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Obtenção de matéria pelos seres autotróficos

Seres autotróficos- As plantas, as algas e alguns tipos de bactérias são organismos autotróficos, isto é,
seres vivos capazes de sintetizar a matéria orgânica a partir de matéria mineral. Esta síntese de matéria
orgânica, como qualquer reação anabólica, necessita de energia para ocorrer. Assim, os organismos
autotróficos, quanto à fonte de energia que utilizam, podem ser fototróficos, se utilizam a luz, ou
quimiotróficos, se utilizam a energia química.
▪ Então, um organismo que sintetiza matéria orgânica a partir da matéria mineral e utiliza como fonte
de energia a luz diz-se fotoautotrófico. Nestes organismos, o processo metabólico utilizado é a
fotossíntese. As plantas, as algas e alguns tipos de bactérias são organismos fotossintéticos.
▪ Um organismo que sintetiza matéria orgânica a partir da matéria mineral e utiliza como fonte de
energia a energia química diz-se quimioautotrófico. Nestes organismos, o processo autotrófico
utilizado é a quimiossíntese. Alguns tipos de bactérias (presentes no solo e em águas profundas) são
organismos quimiossintéticos.

Moléculas de ATP
As células não conseguem usar diretamente a energia luminosa/ química dos compostos inorgânicos.
Por isso, necessitam de uma molécula intermediária capaz de armazenar energia e que possa ser facilmente
utilizada pelas células. → Molécula ATP (adenosina trifosfato) - a energia é acumulada pelas ligações que
estabelecem nos grupos fosfato. Ele é facilmente usado como fonte de energia devido ao facto de ser facilmente
hidrolisado.

Na molécula de ATP, as ligações químicas que unem o terceiro e segundo fosfatos são muito instáveis.
Quando, por hidrólise do ATP, a ligação ao terceiro fosfato é quebrada, ocorrem três fenómenos:
✓ o fosfato é removido do ATP, logo ocorre desfosforilação do ATP;
✓ a energia contida na ligação liberta-se, ou seja, a reação é exoenergética;
✓ o ATP origina ADP.
A reação inversa da hidrólise, síntese de ATP, é uma reação em que também ocorrem três fenómenos:
✓ é adicionado um fosfato ao ADP, logo ocorre fosforilação do ADP;
✓ é necessário fornecer energia para se
estabelecer a ligação com o terceiro fosfato,
ou seja, a reação é endoenergética;
✓ forma-se ATP a partir do ADP.
Durante a formação de compostos
orgânicos é necessário o gasto de energia
proveniente de hidrólise do ATP. Desta reação
forma-se o ADP, que é posteriormente usado na
formação de mais ATP, constituindo-se, assim,
um ciclo de ATP.
Fotossíntese
É um processo que converte a energia luminosa em química, fixa o dióxido de carbono em matéria
orgânica, e ainda liberta oxigénio. Este processo ocorre exclusivamente nos seres vivos que possuem
pigmentos fotossintéticos capazes de captar energia luminosa.
A fotossíntese é importante pois:
▪ produz subs. orgânicas a partir de inorgânicas;
▪ transforma a energia luminosa em energia química, que fica armazenada nos compostos orgânicos
sintetizados;
▪ produz oxigénio, gás essencial para a sobrevivência da maioria dos seres vivos.
Os pigmentos fotossintéticos, estão presentes nas plantas e nas algas, no interior dos cloroplastos.
Nas bactérias fotossintéticas, os pigmentos encontram-se ligados a estruturas membranares internas.
Os cloroplastos são organitos constituídos por uma dupla
membrana, no interior da qual existem o estroma e os
tilacoides. Os pigmentos fotossintéticos necessários à
realização da fotossíntese localizam-se na membrana que
constitui os tilacoides, juntamente com enzimas e
transportadores de eletrões. Tanto o estorna como os
tilacoides intervêm na fotossíntese: no espaço membranar
(tilacoides) ocorre a fase fotossintética dependente da luz e
no estroma decorre a fase independente da luz.
Nas membranas dos tilacoides os pigmentos
fotossintéticos que estão organizados em unidades chamadas de Fotossistemas.

