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Diversidade Biológica No século XVIII, o naturalista sueco Carl von Linné propôs um sistema de classificação mais preciso,

com base em características morfológicas e reprodutivas. Ele criou o sistema de nomenclatura binomial,
Quantas espécies existem? que consiste em dar a cada espécie um nome composto por duas palavras, o gênero e a espécie. Esse
➔ Estima-se que existam de 1,3 a 8,7 milhões de espécies no mundo. sistema ainda é amplamente utilizado na taxonomia moderna.
➔ Até o momento, foram descritas cerca de 2 bilhões de espécies vivas.
➔ Ainda há muito a ser descoberto, com 86% das espécies terrestres e 91% das espécies marinhas Ao longo dos séculos seguintes, a diversidade biológica foi sendo cada vez mais estudada e classificada
ainda não descritas. em grupos taxonômicos mais refinados, com base em características genéticas, fisiológicas e ecológicas.
➔ Os insetos representam a maior diversidade de espécies, com cerca de 6,8 milhões de espécies Hoje, os grupos taxonômicos incluem não apenas as categorias clássicas de reino, filo, classe, ordem,
identificadas. família, gênero e espécie, mas também outras categorias intermediárias, como subfilo, superordem,
➔ Cada inseto pode hospedar até 10 espécies diferentes de bactérias. subfamília, entre outras. Essa classificação é importante para entender a diversidade biológica e suas
➔ A biodiversidade está distribuída de forma desigual pelo mundo, sendo que algumas regiões relações evolutivas, além de ser fundamental para a conservação da biodiversidade.
apresentam maior concentração de espécies do que outras.
Os Três Reinos:
A biodiversidade global é a medida da variedade total de formas de vida na Terra. Acredita-se que mais O conceito dos Três Reinos na biologia foi proposto por Antonie van Leeuwenhoek em 1675 e 1683, com
de 99% de todas as espécies que já viveram no planeta estão extintas. Estima-se que o número atual de base em suas observações microscópicas. No entanto, o termo "Três Reinos" foi cunhado por Ernst
espécies varia de 2 milhões a 1 trilhão, mas apenas cerca de 1,74 milhão foram catalogadas até o Haeckel em 1866, e foi utilizado para dividir a diversidade biológica em três grandes grupos: Plantae,
momento e mais de 80% ainda não foram descritas. Em relação à quantidade de pares de bases de DNA Animalia e Protista. Os Protistas foram considerados "inferiores" e distintos dos animais e plantas,
na Terra, é estimado em 5,0 x 10^37. O número de espécies extintas varia dependendo do estudo, mas uma vez que não formavam tecidos e eram constituídos por organismos unicelulares. Com o avanço da
acredita-se que existam cerca de 1,9 milhão de espécies descritas atualmente, embora 20% sejam biologia molecular, os Três Reinos foram expandidos para incluir outros grupos, como os Fungos, e
sinônimos, reduzindo o número válido para 1,5 milhão. Alguns estudos estimam até 8,7 milhões de atualmente são considerados obsoletos em favor de uma classificação mais abrangente e precisa baseada
espécies eucarióticas na Terra. Cerca de 250.000 espécies fósseis foram descritas, mas isso é considerado em filogenia e genética.
uma pequena proporção de todas as espécies que já existiram.
Em 1956, o biólogo americano Herbert F. Copeland propôs a divisão dos organismos unicelulares em
Como a diversidade biológica está distribuída? duas categorias: Monera e Protista. Copeland observou que existiam organismos unicelulares sem núcleo
A diversidade biológica está distribuída de maneira desigual pelo mundo, sendo influenciada por fatores e, portanto, diferentes dos seres eucariontes que possuem núcleo. Ele propôs que esses organismos
como clima, relevo, disponibilidade de água e nutrientes, histórico geológico e evolutivo, entre outros. unicelulares sem núcleo fossem agrupados em um reino separado, o reino Monera.
Algumas regiões, como as florestas tropicais, apresentam uma grande diversidade de espécies, enquanto
outras, como desertos e regiões polares, têm uma diversidade menor. Além disso, a atividade humana, O reino Monera, portanto, inclui organismos unicelulares sem núcleo, como as bactérias e as
como desmatamento, urbanização e poluição, também pode afetar a biodiversidade de uma região. cianobactérias. Esses organismos são considerados os mais simples e primitivos de todos os seres vivos,
sendo encontrados em praticamente todos os ambientes do planeta. A separação proposta por Copeland
Como a diversidade está distribuída em grupos taxonômicos? ajudou a estabelecer uma classificação mais precisa e específica para os seres unicelulares, permitindo
Desde a Grécia Antiga até meados do século XVIII, a diversidade biológica era descrita e classificada com um melhor entendimento da diversidade da vida microscópica.
base em características morfológicas. Um dos primeiros estudiosos a classificar seres vivos foi o filósofo
grego Aristóteles, que agrupou os animais em categorias como mamíferos, aves, répteis e peixes, com
base em suas características externas.
Os Cinco Reinos: Os 19 Reinos:
Os Cinco Reinos é um sistema de classificação biológica proposto por Robert Whittaker em 1969, que Em 1974, o biólogo britânico Richard Leedale propôs uma classificação que incluía 19 reinos. Essa
dividiu todos os seres vivos em cinco reinos: Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia. Esse sistema de classificação era baseada em diferenças nas estruturas celulares e no modo de vida dos organismos. Os
classificação é baseado em diferenças fundamentais na estrutura celular, no modo de nutrição e na 19 reinos propostos foram:
organização corporal dos seres vivos. 1. Bacteria
2. Mycoplasma
O Reino Protista inclui organismos unicelulares e pluricelulares com células eucarióticas que não são 3. Actinomycetes
classificados em nenhum outro reino. Esse grupo inclui protozoários, algas unicelulares e algumas 4. Cyanobacteria
espécies de fungos unicelulares. 5. Microalgae
6. Fungi
O Reino Fungi é composto por organismos eucarióticos, heterotróficos e unicelulares ou multicelulares 7. Lichens
que obtêm seu alimento por absorção. Isso inclui cogumelos, leveduras e mofo. 8. Protozoa
9. Myxomycetes
O Reino Plantae inclui todos os organismos multicelulares e autotróficos que realizam a fotossíntese. 10. Oomycetes
Isso inclui plantas terrestres e aquáticas, bem como algumas algas multicelulares. 11. Slime molds
12. Plants
O Reino Animalia é composto por organismos multicelulares, heterotróficos e eucarióticos que não 13. Green algae
realizam a fotossíntese. Isso inclui animais terrestres e aquáticos, desde esponjas e vermes até mamíferos 14. Brown algae
e aves. 15. Red algae
16. Heliozoa
O sistema de classificação dos Cinco Reinos substituiu o sistema anterior de classificação em dois reinos 17. Radiolaria
proposto por Ernst Haeckel em 1866, que incluía apenas os reinos Plantae e Animalia. Com o avanço da 18. Foraminifera
tecnologia e a descoberta de mais diversidade na biologia, outros reinos foram adicionados. 19. Metazoa

