham quando ele toma goles, mas seus olhos não
deixam os meus. Ele me desnuda bruscamente sempre que olha
para mim, me arrebata até que eu esteja exposta, à sua mercê.
Não tenho nenhum problema com isso. Ele pode me rasgar para
ver do que sou feita, porque aquilo tudo que sou foi criado por ele.

Agarro meu pescoço, meus dedos tocando sobre a fonte


delicada da minha tatuagem de Vitiosis. Nunca entendi por que
ele me fez fazer isto. Presumi que fosse um rito de passagem
familiar, pois ele tem Vitiosis tatuada sobre seu peito. Mas agora
que vim aprender mais sobre ele, estou começando a pensar que
há mais uma razão.

Ele dá os três passos necessários para me alcançar,


colocando sua bebida em um lado meu enquanto sua outra mão
está pressionada contra o balcão, me prendendo. Ele inclina a
cabeça, seu foco caindo no meu pescoço, onde há hematomas
ainda visíveis de sua mordida. — O que foi, Dea? Diga-me o que
você está pensando. — Seu tom é ameaçador com uma pitada de
crueldade.

Solto uma respiração constante de ar. — Você descobriu


quem drogou todos vocês?

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ELITE KING’S CLUB #6
Ele se afasta do balcão e se inclina contra o balcão à minha
frente. — Nós sabemos quem é.

— Oh. — Engulo em seco, curvando meus lábios sob os


dentes.

— Mais alguma coisa que você queira me dizer? — Ele


pergunta, erguendo a sobrancelha em desafio. Fiquei entorpecida
com a visão da sua beleza, mas Brantley realmente é outra
coisa. Com feições tão afiadas que parecem terem sido moldadas
por um bisturi cirúrgico e olhos tão escuros que me lembram
noites furiosas e tempestuosas, ele está constantemente exigindo
ser sentido, deixando seus resquícios em você muito depois
de partir. Me pergunto quantas garotas tiveram seus corações
partidos por ele. Tive uma noite e não foi nem de perto o suficiente.

— Sim, na verdade, — eu digo, limpando minha


garganta. Alcançando meu telefone que está enfiado no cós da
minha calça, estou prestes a abrir a mensagem quando a voz de
Tillie nos interrompe.

— Oh, graças a Deus, você está aqui.

— Nunca estou em outro lugar, — digo, pressionando meu


telefone de volta no meu peito. Não perco a maneira como Brantley
segue o movimento antes de se virar, olhando para Tillie.

— Você não tem uma casa?

Ela o afasta. — Sim, mas como todos vocês estão


organizando a iniciação de Bishop, preciso de alguém para fazer
compras! — Ela olha para Brantley.

Meu telefone começa a tocar na minha mão e deslizo para


desbloquear sem ver quem é. — Alô?

— Você pode falar?

Meus olhos voam entre Tillie e Brantley.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Não precisa. Ouça. Preciso de você agora. Consegue vir?

Corro minha língua sobre meus lábios. — Sim.

— Ok. Vou mandar uma mensagem com os detalhes.

Desligo meu telefone, com a culpa tomando conta de


mim. Como me tornei tão enredada em uma teia tão intrincada de
ardis e mentiras?

— Quem era? — Brantley pergunta, e levo alguns segundos


para limpar meus olhos o suficiente para trazê-los para ele. Eles
estão nebulosos, queimando com lágrimas não
derramadas. Provavelmente vai ficar com raiva de mim. Furioso,
realmente. Posso lidar com a fúria de Brantley, mas não consigo
suportar sua decepção, e acho que, no fundo, é disso que tenho
mais medo.

— Bishop, — minto, e imediatamente me sinto mais exposta


do que nunca. — Vou subir. Ainda estou me sentindo um pouco
cansada. — Brantley me observa com atenção enquanto
lentamente vou para o outro lado da cozinha, passando por Tillie,
que está me observando com atenção também. Sinto que estou
tentando escapar de uma cova de dois leões famintos.

Dedos envolvem os meus e Brantley me puxa para seu


peito. Ele enfia o dedo embaixo do meu queixo e paro de
respirar. O movimento é tão suave, mas seu olhar queima com
chamas que lambem minha barriga por dentro. Exalo lentamente
a respiração que estou segurando desesperadamente, relaxando
meus lábios. Ele vai me beijar? Ele me solta.

— Volto mais tarde esta noite.

Meu estômago embrulha de decepção. Rolo meus lábios


entre os dentes com minha mão ainda em seu peito. Devo apenas
beijá-lo? Deus, mas eu quero.

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ELITE KING’S CLUB #6
Tillie olha entre nós. — Eu volto depois... envio uma
mensagem. — Tillie sai e dou o primeiro passo em direção à escada
quando sua mão está em meu cabelo e ele me puxa para trás como
uma boneca frágil. Só quando a porta da frente se fecha é que sua
outra mão está na minha barriga e ele está me puxando para seu
corpo.

— Eu vi o jeito que você olhou para mim, Dea, com esses


olhinhos suplicantes...

Prendo a respiração enquanto ele me empurra para frente e


minhas mãos voam na minha frente para agarrar o balcão da
cozinha. — Não foi, — digo suavemente, me contorcendo sob seu
aperto.

— Mentira, — diz ele, com a palma da mão entre as minhas


coxas. Ele esfrega círculos em volta de mim, mergulhando sob o
cós da minha calça. — Você olhou para mim como se quisesse que
eu te beijasse, mas adivinhe? — Ele me gira e me levanta sobre o
balcão por meus quadris, espalhando minhas pernas e
descansando entre elas. Ele morde meu lábio inferior. — Agora eu
vou te foder, e você vai se divertir ou vai correr. Você joga? — Ele
chupa meu lábio enquanto sua mão está alcançando minha
frente, seu polegar pressionando sobre meu mamilo que está
cutucando minha camiseta.

Inclino minha cabeça para o lado e sua boca está sobre


minha jugular. — Sim, estou no jogo.

Puxando minhas calças de ioga para baixo e me inclino para


cima para permitir que ele tenha acesso, ao mesmo tempo em que
ele morde cada pedacinho da minha pele. Ao mesmo tempo em
que ele atira minhas calças, com a mão na minha garganta, me
empurra para trás no balcão. — Arqueie suas costas.

Eu quero, mas assim que estou prestes a me inclinar


novamente para ver o que ele está fazendo e se está nu, sua boca
está em mim. Sua língua está no meu clitóris, seu aperto em volta

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
da minha garganta mais forte. Ele sacode e chupa meu clitóris até
meu estômago apertar e minhas coxas abraçarem em torno
dele. Os músculos das minhas pernas relaxam quando uma
explosão de prazer estilhaça a medula dos meus ossos, escorrendo
pelo meu sangue até bater em meus ouvidos no mesmo ritmo do
meu coração. Estou recuperando o fôlego enquanto internamente
me acalmo quando suas mãos estão na parte superior das minhas
coxas e ele está me arrastando para baixo do balcão, o único som
é de sua fivela de cinto caindo no chão da cozinha com
um baque retumbante. Uma mão está de volta na minha
garganta conforme ele me guia para baixo até meus pés tocarem
o chão.

— Espere aqui...

Ao colocar minhas mãos de volta na minha frente, ele faz


uma pausa, dá um passo para trás e pega seu cinto do
chão. Puxando minhas mãos para trás, faz várias voltas antes de
puxar para apertar. Ele me gira, leva a mão à minha nuca e me
empurra de barriga para baixo no balcão. Chutando minhas
pernas com as dele, espero silenciosamente por seu próximo
movimento, mas nada acontece. Bem quando acho que ele saiu, a
ponta de seu dedo mergulha em minha entrada antes que ele paire
sobre meu corpo, mergulhando seu dedo em minha boca.

— Fique assim.

Não me movo enquanto seus passos desaparecem da sala.


Passam alguns minutos quando finalmente retorna, fechando as
persianas que ficam atrás da pia da cozinha. Uma centelha de
chamas saltando das paredes aparece e meu corpo congela. O que
ele está fazendo?

— É cera de soja... — Sua voz vem baixa e meu coração bate


de forma irregular no meu peito. — O que significa que esfria mais
rápido quando atinge a pele. Veremos como você se sairá com isso,
mas, eventualmente, quero passar para a cera de abelha.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Eu não...

A ponta de seu pau lateja contra minha entrada e seus dedos


escavam em meus quadris, elevando meu corpo mais alto até que
meus pés saiam do chão. Minhas mãos ainda estão amarradas,
mas a posição é confortável. Lentamente pressiona seus quadris
para dentro de mim, seu pau se move em minhas paredes
molhadas a cada poucos segundos antes de sair. Percorrendo a
palma da mão pelo arco da minha coluna vertebral, ao mergulhar
mais profundamente dentro de mim. Gemo alto, a sensação dele
dentro de mim é quase demais para aguentar. Cada vez que ele se
retira, seus piercings esfriam, de modo que cada vez que ele volta
a entrar, são extremamente evidentes. Finalmente ele golpeia em
mim de forma grosseira e me agito para frente, meus mamilos
roçando contra o mármore frio conforme meu corpo é jogado mais
acima no balcão. Líquido quente derrama pela minha espinha eu
grito, praguejando baixinho à medida que esfria e endurece. Ele
empurra para dentro de mim repetidamente, cada empurrão me
aproximando do estado de intoxicação. Quando termina, deixa-me
completamente destruída, aberta e crua, e neste momento, eu o
permito.

— Não goze até que eu diga. Segure-se.

O suor escorre do meu rosto enquanto ele envolve meu


cabelo em torno de seu pulso e o puxa com força. Meus olhos
ardem quando fios de cabelo são arrancados de suas raízes, mas
ele não para. Minhas coxas começam a esquentar, e a sensação
muito familiar de um clímax está crescendo conforme o tempo
passa. Eu sei que se soltar agora, vou quebrar com os efeitos
colaterais, mas se eu esperar até que ele diga, vou queimar. Eu
quero queimar. Tão quente quanto a próxima gota de cera que ele
derrama nas minhas costas. Estou cada vez mais perto, minha
respiração muito pesada para conter.

— Brantley, vou...

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ele mergulha em mim com força, puxando meu cabelo. É
quando eu sinto o metal frio de uma faca em meu ombro. Meus
olhos rolam para a parte de trás da minha cabeça quando ele
pressiona a lâmina na minha pele. Eu sibilo, mostrando meus
dentes, mas ele continua com seu ataque. O calor de sua boca cai
sobre onde pica nas minhas costas, e de repente é demais. O
piercing em sua ponta atinge a borda do meu colo do útero,
enviando ondas de choque elétrico pelo meu corpo. Grito,
puxando o cinto que está em volta dos meus pulsos, precisando
me segurar.

Ele solta o cinto assim que atinge algo dentro de mim. Desta
vez, diferente. As ondas quebram sobre mim como ondas de maré
e tudo ao meu redor fica preto. Meus músculos se contraem tão
fortemente que tenho uma convulsão, a onda quente de um
orgasmo, muito mais potente e poderoso do que outras vezes. Mal
estou de volta ao presente quando seu braço está em volta da
minha barriga e ele está me arrastando para o chão da
cozinha. Estou montada sobre ele, mas meus olhos ainda estão
fechados.

— Eu não consigo... vou morrer.

Sua mão está na minha nuca, a outra no meu quadril. —


Monte-me até eu gozar e não pare até sentir... — Ele aperta com
tanta força que tenho certeza de que haverá mais hematomas. —
Você queria foder como os garotos grandes, então me foda como
uma garota grande.

Rolo meus quadris sobre ele, mas não é rápido o suficiente


porque está batendo meu corpo em cima dele em pouco tempo,
como se não pudesse lidar com o fato de eu estar no controle. A
mão que estava no meu pescoço agora está no meu quadril
enquanto ele conduz dentro de mim com força e poder. Tudo
lateja, mas meu corpo treme constantemente à medida que ele
continua. Virando-me com meus membros frágeis voando por
toda parte, ele me bate nas costas e abre minhas pernas até que

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
esteja de volta dentro de mim, com uma palma na minha
coxa. Seu pau penetra, profundo e vicioso. Sua boca na minha ao
mesmo tempo que ele afunda os dentes no meu lábio inferior
novamente. Levando a mão ao meu cabelo, puxando-o para me
manter no lugar, sem nunca quebrar nosso beijo. Não é até que
ele esteja gemendo por seu orgasmo, seu pau pulsando dentro de
mim, que realmente sinto a fadiga. Seu corpo pesado cai sobre
mim, escorregadio de suor, sangue e a evidência de todos os meus
orgasmos entre nós.

Minha mão está nas mechas úmidas de seu cabelo, minha


respiração ainda pesada. — Foi uma experiência de quase morte.

Ele ri, levantando-se do chão. Movendo-se pela cozinha,


abrindo um dos muitos armários e pegando um kit de primeiros
socorros. — Vire-se. Vou te enfaixar.

