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Prof. Dr.

Antonio Hernández Gutiérrez


Universidade Federal do Pará
Instituto de Ciências Biológicas
Laboratório de Micologia
Módulo PGAD
anther@ufpa.br
A CÉLULA DO FUNGO
ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL
● PAREDE CELULAR
■ COMPOSIÇÃO QUÍMICA
♦ Polissacarídeos (80 a 90%): quitina; β-1,3-glucana; β-1,6-glucana
♦ Proteínas: manoproteínas
https://www.researchgate.net/figure/Schematic-overview-of-fungal-cell-wall-composition-The-fungal-cell-wall-mainly-consists_fig1_287151262
Front. Microbiol., 09 January 2020; https://doi.org/10.3389/fmicb.2019.02993
Front. Microbiol., 09 January 2020; https://doi.org/10.3389/fmicb.2019.02993
GXM (Glucuronoxilomanana)
GXMGal ou GalXM (Galactoxylomanana ou glucuronoxylomanogalactana)
Front. Microbiol., 09 January 2020; https://doi.org/10.3389/fmicb.2019.02993
MEMBRANA PLASMÁTICA
♦ Recepção e secreção de materiais
♦ Barreira semipermeável
♦ Proteínas
♦ Lipídios (Ergosterol): alvo dos antifúngicos

https://www.quora.com/Do-fungi-have-cell-walls
NÚCLEO CELULAR
Geralmente pequenos - 1 a 2 µm diam.
Informação hereditária – DNA
Membrana dupla com poros
1, 2 ou mais núcleos https://es.wikipedia.org/wiki/Archivo:Blausen_0212_
CellNucleus.png

http://eweb.furman.edu/~wworthen/bio111/fungi.htm
SEPTOS
Paredes transversais com poros

Sem corante

Com corante
CÁPSULA: Cryptococcus neoformans
glucuronoxilomanana (GMX)

https://www.biorxiv.org/content/10.1101/431650v1.full
 Heterotróficos: necessitam de uma fonte de carbono
orgânico para produzir suas moléculas

 Não realizam fotossíntese

 O carbono representa cerca de 50% do peso seco

 Se todos os nutrientes estiverem disponíveis no meio


ambiente e solúveis na água – simples absorção
http://166.88.204.86/jumpUrl.php?keywords=absorptive+nutrition+fungi
Pressão osmótica
interna ≈ -100 bars

Pressão física
interna ≈ 6 atm

Modificado de:
http://166.88.204.86/jumpUrl.php?keywords=absorptive+nutrition+fungi
 Crescimento: aumento irreversível no tamanho de um
organismo e implica em:
 Aumento do peso fresco e peso seco
 Mudanças nos componentes, metabolismo, forma e
função
 Crescimento do micélio em todas as direções
 As hifas crescem e se ramificam no ápice: aumento do
protoplasma e número de núcleos
 Leveduras normalmente crescem por brotamento
Spitzenkörper = corpo apical

http://archive.bio.ed.ac.uk/jdeacon/microbes/apical.htm
APARELHO DE GOLGI
• Síntese e secreção
• Frequente nos fungos
http://archive.bio.ed.ac.uk/jdeacon/microbes/apical.htm
Balmant W. Modelagem matemática do crescimento microscópico de fungos filamentosos em superfícies sólidas. Tese de Doutorado Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, 2013.
 Pode ser medido por:
1. Incremento do diâmetro da colônia em função do tempo

https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0170755
 Pode ser medido por:
2. Aumento do peso seco da colônia em função do tempo

5 10 15 20 25 30
 Pode ser medido por:
3. Determinação do
conteúdo de proteínas
- SDS-PAGE
- Técnica de Bradford (1953)

https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0001078
 Pode ser medido por:
4. Contagem de células: leveduras unicelulares

https://www.researchgate.net/figure/Figura-44-Metodologia-de-conteo-de-celulas-espermaticas-en-camara-de-
Neubauer_fig18_281864896

https://chemometec.com/wp-content/uploads/2015/03/BDI-March-
2017-Yeast-Pitching-and-Counting.pdf
 Todas as reações químicas essenciais à vida dos fungos e
de todos os outros organismos

