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INSOLVÊNC

IA
Direito Comercial
Licenciatura em Gestão – 1.º semestre
Maria Inês Ferreira
 Finalidade Processo de Insolvência
 Processo de execução universal que tem como finalidade a satisfação dos credores pela forma
prevista num plano de insolvência, baseado, nomeadamente:
a. Na recuperação da empresa compreendida na massa insolvente, ou,
b. Quando tal não se afigure possível, na liquidação do património do devedor insolvente e a repartição
do produto obtido pelos credores.
Aplicável a determinados devedores: sujeitos passivos da insolvência
 Em situação de insolvência;
 Ou em situação de insolvência meramente iminente (no caso de apresentação pelo devedor à
insolvência;
 Sujeitos passivos da insolvência
 Art. 2.º CIRE: Critério: autonomia patrimonial:
1. Quaisquer pessoas singulares - Sejam ou não empresários
2. Quaisquer pessoas coletivas: Sociedades comerciais
3. Quaisquer outros patrimónios autónomos : EIRL

 Art. 2.º, nº. 2: Exclusões:


 Pessoas coletivas públicas e EPE’s , Empresas de seguros, instituições de crédito, sociedades
financeiras.
 Pressuposto do Processo de Insolvência
 Art. 3.º -Critério principal: Impossibilidade de cumprimento das obrigações vencidas (n.º1)
 Em regra, não basta a mera insuficiência patrimonial
 Possibilidade de recurso ao crédito para cumprimento pontual,
 Mas, critérios acessórios:
1. Se se tratar de pessoas coletivas/patrimónios autónomos por cujas dívidas nenhuma pessoa
singular responda pessoal e ilimitadamente, direta ou indiretamente (n.º2), de forma alternativa ao
critério principal;
2. Passivo manifestamente superior ao ativo (avaliados segundo as normas contabilísticas
aplicáveis)
 Insolvência meramente iminente : se o devedor se apresentar à insolvência ( n.º 4)
 Factos Índice da Situação de Insolvência ( artigo 20.º n.º 1 CIRE)
 Suspensão generalizada do pagamento das obrigações vencidas;
 Falta de cumprimento de uma ou mais obrigações que, pelo seu montante ou pelas circunstâncias
do incumprimento, revele a impossibilidade de o devedor satisfazer pontualmente a generalidade
das suas obrigações;
 Fuga do titular da empresa ou dos administradores do devedor ou abandono do local em que a
empresa tem a sede ou exerce a sua principal atividade, relacionados com a falta de solvabilidade do
devedor e sem designação de substituto idóneo;
 Dissipação, abandono, liquidação apressada ou ruinosa de bens e constituição fictícia de créditos;
 Insuficiência de bens penhoráveis para pagamento do crédito do exequente verificada em processo
executivo movido contra o devedor;
 Incumprimento de obrigações previstas em plano de insolvência ou em plano de pagamentos.
 Factos Índice da Situação de Insolvência ( artigo 20.º n.º 1 CIRE alínea g))
 Incumprimento generalizado, nos últimos seis meses, de dívidas de algum dos seguintes tipos:
 i) Tributárias;
 ii) De contribuições e quotizações para a segurança social;
 iii) Dívidas emergentes de contrato de trabalho, ou da violação ou cessação deste contrato;
 iv) Rendas de qualquer tipo de locação, incluindo financeira, prestações do preço da compra ou de
empréstimo garantido pela respetiva hipoteca, relativamente a local em que o devedor realize a sua
actividade ou tenha a sua sede ou residência;
 Legitimidade Processual Ativa
 Devedor (art. 18.º)
 Se for o caso: órgão social incumbido da administração ou qualquer um dos administradores (arts.
19.º e 6.º)
 Responsáveis legais pelas dívidas do devedor (arts. 20.º, n.º1 e 6.º, n.º2)
 Qualquer credor (art. 20.º, n.º1)
 MP (art. 20.º, n.º1)
 Dever de apresentação à insolvência - Devedor titular de empresa (na data em que incorra em
situação de insolvência)
 Prazo: 30 dias seguintes à data do conhecimento da situação de insolvência ou à data em que
devesse conhecê-la (art. 18.º, n.º1)
 Presunção absoluta do conhecimento da situação de insolvência para devedores titulares de
empresas, quando se verifica, pelo menos, 3 meses sobre o incumprimento generalizado de
obrigações de algum dos tipos de obrigações previstas no artigo 20.º n.º1 alínea g)
 Consequências do incumprimento do dever de apresentação
 1.Sanções penais : Art. 228.º, n.º 1 CP:
 O devedor que: b) Tendo conhecimento das dificuldades económicas e financeiras da sua empresa,
não requerer em tempo nenhuma providência de recuperação; é punido, se ocorrer a situação de
insolvência e esta vier a ser reconhecida judicialmente, com pena de prisão até um ano ou pena de
multa até 120 dias.
 2.Qualificação da insolvência como culposa:
 Quando a situação tiver sido criada ou agravada em consequência da atuação, dolosa ou com culpa
grave, do devedor, ou dos seus administradores, de direito ou de facto, nos 3 anos anteriores ao
início do processo de insolvência;
 Verificando-se uma presunção relativa de culpa grave aquando os administradores, de direito ou de
facto, do devedor que não seja uma pessoa singular tenham incumprido: a) o dever de requerer a
declaração de insolvência (art. 186.º, n.º3, al.ª a)
