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Camila Di Bernardo[TÍTULO DO DOCUMENTO] Direito Civil Aplicado (3º bimestre)

Direito Administrativo (3º bimestre)

Bens – teoria geral

Q UANTO À TANGI BILIDA DE


Introdução
♦ Tal classificação não foi acolhida pela nossa legislação,
P ONTOS INTRODUTÓRIOS mas é utilizada pela doutrina

♦ O estudo do Direito Civil está estruturado em 3 grandes CORPÓREOS


blocos:
♦ São os que têm existência física, material e podem ser
1. Pessoas (naturais e jurídicas) ➛ sujeitos de direito
tangidos pelo homem
2. Bens ➛ Objeto das relações jurídicas ♦ Obs.: atualmente, não é necessário ser tangível para ser
3. Relações jurídicas corpóreo, por exemplo: gases, diversas formas de
♦ Bem pode ser definido como valores materiais ou energia, como a eletricidade, o gás, o vapor...
imateriais portadores de utilidade aos homens e por
isso são passiveis de apropriação privada e figuram INCORPÓREOS
como objetos das relações jurídicas ♦ São os que têm existência abstrata ou ideal, mas valor
♦ É tudo o que satisfaz uma necessidade humana econômico, como o direito autoral, o crédito, a
♦ Sobre o objeto desenvolve-se o poder de fruição da sucessão aberta, o fundo de comércio etc.
pessoa ♦ São criações da mente reconhecidas pela ordem
♦ Para a maioria da doutrina ➛ Coisa é gênero do qual jurídica
bem é espécie
♦ Para Clóvis Beviláqua: C LASSIFICAÇÃO DO CC /02

♦ O Código Civil de 2002, no Livro II da Parte Geral


“a palavra coisa, ainda que, sob certas relações,
disciplina os bens em 3 capítulos:
corresponda, na técnica jurídica, ao termo bem,
I- Dos bens considerados em si mesmos.
todavia dele se distingue. Há bens jurídicos, que não
✓ Dos bens imóveis.
são coisas: a liberdade, a honra, a vida, por exemplo.
✓ Dos bens móveis.
E, embora o vocábulo coisa seja, no domínio do
✓ Dos bens fungíveis e consumíveis.
direito, tomado em sentido mais ou menos amplo,
✓ Dos bens divisíveis.
podemos afirmar que designa, mais particularmente,
✓ Dos bens singulares e coletivos
os bens que são, ou podem ser, objeto de direitos
II - Dos bens reciprocamente considerados.
reais. Neste sentido dizemos direito das coisas”
✓ Principais
✓ Acessórios
♦ Dessa forma, pode-se dizer que as principais III - Dos bens públicos.
características dos bens são: ✓ Públicos
✔ São coisas materiais ou imateriais ✓ Particulares
economicamente apreciáveis
✔ Úteis aos homens B ENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
✔ De expressão econômica Q UANTO À MOBI LIDADE
✔ Suscetíveis de apropriação
MÓVEIS
C LASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS BENS
♦ Bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção
♦ Tema importante: a inclusão de um bem em por força alheia, sem alteração da substância ou da
determinada categoria implica a aplicação automática destinação econômico-social
de regras próprias e específicas, visto que não se ♦ Subclasses:
podem aplicar as mesmas regras a todos os bens

