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IGUALDADE RACIAL

E DE GÊNERO
Conteúdo:
1. Lei n° 12.288, de 20 de julho de 2010 (Estatuto da Igualdade Racial);

2. Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 (Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor) e Lei n° 9.459, de 13 de maio
de 1997 (Tipificação dos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor);

3. Código Penal Brasileiro (art. 140);

4. Lei n° 9.455, de 7 de abril de 1997 (Crime de Tortura);

5. Lei nº 7.437, de 20 de dezembro de 1985 (Lei Caó);

6. Lei Estadual n° 10.549, de 28 de dezembro de 2006 (Secretaria de Promoção da Igualdade Racial);

7. Lei nº 10.678, de 23 de maio de 2003 (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República).
LEI FEDERAL Nº 12.288/2010 LEI FEDERAL Nº 12.288/2010
Lei n. 12.288/2010 - Estatuto da Igualdade Racial Lei n. 12.288/2010 - Estatuto da Igualdade Racial
Patrícia Maciel Patrícia Maciel

LEI N. 12.288/2010 – ESTATUTO DA IGUALDADE 2. TÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES: CONCEITOS E


RACIAL DEFINIÇÕES GERAIS
A Lei n. 12.288/2010 institui o Estatuto da Igualdade Racial, com a FINALIDADE de
garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos
1. BREVE INTRODUÇÃO direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais
Antes de qualquer coisa, vale a pena trazer para você a estrutura esquematizada do formas de intolerância étnica.
Estatuto da Igualdade racial, que lhe propiciará um melhor entendimento sobre o assunto. Além das normas constitucionais relativas aos princípios fundamentais, aos direitos e
O assunto é previsto na Lei 12.288/2010 e institui o Estatuto da Igualdade Racial. garantias fundamentais e aos direitos sociais, econômicos e culturais, o Estatuto da Igualdade
O Estatuto se divide em quatro títulos: Racial adota como diretriz político-jurídica a inclusão das vítimas de desigualdade étnico-
1) Disposições preliminares, que trazem conceitos e definições gerais para melhor racial, a valorização da igualdade étnica e o fortalecimento da identidade nacional brasileira.
definição da Lei; Veja que a intenção da Lei ao criar o Estatuto foi coibir qualquer ato de violação a direitos
2) Direitos fundamentais, que tratam sobre saúde, educação, lazer, cultura, liberdade, envolvendo a população negra, repudiar todas as formas de intolerância relacionadas à etnia,
moradia, trabalho, meios de comunicação; e, ainda, INSTITUIR um sistema de promoção da igualdade racial — no caso o SINAPIR — de
3) SINAPIR – Sistema Nacional de promoção da Igualdade Racial, que definem os modo a efetivar políticas públicas afirmativas destinadas a superar todas as desigualdades
OBJETIVOS do sistema; étnicas existentes no Brasil.
4) Disposições finais. Pois bem, levando em consideração que estamos tratando sobre conceitos e definições
Em ilustração, portanto, conferimos o esqueleto de todo o assunto abordado na Lei n. (previstos no título I do Estatuto), vamos analisar o artigo 1º da Lei n. 12.288/10, que faz
12.288/2010: exatamente essas definições:

2.1. DISCRIMINAÇÃO RACIAL OU ÉTNICO-RACIAL


Trata-se de toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor,
descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o
reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e
liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer
outro campo da vida pública ou privada.
Há discriminação racial quando um empregador decide contratar um branco em vez de
um preto somente por causa da cor da pele dos dois, por exemplo.

Veja que a Lei traz de forma clara que discriminação racial ou étnico racial NÃO é somente
distinção baseada em cor de pele.
Aqui merece, ainda, um esclarecimento simples sobre distinção entre raça e etnia.

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O conceito de raça se relaciona a fatores ligados a questões biológicas, tais como cor de JURISPRUDÊNCIA
pele e traços físicos da pessoa. se funda na necessidade de superar o racismo estrutural e institucional ainda existente
Já a etnia diz respeito a questões culturais, tais como a nacionalidade, religião, tradições na sociedade brasileira, e garantir a igualdade material entre os cidadãos, por meio da
etc. Trata-se de povo com mesmo costume. distribuição mais equitativa de bens sociais e da promoção do reconhecimento da população
afrodescendente. (ADC 41, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em
08/06/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG 16-08-2017 PUBLIC 17-08-2017)
2.2. DESIGUALDADE RACIAL
A DESIGUALDADE racial se resume no caso de toda SITUAÇÃO injustificada de diferenciação OBSERVAÇÕES
de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em
O Estatuto da Igualdade Racial traz uma RESPONSABILIDADE BIPARTITE para a observância
virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica.
dos direitos nele previstos. Ou seja, cabe ao ESTADO e à SOCIEDADE essa obrigação.
As desigualdades de condições dizem respeito à diferença entre indivíduos em termos
Assim, é dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de oportunidades, reconhecendo
de condições de vida. Por exemplo, se algumas pessoas têm renda muito alta, e várias
a todo cidadão brasileiro, independentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participação
outras, renda muito baixa, então há muita desigualdade de renda de forma injustificada.
na comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômicas, empresariais, educacionais,
culturais e esportivas, defendendo sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.
2.3. DESIGUALDADE DE GÊNERO E RAÇA Observe, portanto, que a responsabilidade de garantir os direitos constitucionais
Assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre de forma igualitária a todo cidadão não se restringe ao Estado, mas se estende a toda a
mulheres negras e os demais segmentos sociais. sociedade de forma geral.
A participação da população negra, em condição de igualdade de oportunidade, na vida
2.4. POPULAÇÃO NEGRA econômica, social, política e cultural do País será promovida, PRIORITARIAMENTE, por meio de:
• inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e social;
Para fins do Estatuto, a população negra é o conjunto de pessoas que se autodeclaram
• adoção de medidas, programas e políticas de ação afirmativa;
pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro
• modificação das estruturas institucionais do Estado para o adequado enfrentamento e a
de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga.
superação das desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e da discriminação étnica;
• promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate à discriminação
2.5. POLÍTICAS PÚBLICAS
étnica e às desigualdades étnicas em todas as suas manifestações individuais,
São ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no cumprimento de suas institucionais e estruturais;
atribuições institucionais. Ou seja, são conjuntos de decisões tomadas pelo Estado com o • eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e institucionais que impedem a
objetivo de garantir direitos constitucionais a vários ou determinados grupos sociais. representação da diversidade étnica nas esferas pública e privada;
• estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da sociedade civil direcionadas
2.6. AÇÕES AFIRMATIVAS à promoção da igualdade de oportunidades e ao combate às desigualdades étnicas,
Programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a inclusive mediante a implementação de incentivos e critérios de condicionamento e
correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades. A prioridade no acesso aos recursos públicos;
exemplos de ações afirmativas podemos citar o sistema de cotas existente no País, a qual • implementação de programas de ação afirmativa destinados ao enfrentamento
das desigualdades étnicas no tocante à educação, cultura, esporte e lazer, saúde,
segurança, trabalho, moradia, meios de comunicação de massa, financiamentos
públicos, acesso à terra, à Justiça, e outros.

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3.1. DO DIREITO À SAÚDE


É importante aqui mencionar que a promoção de igualdade de oportunidade da população O direito à saúde da população negra será garantido pelo poder público mediante políticas
negra se dará de forma PRIORITÁRIA por meio dos programas previstos; e não de forma universais, sociais e econômicas destinadas à redução do risco de doenças e de outros agravos.
EXCLUSIVA! O acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde (SUS) para promoção, proteção
e recuperação da saúde da população negra será de responsabilidade dos órgãos e instituições
públicas federais, estaduais, distritais e municipais, da administração direta e indireta.
3. TÍTULO II – DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS O poder público garantirá que o segmento da população negra vinculado aos seguros
Aluno(a), em inauguração a este tópico, não custa lembrar que os direitos fundamentais privados de saúde seja tratado sem discriminação.
a que se refere o Estatuto da Igualdade Racial são aqueles previstos, exemplificativamente, Para garantir o direito à saúde da população negra, o poder público efetivará políticas
na Constituição Federal, que garantem o mínimo existencial básico à pessoa humana, tais públicas, mediante conjunto de ações, as quais constitui a Política Nacional de Saúde Integral
como vida, educação, lazer etc. da população Negra, pautadas nas seguintes diretrizes:
Geralmente em sala de aula gosto de mencionar aos meus alunos que no direito as • ampliação e fortalecimento da participação de lideranças dos movimentos sociais em
palavras falam, e, portanto, quando nos referimos a direitos fundamentais, podemos extrair defesa da saúde da população negra nas instâncias de participação e controle social do SUS;
que se trata de direitos que fundamentam a existência humana, sem os quais a existência • produção de conhecimento científico e tecnológico em saúde da população negra;
humana não seria possível. • desenvolvimento de processos de informação, comunicação e educação para contribuir
Pois bem. Para melhor elucidação, os direitos fundamentais previstos no Estatuto estão com a redução das vulnerabilidades da população negra.
distribuídos entre os artigos 6º ao 46 do estudado diploma legal. São eles: Logo, seguindo as diretrizes aqui listadas, a POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL
DA POPULAÇÃO NEGRA atuará com OBJETIVOS específicos nos moldes do Estatuto:
• promover a saúde integral da população negra, priorizando a redução das desigualdades
étnicas e o combate à discriminação nas instituições e serviços do SUS;
• melhorar a qualidade dos sistemas de informação do SUS no que tange à coleta, ao
processamento e à análise dos dados desagregados por cor, etnia e gênero;
• fomentar a realização de estudos e pesquisas sobre racismo e saúde da população negra;
• incluir o conteúdo da saúde da população negra nos processos de formação e educação
permanente dos trabalhadores da saúde;
• incluir a temática saúde da população negra nos processos de formação política das
lideranças de movimentos sociais para o exercício da participação e controle social no SUS.

Não custa lembrar que objetivos são pontos atrativos das bancas para cobrança em prova.
E as questões geralmente cobram a literalidade da Lei.

É importante lembrar, ainda, que os moradores das comunidades de remanescentes


de quilombos serão beneficiários de incentivos específicos para a garantia do direito

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à saúde, incluindo melhorias nas condições ambientais, no saneamento básico, na O PODER EXECUTIVO FEDERAL (aqui faço uma consideração importante, pois o
segurança alimentar e nutricional e na atenção integral à saúde. Estatuto da Igualdade Racial prevê expressamente que o poder executivo FEDERAL
Em que pese nosso estudo se lastrear em torno do Estatuto da Igualdade Racial, em rápidas incentivará), por meio dos órgãos competentes, incentivará as instituições de ensino
palavras, não é demais destacar o Decreto n. 4.887/03, que regulamenta o procedimento superior públicas e privadas, sem prejuízo da legislação em vigor, a:
administrativo para identificar determinado grupo quilombola. Vejamos: • resguardar os princípios da ética em pesquisa e apoiar grupos, núcleos e centros de
pesquisa, nos diversos programas de pós-graduação que desenvolvam temáticas de
Art. 2º Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste
Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica interesse da população negra;
própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra • incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de formação de professores temas que
relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida. incluam valores concernentes à pluralidade étnica e cultural da sociedade brasileira;
§ 1º Para os fins deste Decreto, a caracterização dos remanescentes das comunidades dos • desenvolver programas de extensão universitária destinados a aproximar jovens
quilombos será atestada mediante autodefinição da própria comunidade. negros de tecnologias avançadas, assegurado o princípio da proporcionalidade de
gênero entre os beneficiários;
3.2. DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER • estabelecer programas de cooperação técnica, nos estabelecimentos de ensino públicos,
privados e comunitários, com as escolas de educação infantil, ensino fundamental,
Como não poderia ser diferente, é claro, a população negra tem direito a participar de
ensino médio e ensino técnico, para a formação docente baseada em princípios de
atividades educacionais, culturais, esportivas e de lazer adequadas a seus interesses e condições,
equidade, de tolerância e de respeito às diferenças étnicas.
de modo a contribuir para o patrimônio cultural de sua comunidade e da sociedade brasileira.
E para cumprir tais direitos, o Poder Público, em suas esferas federal, estadual, distrital O PODER EXECUTIVO FEDERAL, por meio dos órgãos responsáveis pelas políticas de
e municipal adotará as seguintes providências: promoção da igualdade e de educação, acompanhará e avaliará os programas de que trata
• promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso da população negra ao ensino esta Seção.
gratuito e às atividades esportivas e de lazer; Já noutra esfera, o PODER PÚBLICO (veja que aqui não se restringe apenas ao poder
• apoio à iniciativa de entidades que mantenham espaço para promoção social e cultural executivo federal) estimulará e apoiará ações socioeducacionais realizadas por entidades
da população negra; do movimento negro que desenvolvam atividades voltadas para a inclusão social, mediante
• desenvolvimento de campanhas educativas, inclusive nas escolas, para que a solidariedade cooperação técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, entre outros mecanismos e
aos membros da população negra faça parte da cultura de toda a sociedade; adotará programas de ação afirmativa.
• implementação de políticas públicas para o fortalecimento da juventude negra brasileira. Para melhor compreensão:
PODER EXECUTIVO FEDERAL PODER PÚBLICO
3.2.1. DA EDUCAÇÃO Estimulará e apoiará ações socioeducacionais realizadas por
Por meio dos órgãos competentes,
entidades do movimento negro que desenvolvam atividades
No que diz respeito à Educação, é obrigatório o estudo da história geral da África e da incentivará as instituições de ensino superior
voltadas para a inclusão social, mediante cooperação
públicas e privadas, sem prejuízo da legislação
história da população negra no Brasil, nos moldes da Lei n. 9.394/96, que estabelece as técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, entre outros
em vigor, a: (...)
mecanismos e adotará programas de ação afirmativa
diretrizes e bases da educação nacional.
Por meio dos órgãos responsáveis pelas
Os conteúdos referentes à história da população negra no Brasil serão ministrados políticas de promoção da igualdade e de
no âmbito de todo o currículo escolar, resgatando sua contribuição decisiva para o educação, acompanhará e avaliará os
programas de que trata esta Seção.
desenvolvimento social, econômico, político e cultural do País.
Nas datas comemorativas de caráter cívico, os órgãos responsáveis pela educação
incentivarão a participação de intelectuais e representantes do movimento negro para
debater com os estudantes suas vivências relativas ao tema em comemoração.

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3.2.2. DA CULTURA, DO ESPORTE E LAZER • a prática de cultos, a celebração de reuniões relacionadas à religiosidade e a fundação
O poder público garantirá o reconhecimento das sociedades negras, clubes e outras e manutenção, por iniciativa privada, de lugares reservados para tais fins;
formas de manifestação coletiva da população negra, com trajetória histórica comprovada, • a celebração de festividades e cerimônias de acordo com preceitos das respectivas religiões;
como patrimônio histórico e cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da Constituição Federal. • a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, de instituições beneficentes
(Os artigos mencionados da Constituição fazem menção à cultura nacional).1 ligadas às respectivas convicções religiosas;
O poder público, ainda, fomentará o pleno acesso da população negra às práticas • a produção, a comercialização, a aquisição e o uso de artigos e materiais religiosos
desportivas, consolidando o esporte e o lazer como direitos sociais. adequados aos costumes e às práticas fundadas na respectiva religiosidade, ressalvadas
O poder público garantirá, ainda, o registro e a proteção da capoeira, em todas as as condutas vedadas por legislação específica;
suas modalidades, como bem de natureza imaterial e de formação da identidade cultural • a produção e a divulgação de publicações relacionadas ao exercício e à difusão das
brasileira, nos termos do art. 216 da Constituição Federal. religiões de matriz africana;
Aliás, a capoeira é reconhecida como desporto de criação nacional, sendo que a • a coleta de contribuições financeiras de pessoas naturais e jurídicas de natureza
atividade de capoeirista será reconhecida em todas as modalidades em que a capoeira privada para a manutenção das atividades religiosas e sociais das respectivas religiões;
se manifesta, seja como esporte, luta, dança ou música, sendo livre o exercício em todo • o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação para divulgação das respectivas religiões;
o território nacional, e é reconhecida como desporto de criação nacional, nos termos • a comunicação ao Ministério Público para abertura de ação penal em face de atitudes e
do art. 217 da Constituição Federal. práticas de intolerância religiosa nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais.
Será assegurada a assistência religiosa aos praticantes de religiões de matrizes africanas
Art. 22. § 1º A atividade de capoeirista será reconhecida em todas as modalidades em que a
capoeira se manifesta, seja como esporte, luta, dança ou música, sendo livre o exercício em todo internados em hospitais ou em outras instituições de internação coletiva, inclusive àqueles
o território nacional. submetidos a pena privativa de liberdade.
§ 2º É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas e privadas pelos capoeiristas e O poder público adotará as medidas necessárias para o combate à intolerância com as religiões
mestres tradicionais, pública e formalmente reconhecidos. de matrizes africanas e à discriminação de seus seguidores, especialmente com o objetivo de:
• coibir a utilização dos meios de comunicação social para a difusão de proposições,
3.2.3. DO DIREITO À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E AO LIVRE EXERCÍCIO imagens ou abordagens que exponham pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por
DOS CULTOS RELIGIOSOS motivos fundados na religiosidade de matrizes africanas;
• inventariar, restaurar e proteger os documentos, obras e outros bens de valor artístico
É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
e cultural, os monumentos, mananciais, flora e sítios arqueológicos vinculados às
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
religiões de matrizes africanas;
O direito à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos
• assegurar a participação proporcional de representantes das religiões de matrizes
de matriz africana compreende:
africanas, ao lado da representação das demais religiões, em comissões, conselhos,
órgãos e outras instâncias de deliberação vinculadas ao poder público.
1
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e
apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
Em relação às religiões de matrizes africanas, importante destacar como exemplos a
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente umbanda, o catimbó, a cabula e o candomblé.
ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da socie-
dade brasileira, nos quais se incluem: 3.2.4. DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
O poder público elaborará e implementará políticas públicas capazes de promover o acesso
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas; da população negra à terra e às atividades produtivas no campo, promovendo ações para
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

