Você está na página 1de 18

Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA

Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

As plantas são seres pluricelulares e eucariontes. Nesses aspectos elas são


semelhantes aos animais e a muitos tipos de fungos; entretanto, têm uma
característica que as distingue desses seres - são autotróficas. Como já vimos, seres
autotróficos são aqueles que produzem o próprio alimento pelo processo da
fotossíntese. Utilizando a luz, ou seja, a energia luminosa, as plantas produzem a
glicose, matéria orgânica formada a partir da água e do gás carbónico que obtêm do
alimento, e liberam o gás oxigénio.
As plantas, juntamente com outros seres fotossintetizantes, são produtoras de
matéria orgânica que nutre a maioria dos seres vivos da Terra, actuando na base das
cadeias alimentares. Ao fornecer o gás oxigénio ao ambiente, as plantas também
contribuem para a manutenção da vida dos seres que, assim como elas próprias,
utilizam esse gás na respiração. As plantas conquistaram quase todos os ambientes da
superfície da Terra.
Segundo a hipótese mais aceita, elas evoluíram a partir de ancestrais protistas.
Provavelmente, esses ancestrais seriam tipos de algas pertencentes ao grupo dos
protistas que se desenvolveram na água. Foram observadas semelhanças entre alguns
tipos de clorofila que existem tanto nas algas verdes como nas plantas. A partir dessas
e de outras semelhanças, supõe-se que as algas verdes aquáticas são ancestrais
directas das plantas.
Há cerca de 500 milhões de anos, as plantas iniciaram a ocupação do ambiente
terrestre. Este ambiente oferece às plantas vantagens como: maior facilidade na
captação da luz, já que ela não chega às grandes profundidades da água, e facilidade
da troca de gases, devido à maior concentração de gás carbónico e gás oxigénio na
atmosfera. Esses factores são importantes no processo da respiração e da fotossíntese.
Mas e quanto a presença da água, tão necessária à vida? Ao compararmos o ambiente
terrestre com o ambiente aquático, verificamos que no terrestre a quantidade de água
sob a forma líquida é bem menor e também que a maior parte dela está acumulada no
interior do solo.
Como, então, as plantas sobrevivem no ambiente terrestre?
Isso é possível porque elas apresentam adaptações que lhes possibilitam
desenvolver no ambiente terrestre e ocupá-lo eficientemente. As plantas adaptadas

1
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

ao ambiente terrestre apresentam, por exemplo, estruturas que permitem a absorção


de água presente no solo e outras estruturas que impedem a perda excessiva se água.
Devemos lembrar que alguns grupos de plantas continuaram sobrevivendo em
ambiente aquático.

O reino das plantas é constituído de organismos pluricelulares, eucariontes, autótrofos


fotossintetizantes.

Classificação das plantas


As plantas cobrem boa parte dos ambientes terrestres do planeta. Existem vários tipos
de planta e elas ocupam os mais diversos ambientes.

para classificar, ou seja, organizar diversos objetos ou seres em diferen-tes grupos, é


preciso determinar os critérios através dos quais identificaremos as semelhanças e as
diferenças entre eles. Em geral, os cientistas consideram como critérios importantes:
 A característica da planta ser vascular ou avascular, isto é, a presença ou não
de vasos condutores de água e sais minerais (seiva bruta) e matéria orgânica (a
seiva elaborada);
 Ter ou não estruturas reprodutoras (semente, fruto e flor) ou ausência delas.

Os nomes dos grupos de plantas


Criptógama: palavra composta por cripto, que significa escondido, e
gama, cujo significado está relacionado a gameta (estrutura reprodutiva). Esta
palavra significa, portanto, "planta que tem estrutura reprodutiva escondida".
Ou seja, sem semente.
Fanerógama: é um termo usado para se referir aos vegetais superiores que se
caracterizam pela presença de flores, como órgãos de reprodução nitidamente visíveis,
destacando-se de outras traqueófitas, como as pteridófitas. As Fanerógamas
também são conhecidas como espermatófitas, pois são plantas que produzem
sementes. A maioria das plantas bem sucedidas tem na semente seu modo primário
de reprodução e dispersão. Poderíamos dizer até que estamos vivendo a "Idade das
Sementes" e essa é o maior avanço evolutivo dos vegetais.