Quem diria? Sexo com Brantley contém cera quente, sangue,


e sempre, sempre um curativo. Quanto à sua pele, você está sem
sorte caso precise de uma para o seu coração.

~~~

Depois de arrastar meu corpo meio morto de volta ao meu


quarto, estou puxando as roupas para baixo dos cabides quando
pressiono o botão no nome do Bishop.

Ele responde instantaneamente. — Você está bem?

Sinto outra onda de culpa. — Sim, eu queria saber quando


será a cerimônia?

— Só no domingo, — ele responde cauteloso. É quarta-


feira. Estarei de volta então. — Tem certeza de que está bem?

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Faço uma pausa. Eu poderia contar a ele. Não, não
posso. Enfio as roupas em uma pequena bolsa de lona e fecho o
zíper. — Sim. Estou bem. Você se preocupa muito. — Pego meu
passaporte e o dinheiro de emergência dentro do
armário. Brantley o colocou lá quando eu tinha treze anos. Disse-
me que se algo acontecesse com ele que eu precisava ser rápida e
fugir. Pego meu passaporte, uma pilha de notas de cem dólares,
mas deixo o celular preto.

— Me preocupo porque me importo e, ao contrário de como


você tem sido tratada desde que entrou na minha vida, a emoção
é rara para mim.

Sorrio, jogando tudo em uma pequena bolsa com alça de


ombro. — Assim como Brantley?

— Não é tão ruim assim... — Bishop grunhe.

— Como você está se sentindo sobre a cerimônia? —


Pergunto, tirando a cortina do meu caminho para que eu possa
ter uma visão clara da garagem. Observo enquanto Brantley se
move em torno de seu Bugatti, seu telefone pressionado contra
uma orelha com a mão apoiada no carro.

— Preparado para que tudo acabe.

— Bishop? — Sussurro, enquanto Brantley sobe em seu


carro e Tillie no dela. — Eu te amo.

Ele respira fundo. — O que você está fazendo?

— Nada. — Mordo meu lábio inferior. — Estou apenas


dizendo a você.

— Saint, eu...

Ouço um barulho ao fundo e pessoas chamando por ele. —


Tenho que ir. Vou te ver amanhã.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Sorrio. — Certo. Tchau. — Quando abaixo meu braço, meu
estômago cai com ele. Sei que o que estou fazendo será visto como
uma traição, mas tenho que fazer isso. Fiz uma promessa.

Ela me enviou os detalhes de que eu precisava, que incluíam


uma viagem de limusine até o aeroporto mais próximo. Não sabia
aonde. Nunca tinha entrado na cidade antes, então tudo era como
luzes brilhantes para mim. A pressa, a urgência para a qual todos
se moviam, nem sequer passou pelo meu cérebro. Por que todos
estavam com tanta pressa? Para quê?

Paramos na pista de pouso e o motorista desliza para baixo


o vidro fumê que separa a frente e a traseira.

Seus olhos encontram os meus pelo espelho retrovisor. —


Senhorita Vitiosis, seu jato espera...

Fico boquiaberta com o jato particular preto lustroso. A


cabine está aberta, com escadas que levam ao asfalto. Há três
homens de terno parado no final, todos armados com armas
pesadas.

— Obrigada, — sussurro, alcançando a porta e abrindo-a. O


porta-malas já está aberto e um dos ditos homens de terno está
carregando minha mochila.

Pego meu telefone e bato em discar o número que tenho para


ela.

Ela responde.

— Madison. Estou decolando agora.

O sangue encharcou minha camisa, minhas mãos bem


esticadas e amarradas ao toco de árvore. Eu sabia que estava
perdida. Nunca mais veria minha família. Nunca iria intimidar

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Sandra Mckenna novamente, embora tivesse grande prazer em
esfregar em seu rosto que o motivo pelo qual ela sofria de mau odor
corporal e acne era porque ela não conseguia parar de comer toda
aquela comida gordurosa e nojenta. Claro, enfiar a cabeça no pote
de óleo do refeitório provavelmente foi ir longe demais, mas, quero
dizer, poderia ter sido pior. Duh. Eu poderia ter esperado até que
o óleo fervesse antes de fazê-lo. Mas isso a teria matado, e não
queria fazer isso. Eu queria destrui-la. Gostava de destruir
pessoas, mas gostava mais de sexo, e foi assim que acabei aqui em
primeiro lugar.

Tinha muito orgulho para dizer qualquer outra coisa. Meu pai
me ensinou melhor. Você desce orgulhoso, não um covarde, e é
assim que vou fazer.

— Sorria para o papai, Ava Garcia. Seu tempo de jogo está


quase acabando.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 20
BRANTLEY

Há um segredo. Um segredo muito grande. Um que escondi


dela por toda a vida, e um que ninguém menciona. As pessoas
sabem sobre isso, mas não falam sobre isso.

Ando em frente até meu carro sair da rodovia principal,


seguindo o mesmo caminho que sempre faço quando o nome de
Nate pisca na tela do meu painel.

Atendo e clico em alto-falante. — O quê?

— Você está trabalhando?

Cerro meus dentes. Estou mais frustrado do que o normal


ultimamente, e aposto que tem tudo a ver com o fato de meu pau
saber como é estar envolta dela. Me ajusto e coloco o carro na
terceira, disparando para frente. — Não. Estou perseguindo uma
pista de quem nos drogou naquela noite. Por quê? O que há de
errado? Precisa de alguém para ir às comprar roupas de bebê com
você?

— Foda-se. — Nate ri. — Idiota. — Era tarde demais para


retirar as palavras depois que as cuspi. Me esqueço de
Micaela. Não deveria provocá-los tanto com isso.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Você precisa de algo ou apenas sente falta do gosto do meu
pau?

— De novo, foda-se. Sim, estou com Hector. Vou colocar você


no viva-voz.

— Brantley? — A voz de Hector vem do meu telefone e me


sento um pouco mais ereto. — Filho, eu tenho uma pista. E não
quero que você vá lá até eu mandar reforços.

— Basta enviar os detalhes. Aquele idiota me drogou


enquanto Saint estava por perto. Ele está acabado.

Pausa.

— Filho, é complicado. — Uma porta se abre e se fecha ao


fundo.

— Bran? — A voz de Bishop é dura. — Onde você está? Irei


te encontrar.

— Prestes a cruzar a ponte.

Outro período de silêncio.

— Qual ponte? — Bishop pergunta, e posso imaginar todos


os seus rostos agora. Eles estariam todos olhando uns para os
outros, se perguntando quando vou explodir. Porque não explodi.
Mas, em minha defesa, explodir não é o meu forte. É coisa de
Bishop e Nate esconderem suas emoções dessa maneira. Não
explodo. Eu implodo, a única pessoa que danifico sou eu mesmo.
Funciona melhor desta maneira.

— Wickers Lane. — E desligo o telefone antes que eles


possam me convencer do contrário. O cenário do lado de Nova
York da ponte Wickers Lane e do lado do rio não é tão
diferente. Riverside não é tão pequeno quanto você imagina e,
assim como Perdita, todo mundo que mora aqui sabe quem somos
nós.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Mas desta vez, quando digo nós, não quero dizer apenas os
Kings.

Outra pessoa também.

Dirijo meu carro sobre o paralelepípedo que forma um arco


sobre as águas de Heitor abaixo. Nunca gostei muito de voltar
para Riverside. Era como visitar velhos fantasmas que você tentou
enterrar há muito tempo. Não que eu já tenha idade suficiente, ou
mesmo tivesse sequer nascido para lembrar muitos dos eventos
que aconteceram aqui, bem como a saída do Elite Kings Club, mas
o cheiro de ser indesejado é pesado no ar a qualquer momento que
precisasse voltar.

Dirijo pela estrada mal iluminada até chegar ao final, e a


placa, Riverside dá as boas-vindas.

— Sim, porra, certo, — sussurro, pisando fundo até que


estou passando pela cidade. As pessoas estão andando por aí, no
seu cotidiano, e de vez em quando você as vê olhando para o meu
carro.

Eles sabem. Se há algum veículo europeu que tenha vidros


escuros e brilhantes rolando pelas ruas de Riverside, eles sabem
que um King está atrás daquelas janelas muito escurecidas, e
ninguém, e realmente quero dizer que ninguém que vive aqui quer
isso.

Estaciono meu carro em um dos pontos fora da praça da


cidade, passando o dedo sobre meu lábio superior. Tudo o que
tenho que fazer é esperar, e um dos chupadores de pau vai pular
de algum lugar.

Quando isso não acontece, ligo meu carro novamente, assim


que outra ligação é recebida. Bishop desta vez.

— O quê? — Estalo, rangendo meus dentes.

— Eu sei que você está louco.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Furioso pra caralho. Eles puxaram essa merda com
Saint. Eu preciso deles mortos.

— Você e eu, irmão, mas você precisa sair. Encontre-me em


Buckingham. Podemos conversar lá como um grupo. Eu sei que
você está se sentindo ansioso e quer todos aqueles idiotas, mas
agora você não pode. Me encontre lá.

Saio da praça da cidade, a raiva apenas borbulhando ainda


mais.

A vingança é doce, e por acaso estou morrendo de fome.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 21
SAINT

O avião pousou quarenta minutos atrás, mas eu precisava


correr para o banheiro imediatamente depois de sair do jato. Não
sei se gosto de voar longos períodos de tempo. Foram 12 horas e
sinto que perdi uma semana inteira.

Está quieto, o único som é o leve gotejar de uma torneira. Eu


a viro e coloco minhas mãos embaixo, esperando até que estejam
cheias antes de jogar água no meu rosto.

— Ava Garcia, — sussurro, esfregando a água dos meus


olhos. Eu pulo para trás quando uma sombra negra passa por
mim. Foi através da visão turva por causa da água, então chego
ao lado para pegar uma toalha de papel, esfregando-a no rosto.

Ninguém está lá.

Suspiro, jogando a toalha de papel na lata de lixo e esfrego


as laterais das minhas têmporas. Acho que estou enlouquecendo.

Volto para a área do lobby e sigo as instruções que levam à


área de desembarque. Madison sabia que esta era a minha
primeira vez em um aeroporto, então ela descreveu exatamente
para onde eu precisava ir. Puxando minha bagagem de mão

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
comigo, passo pela alfândega e entro no saguão. Há um homem
de terno de pé, segurando uma placa que diz Swan.

Faço uma pausa.

Ele me encara.

Aceno com a cabeça e vou até ele enquanto abaixa a placa e


a enfia embaixo do braço. — Vou levar sua bolsa, Saint. Madison
está no carro.

— Obrigada, — digo, seguindo atrás dele indo para fora.

O calor me dá um tapa no rosto, instantaneamente me


confundindo ainda mais. — O quê? É inverno!

A porta traseira de uma limusine se abre e eu deslizo para


dentro. — Que tempo é esse? — Digo enquanto estou fechando a
porta. Quando viro meus olhos para a frente paro.

E noto sua barriga instantaneamente. Madison é ainda mais


bonita na vida real, mas há algo tão óbvio que não posso deixar
de apontar. — Você está grávida, — grito, o carro lentamente se
afastando do meio-fio.

Ela se mexe inquieta, uma mão na pequena barriga. Não está


muito adiantada, mas também não está exatamente
escondendo. — Sim. — Ela enfia o cabelo atrás da orelha. — É por
isso que eu a chamei para vir. É esse favor que preciso de você?
— Quando seus olhos se conectam aos meus, ela faz uma pequena
pausa antes de balançar a cabeça. — Cara, a semelhança é
incrível...

— Tillie e eu somos parecidas, — respondo suavemente.

— Não Tillie. Bishop.

— Oh, — digo, mordendo meu lábio. — Bem, nenhum dos


meninos disse isso.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— E não vão. — Madison revira os olhos, rindo enquanto olha
sombriamente pela janela. — Porque eles iriam querer estar muito
em suas calças.

Eu a afasto enquanto ela pega uma garrafa de água, me


entregando uma. — De qualquer forma, esse favor de que preciso
tem a ver com o seu sangue.

Engulo, limpo minha boca com a mão e coloco no topo das


minhas coxas. — Ok. O que você precisa de mim?

Percorremos a cidade que Madison, eu acho, disse se chamar


Auckland. Nome estranho, cidade grande. Não tão grande quanto
Nova York e com carros que circulam do outro lado da estrada,
mas ainda assim grandes.

Ela destranca a porta de um quarto de hotel e faz um gesto


para que eu entre. Coloco minha bolsa ao lado da mesa da
cozinha. Ainda não sei como lidar com Madison. Tudo que sei é a
dor de Bishop, então naturalmente me sinto no limite com ela.

Ela aponta para o sofá na sala de estar, onde há vistas


panorâmicas da cidade a partir das janelas. — Sente-se por
favor. Já me sinto mal por arrastar você até aqui. — Ela
desaparece na cozinha, antes de entrar novamente, segurando
duas garrafas de suco.

Pego uma dela, sentando lentamente no sofá de couro. —


Como você sabia que eu viria e não traria Bishop?

Ela se encolhe com a menção do nome dele, antes de se


sentar à minha frente no sofá de um lugar. — Acho que não sabia.
Ouvi dizer que vocês dois são muito próximos agora, então no
fundo da minha mente não sabia se você faria isso. — Ela inclina
a cabeça e é quando tudo se encaixa. Ela é a sósia da Madison
Beer. Os longos cabelos castanhos, olhos, formato do rosto. — Por
que você não o trouxe?

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Torço a tampa do meu suco. — Ele está sofrendo o
suficiente. Eu não iria arrastá-lo para isso também. — Ofereço um
pequeno sorriso para suavizar as palavras.

Elas não ajudaram, porque seus olhos ficam vidrados e seus


lábios tremem. — Sinto muito. — Ela enxuga os olhos, enxugando
as lágrimas. — A gravidez me emociona.

Meus olhos caem para sua barriga. — Então, você conheceu


outra pessoa? — Realmente não queria perguntar isso porque não
queria ter que esconder de Bishop. Agora entendo por que ela não
me disse o favor antes de eu sair, porque eu teria contado a
Bishop.

Seus olhos lacrimejantes se fixam nos meus. — Porra, não!


— Seu rosto se contrai. — Desculpe. Não. Eu... algo aconteceu
antes de eu partir. Embora tenha acontecido apenas uma vez, e
Bishop e eu sejamos, digamos, ativos, tenho quase certeza de que
esse bebê é dele. Mas preciso comprovar.

Tomo um pequeno gole do meu suco, inclinando minha


cabeça. — Comprovar, por quê?

— Porque se não for dele. — Seus cílios tremem. — Então


vou ficar aqui e adotá-lo.

— E se for? — Pergunto, inclinando-me para frente.

Seus olhos encontram os meus. — Então será sua


escolha. Ele está com raiva de mim, e eu sei disso, mas também
sei que não veio me buscar, o que geralmente acontecia, o que
significa que ele está mais do que bravo, está ferido.

— Ele está, — sussurro, olhando para longe, antes de voltar


para ela.

Ela continua. — Tenho meu médico vindo hoje à


noite. Espero que esteja tudo bem?

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Rolo a garrafa de plástico entre as palmas das minhas
mãos. — Isso é perfeito. Quero estar de volta o mais rápido
possível, embora Brantley vá me matar de qualquer
maneira. Posso tirar uma soneca antes disso, se estiver tudo bem.
— Meu cérebro está lento e não estou processando as coisas na
velocidade que normalmente faria.

— Claro, — diz ela, levantando-se do sofá e colocando seu


suco na mesa de centro de vidro em frente a ele. — Vou te mostrar
o quarto de hóspedes. Cheguei há alguns dias. Tive que preparar
todos os cenários que passaram pela minha cabeça antes de
perguntar isso a você.

Eu a sigo pelo corredor até chegarmos a três portas. Uma já


está aberta, mostrando um banheiro, e as outras duas estão
fechadas, suponho que sejam quartos. Ela abre a porta e gesticula
para dentro.

— Tem um banheiro ali, toalhas e tudo que você precisa,


hum...

Viro-me para encará-la, colocando minha bolsa no chão por


dentro.

— Obrigada. Não posso expressar o quanto estou grata por


você fazer isso. Não tinha ideia de como iria lidar com isso... —
Ela engole em seco, seus olhos se enchendo de lágrimas. — Como
resolver como ou o que eu faria.

Mordisco meu lábio, tentando me impedir de fazer a pergunta


que está na ponta da minha língua. — O que você acha que Bishop
diria se o bebê não fosse dele?

Seus olhos se arregalam, suas bochechas ficam


vermelhas. — Ele não gostaria de criá-lo.

Abro o zíper da minha bolsa, tirando um shortinho e uma


camiseta. — É aí que eu acho que você está enganada. — Caio na

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ELITE KING’S CLUB #6
cama, observando-a. — Acho que ele te ama o suficiente para
aceitar essa criança, mesmo que não seja dele.

— O que você está dizendo? — ela pergunta baixinho, e vejo


como seus ombros caem e suas pálpebras ficam pesadas.

— Madison, — sussurro suavemente, não querendo


perturbá-la.

Ela é obviamente linda, mas posso ver que o estresse não


tem sido gentil. Seu cabelo é comprido e castanho, mas sem o
brilho nas mechas que vi em tantas fotos. Há olheiras que
mostram sua falta de sono.

— Estou dizendo que você deve deixá-lo escolher


independentemente do resultado.

Seus olhos se fixam nos meus, antes de um pequeno sorriso


surgir em seus lábios. — Durma. Vou te acordar quando ele
chegar.

— Um pouco antes, por favor. Preciso sempre de uns bons


vinte minutos depois de acordar para conseguir falar.

Ela ri. — Ok. Combinado.

Quando ela fecha a porta atrás de si, rapidamente corro para


o chuveiro e esfrego meu corpo para evitar o odor pegajoso da
viagem, antes de escovar os dentes e os cabelos. Estou de volta ao
meu quarto, apagando as luzes e fechando as cortinas, quando
meu telefone começa a vibrar na mesa de cabeceira.

Não o deixei para trás. Queria ser capaz de atender e me


comunicar com Brantley. Eu não estava fugindo, e não queria que
ele se estressasse em relação a mim, não quando sei que todos
eles estão tentando resolver todo o dilema de quem os dopou.

Jogo-me no colchão e luto com meus olhos cansados para


abrir as mensagens.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
12 mensagens não lidas

8 chamadas perdidas

Suspiro, abrindo a primeira mensagem de texto.

Brantley: Onde diabos você está?

Brantley: Recebi seu recado. É melhor você estar


brincando.

Minha nota era simples. Dizia que estaria em casa no


sábado, pronta para a cerimônia no domingo e para não se
preocupar.

Brantley: Eu vou matar você. Juro por todos os deuses,


Saint. Você está morta.

Bishop: Onde você está?

Bishop: Você não pode simplesmente desaparecer. Não


aguento mais uma...

Essa mensagem me detém. A culpa se instala dentro da


minha barriga, e antes que eu possa me deter, clico no nome de
Bishop. Então desligo. Abro uma mensagem para Brantley.

Eu: Estou bem. Estarei em casa logo.

Clico no nome do Bishop.

Eu: Você não precisa se preocupar com isso. Eu prometo


que é importante, ok? Estarei em casa no sábado.

Meu telefone escorrega da minha mão enquanto meus olhos


se fecham lentamente.

Meus cílios tremem contra minhas bochechas. Tento abri-


los, mas sempre que o faço, sinto como se tivessem sido
esmagados por pesados blocos de cimento.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
O cheiro me atinge primeiro. Carne frita, tutano podre e
órgãos secos.

Uma árvore.

Pulo da cama, meus dedos cerrados em torno dos lençóis


enquanto um som agudo apunhala meus tímpanos. Só quando
Madison bate na minha porta, com as mãos cobrindo os ouvidos,
é que percebo... que o som sou eu.

Paro de gritar, enquanto envolvo meus joelhos contra meu


peito e balanço para frente e para trás.

— Ei! — Madison entra mais no quarto, fechando a porta


atrás dela e sentando no colchão. Sua mão vem para a minha, me
apertando suavemente. — Está tudo bem. É um pesadelo.

Exalo a respiração que não sabia que estava segurando,


deitando na cama até que estou descansando contra a
cabeceira. — Desculpe. Não queria te assustar.

— Está tudo bem, — ela diz. — Você quer que eu pegue um


copo d'água ou algo assim?

Balanço minha cabeça. — Não, está tudo bem.

Meu telefone toca na mesa de cabeceira e eu o


alcanço. Quando vejo o nome de Brantley piscar na minha tela,
minhas entranhas desmoronam.

Madison segue meus olhos e recua. — Ele me assusta. Por


favor, atenda.

Passo meu dedo e lentamente coloco meu telefone no


ouvido. — Alô?

— Pergunta. — Sua voz é baixa, e cada corda vocal que ele


exala atinge cada canto da minha alma. O gelo desce pela minha
espinha e arrepios sobem por toda a minha pele. Meus olhos

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
encontram Madison e ela passa os dedos sobre as pequenas
saliências no meu braço.

— Sim? — Pergunto baixinho, esperando que isso suavize o


golpe.

— Por que diabos você acha que eu mantive você trancada


nesta casa por todos esses anos?

— Ouvi você dizer a Nate uma noite.

Silêncio. — Que noite?

Madison se levanta para sair, mas eu a interrompo com


minha mão em seu braço. Balanço minha cabeça e ela lentamente
se abaixa de volta na cama. — Na noite em que todos vocês deram
uma festa na mansão e Nate tentou abrir minha porta. Você disse
que ele não poderia me ter.

Brantley pausa novamente, antes de rir. — Você realmente


acha que isso é tudo?

— Bem, agora que você diz assim, não...

— Venha para casa. Agora.

— Eu posso...

— Saint? Não brinque comigo, porra. Casa.

— Ok, mas há...

— Saint... — ele rosna, e o grunhido patina sobre meus


tímpanos, balançando meu núcleo. — Casa.

— Tudo bem, — respondo com um sussurro, apertando o


telefone. Logo depois de terminar de fazer o que estou fazendo. —
Você poderia dizer a Bishop que estou bem? Ele estava estressado
noite passada.

— Ele sabe.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Vejo você em breve...

Há uma longa pausa, antes de ouvir uma porta se fechando


ao fundo. — Coloque no viva-voz.

Entro em pânico, meus olhos disparam para Madison.

— O quê?

— Faça.

Abaixo meu telefone, apertando o botão do alto-falante. Ele


não perde tempo.

— Madison, se algo acontecer com ela, juro a Deus que farei


de sua vida um inferno na Terra antes de lenta e cuidadosamente,
destruí-la. Você me entendeu? Não lhe faltará um maldito cabelo
na cabeça quando ela voar para casa. Não sei que porra vocês
duas estão fazendo, mas confio o suficiente em Saint para saber
que ela não faria algo a menos que houvesse uma boa razão. Ela
é inteligente, muito mais esperta do que qualquer um que eu
conheço, e está cerca de três passos na frente do cérebro humano.
Você fode com ela, fode comigo.

Madison suspira, inclinando-se para frente. — Bran, ela está


segura.

— Mantenha assim. — Então o telefonema termina e os olhos


de Madison encontram os meus.

— Ele está piorando com a idade.

Sufoco um gemido. — Pensei que ele fosse sempre assim.

Ela balança a cabeça. — Não. Nunca. Ele era o calado que


todos nós tínhamos muito medo de abordar. Vê-lo agitado é novo.
-— Os ombros de Madison balançam enquanto ela tenta conter as
risadas. — Cara, eu não sentia que estava perdendo muito por
estar longe, mas com certeza pagaria por um lugar na primeira
fila do show de Saintley.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Minha risada morre lentamente. — Não há muito
