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Origem da vida

Origem da vida ainda é um assunto muito debatido e que apresenta muitas incertezas, não havendo um
consenso a respeito de como tudo começou.

A origem da vida no planeta Terra é, sem dúvidas, um assunto que intriga toda a humanidade. Várias
hipóteses foram criadas para explicar tal evento, porém até os dias atuais nenhuma foi completamente
comprovada. Neste texto abordaremos algumas das principais ideias/hipóteses de gênese (origem) da vida.

1. Criacionismo
De acordo com o criacionismo, todos os seres vivos surgiram na Terra por meio de
uma criação divina. Segundo essa ideia, Deus criou todos os seres vivos, incluindo os seres humanos, como
está relatado na Bíblia. Essa ideia de origem da vida é uma das mais antigas e até hoje é aceita por muitos
fiéis em torno de todo o planeta. Caso tenha maior curiosidade sobre esse tema, leia nosso
texto: Criacionismo. A teoria de que a vida teria sido uma criação divina é embasada por escritos religiosos.
As principais religiões que difundem suas versões criacionistas para explicar a origem dos seres na Terra
são: Cristianismo, Judaísmo e Islamismo. A Bíblia Sagrada, especificamente no livro de Gênesis, explica
que o homem, assim como todas as coisas, foram criados por Deus. Já na mitologia grega o surgimento dos
homens é atribuído aos titãs, moldados no barro, semelhantemente ao que se vê na narrativa bíblica. O
criacionismo se distingue das demais teorias por ter um caráter religioso, ou seja, está fundamentado em
crenças, embora alguns argumentos apresentem atributos científicos. Já as demais hipóteses para a origem
da vida possuem conclusões provenientes de pesquisas científicas.

2. Geração Espontânea ou Abiogênese


A teoria da geração espontânea ou abiogênese admite, em essência, o aparecimento dos seres vivos a partir
da matéria bruta de maneira contínua. Essa hipótese surgiu com Aristóteles, há mais de 2 000 anos. Para
Aristóteles e seus seguidores, a matéria bruta apresentava um “princípio ativo” responsável pela formação
dos seres vivos quando as condições do meio fossem favoráveis. O princípio ativo era o grande responsável
pelo desenvolvimento de um novo organismo. A ideia da geração espontânea constituía a melhor forma de
explicar as larvas que surgiam na carne crua exposta ao ar livre e de girinos que surgiam em poças de água.

3. Teoria da Biogênese
A teoria da biogênese admite que todos os seres vivos são originados de outros seres vivos preexistentes.
Vários cientistas provaram que um ser vivo só se origina de outro ser vivo e contestaram a abiogênese. Os
principais defensores da biogênese foram: Ernest Haeckel, Thomas Henry Hurley, Stanley Miller,
Lázzaro Spallanzani, Francesco Redi e Louis Pasteur.

Experimento de Redi
Francesco Redi, médico e biólogo de Florença, por volta de 1660, começou a questionar a teoria da
abiogênese. Para isso, colocou pedaços de carne crua dentro de frascos, deixando alguns abertos. Depois de
vários dias, as larvas só apareceram na carne do frasco aberto. Redi observou que as moscas colocavam ovos
sobre a carne e concluiu que a geração espontânea não tinha validade. Com a invenção do microscópio, o
mundo dos microrganismos foi revelado, empolgando os adeptos da geração espontânea e da biogênese, que
buscavam a explicação para a origem desses seres vivos.