Os Quatro Reinos: No entanto, essa classificação não foi amplamente aceita e foi considerada controversa, principalmente
Em 1974, o biólogo britânico John Leedale propôs uma classificação em quatro reinos. Essa classificação porque não havia um consenso sobre os critérios para a classificação em reinos.
incluía o reino Monera, que englobava as bactérias e as cianobactérias; o reino Protoctista, que incluía
os organismos unicelulares eucarióticos; o reino Animalia, que incluía os animais; e o reino Plantae, Os Cinco Reinos:
que incluía as plantas. Essa classificação foi baseada principalmente nas diferenças em termos de Em 2001, Margulis e Schwartz propuseram uma nova classificação dos seres vivos em cinco reinos com
organização celular e nutrição dos organismos. No entanto, essa proposta de Leedale não foi base nas relações de simbiose entre os organismos eucarióticos. Essa nova proposta incluiu o reino
amplamente aceita e a classificação mais comumente usada atualmente é a dos cinco reinos de Monera, que foi dividido em dois reinos: Bacteria e Archaea. Os outros três reinos são: Protista, Fungi e
Whittaker. Plantae/Animalia, que correspondem aos mesmos reinos da proposta de Whittaker de 1969. Margulis e
Schwartz argumentaram que as relações de simbiose entre os seres vivos são tão importantes que
deveriam ser levadas em consideração na classificação taxonômica.
Sequenciamento e comparações de DNA e RNA: O Império Prokaryota inclui organismos unicelulares e microscópicos sem núcleo celular, como bactérias
Durante a década de 1980, avanços significativos foram feitos na tecnologia de sequenciamento de DNA e cianobactérias. Já o Império Eukaryota inclui organismos cujas células têm um núcleo bem definido,
e RNA. Isso permitiu aos cientistas comparar e analisar as sequências de nucleotídeos de diferentes como animais, plantas, fungos e protistas.
organismos em nível molecular. Essa abordagem revolucionária permitiu a identificação de semelhanças
e diferenças entre os organismos em um nível mais fundamental do que apenas a aparência externa ou Esses dois impérios são separados com base nas diferenças fundamentais na organização celular e na
as características anatômicas. presença ou ausência de um núcleo celular. Além disso, Cavalier-Smith propôs uma hierarquia mais
detalhada de categorias taxonômicas dentro dos dois impérios, como supergrupos, grupos e subgrupos.
Essa nova técnica levou ao desenvolvimento de novos métodos para classificar e organizar a diversidade
biológica. Em particular, a análise molecular do RNA ribossômico permitiu a identificação de três Reinos e Características (Cavalier-Smith):
domínios fundamentais da vida: Bacteria, Archaea e Eukarya. Isso levou a uma revisão da classificação Reino Animalia:
dos seres vivos e à criação de novos grupos taxonômicos, como os domínios mencionados acima. ● Pluricelulares;
● Eucarióticos;
A análise molecular também permitiu a identificação de relacionamentos evolutivos entre diferentes ● Heterotróficos;
grupos de organismos e levou a uma melhor compreensão da história evolutiva da vida na Terra. Isso é ● Diferenciação em Tecidos Biológicos (Tecido Nervoso);
particularmente importante para a compreensão da diversidade biológica, uma vez que muitos ● Câmara Digestiva.
organismos são semelhantes em aparência, mas têm diferenças moleculares fundamentais que os Reino Fungi:
distinguem e os agrupam em diferentes categorias taxonômicas. ● Pluricelulares
● Eucarióticos
Os Seis Reinos: ● Heterotróficos
Cavalier-Smith propôs em 1998 a divisão dos seres vivos em seis reinos, baseado em análises de ● Paredes Celulares com Quitina e Glucanos
características celulares e moleculares. Os seis reinos são: Bacteria, Archaea, Protozoa, Chromista,
Plantae e Animalia. Reino Chromista:
● Bacteria e Archaea incluem organismos unicelulares procariontes (sem núcleo definido) que ● Pluricelulares ou Unicelulares
habitam diversos ambientes. ● Vieram de Endossimbiose Secundária
● Protozoa são organismos unicelulares eucariontes (com núcleo definido) que se alimentam de
outras células ou matéria orgânica em ambientes aquáticos e terrestres. Reino Plantae:
● Chromista inclui algas unicelulares e multicelulares, além de organismos heterotróficos (que se ● Pluricelulares
alimentam de outros organismos). ● Eucariontes
● Plantae inclui plantas multicelulares fotossintetizantes. ● Autótrofos
● Animalia inclui animais multicelulares heterotróficos que se alimentam de outros organismos ● Fotossintetizantes
para obter energia. ● Cloroplastos