show. Fizemos sexo duas vezes, a primeira vez ele foi meu
primeiro, e a segunda vez parecia mais um sexo com raiva, do qual
eu meio que gostei.

Seus lábios se alargam. — Bem, não posso ajudar muito


nisso. — Um pequeno sorriso surge em sua boca antes que ela
toque na minha mão. — O doutor está aqui. Você dormiu oito
horas!

Balanço minhas pernas para fora da cama. — Estou pronta.

O líquido quente encheu minha boca, o gosto pesado de metal


escorrendo pelo fundo da minha garganta. Eu ainda estava
pendurada na árvore, balançando para frente e para trás como um
porco caçado, prestes a ser chamuscado antes de ser comido.

— Nós sabemos o que você faz... — Brantley disse, e levanto


minha cabeça, usando toda minha força, pendurada entre minhas
omoplatas. — Nós sabemos quem diabos você é.

Rolei o líquido viscoso na boca e cuspi no chão. — Então você


sabe que acabou de assinar sua certidão de óbito.

Brantley riu tanto que os pássaros provavelmente voaram das


árvores. Ele se aproximou, inclinou a cabeça, mantendo os olhos
nos meus. — Nah, você vê, nós sabemos quem você é... — Sua
língua saltou para os lábios antes que o canto de seu lábio se
erguesse em um sorriso sinistro. — Mas você sabe quem somos?

— Eu disse que não! — Gritei, puxando as cordas que estão


amarradas em volta dos meus pulsos.

Ele se aproximou e a noite ficou silenciosa. As folhas e galhos


rangeram sob suas botas pesadas e eu fracamente peguei os outros
meninos no fundo, por cima do ombro. — Nós somos os filhos da
puta dos The Elite Kings.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Pauso. O sangue que enchia minha boca agora derramava de
meus lábios.

Seu dedo veio aos meus lábios, me silenciando. — E você


acabou de se tornar nossa presa.

Ele deu um passo para trás, limpando a lâmina da faca na


camisa. — Você se lembra de mim agora?

Engoli em seco. — Eu sei quem você é.

— Ótimo. — Ele se inclinou e cortou a corda que segurava meu


peso na árvore e caio em uma queda, batendo no chão. — Então
sabe por que estou prestes a matá-la e que você merece? — Ele se
inclinou e passou o dedo pelo lado da minha bochecha.

Eu sabia. Eu sabia exatamente por quê. — Foi Jay, não eu.

— Nah, nah. — Brantley deu uma risadinha. — Resposta


errada.

Viro-me e corro. Corro tão rápido que meus pés latejam e


doem. Olho para a frente, mas sinto um baque vibrar na parte de
trás do meu crânio, e então eu estou caindo para frente.

Caindo e caindo. — O quê? — Sussurrei, meus olhos se


enchendo de calor. O calor escorria pela minha nuca e para o lado,
minha cabeça queimando com uma dor tão lancinante que eu não
consigo nem gritar. Estendo a mão para tocar onde doí, mas minha
mão se conectou a uma alça de plástico que estava saindo do meu
crânio.

Botas de combate, folhas secas de outono, a lua cheia e a


mistura tóxica da morte. Sangue jorrava das minhas órbitas
enquanto fechavam.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 22
BRANTLEY

Apertando meu telefone na mão, me inclino contra a parede


e tento contar até dez. Minha pulsação bate dentro de mim, minha
cabeça girando. Eu poderia matá-la. Flexiono meus dedos em
meu punho, flexionando minha mandíbula. Posso envolver meus
dedos em torno da circunferência de seu pequeno pescoço e
apertar, até que ela perceba com quem diabos está fodendo. Eu a
abriguei por toda a sua vida, nunca me permiti tocá-la. Se as
manchas pretas forem brancas, ela está lá para ficar, e foi
exatamente isso que eu fiz. Quando a porta do escritório de Bishop
se abre e ele se inclina contra a soleira, seus braços se dobram
diante de si.

— Ela chegou lá segura?

— Sim. — Levo meu telefone de volta para baixo, colocando-


o no bolso de trás.

Bishop ri. — É fofo que essas garotas pensem que podem sair
sem que saibamos onde diabos elas estão.

— Você sabe por que Madison precisa dela?

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Bishop balança a cabeça, seus olhos perdendo o foco. —
Quem sabe a essa altura. — A porta da frente do apartamento de
Bishop abre e fecha, enquanto Nate segue seu caminho pelo
corredor.

Ele faz uma pausa, seus olhos oscilando entre nós dois. — O
que eu perdi, porra?

— Ah, você sabe. — Bishop revira os olhos. — Mais um


exemplo de nosso gosto estelar por mulheres.

A sobrancelha de Nate sobe. — Onde está Saint?

— Foda-se, — estalo, chutando a parede e indo para o


escritório.

Nate e Bishop me seguem, tomando seus assentos entre as


numerosas cadeiras espalhadas. O apartamento não é usado com
tanta frequência quanto todos nós pensamos que seria. Fico em
silêncio enquanto esperamos o resto dos Kings antes de
começarmos a trabalhar. Meus dedos tocam minha coxa, minha
perna balançando enquanto meu outro dedo traça o topo do meu
lábio superior. Repito isso antes que todos estejam aqui. O
escritório de Bishop aqui é grande o suficiente, mas não tão
grande quanto o de sua casa, onde ele nem esteve desde que
Madison foi embora. Fodido show de merda. Este lugar é mais um
hotel do que uma casa.

— Agora que estamos todos aqui, precisamos de sua


atenção. Estou ligando para nossos pais. Precisamos deles nisso.
— Bishop aperta alguns botões e coloca o telefone no viva-voz.

— Pai, estamos todos aqui.

— Tudo certo. — Ouço enquanto os outros quatro anunciam


sua presença. Chegamos à conclusão de que as mesmas pessoas
que atiraram em nós estão conectadas com aqueles que nos
drogaram. — Entendo que vocês estão todos com raiva pelo que
aconteceu naquela noite. Eles drogaram vocês, deixaram vocês

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
vulneráveis e, além disso, eles atiraram em você, mas me ouça em
alto e bom som... — Onde quer que Hector esteja, é
barulhento. Tanto aviões, quanto carros, não consigo decidir. —
Vocês não farão nenhum movimento até depois da
cerimônia. Haverá muitas pessoas importantes presentes, as
mulheres colocaram muito tempo e esforço no planejamento, e
Bishop, se você foder isso com sua mãe, sabe o que vai acontecer.

Sorrio para Bishop.

Ele me mostra o dedo do meio. — Combinado. Não faremos


nenhum movimento até depois da cerimônia.

— Ótimo, — Hector diz facilmente. — A última cerimônia que


fizemos foi obviamente a minha. É um grande evento. Há três
etapas durante a noite. Você receberá informações durante as
próximas quarenta e duas horas. A primeira etapa é apenas com
os Kings, a segunda com a família e amigos, onde haverá comida,
discursos e bebida. A última parte é a cerimônia. Uma canção será
tocada, você fará seu juramento, e depois é tudo. Me demito e fodo
sua mãe até quase apodrecer, e você assume o estresse.

Bishop flexiona a mão. — Pai! Porra!

Hector ri, e posso ver seu sorriso presunçoso daqui. — Estou


falando sério. Nada vai acontecer até a cerimônia. Não poderemos
suportar a pressão antes disso.

Todos concordamos, e Bishop desliga o telefone, seus olhos


caindo em todos nós.

Nate, Eli, Cash, Hunter, Jase - porque os velhos fodidos estão


sempre aqui de qualquer maneira - e o silêncio que se derrama
entre nós é ensurdecedor.

Embaralho-me na minha cadeira.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Jase desliza para o chão, puxando os joelhos até o peito. —
Perdemos alguma coisa aqui? Vocês falam como se soubessem
quem tem feito toda essa merda?

— Nós sabemos. — Bishop acena com a cabeça. —


Estamos...

Meus olhos colidem com os de Bishop.

— ...aguardando.

Zombo, a adrenalina já se instalando no meu sangue. Eu


preciso disso.

— Quer nos informar sobre isso? — Jase cruza os braços na


frente de si mesmo.

Passo minha língua sobre meus dentes. — Garcia.

Havia uma razão pela qual o chamavam de


congelamento. Ele literalmente morderia sua pele até que você não
pudesse mais sentir. Afundei minhas unhas na neve branca,
minha mandíbula cerrada. E descobri que piorava
progressivamente com a idade. Meu pai não era apenas um
homem mau, ele era totalmente vil. Ele queria humilhar,
atormentar e destruir as pessoas de uma forma que você nunca
poderia ver na superfície. Ele trabalhou seus pecados escondendo-
os atrás da natureza humana. Eu o odeio. Porra, o desprezava.

— O que você está pensando, garoto? — Elijah disse à minha


frente.

Meus olhos encontraram os dele, minha mandíbula ficou tão


tensa que meus dentes cerraram sob a tensão. Eu não respondi a
ele. Ele era o braço direito de Lucan neste negócio. Logo descobri
depois que ele me estuprou anos atrás. Veja, Lucan não puxou
mais essa merda. Elijah foi o último; agora ele só gosta de me
humilhar, certificando-se de que Elijah esteja sempre por perto

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
quando está conosco. Jurei que um dia o mataria, assim como
Lucan, só que de maneira diferente. Eu tinha que ser inteligente
quando se tratava de Elijah. Muito inteligente.

Eu chuto minha perna, a neve derretendo contra o calor da


minha pele. Estávamos naquele maldito iglu há quatro horas
seguidas, esperando uma queda. Já estava farto dessa merda,
quase perto o suficiente para contar ao tio Hector o pequeno segredo
de Lucan. Eu queria fazê-lo. Toda vez que o via, mas depois ela me
vinha à cabeça. Não valia a pena. Civis, outras pessoas - eles não
queriam dizer merda nenhuma em relação a Saint. Triste, mas
verdadeiro.

— Alguma coisa acontecendo na sua cabeça? — Elijah


perguntou, apoiando os cotovelos em cima dos joelhos. — Algo que
você quer fazer para passar o tempo? Quero dizer, acho que você e
eu sabemos que não me importo com a submissão...

Mostro meus dentes. — Se você me tocar, vou matá-lo, Elijah,


e confie em mim, não quero fazer isso. Ainda.

Elijah riu, seu sorriso tão malditamente presunçoso que eu


queria estender a mão e dar um soco em seu rosto. — Acalme-se,
acalme-se, Vitiosis. Você está um pouco velho para o meu gosto
agora...

Eu rangia meus dentes, meus punhos se apertando com tanta


força nas palmas das mãos que se recuavam. Seu telefone estava
contra seu ouvido quando recebeu uma ligação.

— Ava, como está minha irmãzinha favorita?

Sim, vou te matar logo, filho da puta.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 23
SAINT

Observo meu sangue encher a pequena seringa, lenta e


cuidadosamente. É uma distração muito necessária das coisas
estranhas que venho imaginando. Passou das sombras para os
rostos, para um nome. Ava Garcia. Eu sei o que tenho que fazer,
mas vou ter que esperar até que eu volte aos Estados
Unidos. Quero estudar sua reação quando dizer o nome
dela. Talvez eu esteja tendo sonhos selvagens que estão invadindo
minha vida cotidiana, ou talvez eu esteja enlouquecendo. Acho
que estou pronta para descobrir.

— Em quanto tempo você pode obter os resultados? —


Madison pergunta ao médico, cujos mocassins custam mais do
que alguns carros. Hã. Por que não estou surpresa?

— Para você, posso recuperá-lo em algumas horas.

— Obrigada, — diz Madison, descansando a cabeça no sofá.

Limpo minha garganta. — Isso vai funcionar? Quero dizer,


porque Bishop e eu somos apenas meio-irmãos? Eu sei que
compartilhamos cinquenta por cento do DNA, e metade, tipo... —

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
faço uma pausa, tentando quebrar meu cérebro. — Vinte e cinco
por cento. Isso vai funcionar?

O médico acena com a cabeça, empurrando os óculos no


nariz. — Sim, porque você e ele ainda compartilham vinte e cinco
por cento desse DNA, que este bebê terá cinquenta por cento. Se
isso voltar inconclusivo, significa que a criança não é dele.

Madison está deitada de costas no sofá enquanto outro


médico esfrega gel em uma pequena varinha de ultrassom.

— Estou nervosa, — sussurra Madison.

— Você já fez um ultrassom? — Pergunto, observando


enquanto a enfermeira esfrega a varinha em sua barriga.

— Não. — Suas bochechas ficam vermelhas. — Eu acho que


não senti que queria. E no início, não sabia se iria mantê-lo.

Thud, thud, thud.

O batimento cardíaco é a primeira coisa que ouço, e viro


minha cabeça mais longe, querendo ter uma visão clara da tela.

— Aí está o seu bebê, — diz a enfermeira, apontando para a


tela. O médico tirando sangue de mim puxa a agulha da minha
veia e recuo, virando-me para ver o que ele está fazendo.

Thud, thud, thud.

— E tem o outro! — A enfermeira sorri para a tela.

Meus olhos se voltam para o pequeno monitor.

O rosto de Madison cai. — O quê?

A enfermeira aponta novamente. — Dois bebês em bolsas


diferentes. Eles não serão idênticos, então pode ser um menino e
uma menina. Por sorte. — A enfermeira era jovem e, se estou
supondo, ela e o médico têm algo acontecendo. A química entre
eles é quente, picante até. Eu poderia estender a mão e tocá-la.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Não! — Madison grita, balançando a cabeça. — Dois? Oh,
meu Deus, não!

— Madison, ei, está tudo bem, — digo, e uma vez que o


médico termina comigo, caminho até ela.

Eu a tranquilizo enquanto me sento ao seu lado no sofá e


coloco minha mão em seu braço.

Ela procura meus olhos, lágrimas caindo pelos cantos. —


Sinto muito. É que às vezes você se parece com ele e eu gostaria...

Aperto o braço dela. — Vai ficar tudo bem. — Eu não podia


dizer a ela que estava gritando internamente com o fato de que ela
teria gêmeos. Só o nascimento me aterrorizaria.

A enfermeira continua: — Você está segura para fazer a


extração. Gostaria de fazer isso aqui ou o médico pode levá-la para
um quarto?

— Aqui, — sussurra Madison, sua mão na minha. — Aqui


está perfeito.

Depois que o mini-hospital faz as malas, fecho a porta atrás


deles e mantenho meus olhos em Madison, que ainda parece estar
surtando na sala. Ela tem o telefone pressionado contra o ouvido
enquanto fala com alguém. Eu a ouço dizer pai, então decido dar
a ela um pouco de privacidade, indo para a cozinha para encontrar
algo para comer. No meio do caos de chegar aqui, esqueci de
comer. Encontro frutas frescas e carne. As pego e coloco algumas
uvas em um prato com presunto, pegando uma garrafa de água e
indo para a mesa da cozinha. Abrindo meu telefone, encontro uma
mensagem de Bishop.

Bishop: Como ela está?

Quero gritar com ele e dizer a ele que eles estão sendo
teimosos e ridículos. Agora que a conheci e vi como ela está

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
afetada pela separação, olhando de fora para dentro, logicamente
não faz sentido. Eles se amam com tanta ferocidade que poderia
queimar, então por que não estão usando a mesma paixão violenta
para ficarem juntos? Ambos são claramente perseverantes.

Saint: Quase tão bem quanto você.

Ele não responde, e abro o tópico de mensagens de Tillie. Ela


está gritando comigo. Não estou surpresa. Eu mando
uma mensagem de texto “Eu te amo” e deixo assim.

Tillie: Eu acho que você foi colocada nesta terra para


estressar a todos nós.

Nenhuma mensagem de Brantley. Fechando sua mensagem,


meu dedo paira sobre seu nome. Cada vez que a ponta do meu
dedo toca a tela, meu coração bate tão alto que quase não consigo
ouvir mais nada. Sem saber o que dizer, escolho algo simples.

Saint: Sinto muito.

Não sei por que isso é tudo que pude pensar em dizer, mas
senti que precisava dizer. Não quero estressá-lo, nem a ninguém,
mas percebo que coloco muita tensão indesejada em Brantley.

As bolhas de mensagem acendem. E então param. E então


acendeu novamente antes que meu telefone apitasse, assim que
coloco uma uva na boca para impedir que minhas entranhas se
derramassem de todos os nervos.

Brantley: Por qual parte?

Saint: Você ainda está com raiva.

Brantley: Sim.

Saint: O que posso fazer para que você me perdoe?

Quando ele não responde de imediato, pego minha


comida. Madison ainda está ao telefone, andando para a frente e

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
para trás furiosamente, soluçando e passando a mão na testa. Me
sinto mal. Quero consolá-la, mas também não quero interromper.

Meu telefone vibra e eu o pego, jogando outra uva na minha


boca.

Paro de mastigar. 1 nova MMS19. Uma imagem aparece e de


repente estou olhando direto para o pau de Brantley. Sua mão
envolve a base. Bronzeado, grosso e ereto, com todos os perigos
perfurados em seu eixo. Minha boca enche de água, meus olhos
ardem. A pulseira de couro em seu pulso fica sobre seu quadril,
sua calça jeans puxada para baixo e sua cueca Calvin Klein. Seis
ladders20, e um Príncipe Albert21 na ponta. Uau. Acho que esta é
a primeira vez que consigo apreciar realmente a beleza dele. Isso
é normal? Um pau pode ser atraente? Porque o de Brantley é. Tão
rígido, pesado.

Meu telefone vibra novamente com uma nova mensagem


dele.

Brantley: Para começar? Você pode sentar sua boceta no


meu rosto e envolver seus lábios em torno disso.

Meu telefone escorrega da minha mão e rapidamente o pego.

Ele manda mensagens novamente.

Brantley: Não me mande mensagens de novo até chegar


em solo americano.

Desligo minha tela e limpo, minhas coxas apertando. Merda.

— Desculpe por isso, — diz Madison, enxugando as


lágrimas. Suas bochechas e olhos estão inchados. Ela vai até a
cafeteira, despejando o líquido preto em uma caneca. — Dizem
que essas coisas fazem mal ao bebê... — Ela faz uma pausa, ri e

19 Multimidia da Iphone construído usando a mesma tecnologia do SMS para permitir que os usuários

de SMS enviem fotos, vídeos, áudios.


20 São piercings quase sempre colocados perpendicularmente ao eixo do pênis.
21 Piercing peniano.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
balança a cabeça. — Bebês, porém neste momento digo o que quer
que seja.

Ela vai até a geladeira e abre uma gaveta. — Você quer


vinho?

Balancei minha cabeça. — Estou bem. Não bebo muito. A


menos que eu esteja...

— ...Festas. Entendi. Estou apenas cansada e sinto muita


falta do vinho. — Ela bate a porta e se joga na cadeira, tomando
seu café. — Eu não... eu não sei o que vou fazer.

Arrasto-me na cadeira, pegando as uvas no meu prato. —


Bem, seja o que for que você decidir, vou apoiá-la, mas, por favor,
apenas...

— Conte ao Bishop? — Ela ri, balançando a cabeça. — Eu


não sei qual Bishop você conheceu, mas não é o que a maioria das
pessoas conhece.

Enrolo meus lábios entre meus dentes.

Os olhos de Madison se fixam em mim. — Você tem algum


tipo de bruxaria acontecendo?

— Eu queria, então talvez pudesse fazer Brantley não ficar


mais bravo comigo, embora seja como uma coisa habitual nos dias
de hoje.

Madison bufa, esfregando a barriga. — Oh, ele tem sorte que


você não veio a este mundo há um ano ou mais. Nós teríamos
fodido você imediatamente e o faríamos desejar nunca mais deixá-
la perto de nós. — Observo enquanto ela amarra seus longos
cabelos castanhos em um coque na nuca. — Eles disseram que
vão nos entregar os resultados pela manhã. — Seus olhos
encontram os meus. — Tillie me contou sobre você e como surgiu,
mas aquele psicopata realmente te deixou trancada naquela casa
assustadora por toda a sua vida?

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Ele fez, — digo, sorrindo. — Não foi tão ruim
assim. Especialmente depois que Lucan morreu. Tudo ficou em
silêncio. Lucan sempre consumiu muita energia com sua
presença.

Madison não responde, e quando meus olhos voltam para os


dela, noto todo o rosto dela mudar. Seus olhos caem, embora seus
ombros fiquem mais retos, e o aperto que ela tem em torno de sua
caneca de café parece mais forte, com base na maneira como seus
dedos estão ficando vermelhos. — Você sabe como ele morreu?

Balanço minha cabeça. — Não. Brantley nunca entrou em


detalhes. Antes de saber sobre The Elite Kings, presumi um
acidente de algum tipo, mas agora estou pensando que não.

— Você poderia dizer isso, — sussurra Madison, trazendo os


joelhos até o peito. — Ele, ah...

Inclino minha cabeça.

— Vamos apenas dizer que eu o conheci e Brantley antes de


conhecer Bishop. — Minhas sobrancelhas se curvam. Ela percebe
minha confusão. Sua boca se abre. — Espere... espere. Lucan
alguma vez fez alguma coisa com você? — Seus olhos se arregalam
em choque, sua boca aberta.

Começo uma trança francesa no lado da minha cabeça. —


Não. Houve uma vez que algo ia acontecer, eu acho, mas Brantley,
ele...

Madison suspira, passando a ponta do seu dedo sobre a


borda de sua caneca. — Você não precisa dizer mais nada. Teve
muita sorte.

— Sorte? — Repito, lutando para entender o sentido da


palavra.

— Sim, sorte. Brantley é cruel e mau, mas não com


você. Você já ouviu essa frase, “Não me importo se vou me

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ELITE KING’S CLUB #6
apaixonar por um demônio, contanto que esse demônio me ame
como ama o inferno?” Ou “Ele ateou fogo ao mundo, mas nunca
deixou uma chama tocá-la?” É o Brantley com você.

— É tudo o que sei, mas não é fácil lidar com ele. Na verdade,
aprendi depois de estar perto de vocês que ele é o mais difícil.

— Ah, mas é isso que torna o amor dele tão raro. — Seus
olhos colidem com os meus. — Porque o amor dele é o mais difícil
de encontrar. Por baixo daquele exterior rígido e comportamento
vazio. É como encontrar uma mina de ouro depois de viver na
pobreza por toda a vida.

— Exatamente. — sorrio, meus ombros tremendo. — Porque


ele deixa as pessoas sem amor e afeto até que elas murchem e
morram.

— Ou, — Madison diz, levantando um dedo. — Ele os mata


de fome para ver quem é o último ficar de pé. Amar Brantley não
será uma tarefa fácil para nenhuma garota. Será necessária uma
fêmea durona para lidar com todo o amor que o menino tem a
oferecer. Ele será exigente, temperamental, às vezes distante e
descontroladamente indomado com seu amor, mas ele é
inteligente. E faz isso para se proteger.

Suspiro, ignorando a lista que ela deixou escapar. Ela não


poderia ter descrito Brantley com mais perfeição. — Você está
certa. Ele não me ama, no entanto. Não desse jeito, se for. É mais
como uma irmãzinha, eu acho.

Madison levanta uma sobrancelha perfeitamente depilada


para mim por cima de sua caneca. — Alguém que pensa no outro
como um irmão os deflora?

— Madison!

Ela ri, colocando a caneca de volta na mesa. — Eu não sinto


muito.

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ELITE KING’S CLUB #6
Minhas bochechas ficam vermelhas, mas sorrio. — Também,
verdade. Você é boa nisso.

— Em consertar os problemas de outras pessoas enquanto


meu mundo desmorona? Eu sei.

Meu coração aperta no meu peito. Odeio isso. — Sou uma


pessoa honesta. Brutalmente. Na verdade, acho que isso faz
Brantley querer me estrangular na maior parte do tempo, e já tive
essa discussão com Bishop em mais de uma ocasião. — Corro
minha língua sobre meus lábios e prendo minha respiração. —
