Você está na página 1de 23

Introdução aos seres vivos

Um grande marco na classificação dos seres vivos foi estabelecido a partir de


1735, com os trabalhadores do médico e professor sueco Carl Von Linné, cujo o nome
em portuguès é Lineu. Por meio do livro Sistema Nataurae ele propôs um sistema de
classificação dos seres vivos que, embora artificial, é empregado até hoje, com
modificações. No sistema de Lineu a unidade básica da classificação é a espécie.
Exemplo o cão doméstico é popularmente chamado de dog em inglês, de hunt em
alemão e de chien em francês, considerando apenas alguns idiomas, além do
português. Mas, cientificamente, esse animal tem apenas um nome, que permite seu
reconhecimento imediato em qualquer parte do mundo: Canis familiaris.
O uso de um nome científico para cada espécie constitui uma padronização
universal, que evita prováveis confusões geradas pela existência de inúmeros termos
populares que diferentes regiões poderiam aplicar a essa espécie. A espécie foi
adotada como unidade básica de classificação. São considerados da mesma espécie os
indivíduos que apresentam grandes semelhanças físicas e fisiológicas e são capazes de
cruzar naturalmente uns com os outros, gerando descendentes férteis.

O ramo da biologia que estuda a classificação dos seres vivos é a taxionomia ou


taxonomia (do grego taxis, ‗ordem‘; nomos, ‗Lei‘)

Sistemática: é o ramo da Biologia que estuda a diversidade biológica, ou


biodiversidade, isto é, os tipos e as variações existentes entre os seres vivos. A
sistemática apresenta seus resultados por meio da classificação biológica, ou
taxonomia, um sistema sintético que organiza os seres vivos em categorias
hierárquicas- as categorias taxonómicas ou táxons – em que categorias menores estão
incluídas em categorias maiores.
Pelo que foi descrito,temos assim: várias ESPÉCIES podem se agrupar num
mesmo GÊNERO vários gêneros numa mesma FAMÍLIA várias famílias numa mesma
ORDEM várias ordens numa mesma CLASSE várias classes num mesmo FILO vários
filos num mesmo REINO.
Em relação às categorias taxionômicas, a espécie humana é classificada da seguinte
maneira:

1
Reino: Animalia ou Metazoa
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Classe: Mammalia
Ordem: Primates
Família: Hominidae
Gênero: Homo
Espécie: sapiens
História da classificação dos seres vivos

Desde os tempos de Aristóteles e posteriormente de Lineu até meados so século XX,


costumava-se classificar os seres vivos em dois reinos: o Reino Plantae ( Reino Vegetal
ou, reino das plantas) e o Reino Animal.. No reino das plantas estavam incluídos todos
os organismos autótrofo fotossintetizantes, fossem eles procariontes ou eucariontes, e
também as bactérias não fotossintetizantes e os fungos, considerados plantas
aclorofilados.

No reino dos animais estavam incluídos os organísmos heterotrofos, que em


geral se deslocam no meio, capturam e ingerem alimento. Esse grupo incluía os
protozoários, que eram chamados animais unicelulares, e os metazoários, ou animais
multicelullares.

Com os avanços da Biologia, surgiram novas propostas de classificação.

Em 1938 e depois em 1956, Herbert Copeland propôs um sistema de


classificação dos seres vivos em 4 reinos.

 Monera: procariontes, como é o caso das bactérias;


 Protoctistas: incluindo os unicelulares eucariontes heterótrofos, representados
pelas algas unicelulares, e os multicelulares em tecidos verdadeiros, como as
algas multicelulares e os fungos
 Metaphyta: plantas
 Metazoa: animais

Em 1959 e depois em 1969, numa versão mais completa e comentada, Robert H.


Whittaker apresentou uma nova proposta de classificação dos seres vivos em cinco

2
reinos, modificando o sistema de Copeland. Segundo Whittaker, os reinos dos seres
vivos são:

 Monera: procariontes, representados pelas bactérias e cianobactérias;


 Protista: unicelulares eucariontes, incluindo nesse grupo os protozoários, que
são heterotrofos;
 Fungi: fungos, unicelulares ou multicelulares heterotrofos, que se alimentam
por absorção de nutrientes do meio;
 Plantae: multicelulares autotrófos que realizam fotossíntese, incluindo nesse
grupo as algas multicelulares e as plantas terrestres;
 Animalia: multicelulares heterotrofos que se alimentam por ingestão, incluindo
todos os animais.

Em 1982, Lynn Margulis e Karlene Schartz publicaram um livro no qual


modificam o sistema de cinco reinos de Whittaker basicamente considerando,
além dos unicelulares eucariontes, as algas multicelulares e os portadores de
flagelos como pertencentes ao Reino Protista.

Em 1990, o microbiologista Carl R. Woese propôs uma nova classificação dos


seres vivos com base na análise do RNA presente em todos os seres vivos e,
portanto, bastante, útil como base de comparação.Nessa proposta, os seres vivos
são classificados em três grandes ou domínios, uma categoria taxonômica criada
por Woese e que é superior a reino. Esses domínios são Archaea, Bactéria e
Eucarya.

Segundo essa proposta, os procariontes são muito diferentes entre si e formam


dois domínios distintos. Por outro lado, todos os eucariontes são muito
semelhantes entre si e formam um domínio único. Além disso, os Archaea estão
mais intimamente relacionados aos eucariontes do que às bactérias e
provavelmente deram origem aos eucariontes. Estes estão representados pelos
reinos dos fungos, plantas, animais e vários outros reinos independentes, que são
tratados no sistema de Whittaker no Reino protista, e no de Margulis e Schwartz
no Reino Protoctista.

3
Assim, na proposta de Woese e em outras mais recentes, os Reinos Monera e
Protista não existem, pois não são monofiléticos. Já os Reinos fungi, Plantae e
Animalia são monofiléticos. Nesses casos, empregam-se os termos Monera e
Protista como coletivos sem valor taxonômico.

A definição do Reino Fungi também difere entre os cientistas: alguns


consideram nesse reino formas que possuem flagelos em seus ciclos de vida
(chamados fungos flagelados), enquanto outros consideram esses organismos num
reino distinto ou no Reino Protista.

Levando em conta o atual status da classificação dos seres vivos, em que ainda
há pouco consenso sobre as definições dos reinos, vamos adotar por simplificação
a classificação em cinco reinos, assim definidos:

 Monera: todos os procariontes, divididos em dois subreinos:


Archaeobacteria e Eubacteria;
 Protista: eucariontes unicelulares heterotofos (protozoários) ou
unicelulares e multicelulares que não formam tecidos verdadeiros e que
são autotrofos
 Fungi: uni ou multicelulares eucariontes heterótrofos que se alimentam
por absorção de nutrientes do meio;
 Plantal: multicelulares autotrofos, com tecidos verdadeiros;
 Animalia: multicelulares heterótrofos.

As Plantas evoluíram muito provavelmente a partir de algas verdes


unicelulares. Fungos e animais surgiram de diferentes grupos de protistas
heterotrofos. Evidências moleculares indicam que os fungos são mais
aparentados com os animais do que com as plantas.

4
REINO MONERA

O Reino Monera compreende as bactérias e as cinobactérias, que são seres


procariontes. Esses organismos podem viver como células isoladas, ou formar colônias
visíveis a olho nu, compostas de muitos indivíduos.

Atualmente, os procariontes são classificados em dois grandes grupos, com


base na análise do RNAr e em outras características: Archaea (arqueobactéria; archeo:
antigo, primitivo) e Bacteria ou Ebacteria.

O grupo de arqueobactéria é formado por pequeno número de espécies, que


vivem na maioria dos casos em ambientes com condições ecológicas adversas para os
demais seres vivos. É o caso das fontes termais, onde vivem termófilas extremas; das
águas muito salinas, onde vivem as halófilas extremas; e dos pântanos sem oxigênio,
onde vivem as metanogênicas, produtoras de gás metano, também conhecido por gás
dos pântanos. As arqueobactérias metanogênicas ocorrem também no trato digestório
de animais ruminantes.

As eubactérias correspondem às demais bactérias e cianobactérias. As


bastérias são muitas vezes lembradas como formas nocivas aos demais seres vivos,
pois podem causar doenças. Entretanto, apenas poucas espécies causam doenças nos
seres humanos e em outros organismos.

As bactérias são lembradas também por estragarem alimentos, decompondo-


os e deixando-os impróprios ao consumo. Isso realmente ocorre, mas os procariontes
são fundamentais para a manutenção da vida em nosso planeta:

 Algumas espécies atuam como decompositoras, degradando organismos


mortos e com isso contribuindo para a reciclagem da matéria orgânica no
planeta;
 Outras espécies são fotossintetizantes, como é o caso das cianobactérias,
participando como produtoras nas cadeias alimentares e contribuindo com a
liberação do oxigênio no ambiente;
 Algumas espécies são qimiossintetizantes e importantes produtoras em
ambientes especiais como as fontes termais submarinas.

5
 Certas espécies vivem em associação com outros organismos, trazendo-lhes
benefícios, como é o caso das bactérias que ocorrem na nossa flora intestinal e
que produzem vitamina K;
 Algumas espécies são usadas na indústria de alimentos para a produção de
iogurte e outros produtos.

A Estrutura celular do Reino Monera

Sendo procariontes, os seres do reino Monera exibem uma estrutura celular


relativamente simples. Ao contrário do que ocorre nas células eucariotas, não existe
carioteca ou membrana nuclear nas bactérias e nas cianobactérias. Além de não
apresentarem núcleo individualizado, as células desses organismos não possuem
organelas membranosas, como o retículo endoplasmático, o complexo golgiense, as
mitocôndrias e os plastos. Logo, os pigmentos fotossintetizantes, sempre presentes
nas cianobactérias e muito raramente nas bactérias, encontram-se dissolvidos no
hialoplasma.

A figura mostra o esquema de uma cianobactéria e de uma bactéria. Note que


ambas possuem parede celular, uma estrutura resistente associada com a proteção e
a sustentação do organismo. Observe também que as cianobactérias são dotadas de
um de membranas citoplasmáticas, onde se associam os pigmentos da fotossíntese,

6
As Bactérias

Representando provavelmente o grupo mais numeroso de organismos, as


bactérias (do grego bakteria, 'bastão') são microrganismos normalmente com menos
de 8 µm de comprimento — 1 µm (micrômetro) = 0,001 mm.

A nutrição bacteriana

As bactérias podem ser autótrofas ou heterótrofas. As autótrofas, menos


comuns, conseguem sintetizar seu próprio alimento por meio da fotossíntese ou da
quimiossíntese. As heterótrofas, muito mais abundantes, são incapazes de produzir
seu próprio alimento e precisam recorrer a uma fonte orgânica qualquer para obter a
energia biológica necessária à manutenção de sua atividade metabólica. A imensa
maioria das bactérias heterótrofas vive à custa da decomposição do material orgânico
disponível no ambiente. Entretanto algumas espécies de bactérias associam-se a
outros seres vivos e deles obtêm seu alimento, estabelecendo interações diversas,
como o parasitismo e o mutualismo.