2
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

Podemos dividir as fanerógamas em dois grandes grupos: As Gimnospermas,


representadas pelos pinheiros, e Angiospermas, constituídas pelas plantas que
produzem frutos. Todas as fanerógamas possuem tecidos vasculares, xilema para
condução de água e sais minerais e floema para condução de alimento. Há a
alternância de gerações, mas a geração gametofítica é significativamente reduzida em
tamanho e é inteiramente dependente da geração esporofítica.

Gimnosperma: palavra composta por gimmno, que significa descoberta,


e sperma, semente. Esta palavra significa, portanto, "planta com semente a
descoberto" ou "semente nua".
Angiosperma: palavra composta por angion, que significa vaso (que
neste caso é o fruto) e sperma, semente. A palavra significa, "planta com
semente guardada no interior do fruto".
Briófitas - Plantas sem vasos condutores
Essa divisão compreende vegetais terrestres com morfologia bastante
simples, conhecidos popularmente como "musgos" ou "hepáticas". São
organismos eucariontes, pluricelulares, onde apenas os elementos reprodutivos
são unicelulares, enquadrando-se no Reino Plantae, como todos os demais
grupos de plantas terrestres.
Ocorrência
As briófitas são características de ambientes terrestre húmidos, embora
algumas apresentem adaptações que permitem a ocupação dos mais variados
tipos de ambientes, resistindo tanto à imersão, em ambientes totalmente
aquáticos, como a desidratação quando actuam como sucessores primários na
colonização, por exemplo de rochas nuas ou mesmo ao congelamento em
regiões polares. Apresenta-se entretanto sempre dependentes da água, ao
menos para o deslocamento do anterozoide flagelado até a oosfera. Esta
Divisão não possui representantes marinhos.
Morfologia
As briófitas são plantas avasculares de pequeno porte que possuem
muitos e pequenos cloroplastos em suas células. O tamanho das briófitas está
relacionado à ausência de vasos condutores, chegando no máximo a 10 cm em
ambientes extremamente húmidos. A evaporação remove consideravelmente a
quantidade de água para o meio aéreo. A reposição por absorção é um

3
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

processo lento. O transporte de água ao longo do corpo desses vegetais ocorre


por difusão de célula a célula, já que não há vasos condutores e, portanto, é
lento.
Classificação
As briófitas mais conhecidas são as hepáticas e os musgos. As
hepáticas são tanto aquáticas quanto terrestres e seu talo é uma lâmina
extremamente delgada. Seu talo lembra muito um vegetal superior: apresenta-
se erecto, crescendo a partir do solo.
Nos musgos, como, aliás, em todas as briófitas, há duas gerações
adultas somáticas com aspectos totalmente diferentes e que se alternam em
um ciclo reprodutivo (gametófito e o esporófito).

Importância dos musgos


Apesar do aspecto modesto, os musgos têm grande importância para os
ecossistemas. Juntamente com os líquenes, os musgos foram as primeiras
plantas a crescer sobre rochas, as quais desgastam por meio de substâncias
produzidas por sua actividade biológica. Desse modo, permitem que, depois
deles, outros vegetais possam crescer sobre essas rochas. Daí seu importante
papel nas primeiras etapas de formação dos solos.

Pteridófitas
Samambaias, avencas, xaxins e cavalinhas são alguns dos exemplos mais
conhecidos de plantas do grupo das pateridófitas. A palavras pteridófita vem do grego
pteridon, que significa 'feto'; mais phyton, 'planta'. Pteridófitas como a "cavalinha",
cujo aspecto lembra a cauda de um cavalo e tem folhas muito ásperas, foram muito
utilizadas como instrumento de limpeza. No Brasil, os brotos da samambaia-das-roças
ou feto-águia, conhecido como alimento na forma de guisados.
Atualmente, a importância das pteridófitas para o interesse humano restringe-
se, principal-mente, ao seu valor ornamental. É comum casas e jardins serem
embelezados com samambaias e avencas, entre outros exemplos.
Ao longo da história evolutiva da Terra, as pteridófitas foram os primeiros
vegetais a apresentar um sistema de vasos condutores de nutrientes. Isso possibilitou