 Controladas por enzimas

 Anabolismo: conversão de substrato em biomassa


(fúngica). Reações de síntese

 Catabolismo: extração de energia a partir de vários


substratos (produção de ATP, NADH, NADPH). Reações
de quebra
 Enzimas: proteínas que iniciam e controlam as reações
nos sistemas biológicos. Geralmente associadas com
vitaminas e um ativador – Mg++

 Enzimas produzidas por fungos: ligninases, celulolases,


queratinases, fosfolipases...
 Fungos são heterotróficos por absorção – Carbono
e Nitrogênio

 Incapazes de fixar C inorgânico

 Nenhum fungo pode fixar N2 atmosférico

 Todos os fungos podem utilizar aminoácidos


como fonte de N2
MACRONUTRIENTES
 Fontes comuns de C: açúcares (mono-, dissacarídeos...),
hemicelulose, celulose e lignina

 Fontes de N: amônia (NH4 ), nitrato, aminoácidos

 Queratina: pode ser utilizada por certos grupos de fungos


como por Ex.: dermatófitos
https://www.shroomery.org/forums/showflat.php/Number/19559913
Elementos requeridos pela célula
 Elementos não metálicos essenciais: H, C, O, N, P, S

 Elementos metálicos essenciais: Mg, K, Zn, Cu, Fe, Mn

 Água: 69 a 90% massa micelial


84 a 88% filamentos
40 a 50% esporos

 Compostos orgânicos: Nucleoproteínas


Polissacarídeos
 VITAMINAS: funcionam como coenzimas
 VITAMINAS: conhecidas também como fatores de
crescimento
 Alguns fungos produzem suas vitaminas, outros são
deficientes delas
Ex. de vitaminas produzidas pelos fungos
Biotina – B8
Piridoxina – B6
Riboflavina – B2
Tiamina – B1
Metabolismo primário
● soma de todas as reações químicas que têm lugar em
cada célula de um organismo vivo

● providenciam energia para os processos vitais

● providenciam energia para a síntese de matéria orgânica


nova
Metabolismo secundário:
● grande variedade de reações metabólicas

● seus produtos não estão diretamente envolvidos no


crescimento
Ex.: aflatoxinas, carotenos, penicilina, etc.
Metabólitos secundários:
● Substâncias não essenciais ao crescimento

● Produzidas por um grupo específico de organismos,


durante uma parte do seu ciclo vital

● Derivados de precursores formados no metabolismo


primário

● Geralmente produzidos no final da fase exponencial


● Têm a tendência a se acumularem no exterior da célula

● São biologicamente ativos

● Muitos são formados somente depois que os


requerimentos para o crescimento celular são satisfeitos

● COMPETIÇÃO???
Exemplo de Metabólitos Secundários
Do Bem: Penicilina Cefalosporina
Griseofulvina Ciclosporina

Do Mal: Aflatoxinas Zearalenonas


Tricotecenos Amanitinas

Entre o Bem e Mal: Ergotamina Psilocibina Penicilina?

OBS.: A penicilina pode causar reações adversas muito


serias como choque anafilático, por tal motivo, pode estar
considerada nesta última categoria
 Germinação – tubo germinativo

 Crescimento assimilativo – hifa – micélio

 Esporulação

 Esporos uni ou multicelulares; alguns podem viver por


poucas horas e outros por anos

 Asseguram a sobrevivência dos fungos através do


tempo e o espaço e cedo ou tarde podem germinar
Balmant W. Modelagem matemática do crescimento microscópico de fungos filamentosos em superfícies sólidas. Tese de Doutorado Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, 2013.
 Formação: quando as condições são deteriorantes para
os fungos (queda de temperatura; desidratação, falta de
nutrientes, etc.)

