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FUNDAMENTOS DO DIREITO CIVIL

2º BIMESTRE

BENS - CLASSIFICAÇÃO
BENS, objeto da relação jurídica, não são os únicos (serviços: fazer e não fazer),
em especial das relações que envolvem obrigação de dar (entregar ou restituir).
Admite a classificação em várias modalidades na forma de dicotomias/opostos
conceituais:
- Não podem ocorrer de forma mútua;
- São pagas;

1. Coisa (o que nós não podemos nos apropriar, não tem titular) x Bens (tudo
aquilo que pode ser apropriado por uma pessoa. Pode ter um titular), classificação
patrimonialista, antropocêntrica e sujeita ao relativismo tecnológico.

-Bens são todos os objetos que podem ser apropriados, se submeterem a sujeição
por uma pessoa para o direito (entes naturais ou artificiais). Ordinariamente tem
valor econômico (patrimonialidade).

-Coisa é tudo que não pode ter um titular, sujeito de direito, ou pela falta de raridade
não interessa ao comércio humano. EX: estrelas, sol, nuvens, o vento, água do mar,
atmosfera. Tal classificação pode mudar com inovação técnica;
EX: Energia solar com célula fotovoltaica, ou pela situação jurídica em concreto;
EX: Carga de oxigênio no cilindro para mergulho.

2. Bens corpóreos x incorporeos, divide os bens pela sua materialidade, ou


imaterialidade.
Um pendrive que tem várias músicas é corpóreo, o direito autoral das músicas
incorpóreo; o prédio de uma fábrica e seu maquinário corpóreo, já a marca, patente
e fundo empresarial são incorpóreos.

Bens digitais são incorpóreos e objeto de debate e enquadramento no direito


sucessório (PL. 8562/2017; PL. 6468/2019; PL 1689/21; PL. 2664/21).

Res Nullis (coisa sem dono, objeto da natureza que nunca foi apropriado mas
podem virar bens pelo assenhoramento de alguém. EX: Lagosta, Passarinho) X
Res Derelicta (objeto que pelas suas circunstâncias tem dono. EX: Carteira
esquecida no shopping).
3. Bens imóveis (só se transmite pela certidão, registro) X móveis (para
transmitir a titularidade de um bem móvel, basta a tradição, a entrega), (79-84 CC)

A mais importante classificação dos bens pois é determinante para outras


classificações, divide os bens em imóveis – cuja transmissão de propriedade é
formal e exige registro/escritura pública (108, 1227, 124, CC); dos bens móveis –
para os quais basta a mera tradição (1267, CC) para transmissão de titularidade,
eventual registro é mero ato probatório de presunção perante terceiros (sums. 132,
585 STJ; 489 STF):

3.1. Imóveis:
a. 79 CC - solo natural (terreno limpo)
- Imóvel por natureza: e o que lhe incorporar/aderir natural
- Adesão/acessão física natural: plantas
- Adesão/acessão física artificial: construções
Lembrar: aderência não precisa ser direta ao solo, pode ser no conjunto estrutural;
b. 80 CC – Também são considerados imóveis (incorpóreos porém imóveis por
determinação legal) direitos reais e ações sobre imóveis, e direito à sucessão
aberta;
c. 81 CC – continuam considerados imóveis edificação separada do solo é
removida, mas mantida a sua unidade, acessão física (material) separada
provisoriamente do prédio. Permanece sendo considerada um bem imóvel.

3.2. Móveis:
a. 82 CC – bens não aderidos, no máximo apoiados, que podem ser removidos
sem perda de função e estrutura (móveis em geral) e que se movem por força
própria (semoventes: bichos, lembrar: também sujeito de direito não personificado
em alguns casos);
b. 83 CC – energia com valor econômico (“gato” furto de bem alheio: 155, p. 3o
CP), direitos reais e ações sobre bens móveis, e qualquer outro direito subjetivo de
caráter patrimonial (p.ex.: direitos autorais);

c. 84 CC – acessão física (material) ainda não empregado ou separado em


definitivo, “demolição”, do prédio.

4. Bens fungíveis X infungíveis, (85, 579, 586, 645, CC) divide os bens em
móveis substituíveis por outro do mesmo gênero, qualidade e quantidade, daqueles
que são insubstituíveis por sua natureza (únicos), lei (imóveis), ou convenção
(objeto histórico ou de afeição: 952, pú., CC)

-Infungível por 3 razões:


1. Pela natureza, objetos únicos. (EX: Jóia da coroa da Rainha Elizabeth);
2. Pela lei. (EX: Imóveis);
3. Convenção: Valor afetivo;

5. Bens não consumíveis X consumíveis, (86, CC), o bem pode ser


consumível por dois motivos:
a. Por natureza, uso normal importa em destruição (EX: Comidas, Cigarro) (86,
parte inicial), ou
b. Por definição legal, bem móvel posto em alienação (EX: Computadores,
livros, celulares que estão expostos em lojas para compra) (86, parte final),

- Portanto, bens imóveis são não consumíveis (conceito legal), como também bens
móveis que o uso normal não destrói nem estão postos à alienação.
Não confundir os conceitos do CC com os do CDC, que divide os bens sem
distinguir entre móveis e imóveis em: bens de consumo (2o, 3o, 26, CDC) duráveis
usados várias vezes por longo período - e não duráveis – uso único ou por curto
período - ; dos bens de produção ou insumos que são reutilizados ou mantidos na
cadeia de produção e venda.

- Em regra os bens de produção (exceção: teoria finalista mitigada) são objeto de


relação regida pelo direito comum (CC) não se aplicando o CDC, posto que sua
venda não é relação de consumo típica. Imóveis são sempre infungíveis e não
consumíveis pela legislação.

6. Bens divisíveis X indivisíveis, (87, 88, 105, 258, 504, 844, 1199, 1314,
1358B-1358E, 1386, 1791, CC), o critério é utilitarista, portanto são
- Bens divisíveis os que podem ser fracionados sem perda considerável de
valor, substância, ou função sócio-econômica;

- Os indivisíveis são assim considerados por:


a. Função (touro de rodeio x touro para engordar e corte) - funções diferentes;
b. Convenção voluntária (ato de vontade própria (imóvel recebido em condomínio
indivisível – 504, 1320 CC, ou multipropriedade – 1358B-1358E, CC) ou por
c. Determinação legal: herança, 1791, pú, CC; ou, lote de imóvel urbano que deve
medir no mínimo 125 m2 (4o, II, L 6766/76), e a gleba rural de 25-50 Ha (fração
mínima de parcelamento - FMP) conforme 65, L. 4504/64.