4
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

um transporte mais rápido de água pelo corpo vegetal e favoreceu o surgimento de


plantas de porte elevado. Além disso, os vasos condutores representam uma das
aquisições que contribuíram para a adaptação dessas plantas a ambientes terrestres.
O corpo das pteridófitas possui raiz, caule e folha. O caule das atuais
pteridófitas é em geral subterrâneo, com desenvolvimento horizontal. Mas, em
algumas pteridófitas, como os xaxins, o caule é aéreo. Em geral, cada folha dessas
plantas divide-se em muitas partes menores chamadas folíolos.
A maioria das pteridófitas é terrestre e, como as briófitas, vive
preferencialmente em locais úmidos e sombreados.
Gimnospermas
As gimnospermas (do grego Gymnos: 'nu'; e sperma: 'semente') são plantas
terrestres que vivem, preferencialmente, em ambientes de clima frio ou temperado.
Nesse grupo incluem-se plantas como pinheiros, as sequoias e os ciprestes.
As gimnospermas possuem raízes, caule e folhas. Possuem também ramos
reprodutivos com folhas modificadas chamadas estróbilos. Em muitas gimnospermas,
como os pinheiros e as sequoias, os estróbilos são bem desenvolvidos e conhecidos
como cones - o que lhes confere a classificação no grupo das coníferas.
Florestas de coníferas de regiões temperadas são ricas em árvores do grupo das
gimnospermas.
Há produção de sementes: elas se originam nos estróbilos femininos. No
entanto, as gimnospermas não produzem frutos. Suas sementes são "nuas", ou seja,
não ficam encerradas em frutos.

São também gimnospermas as Cycas, popularmente conhecidas como


palmeira-de-ramos ou palmeira-de-sagu, comuns em alguns lugares do Brasil. O tronco
também costuma ser espesso, a folha é parecida com a das palmeiras, porém, é muito
mais rígida.

Angiospermas

Actualmente são conhecidas cerca de 350 mil espécies de plantas - desse total,
mais de 250 mil são angiospermas.

5
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

A palavra angiosperma vem do grego angeios, que significa 'bolsa', e sperma,


'semente'. Essas plantas representam o grupo mais variado em número de espécies
entre os componentes do reino Plantae ou Metaphyta.
Características principais de uma angiospermas
As angiospermas arborescentes possuem três componentes principais: raízes,
caule (tronco) e folhas.
As raízes são os órgãos fixadores da árvore ao solo e absorvem água e sais
minerais, indispensáveis para a sobrevivência da planta.
O tronco, constituído de inúmeros galhos, é o órgão aéreo responsável pela
formação das folhas, efectuando também a ligação delas com as raízes.
E as folhas são os órgãos onde ocorrerá a fotossíntese, ou seja o processo em
que se produzem os compostos orgânicos essenciais para a manutenção da vida da
planta.
Cada flor, que aparece periodicamente nos galhos, é um sistema de reprodução
e é formada pela reunião de folhas modificadas presas ao receptáculo floral, que
possui formato de um disco achatado. Por sua vez o receptáculo floral fica no topo do
pedúnculo floral, que é o "cabinho" da flor. No receptáculo há uma série de círculos
concêntricos nos quais estão inseridas as peças florais. De fora para dentro, são quatro
os tipos de folhas modificadas constituintes da flor: sépalas, pétalas, estames e
carpelos.
A formação dos frutos e das sementes
Para que servem as flores? Após a polinização e a fecundação, a flor sofre uma
modificação extraordinária. De todos os componentes que foram vistos
anteriormente, acabam sobrando apenas o pedúnculo e o ovário. Todo o restante
degenera. O ovário sofre uma grande modificação, se desenvolve e agora dizemos que
virou fruto. Em seu interior, os óvulos viraram sementes. Assim, a grande novidade das
angiospermas, em termos de reprodução, é a presença de frutos.