A importância das bactérias

Decompondo a matéria orgânica disponível no ambiente, as bactérias têm uma


notável importância ecológica, que é fundamental para a manutenção de vida na
Terra. Vamos, a seguir, conhecer essa e outras atividades desses microrganismos.

Ação decompositora — As bactérias decompositoras ou saprófitas,


juntamente com a maioria dos fungos, atuam na natureza decompondo organismos
mortos, partes que se destacam de seres vivos ou resíduos eliminados no ambiente,
como folhas e frutos caídos, fezes, pele, etc. Assim, os seres decompositores
promovem a transformação da matéria orgânica morta em matéria inorgânica
simples, que pode ser reaproveitada por outros seres, especialmente as plantas. São,
portanto, indispensáveis à reciclagem da matéria na natureza, constituindo
verdadeiras "usinas processadoras" de material orgânico morto. É graças à ação
decompositora que existe uma contínua disponibilidade de elementos químicos
necessários à construção da matéria viva nos seres vivos. Por isso, as bactérias
são fundamentais para a manutenção do equilíbrio biológico em todos os
ecossistemas da Terra.

7
Fertilização do solo — Pode-se concluir, pelo que foi descrito acima, que a
fertilidade do solo depende da atividade dos seres decompositores. Mas outros tipos
de bactérias também contribuem para a riqueza do solo. É o caso das bactérias do
gênero Rhizobium, que vivem associadas às raízes de leguminosas, um importante
grupo de plantas, como a soja, o feijão e a ervilha. Uma vez instaladas nas raízes, as
bactérias fixam o gás nitrogênio atmosférico (N2) e o transformam em sais
nitrogenados, que são em parte assimilados pelas plantas. Esse gênero de bactérias
fornece às leguminosas os sais nitrogenados necessários ao seu desenvolvi
mento. Parte da matéria orgânica produzida pelas leguminosas por meio da
fotossíntese é a ssimilada por essas bactérias, que são heterótrofas. Estabelece-se,
assim, uma interação de benefícios mútuos entre as bactérias Rhizobium e a planta;
esse tipo de interação é denominado mutualismo. Depois de colhidas as sementes, o
agricultor pode enterrar as leguminosas para que funcionem como "adubos verdes".
De fato, à medida que se decompõem, as grandes moléculas orgânicas nitrogenadas
existentes na planta, como as proteínas, originam principalmente amônia, que é
liberada para o ambiente. Então, bactérias nitrificantes, como as dos gêneros
Nitrosomonas e Nitrobacter, atuam, respectivamente, convertendo a amônia em
nitrito e o nitrito em nitrato. Uma vez incorporados ao solo os nitritos e os nitratos
aumentam sua fertilidade.

Digestão de celulose — As bactérias que vivem no estômago de ruminantes,


como o boi e a ovelha, estabelecem com esses animais um outro exemplo de
mutualismo. Essas bactérias são capazes de digerir celulose, auxiliando assim a
nutrição dos ruminantes; em troca, encotram-se nesses animais um hábitat adequado
ao seu desenvolvimento, além do alimento que garante sua atividade metabólica.

Emprego industrial — Na indústria, são bastante conhecidas às bactérias do


gênero Acetobacter, que oxidam o álcool etílico transformando-o em ácido acético;
esse fenômeno constitui a base da fabricação do vinagre. As bactérias do gênero
Lactobacillus promovem a conversão da lactose (açúcar do leite) em ácido láctico. O
leite torna-se então azedo, e a redução do pH determina a precipitação de suas
proteínas, com a consequente formação do coalho. Essas bactérias têm, assim,
participação marcante no processo de fabricação de coalhada, iogurte e queijo. Na

8
indústria farmacêutica, as bactérias do gênero Bacillus fornecem certos antibióticos,
como a tirotricina e a bacitracina.

Emprego no controle biológico — As bactérias são também utilizadas no


combate a espécies daninhas à agricultura. Um exemplo é o Bacillus thuringiensis,
que infesta a larva de determinados insetos. Essa bactéria produz cristais protéicos
que se dissolvem no intestino da larva; a proteína dissolvida promove a ruptura da
parede intestinal, permitindo a invasão dos tecidos pelas bactérias, o que provoca a
morte da larva.

Ação patogênica — (do grego pathos, 'sofrimento'). elas podem causar


doenças ao ser humano e a outros seres vivos; a tuberculose, a sífilis e o tétano são
alguns exemplos dessas doenças.

Os tipos morfológicos de bactérias

Quanto à morfologia, as bactérias classificam-se basicamente em três categorias:

 Cocos — São bactérias de forma arredondada, cujo tamanho, em geral, situa-se


entre 0,2 e 5 µm de diâmetro. Os cocos apresentam-se isolados ou formando
colónias. Segundo a quantidade de bactérias e sua disposição, as colônias são
classificadas em:
 diplococos — colônia de dois cocos;
 tétrade — colônia de quatro cocos;
 sarcina — colônia cúbica de oito ou mais cocos;
 estreptococos — colônia de cocos em fileira;
 pneumococos — colônia de dois cocos em forma de chama de vela;
 estafilococos — colônia de cocos dispostos em cacho;
 gonococos — colônia de dois cocos reniformes (em forma de rim).
 Bacilos — São bactérias em forma de bastonete, que medem, em regra, de 1 a
15 µm de comprimento.
 Espirilos — São bactérias que têm a forma de um bastonete recurvado. Os
espirilos propriamente ditos formam filamentos helicoidais. Já os vibriões,
como o Vibrio cholerae, ausador da cólera, são bactérias curtas, com uma
espira incompleta, em forma de vírgula.

9
A Reprodução das Bactérias

O principal tipo de reprodução em bactérias é a reprodução assexuada por


divisão simples ou cissiparidade: um indivíduo divide-se originando dois outros
geneticamente iguais, supondo ausência de eventuais mutações. Outro tipo de
reprodução assexuada que se verifica em bactérias, embora menos frequente, é a
gemiparidade ou brotamento. Nesse processo, a célula-mãe expele, de forma
lenta, uma célula-filha que "brota" originando uma nova bactéria; as células-filhas
podem se manter agregadas às células-mães, de maneira que, após sucessivos
brotamentos, forma-se uma colónia.

Em algumas espécies de bactérias pode ocorrer recombinação de material


genético. É o caso da conjugação, mecanismo descoberto em cultura conjunta de
duas variedades geneticamente diferentes de Escherichia coli. Nesse processo, duas
bactérias geneticamente diferentes se unem por meio de pontes citoplasmáticas. Uma
delas, a bactéria doadora, injeta parte de seu material genético na outra, a bactéria
receptora. Então, as duas bactérias separam-se e no interior da bactéria receptora
ocorrem recombinações gênicas. Em seguida, essa bactéria reproduz-se
assexuadamente originando novas bactérias portadoras de material genético
recombinado. Assim, a conjugação permite aumentar a variabilidade genética da
população bacteriana, contribuindo para a sua adaptação a um determinado
ambiente.

10
Estrutura da Bactéria

FIMBRIAS E PILI

As fímbrias podem ocorrer nos pólos da célula bacteriana,ou podem estar


homogeneamente distribuídas em toda a superfície da célula. Elas podem variar em
número, de algumas unidadesa muitas centenas por célula. As fímbrias temuma
tendência a se aderir umas as outras e as superfícies.
Os pili (singular: pilus) normalmente são mais longos que asfímbrias, e há
apenas um ou dois por célula. Os pili estão envolvidos na mobilidade celular e na
transferência de DNA.
FLAGELOS
Algumas células procarióticas possuem flagelos, que são longosapêndices filamentosos
que propelem as bactérias.Cada flagelo procariótico é uma estrutura helicoidal
semirrigidaque move a celula pela rotacão do corpo basal.
PAREDE CELULAR

A parede celular de uma célula bacteriana é uma estruturacomplexa,


semirrigida, responsável pela forma da célula. A paredecelular circunda a fragil
membrana plasmática (membrana citoplasmática),protegendo-a e ao interior da célula
das alteraçõesadversas no ambiente externo.
A principal função da parede celular é prevenir a ruptura dascélulas bacterianas
quando a pressão da água dentro da célula é maior que fora dela. Ela também ajuda a
manter a forma de uma bacteria e serve como ponto deancoragem para os flagelos.

11
Reino Protista

Com um microscópio simples, Anton von Leeuwenhoek (1632-1723)


descobriu os protistas há mais de trezentos anos. Como ele próprio escreveu,
observar milhares de seres vivos "em uma pequena gota de água" foi, para ele, "a
mais maravilhosa de todas as descobertas" na natureza.

Os protistas são organismos unicelulares eucariontes.Como eucariontes, são


portadores de núcleo individualizado e delimitado por carioteca e de organelas
citoplasmáticas bem definidas — características essas que permitem distingui-los das
moneras. O reino Protista é constituído por protozoários e certas algas unicelulares.

Protozoários (filo Protozoa)

Os protozoários (do grego protos, 'primeiro'; zoou, 'animal') são eucariontes


unicelulares desprovidos de clorofila; vivem isolados ou formando colônias nos mais
variados tipos de ambientes; podem ser aeróbicos ou anaeróbicos e exibir vida livre ou
associar -se a outros organismos. Neste último caso, podem se comportar como:

 comensais — alojam-se no organismo hospedeiro sem causar danos, nutrindo-


se de seus restos alimentares; é o caso da Entamoeba coli, protozoário
comensal que pode ser encontrado no intestino humano;
 mutualísticos — estabelecem com o hospedeiro uma relação de benefícios
mútuos; é o caso do Trichonympha collaris, que vive no intestino de cupins,
onde promove a digestão de celulose, auxiliando, assim, a nutrição desses
animais; em troca, o protozoário encontra no inseto alimento e hábitat
adequado para sua sobrevivência;
 parasitas do ser humano e de outros seres vivos.

Os protozoários são microscópicos, mas existem exceções. O Spirostomun, por


exemplo, que mede cerca de 5 mm de comprimento, pode ser visualizado a olho nu.

A classificação dos protozoários

Imóveis ou deslocando-se por meio de cílios, flagelos ou pseudópodes, os


protozoários se classificam de acordo com o tipo e a presença, ou ausência, dessas
estruturas locomotoras. Assim, subdividem-se em:

12
 rizópodes— locomovem -se por meio de pseudópodes;
 ciliados — locomovem -se por meio de cílios;
 esporozoários — são desprovidos de estruturas locomotoras;
 flagelados ou mastigóforos — locomovem -se por meio de flagelos.

