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IOB 1122 OCEANOGRAFIA – AMBIENTE MARINHO

Estrutura do ecossistema marinho


O AMBIENTE MARINHO
Principais divisões.
- Ponto de vista ecológico= duas principais divisões do ambiente marinho: zona pelágica ou
pelagial (correspondente à coluna de água do oceano) e zona bentônica ou bental
(correspondente ao assoalho marinho).
- Os organismos que vivem no pelagial são chamados de pelágicos, e os que vivem no bental são
os organismos bentônicos (bênticos), que, em conjunto, compõem o “bentos”.

Subdivisão do ambiente pelágico.


- Região nerítica (águas sobre a plataforma continental)
- Região oceânica (todas as águas além da plataforma continental).
- De acordo com a profundidade: zonas epipelágica (da superfície até cerca de 200 m),
mesopelágica (de 200 até cerca de 1.000 m), batipelágica (de 1.000 até cerca de 4.000 m),
abissopelágica (de 4.000 até cerca de 6.000 m), e hadopelágica (profs além de 6.000 m).

Subdivisão do ambiente bentônico (baseado na profundidade)


- litoral (zona entre-marés),
- sublitoral (o restante da plataforma continental),
- batial (prof. entre 200 até 3000 a 4000 m = talude, elevação continental e parte das cadeias
oceânicas),
- abissal (plano abissal e bacias oceânicas, em profs entre 4000 e 6000 m),
- hadal (fossas oceânicas profundas, até 11 km).

Alguns autores ainda dividem a região da plataforma continental em plataformas interna e externa,
sendo a última considerada como aquela além da camada eufótica.
zona litoral = área de transição entre o ambiente marinho e terrestre → influência das variações
entre as marés altas e baixas.
Lalli & Parsons, 1995
O SISTEMA PELÁGICO

Por conveniência, o estudo dos organismos pelágicos é dividido em três partes, de


acordo com as respectivas posições na cadeia trófica e padrões de mobilidade:
fitoplâncton, zooplâncton e nécton.

Plâncton
“Plâncton” Termo muito genérico
Inclui várias classes de organismos
de vírus até alguns vertebrados.
Conjunto de organismos que apresentam em comum a capacidade limitada de
locomoção, o que faz com que dependam, em grande parte, dos movimentos da
água para se deslocarem no ambiente aquático.

CLASSES DE TAMANHO

Nome das classes Fentoplâncton Picoplâncton Nanoplâncton Microplâncton Mesoplâncton Macroplâncton Megaplâncton
(0,02-0,2 µm) (0,2-2,0 µm) (2.0-20 µm) (20-200 µm) (0,2-20 mm) (2-20 cm) (20-200 cm)
Viroplâncton ___________
Bacterioplâncton ____________
Micoplâncton _____________
Fitoplâncton ______________________________________________
Protozooplâncton _________________________________________
Metazooplâncton _________________________________________
Fitoplâncton.

-Algas unicelulares que possuem a capacidade da fotossíntese.

-Algumas bactérias e algas azúis também são incluídas entre o fitoplâncton.

-coletas realizadas por redes de plâncton predomínio de dois grupos,


diatomáceas e dinoflagelados, que devido ao tamanho ficam retidos na
malhagem das redes.

- Porém, organismos fitoplanctônicos menores, como da classe de tamanho do


picoplâncton, que escapam das redes, são vistas hoje em dia também como de
grande importância para a produção primária.
CLASSE NOME POPULAR ÁREA DE PREDOMINÂNCIA GÊNERO

Cyanobacteria Algas azuis ou bactérias azuis Tropical Oscillatoria

Rhodophyceae Algas vermelhas Temperada Fria Rhodella

Cryptophyceae Criptomonas Costeira Cryptomonas

Chrysophyceae Crisomonas Silicoflagelados Costeira - águas frias Aureococcus Dictyolocha

Bacillariophyceae Diatomáceas Todas águas (principalmente Coscinodiscus Chaetoceros


(Diatomophyceae) costeiras) Rhizosolenia
Raphidophyceae Cloromonas Águas Salobras Heterosigma

Xanthophyceae Algas pardas -- Muito raras

Eustigmatophyceae -- -- Muito raras

Prymnesiophyceae Cocolitoforídeos Oceânica Emiliania

Primnesiomonas Costeira Isochrysis Prymnesium

Euglenophyceae Euglenóides Costeira Eutreptiella

Prasinophyceae Prasinomonas Todas águas Tetraselmis Micromonas

Chlorophyceae Algas verdes Costeira Raras

Pyrrophyceae Dinoflagelados Todas águas (principalmente Ceratium Gonyaulax


(Dinophyceae) quentes) Protoperidinium
Diatomáceas
- Pertencem a classe de algas chamada Bacillariophyceae.

- Unicelulares, medindo entre 2 µm e 1000 µm algumas espécies formam


grandes cadeias ou agregados de células unidas entre si por espinhos ou
mucilagens.

