Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O que é?
A Psicose Pós-parto ou Psicose Puerperal é um transtorno psiquiátrico encontrado em
algumas mulheres após o parto. A doença gera diversos desfechos no período pós-
parto, ocasionando prejuízos tanto maternos como para o recém-nascido.
A prevalência global de psicose puerperal citada com mais frequência é de 1-2 por
1000 partos.
Principais Características:
POR FIM, A PSICOSE PUERPERAL PODE, AINDA, EVOLUIR PARA DEPRESSÃO PÓS-
PARTO.
Aspectos Jurídicos:
Dessa forma, fica evidente que o transtorno é capaz de dissuadir da mulher suas
capacidades de bom senso e autodeterminação, ao passo que “[...] os sintomas
característicos englobam alucinações, delírios e paranoias que idealizam uma falsa
realidade e podem desencadear ações totalmente desconexas e contrárias as normas
e aos bons costumes”, de acordo com Lopes (2017, f. 17).
A mãe que possui transtorno psicótico no período puerperal poderá ter sua capacidade
de maternagem afetada profundamente, e isso irá variar de acordo com a intensidade
do transtorno, impactando na relação mãe-bebê.
Tal fato dificulta que a mulher assuma o papel de uma mãe suficientemente boa, que
protege, cuida e é confiável, o que pode influenciar de forma a comprometer o
desenvolvimento psíquico do bebê (ARRUDA; ANDRIETTO, 2009).
Além disso, os delírios, ideias persecutórias e alucinações da mãe na maioria das vezes
envolvem o bebê. Esses sintomas podem aparecer em forma de pensamentos de
agressão a ele, de vozes que ordenem a mãe a matá-lo, da crença de que ele está
morto ou de que ambos estão sendo perseguidos e até da negação do nascimento da
criança. Assim, é possível a ocorrência de fatalidades, configurando a presença de
transtornos psiquiátricos, principalmente os psicóticos, como um importante fator de
risco para o infanticídio.
Essa diferença de tratamento entre os crimes se dá, pois, a mulher não pode ser
inteiramente responsabilizada por seu ato, uma vez que as perturbações advindas do
estado puerperal não a permitem ter discernimento pleno de suas ações.
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Redução de pena Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (BRASIL, 1940).
Nos casos de parturientes acometidas pela psicose puerperal no momento do crime,
considera-se que ela não tem capacidade de entender a ilicitude dos fatos,
principalmente aquelas que sofrem de delírios e alucinações. Como visto, essas
mulheres têm seu bom-senso e sua autodeterminação extremamente prejudicados em
razão da patologia, logo não deverão ser passíveis de penalização.
Relato de Caso:
Mulher de 30 anos, morena, com ensino fundamental completo, artesã, sem história
prévia de transtorno psiquiátrico ou problemas clínicos. Casada e mãe de uma criança
de cinco anos. Natural de Recife-PE, atualmente residindo em outro estado do Brasil.
Durante a gravidez de seu 2º filho mudou-se para cidade de pequeno porte e teve pré-
natal sem intercorrências. Devido a trabalho de parto prolongado, necessitou ser
transferida para cidade de porte médio.
Quatro dias após o parto, passou a sentir-se inquieta e irritada e a ficar desconfiada do
vizinho, pensando que ele pretendia fazer mal aos seus filhos. Relata que durante o dia
passou a andar pelas ruas sem rumo com os filhos no colo e à noite não conseguia
dormir. Pensava que as pessoas daquela cidade pretendiam matá-la e matar seus
filhos e que os evangélicos a julgavam e seguiam-na. Estas ideias tinham características
delirantes e não condiziam com a realidade. Dizia que a programação da TV ou a
música que tocava no rádio se referia a ela e ouvia que iriam matá-la. Passou dias sem
se alimentar e sem dormir. Durante uma noite, por acreditar que era certo que iriam
maltratá-la e os filhos, saiu correndo pela rua com o filho recém-nascido nos braços e
se jogou no rio, na tentativa de “aliviar o sofrimento que estava vivendo”, ela foi
encontrada pelo esposo algumas horas depois, mas o bebê não sobreviveu.
Foi internada por 30 dias e medicada com haloperidol, levomepromazina e biperideno.
Após a alta retornou para Recife. Aos quatro meses após o parto, procurou
atendimento no ambulatório de Saúde mental da Mulher do Hospital das Clínicas da
UFPE. Esta paciente encontrava-se em remissão total do quadro. Função tireoideana e
exames bioquímicos normais. Devido a sintomas extrapiramidais foi feito troca da
medicação para 4mg risperidona ao dia. Houve melhora dos sintomas motores e
paciente manteve-se assintomática. Após quatro meses de acompanhamento retornou
para o estado onde morava anteriormente.
Discussão: