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 A célula, unidade básica estrutural e funcional comum a todos os organismos vivos,

sintetiza moléculas específicas que garantem o crescimento e a renovação celular.

DNA e síntese de proteínas (I)

O DNA e o RNA, também designados ácidos nucleicos por manifestarem propriedades ácidas,
estão contidos nas células.

A unidade básica constituinte dos ácidos nucleicos é o nucleótido, que é composto por três
constituintes fundamentais:

 o ácido fosfórico ou grupo fosfato, que confere as propriedades ácidas aos ácidos
nucleicos;

 a pentose, que é um açúcar e pode ser ribose ou desoxirribose, conforme se trate de


RNA ou DNA, respectivamente;

 as bases azotadas, que podem ser:

– pirimídicas como a timina, a citosina e o uracilo, que apresentam uma estrutura


molecular de anel simples;

– púricas, como a adenina e a guanina, que apresentam uma estrutura molecular de


anel duplo.

O DNA ou ácido desoxirribonucleico é o suporte químico da informação genética:

 contém os genes que determinam as características de todos os seres vivos e


são os responsáveis pela sua transmissão;

 intervém na síntese de numerosas proteínas distintas que controlam os


processos químicos das células; são constituintes estruturais das células; são
indispensáveis à manifestação das características genéticas dos seres vivos.

 contém as “instruções” para a síntese de mRNA;


 tem a capacidade e a função de se autoduplicar, através da replicação,
assegurando a manutenção das características genéticas
 garante a unidade da estrutura celular e a diversidade do seu funcionamento;
Nucleo

O núcleo é um organelo celular característico das células eucarióticas que contém cerca de
99% do material genético:

 é formado por uma membrana dupla – o invólucro nuclear com poros que
permitem comunicar com o citoplasma;

 contém o nucleoplasma ou suco nuclear, onde se encontra a cromatina:

– que é material constituído por filamentos de DNA associado a proteínas;

– cuja unidade morfológica e fisiológica é o cromossoma.

 nele podem existir um ou mais nucléolos, que são estruturas com ácidos nucleicos e
proteínas na sua constituição.

DNA CONSTITUIÇAO - Composição e estrutura do DNA:

 o DNA é uma molécula formada por duas cadeias antiparalelas de nucleótidos


enrolados em hélice

 os nucleótidos do DNA são formados por:

– um grupo fosfato;

– a desoxirribose ( C5H10O4 ), que é uma pentose com menos um oxigénio do que a


ribose;

– as bases azotadas, que neste caso são a adenina e a guanina, bem como a citosina e
a timina.

 para se formarem nucleótidos, ocorrem reacções de condensação que estabelecem


ligações químicas entre o grupo fosfato e o carbono 5´ da pentose e o carbono 1´ da
pentose e a base azotada;

 para se formarem cadeias polinucleotídicas, também se verificam reacções


de condensação que favorecem a ligação grupo fosfato de um nucleótido e o carbono
3´ da pentose
 processo repete-se na direcção 5´- 3´, ficando sempre um carbono 3´ livre para se
poder ligar um novo nucleótido, pelo que a cadeia polinucleotídica cresce sempre
neste sentido;

Fragmento de uma cadeia polinucleotídica

 Watson e Crick apresentam uma proposta de um modelo de dupla hélice para explicar a
estrutura do DNA, resultando o seguinte:

– o DNA é constituído por duas longas cadeias polinucleotídicas enroladas em hélice


– dupla hélice – em torno de um eixo central;

– as bandas laterais da hélice são formadas por moléculas de fosfato (grupo fosfato de
cada nucleótido) que alternam com moléculas de desoxirribose;

– a ligação entre as cadeias faz-se por pontes de hidrogénio que se estabelecem entre
os pares de bases;

– verifica-se especificidade nas ligações e, devido à complementaridade das bases, a


adenina liga-se à timina por duas ligações de hidrogénio(A=T), enquanto a guanina se
liga à citosina por três ligações de hidrogénio(G≡CG≡C);

– as cadeias da dupla hélice são antiparalelas, ou seja, dispõem-se em sentido oposto


uma em relação à outra e cada uma das cadeias inicia-se numa extremidade 5´e
termina numa ponta 3´ livre;

– a formação das cadeias ocorre sempre de 5´ para 3´ e, à extremidade 5´ de uma


cadeia corresponde sempre a extremidade 3´ da cadeia complementar.
Em suma:

 a estrutura do DNA é a mesma em todas as espécies e é universal nos seres vivos;

 a grande variedade e diversidade de moléculas deve-se às diferentes ordenações


possíveis dos quatro nucleótidos do DNA, que podem variar em ordem e em número;
 os genes são segmentos de DNA com uma sequência nucleotídica própria que contém
uma determinada informação;

 o genoma é a informação genética de um indivíduo, ou seja, o seu conjunto de genes;

 universalidade e variabilidade são então características do DNA.