 Dormência: alguns esporos têm período de inibição,


mas, na maioria dos casos a dormência é determinada
pela falta de condições ambientais favoráveis
http://www.davidmoore.org.uk/21st_Century_Guidebook_to_Fungi_PLATINUM/Ch04_
03.htm
FASES
 LATENTE/LAG: crescimento lento, período de adaptação

 LOGARÍTIMICA/LOG: crescimento contínuo em uma


velocidade elevada e constante

 ESTACIONÁRIA: cessa a divisão celular

 DECLÍNIO: decréscimo de células viáveis


https://microbialgrowth101.weebly.com/growth-curve-of-bacterial-growth-in-phases.html
Temperatura
● Atua sobre a atividade química e enzimática da célula
● A maioria Temp. Mínina de 0 a 5°C
Temp. ótima entre 15 e 30°C
Temp. máxima de 35 a 40°C

Byssochlamys fulva suporta até 90°C


https://www.researchgate.net/figure/Byssochlamys-fulva-c-asci-and-ascospores-Byssochlamys_fig8_41669957
http://spot.pcc.edu/~jvolpe/b/bi234/lec/4_growth/Growth.htm
Temperaturas ótimas variam nas diversas fases do ciclo de
vida
Ex.: Drechslera sorokiniana
Germinação dos esporos: 22°C
Crescimento micelial: 28°C
Esporulação: 24°C
Efeito da temperatura e o potencial de água no crescimento e a
produção de micotoxinas
Germinação de esporos em Aspergillus niger
(a) em condições normais a 30ºC
(b) a 44ºC
TEMPERATURA.

Nigerian Journal of Basic and Applied Science (2011), 19(1):127- 129


 Temperatura
 DIMORFISMO M (25°c) Y37°c)

https://biologyreader.com/dimorphic-fungi.html
 Luminosidade
- Exigência
- Indiferença
- Inibição
- Ação fungicida
 Luminosidade
Luz Ultravioleta
MUTAÇÃO

https://journals.plos.org/plosbiology/article?id=10.1371/journal.pbio.0030095
 Luminosidade
Luz Ultravioleta
FUNGICIDA

https://www.coolsmartphone.com/
2019/01/06/your-phone-is-filthy-let-
phonesoap-clean-it-review/
 Luminosidade
Luz Infravermelha
 ANTIFÚNGICO: usado contra fungos no tratamento de:
micoses por leveduras, candidíase vaginal, tinha inguinal,
balanite, onicomicoses, candidíase oral, pé de atleta, afta,
etc.

https://redlightman.com/blog/red-light-therapy-cures-yeast-infections/
 Luminosidade
Luz difusa ou obscuridade favorece o crescimento micelial

https://www.indiamart.com/proddetail/mushroom-
farming-production-consultancy-4095411391.html
 AERAÇÃO
-  [CO2] a maioria dos fungos
- Fusarium oxysporum, tolera até 75,3% CO2

https://swettlab.faculty.ucdavis.edu/research/tracking-down-typhoid-mary-rotation-crops-and-weeds-as- Clemson University - USDA Cooperative Extension


hidden-hosts-of-fusarium-oxysporum-f-sp-lycopersici-race-3-the-cause-of-fusarium-wilt-in-tomato/ Slide Series , Bugwood.org
 pH
 Toleram ampla variação de pH
 Decréscimo no crescimento
 pH afeta:
- Entrada de vitaminas essenciais
- Metabolismo externo
- Entrada e movimentação de ácidos orgânicos
- Absorção de minerais
- Disponibilidade de nutrients: Ca, Fe, Mg, Zn são solúveis a pH
baixo porém, se tornam insolúveis pH alto.
- Permeabilidade da membrana celular pelo efeito na atividade
enzimática
- Atividade enzimática. Enzimas têm diferente pH ótimo de
atividade ( pH 4-8)
pH
Níveis ótimos para o crescimento de três espécies fitopatógenas
UMIDADE
 Maioria exige alto nível de umidade
 Favorece o sistema metabólico intensificando a
esporulação e germinação dos esporos
 Esporulação é inibida ou reduzida em UR de 60 a 70%
UMIDADE

