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UNIVERSIDADE FEDERAL DO DELTA DO PARNAÍBA

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS


DISCIPLINA DE MORFOLOGIA E ANATOMIA VEGETAL
PROF. DR. JESUS RODRIGUES LEMOS

LUANA SILVA LIMA

PROCESSO EVOLUTIVO DAS PLANTAS TRAQUEÓFITAS

PARNAÍBA- PI
2022
Como todos os outros organismos vivos, as plantas têm uma longa história durante a
qual evoluíram, ou mudaram, com o passar do tempo. As plantas, como todos os seres vivos,
têm ancestrais aquáticos. A história da evolução das plantas está, portanto, inseparavelmente
relacionada com a ocupação progressiva do ambiente terrestre e o aumento da sua
independência da água para a reprodução.
As briófitas e as plantas vasculares compartilham várias características importantes e
que juntos estes dois grupos de plantas formam uma linhagem monofilética, as embriófitas.
Foi levantada a hipótese de que esta linhagem tenha ancestrais em comum com organismos
semelhantes às algas do táxon Charophyceae. Tanto as briófitas quanto as plantas vasculares
apresentam um ciclo de vida basicamente similar no qual o gametófito difere do esporófito.
Nas briófitas, no entanto, duas características são importantes: a presença de um gametófito
de vida livre, que geralmente é a geração mais proeminente, e um esporófito que está
permanentemente ligado ao seu gametófito parental, do qual é nutricionalmente dependente.
Em contrapartida, as plantas vasculares têm esporófitos de vida livre, que são mais
proeminentes que os gametófitos. Assim, a ocupação da terra pelas briófitas ocorreu com
ênfase na geração produtora de gametas e o requerimento por água para possibilitar ao seu
anterozóide móvel nadar até a oosfera. Essa necessidade de água indubitavelmente explica o
pequeno tamanho e a forma rastejante da maioria dos gametófitos de briófitas.
O aparecimento de um sistema condutor de fluidos eficiente, consistindo em xilema e
floema, solucionou o problema do transporte de água e de substâncias nutritivas na planta. A
capacidade de sintetizar lignina, que é incorporada às paredes das células de sustentação e das
células condutoras de água, também foi um passo fundamental para a evolução das plantas.
Tem sido proposto que as primeiras plantas poderiam permanecer eretas apenas por pressão
de turgor, o que limitaria não apenas os ambientes nos quais elas poderiam viver, mas também
a sua estatura. A lignina dá rigidez às paredes, tornando possível aos esporófitos
vascularizados alcançarem maior altura. As plantas vasculares também são caracterizadas pela
capacidade de ramificar-se intensamente por meio da atividade de meristemas apicais
localizados no ápice do caule e ramos. Nas briófitas, por outro lado, o aumento do
comprimento do esporófito ocorre abaixo do ápice do caule. Além do mais, cada esporófito de
briófita não é ramificado e produz um único esporângio. Diferentemente, os esporófitos
ramificados das plantas vasculares produzem esporângios múltiplos; elas são
poliesporangiadas.
Estruturalmente pouco se diferem as partes subterrâneas e aéreas dos esporófitos das
primeiras plantas vasculares, umas das outras, mas, definitivamente, as plantas primitivas
deram origem a plantas mais especializadas com um corpo mais diferenciado. Estas plantas
apresentavam raízes, que funcionavam na fixação e absorção de água e sais minerais e caules
e folhas, que forneciam um sistema bem adaptado às necessidades da vida na terra. Enquanto
isso, a geração gametofítica sofreu uma redução progressiva no seu tamanho e tornou-se
gradualmente mais protegida e nutricionalmente dependente do esporófito. Por fim, surgiram
as sementes em uma única linhagem evolutiva. Os gametófitos da maioria das plantas
vasculares sem sementes, como aqueles das briófitas, são de vida livre, sendo necessária a
presença de água no ambiente para que seus anterozóides móveis nadem até as oosferas.
Devido às suas adaptações aos ambientes terrestres, as plantas vasculares são
ecologicamente bem sucedidas e são as plantas predominantes em habitats terrestres. Elas já
eram numerosas e diversificadas durante o período Devoniano. Existem sete filos com
representantes atuais. Além disso, existem vários filos que consistem inteiramente em plantas
vasculares extintas. As sementes são um dos principais fatores responsáveis pela dominância
das plantas com sementes nas floras atuais. A proteção que uma semente proporciona ao
embrião bem como a reserva de nutrientes que lhe está disponível nos estágios críticos de sua
germinação e do seu estabelecimento dão uma grande vantagem seletiva às plantas com
sementes em relação a seus ancestrais e parentes com esporos livres.
No Paleozóico Superior, há cerca de 290 milhões de anos, existiu um grupo de plantas
chamadas progimnospermas (filo Progimnospermophyta), que tinha características
intermediárias entre as das trimerófitas, plantas vasculares sem sementes, e as das plantas com
sementes. Embora as progimnospermas se reproduzissem por meio de esporos com dispersão
livre, elas produziam xilema secundário extremamente similar ao das coníferas atuais. As
progimnospermas eram únicas entre as plantas lenhosas do Devoniano, pelo fato de também
apresentarem floema secundário. Tanto as progimnospermas como as samambaias do