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viabilizar e ampliar o seu acesso ao financiamento agrícola, além de promover a educação e a • os demais compromissos formalmente assumidos pelo Brasil perante a comunidade
orientação profissional agrícola para os trabalhadores negros e as comunidades negras rurais. internacional.
A população negra terá assegurada a assistência técnica rural, a simplificação do acesso ao O poder público promoverá ações que assegurem a igualdade de oportunidades no
crédito agrícola e o fortalecimento da infraestrutura de logística para a comercialização da produção. mercado de trabalho para a população negra, inclusive mediante a implementação de
Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras medidas visando à promoção da igualdade nas contratações do setor público e o incentivo
é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos. à adoção de medidas similares nas empresas e organizações privadas.
O Poder Executivo federal elaborará e desenvolverá políticas públicas especiais voltadas A igualdade de oportunidades será lograda mediante a adoção de políticas e programas de
para o desenvolvimento sustentável dos remanescentes das comunidades dos quilombos, formação profissional, de emprego e de geração de renda voltados para a população negra.
respeitando as tradições de proteção ambiental das comunidades. As ações visando a promover a igualdade de oportunidades na esfera da administração
Para fins de política agrícola, os remanescentes das comunidades dos quilombos pública far-se-ão por meio de normas estabelecidas ou a serem estabelecidas em legislação
receberão dos órgãos competentes tratamento especial diferenciado, assistência técnica específica e em seus regulamentos, observado o princípio da proporcionalidade de gênero
e linhas especiais de financiamento público, destinados à realização de suas atividades entre os beneficiários. Essas ações assegurarão o princípio da proporcionalidade de gênero
produtivas e de infraestrutura. entre os beneficiários.
Os remanescentes das comunidades dos quilombos se beneficiarão de todas as iniciativas • Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena produção, nos meios rural e
previstas nesta e em outras leis para a promoção da igualdade étnica. urbano, com ações afirmativas para mulheres negras.
O poder público garantirá a implementação de políticas públicas para assegurar o direito • O poder público promoverá campanhas de sensibilização contra a marginalização
à moradia adequada da população negra que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas da mulher negra no trabalho artístico e cultural.
subutilizadas, degradadas ou em processo de degradação, a fim de reintegrá-las à dinâmica • O poder público promoverá ações com o objetivo de elevar a escolaridade e a
urbana e promover melhorias no ambiente e na qualidade de vida. qualificação profissional nos setores da economia que contem com alto índice
O direito à moradia adequada, para os efeitos desta Lei, inclui não apenas o provimento de ocupação por trabalhadores negros de baixa escolarização.
habitacional, mas também a garantia da infraestrutura urbana e dos equipamentos
Dentre as ações de promoção, serão garantidos pelo Poder Público:
comunitários associados à função habitacional, bem como a assistência técnica e jurídica
• o acesso ao crédito para a pequena produção, nos meios rural e urbano, com ações
para a construção, a reforma ou a regularização fundiária da habitação em área urbana.
afirmativas para mulheres negras;
Os agentes financeiros, públicos ou privados, promoverão ações para viabilizar o acesso
• a promoção de campanhas de sensibilização contra a marginalização da mulher negra
da população negra aos financiamentos habitacionais.
no trabalho artístico e cultural;
3.2.5. DO TRABALHO • promoção de ações com o objetivo de elevar a escolaridade e a qualificação profissional
nos setores da economia que contem com alto índice de ocupação por trabalhadores
Não é de hoje que a população negra no Brasil sofre atos de preconceitos nas mais
negros de baixa escolarização.
diversas áreas, principalmente no que se refere ao direito ao trabalho.
A implementação de políticas voltadas para a inclusão da população negra no mercado
de trabalho será de responsabilidade do poder público, observando-se:
• o instituído neste Estatuto;
A Lei n. 14.553/2023 trouxe algumas inovações incluindo parágrafos ao artigo 39 à Lei e
• os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Convenção Internacional sobre
que podem ser cobradas pela Banca. Tome nota!
a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1965;
• os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Convenção no 111, de 1958, da § 8º Os registros administrativos direcionados a órgãos e entidades da Administração Pública,
Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata da discriminação no emprego a empregadores privados e a trabalhadores que lhes sejam subordinados conterão campos
destinados a identificar o segmento étnico e racial a que pertence o trabalhador retratado no
e na profissão;

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respectivo documento, com utilização do critério da autoclassificação em grupos previamente do concurso público e da eficiência. A reserva de vagas para negros não os isenta da
delimitados. (Incluído pela Lei n. 14.553, de 2023) aprovação no concurso público. Como qualquer outro candidato, o beneficiário da
§ 9º Sem prejuízo de extensão obrigatória a outros documentos ou registros de mesma natureza
política deve alcançar a nota necessária para que seja considerado apto a exercer, de
identificados em regulamento, aplica-se o disposto no § 8º deste artigo a: (Incluído pela Lei n.
forma adequada e eficiente, o cargo em questão. Além disso, a incorporação do fator
14.553, de 2023)
“raça” como critério de seleção, ao invés de afetar o princípio da eficiência, contribui
I – formulários de admissão e demissão no emprego; (Incluído pela Lei n. 14.553, de 2023)
II – formulários de acidente de trabalho; (Incluído pela Lei n. 14.553, de 2023) para sua realização em maior extensão, criando uma “burocracia representativa”,
III – instrumentos de registro do Sistema Nacional de Emprego (Sine), ou de estrutura que venha capaz de garantir que os pontos de vista e interesses de toda a população sejam
a suceder-lhe em suas finalidades; (Incluído pela Lei n. 14.553, de 2023) considerados na tomada de decisões estatais. 1.3. Em terceiro lugar, a medida observa
IV – Relação Anual de Informações Sociais (Rais), ou outro documento criado posteriormente o princípio da proporcionalidade em sua tríplice dimensão. A existência de uma política
com conteúdo e propósitos a ela assemelhados; (Incluído pela Lei n. 14.553, de 2023) de cotas para o acesso de negros à educação superior não torna a reserva de vagas
V – documentos, inclusive os disponibilizados em meio eletrônico, destinados à inscrição de segurados
nos quadros da administração pública desnecessária ou desproporcional em sentido
e dependentes no Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Lei n. 14.553, de 2023)
estrito. Isso porque: (i) nem todos os cargos e empregos públicos exigem curso superior;
VI – questionários de pesquisas levadas a termo pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
(ii) ainda quando haja essa exigência, os beneficiários da ação afirmativa no serviço
Estatística (IBGE), ou por órgão ou entidade posteriormente incumbida das atribuições imputadas
a essa autarquia. (Incluído pela Lei n. 14.553, de 2023) público podem não ter sido beneficiários das cotas nas universidades públicas; e (iii)
mesmo que o concorrente tenha ingressado em curso de ensino superior por meio
de cotas, há outros fatores que impedem os negros de competir em pé de igualdade
O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) — órgão colegiado, nos concursos públicos, justificando a política de ação afirmativa instituída pela Lei
de caráter tripartite e paritário, composto por representantes dos trabalhadores, dos n. 12.990/2014. 2. Ademais, a fim de garantir a efetividade da política em questão,
empregadores e do governo, que atua como gestor do FAT — formulará políticas, programas também é constitucional a instituição de mecanismos para evitar fraudes pelos
e projetos voltados para a inclusão da população negra no mercado de trabalho e orientará candidatos. É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de
a destinação de recursos para seu financiamento. heteroidentificação (e.g., a exigência de autodeclaração presencial perante a comissão
O Poder Executivo federal poderá implementar critérios para provimento de cargos em do concurso), desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o
comissão e funções de confiança destinados a ampliar a participação de negros, buscando contraditório e a ampla defesa. 3. Por fim, a administração pública deve atentar
reproduzir a estrutura da distribuição étnica nacional ou, quando for o caso, estadual, para os seguintes parâmetros: (i) os percentuais de reserva de vaga devem valer
observados os dados demográficos oficiais. para todas as fases dos concursos; (ii) a reserva deve ser aplicada em todas as vagas
oferecidas no concurso público (não apenas no edital de abertura); (iii) os concursos
JURISPRUDÊNCIA
não podem fracionar as vagas de acordo com a especialização exigida para burlar a
Ementa: Direito Constitucional. Ação Direta de Constitucionalidade. Reserva de vagas para
política de ação afirmativa, que só se aplica em concursos com mais de duas vagas;
negros em concursos públicos. Constitucionalidade da Lei n. 12.990/2014. Procedência
e (iv) a ordem classificatória obtida a partir da aplicação dos critérios de alternância
do pedido. 1. É constitucional a Lei n. 12.990/2014, que reserva a pessoas negras 20%
e proporcionalidade na nomeação dos candidatos aprovados deve produzir efeitos
das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e
durante toda a carreira funcional do beneficiário da reserva de vagas. 4. Procedência
empregos públicos no âmbito da administração pública federal direta e indireta, por
do pedido, para fins de declarar a integral constitucionalidade da Lei n. 12.990/2014.
três fundamentos. 1.1. Em primeiro lugar, a desequiparação promovida pela política de
Tese de julgamento: “É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos
ação afirmativa em questão está em consonância com o princípio da isonomia. Ela se
concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no
funda na necessidade de superar o racismo estrutural e institucional ainda existente
âmbito da administração pública direta e indireta. É legítima a utilização, além da
na sociedade brasileira, e garantir a igualdade material entre os cidadãos, por meio
autodeclaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada
da distribuição mais equitativa de bens sociais e da promoção do reconhecimento da
a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa”.
população afrodescendente. 1.2. Em segundo lugar, não há violação aos princípios
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LEI FEDERAL Nº 12.288/2010 LEI FEDERAL Nº 12.288/2010
Lei n. 12.288/2010 - Estatuto da Igualdade Racial Lei n. 12.288/2010 - Estatuto da Igualdade Racial
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(ADC 41, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2017, e estadual, levando a uma gestão descentralizada e democrática da política em nível nacional
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG 16-08-2017 PUBLIC 17-08-2017) (http://www.seppir.gov.br/articulacao/sinapir).

3.2.6. DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO


Segundo um estudo realizado pela USP, a baixa participação da população negra nas
A adesão ao Sinapir é aplicável apenas aos entes federados. A União, representada pela
programações e propagandas veiculadas nos grandes meios de comunicação de massa no
Seppir e pelos órgãos setoriais responsáveis pela execução da política (Ministérios e demais
Brasil pode significar menores oportunidades de trabalho e alimentar um preconceito racial
órgãos) já integra o sistema. A sociedade civil participa do Sinapir por meio da representação
velado no país (http://www.usp.br/agen/?p=45620).
em conferências, conselhos, comitês, grupos de trabalhos e outras instâncias, bem como
Realmente, na prática, ainda podemos observar uma participação pequena ou sub-
pela execução de projetos específicos de promoção da igualdade racial em parceria com o
representada da população negra nos diversos meios de comunicação.
Poder Público. (http://www.seppir.gov.br/articulacao/sinapir)
Por tal razão, o Estatuto da Igualdade Racial prevê que a produção veiculada pelos
órgãos de comunicação valorizará a herança cultural e a participação da população negra
na história do País, sendo que na produção de filmes e programas destinados à veiculação 4.1. DOS OBJETIVOS DO SINAPIR
pelas emissoras de televisão e em salas cinematográficas, deverá ser adotada a prática
São objetivos do Sinapir:
de conferir oportunidades de emprego para atores, figurantes e técnicos negros, sendo
• promover a igualdade étnica e o combate às desigualdades sociais resultantes do
vedada toda e qualquer discriminação de natureza política, ideológica, étnica ou artística.
racismo, inclusive mediante adoção de ações afirmativas;
É importante destacar, no entanto, que tal previsão não se aplica aos filmes e programas
• formular políticas destinadas a combater os fatores de marginalização e a promover
que abordem especificidades de grupos étnicos determinados.
a integração social da população negra;
• descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais,
4. TÍTULO III – DO SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA
distrital e municipais;
IGUALDADE RACIAL (SINAPIR) • articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção da igualdade étnica;
Dentre os assuntos já estudados, considero destinar uma atenção especial ao presente • garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados para a implementação das
tópico, levando em consideração que se trata de um sistema criado como forma de organização ações afirmativas e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
e de articulação voltadas à implementação do conjunto de políticas e serviços destinados a
superar as desigualdades étnicas existentes no País, prestados pelo poder público federal, 4.2. DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA
com o propósito de garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades,
O PODER EXECUTIVO FEDERAL elaborará plano nacional de promoção da igualdade
a defesa de direitos e o combate à discriminação e as demais formas de intolerância.
racial contendo as metas, princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional
O SINAPIR FOI INSTITUÍDO PELO ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL (Lei n. 12.288/2010)
de Promoção da Igualdade Racial (PNPIR).
e regulamentado pelo Decreto n. 8136/2013, assinado pela presidenta Dilma Rousseff na
abertura da III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (III Conapir), que
ocorreu de 5 a 7 de novembro de 2013, e pela Portaria SEPPIR n. 8, de 11 de fevereiro de 2014.
Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios PODERÃO participar do Sinapir mediante adesão,
e o poder público federal incentivará a sociedade e a iniciativa privada a participar do Sinapir.
A adesão de Estados e municípios ao sistema contribui nos processos de criação ou
fortalecimento de órgãos e conselhos de promoção da igualdade racial em âmbito municipal

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LEI FEDERAL Nº 12.288/2010 LEI FEDERAL Nº 12.288/2010
Lei n. 12.288/2010 - Estatuto da Igualdade Racial Lei n. 12.288/2010 - Estatuto da Igualdade Racial
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observações, críticas ou sugestões para garantir a sintonia do trabalho da SEPPIR com os


anseios da sociedade.
A Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial pode ser acessada por meio do endereço eletrônico
ouvidoria.seppir@mdh.gov.br ou pelo número (61) 2025-7000.

É assegurado às vítimas de discriminação étnica o acesso aos órgãos de Ouvidoria


Permanente, à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, em todas
as suas instâncias, para a garantia do cumprimento de seus direitos.
A elaboração, implementação, coordenação, avaliação e acompanhamento da PNPIR, Assim, o Estado:
bem como a organização, articulação e coordenação do Sinapir, serão efetivados pelo órgão
responsável pela política de promoção da igualdade étnica em âmbito nacional.
As diretrizes das políticas nacional e regional de promoção da igualdade étnica serão
elaboradas por órgão colegiado QUE ASSEGURE A PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL.
Outra inovação recente prevista pela Lei n. 14.553/2023 inclui o § 4º ao artigo 49:

A Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizará, a cada 5 (cinco) anos,
pesquisa destinada a identificar o percentual de ocupação por parte de segmentos étnicos e
raciais no âmbito do setor público, a fim de obter subsídios direcionados à implementação da
PNPIR. (Incluído pela Lei n. 14.553, de 2023)

4.3. DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO ACESSO À JUSTIÇA E À SEGURANÇA


O PODER PÚBLICO FEDERAL instituirá, na forma da lei e no âmbito dos Poderes
Legislativo e Executivo, Ouvidorias Permanentes em Defesa da Igualdade Racial, para
receber e encaminhar denúncias de preconceito e discriminação com base em etnia ou cor
e acompanhar a implementação de medidas para a promoção da igualdade.

A Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, interligada ao Ministério


dos Direitos Humanos, possui a Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial, cuja função é receber
denúncias de racismo e de discriminação racial e encaminhá-las aos órgãos responsáveis
nas esferas federal, estaduais e municipais. A Ouvidoria é também encarregada de receber

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4.4. DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a contar do exercício subsequente à publicação do
RACIAL Estatuto, os órgãos do Poder Executivo federal que desenvolvem políticas e programas nas
áreas referidas no § 1º deste artigo discriminarão em seus orçamentos anuais a participação
Na implementação dos programas e das ações constantes dos planos plurianuais e
nos programas de ação afirmativa referidos no inciso VII do art. 4º desta Lei.
dos orçamentos anuais da União, deverão ser observadas as políticas de ação afirmativa a
que se refere o inciso VII do art. 4º desta Lei e outras políticas públicas que tenham como
objetivo promover a igualdade de oportunidades e a inclusão social da população negra,
especialmente no que tange a:
• promoção da igualdade de oportunidades em educação, emprego e moradia;
• financiamento de pesquisas, nas áreas de educação, saúde e emprego, voltadas para
a melhoria da qualidade de vida da população negra;
• incentivo à criação de programas e veículos de comunicação destinados à divulgação
de matérias relacionadas aos interesses da população negra;
• incentivo à criação e à manutenção de microempresas administradas por pessoas
autodeclaradas negras;
• iniciativas que incrementem o acesso e a permanência das pessoas negras na educação
fundamental, média, técnica e superior;
• apoio a programas e projetos dos governos estaduais, distrital e municipais e de
entidades da sociedade civil voltados para a promoção da igualdade de oportunidades
para a população negra;
• apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória e das tradições africanas e
brasileiras.
Relembrando as ações afirmativas listadas no artigo 4º, inciso VII:

VII – implementação de programas de ação afirmativa destinados ao enfrentamento das desigualdades


étnicas no tocante à educação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho, moradia, meios
de comunicação de massa, financiamentos públicos, acesso à terra, à Justiça, e outros.

Obs.: Ações afirmativas são políticas públicas feitas pelo governo ou pela iniciativa
privada com o objetivo de corrigir desigualdades raciais presentes na sociedade,
acumuladas ao longo de anos.
O Poder Executivo federal é autorizado a adotar medidas que garantam, em cada exercício,
a transparência na alocação e na execução dos recursos necessários ao financiamento
das ações previstas neste Estatuto, explicitando, entre outros, a proporção dos recursos
orçamentários destinados aos programas de promoção da igualdade, especialmente nas
áreas de educação, saúde, emprego e renda, desenvolvimento agrário, habitação popular,
desenvolvimento regional, cultura, esporte e lazer.

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RESUMO MAPA MENTAL


Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim da nossa aula, mas agora vamos resumir breves
ALGUNS CONCEITOS E DISTINÇÕES IMPORTANTES
conceitos estudados até aqui.
• Finalidade do Estatuto da Igualdade Racial: garantir à população negra a efetivação
da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos
e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.

CONCEITOS
• Diretriz político-jurídica: inclusão das vítimas de desigualdade étnico-racial, a
valorização da igualdade étnica e o fortalecimento da identidade nacional brasileira.
• Discriminação Racial Ou Étnico Racial: Toda distinção, exclusão, restrição ou
preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que
tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade
de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político,
econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada.
• Desigualdade De Gênero e Raça: Assimetria existente no âmbito da sociedade que
acentua a distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais.
• População negra: é o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas,
conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga.
• Políticas Públicas: São ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no
cumprimento de suas atribuições institucionais.
• Quilombolas: são descendentes de africanos escravizados que mantêm tradições
culturais, de subsistência e religiosas ao longo dos séculos.

Obs.: Promoção de igualdade de oportunidade da população negra se dará de forma


PRIORITÁRIA por meio dos programas previstos; e não de forma EXCLUSIVA

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LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÃO
Lei n. 7.716/1989 – Crimes Resultantes de Preconceitos de Raça ou de Cor Lei n. 7.716/1989 – Crimes Resultantes de Preconceitos de Raça ou de Cor
Péricles Mendonça Péricles Mendonça

Vamos lá, meu(minha) querido(a)! Ainda em âmbito constitucional, encontramos no artigo 5º a indicação dos crimes de
Espero que goste da metodologia utilizada. Aproveito para fornecer o meu e-mail para que racismo como inafiançáveis e imprescritíveis.
seja enviada qualquer tipo de dúvida, sugestão ou crítica: profpericlesrezende@gmail.com.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
Aqui está meu Instagram: @vemserpolicial. Pode entrar em contato por lá, que também brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
respondo suas dúvidas. à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
Agora vamos estudar a Lei n. 7.716/1989, que trata dos crimes resultantes de preconceito nos termos da lei;
de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Veja que a constituição traz como inafiançável e imprescritível somente o crime de
1. Conceitos Iniciais racismo, não dispondo sobre as outras formas de discriminação previstas na lei. Porém, con-
forme entendimento do STJ, a imprescritibilidade não se limita aos casos decorrentes de cor
A lei que estudaremos a partir de agora trata dos crimes de preconceitos de raça, cor, et-
ou etnia, abrangendo os casos de preconceito ou discriminação em razão da raça, cor, etnia,
nia, religião ou procedência nacional.
religião ou procedência (STJ, HC 143.147/BA, 6ª Turma, 17/03/2016).
Conforme o dicionário, preconceito é uma opinião ou sentimento formado sem reflexão,
concebido antecipadamente ou independentemente de experiencia ou razão, sem levar em Professor, somente pelo conceito de discriminação, eu posso afirmar que o sistema de
conta o fato que os conteste, e, por extensão, suspeita, intolerância, ou aversão de outras cotas seria uma forma de discriminação?
raças, credos etc.
A discriminação, ao contrário do preconceito, que é estático, consiste em uma atitude
Poder até pode, a diferença é que essas ações afirmativas são consideradas ações que
dinâmica de separação, apartação ou segregação, seria a concretização do preconceito.
promovem a correção das desigualdades raciais. São chamadas de discriminação positiva.
O Estatuto da Igualdade Racial (Lei n. 12.888/2010) conceitua o que seria a discriminação
A forma de discriminação vedada pela lei é a discriminação negativa.
racial.
Essas ações afirmativas são permitidas pelo Supremo, mesmo que adotem critérios ba-
Art. 1º
seados em raça, cor ou etnia.
I – discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada
em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir Antes de ingressarmos no estudo dos crimes, vamos dar uma olhada em alguns outros
o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades
conceitos importantes para o nosso estudo.
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da
vida pública ou privada; Raça, conforme o dicionário, é o conjunto de ascendentes e descendentes de uma família,
de um povo. É o conjunto de indivíduos que conservam por disposições hereditárias, caracte-
Esse é um assunto bastante sensível, o suficiente para que o constituinte originário dei-
res semelhantes, provenientes de um tronco comum.
xasse bem claro o combate ao preconceito como objetivo fundamental da República.
A expressão cor, como utilizada na lei, é para denotar a cor da pele da pessoa, como
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: branca, preta ou amarela.
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer ou-
tras formas de discriminação. Recorremos novamente ao dicionário para definir a palavra etnia, que consiste no agrupa-
mento humano homogêneo quanto aos caracteres linguísticos, somáticos e culturais.

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LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÃO
Lei n. 7.716/1989 – Crimes Resultantes de Preconceitos de Raça ou de Cor Lei n. 7.716/1989 – Crimes Resultantes de Preconceitos de Raça ou de Cor
Péricles Mendonça Péricles Mendonça

A religião é a fé ou doutrina religiosa. É o conjunto de práticas e princípios que regem a expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por
relação entre o homem e a divindade, seja ela Deus ou outra forma de poder sobrenatural. identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos primários de incrimi-
A procedência nacional é a identificação da origem da pessoa em âmbito nacional, ou nação definidos na Lei n. 7.716, de 08/01/1989, constituindo, também, na hipótese de

seja, seria o preconceito contra os nordestinos, gaúchos, nortistas, enfim, sempre com rela- homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por configurar motivo torpe (Código
Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”);
ção ao Estado ou região de origem. Alguns doutrinadores, como é o caso de Victor Gonçalves,
entendem que a procedência nacional também abrange o preconceito em razão da nacionali-
dade, como no caso de preconceito contra brasileiros, argentinos, paraguaios etc. Aquele velho peguinha das bancas de incluir o sexo como uma das formas de preconceito
Com esses conceitos iniciais, agora vamos estudar as modalidades específicas de discri- está com os dias contados, hehehehe.
minação, ou seja, os crimes trazidos pela Lei n. 7.716/1989. Então, fique atento(a) a esse detalhe muito recente que poderá ser objeto de sua prova.
Durante a resolução das questões, encontraremos diversas questões envolvendo a dis-
2. ADO n. 26/DF criminação sexual como umas das formas previstas na lei. Eu resolvi não as retirar da nossa
aula para que você possa praticar de uma forma bem ampla, porém reforço o pedido de que
Não tivemos ainda uma alteração legislativa, mas acredito que muito em breve ela ocorre-
fique atento(a) ao novo entendimento do Supremo.
rá, já que o Supremo, em julgamento da ADO n. 26/DF decidiu que, até que sobrevenha essa lei
por parte do Congresso Nacional, a Lei n. 7.716/1989 será utilizada para os casos envolvendo
3. Dos Crimes
homofobia e transfobia.
A pergunta que já recebi algumas vezes e acredito que pode ser a sua dúvida também: e Você percebeu que o legislador não inseriu outras formas de discriminação, como a se-
o que marcar na prova? xual, filosófica, política etc. Então, caso a discriminação se dê por algum desses motivos,
A grande resposta é “depende”. Se o examinador for mais direto sobre a jurisprudência a conduta será atípica em relação aos tipos penais previstos nesta lei.
ou entendimento do Tribunais, não poderemos deixar de incluir as questões sexuais na lei, Essa era minha introdução aos crimes antes do julgamento da ADO n. 26/DF. Isso porque
porém, se vier afirmando “conforme a lei”, marque exatamente conforme o previsto em lei. agora temos que ter cuidado com a discriminação pela orientação sexual, já que acabamos
Pela minha experiência em provas, eu acredito que esse tipo de temática controversa não de ver que, conforme o STF, teremos que aplicar o mesmo entendimento.
será objeto de sua prova. Os crimes previstos na Lei n. 7.716/1989 são crimes formais, não precisando da ocorrência
Mesmo assim, é importante que você tenha conhecimento das novidades envolvendo as de resultado naturalístico para a sua consumação.
leis de seu edital. Não existe previsão legal da modalidade culposa, então o elemento subjetivo de todos os
No julgamento da ADO n. 26/DF, o STF entendeu que: crimes previstos na lei é o dolo. Esse dolo deve ser específico, ou seja, a conduta do agen-
te deve ter o especial fim de agir, consistente na discriminação em razão da raça, cor, etnia,
Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os
religião e procedência nacional.
mandados de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição
Conforme afirma Guilherme Nucci, é necessário que haja um elemento subjetivo do tipo
da República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem
específico, consistente na vontade de discriminar, segregar, mostrar-se superior a outra ser
aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem

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LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÃO
Lei n. 7.716/1989 – Crimes Resultantes de Preconceitos de Raça ou de Cor Lei n. 7.716/1989 – Crimes Resultantes de Preconceitos de Raça ou de Cor
Péricles Mendonça Péricles Mendonça

humano, em todos os delitos previstos nesta Lei. O delito será afastado se o ânimo for outro, O sujeito ativo do crime exige uma qualidade especial, ou seja, somente pode ser pra-
como, por exemplo, o de brincar (animus jocandi). ticado pelo encarregado, legalmente, de permitir ou negar o acesso ao cargo, tratando-se,
portanto, de crime próprio. Não se aplica a Lei n. 9.099/1995 (transação penal ou suspensão
3.1. Acesso ou Promoção no Serviço Público condicional do processo).

Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Admi-
nistração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos. 3.2. Emprego em Empresa Privada
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional, obstar a promoção funcional. Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.
Pena – reclusão de dois a cinco anos. Pena – reclusão de dois a cinco anos.

O tipo penal fala em impedir ou obstar. Impedir seria negar o acesso, proibir; já o obstar A ação de negar seria o mesmo que se recusar a atender a pedido ou solicitação, ou ainda
seria colocar dificuldades, criar obstáculos. deixar de prestar serviço. Perceba que o artigo 4º, diferente do anterior, abrange somente as
A lei deixa claro que o impedimento deve ser em desfavor de “alguém, devidamente habili- empresas privadas.
tado”, ou seja, esse alguém seria uma pessoa determinada e ela deve ser habilitada, apta, para Portanto não configura o tipo penal em estudo a prática dessa conduta pelo empregador
aquele serviço, caso contrário, não teremos a conduta prevista no tipo penal. doméstico, por profissionais liberais, sindicatos, cooperativas, enfim, o tipo penal é específico
Outra informação que cabe destaque é que a lei fala claramente em cargos, portanto, se para as empresas privadas.
for o caso de emprego ou função pública, a conduta não se adequaria a esse tipo penal. Mais uma vez faço a ressalva do artigo anterior. Não é porque a conduta não se encaixa
Não estou dizendo que a conduta não seria criminosa, apenas que o agente não respon- aqui nesse artigo que não será uma conduta criminosa, podendo se encaixar em um outro
deria pelo tipo penal previsto no artigo 3º. tipo penal previsto nessa lei.
Vale lembrar que a Administração Direta é composta pelas pessoas jurídicas de direito Esse é também um crime próprio (somente pode ser praticado pelo encarregado pela
público interno (União, Estados, DF e Municípios) e que a Administração Indireta consiste nas área de contratação de pessoa da empresa privada) e não admite os benefícios da Lei n.
autarquias, empresas públicas, sociedade de economia mista e fundações. 9.099/1995.
Outra referência ao direito administrativo feita pelo legislador é quanto às concessionárias O § 1º trouxe algumas condutas que são equiparadas ao delito do caput. As condutas
de serviços públicos. Essas concessionárias são pessoas jurídicas que exploram serviços equiparadas ocorrem ao indivíduo após a sua contratação, ou seja, na vigência do contrato.
públicos sob o regime de concessão.
§ 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça ou de cor ou práticas re-
O parágrafo único traz ainda uma conduta equiparada, qual seja, o óbice a promoção sultantes do preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica:
I – deixar de conceder os equipamentos necessários ao empregado em igualdade de condições
funcional com o mesmo dolo trazido pela conduta do caput. Podemos concluir, então, que a
com os demais trabalhadores;
vítima já deve integrar os quadros da administração pública. II – impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício profissional;
III – proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no ambiente de trabalho, especialmente
A diferença entre o caput e o parágrafo primeiro é que no caput a vítima ainda não integra
quanto ao salário.
os quadros da Administração Pública direta ou indireta, já no parágrafo primeiro, a vítima já
faz parte do quadro funcional.

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O tipo penal do inciso I é uma conduta omissiva, em que o empregado é prejudicado no exercí- Nesse caso, a conduta do empresário estaria conforme o previsto no § 1º, II, desse artigo.
cio de suas funções devido à falta de equipamentos que deveriam ser fornecidos pelo empresário.
É também um crime próprio, já que só pode ser praticado pelo encarregado de fornecer o
3.3. Acesso a Estabelecimento Comercial
equipamento.
Os outros dois incisos também trazem condutas que exigem um sujeito ativo qualificado. Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou
receber cliente ou comprador.
No inciso II, o sujeito ativo é aquele que detém o poder de promover o empregado ou que seja Pena – reclusão de um a três anos.
encarregado de conceder algum benefício, já no último inciso, o sujeito ativo é a pessoa que
detém o poder de coordenação no ambiente de trabalho. Assim como os demais delitos estudados até agora, o tipo penal aqui é misto alternativo.

Para terminar o artigo, o legislador decidiu punir também as formas de anúncios e re- A prática das duas condutas, recusar ou impedir, não vai gerar concurso de crimes, o agente

crutamento. Para essa conduta, a pena é diferente de todo o artigo, sendo que somente será responderá somente por um delito.
aplicada a pena de multa e prestação de serviços à comunidade. Então, esse crime poderá ser caracterizado com o impedido do acesso ao estabelecimento,
O legislador não deixou claro qual seria a duração dessa pena de prestação de serviços ou se já no interior do estabelecimento houver a recusa no atendimento.
à comunidade, portanto deverá o magistrado valer-se das regras trazidas pelo Código Penal. O estabelecimento comercial a que o legislador se refere é o estabelecimento em que
ocorre a exploração de uma atividade empresarial, como, por exemplo, uma loja, uma oficina.
§ 2º Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comunidade, incluindo ativida-
des de promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento O sujeito ativo é o comerciante ou prestador de serviços, não importando se é o proprietário,
de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas ativi-
diretor, gerente ou empregado do estabelecimento, portando é um crime próprio.
dades não justifiquem essas exigências.
Como a pena mínima não ultrapassa um ano, cabe a suspensão condicional do processo
prevista na Lei n. 9.099/1995.

3.4. Ingresso em Instituição de Ensino


Questão 1 (CESPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2012) O fato de um empresário, por pre-
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino
conceito em relação à cor de determinado empregado, impedir a sua ascensão funcional público ou privado de qualquer grau.

na empresa, configurará delito contra a organização do trabalho, e não crime resultante de Pena – reclusão de três a cinco anos.
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a pena é agravada de 1/3
preconceito. (um terço).

A inscrição é o ato de matrícula no curso oferecido pela instituição de ensino, já o ingresso


pode ser entendido tanto com o significado de ter aceita a sua matrícula, como a entrada no
Errado. estabelecimento de ensino.
Resolver a questão logo após estudarmos o assunto é bem tranquilo, né? Fica até fácil passar
para AGU, rs.

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Péricles Mendonça Péricles Mendonça

O termo “grau” utilizado na lei está desatualizado, mas o sentido continua o mesmo. O le- Mais uma vez o legislador utilizou a técnica da interpretação analógica, trazendo
gislador quis evitar a prática de discriminação em qualquer estabelecimento de ensino, seja ele como exemplo os restaurantes, bares e confeitarias, mas estendendo a aplicação a locais
público ou privado, independentemente do nível de graduação. Trazendo para um contexto mais semelhantes abertos ao público.

atual, abrangeria tanto o ensino fundamental e médio, como a graduação e pós-graduação. A jurisprudência entende que, apesar de insultos de cunho racial não constituírem a es-

No parágrafo único, apesar de o legislador ter trazido a palavra “agravada”, devemos con- sência do bem jurídico tutelado, ela pode ser o meio de manifestação discriminatória.

siderar uma mera “atecnia legislativa”, já que temos uma causa especial de aumento de pena. Aqui também é exigida uma qualidade especial do sujeito ativo, sendo ele somente o pro-
Mais uma vez estamos diante de um crime próprio, já que somente poderá ser praticado prietário ou responsável pelo atendimento nos estabelecimentos previstos no artigo, portanto
pelo diretor do estabelecimento ou por funcionário encarregado da inscrição ou admissão na é crime próprio.
instituição de ensino. Como a pena mínima não ultrapassa um ano, temos a possibilidade da aplicação da sus-
Temos uma pena que não admite nenhum benefício concedido pela Lei n. 9.099/1995. pensão condicional do processo, prevista na Lei n. 9.099/1995.

3.5. Acesso ou Hospedagem em Hotéis e Similares 3.7. Acesso a Locais de Diversão ou Clubes Sociais
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer esta- Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diver-
belecimento similar. sões, ou clubes sociais abertos ao público.
Pena – reclusão de três a cinco anos. Pena – reclusão de um a três anos.

O tipo penal busca recriminar a recusa no acesso ou hospedagem em locais de habitação A conduta de impedir o acesso, segundo o STJ, abrange tanto as condutas de não permitir
coletiva, tais como hotéis, pensão e estalagem. o ingresso quanto aquelas que o impeçam de associar-se ao clube.
Ao inserir a expressão “qualquer estabelecimento similar”, o legislador permitiu que hou- O legislador deixou bem claro que a conduta criminosa ocorrerá quando o impedimento
vesse a possibilidade de uma interpretação analógica, quanto aos estabelecimentos, de for- ocorrer a clubes abertos ao público; ou seja, caso ocorra o impedimento a um clube privado,
ma que poderemos incluir demais locais que ofereçam hospedagem, como pensões, pousa- não sendo a pessoa sócia, não poderemos falar em crime.
das, motéis etc. Porém, a seleção para ingresso nesses clubes privados não pode ter critérios baseados
O sujeito ativo é o proprietário ou responsável pelo hotel, pensão, estalagem ou estabele- em razões racistas; se assim o for, estará caracterizado o delito do artigo 9º.
cimento similar, portanto é um crime próprio e que também não admite os benefícios da Lei A jurisprudência do STJ afirma que:
n. 9.099/1995.
A recusa de admissão no quadro associativo de clube social, em razão de preconceito
3.6. Acesso a Restaurantes e Similares de raça ou de cor, caracteriza o tipo inserto no art. 9º da Lei n. 7.716/1989, enquanto
modo da conduta impedir, que lhe integra o núcleo. A faculdade, estatutariamente atri-
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais
semelhantes abertos ao público. buída à diretoria, de recusar propostas de admissão em clubes sociais, sem declinação
Pena – reclusão de um a três anos. dos motivos, não lhe atribui a natureza especial de fechado, de maneira a subtraí-lo da
incidência da lei (RHC 12.809-MG, 6ª Turma, 22/03/2005).

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O sujeito ativo aqui é o proprietário ou pessoa responsável pelo controle do ingresso e Pena – reclusão de um a três anos.

atendimento nos clubes, mais uma vez sendo caracterizado o crime próprio.
O artigo 10 é semelhante ao anterior, alterando somente o estabelecimento. Vale lembrar que
Assim como no delito anterior, admite-se a suspensão condicional do processo, já que a
o legislador se utilizou de interpretação analógica para abranger o maior número possível de lu-
pena mínima não ultrapassa um ano.
gares.
É semelhante também no que tange à aplicação dos benefícios da Lei n. 9.099/1995 e no
fato de ser classificado como crime próprio, já que o sujeito ativo é o proprietário ou respon-
sável pelo atendimento nos cabeleireiros e estabelecimentos similares.
Questão 2 (CESPE/PRF/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/2013) Constitui crime o fato de
determinado clube social recusar a admissão de um cidadão em razão de preconceito de
raça, salvo se o respectivo estatuto atribuir à diretoria a faculdade de recusar propostas de
admissão, sem declinação de motivos.
Questão 3 (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Caso uma
manicure, empregada de um salão de beleza, recuse atendimento a uma cliente apenas por
esta ser de origem africana, e essa cliente, ofendida, deixe o estabelecimento, tal recusa tipi-

Errado. ficará o crime de racismo.

A questão iniciou de forma correta, trazendo a informação de que constitui crime o fato de um
clube recusar a admissão de um cidadão em razão de preconceito de raça, mas na hora de
ganhar um 10, ele colocou um “salvo”.
Certo.
Vamos ver novamente o entendimento do STJ sobre esse assunto:
É importante nesses casos analisar o sujeito ativo da conduta. O examinador não falou em
A recusa de admissão no quadro associativo de clube social, em razão de preconceito proprietário, mas afirmou que a manicure (responsável pelo atendimento) se recusou a aten-
de raça ou de cor, caracteriza o tipo inserto no art. 9º da Lei n. 7.716/1989, enquanto der uma cliente por ela ser de origem africana.
modo da conduta impedir, que lhe integra o núcleo. A faculdade, estatutariamente atri- Portanto, ficou bem configurada a conduta tipificada no artigo 10 da Lei n. 7.716/1989.
buída à diretoria, de recusar propostas de admissão em clubes sociais, sem declinação
dos motivos, não lhe atribui a natureza especial de fechado, de maneira a subtraí-lo da
incidência da lei (RHC 12.809-MG, 6ª Turma, 22/03/2005). 3.9. Acesso à Entrada ou Elevador Social
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou
escada de acesso aos mesmos:
3.8. Acesso a Salões de Cabeleireiros e Similares Pena – reclusão de um a três anos.

Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou
casas de massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades.

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É muito comum encontramos determinadas condições para a utilização dos elevadores, 3.10. Acesso ou Uso de Transporte Público
tais como “proibido a utilização em trajes de banho”. Porém, o tipo penal do artigo 11 visa pu-
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios barcas, barcos,
nir aquele que impede acesso com a intenção de discriminação de alguém em razão de raça,
ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido.
cor, etnia, religião e precedência nacional. Pena – reclusão de um a três anos.

Isso se dá aos acessos em edifícios. Portanto, a mera exigência de ingresso em prédios


O legislador fez uma restrição aos transportes públicos, os transportes privados não fo-
em geral pela porta de serviço, em relação às pessoas que estão promovendo entregas e
realizando obras ou trabalhos específicos a moradores e demais ocupantes do edifício não ram abrangidos por esse tipo penal.

configura o crime. Assim, é fundamental o dolo de discriminar. Como vem sendo muito comum durante a nossa aula, mais uma vez, estamos diante de

O sujeito ativo é a pessoa que tem a função de disciplinar a entrada em prédios públicos um caso de interpretação analógica, em que o legislador trouxe alguns exemplos do que se-

ou privados, portanto o crime é próprio quanto ao sujeito ativo. riam os transportes públicos, mas deixou aberto ao entendimento do magistrado.

Como vimos nos delitos anteriores, este também admite a suspensão condicional do Trata-se de crime próprio, já que somente pode ser praticado por responsável pelo aces-

processo prevista no JECrim, já que a pena não ultrapassa um ano. so aos transportes públicos. A aplicação dos benefícios da Lei n. 9.099/1995 é a mesma do
artigo anterior, cabe somente a suspensão condicional do processo.

3.11. Acesso ao Serviço Militar


Questão 4 (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/TÉCNICO LEGISLATIVO/2014) Conforme a Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas.
Pena – reclusão de dois a quatro anos.
lei que prevê condutas discriminatórias, cometerá crime de discriminação ou preconceito o
agente que impedir o acesso de idoso a edifício público pelas entradas sociais.
A primeira coisa que temos que perceber é que o tipo penal abrange somente as Forças
Armadas, ou seja, Exército, Marinha e Aeronáutica, não estando aqui incluídas as Polícias ou
Corpos de Bombeiros Militares.
O legislador não delimitou o que seria o acesso às Forças Armadas, portanto devemos
Errado.
entender como sendo tanto o serviço obrigatório, como aos concursos de carreira das Forças.
Veja que o examinador trouxe uma conduta que, ao lermos, logo pensamos: “mas é claro que
Não são admitidos os benefícios da Lei n. 9.099/1995 e classifica-se como crime próprio,
isso é crime, é um absurdo impedir o acesso ao idoso”. Porém, a Lei n. 7.716/1989 trouxe
já que somente pode ser praticado pela pessoa responsável pelo recrutamento ou ingresso
somente os crimes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
nas Forças Armadas.
nacional. Então, você que estudou por nossa aula vai marcar essa questão como errada e
correr para o abraço.

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3.12. Casamento ou Convivência Familiar e Social A diferença básica entre eles é que o artigo 20 da Lei n. 7.716/1989 diz respeito à ofensa
a um grupo de pessoas, e não somente a um indivíduo, enquanto o artigo 140, § 3º, do CP,
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar e
social.
refere-se somente a uma pessoa.
Pena – reclusão de dois a quatro anos.
Racismo Injúria qualificada
O tipo penal estabelece que esse impedimento poderá ocorrer por qualquer meio ou Previsão Art. 20, Lei n. 7.716/1989. Art. 140, § 3º, CP.
Bem jurídico Dignidade da pessoa humana e igual- Honra subjetiva.
qualquer forma, o que nos leva a entender que se trata de um crime comum, não exigindo
dade.
nenhuma qualidade especial do sujeito ativo.
Quando o tipo penal fala em casamento, ele faz referência ao casamento previsto no
código civil e ao casamento religioso com efeitos civis (art. 1.515 do CC). Ofender a coletividade dos membros de Ofender o agente, emitindo concei-
Dolo uma determinada raça, cor, etnia, religião tos depreciativos.
Como o dispositivo fala também em convivência familiar, podemos entender a união
ou procedência nacional.
estável dentro dessa classificação. Com esse entendimento, podemos abranger também a Sujeito pas- Um grupo indeterminado de pessoas. Sujeito determinado.
união estável entre pessoas do mesmo sexo. sivo

Não podem ser concedidos os benefícios da Lei n. 9.099/1995, já que não se trata de
Infração de menor potencial ofensivo.

3.13. Racismo Questão 5 (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) Responde pela prática do


crime de injúria racial, disposto no § 3º do artigo 140 do Código Penal Brasileiro e não pelo
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional. artigo 20 da Lei n. 7.716/1989 (Discriminação Racial) pessoa que ofende uma só pessoa,
Pena – reclusão de um a três anos e multa
chamando-lhe de macaco e negro sujo.

Praticar (executar, realizar), induzir (inspirar, fazer nascer uma ideia), ou incitar (instigar,
estimular). Os termos discriminação e preconceito já definimos no início de nossa aula.
Perceba que esse é um tipo penal bem amplo, abrangendo diversas condutas do agente.
Certo.
Alguns doutrinadores afirmam até que seria ofensivo ao princípio da taxatividade. Essa questão está perfeita. Fala exatamente o que acabamos de comentar em nossa aula.
Trata-se de um crime comum e é cabível a suspensão condicional do processo, já que a Para responder pelo crime do artigo 20 da Lei n. 7.716/1989, o agente deve ofender um grupo
pena mínima não ultrapassa um ano. determinado de pessoas.
E qual seria a diferença do crime previsto na Lei n. 7.716/1989 para o crime de injúria ra-
cial do Código Penal?

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3.14. Divulgação do Nazismo E o artigo finaliza afirmando que, na hipótese da divulgação (§ 2º), após o trânsito em jul-
gado, este material deverá ser destruído.
Art. 20.
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou
propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. 3.16. Efeito da Condenação
Pena – reclusão de dois a cinco anos e multa.
Art. 15. (Vetado).
Esse é um tipo penal que não necessita de muitos comentários por ser bem autoexplicativo. Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor público,
e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses.
Em todos os outros tipos penais, eu havia comentado a necessidade do especial fim de Art. 17. (Vetado).
agir do agente que consistiria na discriminação da vítima. Esse tipo penal inseriu mais um Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não são automáticos, devendo ser mo-
tivadamente declarados na sentença.
dolo específico, que seria a finalidade de divulgação do nazismo.
Art. 19. (Vetado).
É um crime comum, pois pode ser cometido por qualquer um e não cabe a aplicação dos
institutos despenalizadores da Lei n. 9.099/1995. Quando houver a condenação por crime previsto nessa Lei, o legislador trouxe como efei-
to secundário, para aqueles que são servidores públicos, a perda do cargo ou função pública,
3.15. Forma Qualificada e a suspensão do funcionamento de estabelecimento particular por um prazo de até 3 meses.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comuni- Veja que ele deixou claro, no artigo 18, que não são automáticos, devendo ser declarados
cação social ou publicação de qualquer natureza:
expressamente na sentença condenatória. Portanto, se o magistrado não estabelecer esses
Pena – reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedi- efeitos expressamente na sentença, tais efeitos não incidirão.
do deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:
I – o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;
II – a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publica-
ção por qualquer meio;
III – a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de com-
putadores.
Questão 6 (CESPE/TRE-BA/ANALISTA JUDICIÁRIO/2017/ADAPTADA) A condenação de
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, servidor público por quaisquer crimes decorrentes de preconceito de raça ou de cor implica
a destruição do material apreendido.
perda automática do cargo público.

O parágrafo segundo desse artigo não traz um tipo penal, somente uma forma qualificada
da conduta já prevista no caput do artigo 20.
No caso do caput, o agente teria a possibilidade de recorrer à suspensão condicional do
Errado.
processo, já no caso da forma qualificada, esse benefício não poderá ser concedido.
Perceba que a questão foi bem direta, afirmando que a perda do cargo se daria de forma au-
O parágrafo terceiro traz a autorização para o juiz, ouvido o Ministério Público, ou a re-
tomática, contrariando o disposto no artigo 18 da lei, como acabamos de ver em nossa aula.
querimento deste ordenar o recolhimento ou a busca e apreensão deste material divulgado.

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LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÃO
Lei n. 7.716/1989 – Crimes Resultantes de Preconceitos de Raça ou de Cor Lei n. 7.716/1989 – Crimes Resultantes de Preconceitos de Raça ou de Cor
Péricles Mendonça Péricles Mendonça

Questão 7 (CESPE/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA/2016/ADAPTADA) A condenação por RESUMO


crime de racismo cometido por proprietário de estabelecimento comercial sujeita o conde-
Vamos revisar o conteúdo visto em nossa aula. Mais uma vez, volto a dizer que a leitura da
nado à suspensão do funcionamento de seu estabelecimento, pelo prazo de até três meses,
“lei seca” é muito importante, tanto para o seu aprendizado, quanto para a sua prova.
devendo esse efeito ser motivadamente declarado na sentença penal condenatória.
A sua banca gosta de colocar algumas questões com a letra da lei, por isso é importante
a sua leitura.

Crime Previsão Pena Benefícios da Lei n.


Certo.
9.099/1995
Nessa questão, o examinador queria que o candidato conhecesse as previsões do artigo Acesso ou promoção no Art. 3º
16 e 18. Trouxe o efeito da condenação previsto no artigo 16 e que esta deve ser motivada, serviço público

conforme o artigo 18. Emprego em empresa Art. 4º Reclusão de 2 a 5 anos


Sem benefícios
privada
Divulgação do nazismo Art. 20, § 1º
Racismo qualificado Art. 20, § 2º
Anúncios ou outra forma Art. 4º, § 2º Multa e prestação de servi-
Sem benefícios
de recrutamento ços
Acesso a estabeleci- Art. 5º
mento comercial
Acesso a restaurantes e Art. 8º
similares
Acesso a locais de Art. 9º
diversão Cabe suspensão condicional
Reclusão de 1 a 3 anos
Acesso a salões de Art. 10 do processo
cabeleireiros e similares
Acesso à entrada ou ele- Art. 11
vador social
Acesso ou uso de trans- Art. 12
porte público
Racismo Art. 20
Ingresso em instituição Art. 6º Reclusão de 3 a 5 anos (Agra-
de ensino vada de 1/3 se praticado
contra menor de 18 anos) Sem benefícios
Acesso ou hospedagem Art. 7º
Reclusão de 3 a 5 anos
em hotéis ou similares

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LEGISLAÇÃO
Lei n. 7.716/1989 – Crimes Resultantes de Preconceitos de Raça ou de Cor
Péricles Mendonça

Acesso ao serviço mili- Art. 13


tar Reclusão de 2 a 4 anos
Sem benefícios
Casamento ou convi- Art. 14
vência familiar ou social

Ainda quanto aos crimes, veja que não temos pena de detenção em nossa lei, somente a pena
de RECLUSÃO.