7. Bens singulares X coletivos ou universalidades, (89-91, 503, CC; 288 J.Civ.) -


- Singular é o objeto considerado per si mesmo mesmo que agrupado com outros. É
um objeto individual;
- Coletivos são os agrupados que pertencendo a um mesmo sujeito tenham uma
mesma destinação, podendo ter mesma natureza (biblioteca) ou diversa (caminhão
de mudanças) (EX: Maço de cigarro).

Os bens coletivos podem formar:


a. Universalidades de fato (90 CC), agrupamento de bens com mesmo titular e
destinação - NÃO precisam ser bens idênticos (EX: Biblioteca, coleção de
figurinhas, CAMINHÃO DE MUDANÇAS - com bicicleta, móveis…)
b. Universalidades de direito (91 CC) (entes despersonalizados), conjunto de
relações jurídicas (agrupamento de bens, direitos e deveres) com valor econômico
(obrigacionais e reais) de um mesmo titular. (EX: Espólio).

8. Bens principais X acessórios, classificação dos bens reciprocamente


considerados, depende de comparação entre dois objetos para definir a posição dos
mesmos entre si.
(EX: Carro (principal) e Roda (acessório) - Roda (principal) e Calota (acessório) O
principal é o bem dotado de autonomia de existência em relação ao outro que lhe é
acessório e lhe segue o destino (princípio da gravitação jurídica: 92, 233, 237, 287,
364, 1.209, 1473, I, CC), assim se houver alienação o acessório (parte integrante)
segue, se nula a venda a invalidade abrange tudo.
- Dentre os bens considerados acessórios existem os:

a. Acessórios comuns / parte integrante (92, CC), que se presume acompanhar


o principal. Depende do bem principal. (EX: Carro e a roda);
b. Pertenças (93, 94 CC; 535 J.Civ.), que embora tenham funções ligadas ao
bem principal não se presume acompanhar o seu destino. (EX: Toca rádio de um
carro).

- Existe ainda o que se convencionou chamar de móveis por antecipação (95, CC)
que são partes integrantes do principal que podem dele ser retiradas futuramente e
negociadas antecipadamente (106 e 583 CC). Se de maneira definitiva diminuindo-
lhe a substância são:
a. produtos (não renováveis), se retirados do bem principal, não se renovam
b. frutos (renováveis). Conforme a forma de renovação os frutos podem ser:

b1. naturais, pelas próprias forças (EX: Cafezal, Ovo da galinha…);

b2. industriais, dependentes da ação humana (EX: Banana - só cresce um novo


cacho quando corta o antigo);

b3. civis, por convenção/ficção jurídica (EX: aluguel ou rendimentos).


FRUTOS, outra forma de classificar os frutos é quanto ao estado em que se
encontram:
a. Pendentes, ainda não vencidos ou vincendos (EX: Aluguel que anda vai
vencer, goiaba ainda verde…);
b. Percebidos/colhidos, vencidos e retirados (EX: Goiaba madura retirada do
pé, aluguel cobrado na data correta…);
c. Estantes, vencidos, retirados e armazenados (EX: Aluguel cobrado e
guardado no banco);
d. Consumidos, vencidos e destruídos (EX: Aluguel cobrado e o dinheiro foi
usado para fazer um compra);

e. Percebidos, vencidos e NÃO retirados (EX: Aluguel chegou na data de


cobrança, mas não foi cobrado) - Corre o risco de se perder com o tempo;

f. Colhidos com antecipação, retirados antes do vencimento.

FRUIÇÃO (pode ter fruição do bem sem ser proprietário), o direito de retirar
produtos e frutos de um bem principal é de ordinário atribuído legalmente ao dono
(1232, 1253 CC), no entanto, por várias formas e origens pode haver um
desdobramento de direitos e haver outra pessoa com posse sobre bem alheio. O
possuidor pode estar de boa (1201 CC) ou má-fé (1202 CC), conforme saiba ou
tenha como saber que está com posse injusta, enquanto não sabe,

a. de boa-fé, terá direito a todos os frutos, exceto aos colhidos com antecipação
e aos pendentes, mas quanto aos últimos há direito de reparação dos custos de
produção e custeio (1214 CC);
- É possível uma posse de boa-fé em território ilegal
(EX: Compra de um lugar que foi vendido com uma documentação falsa).

b. de má-fé tem direito apenas as despesas de produção e custeio e deve


restituir ou pagar por todos os frutos, inclusive pela perda dos percibiendos (1216
CC). Se ele está de má-fé perde todos os frutos, mas o proprietário do lugar deve
arcar com as despesas de produção.

BENFEITORIAS, é o que se acrescenta ao bem principal já existente (96 CC) com


esforço físico ou econômico (EX: Consertar porta, colocar telha..) (97, 241, 242 CC),
se for nova estrutura é acessão física (79 CC), mas com o mesmo tratamento
jurídico (81 J.Civ.). As benfeitorias são divididas em três modalidades:
a. Voluptuárias, (96, p. 1º CC; 36, L. 8245/91, Lei do Inquilinato-LI), são os
acréscimos a uma estrutura de mera decoração, deleite, recreação, ou diversão,
(EX: uma piscina ou uma banheira especial, uma pintura decorativa do veículo);
b. Úteis, (96, p. 2º CC; 35, LI), são as melhorias, que aumentam ou facilitam o
uso do bem em sua finalidade, (EX: uma janela nova para maior
iluminação/ventilação, a adição de novos airbags para maior segurança do veículo);
c. Necessárias, (96, p. 3º CC; 35, LI), são essenciais ao uso do bem, de
ordinário são obras de conservação ou manutenção do bem que evitam
deterioração ou destruição, (EX: Conserto de goteira no teto do imóvel, troca do
pneu careca).

Tal como ocorreu com a fruição, retiradas, para as benfeitorias e acessões físicas,
acréscimos, pode ocorrer em posse sobre bem alheio. Se distinguindo as
consequências se de boa (1201 CC) ou má-fé (1202 CC). Em caso de posse:

***Uma posse pode ser de boa-fé e depois se tornar de má-fé

a. Boa-fé, terá o possuidor direito a ser reparado no valor atual (1222 CC) das
benfeitorias necessárias e úteis e reter o bem alheio enquanto não pago (1219 CC),
exceção: se a posse advir de locação as úteis só geram reparação/retenção se
autorizadas previamente (35 LI, 578 CC), quanto às voluptuárias (ou o dono paga
ao possuidor ou autoriza a retirada) terá direito-dever ao levantamento sem dano e
se não for reparado voluntariamente (1219 CC, 35 LI).
b. Má-fé, só terá reparação sem retenção das benfeitorias necessárias, e o
reivindicante pode optar por pagar valor de custo histórico (1220, 1222 CC; 35 LI).
Pode ser o valor atual ou o valor de custo histórico (valor anterior).

Exceção (35-36, L. 8.245/91 – L.I): Na locação, uma forma sobre ter posse de bem
alheio, a regra:

-Benfeitoria necessária (reparação + retenção);

-Voluptuária (pagamento ou levantamento)

-Útil: Na locação só vai gerar direito de reparação + retenção se foi previamente


autorizada.

9. Bens dentro X fora do comércio, esta classificação divide os bens em


passíveis de alienação livre, disponíveis, regra de qualquer patrimônio cujo titular
seja ente privado, pessoa física (2o CC) ou jurídica (44 CC);
Dos bens considerados inalienáveis:
a. por lei: direitos da personalidade em geral (11 CC), bens públicos menos os
dominicais (100 e 101 CC);
b. ato de vontade: bem de família convencional em regra (1711-1722 CC, e 260-
265 LRP, não confundir com o bem de família legal que permanece disponível: L.
8009/90; e com gravame (1911 CC, 167 - Inciso II LRP - Restrição a um patrimônio
privado que por ato de liberalidade, é transmitido com registro de restrição) – 3
hipóteses:
- Inalienabilidade (o bem é recebido mas não pode ser vendido, ficando assim , fora
do comércio. Coloca um bem privado fora do comércio) por concessão em ato de
liberalidade: doação ou testamento (1848, 1911, CC; 30, L. 6830/80; 167, II, 11,
LRP).
Não confundir com a
- Impenhorabilidade (o bem entra como patrimônio mas não entra como
penhorável), absoluta ou relativa, da lei processual (833, 834 CPC; 54A-54G,
104A104C, CDC; L. 14181/21).
- Incomunicabilidade (EX: Se você se casar, o bem não se comunicará com o
casamento. Não será compartilhável).

Bens inalienáveis, indisponíveis = Bens fora do comércio - Não pode contratar, não
pode vender (1. Direitos da personalidade em geral; 2. Bens públicos menos os
dominicais; 3. Bem de família convencional).

10. Bens privados X bens públicos (98-103 CC), privados são os bens cujo
titular é ente privado, pessoa física ou jurídica, e públicos são aqueles cujo titular é
toda a coletividade ou um determinado ente público.
- São três os tipos de bens públicos – 99 CC:
I – Uso comum do povo, de todos gerido pelo ente público, p.ex.: mares,
praias, praças etc - (não pode privatizar);
II – Uso especial, ou afetados, que são os bens móveis ou imóveis
pertencentes a entes públicos e destinados a uma finalidade pública específica, o
desvio para fins privados é delito (312 CP) (EX: Ilha das cobras - Lugar utilizado
para treinamento de tiros da marinha);
III – Dominicais, são os bens desafetados, perderam sua finalidade pública, e
que podem diferentemente dos anteriores ser alienado por regras administrativas
próprias (100, 101 CC; 23 L. 9.636/98; L. 14133/2021), também se considera
dominical o patrimônio pertencente às PJ de direito público com estrutura de direito
privado (41, pú. CC; 173 CF/88). Nenhum bem público pode sofrer usucapião (102
CC; 183, p. 3º, 191, pú, CF/88; 340 STF), mas o uso de um bem público ser
cobrado onerosamente (“uso retribuído”: 103 CC);
Quando se trata de bem público, tem que ser vendido através de uma lei especial.

Bem de família:

BEM DE FAMÍLIA LEGAL:


Patrimônio mínimo existencial que a lei põe a salvo de execuções em geral.
Por mais endividado, há esse patrimônio que é considerado impenhorável em regra.
Art 1, inciso 3 da cons
833 CPC
Impenhorável - Art 1 da Lei 8009:
QUANTITATIVO/VALORATIVO:
- Imóvel;
- Terreno;
- Plantação;
- Instrumentos de trabalho (se o veículo for de trabalho ele é impenhorável);
- Pertenças SE QUITADOS;
- TV, Rádio, Fogão, Geladeira, Computador - Eletrodomésticos - Apenas 1 de
cada PORÉM NO VALOR DE ATÉ 40 SALÁRIOS MÍNIMOS.
Não são impenhoráveis - Art 2:
QUALITATIVO:
- Obras de arte;
- Objetos de decoração;
- Veículos (em caso de veículo de passeio).
Súmula 205 do STJ - Pode retroagir atingindo situações
anteriores a sua publicação, diferente de qualquer norma de direito privado.

Súmula 364 STJ - Solteiro, quem mora sozinho também tem proteção do direito de
família.

Súmula 449 STJ - Vaga de garagem escriturada pode ser executável. Não é
qualquer vaga. O credor pode mandar executar a vaga.

ARTIGO 3º DA LEI:
- Exceções:
I. Financiamento;
II. Pensão;
III. IPTU, ITR, Condomínio, Foro de marinha
IV. Hipoteca; V. Criminoso - Fiança;

ARTIGO 4º DA LEI:
O que era impenhorável permanece impenhorável
INCISO 2: É impenhorável a sede da fazenda + móveis da casa + o que a CF indica
como pequeno terreno rural (50 hectares e a plantação que estiver dentro desse
território).

ARTIGO 5º DA LEI:
Apenas o imóvel residencial fica fora da execução e caso a família possuir vários
imóveis como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor.

BEM DE FAMÍLIA CONVENCIONAL:

- Bem de valor maior que será registrado.


1711 ao 1714 CC:
INSTITUIDOR: Família; Um terceiro;
Até ⅓ do valor líquido. Calcula-se todo o patrimônio, abate as dívidas e calcula ⅓.
Imóvel residencial;
Pertenças/Acessórios;
+ valor mobiliário;

1713 CC:
Os bens móveis não podem ultrapassar o valor do bem imóvel.
EX: Patrimônio líquido de 3K - Separou 1K para gastar - Comprou um imóvel de
300mil + 300mil de acessórios na casa - Sobrou 400mil mas pode gastar apenas
mais 300mil pois os 400mil atingiria o valor do bem (1K), o que pelo art.1713 não é
permitido.

1714 CC:
Tudo tem que ser feito em uma escritura e registrado.

1715 CC: EXECUÇÕES:


Dívidas anteriores;
As posteriores - Imóvel (condomínio, IPTU, foro de marinha…);

O BANCO NÃO PODE RETIRAR TODO O VALOR (o que está pressuposto no bem
de família convencional) DEVIDO A RESSALVA DO BEM DE FAMÍLIA LEGAL
(mínimo existencial).

