Você está na página 1de 9

Bens

Conceito de Bem Jurídico: Toda a utilidade física (material)

ou ideal (imaterial), que seja objeto de um direito subjetivo. Coisas


Coisas: tudo o que não é humano
Bens
Bem: coisas com interesse econômico e/ou jurídico

Os animais são enquadrados. Atualmente, como coisas, bens semoventes, porém já


existem tendências para trata-los como um terceiro gênero (nem humano, nem coisa). A
questão é se eles são capazes de serem sujeitos de direito e/ou dotados de
personalidade jurídica, e, se sim, deveriam também ter deveres? É possível fazer
distinções entre animais com sensibilidade e os que não têm? E quanto aos animais
ligados à agropecuária?

Tese do patrimônio mínimo:

- Deve-se assegurar à pessoa um mínimo de direitos patrimoniais para que viva com
dignidade.

- Tendência de despatrimonialização do Direito Civil e repersonalização do mesmo

Exs: proteção do bem de família (direito à moradia); impossibilidade de doação de todos


os bens, devendo ser resguardado um mínimo para a sobrevivência (nulidade da doação
absoluta)...

Classificação dos bens:

1. Quanto à tangibilidade:
a) Bens Corpóreos/matérias/tangíveis: podem ser tocados
b) Bens incorpóreos/imateriais/intangíveis: não podem ser tocados. Ex:
direitos do autor, propriedade industrial, fundo empresarial, hipoteca,
penhor, anticrese, etc
2. Quanto à mobilidade:
a) Imóveis: não podem ser transportados sem a sua deterioração ou
destruição.
- Por natureza: O solo e tudo o que for agregado nele, de forma natural
(ex: plantações) ou artificial (ex: construções)
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente.
-Por disposição legal: considerados imóveis para que recebam melhor
proteção jurídica
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.

OBS:
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem
removidas para outro local;
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
b) Móveis: podem ser transportados, por força própria ou de terceiros,
sem a deterioração, destruição ou alteração da substância ou
destinação econômico-social.
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de
remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação
econômico-social.

- Por natureza: podem ser transportados sem qualquer dano, por força
própria ou alheia.
Por força própria: semoventes (ex: animais)
Por disposição legal:
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.

OBS:
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados,
conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da
demolição de algum prédio.

ATENÇÃO: os navios e aeronaves são bens móveis especiais. São móveis por natureza,
mas são tratados pela lei como imóveis, necessitando de registro especial e admitindo
hipoteca.

