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CLÁSSICAS
Profª Thalita Macena
Fichamento da Unidade 1
FORMAÇÃO DA ANTROPOLOGIA,
CONTEXTO SOCIAL E COLONIALISMO
PRÉ-HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA
Desde o período inicial das grandes embarcações (século XVI) motivadas por seus interesses
geopolíticos, a Europa enviou navegantes, exploradores, militares, comerciantes, dentre outros, em
travessias transatlânticas. Esses sujeitos passaram a escrever registros escritos a respeito dessa nova
realidade que estavam conhecendo. Obviamente esses escritos eram feitos a partir de um modo muito
particular, a visão de mundo europeia vigente naquele momento. Nesse contexto começam a ser cada
vez mais frequentes as chamadas “cartas” dos viajantes, registros esses que continham descrições a
respeito do território que estavam desbravando com intenções de exploração, bem como os hábitos e
costumes de seus habitantes. Esses registros eram repletos de impressões pessoais e julgamentos
morais desses viajantes a respeito dos povos e cultura do continente que mais tarde veio a ser
conhecido como América.
É necessário um olhar atento e extremamente crítico, pois durante esse período inicial da escrita dos
registros, eles eram impregnados por questões que atualmente não fazem parte de nosso modo de
atuar enquanto antropólogos. Começando pelo fato de que atualmente compreendemos a diversidade
de pessoas e culturas, assim como valorizamos essas diferenças. Outrora, valores de uma cultura
(europeia) se sobrepunham às demais culturas, originando julgamentos morais e hierarquias sociais
entre sujeitos e territórios diferentes que não existiam na realidade. Nós apenas conseguimos corrigir
os erros do passado ou mesmo reduzir seus danos e pensar criticamente nossas práticas
antropológicas quando ampliamos nossos horizontes e almejamos uma pesquisa e prática
antropológicas consciente dos erros do passado e disposta a repensar o fazer antropológico. PG 4
2 PRIMEIROS PASSOS:
ANTROPOLOGIA E OBSERVAÇÃO
Olhem que interessante, em todos os espaços da
experiência humana a antropologia está presente. É
possível realizar uma observação antropológica e produzir
um trabalho etnográfico a respeito de absolutamente todos
os lugares, pessoas e situações sociais que se dispõem no
mundo.
Em nossa área de atuação existe uma infinidade de
possibilidades para o desenvolvimento de pesquisas,
prestação de consultorias e demais fornecimento de
serviços a partir de nossa formação em antropologia!
PG 5
2 PRIMEIROS PASSOS:
ANTROPOLOGIA E OBSERVAÇÃO
Em nosso ofício, na maior parte do tempo, articulamos técnicas
de observação e registro, atreladas a discussões teóricas e
questões práticas observadas durante nosso trabalho de campo.
Inclusive, essas ferramentas metodológicas, a cada dia, têm se
expandido e sofisticado cada vez mais com o passar do tempo.
Ao longo dos anos, é possível ver antropólogos trabalhando em
diversos segmentos de atuação profissional, produzindo
materiais da mais alta relevância técnica e intelectual, situações
que, no período clássico de nossa disciplina, eram sem sombra de
dúvidas impensáveis. Com a evolução das tecnologias e avanços
sociais, nossa disciplina também evoluiu consideravelmente.
PG 5
2 PRIMEIROS PASSOS:
ANTROPOLOGIA E OBSERVAÇÃO
Todavia, é muito importante que tenhamos claro o fato de que a antropologia que dispomos
atualmente não é a mesma daquela de seu período de fundação. Nossa disciplina sofreu
uma série de mudanças ao longo da história. Assim como segue transformando-se até os
dias de hoje. Durante o momento que se acordou chamar de período “pré-antropológico”
(século XVI) a antropologia nem mesmo era considerada uma ciência (LAPLANTINE, 2003).
Nessa ocasião, as análises e registros que hoje entendemos como tendo caráter
antropológico, eram originalmente produzidas a partir de relatos de viajantes das mais
diferentes profissões e ocupações.