6
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

Células e tecidos vegetais

As células do embrião são indiferenciadas (meristemáticas) e com potencial


para se dividir em diferentes células e tecidos até a formação de um indivíduo adulto e
completo. Como as plantas adultas possuem crescimento contínuo, a formação
de novas células, tecidos e órgãos vê-se restrita, quase que totalmente, a certos locais
do vegetal chamados de meristemas. Os meristemas são, portanto tecidos
semelhantes aos embrionários, devido à capacidade de divisão, alongamento e
diferencia ção celular, estando relacionados com o crescimento e desenvolvimento
do vegetal. Nas plantas adultas, após as divisões das células meristemáticas para
formar tecidos jovens, estas subseqüentemente aumentam de tamanho, sendo
estes dois processos os responsáveis pelo crescimento de regiões particulares da
raiz, caule e folhas. Assim, o crescimento do corpo vegetal envolve tanto a divisão
celular quanto o aumento em tamanho das células. Além do crescimento, ocorre
também o desenvolvimento da planta que consiste no surgimento de diferentes tipos
celulares e dos diversos tecidos diferenciados que compõe os órgãos da planta. No
corpo da planta, os tipos de células e tecidos encontrados, junto com seus padrões
básicos de disposição na planta, determinando sua fo rma particular, são também
estabelecidos pela atividade precoce do meristema. Essa aquisição de uma forma
particular é conhecida como MORFOGÊNESE (morfe = forma e genere = criar) e
está relacionada ao processo de diferenciação celular. A diferenciação, processo pelo

7
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

qual as células se diferenciam entre si e das células meristemáticas originárias (fig.


1.1), começa quando a célula ainda está aumentando. Dependendo do local em
que as células formadas pelo meristema estejam, elas poderão, por exemplo, se
diferenciar em células de sustentação, condutoras ou revestimento. Na
maturidade, quando a diferenciação já está completa, algumas células ficam
vivas, ao passo que outras mortas.

Os sistemas de tecidos

Os tecidos podem ser definidos como grupos de células estrutural e/ou


funcionalmente distintas. Os tecidos formados por apenas um tipo celular são
denominados tecidos simples, já os tecidos compostos por dois ou mais tipos de
células são denominados tecidos complexos. Por exemplo: parênquima, colênquima
e esclerênquima são tecidos simples, enquanto xilema, floema e epiderme são
tecidos complexos.

Os principais tecidos das plantas vasculares encontram-se organizados em unidades


maiores, situados em todas as partes da planta. São em número de três e
denominados sistemas de tecidos:

1) O sistema de tecido fundamental, que consiste dos denominados tecidos de


sustentação: parênquima, colênquima e esclerênquima, sendo o primeiro o mais
comum.

2) O sistema de tecido vascular, consistindo dos dois tecidos condutores, o


xilema e o floema.

3) O sistema de tecido de revestimento, que é representado pela epiderme e,


mais tarde, pela periderme (através de crescimento secundário).

No vegetal os vários sistemas de tecidos distribuem-se segundo padrões


característicos conforme o órgão, o grupo vegetal ou ambos.

8
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

Sistema de Tecido Fundamental

a) Parênquima

É o tecido a partir do qual evoluíram todos os outros e se compõe de células


parenquimáticas. No corpo primário da planta, as células parenquimáticas
ocorremcomumente sob a forma de massas contínuas no córtex de caules e raízes,
na medula de caules, no mesófilo de folhas e polpa de frutos. Podem aparecer
ainda sob a forma de cordões verticais de células e tecidos vasculares primários e
secundários ou como raios nos tecidos vasculares secundários. As células
parenquimáticas variam muito na forma, mas o parênquima fundamental típico
consiste de células não muito mais longas que largas, chegando a ser quase
isodiamétricas (figura 1.2a). Na maturidade, as células parenquimáticas são
normalmente vivas e capazes de se dividir embora, algumas células possuam
parede secundária (mortas na maturidade 1-ex: células do xilema). Por
normalmente possuírem protoplastos vivos, as células parenquimáticas são
consideradas simples morfologicamente e complexas fisiologicamente.

Devido a sua capacidade de se dividirem, as células parenquimáticas desempenham


um importante papel na cicatrização de feridas, no processo de regeneração,
união de enxertos e iniciam a formação das estruturas adventícias, tais como raízes
laterais a partir dos caules. Por isso, o parênquima é caracterizado, com
freqüência, como sendo potencialmente meristemático. O parênquima está
relacionado também com atividades tais como: fotossíntese, armazenamento de água
ou alimento, secreção, movimento da água e transporte das substâncias alimentares
nas plantas. Assim, as atividades que dependem do protoplasma, têm como sede
geral, células parenquimáticas. As paredes celulares do parênquima (primárias) são
compostas de celulose, hemicelulose e substâncias pécticas. Como todas as
paredes celulares, as do parênquima são cimentadas umas às outras pela lamela
média ou substância intercelular, que é constituída predominantemente por
compostos pécticos (hidrófilos). Devido a sua composição, a parede primária
permite o alongamento celular e, depois de completar o seu crescimento, a célula