1717; 1719: Levantamento, Inalienável: Fica impenhorável mas fica indisponível. O


bem fica congelado a não ser que seja usado para o bem previsto pelo família.
Sub Rogação patrimonial: Se explica o porquê quer fazer o levantamento (1719) e
caso seja autorizado, a pessoa poderá transferir o bem de família convencional para
um bem menor.
Sub Rogação: Pega o dinheiro e compra uma casa menor.
Subrogar a condição de bem de família convencional;
1716; 1220; 1721 CC: Quando a entidade de família deixar de existir, o bem de
família
Se morrer só um dos pais, ou os dois, o bem de família ainda não será extinguido.
Porém se todos morrerem, aí sim será extinguido, ou caso os filhos se tornem
capazes pois eles já serão aptos a ter o seu próprio.

1713 - parágrafo 3º; 1718; 1719; 1720 CC: ADMINISTRAÇÃO:


A administração dos bens de família convencionais, é atribuída a entidade familiar, o
pressuposto: os cônjuges em igualdade administram o patrimônio.
Se uma pessoa institui apenas 1
Institui o bem de família convencional mas coloca um gestor para administrar os
bens. (PROBLEMA: Se for colocado nas mãos de uma empresa e ela quebra -
Deve ser procurada outra empresa que cuidará dos bens. NÃO PASSARÁ PARA
OS CÔNJUGES).

TAXONOMIA DO FATO JURÍDICO

Fato social = Atos que se externalizam.


Cria, modifica ou extingue direitos e deveres.
Taxonomia ou classificação dos fatos jurídicos como objeto da ciência jurídica.
Todo fato social que cria, modifica e/ou extingue direitos e deveres, ou seja, todo
fato que ultrapasse o indivíduo tem efeitos sociais previstos em normas jurídicas é
fato jurídico.
Este por sua vez pode ter origem em fato natural (origem da natureza), ordinário
(recorrente/comum - Nascimentos, Mortes, Maioridade) e extraordinário (caso
fortuito ou força maior - Terremotos, Enchentes, Raios…), ou ato de vontade
humana: ato jurídico, que pode ser conforme a lei, ato lícito, ou contra a lei, ato
ilícito (Gera responsabilidade civil contratual - 389 - 402CC).
O ato ilícito na esfera cível de ordinário gera o dever de reparar que é a obrigação
sucessiva do descumprimento de um compromisso contratual previamente ajustado
(a. RC contratual: 389-405 CC), ou do dever geral de cautela social presente no art.
186 CC - Descumprimento direto (b. RC extracontratual/aquiliana).
Além de provar qual foi o dano, é necessário provar quem foi o autor e o custo do
dano causado.

O ato lícito (185CC) tem origem da vontade humana. Se desdobra em três


possibilidades:
a. ato jurídico stricto sensu/unilateral, que depende só de
uma vontade,
p.ex. promessa de recompensa - Não depende que ninguém concorde para que
ocorra (854-860 CC);
b. ato-fato, vontade humana na conduta, mas não no resultado, cujos efeitos são
da lei. A consequência jurídica é incidental. É dada por lei.
p.ex. ocupação (1263 CC) ou achado de tesouro (1264-1266 CC); e,
c. negócios jurídicos, Fato que tem origem humana, cria, modifica e é conforme.
Origem em duas (bilaterais EX: Compra e Venda, Empréstimo…) ou mais
vontades (multilaterais - EX: Contrato associativo - Cooperativa médica;
Empresa com mais de dois sócios ....) que são regidas pelo princípio da
autonomia. Ato regulado pela lei mas eu escolho se quero ou não fazer e como
ele vai funcionar. Acordo de vontades.
p.ex.: Compra e venda (481-532 CC). Descumprimento direto da regra do
contrato e indiretamente da lei.
Também pode ser TÍPICO (tem por objeto disposição de patrimônio. EX: Contratos
em geral. Objeto transferência de bens ou serviços) ou ATÍPICO/sui geneilis
(Objetos diversos, não é disposição de patrimônio. Não tem a finalidade comum dos
contratos, que seria a disposição de bens e serviços. EX: Casamento).

ESCADA PONTEANA - TRICOTOMIA DE PLANOS DE ANÁLISE DO NEGÓCIO


JURÍDICO:

ESCADA PONTEANA – organização dos planos de formação/controle legal do


negócio jurídico proposta por Pontes de Miranda.
O contrato é apenas uma espécie de negócio jurídico e ambos são manifestações
do Princípio da Autonomia Privada, faculdade dos entes privados fazerem tudo o
que não for proibido por lei, esta liberdade que no Constitucionalismo Liberal,
embrionário, foi submetida ao paradigma da vontade absoluta, séc, XVII-XIX, ao
longo do tempo sofrendo cortes, restrições e controles que vão resultar, já na
segunda metade do séc. XX, em uma revisão do próprio paradigma estrutural do
conceito de negócio jurídico: VONTADE e seu fundamento: IGUALDADE FORMAL,
implicando em um reconhecimento de uma mudança a partir do Constitucionalismo
Social, com fundamento na ISONOMIA/IGUALDADE SUBSTANCIAL e no
reconhecimento da atuação de novos princípios: função social, boa-fé objetiva,
justiça contratual, que determinam novos paradigmas de análise e controle da
autonomia privada.

Assim, além da vontade é possível se reconhecer em alguns negócios jurídicos a


presença da NECESSIDADE que justifica o maior controle do Estado (dirigismo
contratual) sobre as relações contratuais, sobretudo por leis especiais.

1. PLANO DA EXISTÊNCIA - SUBSTANTIVOS


Verificação se o negócio jurídico chegou a existir. Para isso, são necessários os
elementos essenciais de existência.
Inicialmente tem que haver a VONTADE (de ambas as partes - bilateral) substrato
essencial do negócio jurídico. Outros elementos essenciais ou pressupostos.
SE NÃO TIVER ATO DE VONTADE, NÃO HÁ NEGÓCIO JURÍDICO.

Cinco perguntas:
1. Quem? PARTES e sua qualificação jurídica
2. O que? OBJETO, a prestação ou dever principal das partes - A maioria dos
objetos jurídicos é múltiplos (EX: Compra e Venda de carro - Objetos: Carro e o
Dinheiro), mas há casos em que o objeto é único, como por exemplo a Doação.
3. Quando? TEMPO da realização das prestações
4. Onde? LUGAR da realização das prestações (435 CC)
5. Como? MODO de realização das prestações.

Além destes elementos a doutrina tradicionalmente também defende a como


elemento essencial de existência a FORMA (?).

Tem que se externalizar, se materializar através da forma, porém é cada vez mais
comum contratos verbais e gestuais, que evitam a formalidade. A maioria dos
negócios jurídicos atualmente não adota uma forma material, uma vez que estão
regidos pelo Princípio do Consensualismo (basta a declaração de vontade para
formar um vínculo).