Paleozóico provavelmente evoluíram de uma trimerófita, das quais diferem principalmente
por terem um sistema de ramos mais elaborados e bastante diferenciados e, também, um
sistema vascular mais complexo. Nas progimnospermas, o avanço evolutivo mais importante
em relação às trimerófitas e às pteridófitas é a presença de um câmbio vascular bifacial.
Câmbios vasculares desse tipo são característicos de plantas com sementes e parecem ter se
desenvolvido primeiramente nas progimnospermas.
Um importante tipo de progimnosperma, Archaeopteris, surgiu no período Devoniano,
há cerca de 370 milhões de anos, e estendeu-se até o período Mississipiano, cerca de 340
milhões de anos. Ele era o principal componente das primeiras florestas até sua extinção.
Nesse grupo, o sistema de ramos laterais era achatado em um plano e apresentava estruturas
laminares, que são consideradas folhas. Aparentemente, um eustelo desenvolveu-se nesse
grupo de progimnospermas e é uma forte similaridade que relaciona esse grupo com as atuais
plantas com sementes. Os ramos maiores das progimnospermas do tipo Archaeopteris
também apresentavam medula. Embora a maioria das progimnospermas fosse homosporada,
algumas espécies de Archaeopteris eram heterosporadas. Desse modo, tanto a produção de
lenho quanto a heterosporia precedem o aparecimento da semente.
Os fósseis de pedaços de troncos de Archaeopteris, chamados Callixylon, podem ter 1
m ou mais de diâmetro e 10 m de comprimento, indicando que pelo menos algumas espécies
desse grupo eram árvores grandes. Elas parecem ter formado florestas extensas em algumas
regiões. Evidências acumuladas durante várias décadas indicam fortemente que as plantas
com sementes evoluíram a partir de plantas similares às progimnospermas, seguido do
surgimento da semente no que agora parece ter sido o ancestral comum a todas as plantas com
semente. Entretanto, ainda há muitos problemas a serem solucionados para que o início da
evolução das plantas com sementes possa ser mais bem compreendido.
O termo gimnosperma, que significa “semente nua”, aponta uma das principais
características das plantas pertencentes a esses quatro filos com representantes vivos:
Coniferophyta (coníferas), Cycadophyta (cicadófitas), Ginkgophyta (ginkgófita) e Gnetophyta
(gnetófitas). – ou seja, seus óvulos e suas sementes apresentam-se expostos na superfície dos
esporofilos ou estruturas análogas. As relações filogenéticas entre os quatro grupos de
gimnospermas permanecem incertas. Análises moleculares recentes indicam que esses quatro
grupos atuais são monofiléticos, isto é, os grupos têm um ancestral e todos os seus
descendentes e também indicam que existe uma relação próxima entre gnetófitas e coníferas;
os dois grupos formam um clado, no qual as coníferas monofiléticas são mais proximamente
relacionadas das gnetófitas monofiléticas. Outras análises moleculares unem as gnetófitas
mais especificamente às Pinaceae (a família do Pinus) e colocam as gnetófitas como irmãs de
um clado de outras famílias de coníferas. As relações filogenéticas entre as linhagens de
plantas com sementes ainda permanecem incertas.
Sendo monofiléticas, as angiospermas não têm qualquer parentesco próximo com as
gimnospermas atuais. As características exclusivas das angiospermas incluem flores,
sementes contidas por um carpelo, fertilização dupla levando à formação de endosperma,
microgametófito reduzido com três células, megagametófito reduzido, estames com dois pares
de sacos polínicos e a presença de elementos de tubos crivados e células companheiras no
floema. Essas similaridades claramente indicam que os membros do filo Anthophyta derivam
de um único ancestral comum. Esse ancestral comum das angiospermas teria, em última
instância, derivado de uma planta com sementes, mas que não apresentava flores, carpelos e
frutos.
Os fósseis mais antigos e inequívocos de angiospermas são grãos de pólen, com cerca
de 135 milhões de anos de idade. Os fósseis mais antigos de angiospermas são os de
Archaefructus, a qual foi datada como do Cretáceo Inferior, há cerca de 125 milhões de anos.
Evidências das primeiras plantas com flores aparecem como pólen no registro fóssil, ao redor
de 125 a 130 milhões de anos. Entretanto, estudos moleculares recentes estimam que a idade
das angiospermas esteja entre 140 e 180 milhões de anos. Evidentemente todos os caracteres
típicos das angiospermas não aparecem juntos em um único ancestral, portanto, o período e a
natureza da origem de um grupo serão, certamente, definidos quando tiverem sido
acumuladas evidências suficientes. No Cretáceo Médio, muitas das principais linhagens de
angiospermas apareceram no registro fóssil e, no fim do Cretáceo, ocorreu uma grande e
extensiva diversificação. As angiospermas tornaram-se as plantas dominantes em muitos dos
ambientes terrestres. Assim como as gimnospermas, as angiospermas mais antigas tinham
pólen com uma única abertura, como ainda hoje é encontrado em angiospermas basais e
monocotiledôneas. Essa característica pode, portanto, ser considerada como ancestral e que
foi retida no curso da evolução.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: RAVEN, P. H.; EICHHORN, S. E.; EVERT, R. F.


Biologia Vegetal - 8ª Edição. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. 2014.

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