Racismo x Injúria Racial

É muito importante que você leve para sua prova as diferenças entre o Racismo e a Injúria
racial.

Racismo Injúria qualificada


Previsão Art. 20, Lei n. 7.716/1989. Art. 140, § 3º, CP.
Bem jurídico Dignidade da pessoa humana e igual- Honra subjetiva.
dade.

Ofender a coletividade dos membros de Ofender o agente, emitindo concei-


Dolo uma determinada raça, cor, etnia, religião tos depreciativos.
ou procedência nacional.
Sujeito pas- Um grupo indeterminado de pessoas. Sujeito determinado.
sivo

Fique atento(a) ao novo posicionamento do STF sobre a homofobia e transfobia (ADO n. 26).

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DIREITO PENAL DIREITO PENAL
Crimes contra a Honra Crimes contra a Honra
Rodrigo Pardal Rodrigo Pardal

CRIMES CONTRA A HONRA Pessoa jurídica pode ser sujeito passivo de calúnia? A discussão gira em torno da respon-
sabilidade penal da pessoa jurídica, pois para que seja vítima de calúnia é pressuposto que
O que é honra? É o conjunto de atributos e predicados inerentes a uma determinada pes- possa cometer crimes.
soa, que formam sua personalidade. Magalhães Noronha dizia que a honra é o complexo de Mudança fundamental do fato: Se alguém de fato furtou, mas imputo à pessoa falsamente
predicados que conferem à pessoa estima própria e consideração social. a prática de estupro haverá calúnia? Sim, pois houve mudança fundamental do fato (Noronha).
Honra objetiva (externa): É a honra projetada para fora da pessoa, é o juízo de valor que Autocalúnia: Constitui crime do artigo 138? Constitui crime? Não é o crime do artigo 138,
a coletividade faz a respeito de cada um dos seus integrantes, é a imagem, a forma como a mas pode ser o delito de autoacusação falsa (artigo 341 do CP).
pessoa é vista perante a sociedade.
Honra subjetiva (interna): Juízo de valor que cada pessoa tem das suas próprias qualida-
des, é o que Noronha chama de estima própria, é o autorrespeito. Exceção da verdade: Instituto por meio do qual o sujeito ativo do delito pode demonstrar, em
Agora passaremos a analisar os três crimes contra a honra: calúnia, difamação e injúria. juízo, a veracidade da imputação feita ao sujeito passivo. Procedente a exceção da verdade, o
sujeito ativo da calúnia será absolvido por atipicidade do fato. Em regra, na calúnia, a exceção
da verdade é cabível, salvo em três casos indicados na lei (artigo 138, §3º). Portanto, na calú-
Difamação
Calúnia (artigo 138) Injúria (artigo 140) nia, a exceção da verdade é regra.
(artigo 139)

Imputação de fato falso


Imputação de fato
Adjetivação pejorativa a
Difamação (Artigo 139)
ofensivo, porém não
definido como crime alguém
definido como crime Conceito: Consiste na imputação de fato ofensivo a reputação, verdadeiro ou falso, não
criminoso.
Honra objetiva Honra objetiva Honra objetiva
Objetividade jurídica: Honra objetiva. É indispensável que a ofensa chegue ao conhecimen-
to de outra pessoa que não o ofendido, pois deve ser lesada a reputação de que o sujeito goza
PEGADINHA DA BANCA perante a comunidade. Assim, consuma-se quando terceiro toma conhecimento da ofensa.
A imputação de fato definido como contravenção penal caracteriza difamação. Exceção da verdade (artigo 139, parágrafo único):
Em regra não se admite. Somente se admite se o sujeito passivo for funcionário público, e
Calúnia (Artigo 138) a difamação estiver vinculada a atividade funcional dele.

Conceito: Falsa imputação de fato criminoso a alguém. Injúria (Artigo 140)


Objetividade jurídica: Honra objetiva. É indispensável que a ofensa chegue ao conhecimen-
to de outra pessoa que não o ofendido, pois deve ser lesada a reputação de que o sujeito goza Conceito: Injúria é a ofensa à dignidade ou decoro de outra pessoa. Na injúria há sempre
perante a comunidade. Assim, consuma-se quando terceiro toma conhecimento da ofensa. Em juízo depreciativo em relação a alguém. Há adjetivação pejorativa, ofensiva a alguém, atingin-
regra não admite tentativa, salvo se praticado por meio escrito. do a honra subjetiva alheia.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa física. Injúria absoluta x injúria relativa: Aquela tem por si mesma um significado ofensivo inde-
Sujeito passivo pendente de qualquer circunstância. Já, a injúria relativa assume caráter ofensivo a depender
O inimputável pode ser sujeito passivo de calúnia? Alguns diziam que não. Hoje é pacífico do contexto, do momento, do ambiente.
que pode ser sujeito passivo do delito, pois a lei fala em “fato definido como crime” e não “cri- Objetividade jurídica: Honra subjetiva. Consuma-se quando a ofensa chega ao conheci-
me”, este apenas não pode praticar crimes. mento do ofendido.
Conversa telefônica, conhecimento acidental da vítima e dolo específico: No caso, as pa-
É punível a calúnia contra os mortos (artigo 138, §2º). Neste caso se tutela o interesse da lavras injuriosas foram proferidas por meio telefônico, não sendo previsível que a vítima esti-
vesse ouvindo o teor da conversa pela extensão telefônica. Como a injúria se consuma com a
família em zelar pela honra do falecido. Contudo, não se pune difamação ou injuria contra
ofensa à honra subjetiva de alguém, não há falar em dolo específico no caso em que a vítima
os mortos.
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DIREITO PENAL DIREITO PENAL
Crimes contra a Honra Crimes contra a Honra
Rodrigo Pardal Rodrigo Pardal

não era o interlocutor na conversa telefônica e, acidentalmente, tomou conhecimento do seu


teor (STJ; Sexta Turma; Resp 1.765.673/SP; Rel. Min. Sebastião Reis Júnior; Sexta Turma; Dje Racismo (artigo 20 da
Injúria por preconceito
Lei n. 7.716/89)
29/05/2020).
Injuria pessoa ou pessoas
Noção Discrimina grupo
PEGADINHA DA BANCA determinadas
É possível injúria por gesto? Pessoa estende mão para cumprimentar outra pessoa, e esta não
Prescrição Prescritível*** Imprescritível
estende sua mão (típico vácuo!). Esta recusa deve ser ostensiva e dolosa.
Fiança Afiançável Inafiançável
Exceção da verdade: Não existe exceção da verdade na injúria, porque não há fato na injú-
Ação penal Pública condicionada P. incondicionada
ria, e a exceção da verdade visa provar fato.

Calúnia Difamação Injúria ***O STJ entendeu em dois julgados, seguindo entendimento de Nucci, que com o advento da
Lei n. 9.459/1997, introduzindo a denominada injúria racial, criou-se mais um delito no cenário
Em regra, não cabe.
Em regra, cabe exceção Cabe se o agente for do racismo, portanto, imprescritível, inafiançável e sujeito à pena de reclusão (AgRg no AREsp
da verdade. funcionário público e 686965/DF – agravo regimental no agravo em recurso especial – Rel. Min. Ericson Maranho,
Não cabe.
Não cabe nas hipóteses a ofensa tiver relação Sexta Turma, DJe 31/08/2015 e AgRG no AREsp 734.236/DF; Rel. Min. Nefi Cordeiro; Sexta
do art. 138, §3º do CP com a função (art. 139,
Turma; j. 27/02/2018). Não se trata de interpretação extensiva como tem sido dito, mas de
parágrafo único do CP)
interpretação sistemática. O STF foi questionado sobre isso na Ação cautelar 4.216 e AgRg no
AgRE 983.531/DF, mas não se ateve ao mérito e não modificou, nem manteve a decisão do STJ
Perdão Judicial (§1º)
sob o argumento de que se trata de matéria infraconstitucional e, portanto, não poderia apre-
Tem natureza de causas extintivas de punibilidade. ciar em sede de RE. A questão voltou ao STF no HC 154.248 de relatoria do Min. Edson Fachin.
As hipóteses são: Este votou pela equiparação, entendendo que injúria racial é uma espécie do gênero racismo;
a) quando o ofendido provocou de forma reprovável a injuria; portanto, é imprescritível. Já, Nunes Marques abriu a divergência nesta quarta, sob argumento
b) retorsão imediata com outra injuria de que as condutas dos crimes são diferentes e que a imprescritibilidade da injúria racial só
Estando caracterizados os requisitos exigidos pela lei, ainda que a lei diga que o juiz pode pode ser implementada pelo Poder Legislativo. De acordo com Nunes Marques, não é possível
conceder o perdão, o STJ diz que é um direito do acusado. interpretar a prescrição de forma extensiva, já que trata-se de “uma exceção feita pelo Consti-
tuinte”. A gravidade do delito, afirmou, “não pode servir para que o Poder Judiciário amplie as
Injuria Real (§2º) hipóteses de imprescritibilidade previstas pelo legislador e nem altere o prazo previsto na lei
penal”. Em voto-vista apresentado, Alexandre seguiu o relator. O ministro apontou que é obje-
É aquela praticada através de ato de violência ou vias de fato aviltantes. A injuria real é aque- tivo fundamental da República Federativa do Brasil “promover o bem de todos, sem preconcei-
la ofensa a honra subjetiva de alguém através de atos de agressividade. Ex. cuspir em alguém. tos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (artigo 3º, IV,
O que se entende por vias de fato? Segundo Magalhães Noronha, é a ofensa física que não da Constituição). Além disso, o país deve pautar suas relações internacionais pelo “repúdio ao
produz lesão e que não deixa vestígios. terrorismo e ao racismo” (artigo 4º, VIII, da Constituição). E o artigo 5º, XLII, da Carta Magna,
determina que o racismo é crime inafiançável e imprescritível. De acordo com Alexandre, a
Injuria por Preconceito ou Racial (§3º) Constituição considera inafiançável e imprescritível a prática do racismo, não apenas de um
Se a injuria consiste na utilização de elementos de raça, cor, etnia, religião, origem ou a tipo penal nomeado “racismo”. E isso vale tanto para o crime da Lei n. 7.716/1989 quanto para
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. a injúria racial. “Referir-se a alguém como expressões preconceituosas, como ‘negrinha nojen-
ta, ignorante e atrevida’, foi uma manifestação ilícita e preconceituosa em razão da condição

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DIREITO PENAL DIREITO PENAL
Crimes contra a Honra Crimes contra a Honra
Rodrigo Pardal Rodrigo Pardal

de negra da vítima. Então houve um ato de racismo”, declarou o ministro. Essa interpretação §1º – injuria/difamação/calunia mercenária – quando praticada mediante paga ou promessa de
permite uma efetivação plena do combate ao racismo no Brasil, avaliou Alexandre. “Somente pagamento – pena no dobro
§2º – cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais da rede mundial de com-
assim poderemos atenuar esse sentimento de inferiorização que as pessoas racistas querem
putadores – aumento no triplo (Lei n. 13.964/2019 – veto derrubado)
impor às suas vítimas”. O entendimento foi seguido pelos ministros Luís Roberto Barroso, Rosa
Weber, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Luiz Fux. Ao final entendeu-se que
Artigo 142 – Exclusão do Crime
o crime de injúria racial, porquanto espécie do gênero racismo, é imprescritível (HC 154248/
DF, Plenário, relator Min. Edson Fachin, julgamento em 28.10.2021). São causas que excluem a ilicitude. NÃO SE APLICAM À CALÚNIA. Mas apenas à injuria e
a difamação, dizendo que não se puna a injuria e a difamação quando:
Se for exibida informação ou imagem injuriosa, por meio de comunicação, em relação a
I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador –
idoso não haverá este crime, mas o do artigo 105 do Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003).
é a previsão da imunidade judicial ou judiciária. A lei prevê a imunidade para permitir debates
Homotransfobia: O STF ao julgar a ADO 26/DF não estendeu seus efeitos ao delito de in-
com maior amplitude das causas postas deduzidas em juízo, e essa prerrogativa pode ser
júria, de modo que caso ocorra este delito por preconceito relacionado à orientação sexual ou
usada pelo procurador ou pela parte
transexualidade incidirá a injúria do caput.
MP como fiscal da lei. Aplica-se a imunidade? Greco diz que não, vez que nesta hipótese
não atua como parte, mas como custos legis.
Disposições Comuns dos Crimes contra a Honra (141 a 145 do CP)
Imunidade do advogado: Prevista no art. 133 da CF que apenas a prevê de maneira vaga.
Artigo 141 – Aumento de Pena O EOAB (Lei n. 8.906/1994) em seu art. 7º, §2º prevê a imunidade em relação à difamação e
injúria, não havendo imunidade em relação à calúnia. O dispositivo previa também a imunidade
Aumenta-se de 1/3 se qualquer deles é cometido. APLICA-SE A TODOS EM PRINCIPIO, em relação ao desacato, mas neste ponto o STF declarou o dispositivo inconstitucional (ADI
exceção inciso IV. 1127). Portanto, abrange apenas difamação e injúria a imunidade.

I – contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro – aqui em razão do car- II – a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a inten-
go da pessoa. Em relação ao chefe de governo estrangeiro é necessário que ele esteja em território ção de injuriar ou difamar;
nacional, isso decorre do item 49, §4º da exposição de motivos que diz a expressão “em visita ao III – o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que
pais”. Presidente da Republica não é funcionário público e sim agente político do Estado. preste no cumprimento de dever do ofício.
II – contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do Senado Fe-
deral, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal;  Obs.: Nos incisos I e III responde quem dá publicidade.

Qual a diferença entre injúria majorada por ter sido praticada contra funcionário público JURISPRUDÊNCIA
e desacato (art. 331 do CP)? Imunidade parlamentar material: Entendeu o STF que essa imunidade apenas abarca as
declarações que apresentem nexo direto e evidente com o exercício das funções parla-
mentares. Parlamentar teria desferido ofensas verbais a artistas, ao afirmar, dentre outras
O desacato é um crime que se caracteriza na presença do funcionário público, e a injúria
imputações, que eles teriam “assaltado” os cofres públicos ao angariar recursos oriundos
contra funcionário público só pode ser praticada em sua ausência.
da Lei Rouanet. No caso concreto, embora aludindo à Lei Rouanet, o parlamentar nada
III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação acrescentou ao debate público sobre a melhor forma de distribuição dos recursos desti-
ou da injúria – pois aqui o dano a honra é maior. Quantas pessoas no mínimo a expressão “várias” nados à cultura, limitando-se a proferir palavras ofensivas à dignidade dos querelantes.
inclui?? A interpretação que se dá é de que quando a lei fala em varias pessoas esta falando sempre O Parlamento é o local por excelência para o livre mercado de ideias – não para o livre
no mínimo 3 ou mais pessoas com condições de entender o crime praticado mercado de ofensas. A liberdade de expressão política dos parlamentares, ainda que
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de in- vigorosa, deve se manter nos limites da civilidade. Ninguém pode se escudar na inviola-
júria – NÃO SE APLICA A INJURIA. Qual a razão de não se aplicar a injuria? É que existe a injuria por
bilidade parlamentar para, sem vinculação com a função, agredir a dignidade alheia ou
preconceito (140, § 3º), e na injuria por preconceito esta incluída o idoso ou portador de deficiente.

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DIREITO PENAL
Crimes contra a Honra
Rodrigo Pardal

difundir discursos de ódio, violência e discriminação (STF; PET 7174/DF; 1ª Turma; rel.
para acórdão rel. Min. Marco Aurélio; j. 10/03/2020 – Informativo 969).
Crime contra a honra e rede social: A autoria desses crimes praticados por meio da inter-
net demanda: (i) demonstração de que o réu é o titular de página, blogue ou perfil pelo
qual divulgado o material difamatório; (ii) demonstração do consentimento — prévio, con-
comitante ou sucessivo — com a veiculação em seu perfil; (iii) demonstração de que o réu
tinha conhecimento do conteúdo fraudulento da postagem (animus injuriandi, caluniandi
ou diffamandi) (STF; 1ª Turma; AP 1021/DF; rel. Min. Luiz Fux; j. 18.08.2020 – Informativo
987).

Artigo 143 – Retratação (apenas para Calúnia ou Difamação)


Artigo 143, parágrafo único (inserido pela Lei n. 13.188/15): Nos casos em que o querelado tenha
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se
assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.

Artigo 144 – Pedido de Explicações em Juízo

Artigo 145 – Natureza da Ação Penal nos Crimes contra Honra


Regra: Ação penal de iniciativa privada
Exceções:
Pública condicionada: Contra presidente da República, contra funcionário público em razão
de suas funções e injúria por preconceito.
Cuidado: Súmula 714 do STF. É concorrente e legitimidade do ofendido, mediante queixa e
do MP, condicionada a representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra
de servidor público em razão de suas funções.
Em verdade é alternativa, pois se o ofendido oferece representação, ele não pode mais
oferecer queixa-crime.
Cuidado: Natureza da lesão. Para parte da doutrina (Bitencourt), em se tratando injúria real
com lesão corporal deve se distinguir acerca de sua natureza. Assim, se for grave ou gravíssi-
ma, será pública incondicionada, já se for leve será pública condicionada.
E no caso de injúria real com vias de fato? Segundo o Decreto lei n. 3.688/1941 seria de
ação penal pública incondicionada. Há posição doutrinária (Bitencourt) no sentido de que a
ação penal deveria ser pública condicionada por proporcionalidade a partir de interpretação do
art. 88 da Lei n. 9.099/1995.

