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bem-vindos!
CURSO DIREITO
DISCIPLINA DIREITO TRIBUTÁRIO APLICAD

2021.2
ISLAMARA COSTA
ESP. DIREITO TRIBUTÁRIO

Islamara.costa@unp.br
Nossa disciplina...
CRÉDITO TRIBUTÁRIO

UMA PERGUNTA PARA O INÍCIO DO RACIOCÍNIO


NA MATÉRIA DE HOJE... COMO O ESTADO
CREDOR COBRA O TRIBUTO?
LINHA DO TEMPO
RESUMINDO

1. HI - Hipótese de Incidência
2. FG - Fato Gerador
3. Lanç. - Lançamento
4. CT - Crédito Tributário
5. Insc. - Inscrição
6. DA - Dívida Ativa
7. CDA - Certidão de Dívida Ativa
8. EF - Execução Fiscal
CRÉDITO TRIBUTÁRIO

O estudo do CT se divide em 3 vertentes.


I. Causas de Suspensão do CT (Artigo 151, CTN) – 6
INCISOS
II. Causas de Extinção do CT (Artigo 156, CTN) – 11
INCISOS
III. Causas de Exclusão do CT (Artigo 175, CTN) – 2
INCISOS
Cuidado: extinção não se confunde com exclusão!
CAPACIDADE ATIVA TRIBUTÁRIA

O artigo 151 do CTN trata das causas suspensivas da


exigibilidade do CT.

Exemplos: Parcelamento, discussão administrativa ou


judicial, entre outras adiante explicitadas.

Quando o CT está suspenso, há vantagens de ordem


prática para o sujeito passivo da OT:
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA

1ª Vantagem: obstar a cobrança judicial do tributo;


2ª Vantagem: obtenção de "Certidão Positiva com
efeitos de negativa" (Certidão de regularidade fiscal).
Ela está prevista no artigo 206 do CTN, permitindo que
o devedor participe de licitações, obtenha
empréstimos bancários, etc.
SUSPENSÃO
A suspensão da exigibilidade do CT impede a cobrança judicial do
tributo.

Com o parcelamento em dia, não pode haver inscrição em DA e


consequente execução fiscal. O mesmo raciocínio vale para o
período de vigência de uma liminar ou tutela concedidas em uma
ação judicial; ou, ainda, para o período de discussão administrativa
pendente de julgamento.
SUSPENSÃO

Causas de suspensão do CT (6 causas):


MO Moratória
DE Depósito do montante integral
RE Reclamação e Recursos administrativos
CO Concessão (liminar ou tutela)
PA Parcelamento
As causas suspensivas acima indicam que o CT pode
ser suspenso por iniciativa exclusiva do contribuinte
(parcelamento) ou por iniciativa deste com o devido
patrocínio do advogado (concessão de
liminar/concessão da tutela).
SUSPENSÃO
É claro que as hipóteses do pagamento (extinção do CT) e do
parcelamento (suspensão do CT) são viáveis, a depender da intenção
de quitação do devedor. Por outro lado, se houver interesse no litígio, a
disputa/discussão poderá ocorrer na órbita administrativa e, após, na
esfera judicial; ou, ainda, diretamente na esfera judicial.

A escolha da área judicial, "pulando-se a órbita administrativa", causa a


chamada preclusão desta, conforme o artigo 38, parágrafo único, da LEF
(Lei 6.830/80): “Art. 38. (...) Parágrafo Único - A propositura, pelo
contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao
poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso
acaso interposto.”
A discussão administrativa se faz pelas chamadas
"reclamações e recursos administrativos", com fulcro
no inciso III do art. 151 do CTN.