Tipos de pigmentos fotossintéticos:

Função dos pigmentos fotossintéticos: absorver energia luminosa e convertê-la em energia


química.
A energia solar é constituída por radiações de diferentes comprimentos de onda. Os seres fotossintéticos
utilizam na fotossíntese parte das radiações do espectro da luz visível que vão do comprimento de onda dos
380 nm até ao comprimento de onda dos 750 nm.
Através da análise da luz absorvida pelos diferentes pigmentos correspondente ao espectro de absorção
constata-se que as clorofilas a e b possuem picos de absorção que se situam nas zonas azul-violeta e
vermelho laranja do espectro de luz visível, enquanto, pelo contrário, refletem as radiações correspondentes
ao verde. Assim, a maioria das folhas das plantas são verdes, uma vez que os comprimentos de onda relativos
ao verde são refletidos. Por esta razão plantas sujeitas experimentalmente a luz com diferentes
comprimentos de onda apresentam diferentes taxas fotossintéticas.

Processo fotossintético
A fotossíntese compreende duas fases sucessivas:
✓ fase fotoquímica – as reações dependem da luz
✓ fase química - as reações não dependem diretamente da luz

Este processo pode ser representado de modo global pela equação:

FASE FOTOQUÍMICA
Nesta fase também designada por fase dependente da luz, a energia luminosa é captada pelos pigmentos
fotossintéticos localizados nas membranas dos tilacoides essa energia é convertida em energia química
que vai ser utilizado na fase seguinte. Nesta etapa ocorrem:

Fluxo de
Dissociação da
Oxidação da eletrões através Redução do
molécula de
clorofila a de cadeias NADP+
água
transportadoras
Oxidação da clorofila a:
A clorofila quando excitada pela luz perde eletrões,
ficando oxidada. Esses eletrões vão ser transferidos
para acetores eletrónico. Assim o acetor eletrónico
fica reduzido.

Fluxo de eletrões de eletrões:


Os eletrões cedidos pela clorofila a percorrem uma cadeia
transportadora de eletrões (proteínas ao longo da membrana
do tilacoide). Estes recebem e transmitem os eletrões,
transferindo a sua energia que será utilizada na síntese de
ATP (fosforilação do ADP+P -fotoforilizaçãos oxidativa)

Dissociação da molécula de água:


Quando a luz incide na molécula de água ocorre: a dissociação/hidrolise/oxidação da molécula, com
formação de:
▪ H+, que irão participar na formação de NADPH;
▪ e-, que irão por reduzir as clorofilas a que estavam
oxidadas ;
▪ O2, que se liberta na atmosfera;

A água é considerada o dador principal de electrões e iões (H+).

Redução do NADP+

Os electrões (e-) provenientes do fluxo de electrões da cadeia de transportadora, e os iões de hidrogénio


(H+) provenientes da oxidação da água vão reduzir o NADP+ que se transforma em NADPH.
FASE QUÍMICA
Nesta fase ocorre a redução do CO2 e a síntese de compostos orgânicos (exemplo glicose), num
ciclo de reações conhecido por ciclo de Calvin. Este ciclo decorre no estroma do cloroplasto. Para além
disso podemos dizer que não depende diretamente da luz, pois necessita de ATP e NADPH, produzidos na
fase fotoquímica, onde são produzidos na presença de luz.

Produção de
Regeneração de
Fixação de CO2 compostos
RuDP
orgânicos
Fixação do carbono:
- O CO2 é combinado com a RuDP – ribulose
disfosfato (5C) e origina um composto instável
com 6C. Este composto desdobra-se em 2
moléculas estáveis de PGA – ácido
fosfoglicérico (3C cada)
Produção de açúcares:
Ocorre a fosforilação do PGA pelo ATP e a
redução pelos eletrões e iões H+ do NADPH
dando origem ao PGAL - aldeído fosfoglicérico.
2 moléculas de PGAL são utilizadas para a
síntese de glicose.
Regeneração da é RuDP:
-10 moléculas de PGAL vão intervir na regeneração da ribulose difosfato
Para formar uma molécula de glicose são necessários:

A molécula de glicose será utilizada para sintetizar outros compostos orgânicos como outros glícidos,
lípidos, prótidos
RESUMO DA FASE FOTOQUÍMICA

Participantes Função Produtos resultantes


Luz Transmite enrgia à clorofila a, exitando-a. Clorofilas ficam exitadas.
Clorofilas a Absorvem a enerdia luminosa, ficando exitadas. Libertam-se dois eletrês ficando
oxidadas
ADP Participam na formação da biomolécula ATP
Pi energética.
Capta eletrões e protões (H+). Recetor final dos
NADP+ eletrões provenientes do fluxo eletrónico da NADPH
cadeia de transportadores.
Fornece os eletrões que iram reduzir as clorofilas
a. 2H+
H2O Fornece os protões (H+) que irão participar na 2 eletrões
formação do NADPH. ½ O2
Produz O2 que se liberta para a atmosfera.
Cadeia transportadora de Recebe e transmite os eletrões (partículas Transferências de energia
eletrões energéticas) provenientes da clorofila a. utilizadas na sistese.