Por que você fugiu?

Madison faz uma pausa. Ela geme, passando as mãos no


rosto. — Eu estava assustada. Costumo fugir. Acho que tem a ver
com meu pai e como fui criada, e o fato de Bishop ser tão
imprevisível. Quando descobri, fugi. Estava com medo de que esse
bebê não fosse de Bishop, e com medo que fosse de Bishop. Não
sabia o que fazer. Tanta coisa aconteceu com algumas pessoas
realmente más que eu só... precisava...

— Silêncio, — respondo por ela.

Seus olhos encontram os meus. — Exatamente. — Ela


suspira. — Eu sei que é ruim. Bishop pegando o martelo, ele
precisa que eu seja forte. Seja Scarlet para que ele possa ser
Hector. — Vacilo ao ouvir o nome do meu pai. — Mas eu não
poderia oferecer isso a ele agora. Eu precisava de clareza.

— E quando você vai voltar? — Pergunto, procurando


respostas. — Vai fazer isso com ele de novo?

Um pequeno sorriso aparece na borda de seus lábios. — Ah,


você se encaixa perfeitamente no papel de irmã.

— Desculpe. — Estremeço. — É realmente difícil ver vocês


dois passando por isso. Ele está tão perdido.

— Eu nunca vou fazer isso de novo se ele me aceitar de volta.

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ELITE KING’S CLUB #6
Quero acreditar nela, mas não consigo. Não agora, pelo
menos.

Acordo, com meu corpo encharcado em suor com lençóis


colados aos meus membros. Às quatro da manhã gemo, chutando
os lençóis e abrindo a cortina. A cidade lá embaixo não dormiu.
Há um prédio alto de arranha-céus a poucos quarteirões de nós,
com luzes ao redor do ringue do estilo nave espacial próximo à
ponta. É bonito. Então deixo a cortina aberta e volto para a cama,
sentando-me em cima do colchão macio. Não consigo me lembrar
porque acordei, ou porque estou tão suada, já que a temperatura
no quarto é fria. Um calafrio desce pela curva da minha espinha e
eu giro, esperando ver alguém atrás de mim, mas encontro a
escuridão. massageio minhas têmporas e solto um leve suspiro,
antes de ligar a luz da minha cabeceira.

Não funciona.

Eu me inclino para trás na minha cama e trago meu telefone


comigo, abrindo o Instagram. Percorro a última foto de Tillie e
Nate. As mãos tatuadas de Nate cobrindo a pequena
protuberância de Tillie. Está em preto e branco com uma das
mãos de Nate clicando na câmera. A legenda diz: Você o chamou
papai, então eu fiz dele um. Um risinho fica preso na minha
garganta, e abano a cabeça. Só a Tillie para ser tão passiva-
agressiva. Eu não sei como eles se juntaram ou os problemas
pelos quais passaram para chegar lá, mas eu não conseguia
imaginar. Deveria ter sido o caos. Ambos são tão intensos. Rolo
para baixo e caio na foto de Eli de Bishop. Ele está sentado em um
sofá, olhando para a câmera com uma expressão vazia. Livre para
um bom lar22.

22 Isso geralmente é usado quando você está dando um animal. Significa que você não está pedindo

dinheiro para o animal, mas quer que ele vá para uma casa onde será bem cuidado.

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ELITE KING’S CLUB #6
Eli comentou abaixo. @elirebel: Só para tornar as coisas
más.

Solto uma lufada de ar. Não postei no Instagram desde a


nossa selfie, que acabei deletando logo depois, e não tenho certeza
se quero mesmo. Viro a câmera para o modo selfie, rolo na minha
barriga e afago meu cabelo comprido para o lado. Descansando
meu rosto na palma da minha mão, rolo meus olhos para a parte
de trás da minha cabeça e coloco minha língua para fora. Com o
flash, ficou bom. Percorro os filtros, mas não pareço tão
incomodada com eles, então deixo natural. Digito a legenda: Hora
das bruxas. Não consigo dormir.

Carrego o post e depois encontro meu perfil. Faço uma


pausa. Da última vez que verifiquei, eu tinha quatro seguidores,
que eram Tillie, Bishop, Nate e Eli. Nem mesmo o Brantley. Agora
diz 12,4k Seguindo 5, porque eu o segui. Não me importo. Um
ponto vermelho acende-se sobre o coração e eu clico nele,
conforme rolo para a foto que postei.

@jrolley, essa é a garota do Brantley? Bonita.

@hijakr omg

@minnieg é claro que ela é assim. Ela é irmã do Bishop.

@kiolad OH. MEU DEUS ELA POSTOU

@daffidi obcecado por você SAINT! Podemos ser amigos?

@giafro lol @daffidi no. Você não pode. Lembre-se, eles


não se associam conosco, gente inferior.

@vienna THE ELITE

Paro de ler quando se torna muito. — Mas que diabos? —


Meu telefone toca na minha mão e grito, jogando-o na cama. Pego

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ELITE KING’S CLUB #6
de volta, com meu coração batendo forte no meu peito, e relaxo
quando vejo o nome de Brantley piscando na tela.

Então entro em pânico de novo porque ele está me ligando


agora. Deve haver algo errado.

Deslizo para atender. — Ei! Você está bem?

— Você está sozinha? — Meu coração rola no meu peito.

— Sim. São quatro da manhã.

— Sim, eu vi isso...

— Viu o que? — Pergunto, deitando na cama e arrastando


meus lençóis até meu queixo. — Por que está alto aí?

— Humm? — ele diz, e isso quase mata meus órgãos internos


com o quão suave ele soou. Preguiçoso, quase.

— Eu disse por que está alto aí?

— Oh, Nate e Tillie brigaram, então ele deu uma festa para
irritá-la.

— E você está aí para ficar do lado dela? — Sorrio, porque


ele é um monte de coisas, todas ruins, principalmente, mas
quando ele se preocupa com alguém, ele se importa.

Ele resmunga. — Mais ou menos. Envia-me uma foto.

— O quê? — Mordo meu lábio, embora eu saiba que tipo de


foto ele quer.

— Não se faça de boba, Saint. Envia-me uma foto.

— Por quê? — Posso gostar de sua atenção também, mesmo


que seja extrema.

— Porque quando envolver minha mão em meu pau mais


tarde esta noite, há apenas uma garota que eu quero estar
olhando. Envie isto.

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ELITE KING’S CLUB #6
Tento esconder meu sorriso. Minhas bochechas ardem. —
Ok, espere aí. — Ele não responde, então viro a câmera para uma
selfie, tiro minha camiseta e jogo no canto. Debato comigo mesma
sobre minha calcinha, antes de abrir meu sutiã e deslizar minha
calcinha para baixo. Finalmente consigo ligar a lâmpada,
apoiando meu telefone sobre a mesa de cabeceira contra ela.
Apoiando-me contra a parede, de lado para o telefone, seguro
meus mamilos, enquanto arqueio minhas costas, e tiro três fotos.
Uma comigo olhando naturalmente para a câmera, outra com
minha perna empoleirada e sorridente, e outra enquanto olho para
baixo. Pego meu telefone e passo por elas, encolhendo os ombros
e depois as mando diretamente para ele.

— Enviei.

— Acabou de tirar essas fotos agora? — ele pergunta,


aparentemente surpreso. — Você não acabou de acordar?

— E daí? — Minhas bochechas ficam vermelhas. Eu não


deveria?

— Não, nada. Normalmente as garotas precisam passar


horas para se prepararem, passar por cem filtros para que fiquem
magras e depois afinar qualquer merda que elas acham que não
vou gostar.

Imediatamente me encolho. Ele já fez isso antes. Claro que


sim. Não sei por que isso me incomoda.

Ele fica em silêncio do outro lado da linha. — Quanto você


bebeu? — Pergunto.

— Um pouco. Espera aí... — Ele desaparece, e acho que


recebeu as fotos, então rapidamente deslizo de volta para minhas
roupas e sob as cobertas, descansando meu telefone contra minha
orelha. — Jesus foda-se, Saint! Eu não quis dizer enviar nudes!

— O quê? — Pergunto, confusa.

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ELITE KING’S CLUB #6
Seu tom cai para um rosnado. — Eu não quis dizer me
mandar fotos de você pelada!

— Não sei o que significam nudes! — Estalo de volta para


ele. A vergonha toma conta de mim. Ele não gostou? — Posso tirar
outras se você não gostou.

— Se eu não gostei? — Ele ri, e é maníaco. Isso me lembra


da noite em que ele tirou minha virgindade e lambeu o sangue e
limpou entre minhas coxas. Uma porta bate ao seu fundo e pulo,
embora eu saiba que ele não está aqui. De repente, gostaria que
ele estivesse. Gostaria que estivesse aqui para que eu pudesse
acalmá-lo, porque estou bem ciente do tipo de turbulência que
está criando dentro de sua cabeça. — Nunca mais diga isso de
novo.

Engulo em seco, minha garganta inchada. — Brantley?

Ele não responde, mas ouço sua respiração pesada do outro


lado da linha.

Continuo. — Acho que sinto sua falta. — Sua respiração para


e meu peito aperta novamente. Luto para respirar enquanto
espero por sua resposta, mas a tristeza que pesa no meu coração
esta noite é pesada. — Nunca estive tão longe de você, ou pelo
menos que eu saiba.

— Não parece uma boa ideia agora, não é? — ele rebate. Ele
está zangado. Entendo. Sua resposta para tudo é raiva e silêncio,
que geralmente nunca andam de mãos dadas, mas essa é uma
das muitas razões pelas quais Brantley Vitiosis é
excepcionalmente único. Nunca haverá outro como ele - o que é
bom e ruim. Ele exala. — Venha para casa.

— Eu vou.

— Quando? — O fato dele me permitir tomar uma decisão


sem interferir é a prova de que ele está me permitindo crescer um
pouco.

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ELITE KING’S CLUB #6
— Hoje, acho.

— Ótimo. Porque Saint, se você não estiver naquele jato hoje,


eu farei Trevor - o homem que coloquei do lado de fora desse
pequeno hotel chique em que você está hospedada na Queen
Street – amordaçá-la, amarrá-la e jogá-la naquele
avião. Entendeu? Não me teste, porra. Eu dei a você tempo
suficiente aí para fazer qualquer porra que você acha que tem que
fazer para ajudar a bagunça Madship, mas guarde minhas
palavras... — Ele faz uma pausa, e ainda estou prendendo a
respiração. — Se a sua bunda sexy não estiver naquele jato hoje,
vou mostrar exatamente por que as pessoas têm medo de mim.

— Estarei lá.

— Estou confiando em você, — diz ele, e ouço uma porta se


abrir novamente onde quer que ele esteja.

— Você sempre pode confiar em mim.

— Brantley... — a voz de uma garota vem do outro lado da


linha em um gemido. — Volte para fora!

Todos os sentimentos que estavam fermentando dentro da


minha barriga de repente param.

— O quê? Porra, não. Saia. — Ele bate à porta.

— Vou deixar você com isso. — Não queria parecer tão fria,
mas saiu assim. Esses caras são apenas Brantley, Bishop, Eli e
Nate para mim, mas estou começando a aprender que eles são
deuses para todos os outros.

— Saint... não seja estúpida.

— Tchau. Vejo você amanhã.

— Sain...

Desligo na cara dele. Quando meu telefone toca novamente,


eu o desligo. Talvez eu esteja sendo imatura, mas atribuo isso à

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minha idade. Tenho dezessete anos, todos eles têm vinte e poucos
anos, mas sei que, no fundo, não é isso.

Me revirando e sabendo que não vou dormir mais depois de


toda aquela conversa, encontro as roupas que vou vestir, algo
confortável para o voo de volta, e tomo um banho rápido. No
momento em que estou vestida e cozinhando o café da manhã, o
sol está nascendo pelas janelas. Durante a fritura dos ovos, fico
pensando se devo ligar o telefone, mas acabo não ligando. Não,
porque sei que ele vai ficar com raiva de mim e não posso
enfrentar isso agora. E de qualquer forma, quando eu voltar para
os EUA, ele estará mais calmo, certo?

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ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 24
BRANTLEY

Eu agito o canivete suíço em torno dos meus dedos, a


limusine parada na pista. Meu cabelo está uma bagunça, não
dormi desde que ela desligou na minha cara e, além de toda aquela
besteira, o voo atrasou por causa do tempo, então o que acontece
quando você pega essa mistura trágica de eventos infelizes? Fica
com um monstro miserável esperando para soltar toda sua fúria
da única maneira que ele conhece.

O separador da janela abaixa. — Senhor, ela acabou de


pousar.

Cerro minha mandíbula, balançando a cabeça. —


Ótimo. Vou esperar aqui enquanto você ajuda a Srta. Vitiosis com
as malas.

Ele balança a cabeça, deslizando para fora do carro e indo


até o porta-malas. Observo enquanto o jato preto com as letras
douradas EKC rola à vista, meus dentes cerrados com tanta força
que tenho quase certeza de que estão prestes a quebrar. Observo
enquanto os degraus se estendem e, finalmente, ela sai. A barriga
à mostra, com um pequeno casaco com capuz e calças pretas de

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ELITE KING’S CLUB #6
ioga. Ela parece a porra de uma modelo recém-saída da passarela,
se não fosse tão baixinha.

Ela percebe o carro e vejo seu corpo parar um pouco.

Sorrio, mesmo sabendo que não pode me ver.

Ela desce lentamente as escadas, indo direto para o


carro. Quando ela está alcançando o puxador, abro a porta e ela
a atinge em sua mão.

Ela a abana de volta. — Ai. — Antes de entrar. Ela bate com


a porta fechada, os olhos dela sobre os meus. Saint é o que você
chamaria de modesta. Possui mais autocontrole quando se trata
de manter a boca fechada, mas quando ela fala, as pessoas
escutam. Elas a levam a sério. Não desperdiça seu fôlego em
dramas ou brigas de merda. É o que mais gosto nela, mas neste
momento não gosto muito dela.

Seus braços se cruzam em sua frente. Ela foi inteligente


deixando um espaço decente de distância. Ficamos sentados em
silêncio até o motorista voltar e a janela subir. Uma música do
MGK23 está tocando ao fundo e mantenho meus olhos fixos nela.
Ela faz de tudo para me ignorar, o que reconhecidamente só me
diverte mais.

Seus olhos finalmente encontram os meus. — Sinto


muito! Tudo bem!

Não respondo, fixando meus olhos nos dela. No início, eles


eram um tom de verde, mas conforme ela envelhecia, eles se
tornaram de um azul acinzentado. Estranho pra caralho. Balanço
minha cabeça lentamente.

— Brantley... — ela fala inexpressiva. — Não quero que fique


zangado comigo.

23 Rapper americano.

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ELITE KING’S CLUB #6
— Oh, estou zangado com você.

— Eu tinha que ir ajudá-la!

— Não é por isso que...

Ela faz uma pausa, seus dedos torcidos em seu colo. —


Então por quê?

Passo minha língua sobre meus dentes. — Venha para o meu


colo e descubra.

Observo enquanto ela luta com o que eu disse. Lentamente,


retira o cinto e se aproxima de mim. Quando está demorando
muito, puxo meu braço e a coloco no meu colo. Seus joelhos
bateram em cada lado meu, suas mãos no meu pescoço. Então,
percebe a faca na minha mão.

— Podemos ter essa conversa sem isso?

— Não. — Sorrio para ela, meus olhos passando rapidamente


entre sua boca e seus olhos.

Relaxando em meus braços, baixando seus lábios até os


meus. Ela quer suave, mas não vai conseguir. Meus dedos
enrolam-se na parte de trás do seu pescoço para segurá-la contra
mim, minha língua mergulhando em sua boca. Ela geme, e mordo
seu lábio inferior, arrastando meus dentes ao longo da sua
boca. Ela tira sua camisa, e assisto enquanto ela lentamente se
desfaz por mim. Centímetro a centímetro. Deixo-a à vontade.
Então, ela puxa meu cinto, e me ergo para que meu jeans possa
deslizar sobre o inchaço do meu pau.

Ela agarra com força, seus olhos arregalados e sua mãozinha


longe de chegar perto o suficiente para envolvê-lo. Lentamente,
lambe os lábios, olhando para mim por trás dos cílios grossos
enquanto desliza os lábios sobre a ponta. Eu vejo como cada
piercing desaparecer em sua boca.

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ELITE KING’S CLUB #6
— Porra. — Gemo, meus olhos rolando para a parte de trás
da minha cabeça. Minha mão encontra seu cabelo e o aperto com
força, puxando sua cabeça e exigindo que ela olhe para mim. Meu
pau repousa contra seus lábios enquanto seus olhos permanecem
nos meus.

— O quê? — Ela pergunta, batendo a porra dos cílios. —


Estou fazendo algo errado?

— Não, mas quero saber como você sabe o que está fazendo...

— Pornô. — Ela encolhe os ombros, sacudindo a pequena


língua sobre a ponta, provocando o maldito Príncipe
Albert. “Reverse” de G-Eazy está tocando no carro.

Aumento meu aperto. — O quê?

Ela morde o lábio inferior. — O que foi?

Eu a guio de volta sobre mim, mordendo meu lábio


inferior. — Não fale mais.

Ela me desliza para dentro de sua boca, mas para no meio


do caminho. Corro meus dedos por seu cabelo, para um lado de
sua cabeça e a puxo de volta para cima do meu corpo. Meus dedos
encontram seu mamilo antes de eu chupar seu peito perfeito em
minha boca, enquanto meu polegar mantém círculos lentos em
seu clitóris. Ela cavalga em meu dedo, sua cabeça caindo no meu
ombro.

— Eu preciso...

— De quê? — Pergunto, afundando meus dentes em seu


peito. Olho para trás quando noto os dois buracos em minhas
presas e o sangue que escorre deles lentamente. — O que você
quer?

Ela faz uma pausa, pegando meus olhos com os dela


enquanto suas sobrancelhas se curvam. Apenas quando acho que
ela vai rastejar, direciona seus quadris sobre os meus, e quando

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
a ponta do meu pau está contra sua entrada, ela me engole
inteiro. Ela engasga, mas continua a descer. Sua boceta apertada
não se move, o aperto é muito forte. Coloco minha mão na frente
de sua garganta, apertando com força enquanto giro minha
cabeça.

— Nunca mais desligue na minha cara.

Ela me ignora, porque é boa nisso, enquanto cavalga sobre


minha cintura com giros lentos. Muito devagar. Meus dedos
apertam seus quadris enquanto a bato em cima de mim com força,
até que estou profundamente dentro. Apertado, molhado e
carente pra caralho. Estar dentro de Saint é como estar sob o
efeito de um alucinógeno. Ela deixa cair sua testa na minha e me
fode mais rápido, com mais força, montando meu pau como se
tivesse feito isso toda a sua vida. Como se pertencesse a isso.

Minha mão está de volta em sua garganta enquanto a viro de


costas, uma perna caindo sobre o assento com a outra torcendo
em volta da minha cintura. A faca está no chão, então eu a pego
conforme dou beijinhos em seu queixo.

Meus dentes estão em seu pescoço novamente, mordendo e


sugando. Ela enganchou seus dedos sob meu queixo, levantando
meu rosto para encontrar o dela, antes de se inclinar e chupar
meu lábio em sua boca. Arrasta a língua pela borda, sugando cada
gota. Gemo, meu pau flexionando contra sua tensão.

— Deixe-me tentar algo... — Seus dedos envolvem a faca que


está na minha mão, e ela a traz para a curva do meu pescoço. —
Você está com medo de que eu possa te cortar?

Sorrio para ela. — Espero que sim...

Ela pressiona a ponta logo abaixo do meu queixo, seus olhos


voando para os meus expondo seu pânico. — Isso dói?

Rio baixinho, meus ombros tremendo. — Tanto para


aprender, minha pequena Dea...

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ela corre o dedo sobre a curva do meu queixo, sugando-o em
sua boca enquanto olha para mim.

Eu a levanto pela cintura até que esteja montada no meu


colo novamente, girando-a para reverter a posição. Puxando seu
cabelo até que sua cabeça esteja inclinada para trás, coloco meus
quadris nela. Ela geme muito alto, então bato uma mão sobre sua
boca, puxando-a de volta contra meu peito. Apertando meu braço
em volta de seu estômago quando seu corpo convulsiona em torno
de mim, suas paredes agarrando meu pau como a porra de um
alicate. Gemo, esvaziando-me dentro dela com cada impulso.

— Porra.

Caindo contra mim, recuperando o fôlego antes de eu sair de


dentro dela, e colocar suas roupas. Já está completamente vestida
quando estou passando minha mão pelo meu cabelo até que ele
se projete em ondas naturais.

— O que você faz pelos Kings? — Ela pergunta muito


rapidamente, como se dois de seus buracos não tivessem engolido
meu pau.

— Mato pessoas, — digo, passando minha língua sobre meus


dentes.

Ela não responde, então me viro para encará-la. Está me


observando com atenção e, em seguida, lentamente se inclina,
alcançando o corte sob minha mandíbula.

— Por quê? — Pergunto, recuando para longe de seu toque.

Ela esfrega a ponta do dedo sobre a - mal - pequena ferida,


seus olhos ansiosos fixos nos meus. — Apenas
curiosidade. Piadas à parte...

Ela pode me tocar com as mãos, mas não vou deixá-la


experimentar o que é sentir minha alma. — Quem disse que eu
estava brincando?

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ELITE KING’S CLUB #6
Ela faz uma pausa. — Não consigo imaginar alguém que você
teria que matar.

— Muitas pessoas, — respondo a ela, apertando meu cinto.

— Bem, devem ser más...

Sorrio, minha cabeça inclinada para trás até que estou


focada no teto. — Não, Saint. Eles não são todos ruins. Porque
quando Hector precisa de alguém para fazer a merda que não pode
confiar em mais ninguém, ele chama um Vitiosis, sabe por quê?

Seus olhos piscam para mim e sinto uma pontada de culpa


por descarregar nela. — Porque não damos a mínima se a pessoa
que recebe nossa bala é boa ou má. É simplesmente o que
fazemos.

Ela engole em seco. Tenho certeza de que não acredita em


mim. Eu também não. — E o Nate?

— O mesmo, apenas diferente, — digo. — A primeira coisa


que você precisa entender é que não somos boas pessoas. Não
somos redimíveis. Ou vivem conosco, demônios e tudo, ou não
vivem.

— E Eli? — Ela se vira totalmente para mim agora, colocando


a perna debaixo de sua bunda.

— Ele é um Rebelis. Ele faz tudo o que quer. Ele também


provoca travessuras, problemas. E antagoniza nossos inimigos.

— Por que você faria isso? — Lembro-me de que ela não só


não faz parte deste mundo, mas também não faz parte daquele
que está lá fora. As coisas funcionam de maneira diferente em sua
cabeça.

— Porque isso os deixa com raiva. Tudo é... intensificado.

— Jogos, — ela sussurra, e sorrio.

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ELITE KING’S CLUB #6
A limusine para e aponto para fora da janela. — Nós temos
que pegar Bishop. Venha.

Ela faz uma pausa, mordendo o lábio enquanto seus olhos


se voltam para a casa.

Aperto meus dedos em torno de seu queixo, forçando seus


olhos de volta aos meus. — Você não quer falar com ele ainda,
tudo bem. Ele não vai pressionar você. Quando estiver pronta, ele
estará lá.

— Está tudo bem, — ela exala. — Acho que isso vai


acontecer.

O que quer que seja que tenha sobrado do meu coração bate
um pouco no meu peito, o máximo que já aconteceu. — Vamos.

Ela empurra a porta e sai. Ainda estou arrumando minha


calça jeans quando vamos para a frente da casa.

Ela para perto da escada.

— Saint... — Viro-me por cima do ombro. Ela está olhando


para a casa, com os ombros rígidos. Volto, pegando sua mão. —
Posso te deixar em casa primeiro se você estiver cansada.

Ela balança a cabeça. — Não. Dormi no avião para voltar ao