A reprodução dos protozoários

Os protozoários reproduzem-se principalmente de forma assexuada. A


cissiparidade e a gemiparidade são muito frequentes. Em alguns casos ocorre a
esporulação, tipo de reprodução na qual uma célula sofre seguidas divisões nucleares;
cada núcleo, então, isola-se com uma parte do citoplasma, mediante a constituição de
uma nova membrana envolvente. Assim, formam-se várias células menores, que
originam, por sua vez, novos indivíduos.

Obs: A reprodução assexuada por cissiparidade é a mais comum entre os


protozoáriosrizópodes, como a Amoeba proteus, e os flagelados, como a Giardia
lamblia.

Também pode ocorrer a reprodução sexuada. É bem conhecido esse tipo de


reprodução nos paramécios, protozoários portadores de dois núcleos: um
macronúcleo, com função vegetativa, e um micronúcleo, com função reprodutiva.
Após dezenas de gerações assexuadas, os paramécios podem se aderir, dois a dois,
pela formação de pontes citoplasmáticas. O macronúcleo, então, degenera e o
micronúcleo sofre meiose. Os paramécios estabelecem trocas de micronúcleos, que
originam, em cada um, zigotos. Após a troca domaterial genético, os dois paramécios
separam-se, retomando as atividades normais e voltando a se reproduzir por
cissiparidade.

Algas

As algas constituem um grupo bastante heterogêneo; podem ser unicelulares


ou pluricelulares, microscópicas ou macroscópicas e de coloração variável. São
encontradas em praticamente todos os lugares do mundo: ocorrem em lagos, rios,
solos úmidos, casca de árvores e sobretudo nos oceanos. Nos ecossistemas aquáticos,
as algas são os principais organismos fotossintetizantes. Constituem a base
nutritiva que garante a manutenção de praticamente todas as cadeias alimentares

13
desses ambientes. Assim, elas são os mais importantes componentes do fitoplâncton,
contingente de seres clorofilados aquáticos flutuantes. Em virtude de sua intensa
atividade fotossintetizante, as algas, principalmente as marinhas, são responsáveis
pela maior parte do gás oxigênio liberado diariamente na biosfera; por isso, são
consideradas os verdadeiros "pulmões do mundo".

REINO FUNGI

Os fungos são organismos uni ou pluricelulares, destituídos de pigmentos


fotossintetizantes. Dotados de parede celular, sua reprodução normalmente envolve a
participação de esporos, como ocorre entre as plantas. Mas armazenam glicogênio e
apresentam nutrição heterótrofa, como os animais. E, enquanto os animais são
heterótrofos por ingestão, os fungos são heterótrofos por absorção. Por suas
peculiaridades, os fungos são enquadrados em um reino "somente deles": o reino
Fungi.

Características gerais dos fungos

Organismos eucariontes, unicelulares ou pluricelulares, de vida livre ou não, os


fungos são encontrados nos mais variados ambientes, preferencialmente em
lugares úmidos e ricos em matéria orgânica. Admite-se que tenham se originado das
algas, no entanto perderam a condição autotrófica. Nas classificações mais antigas,
eles eram considerados plantas talófitas, isto é, com o corpo em forma de talo, sem
diferenciação entre raízes, caules e folhas. Apresentando características particulares
que os diferenciam tanto de plantas quanto de animais, os fungos constituem hoje
um reino à parte, o reino Fungi. Possuem células dotadas de parede celular e sua
reprodução normalmente envolve a participação de esporos, como ocorre entre as
plantas. Mas, como os animais, são heterótrofos e geralmente armazenam
glicogênio. Entretanto, ao contrário dos animais, que se nutrem por ingestão, os
fungos são heterótrofos por absorção. Os fungos exibem digestão extracorpórea,
eliminando para o ambiente enzimas que digerem o alimento disponível; somente
depois disso, os produtos da digestão são absorvidos pelo organismo.

A reprodução pode ser sexuada, com produção de gametas, ou assexuada,


envolvendo normalmente a participação de esporos. Nos fungos pluricelulares, o

14
talo é denominado micélio e se acha constituído por um emaranhado de
filamentos microscópicos chamados hifas.

Os fungos, sendo heterótrofos, necessitam de matéria orgânica para


sobreviver. Desenvolvem-se melhor em ambientes temperados e tropicais, mas
podem ser encontrados em regiões de temperatura muito baixa, como a Antártida.

Principais grupos de Fungos

Adotamos a classificação que agrupa os fungos em 5 filos: Chytridiomycota,


Zigomycota, Ascomycota, Basidiomycota e Deuteromycota.

Filo Chytridiomycota ( quitidiomicetos ou mastigomiceto)

Reune fungos, em sua maioria aquáticos, que apresentam flagelos en algum


estágio do ciclo de vida. Nenhum dos outros grupos de fungos apresenta flagelos e
essa é a principal razão de alguns sistematas sugerirem a retirada de quitridiomicetos
do reino fungi. Algumas espécies de quitridiomicetos são unicelulares, mas a maioria é
filamentosa com hifas cenocíticas.

Muitas espécies de quitridiomicetos e de oomicetos são saprofágicas,


decompondo cadáveres de plantas e animais. Há também diversas espécies parasitas.

Filo Zygomycota (Zigomicetos)

Reúne fungos que não formam corpo de frutificação durante os processos


sexuados. Eles são também os únicos fungos multicelulars, além dos citridiomicetos,
apresentam hifas cenocíticas; todos os outros têm hifas septadas. Em classificações
mais antigas, os zigomicetos eram chamados de ficomicetos.

Esse filo reúne espécies de vida livre, como Rhizopus sp,. Um bolor negro que
cresce sobre superfícies úmidas de alimentos ricos em carboidratos, como pão velho,
frutas e verduras. Existem também zigomicetos parasitas de protozoários, de vermes e
de insetos e espécies que formam associação mutualísticas com raízes de plantas, as
chamadas micorrizas.