A “reclamação” significa a defesa administrativa ou a


impugnação. Desse modo, o advogado (o contador ou o
próprio interessado) pode protocolizar uma defesa na
repartição fiscal, e essa impugnação deverá ser
encaminhada para as seções/delegacias de julgamento.
Frise-se que o prazo para a defesa é fatal (30 dias).
Uma vez feita a defesa, após certo tempo, ocorrerá o
julgamento em "primeira instância", o qual tende a
ser ratificador do lançamento. Frise-se que o
julgamento ocorre em ambiente reservado (sem
sustentação oral ou acesso a advogados) e é feito
por fiscais julgadores que não se confundem com
aqueles que autuaram.
Com o julgamento improcedente, o autuado poderá
tentar manter a suspensão do CT interpondo um recurso
administrativo para os tribunais administrativos

Tais Tribunais são órgãos colegiados, formados por


julgadores/conselheiros, representando o Fisco e o
contribuinte, sempre com elevado nível técnico.
Esse quadro desfavorável leva o autuado derrotado a alguns
caminhos:
I) Pagar;
II) Parcelar;
III) Levar a questão ao Poder Judiciário.

Então, passemos a mais uma causa suspensiva da exigibilidade do


CT: (...)
CO - Concessão de liminar e concessão de tutela

A disputa judicial permite, em determinados casos, que o CT seja


suspenso. O processo judicial tributário oferta as ações judiciais
adequadas: (...)
Mandado de Segurança com pedido de liminar; Ações ordinárias
(declaratória e anulatória); etc. Veja que a ação, em si, não suspende
o CT, mas as tutelas de urgência deferidas no curso dessas ações.
Enquanto a tutela viger, o CT estará suspenso, viabilizando a certidão
positiva com efeito de negativa (art. 206 do CTN).
O que acontece se a tutela for denegada?
Com a denegação da tutela de urgência (liminar/tutela), a
gratuidade($$$) que prevalecia até agora na busca da suspensão do
CT começará a "mudar de figura". Precisamos tratar agora,
portanto, de mais uma causa suspensiva: (...)
DE Depósito do montante integral
Temos agora a via onerosa do depósito do montante integral. O
depósito não significa pagamento. Tanto é verdade que, ao
término da demanda, sendo o contribuinte depositante vitorioso, ...
haverá o levantamento do depósito. Por outro lado, se o contribuinte depositante
perder, haverá a "conversão do depósito em renda" (art. 156, VI, CTN), extinguindo-
se o CT.

O depósito deve ser integral e em dinheiro (Súmula 112 do STJ), não se


confundindo com as modalidades de garantia no âmbito de uma execução fiscal
(arts. 9° e 16 da LEF);

Súmula Vinculante 21: "É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento


prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo".

Súmula Vinculante 28: "É inconstitucional a exigência de depósito prévio como


requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a
exigibilidade de crédito tributário
O parcelamento é uma sistemática de pagamento
fragmentado e, por isso mesmo, não pode ser causa extintiva
do CT. (...)

Com efeito, se o fosse, seria convidativo pagar a primeira


parcela e deixar de pagar o restante... Enquanto a legislação
admitir, quer na órbita administrativa, quer na judicial, será
facultado ao contribuinte parcelar a dívida.
A Moratória, por sua vez, é tratada em alguns artigos no CTN, embora o tema
seja pouco prático. Isso porque a Moratória acabou sendo substituída pelo
próprio Parcelamento – uma causa suspensiva que entrou no CTN com a LC
104/2001. Antes dessa data, todos os parcelamentos feitos no Brasil
suspendiam o CT pela via da Moratória. (...)

152 a 155, do CTN. Ali temos que a Moratória é uma dilatação legal do prazo
para pagamento de tributo (dependente de lei específica – art. 155-A,
caput, CTN). Daí a sua semelhança com o Parcelamento. Ademais, deve ser
concedida pela Pessoa Jurídica competente para criar o tributo (Moratória
Autonômica).
EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

CAUSAS DE EXCLUSÃO DO CT Temos duas causas


que excluem o Crédito Tributário:

1. Isenção: Artigos 176 a 179, CTN;


2. Anistia: Artigos 180 a 182, CTN.
Pontos em comum entre ISENÇÃO e ANISTIA:
I) A isenção e a anistia são institutos jurídicos de
desoneração ($).
II) Ambas, a isenção e a anistia, dependem de lei.
(...) Art. 150. § 6º, CF: Qualquer subsídio ou isenção,
redução de base de cálculo, concessão de crédito
presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas
ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei
específica, federal, estadual ou municipal, que regule
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o
correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do
disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
Observação: as isenções de ICMS são veiculadas por
CONVÊNIOS interestaduais, celebrados no âmbito do
CONFAZ (Conselho de Política Fazendária). Os
representantes dos Estados membros (Secretários de
Fazenda) reúnem-se no Conselho para a deliberação
acerca desse benefício no tocante ao ICMS. Em tese, tais
convênios precisariam ser ratificados por decreto
legislativo, mas não é o que ocorre.
IV) Se atingem o ato de pagar, significa dizer que a isenção
e a anistia afetam a OT principal, permanecendo
inalteradas as OTs acessórias (art. 175, parágrafo único,
CTN).