nosso fuso horário. — Ela traz seus olhos para mim e sorri. —
Acho que quero falar com ele.

Levanto uma sobrancelha. — Tem certeza? Agora?

Ela enfia o cabelo atrás da orelha. — Sim.

Porra.

Envolvo meus dedos em torno dos dela, mas ela agarra meu
dedo mínimo. Deixo lá enquanto a conduzo escada acima e até a
porta da frente. A família Hayes e suas casas de vidro
extravagantes. Abro a porta da frente e gesticulo para que ela
entre. Ela observa a decoração, seus olhos voando ao redor com

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ELITE KING’S CLUB #6
espanto. A fotografia de família, a arte, o lustre de cristal, até o
piso de mármore. Está absorvendo tudo, e uma vozinha no fundo
da minha cabeça está preocupada com isso.

Bishop vai direto para Saint quando ele entra no foyer. Eu a


solto. Provavelmente será a primeira vez que ela verá um pouco
do Bishop mal-humorado.

Ele a pega pelas pernas e ela guincha enquanto ele a joga


sobre o ombro. — Nunca mais faça essa merda de novo.

Ela ri - risadinhas - e lentamente a coloca de volta no chão.


Vejo uma conversa silenciosa acontecer entre eles. Seus olhos nos
dela, seu pequeno sorriso. — Ela não está bem. Quase igual a
você.

— Por que ela precisava de você? — Bishop faz a pergunta


que estamos tentando descobrir desde que soubemos que ela
estava voando para a Nova Zelândia.

Observo seu rosto com cuidado. Saint não pode mentir por
merda nenhuma. Ela balança a cabeça. — Não agora.

— O que isso significa? — Estalo, me aproximando dela. —


O que você quer dizer, porra?

Ela olha para mim. — Sinto muito, ok! Por vocês dois, mas
não posso dizer agora.

A mandíbula de Bishop fica tensa, e eu sei que ele está


chateado com isso tanto quanto eu. Somos nós que guardamos os
segredos. Somos nós que estamos sempre um passo à frente. Elas
não.

Ela se afasta de nós. — Onde está Hector?

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 25
SAINT

Há ecos que vivem dentro dessas paredes, e eles sussurram


todos os segredos que a família Hayes mantém trancados.

Brantley olha para o corredor atrás da escada, antes de se


voltar para mim. — Nós vamos levar você. — Sinceramente,
provavelmente deveria ter ido direto para casa. Não sei se estou
ansiosa ou é a adrenalina, mas sinto necessidade de ver
Hector. Por um motivo, mas as outras probabilidades também
podem ser um bônus.

Bishop encara Brantley, e sinto a mudança de tudo o que


está acontecendo começar a se mover entre eles. Eles estão
escondendo algo de mim. Posso sentir o aperto no ar.

Seguindo pelo corredor, passo pela arte contemporânea que


está pendurada na parede e pelo grande espelho em estilo
vitoriano. Tem garras de metal em todos os quatro cantos, que se
enrolam nas pontas como as unhas afiadas de uma
mulher. Decoração estranha que não combina com esta
casa. Brantley me detém antes que minha mão esteja na
maçaneta da porta. — Vamos ficar aqui fora.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Balancei minha cabeça. — Não. Eu quero vocês dois lá
dentro. — Mas não vou te dizer por que...

A mão de Brantley está na maçaneta novamente,


empurrando até que ela se abra, revelando o vasto ambiente do
escritório de Hector Hayes. Eles dizem que você pode dizer muito
sobre um homem pela forma como ele mantém seu escritório. É
mais como uma pequena biblioteca, com estantes do chão ao teto
que preenchem as paredes, um armário de vidro embutido na
parede, uma longa mesa de escritório retangular claramente
trabalhada com riqueza e uma cadeira de couro fofa enfiada atrás
dela, que é de onde Hector está me olhando. Ele enrola um
charuto grosso entre o polegar e o indicador, usando os outros
dedos para sinalizar a Bishop para fechar a porta.

Bishop fecha atrás de nós, mas não movo meu foco de


Hector. Seu sorriso parece astucioso, e não sei se é assim que ele
é ou se o estou interpretando mal. Se eu tivesse que julgá-lo pelo
seu escritório, diria limpo. Porém, há um problema com a limpeza,
porque ninguém com a reputação de Hector Hayes
está limpo. Então, fico com a palavra fraude rolando na minha
cabeça. Além disso, ele parece bem para sua idade. Tatuagens
cobrem sua pele, uma barba aparada ao redor da boca e uma
cabeça cheia de cabelos perfeitos.

Ele desabotoa o paletó e aponta para as quatro cadeiras na


frente de sua mesa. A ideia de concluir esta conversa foi uma
decisão que tomei por um capricho. Bishop pegar o martelo
amanhã significa que quero que seja feito por ele. Sei o quanto ele
quer que esta conversa aconteça, e acho que no fundo tenho
perguntas para as quais gostaria de saber as respostas, quer ele
queira ou não as compartilhar comigo.

Bishop cai na cadeira à minha esquerda, e Brantley à


direita. Ele puxa sua cadeira mais para frente, então ele está
ligeiramente à minha frente.

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Hector percebe, um pequeno sorriso passando por seus
lábios. — Ainda não confia em mim, sobrinho?

— No Padrinho? Claro. Só não com isso. — Brantley pisca


para ele.

Hector balança a cabeça, seus olhos finalmente chegando


aos meus. — Você se parece mais com minha família do que com
a de sua mãe.

Bishop se inclina para mim. — Isso é para ser um elogio.

— Humm, — Hector bufa. — Acho que você tem muitas


perguntas para mim. — Ele tira a cinza do charuto. — Tudo o que
estou disposto a lhe dizer francamente. Brantley e eu
concordamos que é melhor você saber tudo o que sabemos. Isto é,
se acha que é capaz de lidar com a verdade.

— Eu posso, — digo, olhando para Brantley, que está


passando o dedo sobre o lábio superior enquanto observa Hector.

Hector se inclina para a frente. — Você se lembra de alguma


coisa antes de estar com Brantley?

Balanço minha cabeça. — Não. Nem me lembro do dia em


que cheguei lá. Onde eu estava antes se não fui para Brantley até
os dois anos?

Hector faz uma pausa, seu foco flutuante em Brantley. Ele


se recosta na cadeira. — Você estava em um orfanato na Cidade
do Vaticano.

— Um orfanato? — Pergunto, chocada. — Por que na Cidade


do Vaticano?

Hector permanece passivamente focado em mim. — Este


orfanato não é para crianças. É para... bem...

— Aqui vamos nós. — Bishop chuta sua perna.

— Para crianças com habilidades especiais.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
A confusão deve ser evidente em meu rosto, porque Hector
continua. — É para crianças que podem sofrer de problemas que
podem separá-las da sociedade. É de propriedade de amigos dos
Kings, e está lá há gerações. É em Roma, porque é longe o
suficiente de nossos inimigos. — Hector se levanta. — Ou então
nós presumimos. — Ele se vira para a estante atrás dele e passa
os dedos nas lombadas gastas.

Bishop geme. — Não dê a ela Tacet a Mortuis.

— Não daria. — Hector ri, finalmente pegando uma lombada


de couro vermelho queimado e deixando-a cair com tanta força em
sua mesa que partículas de poeira explodem no ar. — Este é o
livro de história da nossa família.

— Jesus Cristo. — Bishop dá uma risadinha. — Por que


tantos livros de merda?

— Porque é assim que nossos ancestrais podiam se


comunicar conosco. Eu tentei fazer você ler uma vez. Sem chance.

Bishop desvia-se do Hector.

— É verdade. Li uma vez que as pessoas faziam muitos


diários, falavam com as pessoas acerca de seu futuro a partir do
túmulo, — digo inutilmente para ninguém em particular.

Hector o ignora e desliza o livro pela mesa. — Leia se nada


do que estou dizendo fizer muito sentido. Mas tudo começou com
uma das minhas tataravós.

Faço uma pausa.

Hector aponta para o livro que agora está em minhas mãos


com seu charuto. — Ela escapou de Salem.

Meus dedos flexionam sobre o couro envelhecido do livro. —


Salem? Como nos julgamentos das bruxas de Salem?

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Concorda. — O mesmo. — Sentando-se na cadeira, ele fuma
seu charuto até que o cheiro doce de tabaco queimado se espalhou
pelo meu rosto. — Esse era o diário dela, em suas próprias
palavras. Os papéis são todos colados com cera. Muitas palavras
podem não fazer sentido. A maior parte dele foi escrita em inglês
moderno. Ela escapou dos julgamentos, acabou em Riverside e
bem... — Hector levanta as mãos ao redor da sala. — Ela se tornou
uma lenda entre a maioria. Principalmente por tolerar um Hayes,
porém porque o ano de 1694 foi o ano em que ela deu à luz, e
então 1695 foi o ano em que nasceu a Maldição Hayes.

Solto uma exalação alta de ar, movendo-me na minha


cadeira.

— Não entendo o que isso significa, — respondo


honestamente, colocando o livro pesado no meu colo. — Mas o que
eu realmente quero saber é o que você quer dizer com a maldição
Hayes?

Bishop se vira para mim. — Eles chamaram de maldição,


mas não é realmente. Você já ouviu falar de visão clara e
psicometria?

— Sim. Clarividência?

Bishop acena com a cabeça. — Sim. Então, eles dizem que


há uma em cada geração Hayes. Quando escapei, todos achamos
que estávamos bem, mas isso foi até eu descobrir que Papai
Querido estava escondendo outra criança, junto com seu armário
cheio de vadias.

Hector dá um sorriso arrogante.

Bishop continua depois de olhar para ele. — Você já sentiu


coisas, certo?

Silêncio. Silêncio absoluto. Fecho os olhos, puxando meus


joelhos até o peito... — Eu... eu não sei.

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Brantley se vira para mim, apoiando os cotovelos nos joelhos
e olhando por trás do ombro. — Peguei você algumas vezes.

Olho para ele. — Aquilo foi sonambulismo.

Brantley me encara, e a maneira como seus olhos passam


rapidamente entre minha boca e de volta aos meus olhos, me faz
tremer desconfortavelmente. Alfinetes e agulhas beliscam minha
pele. — Sim, mas não era.

— Os meninos estão certos, — diz Hector. — E ao longo dos


anos fui contra você descobrir. Não achei que precisava
saber. Quando Brantley interveio e levou você, ficou combinado
que quando eles começassem - se eles começassem - ele iria
administrar.

—... o que eu fiz, — Brantley ataca Hector. — Até...

— Até você voltar a esta vida, — conclui Hector. —


Subestimei o poder de sua geração.

— Ok, — murmuro, desconcertada com a revelação de que


sou basicamente uma maldita aberração. Isso explica muitas
coisas, mas preciso extrair mais informações deles de qualquer
maneira, pelo menos antes de desabafar. — O quê... o que devo
prestar atenção?

Hector encolhe os ombros. — Isso eu não sei. É diferente


para cada pessoa.

Prendo a respiração, meus olhos oscilam entre todos eles


rapidamente, mudando muito rápido, com medo de perder
algo. Suponho que devo ler algum deles, e um deles somente se
isto vai funcionar. Eles ocultam tudo muito rapidamente para que
eu possa pegar.

Viro-me para Brantley. — Ava Garcia.

Arrepios incham sobre minha pele, um arrepio percorre


minha espinha. A temperatura na sala cai a níveis perigosos e, de

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repente, todos ficam em silêncio. Está bem. Eles podem ficar em
silêncio, porque o deslize de Brantley foi alto o suficiente para eu
ter uma resposta.

— Como... — Brantley se inclina, os cotovelos agora sobre os


joelhos enquanto seus olhos permanecem completamente nos
meus — ...porra, você conhece esse nome?

Endireito meus ombros, lutando contra a vontade de me


inquietar. — Eu... eu não sei.

— Você obviamente sabe, — acrescenta Hector, calmo


demais para o meu gosto.

Cruzo meus braços na minha frente. — É difícil de explicar.

— Explique de qualquer maneira, — Bishop diz, virando seu


corpo em minha direção.

— Você não vai acreditar em mim.

Brantley ri. — Porra, tente.

— Ok, mas eu quero a verdade. Quero o seu lado para o que


eu sei.

— Puta merda, Saint, minha paciência está se esgotando.

— Eu a vejo, — admito, e porque não posso assistir suas


reações, meu foco cai para os detalhes gravados na mesa de
Hector. — Ela, bem, ela começou a me visitar em meus sonhos
um pouco depois que conheci todo mundo.

— Ótimo, a vadia está entrando em sonhos e tentando dizer


a verdade dela. Por que as pessoas simplesmente não morrem
mais? — Bishop grunhe para si mesmo e não tenho energia para
perguntar o que ele quer dizer com isso. Eles falam sobre as
pessoas como se fossem descartáveis.

— É só isso. — Examino os olhos de Brantley. — Mas


recentemente se tornou, eu não sei, outra coisa.

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ELITE KING’S CLUB #6
— O que você quer dizer com outra coisa? — Brantley
pressiona, estou bem ciente de como Hector está silencioso agora.

— Quero dizer, eu... eu realmente a vejo. Como quando estou


no banheiro. Já não é só quando fecho os olhos. E não é só
isso. Ela me mostrou o que todos vocês fizeram com ela. — Me
inclino para mais perto de Brantley, prendendo-o com meus
olhos. — Brantley, eu senti o que você fez. Cada passo do
caminho. Assisti com os olhos de seu fantasma. Quando você a
matou, eu senti.

Brantley estremece, mostrando os dentes e, finalmente,


dispensando-me e recostando-se na cadeira, com os olhos em
Hector. — Como diabos nós a protegemos de um maldito
fantasma?

— Brantley, — digo, mas ele não me dá atenção. Sua


mandíbula está tensa, os nós dos dedos ficando brancos enquanto
seus punhos se fecham. Antes que eu possa me conter, estou
tentando alcançá-los. Na conexão, ele relaxa um pouco
instantaneamente. — Preciso saber quem ela é e por que está
fazendo isso.

— Quem ela é? — Brantley se vira para me encarar. — É o


produto de pessoas muito más, Saint, mas por que ela está
fazendo isso? Eu não sei, porra. — Ele se levanta abruptamente,
movendo-se para o outro lado da sala. Inclinando-se contra a
janela, olhando para fora. — Bishop conhece a história, mas
Hector, você não.

Hector suspira, recostando-se na cadeira. — O que diabos


vocês fizeram?

Brantley ri, e vejo enquanto ele passa a mão no rosto. Aperto


os lados da minha cadeira para me impedir de caminhar até ele e
pular em seus braços. — Lembra-se de Elijah?

— Lembro-me de você me dizendo o que ele fez, sim.

LIVRO 1
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A mandíbula de Brantley cerra. — O sobrenome dele era
Garcia.

— Jesus fodido Cristo, — sussurra Hector, balançando a


cabeça. — Então ela era?

Brantley finalmente se vira para nós, mas seus olhos estão


nos meus. — Ela foi parte da minha vingança.

O aperto que tenho em minha cadeira aumenta. — Então,


algo aconteceu entre você e Elijah?

Bishop pigarreou. — Você poderia dizer isso, mas Elijah


Garcia é filho de uma das famílias mais notórias conhecidas no
estado de Nova York. Seu pai é um Don, Elijah, é o seu braço
direito, e Ava? — Bishop balança a cabeça lentamente. — Bem,
ela era basicamente a porra da princesa.

— Ok. — Meus olhos se fecham enquanto tento desfazer


todos os nós dentro do meu cérebro que essas revelações
amarraram. — Então você matou Elijah e Ava...

— Elijah não, — Brantley murmura, e quando olho para ele,


todos os meus instintos estão gritando para correr. Desta vez, não
para ele, longe dele. — A hora dele ainda não havia chegado.

— Ainda, — Bishop mordeu. — Estou pensando que agora.

— Meninos, — Hector finalmente interrompe. — Este é um


negócio de King. — Ele lança um olhar para mim. — Há mais
alguma coisa que você gostaria de saber sobre você ou sobre mim?

Me sentindo satisfeita com tudo, não importa o quão confuso


seja para digerir, aceno. Há uma coisa que quero saber. Acho que
qualquer pessoa que foi abandonada por um dos pais gostaria de
saber. — Por que você se livrou de mim?

As linhas ao redor de seus olhos se aprofundam, seu sorriso


severo, mas de alguma forma ainda gentil. — Eu não poderia
mantê-la. Entendo que seu conhecimento sobre os Kings e nosso

LIVRO 1
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legado e lei é bastante novo para você, mas você teria sido
classificada como uma Swan. Eles teriam a matado. O Vaticano
a colocou sob sua proteção com a suposição de que você também
suportaria a maldição. Eles não tinham certeza de que você faria;
apenas assumiram.

Mordo meu lábio enquanto cenários passam por minha


cabeça. — Não sei o suficiente, mas sei um pouco. Madison, ela
era uma Swan?

Hector acena com a cabeça. — Sim.

— E os Lost Boys, eram eles que as matavam?

Hector se inclina para o lado de sua cadeira. — Sim, junto


com sua mãe biológica, que ajudou.

Isso não era novidade, mas não tornava mais fácil engolir. Eu
tinha ouvido comentários sarcásticos o suficiente de Tillie para
saber que nossa mãe obviamente não estava ganhando nenhum
prêmio de humanidade.

— Mas, por que você me tirou do Vaticano e me levou para o


Brantley?

Uma gama de emoções desmorona em seu rosto. Seus olhos


endurecem, as rugas ao redor de sua boca parecem tensas.

Brantley finalmente volta para a cadeira ao meu lado e,


quando a boca de Hector está prestes a se abrir, alguém bate na
porta.

Hector mantém os olhos em mim. — Entre.

A porta se abre e Scarlet fica na soleira. Scarlet, além de ser


a primeira-dama, também era uma estrela de cinema famosa. Ela
apareceu em alguns dos meus filmes favoritos.

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Seu largo sorriso é direcionado diretamente para mim, como
se ninguém mais existisse na sala. — Desculpe, eu não queria
interromper.

— Está tudo bem, — digo, me levantando. — Estou cansada


de qualquer maneira.

Bishop pega minha mão. — Venha, você pode dormir lá em


cima. — Eu o deixei me direcionar além de Scarlet. Só quando
estamos fora do escritório é que noto que Brantley não o
seguiu. Bishop faz uma pausa na parte inferior da escada.

— Ei. — Minha mão repousa em seu ombro. — Estou


bem. Posso pedir ao motorista para me levar para casa.

— Não é isso. — Ele solta um suspiro, os ombros tensos. —


Venha. — Em seguida, estou seguindo-o para fora das portas de
vidro deslizantes que se abrem para um pátio e uma grande
piscina retangular.

— Uau, casa de festas, hein?

— Você não tem ideia, — ele grunhe, me guiando pelas


espreguiçadeiras, passando pela cabine do DJ e pelo pequeno
jardim. Minha atenção se desvanece quando passo por uma
roseira alta.

— Eu poderia consertar isso totalmente.

Bishop ri. — Você não vai cuidar da nossa jardinagem.

— Só estou dizendo, eu poderia!

Paramos do lado de fora de uma casa idêntica à principal,


mas menor. É adjacente à piscina, mas tem vista para ela ao
mesmo tempo. Totalmente construída em vidro com detalhes
escuros.

Bishop para do lado de fora da porta. — Tantas memórias de


merda aqui. Quase não quero abrir a porta.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Bishop, posso dormir em casa.

Ele se vira. — Você não entende. — Ele dá um passo à frente,


tocando minha bochecha. Me inclino em suas mãos. — Esta
deveria ter sido sua casa o tempo todo, mas por causa de quem
você é, foi privada disso, assim como Madison foi. Não posso
permitir que aconteça novamente. Como Hector dirige as coisas,
não é como eu vou ser.

Toco sua mão com a minha. — O que você quer dizer?

Ele suspira, liberando seu aperto na minha bochecha e


encostando na porta da frente. — Hector sempre cuidou apenas
dos Kings. Os homens. Os herdeiros. Ele sempre viu as mulheres
como descartáveis. Não tinha problemas em lidar com a morte,
não importa a idade ou o sexo.

— Soa como um grande pai.

Bishop zomba, inclinando a cabeça para trás contra o


vidro. Não vou pressioná-lo para abrir mão. Ele está obviamente
atrasando. O melhor pra caralho. — Seu tom goteja com
sarcasmo.

— E você? — Pergunto, encostada em um dos pilares. —


Como você executará isso?

Seus olhos encontram os meus. — Eu cuidarei de todos e de


suas famílias.

— E quanto aos outros que não estão ligados aos Elite Kings?

Ele faz uma pausa, e vejo uma nuvem escura se mover sobre
seus olhos. Arrepios explodem na minha espinha. — Eles não são
problema meu. Meu povo sempre virá primeiro. Um civil significa
menos que merda para mim.

— Então, Heitor com civis e Bishop com os Kings? — Sorrio,


mas rolo meus lábios entre os dentes para parar de rir muito alto.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ele me encara antes que um sorriso malicioso chegue a sua
boca. — Espertinha. — Ele se levanta, com a mão na maçaneta. —
Vamos acabar com essa merda. — Ele empurra e nós
entramos. Está imaculado. Com escadas que conduzem a um
segundo andar estilo loft, uma cozinha moderna e uma área de
estar e todos os móveis de primeira qualidade.

— É lindo.

Bishop ri. — Dificilmente. Não coma fora das


mesas. Cocaína e maconha mancham cada centímetro deste
lugar. — Ele aponta para cima. — Estou brincando. Mamãe
mantém tudo organizado. O banheiro e o quarto ficam no andar
de cima. Vou pegar suas roupas.

Subo as escadas conforme as instruções e me esfrego no


grande chuveiro, antes de encontrar minhas malas no final da
cama e me trocar. Meu coração se acalma no meu peito. Posso
sentir Bishop em todo este ambiente. Madison também.

Bishop entra, pulando na cama. — Pego o martelo amanhã.

Seco meu cabelo com a toalha, antes de passar uma escova


nele. — Você está animado?

Ele tira os sapatos e joga um Zippo prateado entre os


dedos. — Sim, porra, estou. Acho que estou pronto. — Seus olhos
vêm aos meus, um brilho profundo dentro deles.

— Bem, — digo, puxando os lençóis e deslizando por baixo


deles. — Odeio dizer isso, mas ficaria preocupada se você não
estivesse, já que é amanhã.

Ele ri. — Seu vestido estará aqui quando você


acordar. Mamãe escolheu. Ela tem bom gosto.

Minha boca se alarga enquanto bocejo. — Brantley me disse


que mata pessoas. — O sono pesa em meus olhos enquanto luto
para mantê-los abertos. — Isso é verdade?

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Bishop se vira para me encarar. — Isso provavelmente é dizer
levianamente. — Eu queria encontrar uma mentira na verdade de
Brantley, mas deveria saber disso.

— Vocês são todos pessoas más.

— Os piores, — Bishop sussurra, e ecoa pela minha mente,


aderindo às fibras dentro do meu cérebro.

— Então, como é que não vejo isso?

Há um longo período de silêncio. — Porque você não é uma


civil.

— Você vê, não é? Você vê isso tão claro como o dia, mas
ignora todos os sinais... — A voz era um grito agudo, tão forte e
urgente. O rosto dela. Pálido. Lábios vermelhos como
sangue. Cabelo vermelho. Olhos castanhos zangados. Ela sorriu
no escuro, enquanto a risada cacarejava ao fundo. — Agora você
vai morrer. Vou deixar você com isso.

Pulo da cama, esfregando o sono dos meus olhos. Cama


estranha, papel de parede branco, espelho no teto. Quarto de
Bishop.

Estou sozinha, com nada além do som do ar-condicionado


