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Biossíntese e degradação de biossíntese de triptofano e histidina, discutidas

nucleotídeos anteriormente.

Dois tipos de vias levam aos nucleotídeos: as vias Um aminoácido é um precursor importante em

de novo e as vias de salvação. cada tipo de via: a glicina para as purinas e o


aspartato para as pirimidinas.
A síntese de novo dos nucleotídeos inicia com
seus precursores metabólicos: aminoácidos, A glutamina é, novamente, a mais importante

ribose-5-fosfato, CO2 e NH3. fonte de grupos amina – em cinco passos


distintos das vias de novo.
As vias de salvação reciclam as bases livres e os
nucleosídeos liberados a partir da degradação de O aspartato também é utilizado como fonte de

ácidos nucleicos. um grupo amino em dois dos passos das vias das
purinas.
As bases livres guanina, adenina, timina, citidina
e uracila não são intermediárias nessas vias, isto
é, as bases não são sintetizadas e então ligadas à MECANISMO
ribose, como se poderia esperar.
1) No primeiro passo comprometido com a via, um
A estrutura do anel púrico é construída ligada à grupo amino, doado pela glutamina, é ligado ao
ribose durante todo o processo, com a adição de C-1 do PRPP
um ou de poucos átomos por vez. A 5-fosforribosilamina resultante é altamente
instável, com meia-vida de 30 segundos em pH
O anel pirimídico é sintetizado como orotato,
7,5. O anel púrico é depois construído sobre essa
ligado à ribose-fosfato e, então, convertido nos
estrutura
nucleotídeos pirimídicos comuns necessários para
a síntese dos ácidos nucleicos.
2) O segundo passo é a adição de três átomos
Embora as bases livres não sejam intermediárias
doados pela glicina.
nas vias de novo, elas são intermediárias em
 Um ATP é consumido para ativar o grupo
algumas das vias de salvação.
carboxila da glicina (na forma de um acil- -fosfato)
Diversos precursores importantes são
para essa reação de condensação.
compartilhados pelas vias de novo para a síntese
3) O grupo amino da glicina, que foi adicionado, é
de pirimidinas e purinas.
então formilado pelo N10-formiltetra-hidrofolato
O fosforribosil-pirofosfato (PRPP) é importante
para a síntese de ambas e, nessas vias, a estrutura
4) E um nitrogênio é doado pela glutamina
da ribose é mantida no nucleotídeo produzido, ao
contrário do seu destino nas vias para a
5) Antes que a desidratação e o fechamento do anel púrico O primeiro intermediário com um anel
formem o anel imidazólico do núcleo púrico, com púrico completo é o inosinato (IMP).
cinco membros, na forma de 5-aminoimidazol- -
ribonucleotídeo Assim como nas vias biossintéticas do triptofano e
6) Nesse ponto, três dos seis átomos necessários da histidina, as enzimas da síntese do IMP
para o segundo anel da estrutura das purinas parecem estar organizadas como grandes
estão colocados no lugar. Para completar o complexos multienzimáticos na célula.
processo, um grupo carboxila é inicialmente Novamente, evidências surgem da existência de
adicionado. Essa carboxilação é incomum pelo polipeptídeos únicos com diversas funções,
fato de não requerer biotina, mas utilizar alguns catalisando passos não sequenciais da via.
bicarbonato, geralmente presente em soluções
aquosas.

7) Um rearranjo transfere o carboxilato do grupo


amino exocíclico para a posição 4 do anel
imidazólico. As etapas 6 e ➐ ocorrem apenas em
bactérias e fungos. Em eucariotos superiores,
incluindo os humanos, o 5-aminoimidazol- A conversão de inosinato em adenilato requer a

ribonucleotídeo produzido na etapa ➎ é inserção de um grupo amino derivado do

carboxilado diretamente em aspartato (Figura 22-36); isso ocorre por meio de

carboxiaminoimidazol-ribonucleotídeo, em uma duas reações semelhantes àquelas utilizadas para

única etapa, em vez de duas (etapa ). A enzima introduzir o N-1 do anel púrico (Figura 22-35,

que catalisa essa reação é a AIR-carboxilase. etapas ➑ e ➒).