 Efeitos sobre o devedor e outras pessoas da Declaração de Insolvência
 Efeitos sobre o insolvente:
 Privação dos poderes de administração e de disposição dos bens integrantes da massa insolvente –
art. 81.º, n.º1, passam a competir ao Administrador de Insolvência.
 Sanção: Ineficácia dos atos ( 81.º n.º6)
 São ineficazes os atos realizados pelo insolvente em contravenção do disposto nos números
anteriores, respondendo a massa insolvente pela restituição do que lhe tiver sido prestado apenas
segundo as regras do enriquecimento sem causa, salvo se esses atos, cumulativamente:
a) Forem celebrados a título oneroso com terceiros de boa fé anteriormente ao registo da
sentença da declaração de insolvência efetuado nos termos do n.º 2 do artigo 38.º;
b) Não forem de algum dos tipos referidos do n.º 1 do artigo 121.º;
 Resolução em Beneficio da Massa Insolvente
 Podem ser resolvidos em benefício da massa insolvente os atos prejudiciais à massa praticados
dentro dos dois anos anterior à data de inicio do processo de insolvência
(120.º)
 Requisitos gerais:
1. Realização de um ato pelo devedor nos dois anos anteriores à data do início do processo de
insolvência («período suspeito»)
2. Prejudicial à massa : atos que diminuam, frustrem, dificultem, ponham em perigo ou retardem a
satisfação dos credores da insolvência
3. Presunção (absoluta) de prejudicialidade: atos previstos no art. 121.º mesmo que praticados ou
omitidos fora dos prazos aí previstos (art. 120.º, n.º3)
4. Existência de má fé do terceiro - Conhecimento, à data do ato, de qualquer das seguintes
circunstâncias: A) De que o devedor se encontrava em situação de insolvência; B) Do carácter
prejudicial do ato e de que o devedor se encontrava à data em situação de insolvência iminente; c)
Do início do processo de insolvência.
 Resolução «incondicional» - art. 121.º
 São resolúveis em benefício da massa insolvente os atos seguidamente indicados, sem dependência
de quaisquer outros requisitos - listagem taxativa do art. 121.º
 Exemplos: Atos celebrados pelo devedor a título gratuito dentro dos dois anos anteriores à data do
início do processo de insolvência, incluindo o repúdio de herança ou legado, com exceção dos
donativos conformes aos usos sociais ;
 Efeitos da resolução – art. 126.º - A resolução tem efeitos retroativos, devendo reconstituir-se a
situação que existiria se o ato não tivesse sido praticado ou omitido consoante o caso.
 PER – PLANO ESPECIAL DE REVITALIZAÇÃO DE EMPRESA
 Empresa - Em situação económica difícil:
- Dificuldade séria para cumprir pontualmente as suas obrigações, designadamente por ter falta de
liquidez ou por não conseguir obter crédito
- Em situação de insolvência meramente iminente;
- Anteveja que não poderá continuar a cumprir pontualmente as suas obrigações;
- Suscetível de recuperação (art.17.º-A, n.º1)
 O PER inicia-se com uma declaração apresentada pela empresa, escrita e assinada, que ateste que
reúne as condições necessárias para a sua recuperação e apresente declaração (subscrita há não mais
de 30 dias, por contabilista certificado ou por ROC), atestando que a empresa não se encontra em
situação de insolvência atual, à luz do artigo dos critérios previstos no n.º 3 ( artigo 17.º- A n.º2)
 PER – PLANO ESPECIAL DE REVITALIZAÇÃO DE EMPRESA
 O processo inicia-se pela MANIFESTAÇÃO DE VONTADE da empresa e do credor ou credores
que, não estando especialmente relacionados com a empresa, sejam titulares
 Pelo menos de 10% de créditos não subordinados (art. 17.º-C, n.º1);
 O juiz pode reduzir o referido limite – se tal for requerido pela empresa e por credor ou
credores que, não estando especialmente relacionados com a empresa, sejam titulares de, pelo
menos, créditos no valor de 5% dos créditos relacionados OU mediante requerimento,
fundamentado, da empresa – levando em consideração na apreciação do pedido o montante
absoluto dos créditos relacionados e a composição do universo dos credores (art. 17.º-C, n.º9).
 De encetarem NEGOCIAÇÕES conducentes à REVITALIZAÇÃO da empresa, por meio da
aprovação de um PLANO DE RECUPERAÇÃO.
 Efeitos:
 Apensação de PERs intentados por sociedades comerciais com as quais a empresa de encontre
em relação de domínio ou de grupo, nos termos do CSC (art. 17.º-C, n.º7 e 17.º-D).
 Proibição de instauração de quaisquer ações para cobrança de dívidas contra a empresa (art.
17.º-E, n.1);
 Suspensão – durante todo o tempo em que perdurarem as negociações – das ações em curso
com a finalidade de cobrar dívidas à empresa (art. 17.º-E, n.º1);
 Logo que seja aprovado e homologado o plano de recuperação, extinguem-se (a não ser que
este plano preveja a sua continuação);
 Suspensão dos processos de insolvência em que anteriormente tenha sido requerida a
insolvência da empresa, na data da publicação no CITIUS do despacho referido no n.º4 do
art.17.º-C, desde que não tenha sido proferida sentença declaratória de insolvência ( artigo
17.º - E n.º 6 e n.º 9 alíneas a) e b).
 Logo que seja aprovado e homologado o plano extinguem-se.

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