3. Quanto à fungibilidade:
a) Infungíveis: não podem ser substituídos por outros da mesma espécie,
quantidade e qualidade. Exs: obras de arte únicas, animais de raça
identificáveis, automóveis, celular (por conta dos dados pessoais e apps
do proprietário.
b) Fungíveis: podem ser substituídos por outros da mesma espécie ,
qualidade e quantidade. Exs: dinheiro.
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da
mesma espécie, qualidade e quantidade.
4. Quanto à consuntibilidade:
Consuntibilidade física/de fato: se o consumo do bem implica destruição imediata
Consuntibilidade jurídica: se o bem pode ser alienado
a) Consumíveis: podem ser consumíveis de forma física ou jurídica
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição
imediata da própria substância, sendo também considerados tais os
destinados à alienação.
b) Inconsumíveis: não podem ser consumidos de forma física ou jurídica
5. Quanto à divisibilidade:
a) Divisíveis: podem ser partidos em porções reais e distintas, formando
cada qual um todo perfeito.
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua
substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se
destinam.
Os bens divisíveis podem se tornar indivisíveis por vontade das partes ou
por imposição legal.
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por
determinação da lei ou por vontade das partes.
Bens divisíveis geram obrigações divisíveis.
b) Indivisíveis: não podem ser partilhados, pois deixariam de formar um todo
perfeito, havendo uma desvalorização ou perda das qualidades
essenciais desse todo.
- Indivisibilidade natural:
Ex: casa térrea, relógio de pulso de valor considerável, etc.
- Indivisibilidade legal:
Ex: herança (até a partilha, por força do princípio de saisine), módulo rural
(áreas pequenas que não podem ser divididas para fim de reforma
agrária), etc.
- Indivisibilidade convencional: por vontade das partes
Ex: se 2 proprietários de um boi estabelecerem que o animal será utilizado
para reprodução, retira a possibilidade de sua divisão (touro reprodutor)
6. Quanto à individualidade:
a) Bens singulares/individuais: embora reunidos, podem ser considerados
per si.
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per
si, independentemente dos demais.
Bens singulares podem ser simples (suas partes estão ligadas de forma
natural) ou compostos (quando suas partes estão ligadas artificialmente,
decorrente do engenho humano)
b) Bens coletivos/universais: estão agregados em um todo. São constituídos
por vários singulares, formando um todo individualizado.
- Universalidade de fato: conjunto de bens singulares unidos pela vontade
humana e que tenham utilização unitária ou homogênea, sendo que tais
bens sejam objeto de relações jurídicas próprias.
Ex: uma biblioteca, um rebanho...
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares
que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser
objeto de relações jurídicas próprias.
- Universalidade de direito: conjunto de bens singulares a que se atribui
uma ficção jurídica para produzir certos efeitos de unidade
individualizada.
Ex: patrimônio
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas,
de uma pessoa, dotadas de valor econômico.
7. Quanto à dependência em relação a outro bem (bens reciprocamente
considerados):
a) Bens principais/independentes: existem de maneira autônoma e
independente, sua função/finalidade não depende de outro objeto.
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente;
acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.
b) Bens acessórios: sua existência e finalidade dependem de outro
bem, o bem principal.
PRINCÍPIO DA GRAVITAÇÃO JURÍDICA: o bem acessório, salvo
exceções, segue a sorte do principal
(i) Frutos: bens acessórios que têm sua origem no bem principal,
mantendo a integridade desse último, sem reduzir sua
substância. Utilidade renovável que a coisa produz
periodicamente.
Classificação quanto sua natureza:
- Frutos naturais: produzidos independente da ação humana
- Frutos industriais: decorrentes de uma atividade humana, como
o material produzido por uma fábrica.
- Frutos civis (rendimentos): decorrentes de uma relação jurídica
ou econômica de natureza privada. Ex: valores decorrentes de
aluguel de imóveis.
Classificação quanto sua ligação com a coisa principal:
- Frutos pendentes: ainda estão ligados à coisa principal, não
foram colhidos
- Frutos percebidos/colhidos: já foram destacados/separados da
coisa principal
- Frutos estantes: foram colhidos e encontram-se armazenados
- Frutos percipiendos: já deviam ter sido colhidos, mas ainda não
foram
- Frutos consumidos: foram colhidos e não existem mais, foram
consumidos
(ii) Produtos: bens acessórios que saem da coisa principal, diminuem
a sua quantidade e substância. Ex: carvão, petróleo...
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e
produtos podem ser objeto de negócio jurídico.
(iii) Pertenças: bens, que não sendo parte integrante, se destinam, de
modo duradouro, ao uso, ao serviço e ao aformoseamento de
outro bem. Ex: quadros de uma casa, trator, GPS.
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes,
se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao
aformoseamento de outro.
São pertenças todos os bens móveis que o PROPRIETÁRIO
intencionalmente empregar na exploração de um imóvel, no seu
aformoseamento e comodidade.
-Pertenças essenciais: essenciais para o bem principal
-Pertenças não essenciais: não essenciais para o bem principal
OBS: as pertenças NÃO seguem o princípio de gravitação jurídica,
salvo as pertenças essenciais, essas seguem.
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não
abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da
manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
(iv) Partes integrantes: são os bens acessórios que estão unidos ao bem
principal, formando com este último um todo independente. São
desprovidas de existência material própria.
Ex: lâmpada em relação ao lustre
(v) Benfeitorias: bens acessórios introduzidos em um bem móvel ou
imóvel, visando a sua conservação ou melhora da sua utilidade.
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1º São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam
o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de
elevado valor.
§ 2º São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3º São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que
se deteriore.
- Benfeitorias necessárias: essenciais para o bem principal, têm por
objetivo conservar ou evitar que o bem se deteriore. Ex: reformas no
telhado da casa, pilar de sustentação da casa, tubulação, fiação.
- Benfeitorias úteis: aumentam ou facilitam o uso da coisa, tornando-a
mais útil. Ex: construir uma dispensa em uma casa ou instalar grade
na janela.
- Benfeitorias voluptuárias: de mero deleite, mero luxo, não facilitam a
utilidade, mas tornam mais agradável o uso da coisa. Ex: construção
de uma piscina em uma casa.
OBS: a classificação de uma benfeitoria pode ser modificada de
acordo com a destinação/utilidade/localização do bem principal. Ex:
uma piscina em casa é benfeitoria voluptuária, mas uma piscina numa
escola de natação, é uma benfeitoria necessária.
OBS2: As benfeitorias se diferenciam das pertenças pois introduzidas
geralmente por um terceiro, que não é proprietário do bem principal
8. Quanto ao titular do domínio:
a) Bens particulares/privados: pertencentes às pessoas físicas ou jurídicas
de Direito Privado
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual
for a pessoa a que pertencerem.
b) Bens públicos: pertencem a uma entidade de direito público interno
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal,
inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de
direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas
entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais
os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha
dado estrutura de direito privado.
- Bens de uso comum do povo: destinados à utilização do público em geral,
sem a necessidade de permissão especial. Ex: rios, mares, praias, jardins...
- Bens de uso especial: edifícios e terrenos utilizados pelo próprio Estado
para a execução de serviço público especial. Ex: prédios e repartições
onde funcionam algum órgão público
- Bens dominicais: são o patrimônio disponível e alienável da pessoa
jurídica de Direito Público. São “o que sobra” Ex: terras devolutas, estradas
de ferro, ilhas formadas em rios navegáveis, mar territorial, terrenos da
marinha...
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei
determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as
exigências da lei.
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído,
conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração
pertencerem.

