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A Aberração

Filho de uma das lendas urbanas que amedrontavam os povos da região, do


próprio e único Minotauro, guardião do labirinto de Creta e da Marreta da Tormenta
(diz a lenda que nem a força de 50 homens era capaz de erguê-lo, e nem mesmo o
mais heroico entre todos reis jamais teria a honra de empunhar-lo), escondida no
centro do labirinto onde até então, nenhuma outra raça havia conseguido chegar.
Minos sempre fora um ser pacifico, criado com a coragem e bravura de seu
pai, que sempre buscava mantê-lo seguro e protegido, e com o amor e carinho de
sua mãe, a qual nunca conhecera, apenas ouvira histórias contadas por seu pai,
dizia ele que era uma humana, gentil e agradável, injustiçada por seres da sua
própria tribo, a qual mesmo com o seu passado trágico e impetuoso, Minotauro
nunca conseguirá ver um pingo de raiva ou ódio em seu olhos, apenas compaixão.
Por mais que fosse uma vida simples e solitária apenas com a companhia de seu
pai naquele labirinto imenso e quase inacabável, Minos se considerava um ser de
sorte por ter sempre o que comer, um lugar aconchegante para dormir, um pai forte
e protetor e uma mãe gentil e heroica conforme as histórias de seu pai.
Até que um dia, aos seus 4 anos de vida tudo mudou. Minos acordou de
repente, desesperado, com a visão e audição embasadas, a caverna inteira
preenchida por uma fumaça densa e árida, a única coisa que escutava era o som
das brasas de fogo, estouros ensurdecedores e gritos ameaçadores de desespero e
de dor, gritos esses que voltavam-se a um único destino e diziam ‘’MORRA
ABERRAÇÃO!’’, sem saber o que estava acontecendo, Minos se dirigiu aos berros e
mesmo com a visão turva e o copo tremendo, conseguiu reconhecer as silhuetas
em sua frente, um exército com mais de 100 homens, dilacerando, esfolando e
queimando o corpo de seu pai, o Minotauro. Minos se acovardou e
instantaneamente perdeu o controle de seu corpo, a única coisa que conseguia
fazer era observar seu pai resistindo bravamente contra aquele exército, coberto por
sangue, com lanças e flechas cravadas em suas costas, era uma batalha injusta,
porém, de repente as coisas começaram a mudar com apenas uma investida de
Minonatura contra aquela tropa de soldados, Minos contou mais de 60 humanos
esmagados e arremessados contra o chão. Ainda o corpo trêmulo e congelado, na
esperança de que seu pai fosse conseguir vencer os poucos humanos que
restavam em pé e que todo aquele pesadelo teria um final feliz, Minos chorou ao ver
seu pai ter o peito cravado e atravessado por uma espada longa e coberta por fogo,
viu seu pai exaurido, ensanguentado cair ajoelhado aos seus pés, vomitando e
regurgitando o próprio sangue, dando seus últimos suspiros, com os olhos feridos e
cheios de lágrimas, que apontavam para seu unico filho na intenção de dizer-lhe
alguma coisa, porém antes mesmo que seu pai pudesses abrir a boca para falar
suas últimas palavras, Minos desabou ao ver seu pai ser decapitado
impeduosamente pelo mesmo soldado que cravou a espada.
Naquele mesmo segundo algo despertará dentro de si, UM ÓDIO INFINITO,
UMA FÚRIA INTERMINÁVEL E UMA SEDE POR SANGUE INSACIÁVEL. Em um
movimento tão rápido que nenhum olho humano conseguiria acompanhar, Minos
cravou seu par de chifres no estômago do soldado que havia derrubado seu pai, fez
questão de arrastar o corpo do homem ainda vivo que gritava e soluçava
desesperadamente por ‘’socorro’’ até as profundezas mais escuras do labirinto,
onde trucidou, e torturou o soldado até não sobrar um osso intacto. após isso Minos
foi amarrado e levado pela pequena tropa de homens que ainda conseguiam se
manter em pé.
Assim termina a história de Minos.

*Reza a lenda contada por um velho bardo, em um bar abandonado e caindo


aos pedaços, que esse pequeno filhote ainda é vivo, cresceu, se tornou um monstro
imparável e anda perambulando nas florestas da região, arrastando pedaços de
corpos decepados daquele pequeno número de soldados e usando resto de
armaduras quebradas e amassadas dos ingênuos homens que naquela noite foram
trucidados. Mas sobre tudo isso nada se sabe ao certo, pois conforme esse mesmo
barbo, ‘’nenhum homem que cruzou seu caminho novamente sobreviveu para
contar a história’’.

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