Replicação do DNA

As células sofrem divisões para darem origem a novas células. As células-filhas possuem o
mesmo património genético das células que lhes deram origem. Para assegurar a preservação
desse património genético, o DNA tem a capacidade de se autoduplicar. Este fenómeno ocorre
através da replicação, que garante a transmissão da informação genética às células-filhas.

três hipóteses para explicar a replicação:

– hipótese semiconservativa; – hipótese conservativa; – hipótese dispersiva.

Replicação semiconservativa do DNA:

 as duas cadeias da molécula de DNA, na presença da DNA polimerase, afastam-se por


ruptura das pontes de hidrogénio que unem as bases azotadas;

 nucleótidos de DNA que se encontram livres na célula encaixam nos filamentos que se
vão afastando, através de ligações que obedecem à regra da complementaridade das
bases – a citosina liga-se à guanina e a timina à adenina;

 quando os filamentos de DNA que serviram de molde estão inteiramente preenchidos


pelos novos nucleótidos, formam-se duas novas moléculas de DNA;

 as novas moléculas de DNA, idênticas entre si, são complementares das cadeias
originais e cada uma delas é antiparalela relativamente à cadeia que lhe serviu de
molde;
 cada molécula de DNA formada é idêntica à molécula original e é portadora de uma
cadeia antiga (metade da molécula-mãe) e de uma cadeia recém-formada, daí a
designação de semiconservativa.
Composição e estrutura do RNA:

 o RNA ou ácido ribonucleico é um polímero de nucleótidos, geralmente formado por


uma cadeia simples, podendo apresentar formas estruturais diferentes de acordo com
a função que desempenha;

 os nucleótidos do RNA são formados por:

– um grupo fosfato;

– a ribose (C5H10O5), que é uma pentose;

– as bases azotadas, que neste caso são a adenina e a guanina, bem como a citosina e
o uracilo.

Existem três tipos de RNA:

– RNA mensageiro ou mRNA – que transporta a mensagem contida no DNA do


núcleo para o citoplasma;

– RNA de transferência ou tRNA – que transporta os aminoácidos dispersos no


citoplasma para os locais de síntese de proteínas, os ribossomas;

– RNA ribossómico ou rRNA – que juntamente com algumas proteínas forma o


ribossoma.

 o RNA encontra-se no nucléolo, no citoplasma, nas mitocôndrias e nos


cloroplastos.

Comparação entre DNA e RNA


Expressão da informação genética - Biossíntese de proteínas

Na molécula de DNA é possível delimitar vários segmentos, os genes, cuja informação conduz
à síntese de proteínas que são indispensáveis à manifestação das características genéticas dos
seres vivos.

O DNA e as proteínas são macromoléculas sequenciadas de monómeros que são as suas


unidades básicas constituintes. Os monómeros:

– no DNA são os nucleótidos;

– nas proteínas são os aminoácidos.

 A sequência de aminoácidos numa proteína, ou seja, o número e a ordem como se


dispõem, é muito importante, pois

 É a estrutura das proteínas que condiciona a sua função biológica, quer se trate de
proteínas estruturais, de proteínas

 É nos genes que está contida a informação para a ordenação e colocação dos
aminoácidos nas cadeias polipeptídicas das proteínas.

 No DNA a “linguagem” é de quatro letras – as bases azotadas presentes nos


nucleótidos, nas proteínas a “linguagem” é de cerca de 22 letras – os aminoácidos
comuns a todos os organismos.
 Tem que haver a transformação da linguagem codificada do DNA (sequência de
nucleótidos) para a linguagem de proteínas (sequência de aminoácidos), existindo um
código – o código genético – cujos símbolos são as bases dos nucleótidos. Como o DNA
se localiza no núcleo das células e a síntese de proteínas ocorre nos ribossomas que se
localizam no citoplasma, torna-se necessária a transferência de informação.

Basicamente, no núcleo das células ocorre a síntese de uma molécula de RNA que é
complementar de uma porção do DNA que contém a informação. Este RNA transporta a
mensagem em código para os ribossomas. Aí, a mensagem vai ser traduzida e os aminoácidos
que vão formar as proteínas vão ser seleccionados, ordenados e ligados de acordo com a
ordem que estava determinada no DNA.

Código genético

A síntese proteica é condicionada pelo código genético.