explodindo pelo quarto. Está escuro. Tão escuro. Escuro o
suficiente para me fazer procurar urgentemente o interruptor de
luz. Procuro interruptores sem rumo na parede enquanto
caminho pelo quarto. Mãos estão na minha boca e pulo em estado
de choque. Meus ombros relaxam quando reconheço sua energia.

Sua boca está no meu pescoço. — Preciso de você. — Ele


raspou os dentes na curva do meu ombro. — Mas você pode não
sobreviver a isso.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Viro minha cabeça, o fogo na minha barriga se espalhando
entre as minhas coxas. — Não me importo.

Seus dedos mergulham sob o cós da minha calça,


provocando a borda superior, sobre meu osso pélvico. Sua outra
mão vem para a frente da minha garganta enquanto ele inclina
minha cabeça para trás e corre um dedo pela minha garganta. —
Eu preciso disso exposto...

Estico minha boca para ele. Quando ele me pega pelos pés e
me joga na cama, as cobertas derretem em volta do meu
corpo. Não consigo ver nada, com a luz completamente
apagada. Ele puxa as cobertas e eu a levanto, permitindo que ele
a jogue onde quer que ele queira. Suas mãos estão em meus
joelhos, me esticando, e me apoio nos cotovelos, meu peito
subindo e descendo com antecipação. O calor de seus lábios roça
minha coxa, sua língua seguindo de perto. Ele empurra minha
outra coxa para baixo na cama, prendendo-me enquanto a outra
está enrolada em minha coxa, apoiada em seu ombro. Aperto os
lençóis na minha mão quando ele lambe a pele onde minha coxa
encontra o meio.

Um pequeno gemido escapa dos meus lábios quando ele


afunda seus dentes em mim. — Merda.

Sua língua circula a ferida antes que passe pela minha


cintura, onde mais sinto dor por ele. Estou jogando e virando
quando sua língua passa rapidamente pelo meu clitóris. Sua mão
que estava segurando minha coxa está agora sobre a minha
barriga.

Ele pressiona. — Fique parada.

Gemo, agarrando os lençóis na minha mão enquanto arqueio


minhas costas para fora do colchão. — Não posso.

Ele ri, e vibra em seus lábios e me dá um tapa no clitóris. —


Tente. — Sua boca me cobre completamente, sua língua

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
pressionando contra minha área mais sensível. Liso, duro e
úmido, ele me lambe repetidamente até que o fogo que está na
minha barriga explode e se espalha por todo o meu corpo, brasas
dançando atrás dos meus olhos.

Finalmente, ele me solta, e ouço seu cinto e jeans caírem no


chão antes de ele pairar sobre meu corpo. Me estico, mas não
consigo encontrá-lo.

— Ligue a luz, — digo através de respirações pesadas.

— Você não quer me ver agora.

— Besteira, — sussurro, finalmente encontrando sua


nuca. Eu o puxo para baixo em cima de mim e, em vez de lutar
como eu esperava, seu nariz roça o meu. — Aceito você como bem
entender.

Seus lábios estão nos meus, sua língua deslizando dentro da


minha boca e levanto meus quadris para os dele. A ponta de seu
pau pressiona contra minha entrada, mas ele não para de me
beijar. Quando seus quadris impulsionam para frente e cada
centímetro dele está me penetrando ao máximo, ele morde meu
lábio inferior e o puxa para trás. — Porra, Saint...

Envolvo minhas pernas em volta de sua cintura, não


querendo que ele fique mais longe de mim do que antes. Preciso
estar completamente tomada por ele. Oprimida pelas emoções que
estão correndo soltas dentro de mim, arrasto minhas unhas sobre
suas costas, seus músculos se contraem.

Ele estala, suas estocadas se tornando urgentes,


rápidas. Penetrando em mim até que o sinto atingir a ponta do
meu colo do útero. Grito, mas ele capta as palavras com a boca e
sua língua está de volta na minha.

Inclinando-se, ele sai de mim, me levantando pelos quadris


e me virando de bruços. Enrolando meu cabelo em seu punho e o

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
puxa com força, até que a pele da minha garganta dobre. —
Levante.

Pressiono meus joelhos no colchão enquanto ele passa a mão


pela borda da minha coluna. — Porra. Preciso ver isso. — Ele pega
seu telefone e liga a lanterna.

Viro-me para olhar por cima do ombro, sacudindo meu


cabelo para o lado. — Isso não é justo. Eu ainda não consigo te
ver...

— A vida comigo nunca será justa. — Ele joga seu telefone


no chão, permitindo que um pouco de luz reflita nas sombras,
antes que seus dedos cavem em meus quadris e ele me direcione
sobre ele. Me estico sobre o metal de seus piercings, apertando e
traçando cada centímetro que ele enterra dentro de mim.

— Meu Deus. — Mordo o interior da minha bochecha para


me impedir de gritar. Sinto tudo. O prazer que atormenta a dor. É
um cabo de guerra constante, do qual um vai vencer. Sua pélvis
atinge minhas nádegas e eu suspiro, caindo no colchão, enquanto
mantenho minha bunda no ar. Ele puxa para fora antes de
retomar. E continua neste ritmo lento, até eu relaxar ao seu redor,
o som de minha umidade se misturando com a dele. Apressando-
se, batendo em mim implacavelmente. Sinto meu estômago torcer
e virar à medida que meu ritmo cardíaco acelera novamente.
Estou tão perto. Então arrebento ao seu redor quando seu dedo se
aproxima do meu mamilo. Ele belisca grosseiramente, inclinando-
se sobre minhas costas e afundando seus dentes no meu ombro
ao gozar dentro de mim, com seu corpo pesado sobre o meu.

— Sua boceta vai me matar.

— Não antes de seu pau me dividir em duas.

Ele ri, sua risada vibrando nas minhas costas. — Você lida
bem com isso, baby. Muito bem...

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Ainda está recuperando o fôlego quando rola do meu corpo,
levando o lençol com ele. Rolo para o meu lado e seu braço
escorrega sobre minhas costas, então me aconchego sob seu braço
conforme se aproxima de mim, seu nariz no meu cabelo.

Passo meu dedo sobre a argola em seu mamilo. — Quero um


desses.

— Mmmm, podemos providenciar isso.

Seus dedos se agarram sob meu queixo, inclinando meu


rosto até o dele. E me beija. — Venha sentar na minha cara.

— Cansada. — Bocejo, mas ele pega meu lábio inferior no


meio de um bocejo.

— Agora.

Corro minha mão sobre seu peito, esfregando o suor e a


umidade sobre seus abdominais e peitorais ao mesmo tempo em
que me empurro contra ele e me engatinho no seu corpo. Suas
mãos chegam a cada uma de minhas coxas, puxando-me para
baixo até eu pousar sobre sua boca. Enterro minhas mãos em
seus cabelos, erguendo minha cabeça para trás quando sua
língua mergulha dentro de mim, suas mãos no meu traseiro
possessivamente. Passando minha mão pela lateral de sua
cabeça, apalpo mais suor, só que está assustadoramente maior.

Minhas sobrancelhas franzem em confusão enquanto levo


minha mão ao rosto. Ajustando meus olhos para a pouca luz que
seu telefone está oferecendo, faço uma pausa quando percebo que
o que quer que seja que esteja na minha mão é escuro. Escuro o
suficiente para ver através da luz mínima.

Vou empurrá-lo, mas ele me puxa de volta para baixo.

— Brantley... — sussurro, mas ele sacode meu clitóris e o


chupa suavemente e minha mente está perdida no lugar erótico
para onde vai sempre que ele me come. Inclinando-me em seu

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
estômago com uma mão, implacavelmente rolo meus quadris
sobre seu rosto.

Uma mão sobe até minha garganta e ele fica tenso enquanto
continuo a esfregar sobre ele. O ar é interrompido quando seu
aperto aumenta. Me seguro pelo braço dele, as ondulações dos
músculos tensos sob minha palma.

— Porra. — Desencaixa de mim, suas mãos sobre meus


quadris. Escorrega meu corpo pelo peito como se eu não pesasse
nada, e me guia de volta sobre seu pau. Estremeço quando ele me
enche novamente, caindo em cima dele como uma boneca frágil
enquanto pego o fôlego.

— Você está sangrando. — Me inclino pressionando seu


peito.

Ele força minha cabeça para baixo na minha nuca. — Então


limpe.

Corro minha língua sobre sua mandíbula afiada, abaixo em


seu pescoço e sobre sua jugular. O forte travo de metal atinge a
ponta da minha língua e desliza para o fundo da minha garganta.
Cavalgo sobre ele lentamente mordiscando e chupando sua
clavícula e pescoço.

— Mmmm. — Ele envolve meu cabelo em seu punho,


puxando meu rosto para ele novamente. — Talvez você seja
perfeita para mim.

Deslizando para dentro e para fora até que nossos corpos se


colidam, preenchendo o silêncio com nossos gemidos e sons
corporais. Caio em seu peito quando outro orgasmo irrompe e se
derrama sobre nós, mas antes que eu possa recuperar o fôlego,
ele está me virando de costas, esticando uma perna com a sua
enquanto sua língua atinge meu mamilo. Ele suga no mesmo
ritmo que cavalga meu corpo, suor e provavelmente sangue,
escorregando entre nós.

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ELITE KING’S CLUB #6
Sua mão está na minha garganta novamente, seus lábios
finalmente voltando a pairar sobre os meus. O suor cai de seu
queixo e na minha bochecha enquanto ele pressiona sua testa na
minha. — Você está acabada, — ele rosna, batendo dentro de
mim. Se você me abrir e encontrar a medula em meus ossos,
encontrará o nome dele estampado em cada centímetro. — Você é
minha.

Alcanço seu pescoço, mas ele puxa minhas mãos para baixo
e as prende sobre minha cabeça, enterrando seu rosto entre meu
ombro e minha cabeça.

Sua mão se estende e ouço o som de algo metálico. Gelo


contra meu pescoço, e só quando atinge a temperatura do meu
corpo é que percebo que é o fio cego de uma faca.

Prendo minha respiração enquanto seu empurrão diminui.

Ele se inclina para a minha boca. — Confia em mim?

— Sim, — sussurro instantaneamente, e ele arrasta a lâmina


pelo lado e sobre meu braço. — E se você cortar muito fundo?

— Confia em mim? — Repete, seu tom um pouco mais


nervoso. — Eu não sou um idiota de merda.

— Está bem. — Engulo em seco, fechando os olhos com


força. Sei que ele não vai querer me matar, mas e se ele levar isso
longe demais?

A faca está em meu braço quando ele faz uma pausa. — Vou
começar em algum lugar fácil, já que sua boceta está prestes a
estrangular meu pau com antecipação. — Ele pressiona a ponta
na minha carne e recuo, mas não grito. A dor não é insuportável,
mas a picada vibrando sobre o corte, de alguma forma, desce por
entre minhas coxas. Ele deve sentir isso, porque ri.

Ele penetra em mim novamente, levando meu braço à boca e


lambendo o ferimento. O sentimento é erótico e proibido, e

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provavelmente totalmente nojento para a maioria das pessoas,
mas por algum motivo, fazer isso com ele me seduz ainda
mais. Isso acende um lado sinistro de mim que só ele poderia
iluminar. Caio em uma sensação avassaladora de prazer, dor e
tudo mais. Não para até que minhas coxas tremam e meus olhos
se fecham.

Meus membros estão pesados. Eu mal consigo arrancar


minha perna de Brantley quando meus olhos se abrem
lentamente. — Ai. — Minha cabeça lateja, meus músculos
apunhalam de dor e a dor vibrando entre minhas pernas é quase
insuportável.

— Porra, pare de se mover.

— Bem, para ser honesta, não consigo me mover. — Tento


levantar minha perna novamente, mas a mão dele cai por cima.

Finalmente meus olhos se alargam, e capto o quarto. — Puta


merda! — Minha atenção voa para Brantley. Manchas rosa e
vermelhas estão borradas sobre os lençóis antes brancos, seu
cabelo emaranhado e seu lábio cortado.

Procuro por ele. — O que aconteceu?

Ele geme. — Você é sempre tão chata de manhã?

— Quando você está machucado e sangrando? Sim! O que


aconteceu ontem à noite?

Ele afasta minha mão de seu rosto. — Relaxe.

Rosno, empurrando os lençóis do meu corpo. Meus pés estão


prestes a bater no chão quando seu braço está em volta da minha
cintura e estou voando pela cama. Ele me bate no colchão e rola
em cima de mim. — Isso foi engraçado, Dea, mas esse rosnado só
vai te deixar fodida.

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Examino seus olhos, levando minha mão até as manchas de
sangue que estão sobre sua bochecha. — Você está uma bagunça.

— Mmm, mas você deveria ver o outro.

— Quem é ele? — Digo, e ele desliza de cima de mim.

— Não podemos ter essa conversa agora.

— Que conversa? — Pergunto, envolvendo o lençol em volta


do meu corpo. Tenho sangue seco preso em meu cabelo e o
toco. — Por favor, me diga que era o seu sangue que eu estava
sugando e não o de outra pessoa...

Ele ri, puxando seu jeans e deixando-o desabotoado. Ele se


vira para mim e eu paro. Os pontos em seu peito são recentes de
novo, como se ele precisasse ser refeitos.

O que diabos aconteceu noite passada?

Dou um passo à frente, mas ele dá um passo atrás. — Não


posso responder perguntas sobre os Kings e o que eu faço, não os
específicos de qualquer maneira. Não, a menos que... — Ele faz
uma pausa, inclina a cabeça e vejo como seus olhos caem para
cima e para baixo no meu corpo. — ...isso aconteça.

— Tudo bem, mas era apenas o seu sangue ou eu preciso ir


fazer um teste?

Ele me encara como se eu fosse burra. — O fato de você


pensar que eu deixaria o sangue de alguém em qualquer lugar
perto de você é o suficiente para me fazer te prender e te foder até
desmaiar. Mais uma vez. Tem sorte de ser a cerimônia do seu
irmão esta noite. — Ele aponta para o chuveiro. — Vá se limpar.

Vou para o banheiro. — O que vou dizer a Bishop sobre o


sangue?

Ele sorri por cima do ombro, a mão na maçaneta da porta. —


Bishop está bem ciente do meu jogo de sangue. — Então ele se foi.

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Abro a torneira, esperando do lado de fora do chuveiro até
que o vapor encha o ar. Estremeço, olhando para o corte em meu
braço, mas me pego sorrindo quando esfrego meu polegar sobre
ele, memórias da noite passada piscando atrás dos meus
olhos. Meu coração incha e minhas bochechas queimam
enquanto repasso tudo. Não achei que esse sentimento pudesse
existir.

Vou até o espelho e limpo a condensação com a mão. Um


grito sai de mim quando uma garota está me encarando pelo
espelho, o cabelo tão vermelho quanto seus lábios. Sua
maquiagem está borrada como se alguém tivesse pegado sujeira e
esfregado tudo. Ela me encara inexpressiva, imperturbável, mas
quando me viro para perguntar quem diabos ela é, não vejo nada.

Puf.

Se foi.

Não há ninguém lá.

Esfrego meus olhos com as costas da mão. Eu estou ficando


louca.

Me lavo no chuveiro rapidamente, ainda um pouco


assustada com o que pensei ter visto. Uma vez que estou fora e
espremendo o excesso de água do meu cabelo, noto a pintura
diretamente em frente ao espelho. É o retrato de uma jovem nas
cores vermelho, preto e amarelo. Talvez minha mente tenha criado
um rosto por capricho. Faz sentido.

Coloco algumas roupas limpas. Uma camiseta Gucci branca


lisa e jeans skinny preto rasgado com tênis Van nude. Escovo meu
cabelo enquanto seco em ondas suaves, e depois começo a
prepará-lo para esta noite, usando uma mistura de óleos e
hidratantes. Depois de correr escada abaixo, encontro Tillie
sentada no sofá, tomando o café da manhã com granola na boca.

— Bom dia! — Ela sorri, balançando as sobrancelhas.

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— Por favor, não comece. — Vou para a cozinha, abrindo a
geladeira e encontrando-a totalmente abastecida com comida.

— Oh, não estou. — Ela se apoia na parede que separa a


cozinha e a sala. — Mas estou com raiva de você partir sem me
dizer.

Suspiro, servindo-me de um bule de café e subindo no balcão


da cozinha. — Sinto muito.

— Você pode me dizer por que ela precisava de você?

Abro a boca e fecho. Madison não tinha contado a Tillie que


estava grávida? Obviamente, há um motivo pelo qual ela não o fez,
então decido mais uma vez contar uma pequena mentira. — Não
posso dizer, mas tenho certeza de que todos saberão no devido
tempo.

— Tudo bem, — diz Tillie. — Lá se foi o meu pacto.

Minhas palavras ficam presas na garganta. Não quero que


Tillie se sinta assim e, embora não tenhamos passado tanto tempo
juntos como Bishop e eu, mas ainda mais do que Abel e eu, o
vínculo entre Tillie e eu é natural. Não precisou de tempo. Não
precisou de carinho nem de atenção, pois sei que sem sombra de
dúvida ela sempre estará comigo.

Deixo minha caneca no balcão. — Não é meu segredo para


contar. — Mordo meu lábio. — Você não pode contar a
Nate. Estou falando sério, Tillie...

Ela suspira, massageando a cabeça. — Ok, não, não me diga.

Inclino minha cabeça.

— Se eu não posso contar a ele, é por isso que ela não me


contou. Ela conhece minha boca grande com Nate.

Sorrio com a boca na minha caneca. — Ok.

— Então, Scarlet escolheu seu vestido. Você já viu?

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Balancei minha cabeça. — Não. Onde estão os garotos?

— Eles saíram. Não os veremos até esta noite. — Meu café


ondula na minha barriga. Brantley não me contou o que
aconteceu com ele ontem à noite. Além disso, sinto falta dele e só
o vi há apenas uma hora.

Tillie faz gestos para fora da porta e nós seguimos para a casa
principal.

— Tantas memórias tóxicas nesta casa. — Tillie balança a


cabeça. — Muitos não estão mais conosco. — Vejo uma onda de
tristeza passar por ela. Ainda não estamos na casa principal
quando me pego perguntando a ela.

— Não sei muito sobre a sua história e a de Nate.

Ela ri, colocando o cabelo atrás da orelha. — Bem, levaria


uma vida inteira para repetir tudo para você. — Ela faz uma
pausa, seus passos diminuindo. — Você poderia dizer que
perdemos pessoas importantes.

Não quero insistir no assunto, então pego sua mão.

Ela sorri, mas faz uma pausa quando vê o corte no meu


braço. — Aquele bastardo assustador.

Viro meu braço para olhar e rir. — Não é tão ruim...

— Você gosta disso? — Ela pergunta, uma sobrancelha


arqueada.

Minhas bochechas esquentam. — Um pouco.

Ela me cutuca com o ombro. — Você é definitivamente minha


irmã.

Entramos na casa, onde música clássica está tocando e


pessoas que não conheço estão se movendo por toda parte.

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Scarlet sai correndo, juntando as mãos. — Graças a Deus,
Saint, querida, preciso de você aqui para verificar suas medidas.
— Scarlet me pega, levando-me para a grande sala de jantar onde
os vestidos pendem de ganchos de plástico.

Ela aponta para outra mulher. — Esta é Elena, a madrasta


de Madison. — Scarlet bate um dedo comprido na bochecha.

— O que há de errado? — Pergunto, depois de acenar para


Elena.

Scarlet pega seu telefone e pressiona um número antes de


levá-lo ao ouvido. — O que ela vai vestir esta noite? — Ela faz uma
pausa, seus olhos arregalados em mim. Embaralho
desconfortavelmente. — Você tem certeza? — Silêncio e olho para
Tillie. Ela balança a cabeça. — Isso nunca aconteceu. Nunca,
Hector. Isso vai colocar um alvo nela? — Mais uma vez, aumento
meus olhos para Tillie.

Que revira os dela, colocando uma batata frita na boca e se


sentando em uma das cadeiras.

— Ok, — diz Scarlet. — Eu te amo. — Ela desliga, segurando


o telefone contra o peito. — Bem, suponho que Brantley não ficará
feliz conosco, mas você usará Hayes esta noite.

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Capítulo 26
BRANTLEY

Os decoradores estão correndo pelo saguão principal do


hotel, no centro de Riverside. Estamos todos circulando no porão,
com uma garrafa de uísque na minha mão e um baseado na
outra. Corro minha mão pelo meu cabelo, bagunçando-o. Tirando
minha gravata para que fique frouxa em volta do meu pescoço e
abro os primeiros quatro botões da camisa, entrego o frasco para
Nate.

— Porra, odeio usar terno, — rosno.

— Idem. — Nate dá uma risadinha. — É mais apertado do


que a boceta de Tillie.

Lentamente olho para ele enquanto todos ao nosso redor


param. — Sério, filho da puta?

Ele ri. — Oh, por favor. Você sabe do que eu estou falando.

Mando o dedo do meio para ele.

— Ou é Saint...

Minha mão está em seu cabelo, puxando-o para mim.

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— Ai, ai! — Ele ri. — Porra, ok! Merda.

Eu o empurro para longe de mim. — Quer falar como uma


vadia, vou tratá-lo como uma vadia. — Não posso evitar a risada
que sai da minha boca. Algumas merdas nunca mudam, e a
merda de Nate é uma delas.

Ele dá um tapinha no cabelo. Maldito menino bonito.

Bishop encara entre nós dois. — Vocês dois calem a boca.

Eli entra, batendo em um saco transparente. Pulo do balcão


e dou um tapa na cabeça dele assim que Bishop estende a mão,
abrindo. — Que porra é essa?

— O quê? — Eli sorri para todos nós. — Achei que ele poderia
usar um pouco para se acalmar.

Minha boca se fecha, meu punho se fecha. — Sim? Dando


um pouco de coca para alguém que já está no limite cheirar.

— Estou bem, porra — Bishop rebate, derramando o pó na


mesa enquanto Nate enrola uma nota.

Olho para Nate. — Mesmo?

— Porra, você é tão mal-humorado. — Ele joga a nota


enrolada no meu peito. — Poupe-nos de algumas besteiras
temperamentais e pegue uma linha como você costumava fazer.

— Estou bem. — Atiro de volta para ele. — Divirta-se


explicando a Tillie porque você está tão maluco enquanto ela está
grávida. Com certeza vou cuspir no seu túmulo.

Nate me dá um sorriso malicioso. — Eu também te amo.

Bishop pega a linha antes de Nate e Eli irem. Hunter recusa,


assim como Cash.

Hunter dá um tapinha na cabeça de Nate. — Percebe porque


Bran não pode ter nenhuma, certo?

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Ignoro a conversa deles.

— Ele não pode exatamente ficar louco durante um trabalho.

— Ele não tem um esta noite, — Nate responde.

— Para o registro. — Bishop limpa sua narina. — Não vou


tocar nessa merda de novo, uma vez que o martelo estiver na
minha mão. Preciso de minha cabeça limpa.

— Vou cobrar isso de você, — rosno. — E você, filho da puta.


— Aponto para Nate. — Nós não estamos mais na porra do ensino
médio.

— É só pó. — Nate revira os olhos.

— Sim? — Sorrio para ele. — Vou ter certeza de dizer isso a


você quando o pequeno War voltar para casa zoado da cabeça.

Ele me mostra o dedo do meio. Deixar cair seu apelido


infantil foi provavelmente um golpe baixo, mas a quantidade de
coca que todos nós usamos em nossa vida poderia construir um
maldito boneco de neve. Warren Riverside. Só o nome soa como a
porra de um problema.

O saco é guardado e nosso círculo volta a se estreitar. Hector


entra com todos os Kings mais velhos atrás dele, afofando o
paletó. Max, Raguel, Johan, pai biológico de Madison. Eles estão
todos aqui. — Você está pronto para a primeira fase?

Sorrio para Hector por trás do meu baseado. — Nunca estive


tão pronto.

Hector percebe Bishop limpando sua narina. — Não faça