Crítica: seria a forma realmente essencial perante o Princípio do Consensualismo


(107 CC) que permite a adoção de contratos atípicos/inominados, não previstos em
lei parcial ou totalmente? Ou até mesmo o fato de ser mais comum a ausência de
qualquer exigência de forma sequer como requisito de validade: 104, III, 107, 425 e
432, CC, posto que a maioria dos contratos quotidianos é verbal ou até mesmo
gestual. Atualmente a exigência de forma é apenas residualmente exigida como
requisito de validade na lei civil: 104, III, 108, 109, e 166, IV e V, CC.
A falta de qualquer pressuposto de existência deveria levar a declaração de
inexistência do negócio jurídico, mas por falta de previsão própria se reconhece a
nulidade absoluta do negócio por aplicação de norma por analogia: 166, VII, CC.

2. PLANO DA VALIDADE - ADJETIVOS


É o degrau que se concentram os maiores controles
da vontade livre da participação;
A validade tem duas partes: 1. Pressupostos gerais de validade (praticamente estão
em 4 dispositivos: 104 - previsão, 166, 171, 178CC - consequências)
Os planos da existência e validade tratam da FORMAÇÃO do contrato, o plano da
eficácia se relaciona com a EXECUÇÃO. O Código Civil trata em dois momentos da
validade:

1. PRESSUPOSTOS GERAIS (104-120, 166, 168-184, CC):

A. PARTES CAPAZES (104, I, 166, I 171, I, CC):


Se a incapacidade for absoluta, o contrato é nulo;
Se o incapaz for relativo, o contrato é anulável.

a.1. Exceções: 542, 543 (é possível fazer um negócio jurídico com quem é incapaz,
seja nulo ou absoluto.
EX: Doação - Porque a pessoa só recebe); 666 (mandato civil, pode atuar como
representante de outra pessoa para um ato civil mesmo tendo menos que 18, até no
mínimo 16 anos.), 1517 (casamento), 1860, pú (testamento). CC (tem que ter no
mínimo 18 anos); 5º CC, emancipação; e,

a.2. Casos de convalidação (ato de origem inválido que é corrigido por um ato
subsequente/posterior):
- 178, III (a incapacidade relativa para anular algo, deve ser registrada até 4 anos)
(EX: Comprei a bicicleta de um menino de 17 anos, o ato é inválido anulável);
- 172-176 e 589, I (A ratificação ou confirmação posterior expressa ou tácita -
Ratificou um contrato inválido. De forma tácita: Reconheceu o negócio mas sem
expressar nada);
-180 e 589, V (má fé do incapaz relativo, convalida a validade originária do ato) (EX:
Apresentou uma identidade falsa na entrada de uma casa de show, sua entrada foi
permitida mas na hora de pagar alega ser menor de idade PORÉM como foi
suposto na hora de sua entrada e provado através de uma identidade, mesmo falsa,
a pessoa será cobrada);
- 589, II CC (empréstimo mútuo de dinheiro para o menor de idade por necessidade)
(EX: Menor de idade viaja com uma quantia de dinheiro mas é furtada dentro de um
hotel. A dona do hotel permite que o menor coma em seu hotel e que no final da
estadia ela será cobrada) ;
- 181 e 310, todos do CC (A incapacidade do outro é que permite alegar invalidade -
Tem que provar que houve a má-fé);
B. PARTES LEGÍTIMAS: Tem dois significados que geram a invalidade:
b.1. poder de disposição / legitimidade (EX: Pode vender o carro que
pertence a um irmão? Pode se você é dono legal - direito - ou se você é
representante - indireto) (115-120, 932, CC): teoria da aparência - Vincula a
validade do negócio (116, 119 CC); e,

b.2. requisitos específicos da lei / legitimação (p.ex. 1º na venda: 496 CC;


497 CC, 890 CPC - Os dois falam sobre a nulidade na compra e venda - É
nulo devido a evidente ocorrência de conflito de interesses; 1647, I, 1648,
1649, CC - Só válida se tiver outorga conjugal; 2º na doação: 544 e 549 - A
doação de um bem de um ascendente para um descendente, sem nenhum
acompanhante, é nula; 548 Doação universal, sem a reserva do mínimo para
a subsistência ; 550 CC;

C. OBJETO IDÔNEO - aquele que tem três qualidades de forma conjunta (104, II,
166, II, III, CC):
a. Lícito (em si (EX: Contrabando - Arma/Drogas; Contrato de compra e venda
de cocaína) e na causa/motivo (EX: Descaminho - Vários relógios, celulares…;
Venda de anabolizantes para uso veterinário mas para fins de ganho esportivo
humano) -
166, II e III CC,
b. Possível física (contraria as leis da física que não são revogáveis), fática
(algo que contraria a realidade fática EX: Vender o pão de açúcar) e juridicamente
(ir contra uma regra existente. EX: Vender a herança de alguém vivo), mesmo que
inicial ou relativamente (106, 458-461 e 483 CC),
c. Determinado, especificado, ou determinável, gênero e quantidade (243, CC;
811, CPC);

D. FORMA ou solenidade - Não se apresenta em todo negócio jurídico (104, III, 107,
166, IV e V, CC):
Formalidade particular (p.ex. 541, pú. CC) ou;
Solenidade legal (p.ex. 108 - Compra e venda de imóvel com dupla finalidade -
Facultativo fazer escritura caso seja menor que 30x o salário mínimo, 1227 e 1245
CC)
Convencional (109 CC) conforme ou não contrária à lei (104, III, 212, 166, IV e V,
CC).
- Não confundir: formalidade probatória, bens móveis: 1267 CC; 132, 585 STJ, 489
STF. É FORMAL a compra e venda de um IMÓVEL e INFORMAL a compra e venda
de um bem MÓVEL
A maioria dos negócios jurídicos não exigem forma.
Se a lei exigir a forma e você descumprir, o contrato será nulo.

Para alguns poucos objetos, com grande importância, os negócios jurídicos formais,
o legislador exige uma formalidade. (EX: A compra e venda de um terreno,
apartamento, casa…).
Finalidade vem de lei o u convenção.

2. DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO (138-167, 171, e 178, CC): Atingem a


VONTADE que deve ser: livre, consciente, para fim lícito.
- Assim, negócio válido não pode conter:
a. Vícios de consentimento: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão;
ou
b. Vícios sociais: fraude contra credores ou simulação 138-169, 171,
178, CC.

INTERPRETAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO

Teorias de interpretação do negócio jurídico:

1. Subjetiva ou da vontade, compreende que o que vale é a vontade interna, o


pensado / desejado, admitida de maneira excepcional como no caso de reserva
mental conhecida (art. 110, parte final do CC; 4o, I, e 23, CDC); O negócio que foi
feito entre as partes, foi pensado e desejado;

2. Objetiva ou da declaração, considera como referência a vontade externada,


manifestada verbalmente ou por escrito, é a regra geral no caso de conflito do
paradigma da vontade (art. 110, parte inicial do CC); É aquilo que foi verbalizado,
declarado.
Exceção: Reserva mental conhecida - Prova do contexto.

3. Preceptiva ou da confiança ou da primazia da realidade , se apresenta


quando há um conflito de nível distinto da questão da interpretação da vontade
subjetiva, reconhece primazia ao comportamento real das partes, realidade, sobre o
que pensaram ou declararam, o paradigma é a boa-fé objetiva (arts. 112 e 113 CC;
130 e 131 do antigo C.Com.).
O Brasil adota as três teorias, embora divergentes, mas gradua / determina a
aplicação conforme a circunstância do conflito em concreto
110-113 CC.
Tem que se basear na boa-fé objetiva e portanto, na hora de interpretar o negócio,
leva-se em consideração além da vontade, a conduta das partes lida pela boa-fé
objetiva

A conduta das partes deve ser o primeiro fator para indicar.


Se tiver conflito entre as partes, vale a teoria objetiva.

INTERPRETAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO

Regras de interpretação, o direito privado nacional tem algumas regras pontuais


para interpretação dos negócios jurídicos:

1. Em contratos de adesão/subordinantes, interpretação em favor do vulnerável


ou aderente (423 e 424 CC; 4o, I, 47, 51, VI, e 54 CDC; 9o e 468 CLT; 45 L.
8245/91), in dubio pro misero / vulnerabili - Caso a cláusula fique confusa;

2. O silêncio e a inércia podem ser interpretados como manifestação de vontade


(arts. 111, 432, 539, e 659, CC; 28, 46, p. 1º, 47, caput, e 50, L. 8.245/91; e – no
Contrato de Trabalho em favor do empregado -, arts. 442 e 443, da CLT), mas não
em todos os casos: contrato de consumo (39, III e VI, e pú. CDC - Em relação de
consumo, a inércia do consumidor não pode ser interpretada como aceitação das
partes;
A inércia das partes permite que haja uma prorrogação do contrato.
A inércia é o silêncio das partes.

3. Negócios que tenham por objeto direito da personalidade são interpretados


de maneira restritiva, cessão de direito autoral e de imagem só são admitidas de
maneira específica e transitória (4o, L. 9610/98; sum. 403 do STJ; enc. 4 e 139 das
J.Civ.)

4. Atos de liberalidade (contratos que passa alguma coisa para outra pessoa
sem pedir nada em troca) e de renúncias de direitos são interpretados
restritivamente (114, 819, e 1.922, CC);
5. No caso do direito sucessório em especial no testamento se pretende a
interpretação conforme a vontade real do testador no momento do ato, mesmo que
se trate de compensação de dívidas: 133, 1899, 1918, 1919, e 1922, CC.

DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO – VÍCIOS DE CONSENTIMENTO -

Problema contra a liberdade ou a consciência do ato.


Atinge quem está fora do negócio. Busca uma finalidade ilícita.

1. ERRO ou ignorância: 138-144, 171, II e 178, II, CC; 12 J.Civ.. Falta consciência.
CONCEITO/ELEMENTOS: Falsa percepção (138 CC) da realidade de elemento
essencial (erro) ou de todo o negócio (ignorância), substancial (140 CC), razão
determinante, e escusável, uma pessoa comum cometeria o engano (contra: 12
J.Civ.)
Falsa percepção (engano) e escusável (desculpável - uma pessoa comum na
mesma situação poderia cometer o mesmo engano).

Faz-se um negócio achando que é outro (engano).

CLASSIFICAÇÃO:
A) Substancial - razão determinante (o que invalida) - permite anulção X
acidental foi por elemento secundário do negócio (o que não invalida) - não permite
anulação (sem efeito: 140);

B) Objetiva (139, I): negócio, objeto, quantidade - pesagem/metragem -


dimensão do produto (EX; “Big Tasty” - Propaganda “enganosa” - por causa da
palavra big mas na verdade não é), subjetiva (139, II), de direito (139, III CC); C)
Pessoal X por representante (116, 141 CC).
REGRA: Anulável em 4 anos contados do dia que foi feito o negócio (171, II e 178, II
CC);
EXCEÇÕES: Não anula se esgotado o prazo (178, II, CC), se falta elemento (138
CC), se acidental (140 CC), se possível/oferecida correção (142-144 CC).

2. DOLO: 145-150, 171, II e 178, II, CC. Falta consciência.


CONCEITO/ELEMENTOS: Falsa percepção provocada intencionalmente (145 CC),
substancial, não bilateral (150 CC)
CLASSIFICAÇÃO:
A) Substancial X acidental (só reparação: 146);

B) Por ação/comissivo - a contraparte faz\ algo para me enganar (145) X por


omissão/reticência - (147);
C) Contratante (145) X representante (pelo proveito ou convencional: 116 e 149)
X terceiro de fora - alguém que não é representante nem parte do contato mas me
leva ao engano (148) só invalida se contratante tinha como saber, caso contrário é
pedido uma reparação contra quem praticou o engano, mas não gera uma
anulação;

D) dolus malus X dolus bonus - quer te enganar mas não te engana com
intenção de prejuízo, exagero publicitário (depende: 6o, III, 37, p. 1o, CDC) (EX: red
bull te da asas).

REGRA: Anulável em 4 anos contados do dia que foi feito o negócio (171, II e 178,
II).
EXCEÇÕES: Não anula se esgotado o prazo (178, II, CC), se acidental (146 CC), se
bilateral (150 CC), se de terceiro e contratante não tinha como saber (148 CC), se
dolus bonus conforme o caso (6o, III, 37, p. 1o, CDC).

3. COAÇÃO: 151-155, 171, II e 178, II, CC. Falta liberdade

CONCEITO/ELEMENTOS: Manifestação de vontade coagida por ameaça real e


grave (análise subjetiva: 151 e 152), de mal atual ou iminente (151), e substancial
(analogia: 146), injusta ou ilícita (153 e 188, I, CC) - Deve-se analisar que foi o
coacto.