9
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

pode depositar um espessamento adicional de lignina (hidrófoba), que constitui a


parede secundária.

b) Colênquima

A estrutura da parede celular é a caraterística mais distintiva desse tecido. Elas são
brilhantes e espessas nos cortes frescos e o espessamento é desigualmente
distribuído. Embora a parede celular seja espessa, não possui parede secundária. O
colênquima é composto por células colenquimáticas que, como as
parenquimáticas são vivas na maturidade. As células colenquimáticas são
geralmente alongadas, possuem paredes primárias não lignificadas e de espessura
irregular, permitindo a sustentação e flexibilidade dos órgãos jovens em crescimento.
As paredes das células colenquimáticas, de natureza primária, são prontamente
distendidas e oferecem relativamente pouca resistência ao alongamento da parte da
planta na qual são encontradas. Por serem vivas na maturidade, são capazes de
desenvolver paredes espessas e flexíveis enquanto continuam a se alongar. Trata-se
de um tecido de sustentação de órgãos em crescimento (tecidos primários) e de
órgãos maduros de plantas herbáceas. O colênquima ocorre sob a forma de discretos
cordões ou cilindros contínuos sob a epiderme de caules e pecíolos e margeia as
nervuras das folhas das dicotiledôneas. Raramente aparece nas raízes.

c) Esclerênquima

Da mesma forma que o colênquima, possui como função principal o suporte


mecânico, mas é um tecido morto na maturidade, porque suas células têm as
paredes espessadas, lignificadas, impermeabilizando as paredes celulares e
impedindo as trocas metabólicas. Assim, freqüentemente não possuem protoplasma
na maturidade. As células do esclerênquima são capazes de se desenvolver em
qualquer parte do corpo primário ou secundário da planta. O termo esclerênquima
deriva do grego skleros = duro. A principal característica das células
esclerenquimáticas consiste na presença de paredes secundárias espessas e
freqüentemente lignificadas (fig. 1.2c). Essas células conferem rigidez e sustentação
nas regiões da planta que cessaram o alongamento.

10
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

São conhecidos dois tipos de células esclerenquimáticas: as fibras e os esclerócitos ou


esclereídeos (fig. 1.5 C, D). As fibras são células longas e afiladas que o correm
geralmente em cordões ou faixas. Os esclereídeos são abundantes no corpo da planta
e variam muito de formato. Estas células têm geralmente paredes secundárias
espessas muito lignificadas e são portadoras de numerosas pontuações. Ocorrem na
epiderme, no tecido fundamental e no vascular. Podem aparecer em caules, folhas,
frutos e sementes. Fibras econômicas: As fibras do floema das dicotiledôneas são as
fibras liberianas que são classificadas como macias. Exemplos: cânhamo (Cannabis
sativa); juta; linho (Linnum usitatissimum).As fibras de monocotiledôneas são
geralmente chamadas de “fibras de folhas” e classificadas como fibras duras. As
mais comuns são: cânhamo de manila, linho-da-novazelândia

Sistema de Tecido Vascular

a) Xilema

É o principal tecido condutor de água das plantas vasculares. Tem também


funções como a condução de sais minerais, o armazenamento de substâncias
alimentares (no parênquima axial e radial) e a sustentação. Juntamente com o floema,
o xilema forma um sistema contínuo de tecido vascular em todo o corpo vegetal. O
xilema pode se formar no crescimento primário ou secundário. O xilema primário se
origina do procâmbio enquanto que o xilema secundário se origina do câmbio vascular.
Tanto o xilema primário quanto o secundário são tecidos complexos. As principais
células condutoras do xilema são os elementos vasculares ou traqueais, que são de
doistipos: as traqueídes e os elementos dos vasos. Além dos traqueídes e dos
elementos do vaso, o xilema contém também células parenquimáticas que
armazenam várias substâncias, fibras e esclerócitos. Tanto o xilema primário
quanto o secundário são compostos pelos mesmos tipos celulares, entretanto,
somente no secundário as células parenquimáticas se organizam formando raios,
constituindo o parênquima radial. Tanto traqueídes quanto os elementos do vaso são
células alongadas com paredes secundárias que não têm protoplasto na
maturidade.

b) Floema

11
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

O floema é o principal tecido de condução de alimentos das plantas


vasculares e está associado ao sistema vascular do xilema. O floema consiste de vários
tipos celulares e pode ser classificado em tecido primário e secundário quanto a
seu desenvolvimento. O floema primário se origina do procâmbio e o floema
secundário se origina do câmbio vascular. Ele é menos esclerificado, ou seja, menos
duro, e não é tão persistente quanto o xilema. Além disso, possui localização periférica
nas raízes e caules, enquanto que o xilema ocupa porções mais internas. As principais
células de condução do floema são os elementos crivados, de dois tipos: as
células crivadas e os elementos dos tubos crivados.