Este código envolve a codificação de cerca de 22 aminoácidos a partir de quatro nucleótidos


diferentes.
Determinou-se que o sistema de codificação mais simples utilizado pelas células seria uma
sequência de três nucleótidos para codificarem um aminoácido.

 O código genético pode traduzir-se num quadro de correspondências entre 64 codões possíveis
de nucleótidos e os 22 aminoácidos existentes.

 Um codão é um tripleto de mRNA, complementar de um codogene, que codifica um


determinado aminoácido ou o início ou o fim da síntese de proteínas.

 Existem:

codões sinónimos (codificam o mesmo aminoácido),

codões STOP (indicam o fim da síntese de proteínas) e

codões de iniciação (determinam o início da síntese de proteínas).

 Os codões são consecutivos e não sobrepostos, isto é, sucedem-se sem qualquer separação ou
sobreposição de nucleótidos.

 O codogene é um tripleto (três nucleótidos consecutivos de DNA) que representa a mais


pequena unidade de mensagem genética necessária à codificação de um aminoácido.

 As diferentes sequências de tripletos vão permitir codificar a ordenação de séries de


aminoácidos que caracterizam diversas proteínas.

 As características do código genético são as seguintes:

– é universal – a linguagem do código genético é aproximadamente a mesma em todos os


organismos, ou seja, o mesmo codão codifica o mesmo aminoácido;

– não é ambíguo – a um tripleto de nucleótidos corresponde um e só um aminoácido;

– é redundante – vários codões são sinónimos, ou seja, podem codificar o mesmo aminoácido.
A maioria dos sinónimos difere apenas no último nucleótido. Este fenómeno é também
designado por degenerescência do código genético, pelo que se pode caracterizar como
sendo degenerado;

– o terceiro nucleótido de cada codão não é tão específico como os dois primeiros – por
exemplo, os codões CGU, CGC, CGA e CGG são sinónimos na codificação da arginina;

– o tripleto AUG tem dupla função – este tripleto codifica a metionina e é um codão de
iniciação da síntese de proteínas;

– os tripletos UAA, UAG e UGA são codões STOP ou de finalização – estes codões, que não
codificam nenhum aminoácido, representam sinais de fim de síntese de proteínas.
DNA e síntese de proteínas (II )- Mecanismo da síntese de proteínas

A síntese de proteínas é um processo muito complexo que ocorre com a participação de


enzimas, ATP, mRNA, tRNA, DNA e ribossomas, que leva à formação de cadeias de
aminoácidos – as proteínas, cuja sequência foi determinada pelos tripletos do DNA.

Na passagem da linguagem polinucleotídica do DNA para a linguagem polipeptídica das proteínas,


consideram-se duas fases:

transcrição – segmentos de DNA codificam a produção de RNA;

tradução – o mRNA codifica a produção de proteínas.

Transcrição da mensagem genética

Esta fase, que nas células eucarióticas ocorre no núcleo, caracteriza-se pela síntese de mRNA a partir de
uma cadeia de DNA que contém a informação que lhe serve de molde. Processa-se da seguinte forma:

A síntese de mRNA inicia-se na presença da RNA-polimerase, que é um complexo enzimático catalisador


das reações.

Este complexo tem as seguintes funções:

 reconhecer no DNA os codões de iniciação e de finalização;

 abrir a molécula de DNA quebrando as ligações de hidrogénio que unem as duas cadeias;
 a polimerização dos nucleótidos que vão formar o mRNA.

 durante a transcrição, só uma das cadeias de DNA é que é utilizada como molde;

 a polimerização de nucleótidos que vão formar o mRNA ocorre obedecendo à ordem imposta
pela complementaridade das bases que se estabelece entre os nucleótidos da cadeia de DNA e
os nucleótidos do mRNA;

 o complexo enzimático fixa-se sobre uma determinada sequência de DNA e vai deslizando, o que
provoca a abertura da dupla hélice e a quebra das pontes de hidrogénio entre as bases
complementares;

 inicia-se a transcrição da informação – os nucleótidos livres no núcleo da célula, por


complementaridade, ligam-se a uma das cadeias livres de DNA no sentido 5´- 3´,sintetizando
uma molécula de RNA complementar;

 depois da passagem da RNA-polimerase, a molécula de DNA reconstitui-se e voltam a


estabelecer-se as pontes de hidrogénio entre as bases complementares das duas cadeias;

Transcrição da mensagem genética

 a transcrição de um segmento de DNA forma um RNA pré-mensageiro que vai


sofrer processamento ou maturação:
– a molécula de DNA é constituída por sequências de nucleótidos que não codificam
informação – os intrões, intercalados com sequências que codificam – os exões;

– o processamento consiste na eliminação de certas porções de RNA – enzimas


específicas removem os intrões do RNA pré-mensageiro e, posteriormente, há união
dos exões, formando-se o mRNA funcional ou ativo;

– o mRNA funcional migra para o citoplasma, fixando-se nos ribossomas.