¹
✔ Semoventes e/ou sencientes ➛ São os suscetíveis ♦ Exigem, para serem alienados, hipotecados ou serem
de movimento próprio, como os animais. Movem- gravados de ônus real, a anuência do cônjuge, exceto
se de um local para outro por força própria. no regime da separação absoluta (CC, art. 1.647, I)
♦ Somente imóveis podem ser objeto de bem de família
✔ Móveis propriamente ditos ➛ São os que
(CC, art. 1.711).
admitem remoção por força alheia, sem dano,
como os objetos inanimados, não imobilizados ♦ Subclasses:
por sua destinação econômico-social. Clóvis ✓ Imóveis por natureza ➛ solo, com sua superfície,
aponta como exemplos: “moedas, títulos da subsolo e espaço aéreo
dívida pública e de dívida particular, mercadorias, ✓ Por acessão natural ➛ árvores e os frutos
ações de companhias, alfaias, objetos de uso etc.” pendentes, bem como todos os acessórios e
Obs.: adjacências naturais (pedras, fontes e os cursos de
Art. 84 do código civil: “materiais destinados água)
a alguma construção, enquanto não forem Obs.: As árvores, quando destinadas ao corte, são
empregados, conservam sua qualidade de consideradas bens “móveis”
móveis; readquirem essa qualidade os ✓ Por acessão artificial ➛ Derivam de um
provenientes da demolição de algum prédio”. comportamento ativo do homem. O homem
Estes últimos, todavia, não perdem o caráter também pode incorporar bens móveis, como
de imóveis, se houver a intenção de materiais de construção e sementes, ao solo, dando
reempregá-los na reconstrução do prédio origem às acessões artificiais ou industriais.
demolido
✓ Por determinação legal ➛ Trata-se de bens
♦ Móveis por determinação legal ➛ O art. 83 do Código incorpóreos, imateriais (direitos), que não são, em
Civil considera móveis para os efeitos legais: “I - as si, móveis ou imóveis. O legislador, no entanto, para
energias que tenham valor econômico; II - os direitos maior segurança das relações jurídicas, os considera
reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; imóveis
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e
respectivas ações” Art. 80 – CC/02: Consideram-se imóveis para os
♦ Móveis por antecipação ➛ São bens incorporados ao efeitos legais:
solo, mas com a intenção se separá-los oportunamente I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os
e convertê-los em móveis, como as árvores destinadas asseguram;
ao corte, não colhidas e os frutos ainda não colhidos
(ex: safras). Vontade humana de mobilizar bens II - o direito à sucessão aberta.
imóveis, em função da finalidade econômica
♦ São adquiridos, em regra, por simples tradição ou pela Q UANTO À FUNGIBIL IDADE E DIVISIBILIDADE
usucapião, ocupação, achado de tesouro,
especificação, confusão, comistão, adjunção (CC, arts. FUNGÍVEIS
1.260 a 1.274)
♦ Não há critérios para alienação ♦ São “os móveis que podem substituir-se por outros da
mesma espécie, qualidade e quantidade (art. 85 do
IMÓVEIS OU “DE RAIZ” código civil)
♦ Por exemplo: dinheiro e os gêneros alimentícios
♦ Art. 81
♦ Bens que não podem transportar, sem destruição, de INFUNGÍVEIS
um para outro lugar
♦ Não podem ser substituídos por outros da mesma
♦ Não abrange os imóveis por determinação legal, nem
espécie, qualidade e quantidade
as edificações que, separadas do solo, conservam sua
unidade, podendo ser removidas para outro local (CC, ♦ Exemplo: quadro de um pintor célebre, uma escultura
famosa etc.
arts. 81, I, e 83)
♦ Para serem adquiridos dependem de escritura pública
Q UANTO À CONSUNTIBILI DADE
e registro no Cartório de Registro de Imóveis (CC, arts.
108, 1.226 e 1.227) ou então por acessão, pela
CONSUMÍVEIS
usucapião e pelo direito hereditário (CC, arts. 1.238 a
1.244, 1.248 e 1.784);
♦ Art. 86, CC/02: são consumíveis “os bens móveis cujo ♦ Art. 89 do Código Civil: “São singulares os bens que,
uso importa destruição imediata da própria substância, embora reunidos, se consideram de per si,
sendo também considerados tais os destinados à independentemente dos demais”.
alienação” ♦ São singulares, portanto, quando considerados na sua
♦ Consumíveis de fato ➛ o uso importa destruição individualidade, como um cavalo, uma árvore, uma
imediata da própria substância, como os gêneros caneta
alimentícios, por exemplo
COLETIVOS
♦ Consumíveis de direito ➛ se destinam à alienação,
como as mercadorias de um supermercado ♦ São os que, sendo compostos de várias coisas
singulares, se consideram em conjunto, formando um
INCONSUMÍVEIS todo, uma unidade, que passa a ter individualidade
própria, distinta da dos seus objetos componentes,
♦ São os bens que podem ser usados continuadamente,
como um rebanho, uma floresta etc
ou seja, os que permitem utilização contínua, sem
destruição da substância
B ENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
♦ Há coisas que, segundo a destinação econômico-
jurídica que lhes derem, serão consumíveis ou E M RELAÇÃO A OUTRO BEM
inconsumíveis
✔ Ex: os livros, que, nas prateleiras de uma livraria, PRINCIPAIS
serão consumíveis por se destinarem à alienação, ♦ É o bem que tem existência própria, autônoma, que
e, nas estantes de uma biblioteca, serão existe por si
inconsumíveis, porque aí se acham para serem
lidos e conservados ACESSÓRIOS
♦ Obs.: há confusão entre fungibilidade e
♦ É aquele cuja existência depende do principal
consuntibilidade pois em geral os bens consumíveis são
♦ A acessoriedade pode existir entre coisas e entre
fungíveis
direitos, pessoais ou reais.
♦ A consuntibilidade ➛ uso a que o bem se destina
✔ Ex: contratos de locação e de compra e venda (são
♦ Fungibilidade ➛ é o resultado da comparação entre principais) e a fiança e a cláusula penal, neles
duas coisas, que se consideram equivalentes estipuladas (acessórios)
♦ O dinheiro é fungível e juridicamente consumível
Como regra, o bem acessório segue o destino do
Q UANTO À D IVISIBI LIDADE principal (acessorium sequitur suum principale)