O floema é também composto por células parenquimáticas, fibras e


esclereídeos. Portanto, assim como o xilema, o floema é um tecido complexo e
tanto o floema primário quanto o secundário são compostos pelos mesmos tipos
celulares. A única diferença entre o floema primário e o secundário é a ausência de
raios no primeiro. Estrutura primária e desenvolvimento

RAIZ

Na maioria das plantas vasculares as raízes constituem a porção


subterrânea do esporófito e são especializadas para fixação e absorção, mas também
cumprem funções de armazenamento e condução. Além disso, os meristemas das
raízes são responsáveis pela produção de determinados hormônios vegetais. Água e
sais minerais absorvidos pela raiz são levados até as outras partes da planta pelo
xilema. As substâncias orgânicas sintetizadas pelas partes aéreas fotossintetizantes do
vegetal (açúcares) são transportadas, via floema, para os tecidos de reserva da raiz,
onde são geralmente armazenadas na forma de amido. Parte do alimento armazenado
é utilizado localmente pelas raízes, mas a maior parte deste é quebrado em
moléculas menores (açúcares) que serão novamente transportadas, via floema, para
as partes aéreas onde serão utilizadas. Nas plantas bienais, (vegetais que completam
seu ciclo de vida em dois anos), como a beterraba, por exemplo, as grandes reservas
de alimento acumuladas na raiz durante o primeiro ano são utilizadas no segundo para
produzir flores, frutos e sementes.

12
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

Os sistemas radiculares

Raiz primária é a primeira raiz da planta que se origina ainda no


embrião. Nas gimnospermas e dicotiledôneas, a raiz primária (axial ou pivotante)
cresce em direção ao solo, originando raízes secundárias, também chamadas raízes
laterais. Esse tipo de sistema radicular é denominado sistema axial. Nas
monocotiledôneas, a raiz primária tem geralmente vida curta e o sistema
radicular se desenvolve a partir de raízes adventícias que se originam do caule. Este
tipo de sistema, onde não há predominância de uma raiz sobre as outras, é chamado
de sistema fasciculado.

Crescimento e origem dos tecidos primários da raiz

As raízes, durante seu crescimento através do solo, seguem o caminho de


menor resistência e freqüentemente ocupam os espaços deixados por raízes mais
antigas já mortas e podres. A extremidade da raiz acha-se recoberta por uma massa de
células semelhante a um capuz, a coifa (fig. 2.1 e 2.4), cujas funções são proteger
o meristema apical da raiz, auxiliando sua penetração no solo além de controlar
as respostas da raiz à gravidade (gravitropismo).

À medida que a raiz cresce, a coifa é empurrada para frente e suas


células periféricas sofrem descamação. O complexo de Golgi das células
periféricas da coifa produzem uma substância mucilaginosa (um polissacarídeo
altamente hidratado, provavelmente uma substância péctica) que é secretada em
suas paredes celulares formando uma capa mucilaginosa que tem função
lubrificante. As células descamadas com o crescimento da raiz são imediatamente
substituídas por outras, formadas a partir do meristema apical.

O meristema e a primeira porção logo após este é chamada de região de


divisão celular. Em seguida ocorre a chamada região de alongamento, onde ocorre o
crescimento longitudinal das células recém divididas na região anterior. A região
de maturação é a porção seguinte onde as células completam seu desenvolvimento.
É nessa região onde os pêlos radiculares são produzidos, sendo também chamada de
zona pilífera. É importante salientar que essas regiões não estão precisamente

13
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

delimitadas e a diferenciação dos tecidos ocorre de forma gradual, daí a ocorrência


dos tecidos chamados protoderme e procâmbio nas porções iniciais da raiz.