PG 16
ANTROPOLOGIA BIOLÓGICA
Cabem à antropologia biológica ou antropologia física
compreender a multiplicidade biológica presente nos mais
diferentes contextos regionais, culturais, geográficos, sociais e
ecológicos, variando no tempo e espaços. Ou seja, analisa alguns
dos aspectos biológicos e físicos da humanidade em lugares e
tempos diferentes ao longo de nossa história.
investigação o modo como opera, processa e se
constituem as questões da psique humana. Sua análise
leva em conta comportamentos, abarcando os fatores
totais da existência humana, como a sociedade e a
cultura. Essa linha de investigação é nutrida a partir da
integração de sistemas culturais e sociais, bem como
perspectivas de análises antropológicas sem as quais não
seria possível desenvolver sua análise. PG 18
ANTROPOLOGIA SOCIAL E CULTURAL
A antropologia social e cultural é a linha de investigação
mais explorada no Brasil. Essa ramificação da antropologia
representa uma amplitude de possibilidades investigativas
em termos sociais e culturais. Não é possível esgotar suas
áreas de pesquisa e atuação. Podemos pesquisar sistemas
de parentesco, ordenamentos e questões políticas, regimes
econômicos, arestas jurídicas, enfim, tudo o que se pode
imaginar é possível de pesquisar dentro dessa linha de
investigação antropológica. Dessa maneira, em termos de
pesquisa antropológica no Brasil, na maior parte das vezes,
as investigações científicas em antropologia abordam
questões da área de antropologia social e cultural. PG 19
VIAJANTES
2 GRANDES NAVEGAÇÕES: A IMPORTÂNCIA DOS CONTATOS E
REGISTROS
Existe uma narrativa social que aponta a Europa como
responsável por inaugurar as grandes aventuras pelos mares, mas,
acalme-se, esse é um erro clássico do senso comum. Trata-se de
mais uma das tantas questões equivocadas que são reproduzidas
ao longo do tempo a respeito das viagens exploratórias. Enquanto
futuro antropólogo, é fundamental que você tenha sempre em
vista o compromisso de verificar as informações que lhe chegam
por meio de uma pesquisa criteriosa. É indispensável consultar as
fontes, assim como sua confiabilidade. Seu ofício enquanto
pesquisador em antropologia requer muita atenção e cuidado com
relação aos processos culturais e sociais ao longo da história. Um
antropólogo não deve, de modo algum, tomar nada como
verdade, antes é necessário consultar minuciosamente os fatos e
suas fontes. Pg 26
2 GRANDES NAVEGAÇÕES: A IMPORTÂNCIA DOS
CONTATOS E REGISTROS
Segundo Souza (2007), antes de obterem sucesso em suas travessias oceânicas, muito
do que se conheciam a respeito de terras que ficavam nos “alémmares”, distantes da
Europa, e, por consequência, ainda não exploradas, eram fruto dos relatos
especificamente construídos pelos gregos. Esse povo, particularmente, era conhecido
desde a Antiguidade por ter como tradição viajar e desbravar os mares. Não à toa,
considerados os pais da filosofia, os gregos tinham como costume, no momento de
relatar suas viagens, incrementá-las e florear ao máximo com considerável dose de
fantasia, mitologia e fábula. De fato, pouco se sabia sobre o mundo, culturas e
populações de modo geral, estando restrita até mesmo a Europa em alguma medida
ao seu próprio continente e algum mínimo conhecimento a respeito da África e Ásia.
Esse desconhecimento não se dava pela falta de interesse em conhecer e explorar seus
continentes vizinhos. No entanto, mesmo sendo uma civilização extremamente
desejosa de empreender pelos mares afora, suas embarcações e ferramentas técnicas
ainda eram insuficientes para garantir segurança e sucesso para realizarem grandes
viagens. Limitando, assim, as possibilidades de desbravar os mares e tomar
conhecimento sobre outros territórios e povos. PG 26
2 GRANDES NAVEGAÇÕES: A IMPORTÂNCIA DOS
CONTATOS E REGISTROS
No entanto, nada poderia ser mais motivador que os interesses
políticos, econômicos e territoriais que estavam em jogo. As chances
de obter vantagens econômicas e territoriais eram suficientes para
motivar esses possíveis viajantes desbravadores. Desse modo, com
um forte investimento de recursos dos mais variados, desde matéria-
prima, mão de obra especializada e aporte financeiro, foram
viabilizadas as construções de um número considerável de
embarcações (NOVAIS, 1969). Sendo essas, mais seguras, espaçosas e
resistentes, permitindo, assim, a efetivação do plano de realizar
grandes incursões marítimas. Assim, a partir do século XV, as
primeiras embarcações de grande porte europeias, com destinos dos
mais distantes imagináveis, começaram a desbravar os mares rumo
as possibilidades de exploração. PG 27
2.1 O CONTEXTO DAS GRANDES
EMBARCAÇÕES E OS ESTUDOS EMPÍRICOS
Mesmo que os registros dos viajantes apresentassem diferenças consideráveis quando
contestados com a realidade, ainda assim esses escritos foram de extrema importância
para aquele período histórico, assim como para o desenvolvimento da pesquisa
empírica, e, em especial, para a antropologia. Você deve se perguntar: o que é a
pesquisa empírica? Pois bem, a pesquisa empírica é um modo de investigar um espaço,
acontecimento ou situação a partir da experiência de coletar os dados em campo (seja
este qual for), ou seja, é necessário ir até o local e observar o fenômeno do qual a
pesquisa será realizada. Portando, com essa aproximação e observação, o pesquisador
obtém material suficiente para sustentar suas hipóteses e alcançar conclusões.