Exemplo: Transporte de mercadoria isenta de ICMS: sem


pagamento do ICMS, mas devendo estar acompanhada de
Nota Fiscal (OT acessória). Veja que a máxima "o acessório
segue o principal" não se aplica aqui.
Note que, na isenção/anistia, acaba se realizando o FG,
fazendo-se surgir a OT, despontando-se o sujeito passivo,
entretanto não se vê constituído o crédito tributário pelo
lançamento.
Portanto, a isenção e a anistia são causas obstativas ou
inibitórias do lançamento (visão do STF).
Conceito: a isenção é o instituto jurídico-tributário que
prevê uma exceção à regra da tributação. O legislador, por
questões sociopolíticas, decide retirar do campo da
incidência uma parcela de pessoas e bens que seriam
atingidos pela tributação, se não fosse a intenção
desonerativa do legislador. Exemplo: isenção de ICMS para
medicamentos; isenção de IR para aqueles que detêm
enfermidades graves, etc.
ESTUDO DA ANISTIA: Conceito: a anistia é o instituto desonerativo
de multa, portanto visa retirar o rótulo de "impontual" do infrator.
Lembre-se de que anistia não é para tributo. Será impropriedade
afirmar que "o IPTU foi anistiado".

Quanto à anistia, há um aspecto importante no plano da vigência


da lei anistiadora. É que a lei de anistia, devendo afastar uma
penalidade, só poderá conter vigência retrospectiva, alcançando
situações que lhe são pretéritas. Assim, não pode haver uma lei
de anistia para alcançar o futuro.
Dispositivos no CTN acerca da ANISTIA (art. 180 a 182, CTN):
ARTIGO: Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações
cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se
aplicando:
ISENÇÃO - Dispensa: apenas do TRIBUTO –
Abrange fatos geradores posteriores à lei, sendo “para frente”
(princípio da irretroatividade)

ANISTIA - Dispensa: MULTA –


Abrange fatos geradores anteriores à lei, ou seja, a lei de anistia
alcança as situações pretéritas (é “para trás”) Motivo:
socioeconômico ou sociopolítico Motivo: retirar a situação de
impontualidade do inadimplente da obrigação
CAUSAS DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Causas de Extinção do CT (Artigo 156, CTN) – 11 INCISOS

Decadência e Prescrição - inciso V: Art. 156. "Extinguem o crédito


tributário: (...) V - a decadência e a prescrição (...)".
Conversão do depósito em Renda - inciso VI: Art. 156. "Extinguem
o crédito tributário: (...) VI - a conversão de depósito em renda
(...)". O depósito ocorrido na órbita judicial, no âmbito de uma
ação, poderá, ao término da lide, ser convertido em renda do Fisco
("contribuinte perdendo").
Decisão administrativa irreformável - inciso IX: Art. 156.
"Extinguem o crédito tributário: (...) IX - a decisão administrativa
irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa,
que não mais possa ser objeto de ação anulatória (...)".
Trata-se de uma decisão favorável ao contribuinte, e não
contrária a ele. De fato, se a decisão ali for contrária ao
contribuinte, este poderá levá-la para a órbita judicial. Veja que o
Fisco, diante de uma decisão administrativa favorável ao
contribuinte, de cuja elaboração ele efetivamente participou, não
poderá tentar rever o que ele próprio chancelou.
Decisão judicial transitada em julgado - inciso X: Art. 156.
"Extinguem o crédito tributário: (...) X - a decisão judicial passada
em julgado (...)". Veja que tal decisão é extintiva mesmo,
independentemente de sua natureza, se favorável ao contribuinte,
ou contrária a ele.
Pagamento antecipado e a homologação - inciso VII: Art. 156.
"Extinguem o crédito tributário: (...) VII - o pagamento antecipado
e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo
150 e seus §§ 1º e 4º (...)".
Veja que, nos tributos lançados por homologação (ICMS, IR, ISS,
PIS, COFINS e tantos outros), não é o pagamento que extingue o
CT, mas a homologação do procedimento, sob pena de se admitir,
por absurdo, que o pagamento parcial promoveria a extinção do
CT.