Transição e processamento do mRNA


Tradução da mensagem genética

Nesta fase, a mensagem em código contida no mRNA vai ser descodificada nos ribossomas,
sendo transformada na sequência de aminoácidos que constituem a cadeia polipeptídica das
proteínas.

Os ribossomas são organelos celulares que se podem encontrar livres no citoplasma ou


associados às membranas do retículo endoplasmático:

 formam-se nos nucléolos e migram para o citoplasma;

 possuem RNA ribossómico e proteínas na sua constituição;

 são formados por duas subunidades de tamanho diferente, que podem estar unidas ou
separadas;

 neles ocorre a formação das proteínas.

Ribossoma

 A tradução tem início quando o mRNA se liga à subunidade menor do ribossoma.

 Intervém o tRNA – RNA de transferência que seleciona e transporta os aminoácidos


para os ribossomas, onde vão ser ordenados de acordo com o código expresso no
mRNA.
 A cadeia simples de tRNA, devido ao estabelecimento de ligações A=U e , dobra-se e em
cada molécula forma-se uma zona especial que corresponde à sequência de três
nucleótidos, designada anticodão. O anticodão é complementar de um dos codões do
mRNA.

Molécula de tRNA e relação entre codão e anticodão.

 À extremidade 3´ da molécula de tRNA liga-se o aminoácido correspondente, através de


ligações catalisadas por enzimas em que há transferência de energia.

 Como o código genético é degenerado, a diferentes codões pode corresponder o


mesmo aminoácido, pelo que, em alguns casos, existe mais do que um tRNA com a
mesma informação.

 A mesma cadeia de mRNA pode ser traduzida várias vezes, formando proteínas
idênticas.

 O processo de tradução compreende três etapas fundamentais: a iniciação do processo,


o alongamento da cadeia polipeptídica e a finalização, que coincide com o fim da
incorporação de aminoácidos.
Aspetos comparativos entre transcrição e tradução
Alterações do material genético

O material genético de um indivíduo não permanece estático, por exemplo, durante os fenómenos de
replicação ou de transcrição, pode sofrer alterações que originam anomalias mais ou menos graves.

Quando as alterações são bruscas designam-se por mutações.

Os efeitos provocados por essas alterações podem ser:

 tão pequenos que nem se evidenciam;

 tão significativos que levam à morte da célula ou do organismo;

 nulos, se provocarem mutações que não alteram as proteínas devido a:

– haver redundância do código genético – o codão mutado pode codificar o mesmo


aminoácido;

– o novo aminoácido ter propriedades semelhantes às do que foi substituído;

– ter ocorrido substituição numa zona da proteína que não é determinante para a sua
função.

Se as alterações ocorrerem na sequência de bases da molécula de DNA, podem verificar-se mudanças


nas proteínas produzidas e, quando estas desempenham funções importantes no organismo, as
anomalias podem estar na origem de determinada doença. Alguns exemplos de mutações devidas a
alterações do material genético são:

 o albinismo – que é uma hipopigmentação devida à ausência de melanina;

 a hemofilia – que decorre de uma anomalia na formação de uma proteína sanguínea, levando a
graves dificuldades na coagulação do sangue;

 a anemia falciforme – que é provocada pela formação de hemoglobina anormal, hemoglobina S.


As alterações ambientais que têm vindo a ocorrer levaram a um aumento dos fatores que conduzem a
alterações do DNA, bem como ao aumento da frequência de mutações. Os agentes mutagénicos podem
ser físicos ou químicos:

 agentes mutagénicos físicos – os principais são:

– raios X;

– raios gama;

– radiações ultravioleta;

– calor.

 agentes mutagénicos químicos– são substâncias químicas como:

– corantes alimentares;

– conservantes alimentares;

– componentes do fumo dos cigarros.

A ocorrência de mutações não é exclusivamente nefasta. Pode levar à formação de proteínas diferentes,
com novas capacidades que podem ser a base do sucesso evolutivo dos organismos que as sintetizam –
as mutações são verdadeiros fatores de evolução.

Atualmente, no contexto da reprodução, alimentação e saúde, realizam-se numerosas experiências de


manipulação genética que se baseiam precisamente na seleção, substituição e alteração do material
genético.

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