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LEGISLA‚ÌO Ð AGEPEN-MG LEGISLA‚ÌO Ð AGEPEN-MG
Teoria e Quest›es Teoria e Quest›es
Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimar‹es Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimar‹es

Encerrada a apresenta•‹o, vamos ˆ matŽria. Lembro a voc• que essa aula O termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos
demonstrativa serve para mostrar como o curso funcionar‡, mas isso n‹o quer agudos, f’sicos ou mentais, s‹o infligidos intencionalmente a uma pessoa a
dizer que a matŽria explorada nas p‡ginas a seguir n‹o seja importante ou n‹o fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informa•›es ou confiss›es; de
fa•a parte do programa. castig‡-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja
Analise o material com carinho, fa•a seus esquemas de memoriza•‹o e prepare- suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras
se para a revis‹o final. Se voc• seguir esta f—rmula, o curso ser‡ o suficiente para pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discrimina•‹o de qualquer
que voc• atinja um excelente resultado. Espero que voc• e goste e opte por se natureza, quando tais dores ou sofrimentos s‹o infligidos por um
preparar conosco. funcion‡rios pœblico ou outra pessoa no exerc’cio de fun•›es pœblicas, ou
por sua instiga•‹o, ou com o seu consentimento ou aquiesc•ncia.
Agora vamos ao que interessa. M‹os ˆ obra!

Podemos ver, portanto, que a tortura n‹o resume ˆ imposi•‹o de dor f’sica, mas
2 - Crimes de Tortura (Lei n¼ 9.455/1997) tambŽm est‡ relacionada ao sofrimento mental e emocional. Essa agonia
mental muitas vezes Ž chamada de tortura limpa, pois n‹o deixa marcas
A Lei dos Crimes de Tortura Ž pequena, mas muito importante. A Constitui•‹o
percept’veis facilmente.
Federal traz como princ’pio o repœdio ˆ tortura e ˆs penas degradantes,
desumanas e cruŽis. Vejamos o que diz a nossa Constitui•‹o sobre o assunto. Antes da Lei n¡ 9.455/1997 n‹o havia qualquer defini•‹o legal acerca do crime
de tortura. O termo era mencionado em algumas leis, mas de forma genŽrica e
esparsa, de modo que a Doutrina nunca aceitou que houvesse a tipifica•‹o do
Art. 5¡, III - ninguŽm ser‡ submetido a tortura nem a tratamento desumano ou crime de tortura antes da referida lei.
degradante;
A Lei da Tortura Ž muito criticada pela imprecis‹o na tipifica•‹o do crimes. A lei
[...]
foi votada ˆs pressas e sem muita discuss‹o no Poder Legislativo, sob o impacto
XLIII - a lei considerar‡ crimes inafian•‡veis e insuscet’veis de gra•a ou anistia a emocional no que aconteceu na Favela Naval, em Diadema.
pr‡tica da tortura , o tr‡fico il’cito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os Esse caso se refere a uma sŽrie de reportagens investigativas conduzidas em
que, podendo evit‡-los, se omitirem. 1997 acerca de condutas praticadas por policiais militares na Favela Naval. Esses
policiais foram filmados extorquindo dinheiro, humilhando, espancando e
executando pessoas numa blitz.
A tortura, portanto, Ž um crime inafian•‡vel e insuscet’vel de gra•a ou
anistia. ATEN‚ÌO! O crime de tortura n‹o Ž imprescrit’vel! Essa caracter’stica O fervor das discuss›es ent‹o levou ˆ apresenta•‹o de um projeto de lei que foi
Ž aplic‡vel apenas aos crimes de racismo e ˆs a•›es de grupos armados, civis ou rapidamente aprovado pelo Poder Legislativo, sem as discuss›es que seriam
militares, contra a ordem constitucional e o estado democr‡tico. necess‡rias ˆ elabora•‹o de uma lei tecnicamente bem feita.
J‡ houve decis‹o do STF no sentido de negar tambŽm a aplica•‹o do indulto a Esse Ž o pano da fundo da hist—ria, mas isso obviamente n‹o interessa para a
condenado por crime de tortura. nossa prova, n‹o Ž mesmo!? Vamos ao que realmente interessa, que Ž a an‡lise
do texto legal.

A Constitui•‹o determina que o crime de tortura Ž


inafian•‡vel e insuscet’vel de gra•a ou anistia, mas Art. 1¼ Constitui crime de tortura:
n‹o Ž imprescrit’vel. I - constranger alguŽm com emprego de viol•ncia ou grave amea•a, causando-lhe
sofrimento f’sico ou mental:
a) com o fim de obter informa•‹o, declara•‹o ou confiss‹o da v’tima ou de terceira pessoa;
O STF tambŽm j‡ decidiu que o condenado por crime de tortura tambŽm n‹o
b) para provocar a•‹o ou omiss‹o de natureza criminosa;
pode ser beneficiado com indulto.
c) em raz‹o de discrimina•‹o racial ou religiosa;
A defini•‹o de tortura deve ser buscada na Conven•‹o Internacional contra a
Tortura e Outras Penas ou Tratamentos CruŽis, Desumanos e Degradantes, II - submeter alguŽm, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de viol•ncia
ou grave amea•a, a intenso sofrimento f’sico ou mental, como forma de aplicar castigo
aprovada pelas Na•›es Unidas em 1984 e ratificada e promulgada pelo Brasil em pessoal ou medida de car‡ter preventivo.
1991.
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Teoria e Quest›es Teoria e Quest›es
Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimar‹es Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimar‹es

Pena - reclus‹o, de dois a oito anos. Marquei de cor diferente a TORTURA-CASTIGO para que voc• memorize uma
caracter’stica diferente. O inciso II do art. 1¡ tipifica a conduta daquele que inflige
sofrimento a pessoa que esteja sob sua guarda, poder ou autoridade, com
A tortura, em qualquer de suas modalidades, Ž crime material, pois s— ha finalidade de castigar.
consuma•‹o com o pr—prio resultado: o sofrimento da v’tima. Pela mesma raz‹o,
podemos dizer que Ž poss’vel a tentativa e a desist•ncia volunt‡ria. Podemos concluir, portanto que a TORTURA-CASTIGO Ž um crime pr—prio,
pois somente pode ser praticado por quem tenha o dever de guarda ou exer•a
AlŽm disso, n‹o se admite o arrependimento eficaz e nem o poder ou autoridade sobre a v’tima. Ao mesmo tempo exige-se tambŽm uma
arrependimento posterior. O crime de tortura Ž de a•‹o penal pœblica condi•‹o especial do sujeito passivo, que precisa estar sob a autoridade do
incondicionada. torturador.
O exemplo de TORTURA-CASTIGO mais comum Ž o do agente penitenci‡rio que
tortura presos, ou do pai que tortura os pr—prios filhos.
CRIME DE TORTURA
As demais modalidades de tortura s‹o crimes comuns, pois n‹o se exige
CARACTERêSTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES nenhuma qualidade especial do agente ou da v’tima.

ƒ um crime material
¤ 1¼ Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de
ƒ poss’vel a tentativa e a desist•ncia volunt‡ria seguran•a a sofrimento f’sico ou mental, por intermŽdio da pr‡tica de ato n‹o previsto em
lei ou n‹o resultante de medida legal.

N‹o se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posterior


Esta Ž a TORTURA DA PRESO OU DE PESSOA SUJEITA A MEDIDA DE
A•‹o penal pœblica incondicionada
SEGURAN‚A. A tipifica•‹o espec’fica de crime cometido contra essas pessoas
refor•a o que determina a Lei do Abuso de Autoridade e a pr—pria Constitui•‹o
Federal, que assegura Òaos presos o respeito ˆ integridade f’sica e moralÓ.
Pelo texto do art. 1¡, podemos concluir que h‡ diferentes modalidades de
Perceba que esta conduta Ž a œnica que n‹o exige dolo espec’fico do agente.
tortura, a depender da inten•‹o do agente criminoso. Vejamos quais s‹o essas
Basta que a pessoa presa ou sujeita a medida de seguran•a seja submetida a
modalidades, de acordo com a pr—pria lei e a Doutrina.
sofrimento, n‹o sendo exigida nenhuma finalidade especial por parte do
torturador.

MODALIDADES DE TORTURA
¤ 2¼ Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evit‡-las
ou apur‡-las, incorre na pena de deten•‹o de um a quatro anos.
Infligida com a finalidade de obter
TORTURA-PROVA ou TORTURA informa•‹o, declara•‹o ou
PERSECUTîRIA confiss‹o da v’tima ou de terceira Esta Ž a OMISSÌO PERANTE A TORTURA. J‡ sabemos que, de acordo com o
pessoa (inciso I, al’nea ÒaÓ). pr—prio C—digo Penal, a omiss‹o s— Ž penalmente relevante Òquando o omitente
devia e podia agir para evitar o resultadoÓ.
TORTURA PARA A PRçTICA DE Infligida para provocar a•‹o ou
CRIME ou TORTURA-CRIME omiss‹o de natureza criminosa. A Doutrina critica duramente este dispositivo, pois ele apenas criminaliza a
omiss‹o daquele que tinha o dever de agir para evitar a tortura, e n‹o inclui
TORTURA DISCRIMINATîRIA ou Infligida em raz‹o de aquele que, apesar de n‹o ter o dever, tinha a possibilidade de impedir o ato de
TORTURA-RACISMO discrimina•‹o racial ou religiosa tortura e n‹o o fez.

Infligida como forma de aplicar


Apenas responde por OMISSÌO PERANTE A TORTURA
TORTURA-CASTIGO castigo pessoal ou medida de
aquele que tinha o dever de agir para evitar o ato de tortura
car‡ter preventivo.
e n‹o o faz.
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¤ 3¼ Se resulta les‹o corporal de natureza grave ou grav’ssima, a pena Ž de reclus‹o III - se o crime Ž cometido mediante sequestro.
de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclus‹o Ž de oito a dezesseis anos.

A defini•‹o de agente pœblico deve ser tomada de forma ampla, nos termos do
Estas s‹o as hip—teses de TORTURA QUALIFICADA. Apenas chamo sua aten•‹o C—digo Penal, que estabelece que, para efeito penais, deve ser considerado
para as qualificadoras, que s‹o o resultado les‹o corporal grave ou grav’ssima, funcion‡rio pœblico Òaquele que, embora transitoriamente ou sem remunera•‹o,
ou morte. A les‹o corporal leve n‹o Ž qualificadora do crime de tortura. exerce cargo, emprego ou fun•‹o pœblicaÓ.
Voc• j‡ sabe que, nos casos em que a condi•‹o de agente pœblico Ž elementar
A les‹o corporal leve n‹o Ž qualificadora do crime de do crime, n‹o pode se aplicada esta agravante. N‹o faria sentido, por exemplo,
tortura. A TORTURA QUALIFICADA somente ocorre quando aplicar agravante ˆ TORTURA-CASTIGO infligida por agente penitenci‡rio contra
houver como resultado les‹o corporal grave ou presos, pois, se o agente n‹o fosse funcion‡rio pœblico, n‹o poderia haver o
grav’ssima ou, ainda, o resultado morte. crime.
Segundo o Estatuto da Crian•a e do Adolescente, s‹o consideradas crian•as as
pessoas que tenham menos de 12 anos, enquanto adolescentes s‹o aqueles
Para esclarecer as quest›es acerca da natureza da les‹o corporal, Ž interessante que t•m mais de 12 e menos de 18.
que voc• relembre o teor do art. 129 do C—digo Penal, que trata do tema. As
hip—teses de les‹o corporal grave est‹o previstas no ¤1¡, enquanto o ¤2¡ traz os Por fim, a agravante relacionada ao sequestro Ž aplic‡vel quando a v’tima Ž
casos de les‹o corporal grav’ssima. sequestrada e, durante o sequestro, o agente comete crime de tortura. Caso o
agente cerceie a liberdade da v’tima com a finalidade œnica de infligir a tortura,
n‹o h‡ que se falar em sequestro.
CP, Art. 129.
[...]
¤ 5¼ A condena•‹o acarretar‡ a perda do cargo, fun•‹o ou emprego pœblico e a
¤ 1¼ Se resulta: interdi•‹o para seu exerc’cio pelo dobro do prazo da pena aplicada.
I - Incapacidade para as ocupa•›es habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
Este Ž um efeito extrapenal administrativo da condena•‹o. Caso o agente
III - debilidade permanente de membro, sentido ou fun•‹o;
do crime de tortura seja funcion‡rio pœblico, perder‡ seu cargo, fun•‹o ou
IV - acelera•‹o de parto: emprego e ficar‡ interditado para seu exerc’cio pelo per’odo equivalente ao dobro
[...] da pena.
¤ 2¡ Se resulta: O STF e o STJ j‡ decidiram que esse efeito decore automaticamente da
I - Incapacidade permanente para o trabalho; condena•‹o.
II - enfermidade incur‡vel;
III - perda ou inutiliza•‹o do membro, sentido ou fun•‹o; ¤ 7¼ O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hip—tese do ¤ 2¼, iniciar‡ o
cumprimento da pena em regime fechado.
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Para responder as quest›es de prova com precis‹o, Ž importante conhecer, ao
menos em parte, o conteœdo da Lei n¡ 8.072/1990, que trata dos crimes
Agora voltaremos ˆ Lei n¡ 9.455/1997 para analisar as causas de aumento de hediondos e equiparados, entre eles a tortura.
pena para o crime de tortura.
A mencionada lei estabelecia o cumprimento das penas relativas aos crimes
hediondos e equiparados em regime integralmente fechado. Quando a Lei de
¤ 4¼ Aumenta-se a pena de um sexto atŽ um ter•o: Tortura foi promulgada, considerou-se que houve derroga•‹o parcial do
I - se o crime Ž cometido por agente pœblico; dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos.
II Ð se o crime Ž cometido contra crian•a, gestante, portador de defici•ncia,
adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
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Em 2007 a Lei dos Crimes Hediondos foi alterada, e hoje todos os crimes - Quando a v’tima do crime for brasileira;
hediondos e equiparados devem ter suas penas cumpridas inicialmente em
- Quando o agente se encontre em local em que a lei brasileira seja, em geral,
regime fechado, mas Ž poss’vel a progress‹o de regime. aplic‡vel.
A pol•mica, porŽm, n‹o acabou. O STJ tem afirmado, em julgados recentes, que
n‹o Ž obrigat—rio que o condenado por crime de tortura inicie o
cumprimento da pena em regime fechado. Esse entendimento decorre do
posicionamento do STF relacionado aos crimes hediondos e equiparados, e entre
3 - Quest›es
os equiparados est‡ o crime de tortura.
3.1 - Quest›es sem Coment‡rios
DIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA NO CRIME DE QUESTÌO 01 - DEPEN Ð Agente Penitenci‡rio Ð 2015 Ð Cespe.
TORTURA.
SITUA‚ÌO HIPOTƒTICA: Um servidor pœblico federal, no exerc’cio de
N‹o Ž obrigat—rio que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no atividade carcer‡ria, colocou em perigo a saœde f’sica de preso em virtude
regime prisional fechado. Disp›e o art. 1¼, ¤ 7¼, da Lei 9.455/1997 Ð lei que define os
de excesso na imposi•‹o da disciplina, com a mera inten•‹o de aplicar
crimes de tortura e d‡ outras provid•ncias Ð que ÒO condenado por crime previsto nesta
Lei, salvo a hip—tese do ¤ 2¼, iniciar‡ o cumprimento da pena em regime fechadoÓ. medida educativa, sem lhe causar sofrimento.
Entretanto, cumpre ressaltar que o Plen‡rio do STF, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe ASSERTIVA: Nessa situa•‹o, o referido agente responder‡ pelo crime de
17.12.2013), afastou a obrigatoriedade do regime inicial fechado para os condenados por
crimes hediondos e equiparados, devendo-se observar, para a fixa•‹o do regime inicial de
tortura
cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP. Assim, por ser
equiparado a crime hediondo, nos termos do art. 2¼, caput e ¤ 1¼, da Lei 8.072/1990, Ž QUESTÌO 02 - DPU Ð Defensor Pœblico Federal Ð 2015 Ð Cespe.
evidente que essa interpreta•‹o tambŽm deve ser aplicada ao crime de tortura, sendo o
caso de se desconsiderar a regra disposta no art. 1¼, ¤ 7¼, da Lei 9.455/1997, que possui Caracteriza uma das espŽcies do crime de tortura a conduta consistente em,
a mesma disposi•‹o da norma declarada inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao adotar com emprego de grave amea•a, constranger outrem em raz‹o de
essa posi•‹o, n‹o se est‡ a violar a Sœmula Vinculante n.¼ 10, do STF, que assim disp›e: discrimina•‹o racial, causando-lhe sofrimento mental.
"Viola a cl‡usula de reserva de plen‡rio (CF, art. 97) a decis‹o de —rg‹o fracion‡rio de
tribunal que, embora n‹o declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato QUESTÌO 03 - SEAP-DF Ð Agente de Atividades Penitenci‡rias
normativo do poder pœblico, afasta sua incid•ncia, no todo ou em parte". De fato, o
entendimento adotado vai ao encontro daquele proferido pelo Plen‡rio do STF, tornando-se Ð 2015 Ð Universa.
desnecess‡rio submeter tal quest‹o ao îrg‹o Especial desta Corte, nos termos do art. 481,
par‡grafo œnico, do CPC: "Os —rg‹os fracion‡rios dos tribunais n‹o submeter‹o ao plen‡rio,
A condena•‹o por crime de tortura acarretar‡ a perda do cargo, da fun•‹o
ou ao —rg‹o especial, a argui•‹o de inconstitucionalidade, quando j‡ houver pronunciamento ou do emprego pœblico e a interdi•‹o, para seu exerc’cio, pelo triplo do prazo
destes ou do plen‡rio do Supremo Tribunal Federal sobre a quest‹o". Portanto, seguindo a da pena aplicada.
orienta•‹o adotada pela Suprema Corte, deve-se utilizar, para a fixa•‹o do regime inicial
de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP e as Sœmulas QUESTÌO 04 - PC-CE Ð Escriv‹o de Pol’cia Ð 2015 Ð VUNESP.
440 do STJ e 719 do STF. Confiram-se, a prop—sito, os mencionados verbetes sumulares:
"Fixada a pena-base no m’nimo legal, Ž vedado o estabelecimento de regime prisional mais O crime de tortura (Lei no 9.455/97) tem pena aumentada de um sexto atŽ
gravoso do que o cab’vel em raz‹o da san•‹o imposta, com base apenas na gravidade um ter•o se for praticado
abstrata do delito." (Sœmula 440 do STJ) e "A imposi•‹o do regime de cumprimento mais
severo do que a pena aplicada permitir exige motiva•‹o id™nea." (Sœmula 719 do STF). a) ininterruptamente, por per’odo superior a 24 h.
Precedente citado: REsp 1.299.787-PR, Quinta Turma, DJe 3/2/2014. HC 286.925-RR, Rel.
Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014. b) em concurso de pessoas
c) por motivos pol’ticos.