- Não possuem capacidade de locomoção própria.

- Todas as espécies possuem esqueleto externo (frústula), que consistem de


duas valvas de sílica.

- Grandes depósitos dessas carapaças, formados em eras geológicas, são


conhecidas por “vasas” de diatomáceas.
Dinoflagelados
-Segundo grupo em abundância.

-Microalgas da classe Pyrrophyceae.

- Diferencia das diatomáceas por não possuírem esqueleto externo silicoso e


apresentarem dois flagelos ou apêndices, com os quais se movem na água.

-Poucas espécies formam cadeias.

- Somente alguns dinoflagelados são autótrofos.

-Cerca de 50% são totalmente heterótrofos e se alimentam do fitoplâncton ou do


zooplâncton.

-Existem espécies que apresentam as duas características.

- Ocorrem também espécies parasitas e simbióticas.


- Condições ambientais favoráveis aumentos repentinos em número
(blooms) de uma certa espécie de fitoplâncton.

- Dinoflagelados grandes manchas de cores marron-avermelhadas na


superfície dos oceanos = marés vermelhas.

- Marés vermelhas podem ser formadas por organismos inócuos, ou por


espécies que produzem toxinas potentes, como a saxitoxina (neurotóxica)
que é produzida por espécies de Gymnodinium, Alexandrium e
Pyrodinium.
Fotossíntese e Produção Primária.

-Organismos do fitoplâncton produtores primários dominantes do ambiente


pelágico

- Conversão de materiais inorgânicos (por exemplo: nitrato, fosfato) em compostos


orgânicos, como lipídios, aminoácidos, proteínas etc., pelo processo da fotossíntese.

-Muitas etapas envolvidas no processo da fotossíntese, mas geralmente se


representa através da seguinte reação química:

Fotossíntese
(requer energia da luz)
6CO2 + 6H2O ⇔ C6H12O6 + 602
dióxido de carbono água carboidrato oxigênio
Respiração
(requer energia metabólica)

- envolve uma cadeia de reações, iniciando-se pela absorção da energia luminosa


que depende de pigmentos fotossintéticos especiais (clorofila-a,b,c, carotenos,
xantofilas e ficobilinas) presentes no cloroplasto das algas.
Produção primária quantidade de tecido vegetal produzido pela fotossíntese num
determinado tempo.
Produtividade primária taxa de produção de compostos orgânicos altamente
energéticos a partir de materiais inorgânicos.

- Controle da produção do fitoplâncton no ambiente marinho radiação solar e pela


quantidade de nutrientes disponíveis.

- Quantidade de luz variação com a latitude


- Quantidade de nutrientes contida na zona eufótica em grande parte determinada
pelos fatores físicos que controlam a mistura vertical da água.
- Regiões tropicais alta intensidade luminosa mas baixa produtividade porque a
coluna de água é estável e a camada eufófica permanece com baixo teor de nutrientes.
- Regiões polares ricas em nutrientes, mas radiação solar fraca, exceto num breve
período no verão.
- Zonas temperadas produtividade máxima anual tanto a luminosidade como a
quantidade de nutrientes são razoavelmente abundantes.

- Processos físicos que redistribuem os nutrientes na camada eufótica alteração do


padrão latitudinal geral da produtividade primária.
- Processos de larga escala (grandes giros oceânicos e ressurgências costeiras),
pequena escala (vórtices frontais) ou escala muito pequena (circulação de Langmuir).
Zooplâncton

- Inclui o componente heterotrófico do plâncton requerem substrato orgânico, ao


invés de inorgânico para obtenção da energia química para sintetizar o material do
seu corpo.

- Basicamente são conhecidos 4 tipos de organismos quanto à forma de obtenção


de energia: herbívoros, carnívoros, detritívoros e onívoros.

- Duas categorias, de acordo com o tempo de residência na comunidade


planctônica: o holoplâncton (ou plâncton permanente) que passa todo o seu ciclo
de vida no plâncton, e o meroplâncton que é residente temporário da comunidade
planctônica.

- Excluindo os protozoários, existem cerca de 5000 espécies de zooplâncton


holoplanctônico, representando diferentes grupos taxonômicos de invertebrados.

-Cerca de 70% das espécies bentônicas liberam ovos e embriões na coluna de


água formas larvais se tornam parte da comunidade planctônica (pode ser de
poucos minutos até alguns meses ou anos).