Nigerian Journal of Basic and Applied Science (2011), 19(1):127- 129


UMIDADE
UMIDADE

https://www.prweb.com/releases/kill-mold/10-17-13/prweb11249313.htm
UMIDADE

https://elviajerohistorico.wordpress.com/2018/05/25/los-silos-de-cereal-
espanoles/

https://www.agriexpo.online/es/fabricante-agricola/silo-cereales-
5759.html https://br.pinterest.com/pin/373798837804670355/
Envolve três processos:
 Ciclo de Krebs

https://brainly.com.br/tarefa/12761403
Envolve três processos:
 Cadeia de transporte de elétrons

http://www.ledson.ufla.br/respiracao_plantas/cadeia-transportadora-de-eletrons/
Envolve três processos:
 Fosforilação oxidativa
A respiração pode ser inibida por 2 vias:
Bloqueando o transporte de elétrons
Impedindo a fosforilação oxidativa
Muitos fungicidas atuam nestas etapas
AERÓBIA
1. Forma de respiração celular que requere oxigênio para gerar energia.
2. Processo de geração de energia pela oxidação completa dos
nutrientes através do ciclo de Krebs, onde o oxigênio é o aceptor
final elétrons.

A glicólise é seguida do ciclo de Krebs e a fosforilação oxidativa. Em


células eucarióticas as reações pós-glicolíticas ocorrem na mitocôndria.

O metabolismo aeróbico é mais eficiente que o anaeróbico em termos


de ganho total de ATP.
AERÓBIA

https://byjus.com/biology/aerobic-respiration/
ANAERÓBIA FACULTATIVA
● Processo no qual o substrato orgânico é convertido em
compostos mais simples, e se produz energia química
(ATP)

● O sistema de transporte em cadeia de elétrons é usado


para passar os elétrons até o aceptor final, que pode ser
um composto inorgânico ou orgânico, exceto o oxigênio
ANAERÓBIA FACULTATIVA

https://byjus.com/biology/aerobic-anaerobic-respiration/
ANAERÓBIA ESTRITA
♦ Os organismos anaeróbios obrigatórios só podem viver em
ambientes com falta de oxigênio
♦ Ao contrário da maioria dos organismos, o oxigênio é tóxico para
eles pois não possuem mitocôndria; no seu lugar têm uma organela
especial chamada hidrogenossomo
♦ Os anaeróbios obrigatórios são normalmente bactérias e vivem
naturalmente em vários lugares com ausência de oxigênio
♦ Os únicos fungos anaeróbios estritos ou obrigatórios vivem no
estômago dos ruminantes e pertencem ao filo
Neocallimastigomycota.
ANAERÓBIA ESTRITA
Hidrogenossomo, organela ligada ao retículo
endoplasmático de células eucarióticas,
chamada assim porque libera hidrogênio
molecular (H2) como um subproduto da geração
de energia em condições anaeróbicas.

https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/hydrogenosome https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-3-030-17941-0_4
ANAERÓBIA ESTRITA
Os únicos fungos anaeróbios estritos vivem no estômago dos
ruminantes e pertencem ao filo Neocallimastigomycota.
Na degradação do material vegetal, produzem uma ampla variedade
de glicosilhidrolases, necessárias para a quebra da biomassa vegetal

https://www.researchgate.net/figure/Hyphae-and-monocentric-sporangia-of-Neocallimastix-
https://desciclopedia.org/wiki/Neocallimastigaceae frontalis-isolate-ST2-adhering-to_fig4_272024178

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