2.2 UM GIRO ANTROPOLÓGICO: DAS
TRAVESSIAS OCEÂNICAS ÀS CONEXÕES
ON-LINE
Acadêmico, nossos esforços neste momento serão no sentido de pensar as
mudanças e avanços em nossa disciplina ao longo do tempo. Se no passado,
durante o contexto histórico das grandes embarcações europeias (século
XVI), era necessário atravessar o oceano de um lado ao outro para observar
outras realidades e coletar informações, atualmente, nossa disciplina e
consequentemente nosso campo de pesquisa mudaram consideravelmente.
Nossas possibilidades de trabalho podem ser compreendidas como de alcance ilimitado, visto que em todos os
espaços existem diferenças, relações sociais e culturais, questões de máxima importância em nosso trabalho.
Desse modo, é necessário extrair das produções clássicas questões que podem contribuir em nossas pesquisas até
os dias de hoje, como a observação, registro, estranhamento, dentre outros temas, assim como é indispensável que
tenhamos claro o marco histórico clássico de nossa disciplina, para que seja possível seguir avançando e
ampliando o escopo de nossa área de conhecimento, bem como ampliando cada vez mais as possibilidades de
atuação de nossa área de trabalho. O contexto social da fundação de uma disciplina condensa a base de nossos
conhecimentos enquanto entusiastas de uma teoria crítica a respeito do fazer antropológico. PG 33
ANTROPOLOGIA E COLONIALIDADE
Atualmente, a antropologia está associada à luta por direitos sociais, bem como políticas
públicas das mais diversas áreas como: saúde, educação, segurança, habitação, impactos
ambientais causados por exploração de mineração, dentre outros temas que impactam
diretamente nas questões públicas. Contudo, é preciso avaliar essa mudança em termos de
pesquisa antropológica enquanto uma conquista social coletiva.
Nossa disciplina sofreu uma série de mudanças e transformações ao longo dos mais de
cinco séculos desde sua fundação, uma vez que, inicialmente, ela servia aos interesses da
elite europeia. Tanto a fundação quanto uma parte considerável de seu período inicial,
nossa disciplina era utilizada para legitimar violências e atender a interesses privados de
uma pequena porcentagem da população europeia. Os modos de construção das
narrativas sobre os territórios e povos desconhecidos cumpriam duas funções: descrever e
estereotipar. E por meio desses estereótipos eram construídos personagens da história
carregados de inverdades que por si só justificavam uma série de violências coloniais.
Felizmente, na atualidade, nossa disciplina está majoritariamente relacionada com as lutas
por direitos, reconhecimento da importância da diversidade de pessoas, ideias e culturas,
bem como buscando contribuir para uma mudança de pensamento em termos de respeito
a diversidade. PG 39
ANTROPOLOGIA E COLONIALIDADE
É necessário entender que o investimento e interesse
europeu em desbravar outros territórios e
aproximar-se de “outros” povos não se tratava de
desejos inocentes, ou simplesmente uma vontade
genuína em conhecer outros contextos, povos e
culturas. Essa ânsia por aproximar-se desses
“outros” estava diretamente relacionada à
possibilidade de dominar e explorar, tanto os
territórios quanto as suas populações. PG 40
ANTROPOLOGIA E COLONIALIDADE
Desse modo, esses exploradores encontraram na possibilidade narrativa, um modo
de criar um “outro” perigoso, desumano e, por consequência, passível de sofrer
violências e agressões das mais variadas. Nesses registros eram descritos equívocos
absurdos em termos de narrativa a respeito desses povos e territórios que serviam
como justificativa para a legitimação de roubos, assim como modos degradantes de
expor essas populações, sendo essas das mais diversas e imagináveis. Uma vez que o
objetivo final era o de dominar esses povos, explorar seus territórios, bem como seus
recursos naturais, toda e qualquer maneira de justificar essas ações eram válidas.