Experimento de Pasteur
Por volta de 1860, o cientista francês Louis Pasteur conseguiu provar definitivamente que os seres vivos se
originam de outros seres vivos. Ele realizou experimentos com balões do tipo pescoço de cisne, que mostrou
que um líquido ao ser fervido, não perde a chamada "força vital", como defendiam os adeptos da
abiogênese, pois quando o pescoço do balão é quebrado, após a fervura do líquido, há o aparecimento dos
seres vivos. A partir dos experimentos de Pasteur, a teoria da biogênese passou a ter aceitação nos meios
científicos.
4. Panspermia Cósmica ou Cosmogênica
Panspermia é uma hipótese que afirma que a vida no planeta pode ter sido iniciada com base em partículas
da vida que chegaram à Terra através do espaço. Segundo a Panspermia, palavra grega que significa
“sementes em todos os lugares”, a vida do planeta Terra teria surgido a partir de fragmentos de vida
resistentes, como esporos, vindos do espaço através de meteoritos e cometas. Apesar das hipóteses para o
surgimento de vida na Terra estarem relacionadas com a transferência de matéria-prima, que se
desenvolveram pelas condições favoráveis, existem os que acreditam que a vida tem origem de uma
civilização extraterrestre. De acordo com o filósofo grego Anaxágoras, existiam sementes da vida em todo
o Universo. Desse modo, a vida pode não ter sido originada aqui, e sim ter chegado ao planeta depois. Essa
ideia criou força no século XIX, quando os
químicos Thenard, Vauquelin e Berzelius descobriram compostos orgânicos em amostras de
um meteorito. Em 1871, o físico William Thomson propôs que meteoros ou asteroides, ao colidirem com
planetas que continham vida, poderiam ter ejetado rochas contendo seres vivos. Assim, rochas contendo
vida podem ter trazido ou colaborado com a origem da vida na Terra. Anaxágoras, Jöns Jacob Berzelius,
William Thomson e Svante Arrhenius são exemplos de estudiosos que defenderam essa hipótese. Berzelius,
por exemplo, chegou a detectar em 1830 a presença de compostos orgânicos em meteoritos. Entretanto, essa
teoria de propagação da vida não consegue explicar como a vida se originou no local de onde veio e como
sobreviveram até chegar ao planeta Terra.

De acordo com a teoria da panspermia, a vida pode ter chegado ao planeta por meio de um meteorito

Fragmentos do meteorito Murchison, por exemplo, contêm mais de 80 aminoácidos diferentes. Além
disso, esses fragmentos, que caíram na Austrália em 1969, contêm, além de aminoácidos, outras moléculas
orgânicas fundamentais.
5. Evolução molecular ou química – Teoria de Oparin e Haldane
De forma independente, os cientistas biólogo e bioquímico russo Aleksandr Ivanovich Oparin (1894 –
1980) & o pensador marxista, geneticista e biólogo britânico John Burdon Sanderson Haldane (1892 –
1964), na década de 1920, levantaram uma hipótese que é hoje considerada a mais aceita de origem da
vida. Eles propuseram que a atmosfera primitiva da Terra apresentava compostos que sofreram a ação de
raios e da radiação ultravioleta, dando origem a moléculas simples. Essas moléculas orgânicas ficavam
nos oceanos primitivos, formando uma espécie de “sopa primitiva”. De acordo com os pesquisadores,
a atmosfera primitiva terrestre era composta basicamente por amônia (NH3), hidrogênio (H+), metano
(CH4) e vapor d'água (H2O). O vapor d'água da atmosfera condensava-se e dava origem a chuvas. A água,
ao cair no solo, evaporava-se rapidamente, uma vez que a superfície terrestre ainda era quente, dando inicio,
desse modo, a um ciclo de chuvas. Nesse cenário observavam-se ainda descargas elétricas e
a radiação ultravioleta do Sol, que fazia com que os elementos atmosféricos reagissem e formassem
compostos, os aminoácidos. A água das chuvas levou esses aminoácidos à superfície terrestre. Esses, ao
encontrarem condições favoráveis, começaram a formar estruturas semelhantes a proteínas. Com a
formação dos oceanos, essas “proteínas primitivas” foram arrastadas para esses locais e formaram
os coacervados, os quais podem ser definidos como agregados de proteínas rodeados por água. Após algum
tempo, esses coacervados tornaram-se estáveis e mais complexos. A ideia de Oparin-Haldane foi
posteriormente testada pelos pesquisadores químicos estadunidenses Stanley Lloyd Miller (1930 –
2007) e Harold C. Urey (1893 – 1981), em 1953. Eles criaram um experimento em que foi
possível simular as condições da Terra primitiva. O resultado foi impressionante, tendo sido eles capazes
de produzir aminoácidos e outros compostos orgânicos. Desse modo, ambos concluíram que moléculas
orgânicas podiam ser geradas de maneira espontânea em condições equivalentes às da Terra primitiva.
Sidney Fox (1912-1998) foi um pesquisador norte-americano. Baseado na teoria de Oparin, que dizia que a
água da Terra primitiva continha vários aminoácidos e era levada pelas chuvas para a superfície das rochas
quentes, e esse calor provocava a união dessas moléculas, Fox realizou um experimento muito parecido em
seu laboratório. Fox preparou uma solução líquida contendo aminoácidos e colocou essa solução em uma
superfície seca e aquecida. Em seguida, adicionou água salgada ao sistema, simulando a água do mar que
molhava as rochas. Após algum tempo, Fox analisou a solução no microscópio e observou a formação de
umas pequenas esferas. Essas pequenas esferas tinham a propriedade de aumentar seu tamanho e se
dividirem em esferas menores. Essas esferas eram formadas por proteínas em seu interior, resultantes das
ligações entre os aminoácidos. Ao redor dessas esferas havia pequenas bolsas, provavelmente formadas por
moléculas de água. Os coacervados são produzidos dessa forma e possuem essa mesma composição. As
proteínas se aglomeram e ao redor se forma uma película composta por moléculas de água, transformando o
coacervado em um sistema isolado. Recentemente, cientistas utilizaram material orgânico proveniente
de meteoritos em um experimento. O material orgânico foi dissolvido em água e observaram a formação de
coacervados.