Art. 2¼ O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime n‹o tenha sido cometido em d) contra mulher
territ—rio nacional, sendo a v’tima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob e) por agente pœblico.
jurisdi•‹o brasileira.

QUESTÌO 05 - DPE-RS Ð Defensor Pœblico Ð 2014 Ð FCC.


Em algumas situa•›es, a Lei de Tortura pode ser aplicada mesmo fora do Sobre a Lei n¼ 9.455/97 (Crimes de Tortura), Ž correto afirmar que
territ—rio nacional:
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Coment‡rios TORTURA DISCRIMINATîRIA ou Infligida em raz‹o de


TORTURA-RACISMO discrimina•‹o racial ou religiosa
Segundo o ¤5¼ do art. 1¼, a condena•‹o pelo crime de tortura acarretar‡ a perda
do cargo, fun•‹o ou emprego pœblico e a interdi•‹o para seu exerc’cio pelo dobro Infligida como forma de aplicar
do prazo da pena aplicada. TORTURA-CASTIGO castigo pessoal ou medida de
car‡ter preventivo.
GABARITO: A

Apenas responde por OMISSÌO PERANTE A TORTURA aquele que tinha o


4 - Resumo da Aula dever de agir para evitar o ato de tortura e n‹o o faz.
Para finalizar o estudo da matŽria, trazemos um resumo dos
principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa
sugest‹o Ž a de que esse resumo seja estudado sempre A les‹o corporal leve n‹o Ž qualificadora do crime de tortura. A TORTURA
previamente ao in’cio da aula seguinte, como forma de QUALIFICADA somente ocorre quando houver como resultado les‹o corporal
ÒrefrescarÓ a mem—ria. AlŽm disso, segundo a organiza•‹o grave ou grav’ssima ou, ainda, o resultado morte.
de estudos de voc•s, a cada ciclo de estudos Ž fundamental
retomar esses resumos.
5 - Considera•›es Finais
A Constitui•‹o determina que o crime de tortura Ž inafian•‡vel e insuscet’vel Conclu’mos aqui nossa aula demonstrativa. Espero que voc• tenha gostado e
de gra•a ou anistia, mas n‹o Ž imprescrit’vel. opte por preparar-se com o EstratŽgia. Se tiver dœvidas, utilize nosso f—rum.
O STF tambŽm j‡ decidiu que o condenado por crime de tortura tambŽm n‹o Estou sempre ˆ disposi•‹o tambŽm no e-mail e nas redes sociais.
pode ser beneficiado com indulto.
Grande abra•o!

CRIME DE TORTURA Paulo Guimar‹es


CARACTERêSTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES
professorpauloguimaraes@gmail.com
ƒ um crime material

ƒ poss’vel a tentativa e a desist•ncia volunt‡ria


N‹o deixe de me seguir nas redes sociais!
N‹o se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posterior
www.facebook.com/profpauloguimaraes
A•‹o penal pœblica incondicionada
@profpauloguimaraes

MODALIDADES DE TORTURA (61) 99607-4477


Infligida com a finalidade de obter
TORTURA-PROVA ou TORTURA informa•‹o, declara•‹o ou
PERSECUTîRIA confiss‹o da v’tima ou de terceira
pessoa (inciso I, al’nea ÒaÓ).
TORTURA PARA A PRçTICA DE Infligida para provocar a•‹o ou
CRIME ou TORTURA-CRIME omiss‹o de natureza criminosa.
CONHECIMENTOS ÉTNICO-RACIAIS CONHECIMENTOS ÉTNICO-RACIAIS
Lei n. 10.678/2003 – Referente à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial Lei n. 10.678/2003 – Referente à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
da Presidência da República da Presidência da República
Helder Oliveira Helder Oliveira

LEI N. 10.678/2003 – REFERENTE À SECRETARIA DE Lei n. 7.437, de 20 de Dezembro de 1985


POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL DA (Vide Decreto-Lei n. 3.688, de 3.10.1941) =
Inclui, entre as contravenções penais a prática de
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS
atos resultantes de preconceito de raça, de cor,
(Vide Lei n. 1.390, de 1951) = Inclui entre
de sexo ou de estado civil, dando nova redação à
Conhecendo a Legislação as contravenções penais a prática de atos
Lei n. 1.390, de 3 de julho de 1951 - Lei Afonso
resultantes de preconceitos de raça ou de
Arinos.
côr.
De início, estudaremos a Lei n. 7.437, publicada em 20 de dezembro de 1985.
Qual o objeto da Lei?
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sancio-
Conhecida por “Lei Caó”, é uma lei federal que estabelece a hipótese criminosa de ofer-
no a seguinte Lei:
tar tratamento discriminatório no mercado de trabalho, entre outros ambientes, por motivo
de raça/cor.
Esta lei classifica o racismo e o impedimento de acesso a serviços diversos por motivo Você sabe o que é a sanção do Presidente da República?
de raça, cor, sexo, ou estado civil como crime inafiançável, punível com prisão de até cinco • É a concordância do presidente da República com projeto de lei que tenha sido aprovado nas
anos e multa. duas casas do Congresso Nacional.
− O prazo para ocorrer a sanção é de 15 dias úteis, contados da data do recebimento do
projeto aprovado.
Não esquecer do tratamento constitucional que é dado ao crime de racismo.
Veja o fundamento constitucional:
Art. 5º da CF/1988: Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da
(…)
República, que, aquiescendo, o sancionará.
§ 1º Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis,
nos termos da lei;
contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente
XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, do Senado Federal os motivos do veto.
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

Art. 1º. Constitui contravenção, punida nos termos desta lei, a prática de atos resultantes
FICA DE OLHO:
de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Esta Lei foi publicada e entrou em vigor no mesmo dia, vamos entender essa diferença?
a) PUBLICAÇÃO: é o ato que a torna obrigatória. Uma vez publicada, os cidadãos são informa-
>> cor
dos sobre a existência de nova norma jurídica, assim, não poderão alegar desconhecimento > Constitui contravenção
>> estado civil
da lei para não a cumprir. >> punida nos termos desta lei
>> raça
>> a prática de atos resultantes
b) ENTRADA EM VIGOR: designa a existência específica da norma em determinada época, >> sexo
podendo ser invocada para produzir, concretamente, efeitos, ou seja, para que tenha eficácia.
DICA
tente memorizar pela ordem alfabética, ao invés da ordem tra-
zida pela Lei.

Art. 2º. Será considerado agente de contravenção o diretor, gerente ou empregado do es-
tabelecimento que incidir na prática referida no artigo 1º. desta lei.

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Helder Oliveira Helder Oliveira

Das Contravenções > Recusar:

>>diretor >> a venda de mercadoria em lojas de qualquer


>> empregado gênero
>> gerente
**do estabelecimento ou > Pena:
> Que incidir na prática de atos resultantes em
> AGENTE DE CONTRAVENÇÃO
preconceito: >> atendimento de clientes em: >> Prisão simples de:
>> cor a) Restaurantes QUINZE dias a TRÊS meses
>> estado civil b) bares
>> raça c) confeitarias +
>> sexo d) locais semelhantes
abertos ao público, >> Multa de UMA a TRÊS vezes o maior valor
Art. 3º. Recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem ou estabelecimento de mesma > Em razão de preconceito de: de referência.
finalidade, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
>> cor
Pena – prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa de 3 (três) a 10 (dez) vezes >> estado civil
o maior valor de referência (MVR). >> raça
>> sexo
> Recusar:
Art. 5º. Recusar a entrada de alguém em estabelecimento público, de diversões ou de es-
>> hospedagem em: > Pena: porte, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
a) hotel
b) pensão Pena – Prisão simples, de 15 (quinze dias a 3 (três) meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três)
>> Prisão simples de:
c) estalagem TRÊS meses a UM ano vezes o maior valor de referência (MVR).
d) estabelecimento de mesma finalidade
> Em razão de preconceito de: + >Recusar:
>Pena:
>> cor >> Multa de TRÊS a DEZ vezes o maior valor de >>a entrada de alguém em:
>> estado civil referência. a) estabelecimento público >>Prisão simples de:
>> raça de diversões ou de esporte QUINZE dias a TRÊS meses
>> sexo
>Em razão de preconceito de:
+
Art. 4º. Recusar a venda de mercadoria em lojas de qualquer gênero ou o atendimento de >>cor
>>estado civil >>Multa de UMA a TRÊS vezes o maior valor
clientes em restaurantes, bares, confeitarias ou locais semelhantes, abertos ao público, por de referência.
>>raça
preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. >>sexo
Pena – Prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três)
vezes o maior valor de referência (MVR).
Art. 6º. Recusar a entrada de alguém em qualquer tipo de estabelecimento comercial ou
de prestação de serviço, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Pena – prisão simples, de 15 (quinze) dias e 3 (três) meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três)
vezes o maior valor de referência (MVR).

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Helder Oliveira Helder Oliveira

>Recusar: > Obstar

a entrada de alguém >Pena: >>o acesso de alguém > Pena:


em qualquer tipo de estabelecimento >>Prisão simples de: >>a qualquer cargo público
comercial ou de prestação de serviço QUINZE dias a TRÊS meses a) civil >> perda do cargo
b) militar >> depois de apurada a responsabilidade em
> Em razão de preconceito de: +
> Em razão de preconceito de: inquérito regular
>>cor >> para o funcionário dirigente da repartição
>>Multa de UMA a TRÊS vezes o maior valor
>>estado civil >> cor de que dependa a inscrição no concurso de
de referência.
>>raça >> estado civil habilitação dos candidatos.
>>sexo >> raça
>> sexo
Art. 7º. Recusar a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou
grau, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. Art. 9º. Negar emprego ou trabalho a alguém em autarquia, sociedade de economia mista,
Pena – prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa de 1(uma) a três) vezes o empresa concessionária de serviço público ou empresa privada, por preconceito de raça, de
maior valor de referência (MVR). cor, de sexo ou de estado civil.
Parágrafo único. Se se tratar de estabelecimento oficial de ensino, a pena será a perda do Pena – prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes
cargo para o agente, desde que apurada em inquérito regular. o maior valor de referência (MVR), no caso de empresa privada; perda do cargo para o respon-
sável pela recusa, no caso de autarquia, sociedade de economia mista e empresa concessio-
>Recusar: nária de serviço público.

a inscrição de aluno >Pena:


> Negar: > Pena:
em estabelecimento de ensino de qualquer >>Prisão simples de:
curso ou grau TRÊS meses a UM ano
a) emprego >> Prisão simples de:
>Em razão de preconceito de: b) trabalho TRÊS meses a UM ano
+
>> a alguém em:
>>cor a) Autarquia +
>>Multa de UMA a TRÊS vezes o maior valor
>>estado civil b) sociedade de economia mista
de referência.
>>raça c) empresa concessionária de serviço público a) EMPRESA PRIVADA
>>sexo d) empresa privada >> Multa de UMA a TRÊS vezes o maior valor
de referência.
> Em razão de preconceito de:
b) EMPRESA E CONCESSIONÁRIA DE
>Se se tratar de estabelecimento oficial de ensino SERVIÇO PÚBLICO
>> cor
>>a pena será a perda do cargo para o agente >> perda do cargo
>> estado civil
>>DESDE QUE apurada em inquérito regular. >> para o responsável pela recusa, no caso
>> raça
>> sexo de autarquia, sociedade de economia mista e
Art. 8º. Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público civil ou militar, por preconcei- empresa concessionária de serviço público.
to de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Pena – perda do cargo, depois de apurada a responsabilidade em inquérito regular, para Art. 10. Nos casos de reincidência havidos em estabelecimentos particulares, poderá o
o funcionário dirigente da repartição de que dependa a inscrição no concurso de habilitação juiz determinar a pena adicional de suspensão do funcionamento, por prazo não superior a 3
dos candidatos. (três) meses.

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Lei n. 10.678/2003 – Referente à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial Lei n. 10.678/2003 – Referente à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
da Presidência da República da Presidência da República
Helder Oliveira Helder Oliveira

Art. 1º Fica criada, como órgão de assessoramento imediato ao Presidente da República,


> nos casos de REINCIDÊNCIA
a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
>> em estabelecimentos PARTICULARES
> Secretaria Especial de Políticas de Promoção >> órgão de assessoramento IMEDIATO
>> PODERÁ o juiz determinar:
a) pena adicional de suspensão do funcionamento da Igualdade Racial >> ao Presidente da República
b) por prazo NÃO SUPERIOR a três meses.
> O que são ÓRGÃOS PÚBLICOS?
Art. 11. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. >> é uma unidade
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. >> integrada por agentes públicos
>> com atribuição específica
>> existe para o cumprimento de uma atividade estatal designada.
a) O que é revogar?
>> “revogar significa retirar a validade por meio de outra norma”
>> A norma revogada sai do sistema, interrompendo o curso da sua vigência. Art. 2º (Revogado pela Lei n. 12.314, de 2010)

b) Quais as modalidades de revogação? ATENÇÃO: esse dispositivo foi REVOGADO pela Lei 12.314/2010.
>> Revogação expressa: a lei indica o que está a ser revogado.
>> Revogação tácita: a norma revogadora é implícita e a revogação resulta da incompatibilidade > O que significa revogação?
entre as normas. >> é fazê-la perder a vigência

> Este artigo é um exemplo de revogação EXPRESSA. > Modalidades:


>> Ab-rogação. Quando há revogação total da lei.
Brasília, 20 de dezembro de 1985; 164º da Independência e 97º da República. >> Derrogação. Quando há revogação parcial da lei.
JOSÉ SARNEY
Fernando Lyra Art. 3º O CNPIR será presidido pelo titular da Secretaria Especial de Políticas de Promoção
Este texto não substitui o publicado no DOU de 23.12.1985 da Igualdade Racial, da Presidência da República, e terá a sua composição, competências
LEI No 10.678, DE 23 DE MAIO DE 2003. e funcionamento estabelecidos em ato do Poder Executivo, a ser editado até 31 de agos-
to de 2003.
Lei n. 10.678, de 23 de Maio de 2003
>CNPIR
Vamos agora estudar a Lei no 10.678, de 23 de maio de 2003.
>> Presidente: titular da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Cria a Secretaria Especial de Políticas de Presidência da República
Conversão da Medida Provisória n. 111,
Promoção da Igualdade Racial, da Presidência
de 2003 >> composição, competências e funcionamento: estabelecidos em ato do Poder Executivo, a ser
da República, e dá outras providências.
editado até 31 de agosto de 2003.

Faço saber que o Presidente da República adotou a Medida Provisória n. 111, de 2003, que
Parágrafo único. A Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da
o Congresso Nacional aprovou, e eu, Eduardo Siqueira Campos, Segundo Vice-Presidente, no
Presidência da República, constituirá, no prazo de noventa dias, contado da publicação desta
exercício da Presidência da Mesa do Congresso Nacional, para os efeitos do disposto no art.
Lei, grupo de trabalho integrado por representantes da Secretaria Especial e da sociedade
62 da Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda constitucional n. 32, combinado
civil, para elaborar proposta de regulamentação do CNPIR, a ser submetida ao Presidente da
com o art. 12 da Resolução n. 1, de 2002-CN, promulgo a seguinte Lei:
República.