Todos os meios necessários eram empregados para atingir a finalidade desejada:
roubar e dominar. Por trás desse encontro de mundos, existia um obscuro plano
violento baseado no interesse das mais diversas naturezas, seja territorial, econômico,
religioso, dentre outros.
Segundo Pereira (2005), os desenvolvimentos da ciência antropológica e da empresa
colonial aconteceram simultaneamente, uma vez que a primeira justifica e viabiliza a
segunda. Houve guerras, massacres, tráfico de pessoas, violências sexuais, incêndios
criminosos e toda a sorte de violências para se alcançar os ideais do projeto europeu
de colonização. As crônicas das viagens em muito diziam o que seria a antropologia,
ao menos durante o período de colonização. Sim, uma antropologia que servia de
base para justificar as atrocidades coloniais, obviamente, a disciplina por si só não
tinha esse poder, no entanto, era manobrada de maneira que parecesse que a ciência
fornecia o se aval para os absurdos presentes no regime colonial. PG 41
ANTROPOLOGIA E COLONIALIDADE
O projeto de dominação por parte dos europeus visava a
submissão dos povos nativos para a livre exploração de seu
território, matérias-primas e populações. Essas
possibilidades de obter vantagens econômicas era a maior
de todas as forças impulsoras que motivaram investimentos
e esforços por parte da Europa para conseguir ter êxito nas
viagens exploratórias. Os registros e narrativas, que vieram
a ser considerados materiais de cunho antropológico
acabavam por falsear a realidade dos povos nativos, para
que, desse modo, fossem legitimadas violências coloniais
para com os povos em processo de dominação. PG 41
ANTROPOLOGIA E COLONIALIDADE
Em resumo, aqueles que faziam os registros escritos
justificavam o uso da violência para com os povos
nativos tenho como desculpa o fato de que os
primeiros não eram humanos como os europeus,
faziam uso de juízos morais para legitimar a
exploração dos recursos. Os modos de justificar os
roubos, violências e atrocidades para com os povos
nativos eram dos mais diversos, e esses registros
antropológicos sobre as diferenças entre os povos
eram o fundo que legitimava essas práticas. PG 41
DICA
Saiba, acadêmico, é muito importante que você
compreenda o caráter internacional da antropologia,
uma vez que cada vez mais estamos conectados uns
aos outros. Para compreender um pouco mais sobre
o movimento de desconstruir o caráter colonial da
antropologia assista ao vídeo “Almir Cabral
Biografado pelo Antropólogo Angolado Antonio
Tomas”. Neste vídeo, o professor aborda questões de
antropologia e colonialismo. Acesse em:
https://bit.ly/3H18kIo.
2.1 ANTROPOLOGIA,
COLONIALIDADE E DOMINAÇÃO
No contexto colonial as ditas "diferenças" entre povos e
culturas tomavam cada vez mais espaço e importância
dentro de um cenário que objetivava a dominação e
submissão de territórios e povos. Uma vez que existiam
interesses em disputa, essas supostas diferenças eram
utilizadas para justificar o projeto de dominação, ou seja,
de modo simples o seguinte pensamento reinava: “minha
cultura é a correta, aqueles que forem diferentes de mim
não são humanos como eu e posso violentá-los o quanto
me parecer pertinente”. Esse era o modo de atuação da
lógica colonial. PG 42
2.1 ANTROPOLOGIA,
COLONIALIDADE E DOMINAÇÃO
No contexto de colonização, algumas dessas
supostas diferenças eram transformadas em
questionamentos de maior importância, ou melhor, o
fundo desses questionamentos era justamente as
questões utilizadas para a legitimação das inúmeras
possibilidades de práticas exploratórias
(BALANDIER, 1993). PG 42
2.1 ANTROPOLOGIA,
COLONIALIDADE E DOMINAÇÃO
Em síntese, o que supostamente se investigava era o
fato desses sujeitos serem considerados humanos ou
não. Uma vez que essa humanidade não fosse
constatada, não haveria nada que impedisse a
exploração total de seus recursos, bem como a
possibilidade de lhes infringir as violências e
explorações mais intensas e imagináveis possíveis.