DIVISÍVEIS Princípio da gravitação jurídica ➛ um bem atrai


outro para sua órbita, comunicando-lhe seu
♦ Bens divisíveis, diz o art. 87 do Código Civil, “são os que
próprio regime jurídico.
se podem fracionar sem alteração na sua substância,
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a Logo, A natureza do acessório é a mesma do
que se destinam” principal. Se o solo é imóvel, a árvore a ele
anexada também o é
INDIVISÍVEIS

♦ Art. 88 do Código Civil: “bens naturalmente divisíveis ♦ Extinta a obrigação principal, extingue-se também a
podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou acessória; mas o contrário não é verdadeiro
por vontade das partes” ♦ O proprietário do principal é proprietário do acessório.
✔ Indivisíveis por natureza ♦ Espécies de acessórios
✔ Indivisível por determinação legal ✔ Produtos: são as utilidades que se retiram da
coisa, diminuindo-lhe a quantidade, porque não
Q UANTO À I NDIVIDUAL IDADE se reproduzem periodicamente
✔ Frutos: são as utilidades que uma coisa
SINGULARES
periodicamente produz (frutas brotadas das
árvores, os vegetais espontaneamente fornecidos
pelo solo, as crias dos animais)
✔ Pertenças: bens móveis que, não constituindo ♦ Bens de uso especial e bens de uso comum do povo não
partes integrantes (como o são os frutos, podem ser usucapidos, já os bens dominicais, segundo
produtos e benfeitorias), estão afetados por a doutrina, devem atender a função social da
forma duradoura ao serviço ou ornamentação de propriedade para não serem usucapidos
outro, como os tratores destinados a uma melhor
exploração de propriedade agrícola e os objetos PARTICULARES
de decoração de uma residência
♦ Os particulares são definidos por exclusão: “todos os
✔ Benfeitorias
outros são particulares, seja qual for a pessoa a que
i) Despesas ou benfeitorias necessárias
pertencerem”
(impensae necesariae) ➛ têm por fim
conservar o bem ou evitar que se deteriore Bem de família
ii) Despesas ou benfeitorias úteis (impensae
utiles) ➛ aumentam ou facilitam o uso do P ONTOS INTRODUTÓRIOS
bem
iii) Despesas ou benfeitorias de luxo (impensae ♦ Sujeito X Objeto X Relação

voluptuariae) ➛ mero deleite ou recreio, ♦ Bem jurídico


que não aumentam o uso habitual do bem, ♦ Bem de família tem a ver com a proteção do direito à
ainda que o tornem mais agradável ou sejam moradia: dignidade, solidariedade e igualdade
de elevado valor
♦ É um direito de personalidade
Benfeitorias ≠ Acessão ♦ Segundo Álvaro Villaça Azevedo:

Benfeitorias são obras ou despesas feitas em bem “O bem de família é um meio de garantir um asilo
já existente. As acessões industriais são obras que à família, tornando-se o imóvel onde ela se instala
criam coisas novas, como a edificação de uma domicílio impenhorável e inalienável, enquanto
casa, e têm regime jurídico diverso, sendo um dos forem vivos os cônjuges ate que os filhos
modos de aquisição da propriedade imóvel. completem sua maioridade”

B ENS QUANTO AO TITULAR DO DOMÍNIO CC/02: apenas fala sobre o bem de família voluntario

