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ESTADOPUERPERAL.
RESUMO
A ação criminosa consiste em causar a mãe a morte do próprio filho, durante ou logo após o
parto , sob a influência do estado puerperal a morte pode ser causada de forma livre, por ação
ou omissão (faltar com a amamentação), por meios diretos ou indiretos.
A circunstância de tempo (durante o parto ou logo após), como bem explica FRAGOSO ;
elemento normativo constitutivo do tipo. Antes do parto, a morte do feto será aborto, e se não
se verificar, pelo menos, logo após, será homicídio.
Reconhecemos, certa dificuldade na conceituação do que seja "logo após". Entende a maioria
que esse intervalo de tempo compreende todo o período do estado puerperal, circunstância a
ser analisada pelos peritos médicos no caso concreto .
Alertamos, entretanto, que para a caracterização do infanticídio não basta que a mãe mate o
filho durante ou logo após o parto, sob a influencia do estado puerperal: é preciso, também,
que haja uma relação de causa e efeito entre tal estado e o crime, pois nem sempre ele produz
perturbações psíquicas na parturiente .
The criminal action consists of causing the mother to kill her own child, during or shortly after
childbirth, under the influence of the puerperal state, death can be caused freely, by action or
omission (lack of breastfeeding), by direct means. or indirect.
The circumstance of time (during childbirth or shortly after), as FRAGOSO explains; normative
element constituting the type. Before delivery, the death of the fetus will be abortion, and if it
does not occur, at least soon after, it will be homicide.
We recognize some difficulty in conceptualizing what "soon after" is. The majority understands
that this time interval comprises the entire period of the puerperal state, a circumstance to be
analyzed by medical experts in the specific case .
We warn, however, that for the characterization of infanticide it is not enough for the mother
to kill the child during or shortly after childbirth, under the influence of the puerperal state: it is
also necessary that there is a cause and effect relationship between such state and the crime,
as it does not always produce psychic disturbances in the parturient.
2- ESTADO PUERPERAL
De acordo com o Nucci (2014), o puerpério é o período que se estende do
início do parto até a volta da mulher às condições de pré-gravidez, enquanto
estado puerperal é o período que envolve a parturiente durante a expulsão da
criança do ventre materno, com profundas alterações psíquicas e físicas, que
chegam a transformar a mãe, retirando-lhe a plena consciência de seus atos.
O Artigo 123 do Código Penal diz que: Estado puerperal é a alteração psíquica
impulsionada pelo parto, capaz de mover a mulher a matar o próprio filho. É o
estado rodeado de profundas alterações psíquicase físicas que envolvem a
parturiente durante a expulsão da criança de seu ventre, subtraindo- lhe a
plena condição de entender o que está fazendo.
Segundo a doutrinadora Michelle Oliveira de Abreu, o pós-parto é uma das
fases mais críticas da mulher. Além das alterações naturais e consequenciais de
uma gravidez, o estado físico e psíquico da mulher pode ser prejudicado em
razão das modificações hormonais que esse período provoca.
Sendo assim, a parturiente que sofre de puerpério pode apresentar duas
formas na manifestação de distúrbio psiquiátrico: psicose ou neurose aguda. A
psicose puerperal assemelha -se às psicoses de curta duração. Ultrapassado o
período correspondente ao puerpério, as psicoses manifestadas recebem
diagnóstico diverso, não podendo ser consideradas como puerperais. Uma vez
diagnosticada a psicose puerperal, a portadora deve receber tratamento igual
ao conferido às demais psicoses.
(ABREU, 2014) Ainda de acordo com Abreu (2014), em sua atuação mais
gravosa, o estado puerperal pode manifestar-se como uma forma a
parturiente, que no momento sofre com 7 alucinações e delírios relacionados
ao recém-nascido ou neonato, tem grande possibilidade de provocar a morte
do objeto dos seus delírios.
Para Delton Croce (1998), a psicose puerperal: Via de regra, pode ocorrer com
gestante aparentemente normais, física e mentalmente, que, estressadas pelos
desajustamentos socias, dificuldades da vida conjugal e econômica, recusam de
forma neurótica a maternidade, normalmente indesejada por viúvas e nas
casadas com homens estéreis, ou por se sentirem aviltadas por serem mães
solteiras, enfim, vários fatores psicológicos de adaptação à natalidade, que
determinam o enfraquecimento da vontade, perda da consciência, podendo os
sofrimentos físicos e morais leva -las a ocisar o próprio filho.
Marcé (1972) afirma: O estado puerperal é uma forma fugaz e transitória de
alienação mental, é um estado psíquico patológico que, durante o parto, leva a
gestante à prática de condutas furiosas e incontroláveis, mas, após o puerpério,
a saúde mental reaparece.
Conforme a pesquisa realizada constata-se que o estado puerperal se refere ao
período pós-parto ocorrido entre a expulsão da placenta e a volta do organismo
da mãe para o estado anterior a gravidez. Alguns dos doutrinadores
pesquisados entendem que este período dura somente de 3 a 7 dias após o
parto, por outro lado, outros entendem que poderia perdurar por um mês ou
por algumas horas; ou, seja, não há consenso sobre a duração desse período.
No que se refere ao concurso de pessoas no infanticídio, verifica-se que o
julgamento de terceiros no crime de infanticídio é bastante polêmico, pois na
verdade o delito de infanticídio é um homicídio especializado por vários
elementos, sendo um deles a influência do estado puerperal, o que é exclusivo
da mãe e não se estende aos demais partícipes. São diversos os argumentos em
geral, todos estão voltados a corrigir uma injustiça promovida pela própria lei
penal, que deveria ter criado uma exceção pluralística à teoria monística, como
não fez, alguns doutrinadores preferem aplicação do art. 29, § 2º, dizendo que
se o executor matar o recém-nascido, com ajuda da mãe, esta teria querido
participar de crime menos grave, isto é, aquele teria desejado cometer
homicídio.