Uma diferença crucial é que o GTP, e não o ATP, é


8) O aspartato agora doa seu grupo amino, em duas a fonte do fosfato de alta energia para a síntese
etapas (➑ e ➒): formação de uma ligação amida, de adenilossuccinato. O guanilato é produzido
seguindo-se a eliminação do esqueleto de pela oxidação dependente de NAD1 no C-2 do
carbono do aspartato (como fumarato inosinato, seguindo-se a adição de um grupo
amino derivado da glutamina. Na etapa final, um
9) ATP é clivado em AMP e PPi

10) O último carbono é doado pelo N10-formiltetra-


hidrofolato (etapa), e
11) ocorre um segundo fechamento de anel,
produzindo o segundo anel fundido ao núcleo
 No terceiro mecanismo, o GTP é necessário para a
conversão de IMP em AMP, ao passo que o ATP é
REGULAÇÃO necessário para a conversão de IMP em GMP

Três mecanismos principais de retroalimentação


cooperam na regulação da velocidade geral da síntese
OS NUCLEOTÍDEOS PIRIMÍDICOS SÃO
de novo de nucleotídeos púricos e das velocidades
SINTETIZADOS A PARTIR DE ASPARTATO,
relativas de formação dos dois produtos finais, adenilil
PRPP E CARBAMOIL-FOSFATO
e guanilato (Figura 22-37).
Os ribonucleotídeos pirimídicos comuns são 5-
 O primeiro mecanismo é exercido sobre a primeira
monofosfato de citidina (CMP; citidilato) e 5-
reação que é exclusiva da síntese de purinas: a
monofosfato de uridina (UMP; uridilato), os quais
transferência de um grupo amina para o PRPP para
contêm as pirimidinas citosina e uracila.
formar 5-fosforribosilamina.
A biossíntese de novo dos nucleotídeos pirimídicos
 Essa reação é catalisada pela enzima alostérica
(Figura 22-38) ocorre de forma um pouco diferente
glutamina-PRPP-amidotransferase, que é inibida pelos
em relação à síntese dos nucleotídeos púricos;
produtos finais IMP, AMP e GMP. AMP e GMP atuam
sinergicamente nessa inibição concertada. o anel pirimídico de seis membros é sintetizado
inicialmente, sendo então ligado à ribose-5-fosfato.
 Assim, sempre que AMP ou GMP se acumulam e
Nesse processo, é necessário o carbamoil-fosfato, que
estão presentes em excesso, o primeiro passo de sua
também é intermediário no ciclo da ureia.
biossíntese a partir de PRPP é parcialmente inibido.
O carbamoil-fosfato reage com o aspartato,
 No segundo mecanismo de controle, exercido sobre
produzindo N-carbamoil-aspartato, no primeiro passo
um estágio posterior, um excesso de GMP na célula
comprometido com a biossíntese de pirimidinas
inibe a formação de xantilato a partir de inosinato,
(Figura 22-38). Essa reação é catalisada pela aspartato-
pela IMP-desidrogenase, sem afetar a formação de
transcarbamoilase.
AMP.
Pela remoção de água do N-carbamoil-aspartato, uma
 Por sua vez, um acúmulo de adenilil inibe a
reação catalisada pela di-hidro-orotase, o anel
formação de adenilossuccinato pela
pirimídico é fechado, formando L-di-hidro-orotato.
adenilossuccinato-sintetase, sem afetar a biossíntese
Esse composto é oxidado, produzindo o derivado
de GMP.
pirimídico orotato, reação na qual NAD1 é o aceptor
 Quando ambos os produtos estão presentes em final de elétrons.
quantidades suficientes, o IMP acumula-se e inibe
Nos eucariotos, as primeiras três enzimas dessa via –
uma etapa anterior na via; este é um outro exemplo
carbamoil-fosfato-sintetase II, aspartato-
da estratégia regulatória, denominada inibição
transcarbamoilase e di-hidro-orotase – são parte de
sequencial por retroalimentação.
uma única proteína trifuncional.