disso um hábito, filho.

— Foi um adeus à antiga vida.

Hector repousa contra uma das bancadas, sua mão tatuada


envolvendo-a. — A primeira fase é a mais importante. — Ele se
vira para Max e acena com a cabeça. Max sai de trás dele,

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entregando a todos nós um envelope preto com letras douradas
na frente.

— Você deve ter notado que seu grupo diminuiu ao longo dos
anos, com alguns desaparecendo sem deixar vestígios. Eles
estarão todos na fase dois da cerimônia esta noite, porque embora
você não os veja, talvez nunca mais, eles ainda fazem parte de sua
geração de irmandade. — Hector corta a ponta de um charuto. —
Chase, Saint, Ace e, mais recentemente, Jase. — Ele faz uma
pausa e solto uma nuvem densa de fumaça antes de tirar minha
jaqueta e arregaçar as mangas da minha camisa. — A razão disso
é a mesma razão pela qual os Elite Kings conseguiram manter o
poder em todos os quatro cantos deste fodido mundo. Como você
acha que temos pessoas em setores importantes? Porque nós os
colocamos lá. — Ele se afasta do balcão e aponta para Bishop. —
Este grupo aqui, que está de pé, é com quem você estará até
passar para o próximo. Eles serão seu Raguel, seu Max, seu
Johan.

— Sua geração nem sempre foi tão pequena... — pondero em


voz alta.

Hector sorri, mas não atinge seus olhos. — Não. — Ele olha
para todos nós. — Todos vocês estão bem familiarizados com seus
deveres no clube e os cumpriram com quase excelência desde
então. — Seus olhos encontram os meus. — Excelência absoluta.

Aceno, aceitando seu elogio.

— Assim que a fase dois for concluída, estaremos de volta


aqui para cumprir a etapa final. Abram seus envelopes. — Ele olha
para o relógio, pressionando o botão na lateral. — Você tem duas
horas para cumprir a fase um.

Rasgo o envelope, encontrando um pedaço de papel preto


com palavras escritas em prata rabiscadas.

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Dobro o papel, rangendo os dentes. — Será que eles alguma ELITE KING’S CLUB #6
vez farão algo remotamente clichê ou normal? Ou estaremos
sempre fazendo algo estranho.

Bishop olha para mim com olhos semicerrados. — Estamos


bem em nosso ambiente.

Sorrio para ele. — Touché.

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Aponto para a fila de carros estacionados no meio-fio. —
Todos nós precisamos ser capazes de fugir se necessário. Devemos
todos levar nossos próprios carros. — Clico o alarme do meu
Bugatti, apontando para baixo na fila. — Mesmo que eles saibam
quem somos nós.

Bishop ri, deslizando em seu Maserati na frente. — Pode ser


outro bando de quadrilheiros que andam em carros europeus com
vidros escuros.

Nate sobe em seu Lambo, Eli em sua Ferrari, Hunter em seu


Porsche e Cash em seu Aston. Todos pretos. Tudo preto, mas cada
placa com uma coroa escondida atrás dos números que só fica
exposta sob uma luz negra.

Acelero meu motor, assim que uma mensagem aparece no


meu telefone.

Saint: Com sede.

Faço uma pausa. — Que porra é essa? — Rapidamente


respondo.

Eu: Você está com a Tillie?

Saint: carregando imagem

Nate acelera o motor ruidosamente atrás de mim, e pego seus


braços voando em torno de si no espelho retrovisor. Eu o ignoro.

— Ei! — Nate grita comigo pela janela.

A imagem carrega e congelo. Bishop acelera e sigo atrás dele,


segurando duas vezes até que eu alcance a velocidade
necessária. Levanto meu telefone e bato o botão.

Ela atende no segundo toque. — Você está ficando muito


confortável em me irritar.

— Você gosta disso?

LIVRO 1
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— Não, prefiro você nua. — Então suspiro, apertando o
volante. — Está me distraindo e não posso ser distraído
agora. Coloque Tillie no telefone. — Há um embaralhamento antes
de a voz de Tillie ronronar do outro lado da linha.

— Pequena Terrorista, você está testando a porra da minha


paciência. — Desvio para a pista da direita, permanecendo atrás
de Bishop.

— Ótimo. Você fica sexy quando está bravo.

Reviro meus olhos. — Vou garantir de informar isso a Nate.

— Oh, ele sabe. — Ela solta um suspiro. — Sério agora, eu


sei quais são as fases. Você pode...

— ...estou com ele, Tillie. Não vou deixar nada acontecer ao


pai do bebê.

— Obrigada, Bran Bran. Você é doce quando quer.

— Foda-se.

— Também te amo.

— Devagar com essa garota. Está aprendendo rápido demais


como me dar nos nervos.

— Mais ou menos tão boa quanto ela cavalga em seu pau?

— Tillie! — Ouço Scarlet e Elena ao fundo.

Eu rio. — Nada chega perto dela cavalgando minha


merda. Vejo você mais tarde.

Desligo e pressiono o play em uma playlist


aleatória. “Popular Monster” de Falling in Reverse grita em meus
alto-falantes.

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ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 27
SAINT

Lembro-me da primeira vez que usei um vestido. Um muito


bonito. Foi uma das primeiras compras que fiz com o cartão preto
de Brantley e era uma peça assinada pela Dolce & Gabbana. Tinha
pequenas lantejoulas pretas costuradas no cetim, com tiras finas
que pendiam dos meus pequenos ombros. Eu gostei, mas não
adorei. Então, enviei de volta.

Passo minhas mãos sobre este, e a sensação que eu esperava


sentir quando usei aquela peça de grife é a sensação que estou
experimentando agora. É um vício, enchendo minhas veias de
calor, conforto. Acho que tenho um problema com as compras.
Este é de cor pura como nuvens fofas, mas abraça firme o meu
corpo. Ele cai no chão aos meus pés, no entanto, tem uma única
fenda que corta bem por cima do meu osso do quadril. Existem
penas que revestem a fenda, as bordas da área sem alças na parte
superior e na parte inferior da cauda. Lantejoulas foram
costuradas no corpete, onde ele mergulha entre meus seios,
salpicando as costuras. Literalmente.

— Ok, sim, é isso! — Tillie diz atrás de mim, e meus olhos


pegam os dela no espelho de corpo inteiro arqueado. A casa de

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ELITE KING’S CLUB #6
Scarlet está um caos, com vestidos, maquiagem e funcionários
correndo por toda parte, indo daqui até um hotel em
Riverside. Faltam duas horas para chegarmos lá, e ainda não
tenho meu rosto maquiado.

— Venha, sente-se, — Scarlet diz, acenando para mim até


um banquinho na cozinha.

Tiro meus olhos do vestido e me movo para a cadeira.

— Como está se adaptando? — Scarlet tenta conversar um


pouco. Ela molha uma esponja em tinta branca, antes de
pressioná-la na minha bochecha.

— Está tudo bem. Todos facilitaram as coisas para mim.

Ela sorri, mostrando uma pequena fenda de seus dentes


brancos e retos. — Estou feliz. Eu odiaria ter que enfiar meu
Louboutin em suas bundas.

Sorrio e meus ombros relaxam. Talvez estar perto dela seja


construtivo. À medida que vai avançando nas etapas de
maquiagem, ela explica por que os Kings usam a face da caveira e
o significado para a história de sua família. Acho isso fascinante.
Acho fascinante o mundo inteiro em que eles vivem. Concluiu o
crânio, e agora está passando para a maquiagem glamourosa.

Faz uma pausa com uma escova de base na mão. — Lamento


não ter lutado tanto por você.

Meus lábios se separam quando meus olhos encontram os


dela. — Você sabia sobre mim?

Ela acena com a cabeça enquanto uma pitada de rosa se


espalha por suas bochechas. — Sabia. Na época, eu estava
convencida de que Hector estava certo. Você precisava estar com
outras pessoas ao seu redor, longe de um mundo que poderia
muito bem te matar, e se Katsia não descobrisse, então nossos
inimigos o fariam.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Sento-me em silêncio enquanto ela continua com as
pinceladas no meu rosto. Não quero preencher o silêncio com
palavras inúteis. — Você sabia que eu estava com Brantley?

As rugas ao redor de sua boca se enrugam. Vejo enquanto


ela mergulha um pincel de sombra em uma das muitas paletas
que colocou no balcão. — Sim. No momento, não concordei com
isso. — Seus olhos encontram os meus e ela suspira, apoiando a
mão no quadril. — Você e Brantley, suponho que chegarão a um
momento em seu relacionamento em que essa discussão surgirá,
como aconteceu com Nate e Tillie, Bishop e Madison, e tenho
certeza de que todos os outros Kings que encontrarem sua outra
metade.

Não digo nada, permanecendo em silêncio para ouvir o que


ela tem a dizer. Quando Scarlet fala, ela fala para ser ouvida, mas
em volumes que não precisam ser gritados.

— Ahhh, o famoso DC. — Tillie entra na cozinha, segurando


duas taças de champanhe. Ela coloca uma perto de mim e outra
ao lado de Scarlet.

— DC? — Pergunto.

Scarlet pega sua flauta, toma um pequeno gole das bolhas e


depois volta a trabalhar na minha maquiagem. — Divulgação
completa. Caberá a você decidir se quer saber tudo, ou se não quer
saber nada, mas deixe-me apenas dizer que os que não querem
saber nada, não duram muito.

— Bem. — Solto um suspiro enquanto ela trabalha em meus


lábios. — Brantley e eu provavelmente não chegaremos a esse
ponto.

Tillie ri, Scarlet não. — Por que você diz isso? — ela pergunta.

— Conheço Brantley. Ele prefere me afastar do que me ter


por perto. Ele não...

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— ...ele não acha que merece você — acrescenta Tillie quando
uma criada envolve um vestido amarelo à sua cintura. Em outras
pessoas, a cor não ficaria tão agradável, mas em Tillie, fica
perfeito. Isso porque seu corpo faz a maior parte do trabalho.

— Isso e ele prefere apenas me manter à distância.

— Desculpe o choque, irmãzinha, mas a distância não fica


em cima desse pau lindamente perfurado.

Scarlet faz uma pausa, sua mão pairando na frente do meu


rosto. — Eu o conheço desde que ele era um bebê. Prefiro não ter
uma imagem do seu pau em meu cérebro, Tillie.

Tillie dá de ombros, sorrindo.

Eu a ignoro e Scarlet continua com a maquiagem. Gostaria


de poder dizer que estava ocupada pensando sobre esta noite, mas
estou muito envolvida na revelação. O que eu escolheria, se eu
tivesse a chance? Já sei; gostaria de saber tudo.

Assim que meu rosto está pronto, meu telefone vibra no bolso
enquanto Scarlet empacota tudo. Ela aponta para mim. — Você
está vestindo algo diferente. Isso nunca aconteceu antes.

Estendo a mão para tocar meu rosto, mas ela balança a


cabeça.

Tillie vem na minha frente. — E quanto a Stuprum?

Scarlet revira os olhos. — Hayes supera Stuprum.

Tillie faz beicinho. — Então ela fica meio Hayes e meio


Vitiosis? Algo me diz que Bran Bran vai ficar puto com isso.

Scarlet dá uma risadinha atrevida. — Encontrarei vocês


duas lá fora em uma hora. Vamos juntas com Elena e Tate.

— Desculpa, o quê? — Tillie rebate, gritando com Scarlet,


que agora está subindo as escadas.

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— Seja simpática, Tillie! É hora de superar isso.

Tillie bufa, caindo em uma cadeira. — Ainda não gosto dela.

— Por quê? — Digo, finalmente bebendo meu champanhe. —


O que aconteceu?

Tillie começa a me contar tudo o que aconteceu entre ela e


Tate.

— Mas vocês duas estão com pessoas diferentes agora.

— Eu sei, mas você não viu como ela era. Eu queria bater
nela. Eu teria batido nela se ela não fosse a melhor amiga de
Madison. — Ela se levanta da cadeira e pega o telefone.

— Concordo com Scarlet. Você precisa deixar para lá isso.

— Você deixaria? — ela diz, sua sobrancelha arqueada. — Se


fosse Brantley?

— Bem, — digo, abrindo a geladeira para encontrar a garrafa


de Moët. Começo a servir mais champanhe na minha taça. —
Ainda estou falando com você, não estou? — Sua boca se fecha. —
E, de qualquer forma, acho que nunca teria que me preocupar
com isso.

— Não, você está certa. Você não vai porque Brantley tem
controle, gosto e padrões.

— Nate tem padrões e gosto, — defendo, inclinando minha


cabeça para trás para tomar mais um gole do suco da
felicidade. — Ele gosta de fazer sexo, e daí? Esse é o seu
passado. Você precisa deixar para lá.

Ela suspira.

Olho para ela. — Prometa ser legal.

— Não posso, mas vou tentar.

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— Vou me contentar com isso. — Me movo ao redor do balcão
da cozinha assim que ela levanta o telefone e o coloca no modo
selfie.

— Sorria! — Tiramos uma série de fotos antes de sairmos


pela porta da frente, assim que outro carro para. Tate e Elena
descem, vestidas em um estilo semelhante ao nosso. Tate tem
cabelos naturalmente loiros, olhos azuis e uma estrutura
pequena. Ela é a garota da porta ao lado, um tanto bonita. Posso
ver como ela e Madison poderiam ter sido próximas. Yin e yang,
ou talvez yang e yang. Ainda não descobri bem isso. Será que
minha maldição se intensificará em breve e eu poderei ter todos
esses tipos de talentos especiais? Ou será que já o fez?

Ela não está usando nenhuma caveira no rosto, apenas


maquiagem profissional com delineador que poderia deixar Bailey
Sarian com ciúmes.

— Oi, meninas. — Elena ajeita seu vestido vermelho na


palma da mão. Tenho a sensação de que todos estão falando com
Madison, exceto Bishop, porque se Elena não estivesse, duvido
que ela estaria usando uma aura de tranquilidade.

Isso me deixa com raiva, mas engulo com mais um gole de


champanhe. Não posso mais me envolver na logística do que
acontece entre Madison e Bishop. Fiz o que pude e isso tem que
ser o suficiente.

— Ei. — Cutuco o braço de Tillie quando ambas se


aproximam de nós. Tillie me lembra um gato de rua. Indomável e
selvagem, mas leal nas condições certas.

Os olhos de Tate encontram Tillie. — Podemos conversar?

Tillie olha para mim e depois de volta para Tate. — Claro. —


Elas desaparecem ao lado da casa enquanto Elena fica ao meu
lado.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Boa noite para isso, você não acha? — Ela brinca com o
vestido antes de passar a mão na lateral do cabelo. É amarrado
em um coque lateral.

Sorrio. — Claro.

— Ouça, eu sei que você foi ver Madison... — Oh,


Deus. Novamente. — Eu só quero dizer obrigada. Ela não teve
uma vida fácil, então só quero agradecer por ser uma boa amiga
para ela.

— Sem problemas. — Aperto minha bolsa dourada,


ocupando-me puxando meu telefone e folheando as mensagens
que recebi enquanto estava me arrumando. Qualquer coisa para
não permitir que a culpa dos meus segredos me aprisione.

?: É hora do show.

O hotel fica na rua central de Riverside. Com todas as lojas


fechadas e as persianas fechadas, sinto uma sensação inquietante
que fica grudada nos meus ossos.

— Por que as pessoas desta cidade desprezam os Kings? —


Pergunto a Scarlet enquanto o motorista para no portão de
entrada do hotel cinco estrelas. Há uma fonte e um lustre de
cristal pendurado no meio, com manobristas parados na entrada.

— Eles não desprezam, eles só têm medo deles. — Ela limpa


a garganta. — De nós.

— Por quê? — Pergunto novamente. — Hector explicou um


pouco, mas não muito. Acho que só gostaria de entender.

— Tudo bem. — Sua mão está na minha perna, enquanto ela


lança um olhar para todos os outros na limusine, que
permanecem em silêncio. — Acho que começou com nossos
ancestrais. Há um clube rival chamado The Gentlemen, que
também é de Riverside, mas é do lado leste, sobre os trilhos do

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ELITE KING’S CLUB #6
trem... — ela faz uma pausa, apertando meu joelho, o que chama
minha atenção para ela. — Você nunca deve passar por cima
desses trilhos. Nunca. Somos mais fortes, mais poderosos e
impiedosos, mas não se enganem, The Gentlemen lutará - mesmo
que eles não tenham muito com que lutar.

— Então vocês sempre ficaram longe um do outro? —


Pergunto. — E as pessoas que moram aqui?

— Bem, eles têm medo de nós por causa do poder que temos
e das lendas que assombram a terra. The Gentlemen sempre
ficaram do seu lado dos trilhos, mas também nunca incomodaram
as pessoas daqui.

— A maioria das cidades é assim... estranha? — Me pego


dizendo distraidamente, enquanto olho pela janela.

— Isso não é nada. Espere até ver Perdita... — Tillie


resmunga. — Da qual, a propósito, você também possui metade.

Eu a ignoro, é informação demais. Demasiado cedo e muita


coisa. Eu tinha ouvido falar de Perdita através de conversas
distantes de Brantley e dos meninos, mas na época ela passou por
cima da minha cabeça. — O que vai acontecer quando a escola
voltar a funcionar na próxima semana?

— Mmmm, — Elena diz, inclinando-se para frente e


alcançando a maçaneta da porta. — Acho que essa é a grande
questão.

Saímos da limusine e entramos no saguão. O vasto espaço


não é nada que eu já tenha experimentado antes, mas uma vez
que chegamos ao pequeno salão, encontro meus pulmões se
expandindo novamente. Há cadeiras e pequenas mesas
espalhadas pela frente, com um pequeno palco improvisado no
meio, onde está montado um piano.

Meus pulmões ficam em chamas agora, meus dedos se


contraem para pairar sobre as teclas.

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ELITE KING’S CLUB #6
— Ahhh, você notou, — Scarlet ronrona em meu ouvido. É
um Steinway & Sons, de jeito nenhum eu não notaria. — Hector
achou que seria bom se você tocasse, e talvez cantasse, algumas
peças durante a noite. Claro, você pode recusar. Temos alguém de
reserva se você decidir passar.

Balancei minha cabeça. — Não, está bem. Eu adoraria, por


Bishop. — Dirijo meus olhos para ela, e quando nossos olhos se
conectam, a alegria banha suas feições.

— Obrigada por se preocupar com ele.

— Vale a pena cuidar dele, — murmuro, apertando sua mão


de forma tranquilizadora. — Você se importa se eu for praticar um
pouco?

Ela me enxota. — Claro.

Chego à beira do palco e a luz que brilha sobre mim se reduz


a uma sépia quente. Corro meu dedo sobre a caixa lustrosa
elegante. — Uau.

Sento-me no banco, levanto a caixa e afasto o microfone da


minha boca. Colocando minha bolsa no meu colo, puxo meu
telefone e bato em discar o nome de Madison.

Ela responde instantaneamente. — Terminou?

— Não. — Pressiono minha mão sobre meu coração para ter


certeza de que ainda está lá com segurança. — Ainda não. Preciso
te perguntar uma coisa. Tenho que tocar duas músicas esta noite
no piano para sua cerimônia. Eu sei uma que vou interpretar, mas
você tem outra que seja significativa para vocês dois? Talvez uma
música que você...

— ...Sim, — ela diz suavemente, e eu a ouço fungar. — Deus,


eu gostaria de poder estar lá.

— Você deveria tocar... — Luto contra o desejo de mais uma


vez repreendê-la por sua má decisão.

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ELITE KING’S CLUB #6
Ela limpa a garganta e me diz que música ela quer que eu
toque.

Aperto o botão do alto-falante e coloco meu telefone em cima


do suporte de folhas. — Deixe-me ver.

— Estou no viva-voz? — ela sussurra asperamente.

— Sim, mas está tudo bem. Eles estão fora em sua busca, ou
fase, ou seja, lá o que for que estão fazendo.

Madison faz uma pausa.

Expiro pelas minhas narinas enquanto toco a música na


minha cabeça antes de finalmente correr meus dedos sobre as
teclas. As teclas atingem todas as notas que pretendo e é a
melodia exata da música.

— Uau. — Sua voz está baixa, um nível acima de um


sussurro. — Perfeito.

Começo a cantarolar a música com as notas.

— Isso vai soar lindo. Você pode pedir a Tillie para gravar?

Pego meu telefone e a tiro do viva-voz. — Irei.

Ela suspira. — Obrigada, Saint.

Desligamos e passo o resto da próxima hora praticando as


duas músicas que estarei tocando.

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Capítulo 28
BRANTLEY

A primeira coisa que todos definitivamente deveriam saber


sobre todos nós é que terminar a vida de alguém é tão fácil quanto
contar um, dois, três. Estávamos derrubando corpos quando
nossos amigos estavam tomando doses de álcool no clube. Isso
não afeta nenhum de nós, e nunca afetou.

Não quando assistíamos a vida de alguém sangrar


lentamente pelos olhos.

Não quando saberíamos que essa pessoa tinha uma família


para onde voltar.

Gostaria de poder dizer que todos que encontraram o fim de


nossa lâmina mereciam, mas a verdade é que, pelo menos para
mim, nem sempre é o caso.

— Você sabe quem vai cair? — Pergunto a Bishop, meus


olhos nos dele.

Ele olha para mim de seu telefone, a noite escura se pondo


atrás dele. A luz de sua tela reflete em seu rosto. — Nós
poderíamos ir de forma limpa e fácil e mergulhar na Lista.

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ELITE KING’S CLUB #6
Me inclino contra meu carro, cruzando os tornozelos na
minha frente. — Limpo e fácil nunca será limpo e fácil se eles
fizerem parte dessa lista, e você sabe disso.

— Quem era o próximo, afinal? — Eli pergunta, mordendo


um cigarro na boca e acendendo a ponta.

Encolho os ombros. — Não tenho certeza. Nunca sei até o


último minuto.

— Quem determina? Nós sabemos? Será que algum dia


vamos saber? — Cash pergunta, passando os dedos pelo cabelo
loiro-claro.

— Sim, suponho que depois da cerimônia, as rodas


começarão a girar em uma direção diferente conforme todos nós
nos acomodarmos em nossos novos papéis. — As árvores se
ramificam sobre nós quando nos sentamos nos arredores de
Riverside. — Não posso acreditar que na próxima semana as
escolas serão reabertas.

— Pessoalmente, mal posso esperar. — Nate sorri ao


terminar seu cigarro. Ele olha para Cash. — Você não pode me
dizer que não está pronto para o próximo capítulo. É isso aí. Para
o que temos vivido.

— Estou. — Cash acena com a cabeça. — Essa porra de


escola, no entanto. Você se lembra das lendas... é fodida. É fodida.

Enrolo meus lábios entre os dentes para parar de rir. —


Qualquer coisa conosco é fodido.

— Certo, recebi nossa morte. — Bishop mostra seu telefone


em nosso rosto.

Dou uma conferida. — O quê? Nah, foda-se.

Ele sorri, virando o telefone de volta enquanto dá partida no


carro. — Mmmm, cheira muito a morte.

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ELITE KING’S CLUB #6
— Por quê? — Olho para ele por cima da foto de Josiah Dux,
também conhecido como Dux dos Gentlemen, e os pais de
Elijah. — Por que essa pessoa? E não me venha com bobagens
sobre minhas merdas.

Nate esfrega o rosto com as mãos. — Sabemos que foi The


Gentlemen que nos bateu no estacionamento, B. Nós sabemos,
porra. Sabemos que foram eles que nos drogaram, também.
Vamos simplesmente deixá-los sair andando?

— Não foram eles que nos drogaram. Não foram eles. Muito...
limpo.

Nate dá de ombros. — Bem, merda, nossa culpa se não


eram... ou não eram.

Sorrio, meus ombros relaxam. Ele tem razão. Mesmo que


não tenham sido eles que nos drogaram, o que tenho noventa e