RES NULLIUS (BENS OU COISAS QUE NÃO TÊM DONO): só podem ser
bens móveis, pois os imóveis que não pertencem a ninguém são do Estado
(terras devolutas)

BEM DE FAMÍLIA

Imóvel utilizado como residência da entidade familiar, decorrente de casamento, união


estável, entidade monoparental, ou entidade de outra origem. A proteção da moradia
também atinge imóvel onde reside pessoa solteira, separada ou viúva.
• O bem de família teve sua origem no ano de 1839, no Estado do Texas (EUA), que
para superar uma crise econômica, conferiu proteção às propriedades das
famílias que lá residiam através da promulgação de uma lei denominada de
"homestead act", que tornou impenhorável o imóvel familiar.

BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO OU CONVENCIONAL:


Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou
testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não
ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as
regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial.
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento ou
doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges
beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.
o Instituído pelos cônjuges, pela entidade familiar ou por terceiros, mediante
escritura pública ou testamento, não podendo ultrapassar essa reserva 1/3 do
patrimônio líquido das pessoas que fazem a instituição.
o No caso de instituição por terceiro, os cônjuges devem aceitar expressamente o
benefício

Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas
pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá
abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no
sustento da família.

o Para que haja a proteção é necessário que o imóvel seja residencial, rural ou
urbano, incluindo a proteção a todos os bens acessórios que o compõem, incluindo
as pertenças.
o A proteção também abrange valores mobiliários cuja renda seja aplicada na
conservação do imóvel e no sustento da família, mas esses valores não podem
exceder o valor do prédio instituído.

Art. 1.713. Os valores mobiliários, destinados aos fins previstos no artigo antecedente, não
poderão exceder o valor do prédio instituído em bem de família, à época de sua instituição.
§ 1º Deverão os valores mobiliários ser devidamente individualizados no instrumento de
instituição do bem de família.
§ 2º Se se tratar de títulos nominativos, a sua instituição como bem de família deverá
constar dos respectivos livros de registro.
§ 3º O instituidor poderá determinar que a administração dos valores mobiliários seja
confiada a instituição financeira, bem como disciplinar a forma de pagamento da respectiva
renda aos beneficiários, caso em que a responsabilidade dos administradores obedecerá às
regras do contrato de depósito.

Art. 1.714. O bem de família, quer instituído pelos cônjuges ou por terceiro, constitui-se pelo
registro de seu título no Registro de Imóveis.

o Ele deve ser registrado no Cartório de Registro de Imóveis do local em que está
situado.
Não cabe aqui a aplicação do art. 108, CC, que dispensa escritura pública para negócios
com valor inferior ou igual a 30 salários mínimos. O bem de família necessita de escritura
pública ou testamento, independente do seu valor.

ATENÇÃO: Com a instituição do bem de família, esse bem se torna inalienável e


impenhorável, salvo em alguns casos.

Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição,
salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio.
Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas referidas neste artigo, o saldo existente
será aplicado em outro prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida pública, para
sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra solução, a critério do juiz.

A proteção contra a execução de dívidas não prevalece em casos de:


a) Dívidas anteriores à constituição do bem de família.
b) Dívidas posteriores relacionadas a tributos relativos ao próprio prédio (ex: IPTU). Caso
de obrigações propter rem.
c) Despesas de condomínio. Caso de obrigações propter rem.

o No caso de execução dessas dívidas, o saldo restante deve ser aplicado em outro
prédio como bem de família, ou em títulos da dívida pública, para sustento familiar,
salvo se motivos relevantes aconselharem outra solução, a critério do juiz
Art. 1.716. A isenção de que trata o artigo antecedente durará enquanto viver um dos
cônjuges, ou, na falta destes, até que os filhos completem a maioridade.

o A instituição dura até que ambos os cônjuges faleçam, sendo que, se restarem
filhos menores de 18, mesmo falecendo os pais, a instituição perdura até que
todos os filhos atinjam a maioridade.

Art. 1.717. O prédio e os valores mobiliários, constituídos como bem da família, não podem
ter destino diverso do previsto no art. 1.712 ou serem alienados sem o consentimento dos
interessados e seus representantes legais, ouvido o Ministério Público.

o A alienação desses bens exige consentimento dos interessados (membros da


entidade familiar) e ouvido o MP. A possibilidade de alienação depende de
autorização judicial!

