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Um panorama geral sobre a evolução da

vida no planeta
“A vida surgiu há pelo menos cerca de 3,5 bilhões de anos, durante o éon geológico conhecido
como Arqueano. Os mais antigos fósseis amplamente reconhecidos como vestígios de algum
organismo vivo são os estromatólitos, que foram formados pelo crescimento laminar de comunidades
microbianas. Esses organismos cresciam formando uma camada sobre o substrato, chamada de
biofilme, assim como muitas bactérias ainda o fazem. (...)
Os mais famosos estromatólitos modernos são encontrados na Austrália, em Shark Bay, mas
existem estromatólitos em muitos outros lugares do mundo, até mesmo no Brasil, na Lagoa Salgada,
localizada no litoral norte do estado do Rio de Janeiro.
Os estromatólitos fósseis podem ocorrer em diversas formações geológicas ao redor do mundo.
Os mais antigos vêm da formação de Turbiana, na Austrália. Acredita-se que os estromatólitos fósseis
eram formados por organismos já extintos, distintos dos organismos que formam os estromatólitos
modernos, que são formados por cianobactérias, ou seja, organismos procariontes, desprovidos de
um núcleo celular. Acredita-se que os estromatólitos fósseis mais antigos eram formados por
organismos apenas relacionados com as cianobactérias atuais, não necessariamente ancestrais
diretos destas.
A atividade fotossintética dos primeiros organismos procariontes foi responsável por mudanças
drásticas no sistema geológico. A atmosfera, uma vez redutora, tornou-se oxidante, o que causou
uma oxidação massiva dos minerais da crosta terrestre, produzindo grande parte dos minerais que
hoje conhecemos. Biologicamente, antes dessa mudança, a principal estratégia metabólica adotada
pelos organismos era provavelmente a respiração anaeróbia. A partir da elevação da quantidade de
oxigênio disponível, outra estratégia metabólica ficou favorecida: a respiração aeróbia, que consome
oxigênio e libera mais energia que os processos anaeróbios. Nesse caso, organismos que sofreram
modificações genéticas que permitiram a respiração aeróbia se beneficiaram e deixaram maior
número de descendentes.
Essas mudanças permitiram, portanto, que novos tipos de organismo surgissem. Depois
do surgimento dos estromatólitos há 3,5 bilhões de anos, ocorreu um aumento gradual no
nível de oxigênio que atingiu a concentração atmosférica de cerca de 2% há aproxi-
madamente 2 bilhões de anos.
Continua
Um panorama geral sobre a evolução da
vida no planeta
Subsequentemente, com cerca de 1,8 bilhão de anos, foram encontrados os primeiros
fósseis amplamente reconhecidos como vestígios de organismos eucariontes, principalmente
a alga vermelha Bangiomorpha. Durante os anos subsequentes, surgiram muitas outras
linhagens de algas, e ocorreu diversificação de diversos outros organismos eucariontes não-
fotossintetizantes. O aparecimento de muitas linhagens iniciais de algas eucarióticas, há
cerca de 1 bilhão de anos, foi seguido por um rápido e expressivo aumento na concentração
de oxigênio, que em apenas 200 milhões de anos atingiu cerca de 20%. Esse aumento na
concentração de oxigênio permitiu ainda maior diversificação dos organismos eucariontes,
culminando eventualmente no surgimento das formas multicelulares, como plantas e animais
ao final do período Ediacarano, há cerca de 530-520 milhões de anos, em um momento
conhecido como a Explosão do Cambriano.”

Fragmento extraído de: Daniel Lahr. “A evolução da vida em um planeta em


constante mudança”, Capítulo 7 (pag. 142) do Livro “Astrobiologia – Uma ciência
emergente”.

PARA SABER MAIS SOBRE O TEMA!

Para ver alguns exemplos de como a ciência tem abordado esses temas e das dúvidas
que ainda nos restam, veja os materiais abaixo:
• “No Ceará, grupo acha fóssil inédito de peixe com coração fossilizado em 3D”,
reportagem do G1 de abril de 2016, disponível em:
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2016/04/no-ceara-grupo-acha-fossil-inedito-de-
peixe-com-coracao-fossilizado-em-3d.html
• “Cientistas encontram fósseis mais antigos da Terra e se aproximam da origem da
vida”, vídeo do Mensageiro Sideral de março de 2017, disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=8-0JYP4PYjc

Leitura Complementar!
• “Quando os animais herdaram o planeta”, Capítulo 10 (pág. 197) do Livro
“Astrobiologia – Uma ciência emergente”;
Disponível para download em:
https://www.iag.usp.br/astronomia/sites/default/files/astrobiologia.pdf.

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