RESUMO DA FASE QUÍMICA

Participantes Função Produtos resultantes


RuDP Combina-se com CO2 PGA
Combina-se com o RuDP. PGA
CO2 Fornece oxigénio e carbono.
ATP Fornece energia ADP + Pi
NADPH Fornece eletrões e hidrogénio (NADP+) + (2H+) + (2e-)

Origina um produto final de origina moléculas orgânicas como a


PGAL fotossíntese. Manutenção do ciclo de glicose regenera o permitindo o
Calvin. funcionamento do ciclo

RESUMO DA FOTOSSÍNTESE
Experiências
EXPERIÊNCIA DE ENGELMANN (1883) - será que qualquer das radiações que
compõem a luz branca é igualmente eficaz na fotossíntese?
→ Foi feito uma preparação com espirogira alga verde filamentosa e bactérias aeróbias
que gastam oxigénio na respiração, onde foram colocadas uniformemente na
preparação.
→A preparação foi colocada no microscópio apetrechado com um prisma ótico no
sistema de iluminação.
→As bactérias deslocaram-se para as zonas onde há maior libertação do oxigénio. Estas
zonas são zonas onde incidem as radiações de comprimento de onda correspondente
ao azul-violeta e laranja-vermelho, pois nestas zonas a intensidade fotossintética é
maior.
Conclusão: as radiações mais eficazes para a
fotossíntese são as radiações
correspondentes às faixas azul violeta e
vermelho laranja

EXPERIÊNCIA DE VAN NIEL (1930) - de onde vem o oxigénio libertado na fotossíntese?

→ As bactérias sulfurosas são anaeróbias que utilizam sulfureto de hidrogénio (H2S) na fotossíntese.

→Na presença de CO 2 sintetizam compostos orgânicos e libertam enxofre

→ Comparou se as equações gerais da fotossíntese em bactérias sulfurosas e em plantas:

O oxigénio libertado pelas plantas e algas na fotossíntese provêm da água.

EXPERIÊNCIA DE RUBEM E HAMEN (1940)

→ Colocar uma inspeção de algas do género Chlorella em água marcada com o


isótopo de oxigénio 18 O2 e expuseram-nas à luz.
→ Recolheram oxigénio que se libertava e verificaram que se tratava de 18 O2.
O oxigénio libertado na fotossíntese provém da água - confirma a experiência de
Van Niel
EXPERIÊNCIAS DE GAFFRON E SEUS COLABORADORES (1951) – papel do CO2 na fotossíntese

Experiência A
→colocaram algas verdes do género Chorella, num meio contendo dióxido de carbono marcado
radioativamente (14C).
→Passado algum tempo verificou-se que as substâncias sintetizadas no decurso da fotossíntese
apresentavam radioatividade.

Conclui-se que: o CO2 intervém na formação dos compostos orgânicos produzidos no decurso da
fotossíntese.

Experiência B
→Introduziram numa suspensão de algas, fortemente
iluminada, CO 2 radioativo.
→Após 10 minutos à luz, colocaram a suspensão de
algas na obscuridade.
→Verificaram que o CO2 continuava a ser incorporado
durante 15 a 20 segundos.
→Se a iluminação inicial não ocorrer ou se for reduzida
a menos de 10 minutos cessa a fixação de CO 2 após as
algas serem transferidas para a obscuridade.

•A fixação de CO 2 decorre na obscuridade desde que previamente a água tenha estado à luz.
•A energia luminosa não intervém diretamente na fixação de CO 2.

Assim, pode admitir-se que a fotossíntese compreende 2 fases:


-Uma fase em que as reações dependem da luz – fase fotoquímica
-Uma fase não dependente diretamente da luz – fase química

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