CAULE E FOLHAS

Como o caule está estreitamente relacionado com as folhas, o termo


“sistema caulinar” muitas vezes é empregado para designar o conjunto desses dois
órgãos.O caule e as folhas começam a formar-se durante o desenvolvimento do
embrião, onde são representados pela plúmula. A plúmula pode ser considerada
como a primeira gema, consistindo do epicótilo, primórdios foliares (uma ou mais
folhas rudimentares) e um meristema apical. O embrião permanece nesse estado
até o momento da germinação da semente.Com o início da germinação da
semente, o crescimento do embrião é retomado. Neste momento o meristema
apical continua o desenvolvimento do primeiro caule, pela adição de novas folhas
e o aumento do eixo, que cedo ou tarde diferencia nós e internós. Em plantas com
eixos ramificados, aparecem gemas axilares que posteriormente desenvolvem-se
em ramos laterais.A porção do eixo que transporta as folhas é designada como
caule.

14
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

As folhas nascem nos nós caulinares. As regiões do caule entre dois nós
sucessivos são os internós. Na maioria das plantas os caules parecem ser a porção mais
evidente e dominante do eixo. As plantas com bulbos e filicíneas são exceções. O
caule estabelece a conexão entre as outras partes da planta. É, geralmente, um
órgão cilíndrico ascendente com geotropismo negativo, mas pode ser horizontal
ou subterrâneo. Além de servir de sustentação para as partes aéreas da planta,
o caule tem outras funções, como condução de seiva, armazenamento de
reservas nutritivas e, às vezes pode efetuar a propagação vegetativa da planta. O
caule apresenta gemas ou botões vegetativos que são encarregados da reposição das
folhas, das ramificações e dos órgãos de reprodução.

O CAULE

Morfologia externa do caule por estar estreitamente associado com as folhas, o


caule apresenta morfologia externa mais complexa que a da raiz, sendo separado em
diferentes regiões que são os nós, internós e gemas.

Regiões do caule: nós, internós e gemas.

1. Nós: são as regiões caulinares geralmente dilatadas onde se inserem os


órgãos apendiculares (folhas, estípulas, etc.).
2. Internós: são as regiões caulinares situadas entre dois nós consecutivos.
Muitas dicotiledôneas não apresentam diferença entre nó e internó,
especialmente em plantas adultas. Nas monocotiledôneas os nós são
geralmente mais salientes que os internós.
 Gemas: são rudimentos de ramos, geralmente formadas na axila de
uma folha. Geralmente gemas terminais aparecem protegidas por
catáfilos (folhas modificadas para a proteção).
 Gemas terminais: produzem ramos terminais, formação análoga ao
caule.
 Gemas foliares: produzem folhas quando se desenvolvem.
 Gemas floríferas: produzem flores quando se desenvolvem

À medida que os sistemas caulinar e foliar da planta seguem o seu


desenvolvimento formam-se primórdios das gemas nas axilas das folhas que, mais
15
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

cedo ou mais tarde, iniciam uma seqüência de crescimento e diferenciação


semelhante àquela da primeira gema. Esse padrão é repetido várias vezes ao longo
da vida da planta. Freqüentemente, o meristema apical de um caule inibe o
desenvolvimento das gemas laterais. Este fenômeno é conhecido como
dominância apical e é controlado pela ação de hormônios. À medida que aumenta a
distância entre o ápice do caule e as gemas laterais, a influência inibitória do ápice
diminui e as gemas laterais iniciam o seu desenvolvimento. Conseqüentemente, a
poda de ápices caulinares com suas folhas resulta em plantas mais cheias e
ramificadas. As duas principais funções associadas ao caule são condução e
sustentação.

As folhas, principais órgãos fotossintéticos da planta, são sustentadas pelos


caules que as colocam em posições favoráveis para a captação da luz. As
substâncias “fabricadas” nas folhas são transportadas através dos caules, via
floema, aos locais de utilização (caules, raízes, primórdios foliares, flores,
sementes e frutos). Uma grande parte da substância alimentar é armazenada nas
células parenquimáticas de raízes, sementes e fruto, mas os caules também
constituem importantes órgãos de reserva. Alguns caules, como a batata inglesa, por
exemplo, são especialmente adaptados à função de reserva. Em alguns casos, o caule
pode também funcionar como órgão fotossintético (ex: caules jovens ou em alguns
vegetais que não possuem folhas típicas como os cactos). Embora os caules possam
ser extremamente variáveis morfologicamente, eles são geralmente aéreos e em
apenas alguns casos são subterrâneos.