PÚBLICOS Lei 8.009/90: bem de família voluntario e legal

♦ O art. 98 do Código Civil considera públicos “os bens do ♦ Inclui patrimônio pessoal?
domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de
direito público interno” ✔ A tese do professor Fachin - patrimônio mínimo
que assegure dignidade humana (pessoa solteira
♦ Bens de uso comum do povo ➛ podem ser utilizados
e casada)
por qualquer um do povo, sem formalidades. Ex: os
rios, mares, estradas, ruas e praças (art. 99, I) ✔ Residência da pessoa natural
♦ Bens de uso especial ➛ são os que se destinam ♦ Não existe tutela do bem de família para PJ
especialmente à execução dos serviços públicos. São os
edifícios onde estão instalados os serviços públicos,
C LASSIFICAÇÃO
inclusive os das autarquias, e os órgãos da ♦ Coexistem na legislação duas espécies de bem de
administração família:
♦ Bens dominicais (cc, art. 99) ➛ são os que constituem
✔ Voluntário ou convencional ➛ decorrente da
o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma vontade dos cônjuges, companheiros ou terceiros
dessas entidades (CC, art. 99, III). Sobre eles o Poder ✔ Involuntário/obrigatório ➛ resultante da
Público exerce poderes de proprietário estipulação legal (Lei n. 8.009/90)
✔ São bens que o Poder Público adquire como se
particular fosse (ex: adquiridas via herança ♦ Bem de F. convencional ou voluntário
jacente ✔ a 1722
✔ P.
Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade ✔ Extinção do bem de família convencional afasta a
familiar, mediante escritura pública ou impenhorabilidade do prevista na lei? Não
testamento, destinar parte de seu patrimônio
i) Tinha várias casas e elegeu uma
para instituir bem de família, desde que não
ultrapasse um terço do patrimônio líquido ii) Foi vendendo todas as casas e levantou/tirou
existente ao tempo da instituição, mantidas as o gravame de bem de família convencional
regras sobre a impenhorabilidade do imóvel daquela casa que era bem de família
residencial estabelecida em lei especial.
iii) Ainda assim, continua sendo bem de família
legal, pois a lei diz que havendo um só bem
✔ Instituição por escritura pública ou por
de natureza residencial, esse bem
testamento
automaticamente é impenhorável
✔ Limitação de que o patrimônio não ultrapasse ⅓
do PL existente no momento da instituição L EI DA IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA -
✔ Não pode sofrer execução em caso de dívida L EI 8009/90

✔ Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio


♦ Súmula 205 do STJ: Determinando a Lei n. 8.009/1990
residencial urbano ou rural, com suas pertenças e
que não responde por dívidas de qualquer natureza o
acessórios, destinando-se em ambos os casos a
imóvel residencial e os bens que o guarnecem, salvo as
domicílio familiar, e poderá abranger valores
exceções que estabelece, não poderão eles ser objeto
mobiliários, cuja renda será aplicada na
de expropriação judicial, não importando que a
conservação do imóvel e no sustento da família
penhora tenha-se efetuado antes da vigência daquela.
✔ Obs.: Jurisprudência diz que pode estabelecer um
bem de f. e não morar naquele bem, alugando o ♦ Bem de família indireto - pesquisar
imóvel e o valor do aluguel ele paga o próprio
♦ Súmula 449 do STJ: “A vaga de garagem que possui
aluguel
matrícula própria no registro de imóveis não constitui
♦ No bem voluntário se tem vários imóveis e elege-se um bem de família para efeito de penhora.” - não segue a
para ser o bem de f. e institui por escritura/testamento sorte de que o acessório segue o principal
e faz o registro
♦ Piscina de fibra é penhorável
Art. 1.714. O bem de família, quer instituído pelos
cônjuges ou por terceiro, constitui-se pelo registro de seu ♦ Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer
título no Registro de Imóveis. processo de execução civil, fiscal, previdenciária,
trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
♦ Bem de família legal (lei 8009/90)
✔ II - pelo titular do crédito decorrente do
✔ No caso de um único imovel com fins residenciais,
financiamento destinado à construção ou à
não é necessário eleger bem de família voluntário
aquisição do imóvel, no limite dos créditos e
e sim um bem legal
acréscimos constituídos em função do respectivo
I NSTITUIÇÃO DO BEM DE FAMÍLIA contrato;

♦ Requisitos da instituição ✔ III – pelo credor da pensão alimentícia,


resguardados os direitos, sobre o bem, do seu
♦ Efeitos da instituição*
coproprietário que, com o devedor, integre união
✔ Art. 1.715. O bem de família é isento de execução estável ou conjugal, observadas as hipóteses em
por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que ambos responderão pela dívida;
que provierem de tributos relativos ao prédio, ou (Redação dada pela Lei nº 13.144 de 2015)
de despesas de condomínio.
✔ IV - para cobrança de impostos, predial ou
♦ Duração do bem de família territorial, taxas e contribuições devidas em
função do imóvel familiar;
✔ Vida dos cônjuges

✔ Menoridade dos filhos


✔ V - para execução de hipoteca sobre o imóvel Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel
oferecido como garantia real pelo casal ou pela aquele que, contínua e incontestadamente, com justo
entidade familiar; título e boa-fé, o possuir por dez anos.