Obs.: Haldane foi um dos fundadores, junto com Ronald Fisher (estatístico, biólogo evolutivo e
geneticista inglês, 1890 – 1962) e Sewall Wright (geneticista estadunidense, 1889 – 1988), da Genética
Populacional.
Representação do experimento realizado por Miller

Entretanto, posteriormente, descobriu-se que a atmosfera primitiva provavelmente não era um ambiente
como o sugerido por Oparin e Haldane. Ainda assim, mesmo considerando as novas descobertas para as
características da atmosfera da Terra primitiva, foi possível produzir moléculas orgânicas. Vale salientar
também que a atmosfera primitiva poderia ser redutora em pequenas porções, como aquelas perto de
aberturas de vulcões. Experimentos realizados nessas condições também geraram aminoácidos.

Alimentação do primeiro ser vivo: hipóteses autotrófica e heterotrófica


Acredita-se que o Planeta Terra tenha se formado há aproximadamente 4,6 bilhões de anos, e que a
composição da atmosfera era totalmente diferente da que vemos atualmente. Segundo Oparin e Haldane, que
elaboraram uma das teorias sobre a origem da vida, descargas elétricas provenientes de tempestades e raios
ultravioletas do sol teriam fornecido energia para as reações químicas entre as moléculas da atmosfera,
originando substâncias orgânicas simples, como os aminoácidos e glicídios. Ainda segundo Oparin e
Haldane, essas substâncias simples teriam sofrido várias transformações até originarem seres vivos
semelhantes aos procariontes que conhecemos atualmente.

Deduz-se que o primeiro ser vivo que habitou a Terra conseguia sobreviver através da absorção de
moléculas simples que se encontravam dissolvidas na água, e como não havia oxigênio na atmosfera, esses
organismos deveriam conseguir energia através da fermentação.