Dois Impérios: Endossimbiose primária:


Cavalier-Smith propôs um sistema de classificação que inclui dois impérios: Prokaryota e Eukaryota. A endossimbiose primária é um processo evolutivo em que uma célula procarionte engloba outra célula
menor, que se torna um organelo eucariótico. Esse processo ocorreu há cerca de 1,5 bilhões de anos,
quando um ancestral de células eucarióticas englobou uma bactéria fotossintética, que se tornou a
organela cloroplasto. Assim, a endossimbiose primária é responsável pela origem dos organismos
autotróficos, como plantas e algas, que realizam fotossíntese para produzir seu próprio alimento.

Endossimbiose secundária:
A endossimbiose secundária é um processo evolutivo em que um organismo eucariótico engloba uma
célula que já havia passado por uma endossimbiose primária e a transforma em um organelo. Um
exemplo comum é a origem dos plastos (organelos responsáveis pela fotossíntese) em algas e plantas. Os
plastos são descendentes de cianobactérias que foram incorporadas por uma célula eucariótica em um
evento de endossimbiose primária. Posteriormente, essa célula englobou outra célula eucariótica que já
havia passado pela endossimbiose primária com cianobactérias e, com o tempo, a célula englobada se
transformou em um organelo, mantendo ainda a capacidade de realizar fotossíntese. Esse processo é
conhecido como endossimbiose secundária e é um importante evento evolutivo que levou à
diversificação de grupos como as algas e os protozoários.

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