FOLHA

É um órgão que está presente em quase todos os vegetais superiores,


com raras exceções, como acontece nas Cactaceae onde as folhas transformaram-se
em espinhos.A folha faz parte do sistema caulinar e, no sentido mais amplo da
palavra, é um órgão altamente variável em estrutura e função. Nenhum órgão
vegetativo das plantas apresenta tão grande polimorfismo e adaptação a
diferentes meios e funções. Em geral a folha evidencia com clareza sua
especialização para a fotossíntese pela forma laminar.

16
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

A transpiração, a eliminação e a absorção dos gases atmosféricos através


dos estômatos, além da condução e distribuição da seiva e reserva de nutrientes são
fenômenos fisiológicos de grande importância realizados pela folha.A folha tem
origem exógena nos caules e ramos, a partir da região periférica do ápice
caulinar. Forma-se como uma expansão lateral do caule, sendo que em sua estrutura
aparecem todos os tecidos equivalentes aos do caule.A folha é caracterizada por
apresentar crescimento determinado, tendo por isso seu meristema apical de
curta duração. Este tecido logo se transforma em tecido permanente, ao passo
que a base foliar pode continuar por mais tempo a atividade meristemática
(crescimento intercalar). Algumas Pteridófitas tem crescimento apical foliar de longa
duração. As folhas diferem na forma, textura, grau de cutinização, quantidade de
tecidos mecânicos presentes, em seus padrões de distribuição no caule, em sua
nervação (distribuição das nervuras).

A FLOR

A principal característica das angiospermas é a flor, que constitui um


ramo determinado, portador de esporófilos. A palavra angiosperma deriva do
grego angeion, que si gnifica vaso, receptáculo, urna e sperma que quer dizer
semente. A estrutura da flor que mais se distingue é provavelmente o carpelo, ou seja,
a urna que engloba os óvulos, o qual se transforma em fruto logo após a
fecundação. Faremos uma breve revisão a seguir, sobre a morfologia da flor, já
descrita sob outro ângulo anteriormente.

As flores podem apresentar-se unidas de várias maneiras em agregados


denominados de inflorescências (fig. 9.10). A haste de uma inflorescência ou de
umaflor isolada recebe o nome de pedúnculo e a haste de uma única flor em
uma inflorescência recebe o nome de pedicelo. O termo dado a porção do pedicelo
onde as partes florais se inserem é receptáculo.

A maior parte das flores possui dois grupos de apêndices estéreis: as sépalas e
as pétalas, que se prendem ao receptáculo situado abaixo das partes férteis da flor,
ou seja, estames e carpelos. As sépalas encontram-se abaixo das pétalas e os
estames abaixo dos carpelos. O conjunto de sépalas forma o cálice e o de pétalas

17
Manual de preparatório, Discipilina: BIOLOGIA
Formador: Félix Fernando Dungo Panzo

forma a corola. Juntos, cálice e corola constituem o perianto. As pétalas e as


sépalas são basicamente foliáceas em sua estrutura e com freqüência as sépalas
são verdes e as pétalas vivamente coloridas, embora muitas flores possuam cores
semelhantes em ambas as partes. Os estames, que em conjunto formam o
androceu, são microsporófilos. Na grande maioria das angiospermas atuais, o estame
consiste de umafina haste (filete) com uma antera bilobada na extremidade que
contém microsporângios, chamados de sacos polínicos.Os carpelos, que são
coletivamente chamados de gineceu, são megasporófilos que se acham dobrados
pelo comprimento, incluindo um ou mais óvulos. Uma certa flor pode conter um ou
mais carpelos, no caso de haver mais de um, eles podem estar separados ou fundidos.
Na maioria das flores, os carpelos separados ou o grupo de carpelos fundidos
diferenciam-se em uma parte inferior, o ovário, que encerra os óvulos e uma
parte superior, o estigma, que recebe o pólen. Em muitas flores, uma estrutura
mais ou menos alongada, o estilete, une o estigma ao ovário. Quando os carpelos
são coalescentes, isto é, unidos, estilete ou estigma podem ser comuns ou então
separados para cada carpelo e o ovário comum é, em geral, dividido em dois ou mais
lóculos (compartimentos do ovário dentro dos quais se encontram os óvulos).

18

Você também pode gostar