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Lei n. 10.678/2003 – Referente à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial Lei n. 10.678/2003 – Referente à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
da Presidência da República da Presidência da República
Helder Oliveira Helder Oliveira

> A Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República >> na Secretaria Especial de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial da Presidência da República
>> constituirá em NOVENTA dias >> um cargo de natureza especial de Secretário
> Ficam criados
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
>> contados da publicação desta Lei: Racial
a) grupo de trabalho integrado por representantes da Secretaria Especial e da sociedade civil >> e um cargo de Secretário-Adjunto
b) para elaborar proposta de regulamentação do CNPIR
c) a ser submetida ao Presidente da República.
Art. 4º Fica criado, na Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
da Presidência da República, 1 (um) cargo de Secretário-Adjunto, código DAS 101.6. (Redação
> Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial - CNPIR dada pela Lei n. 11.693, de 2008)
>> é um órgão colegiado de caráter consultivo
>> integrante da estrutura básica da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade >> na Secretaria Especial de Políticas de
Racial - SNPIR Promoção da Igualdade Racial da Presidência
>Fica criado
>>membro do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos – MMFDH. da República
>> Criado pela Lei n. 10.678, 23 de maio de 2003 >> um cargo de Secretário-Adjunto
>> regulamentado pelo Decreto n. 4.885, de 20 de novembro de 2003
>> com alterações feitas pelo Decreto n. 6.509, de 16 de julho de 2008
>> os quais dispõem sobre a composição, a estruturação, a competências e o funcionamento do Art. 4º-A. Fica transformado o cargo de Secretário Especial de Políticas de Promoção da
Conselho. Igualdade Racial no cargo de Ministro de Estado Chefe da Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial. (Incluído pela Lei n. 11.693, de 2008)
>Missão:
>> propor políticas de promoção da igualdade racial
>> com ênfase na população negra e em outros segmentos raciais e étnicos da população brasileira. >Em:
>fica TRANSFORMADO
>> combate ao racismo Ministro de Estado Chefe da Secretaria
>> o cargo de Secretário Especial de Políticas
>> propor alternativas para a superação das desigualdades raciais, do ponto de vista econômico, Especial de Políticas de Promoção da
de Promoção da Igualdade Racial
social, político e cultural. Igualdade Racial.

> Composição:
>> Presidido pelo Secretário Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
essa transformação foi a partir da Lei 11.693/2008, fruto da Medida Provisória 419/2008.
>> constituído por 44 (quarenta e quatro) membros
>> 22 (vinte e dois) representantes do Poder Público Federal
>> 19 (dezenove) representantes de entidades da sociedade civil, indicados a partir de processo Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
seletivo
>> 3 (três) personalidades notoriamente reconhecidas no âmbito das relações raciais.
Congresso Nacional, em 23 de maio de 2003; 182º da Independência e 115º da República.
Senador EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS
Art. 4º Ficam criados, na Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial,
Segundo Vice-Presidente da Mesa do Congresso Nacional, no exercício da Presidência
da Presidência da República, um cargo de natureza especial de Secretário Especial de Políti-
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 26.5.2003
cas de Promoção da Igualdade Racial e um cargo de Secretário-Adjunto, código DAS 101.6.

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Lei n. 10.678/2003 – Referente à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial Lei n. 10.678/2003 – Referente à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
da Presidência da República da Presidência da República
Helder Oliveira Helder Oliveira

>MEDIDA PROVISÓRIA: RESUMO


a) Topografia Constitucional: art. 62 da CF/1988 Artigos para Revisão
>> Espécie normativa primária, pois retira seu fundamento de validade da própria CF/1988 (assim
como a LC e a LO). Lei Federal n. 7.437, de 20 de Dezembro de 1985 (Lei Caó)
>> É norma precária, pois produz efeitos por um prazo delimitado. Se justifica em razão de situação
excepcional (relevante e urgente). Art. 1º. Constitui contravenção, punida nos termos desta lei, a prática de atos resultantes
>> Ela não é lei, mas tem força de lei ordinária. de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
>> Não pode versar sobre de matéria reservada ao tratamento mediante de Lei Complementar.
Art. 2º. Será considerado agente de contravenção o diretor, gerente ou empregado do es-
b) Limitações materiais: tabelecimento que incidir na prática referida no artigo 1º. desta lei.

>> Expressas: art. 62, §1º, CF/1988: não pode tratar de nacionalidade, direitos políticos, matéria Lei Federal n. 10.678, de 23 de Maio de 2003, com as Alterações da Lei Federal
reservada a LC, organização do MP nem do judiciário. n. 13.341, de 29 de Setembro de 2016 (Referente à Secretaria de Políticas de Promo-
>> Implícitas - arts. 49, 51 e 52: Não pode tratar de matérias exclusivas do Congresso Nacional,
ção da Igualdade Racial da Presidência da República)
privativa da Câmara, nem de matérias de competência privativa do Senado.
> Diante disso, vamos entender como funciona a conversão de uma medida provisória em Lei: Art. 3º O CNPIR será presidido pelo titular da Secretaria Especial de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial, da Presidência da República, e terá a sua composição, competências
>> Casa iniciadora: Câmara dos Deputados (art. 62, §8º, CF/88)
e funcionamento estabelecidos em ato do Poder Executivo, a ser editado até 31 de agos-
>> Casa revisora: Senado Federal (O senado sempre será a casa revisora) to de 2003.

>> Prazo de efeitos jurídicos (art. 62, §3º, 4 e 7): a MP nasce para produzir 60 dias de efeitos
jurídicos.

Se nesse prazo de 60 dias a MP não for rejeitada ou convertida em lei ordinária, haverá a
prorrogação por igual período.
>> Quando rejeitada, perde IMEDIATAMENTE seus efeitos.
• >> Art. 62, §10, CF/88: Em caso de rejeição por qualquer das casas, a MP não pode ser
reeditada na mesma sessão legislativa em que ocorreu a sua rejeição.

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da Presidência da República da Presidência da República
Helder Oliveira Helder Oliveira

Art. 1º Fica criada, como órgão de assessoramento imediato ao Presidente da República,


> nos casos de REINCIDÊNCIA
a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
>> em estabelecimentos PARTICULARES
> Secretaria Especial de Políticas de Promoção >> órgão de assessoramento IMEDIATO
>> PODERÁ o juiz determinar:
a) pena adicional de suspensão do funcionamento da Igualdade Racial >> ao Presidente da República
b) por prazo NÃO SUPERIOR a três meses.
> O que são ÓRGÃOS PÚBLICOS?
Art. 11. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. >> é uma unidade
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. >> integrada por agentes públicos
>> com atribuição específica
>> existe para o cumprimento de uma atividade estatal designada.
a) O que é revogar?
>> “revogar significa retirar a validade por meio de outra norma”
>> A norma revogada sai do sistema, interrompendo o curso da sua vigência. Art. 2º (Revogado pela Lei n. 12.314, de 2010)

b) Quais as modalidades de revogação? ATENÇÃO: esse dispositivo foi REVOGADO pela Lei 12.314/2010.
>> Revogação expressa: a lei indica o que está a ser revogado.
>> Revogação tácita: a norma revogadora é implícita e a revogação resulta da incompatibilidade > O que significa revogação?
entre as normas. >> é fazê-la perder a vigência

> Este artigo é um exemplo de revogação EXPRESSA. > Modalidades:


>> Ab-rogação. Quando há revogação total da lei.
Brasília, 20 de dezembro de 1985; 164º da Independência e 97º da República. >> Derrogação. Quando há revogação parcial da lei.
JOSÉ SARNEY
Fernando Lyra Art. 3º O CNPIR será presidido pelo titular da Secretaria Especial de Políticas de Promoção
Este texto não substitui o publicado no DOU de 23.12.1985 da Igualdade Racial, da Presidência da República, e terá a sua composição, competências
LEI No 10.678, DE 23 DE MAIO DE 2003. e funcionamento estabelecidos em ato do Poder Executivo, a ser editado até 31 de agos-
to de 2003.
Lei n. 10.678, de 23 de Maio de 2003
>CNPIR
Vamos agora estudar a Lei no 10.678, de 23 de maio de 2003.
>> Presidente: titular da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Cria a Secretaria Especial de Políticas de Presidência da República
Conversão da Medida Provisória n. 111,
Promoção da Igualdade Racial, da Presidência
de 2003 >> composição, competências e funcionamento: estabelecidos em ato do Poder Executivo, a ser
da República, e dá outras providências.
editado até 31 de agosto de 2003.

Faço saber que o Presidente da República adotou a Medida Provisória n. 111, de 2003, que
Parágrafo único. A Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da
o Congresso Nacional aprovou, e eu, Eduardo Siqueira Campos, Segundo Vice-Presidente, no
Presidência da República, constituirá, no prazo de noventa dias, contado da publicação desta
exercício da Presidência da Mesa do Congresso Nacional, para os efeitos do disposto no art.
Lei, grupo de trabalho integrado por representantes da Secretaria Especial e da sociedade
62 da Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda constitucional n. 32, combinado
civil, para elaborar proposta de regulamentação do CNPIR, a ser submetida ao Presidente da
com o art. 12 da Resolução n. 1, de 2002-CN, promulgo a seguinte Lei:
República.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

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da Presidência da República da Presidência da República
Helder Oliveira Helder Oliveira

> A Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República >> na Secretaria Especial de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial da Presidência da República
>> constituirá em NOVENTA dias >> um cargo de natureza especial de Secretário
> Ficam criados
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
>> contados da publicação desta Lei: Racial
a) grupo de trabalho integrado por representantes da Secretaria Especial e da sociedade civil >> e um cargo de Secretário-Adjunto
b) para elaborar proposta de regulamentação do CNPIR
c) a ser submetida ao Presidente da República.
Art. 4º Fica criado, na Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
da Presidência da República, 1 (um) cargo de Secretário-Adjunto, código DAS 101.6. (Redação
> Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial - CNPIR dada pela Lei n. 11.693, de 2008)
>> é um órgão colegiado de caráter consultivo
>> integrante da estrutura básica da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade >> na Secretaria Especial de Políticas de
Racial - SNPIR Promoção da Igualdade Racial da Presidência
>Fica criado
>>membro do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos – MMFDH. da República
>> Criado pela Lei n. 10.678, 23 de maio de 2003 >> um cargo de Secretário-Adjunto
>> regulamentado pelo Decreto n. 4.885, de 20 de novembro de 2003
>> com alterações feitas pelo Decreto n. 6.509, de 16 de julho de 2008
>> os quais dispõem sobre a composição, a estruturação, a competências e o funcionamento do Art. 4º-A. Fica transformado o cargo de Secretário Especial de Políticas de Promoção da
Conselho. Igualdade Racial no cargo de Ministro de Estado Chefe da Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial. (Incluído pela Lei n. 11.693, de 2008)
>Missão:
>> propor políticas de promoção da igualdade racial
>> com ênfase na população negra e em outros segmentos raciais e étnicos da população brasileira. >Em:
>fica TRANSFORMADO
>> combate ao racismo Ministro de Estado Chefe da Secretaria
>> o cargo de Secretário Especial de Políticas
>> propor alternativas para a superação das desigualdades raciais, do ponto de vista econômico, Especial de Políticas de Promoção da
de Promoção da Igualdade Racial
social, político e cultural. Igualdade Racial.

> Composição:
>> Presidido pelo Secretário Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
essa transformação foi a partir da Lei 11.693/2008, fruto da Medida Provisória 419/2008.
>> constituído por 44 (quarenta e quatro) membros
>> 22 (vinte e dois) representantes do Poder Público Federal
>> 19 (dezenove) representantes de entidades da sociedade civil, indicados a partir de processo Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
seletivo
>> 3 (três) personalidades notoriamente reconhecidas no âmbito das relações raciais.
Congresso Nacional, em 23 de maio de 2003; 182º da Independência e 115º da República.
Senador EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS
Art. 4º Ficam criados, na Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial,
Segundo Vice-Presidente da Mesa do Congresso Nacional, no exercício da Presidência
da Presidência da República, um cargo de natureza especial de Secretário Especial de Políti-
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 26.5.2003
cas de Promoção da Igualdade Racial e um cargo de Secretário-Adjunto, código DAS 101.6.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
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da Presidência da República da Presidência da República
Helder Oliveira Helder Oliveira

>MEDIDA PROVISÓRIA: RESUMO


a) Topografia Constitucional: art. 62 da CF/1988 Artigos para Revisão
>> Espécie normativa primária, pois retira seu fundamento de validade da própria CF/1988 (assim
como a LC e a LO). Lei Federal n. 7.437, de 20 de Dezembro de 1985 (Lei Caó)
>> É norma precária, pois produz efeitos por um prazo delimitado. Se justifica em razão de situação
excepcional (relevante e urgente). Art. 1º. Constitui contravenção, punida nos termos desta lei, a prática de atos resultantes
>> Ela não é lei, mas tem força de lei ordinária. de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
>> Não pode versar sobre de matéria reservada ao tratamento mediante de Lei Complementar.
Art. 2º. Será considerado agente de contravenção o diretor, gerente ou empregado do es-
b) Limitações materiais: tabelecimento que incidir na prática referida no artigo 1º. desta lei.

>> Expressas: art. 62, §1º, CF/1988: não pode tratar de nacionalidade, direitos políticos, matéria Lei Federal n. 10.678, de 23 de Maio de 2003, com as Alterações da Lei Federal
reservada a LC, organização do MP nem do judiciário. n. 13.341, de 29 de Setembro de 2016 (Referente à Secretaria de Políticas de Promo-
>> Implícitas - arts. 49, 51 e 52: Não pode tratar de matérias exclusivas do Congresso Nacional,
ção da Igualdade Racial da Presidência da República)
privativa da Câmara, nem de matérias de competência privativa do Senado.
> Diante disso, vamos entender como funciona a conversão de uma medida provisória em Lei: Art. 3º O CNPIR será presidido pelo titular da Secretaria Especial de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial, da Presidência da República, e terá a sua composição, competências
>> Casa iniciadora: Câmara dos Deputados (art. 62, §8º, CF/88)
e funcionamento estabelecidos em ato do Poder Executivo, a ser editado até 31 de agos-
>> Casa revisora: Senado Federal (O senado sempre será a casa revisora) to de 2003.

>> Prazo de efeitos jurídicos (art. 62, §3º, 4 e 7): a MP nasce para produzir 60 dias de efeitos
jurídicos.

Se nesse prazo de 60 dias a MP não for rejeitada ou convertida em lei ordinária, haverá a
prorrogação por igual período.
>> Quando rejeitada, perde IMEDIATAMENTE seus efeitos.
• >> Art. 62, §10, CF/88: Em caso de rejeição por qualquer das casas, a MP não pode ser
reeditada na mesma sessão legislativa em que ocorreu a sua rejeição.

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Revisão de História
Resumo sobre Segundo Reinado
 A coroação de D. Pedro II ocorreu por meio do Golpe da Maioridade, em 1840.

 Os dois partidos que controlavam a política brasileira eram o Partido Liberal e o Partido Conservador.

 O sistema político brasileiro ficou conhecido como “parlamentarismo às avessas”.

 Na economia, o café estabeleceu-se como nosso principal produto, e, entre 1840 e 1860, aconteceu um período de
prosperidade conhecido como Era Mauá.

 A abolição da escravatura foi resultado de uma intensa mobilização popular e política aliada com a resistência realizada
pelos escravos. Concretizou-se com a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888.

 A Guerra do Paraguai foi um divisor de águas na história do Segundo Reinado. Nesse conflito, o Brasil envolveu-se em uma
luta contra o Paraguai entre 1864-1870.

 Os militares foram o grupo de maior envolvimento com a Proclamação da República no Brasil. A proclamação de fato foi
realizada por José do Patrocínio em 15 de novembro de 1889."
Resumo do Segundo Reinado
O Segundo Reinado é o momento em que o Brasil se consolida como nação.

O regime político do país era a monarquia parlamentarista, onde o Imperador escolhia o Presidente do Conselho (equivalente ao
cargo de primeiro-ministro) através de uma lista com três nomes.

No plano econômico, o café adquire importância fundamental, sendo o produto mais exportado pelo Brasil. Chegam as primeiras
ferrovias e barcos a vapor com o objetivo de melhorar a circulação do chamado "ouro negro".

Em meio à prosperidade cafeeira, o Brasil se encontra num dilema, pois quem trabalhava nas plantações de café eram pessoas
escravizadas. Desde o governo de Dom João VI, o país havia se comprometido a abolir a escravidão. No entanto, a elite cafeeira se
opunha, pois isso acarretaria perdas econômicas. A solução é terminar com o trabalho servil de forma gradual.

Será no Segundo Reinado que o Brasil se vê às voltas com o maior conflito armado da América do Sul: a Guerra do Paraguai.

Por fim, sem apoio das elites rurais e do exército, a monarquia é derrubada através de um golpe militar. A Família Imperial é
obrigada a deixar o país e se instala a república.

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