nove por cento de certeza de que não foram, os Gentlemen já
fizeram o suficiente para nos foder para fazer isso de qualquer
maneira. O tiroteio foi imprudente como o inferno e teve seu fedor
por toda parte. — Nós temos a porra da última palavra.

A noite estava tranquila. Tranquila demais. Demorou uma


hora para colocar nossas mãos em três caminhonetes pretas
apenas para conseguir isso.

— Estilo execução. Mantém isso limpo. — Bishop desliza


luvas de couro nas mãos.

Cerro minha mandíbula. — Faremos isto, não podemos


recuar. Não me interpretem mal, The Gentlemen sempre esteve na
minha lista, mas eu estava esperando a hora deles chegar por uma
razão.

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ELITE KING’S CLUB #6
Nate está no banco do passageiro, batendo com o polegar na
coxa ao som do rap “Joker” de Dax. — Nah uh, eles estão fazendo
hora extra.

— Nate. — Mostro meus dentes, empurrando as costas de


sua cadeira. — Você tem merda a perder agora. Não pode pensar
de forma imprudente. — Nate é errático e desonesto com sua
ira. O oposto de mim. Gosto de pensar que é porque sou mais
controlado como ser humano, mas sei que é mais porque estou
condicionado para o assassinato. É como tomar um chá no
domingo. — Você tem Tillie e War.

Ele se vira sobre o ombro, seu casaco cobrindo o contorno de


seu rosto. — E você tem Saint. Mas também tem um dever.

Cerro meu punho enquanto nosso motorista continua nos


levando para mais perto da fronteira. Sacudo em meu assento
quando os pneus rolam sobre os trilhos do trem, nos direcionando
para o lado leste de Riverside. As luzes brilhantes e opulência do
oeste lentamente se apagam conforme a modéstia do leste se
infiltra.

Inclino minha cabeça contra o encosto do assento. —


Nate. Coloque “Day of the Dead” do Hollywood Undead.

— Meu homem! — Nate aplaude, folheando seu telefone e


apertando o play na música, aumentando-o totalmente. Nate está
certo. Tenho Saint, mas sempre a tive e isso nunca me impediu
antes do que faço semanalmente. Se qualquer coisa, ela está
segura. Ela está cercada por alguns dos indivíduos mais temidos
não apenas nos Estados Unidos, mas em outros países também,
mas há um motivo pelo qual eu queria me vingar lentamente, e
não me apressar. Talvez tirar Josiah Garcia de Elijah seja uma
coisa boa. Sempre planejei matar Elijah por último, para que ele
pudesse assistir enquanto sua família sofria. Quero que ele saiba
que ele é o último da linhagem Garcia e estou prestes a cortar isso.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
O carro para em frente a uma casa silenciosa de estilo
suburbano. A luz da varanda da frente está acesa, as cortinas
fechadas.

— Além da minha merda, — digo, passando a ponta do meu


polegar sobre o meu lábio inferior. — Faremos isso por todas as
outras pessoas que suas decisões afetaram ao longo dos
anos. Isso é mais profundo do que eu.

— Desde quando você se importa com as outras pessoas? —


Nate brinca, abaixando o volume da música.

— Você não tem que dar a mínima para alguém para saber
que o que aconteceu com eles é errado, seu filho da puta. Além
disso, você não viu a merda que eu vi.

Ambos permanecem em silêncio. Eli se vira em seu assento


para olhar por cima do ombro de Hunter enquanto o outro G-
Wagon para atrás de nós com os faróis apagados. — Tenho que
dizer que é bom ter toda a equipe de volta.

Sorrio, balançando minha cabeça. — Sim, verdade. Mesmo


que apenas por uma noite. — Atrás do Bugatti estão Jase, Cash,
Ace, e Chase. Toda a porra da equipe com quem começamos. Isso
é bom.

— Estilo execução, Brantley, — Bishop repete ao meu lado.

O canto da minha boca se inclina em um sorriso.

— Estou falando sério.

Bato em sua perna. — Oh, eu sei que você está.

Abrindo minha porta, deslizo para fora e vou para a frente da


casa, puxando minha Glock da parte de trás do meu jeans.

— Bran! — Bishop estala atrás de mim. Acabei com a


conversa. Josiah Garcia não é quem eu quero. Elijah é. Viro-me
por cima do ombro quando passos surgem atrás de mim.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Puxo meu capuz sobre minha cabeça. — O quê?

Bishop range os dentes. — Ele não está aqui. Volte para a


porra do carro. — Ele se vira para caminhar de volta para o
SUV. — Foda-se.

Retorno xingando que sua morte vai ser algo fácil e limpo. Eu
tinha toda a intenção de gravar minhas iniciais em sua testa,
apesar da vontade de Bishop.

Batendo a porta uma vez que estou de volta, olho para


Bishop. — Como você sabe?

Nate vira sua foto na minha cara. — Avistado por uma de


nossas águias. — As águias em Os Kings são como sabemos a
localização exata de cada um. Sim, a tecnologia é boa, mas ainda
não é tão confiável quanto o olho humano.

— Isso está do nosso lado. Que porra ele está fazendo lá? —
Pergunto enquanto o motorista nos conduz de volta para a estrada
e os outros nos seguem.

— Não sei, mas ele não vai ficar lá por muito tempo.

Levamos quinze minutos para voltar pelo lado oeste e, a cada


segundo que passa, fico cada vez mais inquieto. Nate muda a
música enquanto Bishop joga seu capuz sobre a cabeça e carrega
seu AK.

Estalo meu pescoço, meus dedos batendo na maçaneta da


porta. Com certeza será o começo da porra de uma guerra, mas
estou bem com isso. Eu mataria e seria morto antes que qualquer
coisa tocasse em Saint.

— Sem testemunhas. — Agito meu gatilho em torno dos


meus dedos.

— Concordo, — Bishop murmura enquanto o carro diminui.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Há cerca de cinco pessoas paradas em um estacionamento,
dois carros ancorados na calçada. Sem dúvida o que eles estão
fazendo é sombrio pra caralho. Tão sombrio quanto nós rolarmos
para matar todos eles. “Wait and Bleed” do Slipknot sai dos alto-
falantes enquanto minha janela desce. Minha mente se move em
câmera lenta, como se não quisesse perder um único detalhe do
caralho.

Bishop apoia a AK no parapeito da janela e puxa o


gatilho. Cartuchos de bala borrifam atrás dele, mas não antes de
eu tirar meu capuz da cabeça para expor meu rosto, levantar
minha arma e apontá-la bem entre os olhos de Elijah Garcia, que
está bem ao lado de seu pai. Correndo minha língua sobre meus
dentes, lanço a ele um sorriso, soprando um beijo enquanto meu
dedo aperta o gatilho. Ganhei, o jantar está pago. O sangue
explode de sua testa à medida que seu corpo cai no chão.

— Vá! Dirija! — Bishop volta para seu assento quando nosso


motorista sai em alta velocidade com o resto dos Kings atrás de
nós. — Porra, você pegou Elijah?

— Sim. — Descanso minha arma no meu colo. — A


propósito, não é como eu queria lidar com isso.

— Eu sei, porra, — Bishop me diz. — E é exatamente por isso


que tínhamos que fazer assim. Muito confuso e sem tempo
suficiente.

— Vocês estão esquecendo que matamos o Dux dos


Gentlemen. Não toda a equipe.

Reflito sobre suas palavras enquanto dirigimos para a


próxima fase. — Bem ciente, mas ainda me senti bem pra caralho.
— Não vou fingir que sabemos muito sobre The Gentlemen, porque
não sabemos. Não sabemos o quanto eles se expandiram ao longo
dos anos e, embora o assassinato de Elijah não tenha sido
exatamente como eu tinha planejado, ainda aprecio o fato de ele
ter visto meu rosto quando deu seu último suspiro.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Bem, foda-se. A segunda fase se aproxima, — Bishop diz
presunçosamente.

O cemitério não é diferente dos outros, apenas um pouco


mais intenso. Os túmulos são antigos, porém conservados, mas
há mais sepulturas do que lápides, com a maioria das famílias
escolhendo exibir do que enterrar. Estamos todos de pé no meio
do túmulo de Hayes quando Hector e o resto dos Pais entram,
Hector com a mandíbula tensa.

— Presumo que foram todos vocês?

Max, Raguel e Johan estão ao lado de Hector, enquanto


Gabriel paira em direção ao fundo.

— Vocês, garotos, com certeza não tornaram minha vida


mais fácil, — Gabriel murmura por trás, balançando a
cabeça. Gabriel, o pai de Nate, é o Pacificador dos Kings. É quase
cômico imaginar Nate cumprindo esse papel de sua família; faz
mais sentido tê-lo no conselho escolar.

— Rapazes, eu disse uma morte. Vocês tiraram cinco, e eles


não são homens que vocês queiram irritar.

Bishop se inclina para frente, apoiando as mãos na grande


pedra que fica no centro do espaço. Uma pequena fogueira queima
no meio, as chamas lambendo a escuridão e oferecendo uma
mancha de luz laranja. — Quem eram eles?

Hector suspira, apertando os olhos com os dedos. —


Falaremos sobre isso mais tarde. Por enquanto, vamos continuar
com as fases. — Hector avança o discurso, falando em latim, e vejo
todos se cortarem no dedo para derramar sangue dentro de uma
tigela velha e enferrujada. Sinceramente, acho a ferrugem
sombria pra caralho mais do que o sangue. Hector continua
falando os seis mandamentos enquanto todos nós tomamos um
gole do sangue misturado com uísque. Veja o que eu fiz lá.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Saint - o cara Saint - é o último a acertar um golpe antes de
colocá-lo em cima da pedra.

— Como sabem, todos vocês vieram para cumprir seu dever


e posição no mundo dos Kings. Todos vocês contribuem para que
permaneçamos fortes no universo, inquebráveis. Por gerações,
isto nunca rachou. Seguirei um caminho à parte no próximo ano,
o que, além disso, tornará nossa linhagem mais forte. — Ele faz
uma pausa, e meus olhos encontram Bishop, que olha entre Nate
e eu. Do que diabos ele está falando, seguir um caminho
diferente? Hector continua. — Para onde vou
será extremamente benéfico para o nosso mundo e abrirá ainda
mais portas. Hunter virá comigo. — Ainda estou esperando. —
Que servirá como minha mão direita. Você saberá mais detalhes
em breve, mas por agora e sempre... — Hector sorri para o filho,
levantando a tigela enferrujada e levando-a à boca — ... nós
reinamos.

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ELITE KING’S CLUB #6
Capítulo 29
SAINT

Tem que haver cerca de cinquenta pessoas circulando pelo


salão, enquanto a música clássica suave preenche o espaço. Os
garçons estão distribuindo canapês e bebidas alcoólicas, e de vez
em quando encontro pessoas me encarando. É claro que não vejo
como eles são por trás da pintura facial, mas não há como enganar
o olhar abertamente descarado delas. Me encontro à deriva e fora
de foco. Não tenho ouvido nada de Brantley nem de Bishop. Minha
ansiedade se transforma num belo embrulho no ápice do meu
instinto e, por mais que eu beba este champanhe, não me acalma.

— Ei. — Tate desliza para o meu lado. — Você viu


Tillie? Acho que ela ainda está chateada comigo. — Seus olhos
estão girando ao redor da sala enquanto ela bate sua unha de
manicure francesa contra sua taça de martini.

Bebo meu champanhe. — Ela vai pensar melhor. Apenas dê


tempo a ela.

Tate exala, antes de se virar para mim. — Você conhece


Tillie? Aquela vadia guarda rancor com mais força do que suas
questões iniciais envolvendo Nate. — O líquido sobe pela minha
garganta quando sufoco uma risada, limpando o excesso dos

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
meus lábios. Ela continua, seu tom mais suave. — Eu só queria
que estivéssemos bem por Madison.

Aperto o braço dela. — Eu prometo. Vai ficar tudo bem. — Já


estamos aqui há três horas e os Kings ainda não voltaram. Pego
pessoas olhando para seus relógios e telefones para checar a hora,
e de vez em quando, Scarlet e Elena trocam olhares preocupados,
então acho que geralmente nunca leva tanto tempo. As luzes
diminuem e as pessoas param de falar. Scarlet está ao meu lado
em um segundo.

— Saint, o piano é seu agora.

— Oh. — Entrego a ela minha taça de champanhe. —


Obrigada.

A sala permanece em silêncio enquanto me encaminho de


volta para o pequeno palco que passei uma hora nesta noite sem
queimar minha voz.

Limpo minha garganta ligeiramente, ajustando o


microfone. Presumo que os meninos estejam de volta, já que todos
estão estranhamente silenciosos. Então, meus dedos flutuam
sobre as teclas da introdução de “Familiar Taste of Poison” de
Halestorm. Estou tão perdida na letra e na melodia hipnótica da
música que não percebo quando a música está quase
terminando. Lentamente abro meus olhos no meio do refrão e
pego Bishop olhando do outro lado da sala, sua boca fechada. Não
preciso estar perto dele para saber que acertei um nervo.

Ótimo. Muito bem, Madison.

Pego o resto da música, mantendo meus olhos nele enquanto


canto cada letra. Sinto a dor de Madison enquanto arrasto cada
nota, mas não posso reconhecer a dor dela sem ser consumida
pela dele. Quando a música termina, observo enquanto ele
permanece congelado no lugar. Nate, Eli, Cash e Hunter estão
atrás dele, com Brantley ligeiramente ao lado.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Tomo um gole d'água, estico o pescoço e os dedos antes de
começar lentamente a música final.

A música que escolhi.

Desta vez, meus olhos não estão no meu irmão quebrado,


mas sim no meu King sombrio.

Permito que o início da música se arraste um pouco mais,


tocando as teclas sem esforço enquanto encontro minha
respiração e as notas que preciso bater para fazer justiça a esta
música. Miley Cyrus é uma artista subestimada, com pessoas
muito ocupadas se concentrando em sua vida e seus erros,
esquecendo-se de seu talento. Sempre tive uma queda por “Look
at You” e, além do fato de ter sido uma das primeiras músicas que
toquei no piano, as letras, ultimamente, tornaram-se cada vez
mais relevantes para mim, minha vida, e meus sentimentos em
relação a Brantley. Minha boca se abre quando começo a música,
não querendo mais vê-lo. Ele está com uma camisa de botões
escura, desabotoada na parte superior, jeans que estão rasgados
nos joelhos em nome da vaidade e tênis preto. Seu cabelo está
bagunçado, seu rosto pintado imaculadamente assustador, mas
seus olhos... seus olhos são selvagens. Indômito para sua besta.

Canto a música, acertando o refrão e as notas perfeitamente


enquanto me surpreendo. Acompanho a música inteira sem me
permitir chamar sua atenção. Só quando estou perto do fim é que
estalo e permito que nossos olhos se conectem. Meu mundo se
inclina com a conexão venenosa, se eu não estivesse sentada,
meus joelhos cederiam. Um pequeno sorriso surge no canto da
minha boca enquanto entoo o resto da música.

Termino a última frase quando a luz acima de mim se apaga


completamente. Há uma pausa de silêncio constrangedor antes de
começarem a bater palmas. Achei que eles estavam em silêncio
por causa dos Kings, mas não era o caso.

Era por minha causa.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
E então me lembro da pintura facial que estou
usando. Metade Vitiosis, metade Hayes.

Mãos estão na minha barriga, me puxando para um peito


duro antes mesmo que eu consiga atravessar a sala.

A boca de Brantley está no meu pescoço, seus dentes


atravessam a pele fina que se estende sobre ele. — Sentiu minha
falta?

— Um pouco, — digo com sinceridade, girando em seu


abraço. Estamos de pé perto da mesa quando Scarlet sobe ao
palco com Hector. — Como foi esta noite? — A iluminação
permanece baixa, todos sentados em silêncio.

— Você não quer saber... — ele rosna, seus dedos


flexionando na minha barriga. Olho para suas mãos, para o anel
que agora está em seu dedo.

Traço com a ponta do meu dedo. — Eu gostaria de saber.

Ele endurece contra mim, e eu entendo como ele entendeu


minha resposta de dois gumes. — Você pensa que quer, mas não
quer.

Respiro fundo e me inclino para o lado para poder olhar para


ele. — Brantley, eu quero saber. Você acha que sou fraca. — Faço
uma pausa, beliscando seu queixo com o polegar e o indicador
para trazer seu rosto para o meu. — Como se você esquecesse
quem me criou.

Seus olhos encontram os meus, examinando-os


preguiçosamente. Se eu soubesse o que estava acontecendo
dentro de sua cabeça.

A iluminação escurece ainda mais, e há um holofote


apontado para todos os Kings que estão no palco.

Brantley me libera, trazendo seus lábios à minha cabeça


antes de abaixar para o meu ouvido. — Falaremos sobre isso mais

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
tarde. — Então ele me empurra e vejo quando entra no palco. Ele
está ao lado de Bishop e Nate, com Eli do outro lado dele e Cash
e Hunter ao seu lado dele. Hector está ao lado de Bishop, com os
outros Kings mais velhos ao lado dele. Scarlet está atrás de
Hector.

Hector abre a boca e ouço atentamente enquanto o latim sai


fluidamente de sua boca. — Quando eu descer do meu trono, meu
filho se levantará. Abençoado seja o Elite Kings Club. — Todos
clamam ao seu lado e eu vejo uma tigela de metal ser trazida ao
palco por um garoto em uma capa, com o capuz preso na
cabeça. Calafrios tomam conta da minha pele e me encontro
procurando pela sala. Pelo quê, não sei. Só sei que algo parece
estranho. Como uma entidade que se convida a um espaço onde
não é bem-vinda. Me remexo desconfortavelmente, ficando
visivelmente mais ereta. Encontro Tillie, que está sorrindo no
palco. Volto para Hector, que está mergulhando a mão na tigela
de estilo antigo e trazendo o dedo até a cabeça de Bishop. Então
vejo todos os meninos se cortarem, derramando sangue em uma
taça antes de tomar um gole.

Incapaz de permanecer imóvel, começo a andar de um lado


para o outro, procurando por qualquer coisa. Alguma coisa. Por
que estou ansiosa? Meu estômago se enrola em nós grossos,
minha garganta queima como se eu engolisse ácido enquanto
tento conter o grito que quer rasgar meus órgãos.

Algo está errado.

Mergulho em meu sutiã, puxando o pedaço de papel. Algo


não está certo. As pessoas estão vibrando, batendo palmas e
gritando, mas estou subindo no palco, precisando entregar este
papel para ele agora.

Agora mesmo.

Está queimando minha pele.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Estou no palco no momento em que todos olham para mim
com uma mistura de confusão. Seus traços variam de perplexos a
chocados, Bishop que está sorrindo, com o martelo de metal em
sua mão. A cerimônia acabou.

“Agora eles podem assistir você morrer...”

Aquela voz. Tão familiar. O gosto de sangue atinge minha


boca ao mesmo tempo em que ouço tiros estourando. Meu sorriso
cai, meus olhos em Bishop, e depois em Brantley. Os dois correm
para frente, mas já estou caindo no chão e seus movimentos são
em câmera lenta. Botas, líquido pegajoso, minha cabeça
latejando. Brantley está abaixo de mim, segurando minha cabeça
em seu colo. Posso ver sua boca se movendo, as veias de seu
pescoço saltando e suas mãos voando por toda parte, mas não
consigo ouvir. O silêncio preenche meu corpo. Meu braço cai para
o lado, em uma poça de algo pegajoso - não de mim - de outra
pessoa que foi atingida. Quem mais foi atingido? Meus dedos se
espalham quando Bishop cai no chão, sua arma na mão. Não olhe
pra mim! Olhe minha mão, droga!

— Porra! — Ele murmura, ficando de pé, levantando sua


arma, e vejo como os projéteis de bala voam atrás dele.

Finalmente, ele volta ao chão e acontece.

Seus olhos pousam na minha mão, suas sobrancelhas se


curvam, e sinto sua palma roçar na minha quando ele pega a
carta.

A carta que vai consertar o que ele precisa consertar.

Sorrio suavemente, meu coração mais leve do que a


carnificina que está acontecendo ao meu redor.

Ele a enfia no bolso, gritando para alguém atrás dele descer


aqui, e então o corpo de Brantley desaparece debaixo de mim.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
Não! Não! Preciso dele. Minha visão está turva agora, como
um programa de TV estático há muito tempo fora de
exibição. Minha cabeça. Calor e dor reverberam em meu crânio,
antes de viajar pela minha espinha. Há uma dor aguda que
desaparece do meu pescoço a cada poucos segundos, mas sinto o
líquido quente deslizar pelo arco das minhas costas.

Hector está me levantando, com as mãos embaixo do meu


corpo, me erguendo do chão. Minha cabeça cai para trás sobre
seu braço, a sala e o caos agora de cabeça para baixo. A cada
piscar, fica escuro por mais tempo.

Brantley está de pé no meio da sala com o mesmo menino


que estava em um manto ajoelhado na frente dele. Sua mão está
enterrada no cabelo do garoto, puxando sua cabeça para trás. Vejo
quando ele direciona a ponta afiada de sua lâmina em seu pescoço
e o sangue escorre da incisão. Ele serra para frente e para trás,
até que o torso caia no chão, enquanto Brantley continua
segurando a cabeça do menino pelos cabelos.

Preto.

Meu corpo sacudia a cada passo.

— Saint, vamos, menina, fique comigo. — Hector. Hector? O


que ele está fazendo?

Uma porta de carro se abre. Ofegante.

— Isso não parece bom! — Uma voz que não reconheço.

— Eu sei, — Hector a silencia, deslizando para dentro do


carro comigo ainda em seus braços. — É por isso que precisamos
fazer isso rápido. Não teremos outra oportunidade. O outro carro
está pronto?

— Acho que posso salvá-la, — diz a mulher. Sua voz me


lembra um doce. Tusso, mas o sangue sobe pela minha garganta.

LIVRO 1
ELITE KING’S CLUB #6
— Você vai salvá-la. Isso não é uma dúvida. Ela carrega a
maldição, temos que levá-la de volta agora.

— Ele não vai te perdoar por isso. Você foi longe demais.

Silêncio. Minhas pálpebras estão pesadas agora. Pesando


pela minha morte iminente. Bishop recebeu a carta. Não tenho
certeza se posso mantê-los abertos. Sem luz forte. Apenas
escuridão.

— Eu sei.

— Você está louco, — diz a mulher. — Isso é... isso está


errado, Hector.

— Basta! — Hector rebate. — Você sabia no que estava se


metendo. Repare ela. Não vou deixar nada acontecer com
ela. Bishop agora é o Padrinho. Ele governará muito bem. —
Longa pausa. — Tanto os Kings quanto todos saberão, que Saint
Vitiosis morreu esta noite.

A mulher ataca Hector. — E a sua presidência?

Hector pragueja. — Tenho tempo para me preparar para


isso. Mais do que tempo suficiente.

Mais uma risada vem, assim que meus olhos se


abrem. Tenho que forçá-los. É como levantar um peso que você
sabe que não consegue levantar. A luz penetra em meus olhos.

— Você não me mandou uma mensagem de volta,


Pequenina...

Pisco, confusa, enquanto o líquido desliza pela minha testa


e escorre para o canto da minha órbita ocular.

— Estou um pouco magoado por você não ter me respondido,


embora surpreso por você ter nos mantido em segredo. — Ele
apaga a luz de seu telefone e mostra o rosto para mim.

— Bran... Bran... Brantley?

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ELITE KING’S CLUB #6
Tudo fica preto.

Fim

Por enquanto...

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