15
Filo Basidiomycota (Basidiomicetos)

Os basidiomicetos (do grego basidion, 'base pequena'; myketos, 'fungo'),


conhecidos como cogumelos-de-chapéu, orelhas-de-pau e casas-de-sapo, são
fungos cuja parte vegetativa é geralmente subterrânea e consiste em um micélio
que muitas vezes se estende por vários m etros abaixo do solo. A parte aérea, visível
ao observador, constitui o corpo de frutificação ou basidiocarpo, estrutura que, em
condições favoráveis, emerge do solo, "brotando" da parte v egetativa. O corpo de
frutificação abriga no "chapéu" inúmeras hifas férteis denominadas basídios. Cada
basídio produz quatro basidiósporos, que, quando expulsos e disseminados,
podemgerminar e originar novos micélios.

Entre os basidiomicetos, podem-se citar: os fungos causadores das ferrugens


no trigo, no café e em outras plantas; os cogumelos comestíveis, como o Agaricus
campestris; e cogumelos alucinógenos, como o Amanita muscaria.

Associações mutualísticas: liquens e micorrizas


Os fungos podem associar-se a outras espécies de seres vivos
estabelecendo com elas uma relação de benefícios mútuos denominada mutualismo.
É o caso dos liquens e das micorrizas.
Liquens
Liquens são associações entre certas algas unicelulares e fungos
(principalmente ascomicetos). Nos liquens, as algas atuam como elementos
produtores, sintetizando matéria orgânica e fornecendo parte dela para os fungos.
Já os fungos, com suas hifas, envolvem e protegem as algas contra a desidratação,
além de fornecer a elas água e sais minerais que retiram do substrato.

Essa interação entre algas e fungos permite aos liquens sobreviver em


regiões em que poucos seres vivos sobreviveriam. De fato, eles podem ser
encontrados, por exemplo, sob a neve nas tundras árticas, onde são importantes
fontes nutritivas para animais diversos, como a rena. Sobre rochas nuas, os liquens
são, com freqüência, os primeiros colonizadores, desagregando o material rochoso e
propiciando uma melhoria nas condições físicasdo ambiente, o que favorece a
instalação de futuras populações de musgos e outras plantas.A reprodução dos
liquens é assexuada e se realiza através de sorédios, estruturas microscópicas

16
constituídas por pequenos fragmentos do corpo do líquen, nos quais existem hifas do
fungo envolvendo algumas algas. Os sorédios são vistos como um pó esverdeado sobre
o corpo do líquen, de onde são disseminados pelo vento.

Apesar de serem capazes de sobreviver nos mais variados tipos de hábitat, os


liquens são muito sensíveis a certas substâncias, particularmente o dióxido de enxofre
(S02). Por isso, são utilizados como indicadores da poluição do ar atmosférico pelo S02.
Como esse gás é um poluente muito comum nas zonas urbanas, entende-se por que
os liquens são relativamente escassos nas grandes cidades.Verifica-se também que
os liquens são capazes de absorver e concentrar substâncias radioativas, como o
estrôncio 90, elemento químico que pode se alojar nos ossos humanos, provocando
anemia. Constatou-se, certa vez, que esquimós, no Alasca, apresentavam taxas
elevadas desse elemento no organismo: haviam-no adquirido pela ingestão de carne
de rena; os animais, por sua vez, obtiveram o elemento químico ao comerem liquens
contaminados.

MICORRIZAS

Micorrizas são associações entre fungos e raízes de certas plantas, como


orquídeas, morangueiros, tomateiros e pinheiros. Os fungos decompõem o
material orgânico disponível no substrato, transformando-o em nutrientes minerais,
como sais de fósforo e de nitrogênio. Uma parte desses sais é absorvida pelas raízes
da planta, contribuindo para seu desenvolvimento. Já a planta fornece ao fungo parte
da matéria orgânica produzida na fotossíntese.

As hifas dos fungos das micorrizas atuam como uma "ponte" que conecta as
células das raízes de uma planta ao material orgânico em decomposição disponível no
ambiente. Elas formam no solo uma espécie de "teia" subterrânea, que atua como um
filtro capaz de reter sais minerais dissolvidos na água, evitando perdas para as águas
subterrâneas ou riachos e rios. Esse fato é importante sobretudo em solos geralmente
pobres em nutrientes minerais, como é o caso da floresta Amazônica.

Importância dos Fungos

Além de estabelecerem relações mutualísticas com outros seres vivos, os


fungos exibem notável importância ecológica, atuando em geral como seres

17
decompositores. No entanto, muitas espécies são parasitas de plantas e de animais,
inclusive os seres humanos. Outras espécies, por fim, atendem a interesses humanos
servindo de alimento ou sendo aplicados no co ntrole biológico ou na produção de
bebidas e medicamentos.

Ação decompositora — reciclando a matéria

Em sua maioria, os fungos, assim como as bactérias, têm grande importância


ecológica, atuando como organismos decompositores ou saprófitos. A ação
decompositora permite a reciclagem da matéria na natureza, pois converte a matéria
orgânica morta em matéria inorgânica simples, que pode ser reaproveitada por outros
seres vivos. Como já vimos, a supressão da atividade decompositora dos fungos e das
bactérias inviabilizaria a existência de vida na Terra.