Art. 1.719. Comprovada a impossibilidade da manutenção do bem de família nas condições


em que foi instituído, poderá o juiz, a requerimento dos interessados, extingui-lo ou autorizar
a sub-rogação dos bens que o constituem em outros, ouvidos o instituidor e o Ministério
Público.

o Se houver impossibilidade de manutenção do bem de família, os interessados


podem requerer ao juiz a sua extinção ou sub-rogação desses bens por outros.
Isso após ouvidos o instituidor e o MP.

Art. 1.720. Salvo disposição em contrário do ato de instituição, a administração do bem de


família compete a ambos os cônjuges, resolvendo o juiz em caso de divergência.
Parágrafo único. Com o falecimento de ambos os cônjuges, a administração passará ao
filho mais velho, se for maior, e, do contrário, a seu tutor.

o Ambos os cônjuges são responsáveis pela administração do bem de família e, em


casos de divergência, o juiz poderá resolver. O filho (se for maior de idade) ou o
seu tutor fica responsável pela administração em caso de falecimento de ambos os
cônjuges.

Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família.


Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o
sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal.

o A dissolução da sociedade conjugal não vai extinguir o bem de família, pórem, se


ela ocorrer pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente pode pedir a extinção,
se for o único bem do casal.

Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os cônjuges e a
maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela.

BEM DE FAMÍLIA LEGAL:


o Estabelecido de forma legal para proteger a dignidade da pessoa humana.
o Regulado pela lei 8009/90, que retroage, atingindo penhoras constituídas antes da
sua entrada em vigor. É uma retroatividade motivada/justificada, em prol de
normas de ordem pública.
o A impenhorabilidade do bem de família legal pode ser reconhecida de OFÍCIO pelo
juiz, mas antes desse reconhecimento, devem ser ouvidas as partes, instaurando o
contraditório.
o O bem de família é irrenunciável, ou seja, o seu oferecimento à penhora não o
torna objeto de constrição.
o A impenhorabilidade só pode ser reconhecida ser o imóvel for utilizado para
residência ou moradia permanente da entidade familiar, não sendo admitida a tese
do simples domicílio.
o É admitida a hipótese do bem de família indireto: no caso de locação do bem e uso
dessa renda para a manutenção da entidade familiar ou locação de outro imóvel, a
proteção permanece. Isso também vale para o caso de único imóvel do devedor
que esteja destinado para a moradia de um familiar, ainda que o proprietário nele
não habite.
o É admitida a hipótese de bem de família vazio: não é justificativa para retirar a
proteção o fato que o terreno esteja desocupado ou não edificado
o É impenhorável o imóvel objeto de alienação fiduciária, em financiamento que
ainda está sendo pago pelo devedor (imóvel em fase de aquisição), pois sua
penhora poderia impedir a aquisição do bem necessário para a moradia da
entidade familiar
o Se a pessoa não tem imóvel próprio, a impenhorabilidade recai sobre os bens
móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam propriedade do
locatário. Porém veículos, obras de arte e adornos de luxo não são impenhoráveis
o Vagas de garagem com matrícula própria também não são impenhoráveis
o Em caso de fraude à execução na alienação do único bem imóvel dos executados,
em evidente abuso de direito e má-fé, afasta-se a proteção ao bem de família
o A proteção ao bem de família legal não impede a sua alienação
o O art. 3° da lei 8009/90 trata sobre situações em que a impenhorabilidade do bem
de família legal é afastada.

Lei 8009/90:
Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não
responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra
natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele
residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.

Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a


construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos,
inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.

Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos


suntuosos.

Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis
quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário, observado o
disposto neste artigo.

Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal,


previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:

*Inciso I foi revogado*

II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição


do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;

III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu
coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses
em que ambos responderão pela dívida; Não estão incluídos em débitos alimentares os
honorários advocatícios

IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função


do imóvel familiar; OBRIGAÇÃO PROPTER REM
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela
entidade familiar; OBRIGAÇÃO PROPTER REM

VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal
condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens. Exige uma sentença penal
condenatória expressa e prévia

VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.

OBS: O inciso VII estabelece que os bens de família do fiador são penhoráveis, menos
em caso de locação comercial.

Art. 4º Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de
má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia
antiga.

§ 1º Neste caso, poderá o juiz, na respectiva ação do credor, transferir a impenhorabilidade para
a moradia familiar anterior, ou anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa para execução ou
concurso, conforme a hipótese.

§ 2º Quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a impenhorabilidade restringir-


se-á à sede de moradia, com os respectivos bens móveis, e, nos casos do art. 5º, inciso XXVI, da
Constituição, à área limitada como pequena propriedade rural.

Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um
único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente.

Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis
utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro
tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil.

Você também pode gostar