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DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIO II

Professora: Natália Brasil Dib


AULA 02 – OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA – FATO GERADOR
Plano de aula:
1. RMIT e o art. 97 do CTN (legalidade tributária)
2. Fato gerador: ambiguidade do termo: descrição hipotética e concreta verificação
3. O que é fato apto a gerar a obrigação tributária?
4. Situação jurídica ou situação de fato.
5. Critério material da hipótese de incidência.
6. Critério temporal da hipótese de incidência.
7. Critério espacial da hipótese de incidência.
8. Critério pessoal do consequente tributário.
9. Critério quantitativo do consequente tributário.

Material de uso exclusivo dos alunos de Direito Tributário II do Unicuritiba


(turma 2023.2). VEDADA A DIVULGAÇÃO EM QUALQUER MEIO
AULA 02 – OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA – FATO GERADOR

1. RMIT e o art. 97 do CTN (legalidade tributária)

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:


I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do §
3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo;
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26,
39, 57 e 65;
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras
infrações nela definidas;
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de
penalidades.
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais
oneroso.
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do
valor monetário da respectiva base de cálculo.
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1. RMIT e o art. 97 do CTN (legalidade tributária)

ô RMIT é uma redução de complexidades

ô Utilização da estrutura para definição da norma jurídico-tributária (interpretação)

🡪 Extrai apenas os elementos que devem constar da lei para que se cumpra a legalidade tributária
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2. Fato gerador: ambiguidade do termo: descrição hipotética e concreta verificação

ô Fato gerador abstrato: situação hipotética prevista na legislação.


(ser proprietário)

ô Fato gerador concreto: fato observado na realidade, em concreto, do qual decorre a obrigação tributária.
(efetiva propriedade)

Geraldo Ataliba: fato imponível

Paulo de Barros Carvalho: fato jurídico tributário

Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua
ocorrência.
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3. O que é fato apto a gerar a obrigação tributária?

ô O fato decorre da lei.

ô A vontade do contribuinte interessa?

Exemplo: compra e venda de imóvel.

O fato jurídico tributário é um fato jurídico stricto sensu – independe da vontade das partes.

ô Fato ou fatos jurídicos tributários?

ô Fato jurídico complexivo: crítica PBC

Exemplo: antecipações de IR.


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3. O que é fato apto a gerar a obrigação tributária?

🡪 A situação pode ser jurídica ou de fato.

Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos:

I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais


necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;

II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos
termos de direito aplicável.
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4. Situação jurídica ou situação de fato.

ô Situação Jurídica: direito de sobreposição – depende da regulação de outro ramo do direito. Exemplo:

Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os
atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados:

I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento;

II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do


negócio.

Exemplo: earn out na alienação de participação societária


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4. Situação jurídica ou situação de fato.

ô Situação de fato: independe da regulação por outro ramo para surtir efeitos. Ex.: auferir renda.

Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:

I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis,


ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; (situação de fato)

II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. (situação jurídica)


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Hipótese de Consequent
incidência e Tributário

ô Critério material ô Critério quantitativo

ô Critério espacial ô Critério pessoal

ô Critério temporal
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5. Critério material da hipótese de incidência.

ô “descrição dos aspectos substanciais do fato ou conjunto de fatos que lhe servem de suporte”
Geraldo Ataliba

ô Geralmente representado por um verbo + complemento

Exemplos:

Auferir renda
Prestar serviços
Circular mercadorias
Importar produtos
.....

🡪 É pelo critério material que se delimita a competência tributária e se realiza o controle da


constitucionalidade do tributo.
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6. Critério temporal da hipótese de incidência.

ô Momento em que se considera constituída a obrigação tributária.

ô A lei define o espaço temporal em que, se ocorrido o fato gerador, nasce a obrigação
tributária.

Exemplos: comparação entre dois momentos para a tributação pelo Imposto de Renda; a
situação de proprietário em todo início do ano, o momento de circulação da mercadoria.

ô Fato gerador instantâneo: ocorre em curto espaço de tempo. Ex.: ITBI

ô Fato gerador periódico: ocorre durante um certo espaço de tempo. Ex.: Imposto de Renda
decorrente dos proventos do trabalho. IPTU, IPVA.

ô O aspecto temporal tem importância para a alíquota aplicável (Imposto de Renda)


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6. Critério temporal da hipótese de incidência.

ô Lei aplicável no momento de ocorrência do fato gerador.

Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos
pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa
nos termos do artigo 116.

Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se
pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.
§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato
gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização,
ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito
maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir
responsabilidade tributária a terceiros.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de
tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera
ocorrido.
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7. Critério espacial da hipótese de incidência.

ô Determina os limites para exercício da competência tributária – limite do espaço territorial

Exemplos:
1. ICMS (possibilidade de efeitos em outros estados)
2. ISS (local de prestação do serviço)
3. IR (generalidade e universalidade)

Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País,
fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os
convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais
expedidas pela União.
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8. Critério pessoal do consequente tributário

ô Sujeito ativo: quem detém a capacidade tributária ativa – via de regra é o ente competente
para a instituição do tributo, resguardado os casos de delegação da delegação da capacidade
tributária ativa.

Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o
seu cumprimento.

ô Parafiscalidade (deslocamento do sujeito ativo da obrigação tributária)


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8. Critério pessoal do consequente tributário

ô Sujeito passivo: contribuinte ou responsável – que tenha relação com o fato gerador do
tributo. Necessariamente precisa constar na lei.

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária.

Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:

I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo
fato gerador;

II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de


disposição expressa de lei.
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8. Critério pessoal do consequente tributário

ô Sujeito passivo: contribuinte ou responsável – que tenha relação com o fato gerador do
tributo. Necessariamente precisa constar na lei.

Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que
constituam o seu objeto.

Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à


responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para
modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes.
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8. Critério quantitativo do consequente tributário

ô Base de cálculo: aspecto quantitativo da HI

ô Infirmar (contradiz o critério material), afirmar (complementa o critério material) ou


confirmar (reafirma o critério material)

ô Base de cálculo nos tributos vinculados (equivalência/custos) e não vinculados (capacidade


contributiva)

ô Alíquota (fixa ou em percentual)


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TRABALHO PARA 02/09/2021

1. De acordo com a Lei Complementar n. 40/2001 (Curitiba) identifique os critérios da


RMIT do IPTU.
2. Diferencie o fato gerador enquanto uma situação de fato e uma situação jurídica.
AULA 01 – OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. São Paulo: Malheiros.
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. São Paulo: Malheiros.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário.São Paulo: Saraiva.
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro. Rio de Janeiro: Forense.
FOLLONI, André Parmo. Ciência do direito tributário no Brasil: crítica e perspectiva a partir de José Souto Maior
Borges. São Paulo : Saraiva, 2013.
SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 10. ed. São Paulo : Saraiva, 2021.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ATALIBA, Geraldo. Sistema constitucional tributário brasileiro. São Paulo: RT.
ÁVILA, Humberto. Sistema constitucional tributário. São Paulo: Saraiva.
BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar. Rio de Janeiro: Forense.
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Comentários à Constituição de 1988: sistema tributário. Rio de Janeiro: Forense.
MELO, José Eduardo Soares de. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Dialética.
UCKMAR, Victor. Princípios comuns de direito constitucional tributário. São Paulo: Malheiros.

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