- Ovos e larvas de peixes também compõem uma porção importante do


meroplâncton e recebem coletivamente o nome de ictioplâncton.
Principais grupos representantes do zooplâncton holoplanctônico:
Filo Subgrupos Gêneros mais comuns
Protozoa (protistas Dinoflagelados Noctiluca
heterotróficos)
Zooflagelados Bodo
Foraminíferos Globigerina
Radiolários Aulacantha
Ciliados Strombidium; Favella
Cnidaria (Coelenterata) Medusas Aglantha; Cyanea
Sifonóforos Physalia; Nanomia
Ctenophora Tentaculados Pleurobrachia
Nuda Beroe
Chaetognatha Quetognatos Sagitta
Annelida Poliquetos Tomopteris
Mollusca Heterópodos Atlanta
Tecossomos Limacina; Clio
Gimnossomos Clione
Arthropoda Cladóceros Evadne; Podon
(Classe Crustacea) Ostrácodos Conchoecia
Copépodos Calanus; Oithona
Misidáceos Neomysis
Anfípodos Parathemisto
Eufausiáceos Euphausia
Decápodos Sergestes; Lucifer
Urochordata Apendiculários Oikopleura
Salpas Salpa; Pyrosoma
Migração vertical

Muitos organismos zooplanctônicos se movem verticalmente seguindo a


periodicidade diária.

- Padrão mais comum: subida em direção às camadas superficiais durante a noite e


decida para águas mais fundas com o nascer do sol.

- O significado adaptativo da migração vertical diária ainda não está esclarecido e


pode ser diferente para diferentes espécies.
conservação de energia, permanecendo em águas frias, exceto durante
a alimentação;
pode ajudar a reduzir a mortalidade por predação visual;
pode permitir que as espécies com capacidade de movimentação
limitada explore novas áreas de alimentação.
Distribuição

- Diferentes espécies de zooplâncton habitam diferentes zonas de profundidade dos


oceanos.

- Os estilos de vida, morfologia, e o comportamento dos organismos que vivem em


grandes profundidades diferem das espécies que habitam a zona epipelágica.

- A biomassa de zooplâncton diminui exponencialmente com a profundidade.

- Em baixas latitudes o número de espécies do zooplâncton epipelágico e


mesopelágico é alto, mas o número de indivíduos de cada espécie tende a ser
pequeno.

- Em altas latitudes situação reversa: em que diminui o número de espécies,


mas a abundância de cada uma delas é alta.

- Outra característica: distribuição agregada pode refletir uma resposta a variação


dos fatores ambientais, interação presa-predador, ou ainda outros eventos
biológicos como a reprodução.
Cadeia alimentar e transferência de energia
- A cadeia alimentar pelágica começa com o fitoplâncton (produtores primários) que sintetiza
compostos orgânicos a partir de compostos inorgânicos, utilizando energia solar.

- A quantidade total de biomassa produzido em todos os níveis tróficos a partir do segundo


nível, por unidade de área e por unidade de tempo é chamada de produção secundária.

- Fluxo de energia:
Sentido unidirecional.
Uma parte perdida em cada transferência de nível trófico, representando o gasto metabólico
pela respiração.
Como conseqüência a energia total vai diminuindo de um nível para outro.

- Minerais:
incorporados pelos organismos dos diversos níveis tróficos podem ser reciclados dentro do
ecossistema.
As bactérias decompõem as matérias orgânicas provenientes de todos os níveis tróficos,
liberando as formas inorgânicas de elementos essenciais que se tornam disponíveis para os
seres autótrofos.
Existe uma via alternativa, acoplada a essa cadeia trófica, em que o material orgânico
dissolvido (subprodutos orgânicos e restos de organismos mortos) é utilizado como fonte de
carbono por bactérias heterotróficas.
As bactérias são consumidas por protozoários que, por sua vez, são consumidos por
herbívoros da cadeia trófica principal.
Esse caminho alternativo da ciclagem de nutrientes é chamado de alça microbiana.
Importância do tamanho dos organismos produtores:

Quando se move da costa para o oceano aberto, o tamanho dos organismos


muda do microplâncton (20 – 200 µm) para o nanoplâncton (2 –20 µm).

Quanto maior o tamanho do organismo no início da cadeia alimentar, menor o


número de níveis dentro desta cadeia.

- Oceano aberto: o nanoplâncton se torna tão pequeno que não pode ser
eficientemente filtrado pelos organismos mais comuns do zooplâncton. Por
exemplo, a Euphausia pacifica é herbívora na região costeira, mas carnívora no
mar aberto.

- Região de ressurgência: além do tamanho dos organismos, muitas espécies


fitoplanctônicas têm hábito colonial, formando massas gelatinosas ou filamentos
longos, podendo ser consumidos até por peixes. Certos clupeiformes têm uma
adaptação especial dos rastros branquiais para remover as espécies
fitoplanctônicas maiores.
Produtividade e características das cadeias tróficas de diferentes habitats
oceânicos (Ryther, 1969)

Habitat % da área Produtividade Níveis Eficiência Produçaõ média de Produção total de


oceânica média(gCm-2a-1) tróficos ecológica peixes (mg C m-2 a-1) peixes (106 t/ano)
Mar aberto 90,0 50 5 10% 0,5 0,2
Zona costeira 9,9 100 3 15% 340 12
Ressurgência 0,1 300 1,5 20% 36 000 12

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