Consignação em pagamento - inciso VIII: Art. 156. "Extinguem o


crédito tributário: (...) VIII - a consignação em pagamento, nos
termos do disposto no § 2º do artigo 164; (...)”
A consignação em pagamento, ao final dela (art. 164, §2º, CTN), ou
ação consignatória (arts. 539 a 549 do NOVO CPC), pressupõe o
depósito initio litis, e isso equivale a dizer que, ao final, com o
julgamento dela, haverá a apropriação desse depósito pelo Estado,
extinguindo-se o CT. Observe o dispositivo no CTN: (...)
Remissão - inciso IV: Art. 156. "Extinguem o crédito tributário: (...)
IV – remissão (...)". A remissão é um benefício fiscal que não se
confunde com a isenção/anistia. Sabemos que essas duas são
causas inibitórias de lançamento, excludentes do CT.

A remissão, por sua vez, sendo causa extintiva do CT, deve ocorrer
após o lançamento, pressupondo uma notificação/auto de
infração. A remissão é um instituto jurídico que significa perdão,
vale dizer, perdão do tributo/multa lançados.
Para ser isenção/anistia, o benefício teria que vir antes do
lançamento. A remissão indica que o Fisco, perdoando, irá
remitir, sempre por meio de lei específica (art. 172 do CTN c/c art.
150, §6º, da CF).

Dação em pagamento - inciso XI: Art. 156. "Extinguem o crédito


tributário: (...) XI - a dação em pagamento em bens imóveis, na
forma e condições estabelecidas em lei".
A dação em pagamento significa o ato de dar em pagamento algo
distinto da pecúnia. Se analisarmos bem, o próprio artigo 3º do
CTN, ao conceituar tributo, deixou um "espaço" para isso: "(...)
prestação pecuniária ou em cujo valor nela se possa exprimir". Tal
permissão legitimou a inserção desse inciso XI no CTN (LC
104/2001). (...)
Transação - inciso III: Art. 156. "Extinguem o crédito tributário: (...)
III - a transação (...)”. A transação é um instituto jurídico previsto no
art. 171 do CTN, com o conceito naturalmente oriundo do Direito
Civil.
Compensação - inciso II: Art. 156."Extinguem o crédito tributário:
(...) II - a compensação”. A compensação é mais um instituto do
Direito Civil apropriado pelo Direito Tributário (art. 170, CTN). O
conceito é o mesmo de sempre: instituto que permite um encontro
de contas, reunindo-se na mesma pessoa as condições de credor e
devedor. (...)
O contribuinte, se pagar algo a maior ou indevidamente, passará a
ser credor do Fisco. Sendo credor, terá direito à restituição do
indébito (a ser feita por meio de pedido administrativo ou judicial).
Por outro lado, se ele, credor, também for devedor, a lei poderá
autorizar o tal encontro de contas, por meio da chamada
"compensação de tributos". (...)
Art. 156. "Extinguem o crédito tributário: I - o pagamento (...)".
Neste ponto, afeto ao PAGAMENTO, o estudo de alguns artigos do
CTN se faz necessário, com destaque para alguns deles:

Art. 158. “O pagamento de um crédito não importa em presunção


de pagamento:
I - quando parcial, das prestações em que se decomponha;
II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a
outros tributos”. Pela leitura do artigo 158, percebe-se que não se
admite presunção de pagamento no Direito Tributário.
Art. 160. “Quando a legislação tributária não fixar o tempo do
pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da
data em que se considera o sujeito passivo notificado do
lançamento. Parágrafo único.

A legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação


do pagamento, nas condições que estabeleça”.
“Nunca ande pelo caminho traçado, pois ele
conduz somente até onde os outros já
foram..”
Alexander Graham Bel

Bons Estudos!

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