Uma vez que o orotato esteja formado, a cadeia


lateral de ribose-5-fosfato, fornecida mais uma vez
pelo PRPP, é ligada, produzindo orotidilato (Figura 22- difosfatados (NDP), produzindo
38). desoxirribonucleosídeos difosfatados (dNDP).

O orotidilato é então descarboxilado, originando Uma segunda fonte de equivalentes redutores para a
uridilato, que é fosforilado até UTP. O CTP é formado a ribonucleotídeo- -redutase é a glutationa (GSH). A
partir do UTP pela ação da citidilato-sintetase, com glutationa serve como agente redutor para uma
formação de um intermediário acil-fosfato proteína semelhante à tiorredoxina, a glutarredoxina,
(consumindo um ATP). que então transfere poder redutor à ribonucleotídeo-
redutase (Figura 22-41). A ribonucleotídeo-redutase é
O doador de nitrogênio normalmente é a glutamina,
notável por seu mecanismo de reação, que fornece o
embora citidilato-sintetases de muitas espécies
exemplo melhor caracterizado
possam utilizar diretamente o NH4 1 .

OS RIBONUCLEOTÍDEOS SÃO PRECURSORES DOS


DESOXIRRIBONUCLEOTÍDEOS O TIMIDILATO É DERIVADO DO dCDP E DO dUMP

Os desoxirribonucleotídeos, os blocos constitutivos do O DNA contém timina em vez de uracila, e a via de


DNA, são produzidos a partir dos ribonucleotídeos novo até a timina envolve apenas
correspondentes, por redução direta do átomo de desoxirribonucleotídeos. O precursor imediato do
carbono 2 da D-ribose, formando o derivado 2-desóxi. timidilato (dTMP) é o dUMP.

Por exemplo, o difosfato de adenosina (ADP) é O dUTP é convertido em dUMP por uma dUTPase.
reduzido a difosfato de 2-desoxiadenosina (dADP) e o Essa última reação deve ser eficiente para manter
GDP é reduzido a dGDP. Essa é catalisada pela baixos níveis de dUTP, impedindo a incorporação de
ribonucleotídeo-redutase, melhor caracterizada em E. uridilato ao DNA.
coli, cujos substratos são ribonucleosídeos
A conversão de dUMP em dTMP é catalisada pela
difosfatados.
timidilato-sintase.
A redução da porção D-ribose de um ribonucleosídeo
Uma unidade de um carbono, no estado de oxidação
difosfatado em 2-desóxi-D-ribose requer um par de
de hidroximetila (¬CH2OH) é transferida do N5 ,N10-
átomos de hidrogênio, que são doados, em última
metilenotetra-hidrofolato para o dUMP, e então
análise, pelo NADPH, via uma proteína carreadora de
reduzida até um grupo metila
hidrogênios intermediária, a tiorredoxina.
A redução ocorre à custa da oxidação do tetra-
A tiorredoxina tem pares de grupos ¬SH, que
hidrofolato em di-hidrofolato, que é incomum em
carregam átomos de hidrogênio do NADPH até o
reações que requerem tetraidrofolato.
ribonucleosídeo difosfatado. Sua forma oxidada
(dissulfeto) é reduzida pelo NADPH em uma reação O di-hidrofolato é reduzido a tetra-hidrofolato pela di-

catalisada pela tiorredoxina-redutase (Figura 22-41), e hidrofolato-redutase – regeneração essencial para

a tiorredoxina reduzida é então utilizada pela muitos processos que requerem tetra- -hidrofolato.

ribonucleotídeo-redutase para reduzir nucleosídeos Uraciila é inibidora irreversível da timidilato sintase,


inibindo a formação de timina causando morte celular.
O paciente toma AZT confundido com uma timina e
fosforila esse AZT. Quando o DNA do vírus for
convertido a timina vai ser utilizada, o AZT vai
confundir a transcriptase do vírus e desliga o processo
de transcrição.

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