CLASSIFICAÇÃO:
A) substancial X acidental (atinge elemento secundário, não é razão determinante)

B) pessoal, familiar, patrimônio pessoal (ameaça algum familiar) (151) X de


terceiro próximo (alguém que não é da família mas ainda sim é uma pessoa muito
próxima) (151, pu. CC) - É necessário provar para o juíz essa pressão;

C) Contratante (ameaça contra ou pelo o contratante - anulável) (145) X


representante (pelo proveito ou convencional: 116 e 149, analogia) X terceiro de
fora (duas conclusões: se o contratante tinha como saber - anula; se não sabia,
ocorre a reparação em face do terceiro de fora) (154 e 155) se sabia ou tinha como
saber;

D) Moral (aviso que vou fazer algo - um mal físico ou moral) / vis compulsiva, de
mal físico ou moral, verbal, por escrito ou gestual, (151-155 CC) X Física irresistível
(quando o corpo do agente executor é usado como apoio apesar de não existir
vontade para o ato) / vis absoluta (NULO, não há vontade, elemento de existência,
nulo absoluto: 166, VII CC)
REGRA: Anulável em 4 anos contados do dia que cessar a ameaça (171, II e 178, I)
EXCEÇÕES: Não anula se esgotado o prazo (convalidou) (178, I, CC), se for mero
temor reverencial

(EX: casamento sem vontade das partes mas leva em conta a vontade do pai ou
mãe - NÃO INVALIDA) / exercício regular de direito (153 e 188, I, CC,) – se irregular
gera invalidade, E reparação por abuso (187 CC) e até restituição em dobro (876-
883 CC; 42, pu., CDC) -, se de terceiro e contratante não tinha como saber
(reparação em face do terceiro) (155, CC), ou se faltar algum elemento (151, 152,
CC).

Coação física irresistível – NULO absoluto no lugar de anulável, pela ausência de


elemento essencial da vontade (166, VII CC).

4. ESTADO DE PERIGO: 156 (dano à saúde ou a vida), 171, II e 178, II, CC; 148
J.Civ.. Falta liberdade

CONCEITO/ELEMENTOS: Manifestação de vontade coagida por risco de dano à


saúde ou vida, atual ou iminente, do qual a contraparte tem ciência, e se aproveita
cobrando com excessiva onerosidade (padrão do mercado: 157, p. 1o CC) O que
configura estado de perigo é o EXCESSIVO ONEROSO, o aproveitamento.

CLASSIFICAÇÃO:
A) do contratante ou familiar, (156) X de terceiro próximo (156, pu. CC) – não se
configura sobre patrimônio, inclusive bicho doméstico (82 CC): casos de lesão -;

REGRA: Anulável em 4 anos contados do dia que foi feito o negócio (171, II e 178,
II).

EXCEÇÕES: Não anula se faltar algum elemento (156 CC), se já esgotado o prazo
(178, II, CC), ou se oferecida correção da cobrança (157, p. 2o CC, e 148 J.Civ.), ou
se justificada a cobrança a maior (doutrina – 156 CC).

5. LESÃO: 157, 171, II e 178, II, CC. Falta Liberdade ou consciência

Aproveitamento de necessidade ou inexperiência

CONCEITO/ELEMENTOS: Manifestação de vontade coagida por necessidade (157,


1a parte), ou equivocada por proveito de inexperiência (vulnerabilidade - 157, 2a
parte), do qual a contraparte se aproveita com cobrança desproporcional (padrão do
mercado: 157, p. 1o CC)
CLASSIFICAÇÃO: A) objetiva / necessidade X subjetiva / inexperiência;

REGRA: Anulável em 4 anos contados do dia que foi feito o negócio (171, II e 178,
II).

EXCEÇÕES: Não anula se faltar algum elemento (147 CC), se já esgotado o prazo
(178, II, CC), ou se oferecida correção da cobrança (157, p. 2o CC), ou se
justificada a cobrança a maior (doutrina).

Figuras afins:
A) Lesão usurária, (1o-4o, Dec. 22.626/33; 4º, L. 1.521/51), nulo, sem prazo,
delituosa (instituição financeira NÃO: 283 STJ e 596 STF);
B) lesão no CDC, nulo, sem prazo, vulnerabilidade presumida (4o, I, 39, 51, 52,
p. 1o, CDC);
C) lesão enorme/enormíssima, direito romano, “sucessor”: preço vil na
execução, menor que 50% da avaliação (891, 896, e 903, p. 1º, I, CPC).

1) VÍCIO DE CONSENTIMENTO: o defeito está na formação da vontade (vontade


interna) e o prejudicado é um dos contratantes. Ex.: Erro, Dolo, Coação, Lesão ou
Estado de Perigo.
2) VÍCIO SOCIAL: o defeito está na manifestação da vontade
(vontade externa) que é de má-fé

DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO - VÍCIOS SOCIAIS:

6. FRAUDE CONTRA CREDORES: 158-165, 171, II, 178, II, CC; 94, 130, e 164, p.
3º, II, L. 11.101/05 - LF. Falta licitude na conduta.

CONCEITO/ELEMENTOS: Negócio jurídico de devedor insolvável (tendo dívidas


pré-existentes, em uma condição que não tinha condições de resolver o pagamento
ou estava na iminência de ficar sem condição) - com ou na iminência de ficar com
patrimônio negativo (158) -, considerado fraude na lei, eventus damni, com
intenção, consilium fraudis, de prejudicar credores.

O conluio doloso (130 LF), acordo das partes, na fraude não precisa ser provado,
quando não é presumido (158), basta a prova da possibilidade de ciência (159) da
contraparte.

MODALIDADES DE FRAUDE:
A) Ato de liberalidade, doação, fraude presumida (158 CC, e 129, IV LF);
B) recusa em aumento de patrimônio, presumida, por remissão de dívida ou recusa
de herança (158, 385-388, 1.813, CC; e 129, V, L.F), normalmente são atos
válidos;
C) Ato oneroso, fraude provada, redução patrimonial, o contraparte poderia saber
da insolvência (culpa), admitidas exceções legais: gastos de
manutenção/conservação do negócio ou despesas de subsistência / mínimo
existencial (164 CC; 54A-54G, 104A-104C, CDC; L. 14181/21), fraude onerosa não
se presume (159 CC; e, 129,
VI, LF);
D) Uso da impenhorabilidade do bem de família, tentativa de “blindar” o
patrimônio (arts. 4º, p. 1º, L. 8.009/90; 833, I, CPC; 167, I, 1, LRP). As duas últimas
fraudes são contra credores quirografários, últimos da fila no concurso de credores
(955-965 CC; 83 LF), pois alteram a ordem de créditos:

E) Pagamento antecipado de débito (162 CC; 129, I e II, LF); e, E) Concessão


de privilégio/garantia que não existia inicialmente (158, p. 1º, 163, e 165, pu. CC;
129, III e VIII, LF). Em ambos os casos um credor beneficiado vai “furar a fila” dos
demais credores.