Ação parasitária

Atuando como parasitas de plantas e de animais, inclusive o ser humano,


certos fungos são agentes etiológicos de muitas enfermidades. Na agricultura, são
bastante conhecidas as doenças causadas por fungos em plantas cultivadas, como
arroz, milho, feijão, soja (fig. 6.10), batata, tomate, café, algodão e outras. Entre
tantos exemplos, consideramos também o fungo Hemileia vastatrix, causador da
ferrugem do café, doença que dizimou grande parte dos cafezais brasileiros na década
de 1970. Mas exi stem espécies de fungos que desempenham importante papel
naagricultura a serviço de interesses humanos. É o caso do Metarhizium anisopliae,
um fungo usado em controle biológico no combate a seres daninhos às plantações,
como certos besouros, cigarrinhas e outros ins etos.

Ação fermentativa — produzindo álcool, bebidas, pães, bolos

É fundamental a participação dos fungos do gênero Saccharomyces na


fabricação de álcool etílico e de bebidas alcoólicas, como o vinho e a cerveja. Esses
fungos, conhecidos também como leveduras, realizam fermentação alcoólica,
convertendo açúcar em álcool etílico. São anaeróbicos facultativos, pois realizam
respiração aeróbica em presença de gás oxigênio e fermentação na ausência desse
gás. Por isso, na fabricação do vinho, por exemplo, evita-se o contato do suco de uva

18
com o ar; assim, em vez de realizar a respiração aeróbica, o fungo pr ocessa a
fermentação alcoólica, liberando álcool etílico e permitindo a obtenção do vinho.

Os fungos do gênero Saccliaromyces (fig. 6.11), entre outras aplicações, são


empregados como fermento na fabricação de pães, bolos e biscoitos. Durante a
fermentação, o gás carbônico liberado provoca o crescimento da massa.

Atuando na fabricação de antibióticos e de queijos

Os fungos também têm papel de destaque na indústria de antibióticos. Afinal,


foi do Penicillium notatum (fig. 6.12) que Alexander Fleming extraiu a penicilina,
antibiótico responsável pela salvação de milhares de vidas durante a Segunda Guerra
Mundial. (Leia mai s sobre a descoberta de Fleming no texto do boxe da página 85.)
Hoje, muitos outros antibióticos largamente aplicados são conseguidos a partir de
culturas de fungos. O gênero Penicillium, além de abranger espécies de fungos
fornecedoras de penicilina, compreende outras, como o Penicillium roquefortii e
Penicillium camembertii, que são importantes na confecção dos queijos roquefort e
camembert, respectivamente.

Servindo de alimento ou atuando como veneno e alucinógeno

Certos cogumelos, como as trufas (gênero Tuber) e os champignons (Agaricus


bisporus), são utilizados como alimento pelos seres humanos. Entre os cogumelos
comestíveis conhecidos, incluem-se, atualmente, as leveduras, sob a designação de
"fungos comestíveis". Esses microrganismos, ao lado das chamadas fontes
convencionais de proteínas, como a carne, os peixes e grãos diversos, são usados
como fonte de proteínas para os seres humanos. A possibilidade de obtenção de p
roteínas a partir de leveduras, bactérias e algas parece enorme. As proteínas de
leveduras são de fá cil digestão e oferecem um bom conteúdo de aminoácidos.

Alguns cogumelos silvestres, porém, como o Boletus satanas e o Amanita


verna, são extremamente venenosos, podendo provocar a morte quando ingeridos.
Outros produzem substâncias alucinógenas, como o Claviceps purpurea, que vive no
centeio e produz o LSD (sigla de Lysergic-SourDiethylamid) ou ácido lisérgico, uma das
mais potentes drogas alucinógenas conhecidas.

19
VÍRUS

A virologia, ramo da ciência que estuda os vírus, teve seu início apenas no final
do século XIX. Mesmo antes da descoberta desses seres ultramicroscópicos, já se
supunha a sua existência, com o reconhecimento de agentes infecciosos capazes de
atravessar filtros que retinham bactérias.
Os vírus, cujo nome vem do latim e significa 'veneno' ou 'fluido venenoso', são
hoje considerados seres vivos pela grande maioria dos cientistas. Mas não são
inseridos em nenhum dos cinco reinos descritos no capítulo anterior, por
apresentarem certas características, como a de não possuírem organização celular.

Características gerais dos vírus


Os vírus são visíveis apenas ao microscópio eletrônico e constituídos
basicamente por uma cápsula de natureza proteica em cujo interior existe apenas um
tipo de ácido nucléico: DNA ou RNA. Destituídos de membrana plasmática,
hialoplasma, organelas citoplasmáticas e núcleo, esses seres não possuem organização
celular. Além disso, não apresentam metabolismo próprio e permanecem inactivos
quando fora de células vivas, podendo até mesmo formar cristais.
Reproduzem-se apenas no interior de células vivas. Penetrando em uma delas,
os vírus reproduzem-se em seu interior, utilizando a energia e o equipamento
bioquímico da célula hos-pedeira. Por isso, são considerados parasitas intracelulares
obrigatórios.Atualmente sabe-se que os vírus podem parasitar plantas, animais e
microrganismos diver-sos, como bactérias

20
A reprodução dos vírus
No estudo do ciclo reprodutivo dos vírus, utilizaremos como exemplo os
bacteriófagos ou fagos, vírus parasitas de certas bactérias.
Quando um bacteriófago entra em contato com uma bactéria hospedeira,
acopla-se a ela através da cauda e perfura sua membrana celular. Então, o ácido
nucléico viral — no caso, o DNA — é injetado no interior da bactéria, permanecendo a
cápsula proteica fora da célula. Uma vez no interior da bactéria, o DNA do bacteriófago
passa a interferir no metabolismo celu-lar, comandando a síntese de novos ácidos
nucléicos virais, à custa da energia e dos compo-nentes bioquímicos da bactéria.
Paralelamente, e ainda utilizando o arsenal bioquímico da cé-lula hospedeira, o ácido
nucléico viral comanda a síntese de outras moléculas, como proteínas, que
basicamente organizam novas cápsulas. Em cada cápsula abriga-se um cerne de ácido
nucléico, configurando a formação de um novo vírus. No final do processo, formam-se
inúme-ros novos vírus. As novas unidades virais promovem então a ruptura ou lise da
mem-brana bacteriana e os novos vírus são liberados, podendo infectar outra célula e
recomeçar um novo ciclo.