✔ VI - por ter sido adquirido com produto de crime Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste
ou para execução de sentença penal condenatória artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente,
a ressarcimento, indenização ou perdimento de com base no registro constante do respectivo cartório,
bens. cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele
tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado
✔ VII - por obrigação decorrente de fiança concedida investimentos de interesse social e econômico.
em contrato de locação. (Incluído pela
Lei nº 8.245, de 1991) USUCAPIÃO ESPECIAL URBANO

 A usucapião na modalidade especial urbana, também


♦ Bem de família ofertado - o próprio devedor oferece o
chamada de constitucional urbana, é dedicada a quem
bem de família e depois pede embargos - venire contra
efetivamente habita em um imóvel urbano de até 250
factum
metros quadrados sob as regras da usucapião
 Modalidade de efetivação da função social da
Usucapião propriedade urbana de moradia

I NTRODUÇÃO  REQUISITOS:
i. posse sem oposição por 5 (cinco) anos
Usucapião é o modo de aquisição da propriedade e de
ininterruptos
outros direitos reais pela posse prolongada da coisa de
ii. área urbana de até 250.000 m²
acordo com requisitos estabelecidos em lei. A
iii. utilizando-a como moradia sua ou de sua família
usucapião é também chamada de prescrição
iv. Não possuir ou ser proprietário de outro imóvel
aquisitiva
rural ou urbano

 É modo originário ou derivado de aquisição de domínio USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL


através da posse mansa e pacífica, ou seja, sem
 Assim como a modalidade especial urbana, a
oposição, exercida com “animus domini” (intenção de
modalidade especial rural dedica-se ao cumprimento
dono) por certo tempo fixado em lei.
da função social da propriedade. Neste caso, trata-se
 A palavra "usucapião" vem do latim usu+capio = tomar
da propriedade rural de até 50 hectares de área.
a coisa pelo uso (considerando o tempo de uso)
 Tem como principal objetivo evitar o abuso de direito 1 hectare = 10.000 m²
de propriedade
 Busca impor ao proprietário uma atuação de acordo 50 hectares = 500.000 m²
com a função social dessa propriedade, sob pena de ser
 REQUISITOS:
sancionado pela usucapião
i. Posse com animus domini pelo prazo de cinco
USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA anos, sem oposição (deve ser mansa e pacífica)
ii. Área de terra em zona rural não superior a 50
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, hectares
nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a iii. Utilizar o imóvel como moradia, tornando-o
propriedade, independentemente de título e boa-fé; produtivo pelo trabalho do possuidor ou de sua
podendo requerer ao juiz que assim o declare por família*
sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório iv. Não possuir ou ser proprietário de outro imóvel
de Registro de Imóveis. rural ou urbano
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir- * O possuidor não precisa produzir pessoalmente na sua
se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no terra, mas, se não o fizer, deverá comprovar que sua
imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou família o faz.
serviços de caráter produtivo.

USUCAPIÃO ORDINÁRIA
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade
rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus
de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:

I- aproveitamento racional e adequado;


▪ Graus de Utilização da Terra (GUT)
▪ Graus de Eficiência da Terra (GET)
II - utilização adequada dos recursos naturais
disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as
relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos
proprietários e dos trabalhadores.

F ÂMULO DA POSSE OU GESTOR DA POSSE ( DETENTOR )

♦ O fâmulo da posse é aquele que apreende a coisa (tem


a coisa consigo) por força de uma relação subordinativa
com terceiro
♦ Apreende a coisa por dependência jurídica: ele
apreende a coisa em nome de terceiro
♦ Exemplo: caseira, adestrador, veterinário etc

O fâmulo da posse não tem posse, ele é MERO


DETENTOR.

♦ Ocorre na situação do art. 1198 do CC

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-


se em relação de dependência para com outro, conserva
a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou
instruções suas.

Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do


modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e
à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o
contrário.

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