REGRA Anulável em 4 anos contados do dia que foi feito o negócio (171, II e 178, II
CC), MAS, doutrina e precedentes judiciais majoritários afirmam ser caso de
declaração de ineficácia relativa (165 CC; 138 LF), pois apenas uma das partes do
negócio é desfeita.

A ação cabível é a Pauliana (tradição romana) ou Revocatória, embora a LF fale em


revogar o ato o correto é a retirada da voz: re-vocare (132-138 LF). A ação é de
litisconsórcio passivo necessário - O credor está anulando um contrato entre duas
partes (161, pu., CC; 130, LF; 113, I, 114 e 116, CPC).

PRAZOS; Além do prazo que se conta a partir do ato fraudulento para a frente,
decadencial de 4 anos, presente no art. 178, II CC. Em caso de fraude de devedor
PJ, fraude falencial (L. 11.101/2005, Lei de Falências-LF), deve se considerar a
contagem de outros prazos definidos na lei especial de falências.

Assim: deve se verificar se o ato for anterior a falência (devedor PJ) e gratuito, a
ação de invalidade só alcança até 2 (dois) anos para trás da decisão (arts. 129, IV e
V da LF; 1003 e 1032 CC, por analogia) e mesmo se posterior no caso de processo
de falência de até 3 (três) anos para frente da decisão que decrete a falência (132
da LF).
Em síntese são três os “filtros” ou perguntas: 1º o ato é fraude? 2º está dentro do
interregno de 2 anos antes e 3 anos depois da decisão judicial, 3º a Ação Pauliana
ou Revocatória está sendo proposta no limite decadencial de 4 anos contados a
partir do ato?

Fraudes processuais, o mesmo ato fraudulento da lei se cometido após o início de


um processo de execução tem consequências mais graves, fere a dignidade da
justiça, neste caso a legitimidade é ampla (juiz de oficio e MP), basta a prova do
dano, e a consequência vai além da invalidade civil e passa a ser criminal com
punições (674, II, 789, V, 792, 828, p. 4º, e 856, p. 3º, CPC; súm 375, do STJ; 179,
329-331, 347, 358, CP; 31, L. 6.830/80; e 185, CTN)

1 ª fase: investiga o histórico da empresa para verificar se é fraude.


2ª fase: data do ato (decisão) e se está abarcado na caixa temporal
3ª fase: verifica-se 4 anos no momento que foi feito o ato (negócio)
7. SIMULAÇÃO: 167-1 69, CC; 446, I, CPC; 152, 153, 293, 294, 578, J.Civ.. Falta
licitude à conduta.
Uso uma mentira para enganar alguém de fora.
EX: Venda de um terreno por 1 milhão de reais mas na escritura consta um valor
mais baixo para que o pagamento de imposto seja menor.

CONCEITO/ELEMENTOS: Único nulo, praticado mediante conluio/cumplicidade dos


contratantes para utilizar de um simulacro/mentira buscando prejudicar
intencionalmente terceiro ou à ordem pública.

MODALIDADES DE SIMULAÇÃO:
A) Absoluta, tudo é mentira, logo tudo é nulo (167) X relativa, o simulacro esconde o
ato real, dissimulado, ironicamente o reconhecimento da nulidade, pode não resultar
em desfazimento de todo o negócio, o ato dissimulado pode ser válido na
substância e forma e ser mantido (167, parte final, CC; enc. 152, 293, das J.Civ.);

B) simulação subjetiva, da pessoa/laranja (167, p. 1o, I) X objetiva, negócio, objeto,


preço, quantidade (167, p. 1o, II) X de data, documento ante ou pós-datado (167, p.
1o, III), atenção: cheques “pré-datados” não são simulação, não há terceiro
prejudicado (370 STJ);

C) Maliciosa, com intenção de prejudicar X inocente, sem intenção de criar prejuízo


(103, CC/16; 153 J.Civ.).

REGRA: Nulo, o simulacro, não necessariamente todo o negócio (167), legitimidade


ampla, Juiz de ofício e MP (168), sem prazo (169).
Figuras afins:
A) Declaração não séria, animus jocandi, no contexto fica evidente ser falsa, jocose,
teatral, didática etc;
B) Fraude à lei, tratamento legal idêntico (166, VI CC);
C) Negócio fiduciário com amigo, há interposição de terceiro, mas sem intenção de
causar e sim de evitar o prejuízo, “laranja do bem” (436-438 CC).

O ato inexistente é o que não reúne todos os elementos essenciais de formação:


vontade, partes, objeto e forma, não podendo produzir qualquer efeito jurídico, ao
qual por falta de previsão própria é declarada “nulidade” absoluta: 166, VII CC. Já o
nulo e o anulável são duas medidas, gradações, de invalidade do ato jurídico, às
quais deve se dar a atenção da distinção:

ATO INVÁLIDO - NULO X ANULÁVEL:

Nulo: Interesse público; ampla - MP e juiz


podem pedir a invalidade; Decisão judicial -
Efeitos ExTunc
Prazo: A qualquer tempo pode ser alegado;
Só tem uma forma de corrigir (conversão objetiva do negócio)

Anulável: Interesse privado;


Legitimidade restrita - Só o prejudicado pode pedir a invalidade;
Decisão judicial - Efeitos ExNunc
Prazo: Sempre tem prazo;
Várias formas de corrigir

1. Interesse: Nulo público ou social (166) / anulável privado (171);

2. legitimidade: nulo, ampla (168), terceiros e até o juíz de oficio ou MP na função


de custus legis / anulável, do ente diretamente prejudicado (171), privado ou
público, salvo no caso da fraude processual;

3. Ação é decisão, Nulo, ação declaratória de nulidade com eficácia ex tunc, ou


seja, retroage à data da celebração / anulável, ação anulatória desconstitutiva
(revocatória ou pauliana para fraude contra credores), tem efeitos ex nunc, atinge
o ato apenas da decisão em diante, não retroage;
4. Prazo: Nulo em regra imprescritível, sem prazo (169) / anulável, sempre tem
prazo, em regra de 2 ou 4 anos (178, 179), pode ser mais (p.ex.: 54 L. 9784/99 e
473 STF, ato administrativo);

5. Convalidação, ato nulo quase não tem como ser corrigido, a única hipótese é pela
conversão objetiva do negócio* (170), p.ex.: doação de imóvel de pai para um
dos três filhos ferindo a legítima, nulo: 544 e 549 CC, convertida em empréstimo /
anulável, tem várias exceções e formas de correção, convalidação, do ato: 142-
144, 146, 148, 150, 153, 155, 157, p. 2o, 164, 171-184, 310, 589 CC, p.ex.: o fato
de ter se esgotado o prazo decadencial de seu pedido (178 e 179)

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