2.1 ANTROPOLOGIA,
COLONIALIDADE E DOMINAÇÃO
Entre as questões que até os dias de hoje atravessam as relações sociais e
estavam fortemente presentes em nossa disciplina, podemos destacar o
racismo, xenofobia, violência de gênero, desigualdade social,
eurocentrismo, dentre outras. No entanto, cabem a nós, sujeitos críticos e
pensantes, compreendermos a realidade do projeto colonial vigente no
período, os interesses políticos que atravessaram o contexto histórico e
desenvolver uma crítica substantiva a respeito dessas práticas, uma vez que
assim podemos garantir que a antropologia não seja mais usada como essa
ferramenta de dominação e exploração (VIEGAS; PINA-CABRA, 2014).
Infelizmente, essa dívida histórica da colonização que resultou em
massacres, genocídios e outros tipos de violência que aconteceram ao longo
do período da colonização ainda é tida como sinônimo de orgulho para
determinados grupos. Um mar de sangue foi derrubado com sangue negro
e indígena e, até os dias atuais,
FIGURA 11 – MONUMENTO EM
HOMENAGEM AO EXPLORADOR
CRISTÓVÃO COLOMBO, CIDADE DE
HULVA, ESPANHA
2.1.1 Da antropologia colonial ao novo
sujeito crítico
Uma das razões de conhecermos a antropologia clássica se dá pelo
fato de que ela nos fornece material mais do que suficiente para
perceber mudanças e avanços de nossa disciplina. É de suma
importância que uma área de conhecimento sofra mudanças ao longo
de sua história, característica que evidencia sua evolução enquanto
ramo do conhecimento. Imagine se atualmente a antropologia se
prestasse às mesmas ideias que em seu contexto de fundação? Quanta
diversidade não seria desconsiderada em nome de interesses
menores, seria uma lastima se igual. Contemporaneamente, temos a
oportunidade de aprender uma infinidade de culturas, saberes, povos
e perspectivas que nos ensinam tanto a respeito da existência coletiva
e diversa. Quando se respeita e valoriza a diversidade, a visão de
mundo se amplia de um modo significativo e enriquecedor! PG 45
2.1.1 Da antropologia colonial ao novo
sujeito crítico
Outrora, apenas os homens brancos e europeus tinham
legitimidade enquanto sujeitos pensantes, dotados de
racionalidade para pesquisar e produzir antropologia. Além
disso, se tratava de uma tarefa que exigia investimento de
tempo e recursos financeiros altíssimos, possibilidade que não
se mostrava viável para a maior parte das pessoas. No período
de fundação de nossa disciplina era necessário viajar ao longo
de distâncias transatlânticas, por espaços de tempo que se
alongavam. Desbravar mares para poder se aproximar e
registrar, sistematizar e constituir análises de territórios e
culturas diversas era uma possibilidade que apenas sujeitos
determinados logravam. PG 45
2.1.1 Da antropologia colonial ao novo
sujeito crítico
Destaca-se que, além da mudança em relação ao próprio
sujeito que articula e produz a antropologia, as
metodologias também sofreram mudanças positivas.
Cada vez mais se amplia um movimento de pensar
sujeito e objeto de pesquisa de um modo horizontal e não
mais vertical como outrora. Não acreditamos nas
hierarquias entre as culturas e sim no respeito mútuo
entre a diversidade cultural presente em nossa realidade.
O respeito pelos conhecimentos e saberes dos povos
pesquisados têm sido cada dia mais parte central de
nosso trabalho. PG 45
2.1.1 Da antropologia colonial ao novo
sujeito crítico
Se no passado a antropologia serviu de ferramenta
para domínio e exploração de povos, culturas e
territórios, contemporaneamente, o movimento
crítico vigente visa, sobretudo, excluir hierarquias,
estreitar relações e pautar a pesquisa tendo na ética
um dos aspectos centrais da prática
antropológica. PG 46