À medida que o tempo passou, as condições na Terra e os seres vivos se modificaram, surgindo então
organismos autotróficos capazes de realizar a fotossíntese utilizando inicialmente o gás carbônico e o gás
sulfídrico, processo realizado ainda hoje por bactérias conhecidas como sulfobactérias. Há mais ou menos
três bilhões de anos surgiram bactérias capazes de utilizar a água ao invés de gás sulfídrico na realização da
fotossíntese, e pelo fato de a Terra ter grande disponibilidade de água, essas bactérias se espalharam por
todo o planeta, causando uma proliferação tão grande que a concentração de oxigênio na atmosfera
aumentou consideravelmente, causando um grande impacto no ambiente.
Com a alta concentração de oxigênio na atmosfera, muitos organismos se extinguiram, pois não tinham o
organismo desenvolvido para aproveitar esse gás. Com o decorrer do tempo, muitos seres vivos passaram
por diversas mutações e foram surgindo organismos capazes de utilizar o oxigênio da atmosfera pela
respiração aeróbia. Por esse tipo de respiração produzir mais energia que a fermentação, esse processo foi
vantajoso e se espalhou, fazendo aumentar a população de heterótrofos.

No decorrer dos tempos os seres vivos foram sofrendo mutações para se adaptarem às condições da
superfície terrestre

Além de compreender como os seres vivos surgiram, os cientistas também buscam saber como esses
sobreviveram em um ambiente tão remoto. Muito se discute ainda se o primeiro ser vivo
era autotrófico ou heterotrófico, sendo possível observar muita discordância entre os autores de livros
didáticos nesse sentido. Veja a seguir essas duas hipóteses:

 Hipótese heterotrófica: afirma que o primeiro ser vivo não era capaz de produzir seu próprio alimento.
Desse modo, esses primeiros seres alimentavam-se de moléculas orgânicas que estavam presentes no meio.
Os que defendem essa ideia afirmam que os seres vivos primitivos seriam muito simples e incapazes de
produzir seu próprio alimento. Provavelmente esses organismos extraiam energia dos alimentos por meio da
realização da fermentação. Assim, teríamos a evolução dos processos metabólicos a seguir:

Fermentação – Fotossíntese – Respiração Aeróbia

 Hipótese autotrófica: afirma que os primeiros seres vivos eram capazes de produzir seu próprio alimento.
Os autores que sustentam essa ideia acreditam que a Terra não possuía moléculas orgânicas suficientes para
alimentar esses primeiros seres. Entretanto, vale destacar que provavelmente os primeiros organismos
conseguiram obter seu alimento pelo processo de quimiossíntese, que não necessita de energia luminosa,
como a fotossíntese. Na quimiossíntese os seres vivos produzem moléculas orgânicas utilizando a energia
química proveniente de compostos inorgânicos. Os primeiros seres vivos seriam, portanto, bactérias
quimiolitoautotróficas (em fendas vulcânicas, que expelem gases sulfídricos ou H 2S, a mais de 2.500 m de
profundidade). Essa hipótese é a mais aceita atualmente. Assim, teríamos a evolução dos processos
metabólicos a seguir:

Bactérias Quimiolitoautotróficas – Fermentação – Fotossíntese – Respiração Aeróbia


As primeiras células
Acredita-se que o primeiro ser vivo, ou seja, a primeira célula tenha surgido há cerca de 3,5 bilhões de anos.
Essas células tinham estrutura e funcionamento muito simples, sendo formadas por uma membrana
plasmática delimitando um citoplasma, no qual estavam presentes as moléculas de ácidos nucleicos. Esses
formavam uma estrutura denominada nucleoide. Células assim organizadas são denominadas
células procariotas e os organismos que as apresentam são os procariontes.

Na Terra atual existem organismos descendentes dessas primeiras células: são as bactérias e as algas azuis
ou cianobactérias. A partir dos procariontes anaeróbicos ancestrais, teriam derivado também os organismos
com estruturas celulares mais complexas: os eucariontes. Esses apresentam as células chamadas eucariotas.
O surgimento dos eucariontes deve ter ocorrido há cerca de 1,5 bilhões de anos. A maior parte dos
organismos que vivem atualmente na Terra apresentam células eucariotas.

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