A importância dos vírus


Os vírus já foram chamados de "inimigos públicos nº 1" dos seres humanos.
Essa afirma-ção é compreensível, se considerarmos as inúmeras doenças que eles
podem provocar em nosso organismo e os grandes danos que causam à agricultura e à
pecuária, parasitando plan-tas cultivadas e animais de criação.
Apresentam, no entanto, uma elevada especificidade de hospedeiros, que vem
sendo pes-quisada e utilizada a favor dos interesses humanos. Assim, várias espécies
de vírus são atual-mente utilizadas no combate a insetos daninhos à agricultura. É o
caso do Baculovirus anticar-sia, um tipo de vírus que parasita e destroem as lagartas-
da-soja (Fig. 3.4), insetos que devo-ram as folhas da planta, comprometendo seu
desenvolvimento. Essa técnica de combate a es-pécies nocivas ao nosso interesse,
utilizando inimigos naturais, como parasitas, por exemplo, é chamada de controle
biológico.

21
Principais viroses humanas
Os vírus são capazes de infectar quase todos os seres vivos, desde as bactérias até o
ser humano.
A seguir, destacaremos as principais doenças humanas provocadas pela ação
infectante desses organismos (viroses).

Aids
A Aids (sigla em inglês de Acquired Immuno-deficiency Syndrome), ou síndrome
da imuno-deficiência adquirida, é uma enfermidade caracterizada por uma intensa
debilitação do sistema imune com o consequente desenvolvimento de um conjunto de
infecções provocadas por di-versos microrganismos oportunistas.
A palavra síndrome refere-se a um conjunto de sinais e de sintomas que pode ser
produzi-do por mais de uma causa. O termo imunodeficiência indica que o sistema
imune do organismo encontra-se debilitado. Uma enfermidade é caracterizada como
adquirida quando o indivíduo a contraiu em qualquer época de sua vida, sem
influência hereditária.
O vírus da Aids foi isolado em 1983, na França, a partir de um gânglio extraído
de um paci-ente, pelo médico e professor Luc Montagnier. Foi batizado como HIV, sigla
em inglês formada da expressão Human Immunodeficiency Virus e que quer dizer 'vírus
da imunodeficiência hu-mana'.
O HIV é portador de RNA e de uma enzima denominada transcriptase reversa. O RNA
do vírus, uma vez no interior de uma célula hospedeira, comanda uma
retrotranscrição, isto é, a partir do RNA viral ocorre síntese de DNA, graças à ação da
enzima transcriptase reversa. Por isso, os vírus como o HIV são chamados de
retrovírus, por serem capazes de realizar retro transcrição. O DNA produzido
comandará então a síntese de novas moléculas de RNA virais e das proteínas que
constituirão as cápsulas virais, culminando com a formação de novos vírus.
O período de incubação do HIV no organismo é variável, em média de dois a
três anos, mas pode ser superior a nove anos. Durante o período de incubação, o
organismo vai produ-zindo anticorpos específicos para combater o vírus e, por meio de
testes, é possível diagnosti-car se um indivíduo é portador do HIV, mesmo que a
enfermidade ainda não tenha se manifes-tado.

22
O HIV invade e destrói os linfócitos T, glóbulos brancos do sangue, essenciais
tanto para o funcionamento dos linfócitos B, produtores de anticorpos, quanto para a
atividade fagocitária de outros glóbulos brancos. Assim, a destruição dos linfócitos T
debilita o sistema de defesa do corpo, quadro clínico que caracteriza a Aids. Nessa
situação, o organismo fica exposto ao de-senvolvimento de inúmeras doenças
oportunistas, como as que podem ser observadas no quadro a seguir.

Contágio e prevenção
O HIV pode ser transmitido por sangue, esperma e secreções vaginais
contaminados, bem como de mãe para filho, por meio da placenta ou da
amamentação. A transmissão por relações sexuais ocorre pelo intercâmbio de sangue
entre os parceiros, uma vez que é comum o surgi-mento de microfissuras ou
lacerações invisíveis nos tecidos dos órgãos genitais durante o ato sexual.
Assim a transmissão pode ser processada das seguintes maneiras:
 relações sexuais com parceiro contaminado com HIV;
 transfusões com sangue contaminado com HIV;
 agulhas e outros instrumentos contaminados com HIV;
 placenta e amamentação de mães contaminadas com HIV.

Na convivência social com indivíduo portador de HIV não há risco de o vírus


pene-trar nas células da pele de uma pessoa. Portanto, abraços, apertos de
mão, uso de utensílios domésticos, toalhas, roupas de cama, banheiros,
transportes coletivos e locais públicos em geral, entre outros exemplos, não
constituem vias de transmissão do HIV.

23

Você também pode gostar